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A resistência dos vaga-lumes
Feteag chega à 31ª edição
*Ação Cena Expandida*

Trans(passar), peça com Sophia William. Foto Divulgação 

Stabat Mater, com Janaina Leite e Amália Fontes. Foto: André Cherri / Divulgação

A Trupe Veja Bem Meu Bem (Caruaru) faz seu protesto com Poeta Preto. Foto: Divulgação

Luiz Lua Gonzaga, com o Grupo Magiluth. Foto: Divulgação

Apesar de todas as tentativas de paralisar o pensamento, o abraço, a emoção; a pulsação humana ainda é possível. O filosofo Didi-Huberman defende a plena experiência no livro Sobrevivência dos vaga-lumes. Os vaga-lumes do título espelham as múltiplas formas de resistência da cultura, do corpo, da ideia e diante dos fulgores ofuscantes do poder da política, da mídia e do capitalismo. O Feteag – Festival de Teatro do Agreste escolheu o livro de Didi-Huberman como farol para seguir a caminhada na edição deste ano.

A partir da articulação do mapa programático de espetáculos e ações formativas, o Feteag se propõe a refletir sobre a resiliência de grupos e ideias que acendem novas trilhas e formas de existência. A curadoria, então, aposta em proposições que investigam artisticamente as questões sociais, identitárias, políticas e afetivas. O caráter humana é friccionado, tensionado em peças de teatro, a dança, performance, circo e outras linguagens.

Criado há 41 anos, o Feteag chega à 31ª (pois não foi realizado em alguns anos) e enaltece a resistência dos artistas e fazedores de cultura; o papel transformador dessas atuações. O programa ocorre de 16 e 30 de setembro, no Recife e em Caruaru, com espetáculos pernambucanos, de outros estados do Brasil e internacionais, além de atividades formativas.

Na programação estão Pela Nossa Pele, de Yael Karavan (Israel) e Rita Vilhena (Portugal). O espetáculo  aponta para o lugar onde vivemos e adverte que somos natureza. E que ações humanas estão provocando as catástrofes no planeta Terra, como enchentes, crises de refugiados, incêndios florestais e pandemias.

O inquieto Grupo Magiluth, do Recife, apresenta dois trabalhos Luiz Lua Gonzaga e Estudo Nº1: Morte e Vida. Já o Grupo São Gens que vem furando a bolha e se apresentando em vários festivais com Narrativas Encontradas Numa Garrafa PET na Beira da Maré, tem uma cena que destaca o espaço urbano do Recife e sua relação com as margens, do ponto de vista da favela e seus fluxos.

A atriz Janaína Leite (São Paulo), articula de forma radical temas historicamente inconciliáveis como maternidade e sexualidade. Apresenta Stabat Mater, peça que a participação de sua mãe Amália Fontes e um ator pornô.  

A Trupe Veja Bem Meu Bem (Caruaru) faz seu protesto com Poeta Preto, um grito, um desabafo com o ator Rosberg Adonay, que revisita os medos, angústias de homem negro, e apresenta-se como porta voz de todos aqueles que foram e são silenciados todos os dias.

O Teatro Agridoce (Recife) participa do Feteag com Trans(passar), peça com Sophia William e Aurora Jamelo, que expõe a vivência da mulheridade trans, evidenciando as dificuldades sociais sofridas por essa população no Brasil.

Sopro dÁgua. Foto: Thais Lima / Divulgação

Odília Nunes em Decripolou Totepou. Foto: Silvia Montico /Divulgação

Lavagem, com a Cia REC  do Rio de Janeiro. Foto: Christopher Mavric

Narrativas Encontradas Numa Garrafa PET na Beira da Maré. Foto Gabriel Melo / Divulgação

Gabriela Holanda (Olinda), em Sopro D’Água aposta na dimensão aquática, na materialidade ancestral-geológica a partir da compreensão de que somos água. Enquanto a e Cia REC (Rio de Janeiro), usa baldes, água, sabão e espuma para realizar a ação de limpar como gesto performativo e político em Lavagem.

O Coletivo FusCirco (Fortaleza)  expõe sua comicidade com A Risita. Odília Nunes (Afogados da Ingazeira), mostra seu encanto de palhaça e bonequeira com Decripolou Totepou. O músico Rubi (Brasília), encerra a programação com o show Nem Toda Pausa É Espera. 

Além dos espetáculos, o Feteag 2022 oferece duas atividades formativas. No dia 22, a diretora, atriz e dramaturga Janaína Leite participa da conversa Conexões entre teatro e pesquisa, com mediação dos professores Luís Reis e Virginia Maria Schabbach. O encontro acontece das 14h às 15h, no Teatro Milton Baccarelli (Centro de Artes e Comunicação da UFPE), com acesso livre.

Em Caruaru, Odília Nunes ministra a oficina Corpos brincantes – pensando a comicidade, de 26 a 30 de setembro, no Teatro João Lyra Filho. A oficina foca na prática e criação de cenas, a partir da experimentação de repertórios vivenciados pela orientadora. As inscrições podem ser feitas através deste link: https://forms.gle/nNwWSMzL8XDLcLPC6. 

O FETEAG 2022 é uma realização do Teatro Experimental de Arte (TEA) e conta com incentivo do Funcultura e apoio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Fundação de Cultura de Caruaru e SESC PE.

O FETEAG 2022 é uma realização do Teatro Experimental de Arte (TEA) e conta com incentivo do Funcultura e apoio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Fundação de Cultura de Caruaru e SESC PE.

Este programa cênico integra a Cena Expandida, articulação que reúne o Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena @ccumplicidades e cenacumplicidades.com.br (10 a 30 de setembro), o FETEAG – Festival de Teatro do Agreste – @feteag e feteag.com.br (20 a 30 de setembro); o FETED – Festival Estudantil de Teatro e Dança – @feted.pe (8 a 18 de setembro), o Reside – Festival Internacional de Teatro de PE – @residefestivalbr e residefestival.com.br (22 a 28 de setembro), e o Transborda – as linguagens da cena – @sescpe (1º a 17 de setembro), do SESC PE.

PROGRAMAÇÃO

16/09

Luiz Lua Gonzaga
Grupo Magiluth  (Recife/PE)
Local: Largo da Imperial Matriz da Várzea (Paróquia Nossa Srª do Rosário – Recife)
Horário: 17h

17/09

Poeta Preto
Trupe Veja Bem Meu Bem (Caruaru/PE)
Local: Teatro João Lyra Filho (R. Visc. de Inhaúma, 999 – Maurício de Nassau, Caruaru)
Horário: 20h

20/09

Pela Nossa Pele
Yael Karavan e Rita Vilhena (Portugal)
Local: Teatro Apolo-Hermilo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife – Recife)
Horário: 20h

21/09

Stabat Mater
Janaína Leite (São Paulo/SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife – Recife)
Horário: 20h

22/09

Stabat Mater
Janaína Leite (São Paulo/SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife – Recife)
Horário: 20h

23/09

Poeta Preto
Trupe Veja Bem Meu Bem (Caruaru/PE)
Local: Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro (Rua Mariz e Barros, 328, Bairro do Recife – Recife)
Horário: 20h

24/09

A Risita
Coletivo FusCirco (Fortaleza/CE)
Local: Academia das Cidades (R. Maria Antonieta, 578, Salgado – Caruaru)
Horário: 17h

Lavagem
Cia REC (Rio de Janeiro/RJ)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

25/09

A Risita
Coletivo FusCirco (Fortaleza/CE)
Local: Estação Ferroviária (Rua Silva Filho, s/n, Maurício de Nassau – Caruaru)
Horário: 17h

Lavagem
Cia REC (Rio de Janeiro/RJ)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

26/09

Decripolou Totepou
Odília Nunes (Afogados da Ingazeira/PE)
Local: Escola Municipal Professora Cesarina Moura Vieira Costa (Rua Profª. Mirian Vieira Costa Vila do Rafael 2° Distrito – Vila Do Rafael, Caruaru)
Horário: 8h

Trans(passar)
Teatro Agridoce (Recife/PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

27/08

Decripolou Totepou
Odília Nunes (Afogados da Ingazeira/PE)
Local: Escola Municipal Professor José Florêncio Neto Machadinho (R. Olegário Bezerra, s/n, São Francisco – Caruaru)
Horário: 8h

Narrativas Encontradas Numa Garrafa PET na Beira da Maré
Grupo São Gens de Teatro (Recife/PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

28/09

Decripolou Totepou
Odília Nunes (Afogados da Ingazeira/PE)
Local: Escola Municipal Presidente Kennedy (R. Antonio Teles, Agamenon Magalhães – Caruaru)
Horário: 10h

Sopro D’Água
Gabriela Holanda (Olinda/PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

29/09

Decripolou Totepou
Odília Nunes (Afogados da Ingazeira/PE)
Local: Escola Municipal Professora Teresa Neuma Pereira Pedrosa (Rua Maria Júlia da Conceição, s/n, Cedro – Caruaru)
Horário: 9h

Estudo Nº1: Morte e Vida
Grupo Magiluth (Recife/PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

30/09

Decripolou Totepou
Odília Nunes (Afogados da Ingazeira/PE)
Local: Escola Municipal Professor Leudo Valença (Rua Odilon Ramos da Silva, Rendeiras – Caruaru)
Horário: 8h

Show – Nem toda pausa é espera
Rubi (Brasília/DF)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal (Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis – Caruaru)
Horário: 20h

 

Entrevista: Fábio Pascoal – diretor do Feteag

Fábio Pascoal, idealizador e diretor do Festival do Teatro do Agreste – Feteag. Foto: Divulgação

– Fábio, o Feteag tem mais de 50 anos e nesse tempo festival mudou de perfil? Quais as marcas dessas mudanças, antes e de agora?

O Feteag foi criado em 1981 com o objetivo de expandir as ações de formação praticadas pelo TEA – Teatro Experimental de Arte, ou seja ele tem 41 anos, e sua atualização faz parte do próprio percurso do teatro, com foco principal na profissionalização, porém sem perder o seu grande norte que é a formação de público, desenvolvido através de um trabalho contínuo junto a classe estudantil, principalmente do ensino fundamental da rede pública de ensino.

– O que te motiva, o te move a tocar o Feteag? O que você busca com isso?

Nascido e criado nas coxias do teatro, seria impossível não desenvolver o gosto por ele, conforme Bourdieu, e realizá-lo é sempre me colocar em novos desafios, pois isso é o que move a vida.

– Qual a posição do seu festival no mapa da cidade (e do país) no que se refere à formação de público, a balançar as estruturas, a honrar a tradição nas artes cênicas ou traçar pontes com o contemporâneo?

Primeiro gostaria de lembrar que o FETEAG é uma ação conjunta de produtores, curadores e artistas, que juntamente com o público compõem o grupo de “fazedores de festivais”, como nos lembra Felipe de Assis do FIAC-BA,  e o que procuramos é sempre nos colocar em risco, para que a cada edição possamos proporcionar uma nova experiência ao espectador, com uma curadoria que busca aprofundar o diálogo com a cena contemporânea nacional e internacional.

– Como você interpreta as políticas públicas para as artes da cena do Recife e de Pernambuco? O que é prioritário e urgente?

O Recife, Caruaru, Pernambuco e o Brasil andam a passos curtíssimos quando pensamos em políticas de incentivos culturais. Em Pernambuco temos um edital de fomento que se encontra estagnado, em termos de valores de aportes, há anos, e com uma lei de fomento via mecenato que não sai do papel e que poderia ser a salvação para as produções já consolidadas no calendário cultural, como os festivais, que a cada ano tem que concorrer com os iniciantes e que, sinceramente, acho isso muito desleal.

– Fale brevemente do “cardápio” dessa edição, os trabalhos. E como foi viabilizada a edição?

 Para elaborarmos o “cardápio” de cada edição começamos a sonhar pelo menos 2 anos antes para assim podermos estabelecer parcerias importantes, como com os institutos internacionais. Esta edição foi pensada em 2020, quando já estávamos sondando possíveis atrações e está sendo viabilizada pelo edital Funcultura PE, nosso incentivador, e os apoios fundamentais da Prefeitura de Caruaru/Fundação de Cultura, SESC e Prefeitura do Recife/Secult que nos apoio via ação Cena Expandida.

– A praxe dos festivais em Pernambuco é tocar essas iniciativas na raça. Isso é motivo de orgulho ou preocupação?

É um motivo de MUITA preocupação, pois realizar um festival deve ser encarado como um trabalho e não um sacrifício, pois não temos a obrigação de fazê-lo, fazemos pois acreditamos na sua importância para nossa evolução enquanto profissional e humano.

– Neste ano, com previsão para os seguintes, o seu festival integra a Cena Expandida com mais quatro festivais. O que as artes da cena (e seu público) da cidade do Recife da cidade do Recife e de Pernambuco ganham com essa ação?

Esta é uma ação gestada desde 2018 e que finalmente colocamos para rodar e que busca, neste momento específico, mobilizar o público e trazê-lo de volta ao teatro, depois de um período muito difícil para as artes presenciais que foi a pandemia.

– Qual a pergunta que não quer calar? Tem resposta?

Melhor será o amanhã.

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MITsp lança plataforma com programação inédita e de acervo

Réquiem, direção de Romeo Castellucci, abre programação. Foto: Pascal Victor/ArtComPress

 

Pensamento em Processo com elenco de Isto é um negro? está disponível na plataforma. Foto: Nereu Jr

O ano era 2014. Na plateia cheia do Auditório Ibirapuera, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, muita gente conhecida da cultura. Havia um burburinho, pairava um clima que era uma mistura de ansiedade e entusiasmo. Há muito tempo, talvez desde os festivais de Ruth Escobar, que o Brasil não tinha um festival internacional na dimensão que se projetava a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, sob a direção de Guilherme Marques e Antonio Araújo.

Naquele ano, além da abertura com Romeo Castellucci e o seu Sobre o conceito de rosto no filho de Deus, vimos espetáculos de nomes como Mariano Pensotti, Guillermo Calderón, Rodrigo Garcia, Angélica Lidell, Marcelo Evelin. Só para citar alguns. Quem não tinha ingresso garantido, como era o nosso caso, já que estávamos contratadas para fazer críticas, enfrentava filas gigantescas, três horas de espera para conseguir o tíquete para ver os espetáculos.

Acompanhamos ainda, talvez o grande diferencial da MITsp desde aquele ano inicial, uma programação crítica e reflexiva com uma potência que era… incrível. Sei o peso do adjetivo, mas escolho usar com consciência, não encontro outro nome olhando para trás. Debates a partir dos espetáculos com pessoas de outras áreas que não o teatro, conversas com todos os encenadores, publicação de críticas diárias, um catálogo, com textos de vários acadêmicos.

Lembro que, depois daqueles dias, do tanto de troca que aconteceu naquele curto período, voltamos ao Recife com a sensação de que tinha rolado uma pós-graduação inteira. A cabeça fervilhava. Dali surgiu, por exemplo, a DocumentaCena – Plataforma de Crítica.

Nunca mais deixamos de acompanhar a MITsp como críticas e, durante alguns anos, como equipe de produção, já que eu assumi a coordenação de conteúdo editorial da mostra durante três edições: 2017, 2018 e 2019. Claro que sempre fizemos a propaganda do quão importante seria ter mais pernambucanos acompanhando a programação da MITsp. E voltávamos com as malas pesadas, carregadas de catálogo para quem pedia.

A distância, os custos financeiros, a disponibilidade de tempo para se ausentar da cidade por um período mais longo, sempre foram impeditivos para que tivéssemos mais pernambucanos vivendo essa experiência conosco.

Com a pandemia, o fechamento dos teatros, o suporte da internet, as coisas mudaram. A partir desta sexta-feira (12), começa a programação da MIT+ (www.mitmais.com), um dos braços do festival, que é uma plataforma virtual de conteúdo de arquivo e de outros inéditos. O acesso é gratuito, sendo necessário apenas um cadastro. Para as exibições de espetáculos, no entanto, há horários pré-definidos, assim como um festival tradicional. O acervo de encenações não fica disponível por todo tempo.

“Democratizar o acesso a todo esse arquivo era uma ideia de 2016. A gente também queria conhecer o público da MIT, uma informação muito importante, para saber onde estávamos chegando, para ter um canal mais direto”, explica Natalia Machiaveli, idealizadora e diretora da plataforma. “Queremos disponibilizar todo o acervo da parte reflexiva e pedagógica, porque os espetáculos temos sempre uma questão de direitos autorais. Essa disponibilização vai ser ao longo do tempo, porque estamos reeditando, fazendo legendas, dando a cara da MIT+, o que leva um tempo e tem um custo”, complementa.

A abertura dessa programação inicial é com Réquiem, versão de Romeo Castellucci para a missa fúnebre de Mozart, com orquestração do maestro Raphael Pichon. Depois do espetáculo, será exibida uma entrevista feita por Julia Guimaraes com o encenador italiano sobre sua trajetória.

A artista em foco da edição é a sul-africana Ntando Cele que, em 2018, apresentou Black Off. Imagina a imagem de uma negra, pintada de branco, peruca loura, como apresentadora de um talk show, querendo fazer piada com a plateia sobre racismo. Foi um dos principais destaques daquela edição, que será reexibido agora, ao lado do inédito Go Go Othello, onde a artista faz um paralelo com Otelo e intercala cenas de stand-up, videoarte, dança e música, perpassando a história de artistas negros, questionando os estereótipos racistas no mundo da arte. Ntando Cele vai conduzir ainda um workshop, uma residência e vai participar de uma conversa com a filósofa Denise Ferreira da Silva e a bailarina Jaqueline Elesbão.

Go Go Othello. Foto: Manaka Empowerment

A sul-africana Ntando Cele apresenta o inédito Go Go Othello. Foto: Manaka Empowerment

Janaina Leite, artista em foco na MITbr (braço com a programação nacional na mostra) no ano passado, abre o processo de Camming – 101 Noite. Janaina faz um paralelo entre o livro As Mil e umas Noites e as camgirls profissionais, que precisam garantir a atenção dos clientes. Depois das exibições, no dia 14 de março, vai acontecer também uma conversa sobre o processo de criação.

Da programação do acervo disponibilizada na plataforma e aberta a qualquer momento, há mesas e debates que fizeram parte dos eixos Olhares Críticos e Ações Pedagógicas, como uma conversa com o elenco de Isto é um negro? e todas as edições da Revista Cartografias, catálogo da mostra, além de conteúdos inéditos.

PROGRAMAÇÃO:

ESPETÁCULOS

Réquiem
Em sua versão de Réquiem, o encenador italiano Romeo Castellucci faz da missa fúnebre de Mozart um espetáculo de celebração à vida. O espetáculo é conduzido pela orquestração do maestro Raphaël Pichon, que faz uma costura entre a composição original e outras peças sacras, menos conhecidas, do compositor austríaco.
Quando: 12, 13, 14 e 15 de março, às 19h
Duração: 1h40min

Ntando Cele apresentou Black Off na MITsp 2018. Foto: Guto Muniz

Black Off
A sul-africana Ntando Cele aborda e enfrenta estereótipos racistas. Na primeira parte do espetáculo, numa espécie de comédia stand-up, a performer assume o seu alter ego, Bianca White, uma comediante, viajante do mundo e filantropa. Depois, numa mistura de performance musical e vídeo, Ntando passa a destrinchar estereótipos de mulheres negras e tenta descobrir como o público a vê.
Quando: 13, 14, 15, 16 e 17 de março, às 21h
Duração: 1h40min

Go Go Othello
Para discutir o espaço do negro no meio artístico, Ntando Cele faz um paralelo com Otelo, o mouro de Veneza, um dos raros protagonistas negros da história do teatro. Ela intercala cenas de comédia stand-up, performance, videoarte, dança e música num ambiente que remete a uma casa noturna. A sul-africana perpassa a história de artistas negros e se transforma em personagens diversos para questionar estereótipos racistas no mundo da arte.
Quando: 16, 17, 18, 18, 20 e 21 de março, às 20h
Duração: 1h20min

Descolonizando o conhecimento
Na palestra-performance, Grada Kilomba faz um apanhado de seu próprio trabalho e utiliza vários formatos, de textos teóricos e narrativos a vídeo e performance, para questionar as configurações de poder e de conhecimento.
Quando: 17 e 18 de março, às 18h
Duração: 1h10min

Entrelinhas
Num diálogo entre o passado e o presente, a coreógrafa e intérprete Jaqueline Elesbão discute a violência contra a mulher e evidencia como a voz feminina, em especial a da mulher negra, é historicamente silenciada dentro de uma sociedade machista e de mentalidade escravocrata.
Quando: 19, 20, 21, 22, 23 e 24 de março, às 20h
Duração: 30min

O encontro. Foto: Stavros Petropoulos

O encontro, de Simon McBurney. Foto: Stavros Petropoulos

O Encontro
Por meio de tecnologias de som, o inglês Simon McBurney leva o espectador a uma imersão pela Amazônia brasileira. Inspirado no livro Amazon Beaming, de Petru Popescu, ele conta a história de um fotógrafo que, no fim dos anos 1960, se viu perdido em meio à terra indígena do Vale do Javari.
Quando: 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31 de março, às 20h
Duração: 2h17min

sal., espetáculo de Selina Thompson, visto na MITsp 2018, está na programação. Foto: Guto Muniz

sal.
Em 2016, Selina Thompson embarcou em um navio cargueiro para refazer uma das rotas do comércio transatlântico de escravos: do Reino Unido à Gana e, de lá, à Jamaica. As memórias, questionamentos e sofrimentos desse percurso levaram a performer ao universo de um passado imaginário.
Quando: 26 de março, às 19h
Duração: 1h

Em Legítima Defesa
A performance, encenada em meio à plateia, logo após alguns espetáculos da MITsp 2016, traz discursos históricos entrelaçados a depoimentos pessoais, músicas e poesias. Em suas falas, os artistas do Coletivo Legítima Defesa remetem à diáspora negra e a seus desdobramentos históricos, numa ação que busca resistir à narrativa hegemônica e dar voz à própria história.
Quando: 28, 29 e 30, às 19h
Duração: 20min

ABERTURAS DE PROCESSO

Camming – 101 Noites
Janaina Leite faz um paralelo entre o livro As Mil e uma Noites – no qual Sherazade precisa entreter o rei – e as camgirls profissionais, que têm que garantir a atenção dos clientes, num trabalho que vai além do sexual, passando também pela narrativa imaginária, dramatúrgica e até terapêutica.
Quando: 12 e 13 de março, às 23h
Duração: 1h
Bate-papo: 14 de março, às 16h

Ué, Eu Ecoa Ocê’ U É Eu?
Celso Sim, Cibele Forjaz e Manoela Rabinovitch abrem o processo da performance audiovisual, que dialoga com a pandemia e o caos político. Os artistas apresentam dois ritos: um de antropologia funerária, em homenagem aos indígenas mortos em decorrência da Covid-19, e outro de canibalismo guerreiro, uma reação de caça ao inimigo. A performance tem duas versões, uma censurada (ela precisou receber cortes para ser apresentada em Brasília, em dezembro de 2020) e outra sem censura. Ambas serão transmitidas na sequência.
Quando: 22, 23 e 24, às 22h
Duração: 45min (as duas versões)

Um Jardim para Educar as Bestas
O ator Eduardo Okamoto, a diretora Isa Kopelman e o músico Marcelo Onofri realizam abertura de processo de duo para piano e atuação. A encenação alterna dança, música e a história de Seu Inhês, um sertanejo de olhos apertados que, como forma de evitar uma predição de morte da esposa, decide construir um jardim de pedras em meio ao sertão.
Quando: 26, 27 e 28 de março, às 18h30
Duração: 20min

WORKSHOPS

Petformances
A performer Tania Alice e a veterinária Manuela Mellão propõem aos participantes realizar práticas artísticas diversas (performances, escrita, fotografia, pintura etc.), sempre permeadas pelo afeto, ao lado de seus pets.
Quando: 18 de março, das 15h às 17g, e 19 de março, das 15h às 18h
Número de vagas: 20 (os participantes serão escolhidos por ordem de inscrição)

Curando a Branquitude
A sul-africana Ntando Cele propõe um trabalho em conjunto na tentativa de sanar traumas de uma sociedade marcada pela hegemonia da branquitude. A artista busca sabedorias ancestrais e pré-colonialistas na tentativa de reimaginar um futuro e criar um espaço não violento, em que se possa enfrentar a crise global de maneira coletiva.
O workshop será ministrado em inglês, com tradução para o português.
Quando: 20 de março, das 10h às 13h

RESIDÊNCIA

Inter Pretas
A residência virtual é voltada a mulheres artistas e ativistas, em especial pessoas não brancas, que queiram trabalhar com materiais biográficos. Nos encontros, a sul-africana Ntando Cele foca o autocuidado na prática artística e algumas estratégias de empoderamento, além de propor um espaço não violento para “sonhos coletivos”. Ela se alterna entre atividades em grupo e conversas individuais com as participantes.
Quando: de 25 a 28 de março, das 10h às 13h. Os horários dos atendimentos individuais serão combinados com as participantes
Número de vagas: 12

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É urgente entender as Histórias de Nossa América

Maria Bonita é ficcionalizada pela dramaturga Dione Carlos e ganha leitura com direção de Malú Bazán

O diálogo histórico, social e político das Crônicas de Nuestra América,- escrita por Augusto Boal quando exilado pelo regime militar brasileiro nos anos 1970 – com os dias de hoje são disparadores que acendem reflexões inadiáveis dos atuais processos políticos novamente conturbados com anúncios e atos da repressão. O texto funciona como bússola para o projeto Histórias de nossas Américas, do Coletivo Labirinto, núcleo de pesquisa e criação cênica de São Paulo, que investiga a relação dos sujeitos com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea.

Essas pequenas histórias da verve mordaz e bem-humorada de Boal foram escritas entre 1971 e 1976, no exílio forçado do dramaturgo em Buenos Aires, publicadas pelo jornal O PASQUIM, e lançadas em conjunto em 1977. Documento da época obscura das ditaduras, a escritura de Augusto Boal entra em diálogo com uma tendência do teatro contemporâneo de trazer a política do cotidiano para a arte. No programa Histórias de nossas Américas, do Labirinto, pulsa questões sobre as causas que desorientam pessoas e as conduzem a oprimir o outro e a si próprias.

Nesse conjunto de ações continuadas do Coletivo , o projeto Histórias de Nossa América inclui a montagem de dois espetáculos inéditos, a circulação de seu repertório por escolas públicas, um laboratório permanente de pesquisa aberto ao público, a criação e lançamento do site, a primeira edição da Revista impressa O Labirinto e um Ciclo de Leituras Encenadas de dramaturgia latino-americana. A programação começa nesta quarta-feira, 18/11, com a leitura interpretada de Bonita, texto de Dione Carlos, com direção de Malú Bazán, sobre a mulher mais famosa do Cangaço.

O Ciclo de Leituras destaca nove textos de nove países latino-americanos, escritos nos últimos 10 anos e que carregam relações entre os processos estéticos e políticos de cada região. São textos de autores do Uruguai, Peru, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Equador, Cuba e Brasil, que traçam um breve retrato da produção dramatúrgica contemporânea na América Latina.

São 9 encontros semanais, em três fases (novembro, janeiro e fevereiro). Cada leitura dramatizada conta com uma direção diferente, potencializando essas dramaturgias em diálogo com a perspectiva estética dos encenadores convidados. Ao final de cada leitura, o Coletivo promove uma reflexão com o público sobre os dispositivos e procedimentos utilizados, temáticas e abordagens.

Os encontros ocorrem às quartas-feiras, às 20h, por uma plataforma de vídeo-chamada. A entrada é gratuita. Para participar, basta preencher breve inscrição (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScd_5haIRjAFwHDeMW1V43oVT6Pw2hZmD5M61A01Mz0-1jRdA/viewform), disponibilizada nas redes sociais do Coletivo Labirinto (@coletivo.labirinto) no início de cada semana de evento.

A realização desse Ciclo de Leituras Encenadas também envolve a tradução de oito textos teatrais de língua espanhola para a portuguesa, realizada pelos integrantes do Coletivo Labirinto, com revisão da encenadora e tradutora Malú Bazán. Essa compilação é a base para a formação de um acervo digital permanente, que será disponibilizado gratuitamente no site do Coletivo.

O projeto Histórias de Nossa América foi selecionado pela 35ª. Edição do Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo, que começa com o Ciclo De Leituras Encenadas e prevê para o primeiro semestre de 2021 a montagem do espetáculo Onde Vivem Os Bárbaros.

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 01 – NOVEMBRO DE 2020

18/11 – BONITA, de Dione Carlos – Brasil (2015); direção: Malú Bazán
A vida de Maria Bonita (1911-1938), sua relação com a sexualidade, a violência e o companheiro Lampião norteiam a trama e apresenta a participação das mulheres no Cangaço.

25/11 – EU QUIS GRITAR, de Tânia Cárdenas Paulsen – Colômbia (2017); direção: Érica Montanheiro
Nina e seu marido. A deterioração da relação do casal e a metamorfose de Nina, depois de  passar por zonas de extrema violência, ela vai se transformando em uma mulher que, pouco a pouco, devora seu esposo.

02/12 – A VIDA EXTRAORDINÁRIA, de Mariano Tenconi Blanco – Argentina (2018); direção: Lavínia Pannunzio
Aurora e Blanca são amigas de uma vida toda. Sem grandes conquistas, histórias trágicas ou aventuras inesquecíveis, Aurora é professora, tem um filho, um amante, um marido. E escreve poesia. Blanca é costureira, mora com a mãe, tem um namorado, depois outro, depois outro, sofre sempre. E também escreve poesia. 

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 02 – JANEIRO DE 2021

20/01 – IF – FESTEJAM A MENTIRA, de Gabriel Calderón – Uruguai (2018); direção: Carlos Canhameiro
Uma família perde o avô e terá dificuldades para lhe dar um enterro decente. Os sobreviventes, carregam a herança de erros e problemas não resolvidos, a acumulação histórica de tudo que é negativo e de tudo que é positivo.

27/01 – SOPA DE TARTARUGA, de Ana Melo – Venezuela (2017); direção: Rudifran Pompeu
Oito venezuelanos se encontram uma noite em um bistrô parisiense. Cada um deles personifica a Venezuela e a carrega como um casco de tartaruga. Mas algo que não esperavam acontece naquela noite. A obra é sobre a migração venezuelana e suas contradições, esperanças e frustrações.

03/02 – A REPÚBLICA ANÁLOGA, de Aristides Vargas – Equador (2010); direção: Dagoberto Feliz
Comédia que foca um grupo de intelectuais que, contrários à realidade que vivem em seu país, decidem formar uma nova república. Esse grande projeto será constantemente prejudicado por pequenos acidentes, entre cômicos e patéticos, que os farão enfrentar a realidade e as dificuldades para construir o país com o qual sempre sonharam.

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 03 – FEVEREIRO DE 2021

24/02 – SÊMEN, de Yunior García Aguilera – Cuba (2012); direção: Joana Dória
Parte do decálogo As 10 Pragas, a trama de Sêmen gira ao redor de uma família disfuncional – uma mãe que já não está mais, um pai anacrônico e duas filhas que veem o assassinato e a prostituição como formas para tentar sair do país. 

03/03 – LAPEL DUVIDE, de Vanessa Vizcarra – Peru (2017); direção: Rubens Velloso
Toda vez que olha para o vazio, Lapel sente vontade de se lançar. É sua condição de nascência. Ele não se sente atraído pela morte, mas pela queda. Ele busca evitar todos os acidentes, mas está cada vez mais difícil. Lapel vive em uma cidade sob um regime político autoritário, com a população insatisfeita, entretanto é difícil rebelar-se.

10/03 – VIENEN POR MI, de Claudia Rodriguez – Chile (2018); direção: Janaína Leite
Com o objetivo é incentivar a biografia de travestis, transgêneros e transexuais, fazendo disso uma ferramenta política para quem ainda não disse nada, a peça é fruto de um devir da artista transgênere Claudia Rodriguez. Vienen Por Mi é um texto de poesia e denúncia, que traz um convite para perturbar a autoridade vigente de forma rude e coreográfica. É um ensaio inesgotável entre arqueologia, maquiagem e filosofia travesti, para propor metáforas que produzem pontes entre imagens e textos de xamãs, deusas, virgens, santas e loucas, num único corpo. Com: Fábia Mirassos.

FICHA TÉCNICA – CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – HISTÓRIAS DE NOSSA AMÉRICA

ELENCO: Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez, Fábia Mirassos, Jhonny Salaberg, Marina Vieira, Ton Ribeiro e Wallyson Mota
DIRETORES CONVIDADOS: Malú Bazan, Érica Montanheiro, Lavínia Pannunzio, Carlos Canhameiro, Rudifran Pompeu, Dagoberto Feliz, Joana Dória, Rubens Velloso e Janaína Leite
AUTORES: Dione Carlos (Brasil), Tânia Cárdenas Paulsen (Colômbia), Mariano Tenconi Blanco (Argentina), Gabriel Calderón (Uruguai), Ana Melo (Venezuela), Aristides Vargas (Equador), Yunior García Aguilera (Cuba), Vanessa Vizcarra (Peru) e Claudia Rodriguez (Chile).
TRADUÇÃO: Coletivo Labirinto e Malú Bazán

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Crise e Insurreição, uma mostra de experimentos cênicos do Grupo XIX de Teatro

Feminino Abjeto 1. Foto: Laio Rocha / Divulgação

Plantar Cavalos. Foto: Giorgio D’Onofrio / Divulgação

Memórias de Cabeceira. Foto: Eduardo Figueiredo / Divulgação

O Projeto XIX Ano 19: Crise e Insurreição é uma mostra com os experimentos cênicos criados nos núcleos de pesquisa do Grupo XIX de Teatro, de São Paulo, orientados por Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya. A trupe completa 19 anos neste estranho ano de 2020. Com a pandemia da Covid-19, o coletivo comemora com apresentações online, grátis, entre os dias 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom. Cada espetáculo faz duas apresentações.

Participam da mostra os espetáculos Acorda, Alice! Através Da Tela, com direção geral de Juliana Sanches; Memórias de Cabeceira, com direção de Rodolfo Amorim; Plantar Cavalos Para Colher Sementes, com direção, concepção e pesquisa de Ronaldo Serruya; Feminino Abjeto 1, com direção e concepção de Janaina Leite; Feminino Abjeto 2, também com direção de Janaina Leite. Além da Mostra Abjeta III, com vários trabalhos estreados em ou processo, entre eles Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi, um percurso irônicopelo mito do amor romântico.

Desde sua criação, o Grupo XIX de Teatro faz investigações importantes e ousa avançar nas possibilidades da cena como exercício estético e micropolítico. O espaço histórico da cidade de São Paulo guiou algumas produções, como o premiado Hysteria, que explora as complexas relações sociais da mulher brasileira na virada do século XIX. Uma viagem no tempo para questionar os mecanismos do poder. Hygiene, que trata dos trabalhadores que habitavam os cortiços do Rio no século XIX segue a mesma pisada.

Outras peças que são resultado da pesquisa autoral do grupo são Arrufos, Marcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo, Estrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine) e Teorema 21.

Com a pesquisa sobre habitação e moradia no Brasil a turma chegou à Vila Operária Maria Zélia. Da primeira residência até hoje, foram muitas ações, uma troca permanente com a comunidade e a inserção definitiva da Vila Maria Zélia no mapa cultural da cidade de são Paulo.

A criação colaborativa, o uso de espaços não-convencionais e a relação próxima ao público são marcas dessa trajetória. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas.

MOSTRA DE EXPERIMENTOS CÊNICOS

De 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom.
Ingressoshttps://www.sympla.com.br/grupoxixdeteatro

Acorda Alice. Foto Anoca Freitas / Divulgação

ACORDA, ALICE! ATAVÉS DA TELA!
Dias 12 e 14 de novembro – Quinta-feira, às 21h, e Sábado, às 19h

O tempo atravessa o encontro dessas mulheres, das que chegam e das que já estavam lá. A passagem das horas gera insegurança. Como o tempo marcou a carne de cada uma delas? O espetáculo percorre os ciclos femininos, da menina, adolescente, adulta e anciã. Com o apoio uma das outras, elas seguem fazendo perguntas, numa dança de cumplicidade e sororidade em que a experiência de estarem juntas, valorizando cada uma delas é o que mais importa.

Ficha Técnica
Dramaturgismo: Juliana Sanches.
Texto: Acorda Coletivo.
Montagem audiovisual, edição e finalização: Val Hidalgo.
Direção Geral: Juliana Sanches.
Assistência de Direção Audiovisual: Alice Stamato.
Figurino: Juliana Sanches e Acorda Coletivo.
Iluminação: Acorda Coletivo.
Elenco: Alice Stamato, Cacau Fonseca, Carol Andrade, Ericka Leal, Jaqueline Beatriz, Joice Tavares, Juliana Roberta, Larissa Alves, Leticia Stamatopoulos, Lídia Engelberg, Lidi Seabra, Ligia Fonseca, Mahê Machado, Mariela Lamberti, Priscilla Nina, Rebecca Leão, Renata Dalmora, Rita Damasceno, Samira Aguiar e Victória de Paula.
Atrizes que estiveram no processo: Lorena Barreto, Paloma Dantas e Vanusa Di Santi.
Produção: Acorda Coletivo.
Realização: Acorda Coletivo.
Fotos: Anoca Freitas, Gabriela Burdmann, Giorgio D’Onofrio e Marília Apolônio.
Classificação: 14 anos.
Duração: 50 minutos.

MEMÓRIAS DE CABECEIRA
Dias 13 e 15 de novembro – Sexta e domingo, às 20h

Memórias de Cabeceira. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

A memória dos atores sobre seus avós conduz essa experiência cênica, que propõe vasculhar os espaços de saudade também do público. Os atores investigam suas lembranças preciosas dos avós, desses netos-atores que visitam arquivos de um passado que aciona espaço/tempo de afeto comum a muitos de nós.

Ficha Técnica:
Direção: Rodolfo Amorim.
Elenco: Bruno Canabarro, Cleuber Gonçalves, Natália Ribeiro e Vinícius Titae.
Dramaturgia, Figurinos e Cenografia: Coletivo Analógico de Teatro.
Duração: 50 minutos.
Classificação: Livre.

PLANTAR CAVALOS PARA COLHER SEMENTES
Dias 14 e 15 de outubro – Sábado, às 21h30, e Domingo, às 18h

Plantar Cavalos. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

Plantar Cavalos Para Colher Sementes é uma peça-manifesto de caráter performativo livremente inspirada no manifesto Falo Por Minha Diferença, do ativista chileno Pedro Lemebel. É a denúncia de um corpo que está morrendo, e que precisa gritar para se manter vivo. O trabalho dirigido por Ronaldo Serruya promove uma espécie de confronto para abalar a perversa estrutura que engendra discursos e mecanismos racistas, homofóbicos, misóginos e transfóbicos, e tensionar em nós o que é reprodução da norma e incapacidade de desprogramar o previsto.

Ficha técnica:
Direção, concepção e pesquisa: Ronaldo Serruya.
Assistente de direção: Bruno Canabarro.
Manifestantes: Ailton Barros, Ana Vitória Prudente, Be Gonzales, Camila Couto, Carlos Jordão, Gabi Costa, Ericka Leal, Mateus Menezes, Patrícia Cretti, Tatiana Ribeiro.
Iluminação: Dimitri Luppi Slavov.
Fotos e vídeos: Jonatas Marques.
Produção: Gabi Costa, Mateus Menezes e Tatiana Ribeiro.
Realização: Grupo XIX de Teatro.
Agradecimento especial: Vana Medeiros.
Classificação: 16 anos.
Duração: 50 minutos.

FEMININO ABJETO 1 + bate-papo com diretora e performers
Dia 20 de novembro – Sexta-feira, às 20h

Feminino Abjeto. Foto Jonatas Marques / Divulgação

O conceito de “abjeção” proposto por Julia Kristeva para investigar as representações do feminino e a a obra da artista espanhola Angélica Liddell são as inspirações do trabalho, orientado por Janaina Leite. Performado por mulheres e duas pessoas não-binárias, o espetáculo, tomou por eixo principal a figura de uma mãe “mais arcaica que real”, como campo de recusa, mas também identificação em relação a certa “transmissão da feminidade”. O espetáculo estreou em 2017.

Ficha Técnica:
Direção e concepção: Janaina Leite.
Performers/autorXs: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Flo Rido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oli Lagua, Ramilla Souza e Sol Faganello.
Assistência de direção: Tatiana Caltabiano.
Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro.
Preparação Stiletto: Kaval.
Preparação Haka: Allan Melo.
Iluminação: Afonso Alves Costa.
Operação de som: Marina Meyer.
Fotografia: Laio Rocha.
Câmera: Roberto Setton, Camila Couto e Vinicius Vitti.
Edição: Sol Faganello.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

FEMININO ABJETO 2
Dia 22 de novembro – Domingo, às 19h

Feminino Abjeto 2. Foto: André Cherri / Divulgação

Em 2018, Janaina Leite propôs uma nova investigação a partir da figura da mãe, agora em um núcleo de pesquisa composto por 34 homens e duas pessoas não-binárias. Se o masculino se constrói como “reatividade ao feminino”, como propõe Safiotti, em Feminino Abjeto 2, analisou as relações com as figuras arcaicas de pai e mãe, a fim de encontrar a gênese de uma virilidade que se confunde com violência e autoritarismo. O espetáculo estreou em dezembro do mesmo ano, cumpriu duas temporadas na Vila Maria Zélia, no Teatro de Container da Cia Mungunzá́ (Luz/São Paulo) e se apresentou no Sesc Belenzinho na mostra Dramaturgias 2.

Ficha técnica:
Direção e dramaturgismo: Janaina Leite.
Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, Andrea Sá, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima, Thompson Loiola.
Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza.
Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia.
Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly.
Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo.
Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções).
Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico).
Núcleo de Comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo.
Núcleo de Produção e Projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

MOSTRA ABJETA III
Dia 21 de novembro – Sábado, das 14h às 18h

Feminino Abjeto. Mostra Núcleos de Pesquisa 2017 Foto Jonatas Marques / Divulgação

Já realizada no Teatro de Contêiner e no Teatro Centro da Terra, a Mostra Abjeta junta cenas autorais desdobradas a partir ou em relação à experiência de Feminino Abjeto 1. Entre trabalhos em processo ou já estreados, essa mostra propõe uma versão on-line desses experimentos, revelando a apropriação singular de cada artista a partir das questões originais, mas desdobradas em trabalhos que exploram performance e gênero no teatro.

Ilariê, de Ramilla Souza: Ramilla tem um obsessão pela Xuxa dos anos 90. Ela revisita suas memórias de infância e a construção da própria subjetividade a partir dessa referência.
Duração: 20 minutos.

Chef Psi – Como Comer Como Como, de Maíra Maciel: Chef psi é uma estranha psiquiatra e chef de cozinha que tenta preparar o prato perfeito. Nessa preparação, ela traz memórias e pensamentos sobre o processo de transformação do animal na comida e da comida no corpo das pessoas.
Duração: 35 minutos.

Corpo Errado, de Florido Fogo: Abrir os buracos da corpa para negar a entrada das expectativas cisgêneras koloniais. Imagens de horror, deboches, delírios e monstruosidades para acessar dramaturgias da trans-fisicalidade ancestro/futura e eufórica.
Duração: 40 minutos

Não Ela: O Que é Bom Está Sempre Sendo Destruído, de Oliver Olívia e Lucas Miyazaki: Um retrato de um casal que começou a morar junto ao mesmo tempo em que um deles começou seu processo de transição de gênero: um homem cisgênero que percebe seu então companheiro trans masculino. É a exposição de um texto-depoimento-carta inteiro de autoria do dramaturgo cisgênero. Uma peça sobre transfobia, machismo, misoginia e amor.
Duração: 25 minutos.

Tudo é lindo em nome do amor, com Debora Rebecchi e Bruna Betito

Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi: É uma travessia cênica através do mito do amor romântico. Para essa versão remota, duas atrizes invocam clichês do nosso imaginário amoroso e compartilham com o público uma festa de casamento virtual. A experiência pretende abrir caminhos para questionar papéis de gênero e os modos como fomos ensinados a amar.
Duração: 40 minutos

Salivas, de Emilene Gutierrez: O trabalho parte de uma escavação individual onde a carne-gordura-baba-vísceras tomam o espaço central, pornograficamente explícitos, do processo. É tentativa de tornar corpo uma espécie de subjetividade feminina, buscando encontrar possíveis caminhos/espaços entre a origem e o fim das coisas, dos desejos, dos abismos.
Duração: 35minutos

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Agenda – 4ª semana de novembro

AGENDA SÃO PAULO

ESPECIAL

Feminino Abjeto I e Feminino Abjeto 2

Janaina Leite discutiu objeção, feminino e masculino com grupos de performers. Foto: Laio Rocha

Os estudos e experimentos da atriz, diretora e pesquisadora Janaina Leite sobre os conceitos de abjeção, feminino e masculino resultaram em dois trabalhos que poderão ser vistos de maneira sequenciada na mostra A Propósito de Corpos, que está acontecendo no Viga Espaço Cênico, pertinho do Metrô Sumaré, na linha verde.

Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino é um turbilhão de cenas performativas que exploram a construção do masculino, desde os discursos até as memórias, os ritos de passagem, as fragilidades, os medos, as violências. São 19 performers que enveredam pelas próprias experiências transformadas em cena, levando o espectador a se questionar – e também se identificar ou repelir – sobre o que é ser um homem nos dias de hoje.

Feminino Abjeto 1, o primeiro experimento do projeto, foi uma construção coletiva com um grupo de mulheres cis e pessoas não-binárias investigando desde o conceito de abjeção até os papeis sociais e de gênero, a violência, a misoginia e os ideais de feminino evocados na nossa sociedade.

Serviço:
Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino
Quando: segunda-feira (25/11), às 21h
Feminino Abjeto 1
Quando: terça-feira (26/11), às 21h
Onde: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros)
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Os ingressos podem ser comprados antecipadamente pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/apropositodecorpos)

Feminino Abjeto II problematiza conceito de masculinidade. Foto: Mateus Capelo

Ficha técnica:

Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino
Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, A Saboya, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima e Thompson Loiola
Direção e dramaturgismo: Janaina Leite
Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza
Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia
Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly /  Assistência: Felipe Arantes
Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo
Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções)
Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico)
Núcleo de comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo
Núcleo de produção e projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins

Feminino Abjeto I 
Direção e concepção: Janaina Leite
Performers: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Florido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oliver Olívia, Ramilla Souza, Sol Faganello e Tatiana Caltabiano
Assistência de direção: Tatiana Caltabiano
Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro
Preparação Stiletto: Kaval
Preparação Haka: Allan Melo
Iluminação: Afonso Alves Costa
Operação de som: Marina Meyer
Fotografia: Laio Rocha

ESTREIA

Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista 

A peça propõe um diálogo entre o movimento tropicalista, iniciado em 1967, com o conceito da antropofagia na Arte Moderna, defendido no Século XX. Foto: Eduardo Petrini 

A desigualdade social, o racismo e a misoginia têm raízes históricas. É o que busca mostrar o espetáculo Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista, primeira peça de teatro escrita e dirigida por José Walter Lima, cineasta e artista plástico soteropolitano. A montagem fica em cartaz até 1º de dezembro no Teatro Oficina e faz parte do Projeto Tropicália – Marginália III, que inclui também uma seleção de 10 filmes exibidos antes dos espetáculos.

Segundo o diretor, Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista é um teatro de revista anárquico-épico-barroco que flerta com a antropofagia, conceito da arte moderna que defendia a libertação da influência única das vanguardas europeias e a criação artística genuinamente nacional. A peça está dividida em 28 esquetes.

O texto escrito por Walter com colaboração de Júlio Góes investe num novo sentimento de brasilidade. Entre uma cena e outra foram construídos breves números musicais e coreografias assinadas por Luciana Bortoletto. Há marchinhas de carnaval, músicas compostas por Heitor Villa Lobos, canções de Caetano Veloso e funks como Atoladinha e Relaxe na Bica.

A mostra de filmes tem curadoria da cineasta Tamy Marraccini e junta longas-metragens como Cabeças Cortadas, de Glauber Rocha; Rogério Duarte, O Tropikaolista, do próprio José Walter Lima, O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro Andrade e O Rei Da Vela, de José Celso Martinez Corrêa, em sessões que acontecem entre quinta e sábado, com entrada gratuita.

Serviço:
Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista
Quando: Quintas a sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Até 1º de dezembro
Onde: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bela Vista)
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (moradores do bairro)
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

MOSTRA DE FILMES 

A entrada para a exibição dos filmes é gratuita.

22/11, sexta-feira, 19h
Tropicália
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 27min
Direção: Marcelo Machado Elenco: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee
Sinopse: O documentário mostra um olhar contemporâneo deste importante movimento cultural que explodiu no Brasil na década de 1960. Mistura um valioso material de arquivo recuperado especialmente para a produção, com os ícones do movimento.

23/11, sábado, 19h
Hélio Oiticica
Gênero: Documentário | 2014 | Brasil | 1h 34min
Direção: Cesar Oiticica Filho Elenco: Hélio Oiticica
Sinopse: Este documentário conta a história do artista plástico Hélio Oiticica através de fitas que o próprio gravou durante os anos de 1960 e 1970. As Heliotapes foram encontradas por seu sobrinho Cesar Oiticica Filho quando preparava uma exposição sobre a vida e obra do tio. O filme aborda diversos aspectos da biografia de Oiticica, como suas aspirações anarquistas, sua temporada em Nova York e seu contato com as drogas.

28/11, quinta-feira, 19h
Futuro do Pretérito, Tropicalismo Now
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 16min
Direção: Ninho Moraes, Francisco Cesar Filho Elenco: Alice Braga, Gero Camilo, Helena Albergaria
Sinopse: Este documentário traz um olhar direcionado para um dos movimentos culturais mais efervescentes da história do Brasil, a Tropicália. O filme reúne entrevistas e intervenções artísticas de eventos ocorridos no final da década de 60 até o presente.

29/11, sexta-feira, 19h
Torquato Neto, Todas as horas do Fim
Gênero: Documentário | 2018 | Brasil | 1h 28min
Direção: Eduardo Ades, Marcus Fernando Elenco: Torquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil
Sinopse: O documentário explora a vida e as múltiplas frentes do poeta, que atuou ainda no cinema, na música e no jornalismo. O piauiense também se engajou ativamente na revolução que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960 e 1970, sendo um dos pensadores e letristas mais ativos da Tropicália, parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé.

30/11, sábado, 19h
O Homem do Pau Brasil
Gênero: Comédia, Aventura, Biografia | 1982 | Brasil | 1h52min
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Itala Nandi, Flavio Galvão, Regina Duarte
Sinopse: A trajetória do escritor Oswald de Andrade, ícone do modernismo brasileiro. Lançando-se à busca de mulheres e ideias, está sempre dividido entre diversas figuras femininas.

01/12, domingo
O Rei Da Vela
Gênero: Comédia dramática | 1982 | Brasil | 2h40min
Direção: José Celso Martinez Correa, Noilton Nunes
Elenco: Renato Borghi, José Wilker, Esther Góes
Sinopse: Filmagem da montagem histórica da peça de Oswald de Andrade, onde milionários decadentes, filhos depravados, capitalistas corruptos e implacáveis são os personagens interpretados pelo Grupo Oficina, em uma célebre apresentação teatral realizada no ano de 1967, gravada fundamentalmente em 71 e lançada mais de dez anos depois.

Ficha técnica:
Texto e direção: Walter Lima
Colaboração de texto e co-direção: Júlio Góes
Elenco: Gabi Costa, Lucas Valadares, Rosana Judkowitch, Vanessa Carvalho, Wagner Vaz e Willian Maciel
Coordenação geral: Yael Steiner
Curadoria de filmes: Tamy Marraccini
Assessoria de imprensa: Márcia Marques (Canal Aberto)
Produção: Loukos por Cultura (Márcia Costa e Sidney Werdesheim)
Assistentes de produção: Neusa Barbosa, Daniela Floquet e Lucas Valadares
Preparação corporal e coreografia: Luciana Bortoletto
Figurino: Silvana Gorab
Cenografia: Walter Lima
Trilha sonora: Ordep Lemos
Fotografia: Eduardo Petrini
Iluminação: Décio Filho
Operação de luz: Elizeu Kouyatè
Operação de som: Otávio Cavariani
Operação de maquinário: Maurilio Domiciano

ÚLTIMOS DIAS

As Mãos Sujas

Espetáculo As Mãos Sujas será apresentado até este fim de semana no Sesc Ipiranga. Foto: Padu Palmério

O encenador José Fernando Peixoto de Azevedo utiliza recursos cinematográficos inspirados no filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, para propor uma reflexão contemporânea sobre a política, o indivíduo e o coletivo, tendo por base a peça As Mãos Sujas, de Jean Paul Sartre (1905 – 1980). A montagem traça desdobramentos na linguagem de José Fernando e suas investigações que relaciona teatro e cinema.

A peça explora a história de um jovem intelectual que delibera a morte do líder de seu partido quando este propõe uma aliança com partidos conservadores.  A cena surfa em “deslizamentos temporais” e transita entre 1943 (marca em que Sartre situa a ação), o presente e dúvidas sobre um futuro próximo. A guerra ideológica que vivemos nos dias de hoje salta para o centro da cena questionando conceito de partido político, o sentido e as consequências das alianças com forças conservadoras. 

Serviço:
As Mãos Sujas
Quando: Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Até 24 de novembro 
Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga)
Quanto: R$ 9 (credencial plena), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30
Duração: 180 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Texto: Jean-Paul Sartre
Tradução: Homero Santiago
Atores: Gabriela Cerqueira, Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinicius, Rodrigo Scarpelli, Thomas Huszar e Vinicius Meloni.
Câmera e edição: Yghor Boy
Direção musical: Guilherme Calzavara
Desenho de som e sonoplastia: Ivan Garro
Música em cena: Ivan Garro, Rodrigo Scarpelli e Thomas Huszar
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Figurino: Marcelo Leão e José Fernando Peixoto de Azevedo
Consultoria para o trabalho de voz: Mônica Montenegro
Consultoria teórica: Franklin Leopoldo e Silva
Assistente de direção: Murilo Franco
Operador de luz: David Costa
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado
Direção e dispositivo de cena: José Fernando Peixoto de Azevedo

Condomínio Visniec

A diretora diz que a peça é uma meditação poética sobre a condição humana e a possibilidade de superação dos nossos conflitos. Foto: Ronaldo Gutierrez

O dramaturgo romeno Matéi Visniec é apontado como um dos principais representantes contemporâneos do Teatro do Absurdo. O espetáculo Condomínio Visniec é inspirado em seis monólogos desse autor – O Corredor, O Homem do Cavalo, O Adestrador, O Homem da Maçã, A Louca Tranquila e O Comedor de Carne – reunidos na coletânea de peças O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo. A montagem é fruto de pesquisa sobre a obra do autor romeno, desenvolvido por Clara Carvalho desde 2015 numa oficina de atores profissionais do Grupo TAPA.

As personagens híbridas são criadas por uma escritora que produz compulsivamente e habita o condomínio com figuras de contornos surrealistas. O espetáculo foi contemplado com o edital ProAc nº 01/2018 para Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro.

Serviço:
Condomínio Visniec, com o grupo Tapa
Quando: Quartas e quintas, às 21h. Até 28 de novembro.
Onde: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros)
Quanto: R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada)
Duração: 55 minutos
Capacidade: 73 lugares
Classificação: 14 anos
Informações: (11) 3801-1843

Ficha técnica:
Texto: Matéi Visniec
Direção: Clara Carvalho
Elenco: Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore e Suzana Muniz
Tradução: Luiza Jatobá
Assistente de direção: Mau Machado
Figurino: Marichilene Artisevskis
Música original: Mau Machado
Desenho de luz: Wagner Pinto
Assistente de Iluminação: Carina Tavares
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli
Preparação corporal e coro cênico: Mau Machado e Suzana Muniz
Design gráfico: Mau Machado
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Fotos (registro processo): Roberto Lajolo
Técnica/Operação de luz: Dida Genofre
Operação de som: André Bedurê
Adereços: Luis Carlos Rossi
Costura e modelagem: Judite Gerônimo de Lima
Costura de enchimento: Paula Gaston
Alfaiate: Miguel Angel Arua
Envelhecimento: Foquinha Cris
Direção de produção: Selene Marinho /SM Arte e Cultura
Coordenação de produção: Ariel Cannal
Produção executiva: Marcela Horta / SM Arte e Cultura

Enquanto Ela Dormia

Enquanto Ela Dormia. Fotos Mayra Azzi

A primeira versão de A Bela Adormecida, de 1648, é o disparador da peça, que investiga a violência contra a mulher e as relações de poder entre os gêneros. Enquanto Ela Dormia convoca a personagem Dora, uma professora de literatura, que presencia uma cena de abuso em um ônibus e sofre ao relembrar os traumas de infância.

O monólogo explora uma linha cronológica das dores do feminino, como, por exemplo, os pés de lótus das mulheres chinesas e a expulsão da deusa Lilith do Paraíso. A diretora Eliana Monteiro entende que “o espetáculo é um mergulho na geografia da dor das mulheres e uma provocação ao que está acontecendo na nossa sociedade”.

A montagem questiona os mecanismos usados para minimizar, esconder, disfarçar, apagar essas violências. Enquanto Ela Dormia percorre três eixos temáticos: o dos contos de fadas, que integram o imaginário universal do feminino; as histórias de amputações, para que a mulher coubesse na sociedade patriarcal; e as memórias de uma história de amor.

Contemplada na 9ª edição do Prêmio Zé Renato, a peça faz parte da programação do projeto Teatros em Movimento, que prevê a circulação de companhias teatrais, seus trabalhos e processos criativos pelas sedes de outros grupos, em diferentes bairros da capital paulista.

Serviço:
Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem
Quando: Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h. Até 24 de novembro
Onde: Sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, 1º andar – Bela Vista)
Quanto: Ingressos gratuitos, distribuídos 1h antes das sessões
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

Ficha técnica:
Diretora artística: Eliana Monteiro
Diretor técnico e light designer: Guilherme Bonfanti
Atriz: Lucienne Guedes
Dramaturgismo: Antonio Duran
Texto: Carol Pitzer
Operador de som: José Mario Tomé e Nayara Konno
Diretor de cena/contrarregra: Evaristo Moura
Operadora de vídeo: Aline Sayuri
Operador de luz: Patricia Amorim
Montador de luz: Diego Soares
Montador de vídeo: Rodrigo Silbat
Trilha sonora: Erico Theobaldo
Figurinista: Marichilene Artisevskis
Cenografia: Marisa Bentivegna
Produção geral: Marcelo Leão
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

EM CARTAZ 

Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada

Texto de García Márquez está em cartaz no Centro Cultural Fiesp. Foto: Leekyung Kim

A obra do Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que foi publicada em 1972, narra a trajetória de uma menina de 14 anos, que após um incêndio que destrói a casa da família, passa a ser prostituída pela avó. A adaptação para o teatro é de Augusto Boal. Irene Papas defendeu o papel da desalmada e Claudia Ohana fez Erêndira no cinema, no filme de 1983, com direção de Ruy Guerra. A montagem teatral tem direção de Marco Antonio Rodrigues, dramaturgia de Claudia Barral e canções originais compostas por Chico César. Giovana Cordeiro faz seu début no teatro como Erêndira. Com Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Gustavo Haddad, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. O espetáculo abraça a estética e os recursos do realismo fantástico, seguindo os passos de Gabo.

Serviço:
Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada
Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Até 08 de dezembro
Onde: Centro Cultural Fiesp – Teatro do SESI (Avenida Paulista 1313, Bela Vista)
Quanto: Grátis / Reserva de ingressos: Centroculturalfiesp.Com.Br
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Baseado no conto de Gabriel Garcia Márquez
Adaptação: Augusto Boal
Dramaturgia: Claudia Barral
Tradução: Cecília Boal
Direção: Marco Antonio Rodrigues
Elenco: Giovana Cordeiro, Maurício Destri, Chico Carvalho, Dagoberto Feliz, Gustavo Haddad, Marco França, Eric Nowinski, Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dani Theller, Demian Pinto, Jane Fernandes e Rafael Faustino
Cenografia: Marcio Medina
Figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Tulio Pezzoni
Músicas originais compostas: Chico Cesár
Preparadora corporal: Marcella Vincentini
Design gráfico: Zeca Rodrigues
Fotografia: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Idealização: Instituto Boal
Assistentes de produção: Diogo Pasquim e Carol Vidotti
Produção executiva: Camila Bevilacqua
Direção de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo
Produção: Daltrozo Produções
Realização: SESI São Paulo

Eu de Você

Denise Fraga narra histórias reais no seu novo espetáculo. Fotos: Leo Martins / Divulgação

Sartre pregava, ironicamente, que o inferno são outros. Sim, mas também espelho. A atriz Denise Fraga aposta nesse reflexo, nessa reverberação. A intérprete defende a urgência de ver o outro, olhar pelo olhar do outro.  Ela recebe sempre o público na porta do teatro para reforçar a cumplicidade, o laço de afeto. Denise Fraga gosta de gente e de contar suas histórias. Durante nove anos protagonizou um programa de televisão contando histórias reais: o Retrato Falado, na TV Globo.

No solo Eu de VocêFraga leva ao palco histórias do cotidiano de gente comum e a criatividade para encontrar solução para diversos problemas. O humor é uma ferramenta poderosa nessa montagem. Denise convocou o público a enviar suas histórias para esse projeto, anunciou nos jornais, nas redes sociais. De mais de 400 histórias foram selecionadas 33, costuradas dramaturgicamente com literatura, música, imagens e poesia. Estão em cena em ficção Paulo Leminski, Zezé di Camargo, Tchekhov, Beatles, Chico Buarque, Dostoiévski e Fernando Pessoa.

Serviço:
Eu de Você
Quando: sexta, às 20h, sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Até 15 de dezembro
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi)
Quanto: De R$ 25 a R$ 70
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Idealização e criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
Produção: José Maria
Obra inspirada livremente nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Barbara Heckler, Bruno Favaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda , Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Julio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Marcia Angela Faga, Marcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sonia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinicius Gabriel Araújo Portela, Wagner Júnior
Dramaturgia: Cassia Conti, André Dib, Denise Fraga, Kênia Dias, Fernanda Maia, Geraldo Carneiro, Luiz Villaça e Rafael Gomes
Texto final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Direção de imagens em vídeo: André Dib
Direção de arte: Simone Mina
Direção musical: Fernanda Maia
Direção de movimento: Kenia Dias
Iluminação: Wagner Antônio
Assessoria de Imprensa SP: Morente Forte Comunicações
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Coprodução: Café Royal
Produção: NIA Teatro
Patrocínio: BB Seguros
Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal

Guerra

Nova espetáculo d’A Próxima Companhia está em cartaz na sede do grupo, no bairro Campos Elíseos. Foto Kamil Kubruk

A dramaturgia de Guerra foi erguida coletivamente pelo grupo A Próxima Companhia nos experimentos cênicos de intervenção urbana efetivados nos territórios em disputa durante a pesquisa – Largo do Arouche, Cracolândia, Santa Efigênia, Favela do Moinho, Luz, Higienópolis e Minhocão. São 12 cenas que focalizam histórias nessas jurisdições. A montagem com direção de Edgar Castro, tem como disparador a tragédia Os Sete Contra Tebas, de Ésquilo. Investe nas questões como apagamento cultural, intolerância, falta de planejamento urbano, homofobia e transfobia, falta de empatia, preconceito estrutural e disputa de território. projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.

Ésquilo apresenta a preparação para as batalhas em Os Sete Contra Tebas. Guerra abre para as armações da luta travada cotidianamente na mais rica e mais injusta capital brasileira, uma das maiores do mundo. A cena cutuca o modelo econômico atual para falar de vidas que são afetadas em sua essência.

Serviço:
Guerra, com o grupo A Próxima Companhia
Quando: Sexta a segunda-feira, às 20h. Até 9 de dezembro
Onde: Espaço Cultural A Próxima Companhia (R. Barão de Campinas, 529, Campos Elísios)
Quanto: Contribuição voluntária
Duração: 90 minutos
Capacidade: 40 lugares
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3331-0653

Ficha técnica:
Direção: Edgar Castro
Dramaturgia: Victor Nóvoa
Elenco: Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira, Rebeka Teixeira e Lígia Campos
Direção musical: Laruama Alves
Edição de som: Leandro Goulart
Cenografia e Iluminação: Julio Dojcsar
Figurino: Magê Blanques
Produção: Catarina Milani
Assistente de produção: Lucas França
Designer gráfico: Rafael Victor
Material audiovisual: Jamil Kubruk

Há Dias Que Não Morro

No elenco estão Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi. Foto: Paulo Hemsi 

A encenação visa ampliar o debate sobre os aprisionamentos contemporâneos e os corpos em paranoia. Os disparadores são as discussões sobre segurança e liberdade, projetadas na política atual. Três atrizes viram figuras-bonecas em um cubo-jardim, felizes com os dias ensolarados, com o canto dos pássaros e os desenhos das nuvens. Mas alguma coisa está fora da ordem nesse sistema inerte e cíclico, nessa rotina sem acidentes ou perigos. O que há para além desse jardim artificial?

Há Dias Que Não Morro é a segunda parte da Trilogia da Morte, que teve início em 2016 com a estreia de Adeus, Palhaços Mortos. A peça contou com uma pré-estreia em maio na Turquia, tem texto original de Paloma Franca Amorim e direção coletiva de Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi.

Serviço:
Há Dias Que Não Morro, da Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Quando: Sábados, às 21h, domingos, às 19h, e segundas, às 21h. Até 02/12
Onde: Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213 – Campos Elíseos – São Paulo
Quanto: Gratuito
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 99 lugares
Informações: (11) 3361-2223

Ficha técnica:
Idealização: Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Direção e concepção: Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Texto: Paloma Franca Amorim
Dramaturgia: Aline Olmos, Laíza Dantas, José Roberto Jardim, Paula Hemsi e Paloma Franca Amorim
Encenação: José Roberto Jardim
Elenco: Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Assistente de direção: Luna Venarusso
Cenografia: Bijari
Direção musical e trilha sonora original: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Iluminação: Paula Hemsi
Figurino: Carolina Hovaguimiam
Modelista: Juliano Lopes
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Cenotecnia: Leo Ceolin
Preparação corporal: Maristela Estrela
Design de sistema de operação sincronizado: Laíza Dantas
Operação de luz, vídeo e som: Murilo Gil e Vinicius Scorza
Técnico de som: Murilo Gil
Técnica de luz: Paula Hemsi
Técnica de vídeo: Laíza Dantas
Técnica de palco: Aline Olmos
Produção executiva: Tetembua Dandara
Direção de produção: ultraVioleta_s
Fotos: Paula Hemsi e Victor Iemini

INTERVENÇÃO
Concepção: ultraVioleta_s e Coletivo Bijari
Assessoria Criativa: Fernando Velázquez

Novos Baianos

Novos Baianos. Foto: André Wanderley

Os Novos Baianos, quinteto formado por Baby do Brasil, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor deixou uma marca especial na Música Popular Brasileira a partir do final da década de 1960. Essa trupe protagonizou uma revolução rítmica e comportamental, pontuada por liberdade, poesia e coletividade.

Com uma original proposta de vida e de arte, inventou um rock brasileiro, “aquele que mistura guitarra com pandeiro e apresenta ao Tio Sam o tamborim”. Essa história é a base do espetáculo Novos Baianos, que tem texto de Lúcio Mauro Filho, direção de Otavio Muller e direção de Davi Moraes e Pedro Baby. No palco, 12 artistas, entre atores, músicos e compositores.

Serviço:
Novos Baianos
Quando: De 9 de novembro a 15 de dezembro. Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h.
Onde: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana)
Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15,00 (Credencial plena)
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (11) 5080-3000

Ficha técnica:
Texto: Lucio Mauro Filho
Direção: Otavio Muller
Direção musical: Davi Moraes e Pedro Baby
Elenco: Ravel Andrade, Beiço, Clara Buarque, Barbara Ferr, João Vitor Nascimento, Gustavo Pereira, João Moreira, Julia Mestre, Miguel Freitas, Mariana Jascalevich, Filipe Pascual e Felipe El
Direção de arte, cenografia e figurino: OPAVIVARÁ
Com colaboração de cenografia de Paula Dager e figurino de Paula Stroher
Assistente de direção e dramaturgia: Fabricio Branco
Iluminação: Tabatta Martins
Coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Visagismo: Rafael Fernandez
Direção de produção: Clarice Philigret
Assistente de produção: Fabricio Branco
Produção: Leandro Lapagesse
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Operação de som: Marcelo Bezerra
Comunicação: Adriana Vieira
Mídia digital: Fernanda Bravo, Jacidio Junior e Raphael Goes
Design gráfico: Tommy Kenny
Preparação corporal e coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Direção de palco: Márcio Mésk (Blau)
Contrarregras: Cris Lisboa e Luan Lima
Consultoria técnica: Andreas Schmidt
Produção: Dueto Produções

Os Sete Afluentes do Rio Ota

Os Sete Afluentes do Rio Ota: Marjorie Estiano e Caco Ciocler Foto: Michele Mifano/ Divulgação

Os Sete Afluentes do Rio Ota é um épico teatral que traça a jornada do soldado estadunidense Luke, que retorna a Hiroshima, em 1945, para fotografar os sobreviventes da guerra. Essas imagens provocam uma viagem no tempo, até chegar ao ano 2000. O espetáculo da diretora Monique Gardenberg fez um memorável sucesso há 15 anos. A encenadora aposta na atualidade da obra de Robert Lepage para tocar em pautas que ainda estão na ordem do dia, como a intolerância, homofobia, feminismo e posições totalitárias.

O espetáculo é composto por sete capítulos e articula histórias de várias épocas em diferentes partes do mundo faladas em cinco idiomas (português, inglês, francês, alemão e japonês), com legendas. O cenário, criado por Hélio Eichbauer, falecido em 2018, é um elemento fundamental à montagem: são três módulos que se deslocam, se transformam, e atravessam os últimos 50 anos do século 20. A peça possui 350 minutos de duração, com intervalo.

Serviço:
Os Sete Afluentes do Rio Ota
Quando: Quinta a domingo, às 18h, até 1 de dezembro. Na quarta-feira, 27 de novembro, haverá sessão às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 15 (credencial plena), R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Texto: Robert Lepage
Direção e adaptação: Monique Gardenberg
Elenco: Bel Kowarick, Caco Ciocler, Chandelly Braz, Charly Braun, Giulia Gam, Helena Ignez, Jiddu Pinheiro, Johnny Massaro, Lorena da Silva, Madalena Bernardes, Marjorie Estiano, Sergio Maciel, Silvia Lourenço e Thierry Tremouroux
Cenário: Hélio Eichbauer
Figurino: Marcelo Pies
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha sonora: José Augusto Nogueira
Fotografias: André Gardenberg
Direção movimento: Marcia Rubim
Assistente de direção: Arlindo Hartz
Reconstituição cenografia: Luiz Henrique Sá e Carila Matzenbacher
Reconstituição figurino: Sabrina Leal
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Direção de produção: Clarice Philigret
Assessoria Imprensa: Morente Forte Comunicações
Assessoria Jurídica: Olivieri Associados
Produção: Dueto

Quebra-Cabeça

O monólogo documental autobiográfico da atriz Camila dos Anjos Quebra-Cabeça tem encenação de Nelson Baskerville. Foto: Estevan dos Anjos / Divulgação

No solo Quebra-Cabeça, a atriz Camila dos Anjos embaralha suas próprias lembranças às memórias de personagens de Tchekhov e Tennessee Williams. A atriz, que começou a trabalhar aos sete anos na televisão, escancara as frustrações, expectativas e as consequências desse percurso. E engendra com a vida figuras misteriosas do russo Anton Tchekhov e do norte-americano Tennessee Williams, referências para a intérprete ao longa da carreira.

Nelson Baskerville, que assina a orientação de encenação do espetáculo, investe em um cenário leve e etéreo, de véus esvoaçantes, que combina projeções de cenas da atriz nas novelas e séries relatadas, como a visita a um sótão familiar, repleto de cartas, baús e fotografias.

Serviço:
Quebra-Cabeça, de Camila dos Anjos
Quando: De quarta a sexta-feira, às 20h; e aos sábados, às 18h. Até 19 de dezembro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro)
Quanto: Entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha técnica: 
Dramaturgia e atuação: Camila dos Anjos
Orientação de encenação: Nelson Baskerville
Preparação de elenco: César Resende
Iluminação: Marisa Bentivegna
Cenário: César Resende
Figurino: Marichilene Artisevskis
Direção musical: Daniel Maia
Projeções em vídeo: Raimo Benedette
Ilustrações: Nelson Baskerville
Costura: Judite Gerônimo de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)
Equipe vídeo: Pedro Cortese e Mariana Bonfanti
Realização vídeo: Estúdio B
Operação de som e luz: Victor Merseguel
Assistente de produção executiva: Laura La Padula
Assistentes de produção: Barbara Berta e Leticia Gonzalez
Fotos: Estevan dos Anjos
Identidade Visual e design gráfico: Lucas Sancho
Assessoria de imprensa e mídias sociais: Pombo Correio
Idealização e produção geral: Camila dos Anjos Produções Artísticas
Produção: Contorno Produções
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez
Apoios: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Poiesis, THE CITY – Beauty Boutique e Kayomix Japonês

Tio Ivan

Montagem do Núcleo Teatro de Imersão está em cartaz na Oswald de Andrade. Foto: Hernani Rocha

O Tio Vania, do escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904), menciona algumas questões que parecem que falam do Brasil contemporâneo: o imperativo de trabalhar para um patrão até o fim da vida, o descaso político com a carreira do professor e do pesquisador acadêmico, a destruição das florestas, as precárias condições da saúde pública. O texto escrito em 1897  assombra por sua atualidade.

No enredo, o administrador de fazenda Ivan, sua sobrinha Sônia e Miguel, o médico da família, têm suas vidas desestabilizadas pela chegada à propriedade do célebre professor Alexandre, agora aposentado, e de sua jovem e bela esposa Helena. Na adaptação da diretora e atriz Adriana Câmara, a fazenda russa cede lugar a uma região rural paulista no início da República Velha. Os espectadores percorrem diversos ambientes, como testemunhas invisíveis dos conflitos dos personagens que os rodeiam, sem separação entre palco e plateia.

Serviço:
Quando: Sábados, às 15h30 e às 18h, até 14 de dezembro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro)
Quanto: Gratuito. Os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência
Duração: 105 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade: 30 lugares
Informações: (11) 3222-2662

Ficha técnica:
Realização: Núcleo Teatro de Imersão
Direção: Adriana Câmara
Texto: Anton Tchekhov
Adaptação do texto, cenografia, figurino, produção executiva e de arte: Adriana Câmara
Elenco: Adriana Câmara, Áquila Mattos, Ariana Slivah, Glau Gurgel, Klever Ravanelli e Márcio Carneiro
Assistência de palco: Letícia Alves
Programação visual e assistência de cenografia: Hernani Rocha
Confecção do figurino: Ateliê Paz (Samantha Paz e Liduina Paz)
Produção: Menina dos Olhos do Brasil

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