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Cinderela, um fenômeno imortal

Jeison Wallace na peça Cinderela, A História que a Sua Mãe Não Contou… Foto: Renan Andrade / Divulgação

Cinderela, a história que sua mãe não contou… transpõe o clássico conto de fadas para a realidade do subúrbio do Recife, compondo Cinderela e as outras personagens femininas interpretadas por atores. A peça usa e abusa da grosseria verbal e do deboche ao situar a protagonista como uma “bichinha” negra e periférica, com trejeitos exagerados, vocabulário cheio de gírias e bordões como o famoso “Oxe, mainha!”, que caiu na boca do povo.

A montagem se tornou um fenômeno teatral nos anos 1990 e revelou o desconcertante talento e a força midiática do ator Jeison Wallace. Mais de três décadas após a estreia, a peça da Trupe do Barulho ainda surpreende o público com seu humor ácido, personagens caricatos e um enredo recheado de referências à cultura pop e à periferia pernambucana.

Neste domingo, o espetáculo faz duas apresentações especiais no Teatro Guararapes para celebrar seus 32 anos. O Guararapes é um teatro com 2.495 poltronas entre plateia e balcão e as duas sessões estão praticamente lotadas. 

As sessões comemorativas trazem de volta ao palco parte do elenco original como Roberto Costa no papel da Fada Madrinha e Paulo de Pontes como a Madrasta, além dos atores convidados André Lins, Luan Alves, Petreson Eloy, Rick Thompson e Venâncio Torres, que se revezam em outros papeis. Wallace assina a direção e atualizou pontualmente o texto para dialogar com o momento atual.

Paulo de Pontes, como a Madrasta e Jeison. Foto: Foto: Renan Andrade / Divulgação

A protagonista desta releitura subverte todos os estereótipos associados à Cinderela tradicional. Longe da princesa alva e delicada, temos aqui uma mulher negra que desafia os padrões estéticos vigentes. Sua aparência é marcada por uma maquiagem carregada, cabelos desgrenhados e óculos chamativos, elementos que a distanciam do ideal de beleza feminino socialmente imposto.

Seu comportamento também rompe com as expectativas de recato e fragilidade comumente atribuídas às personagens femininas dos contos de fada. Ela se movimenta com firmeza e determinação, seus gestos são amplos e por vezes obscenos, nada da delicadeza e comedimento esperados de uma princesa. Sua fala é igualmente transgressora, reproduzindo a prosódia e o linguajar típicos das periferias recifenses, permeados de gírias e palavrões.

Essa construção da personagem se afasta radicalmente da imagem clássica da Cinderela, propondo uma representação que desafia noções preconcebidas de gênero, raça e classe. Ao trazer para o centro da narrativa uma protagonista que incorpora marcadores sociais frequentemente marginalizados, a montagem provoca reflexões sobre os estereótipos que permeiam tanto os contos de fada quanto a própria sociedade.

Uma curiosidade da montagem é a substituição do tradicional sapatinho de cristal por uma peruca. Na fuga do baile, Cinderela acaba perdendo o adereço, que se torna a chave para o príncipe reencontrá-la. Assim, ele passa a percorrer o reino fazendo as moças experimentarem a peruca, na esperança de achar sua amada.

Elenco original, com Edilson Rygaard como Príncipe. A foto é de Jô Ribeiro, ator, produtor cultural e maquiador, que atuou em váriias funções na Trupe do Brarulho, morto em 2020

O espetáculo estreou na sessão da meia-noite no Teatro Valdemar de Oliveira, espaço histórico recentemente atingido por um incêndio e que corre o risco de desaparecer, cedendo lugar a mais um empreendimento imobiliário. Diante de um público escasso e certo desdém da classe artística, a montagem foi inicialmente relegada pela crítica. No entanto, com uma habilidade impressionante, a Trupe do Barulho reverteu a situação. ]

O elenco dos primeiros anos era formado por Jeison Wallace, Aurino Xavier, Edilson Rygaard, Flávio Luiz, Inaldo Oliveira, Jô Ribeiro, Luciano Rodrigues, depois Paulo Pontes, Roberto Costa.

Cinderela permaneceu em cartaz por uma década e estabeleceu recordes de bilheteria e público no Recife. A peça, escrita por Henrique Celibi, ator e dramaturgo que veio a falecer em 2017, estreou originalmente em 20 de setembro de 1991 .

A célula primeira do espetáculo foi encenada pelo próprio Celibi em 1985 numa boate recifense. Quando Jeison Wallace assumiu a montagem, o texto foi enriquecido com novas camadas e improvisos, que acabaram sendo incorporados à obra. Esse processo resultou em uma dramaturgia que foi além da criação inicial de Celibi, agregando as vozes e contribuições de Wallace e dos diversos atores que fizeram parte da jornada da peça ao longo desses anos.

O deboche e a irreverência eram suas armas de ataque, incorporados em todos os aspectos da produção. Na entrada, um dos integrantes do grupo entregava a cada espectador um pedaço de papel higiênico, avisando: “A peça é uma merda”. Com isso, além de usar o tradicional jargão de boa sorte do teatro, “merda”, eles tentavam já de antemão anular, ou zombar, das possíveis críticas negativas.

Apesar do crescente sucesso de público, Cinderela, A História que a Sua Mãe Não Contou enfrentou resistência de parte da classe artística pernambucana. Muitos diziam que “aquilo não era teatro”.

Um momento decisivo para a popularização do espetáculo foi o Carnaval de 1992. A convite do jornalista José Mário Austregésilo, o grupo realizou a cobertura televisiva do desfile do bloco “As Virgens do Bairro Novo”, em Olinda, pela TV Jornal. Essa exposição na mídia despertou a curiosidade do público sobre a montagem, que parecia ser infantil, mas trazia um humor adulto e transgressivo.

No entanto, no ano seguinte, a diretoria do bloco proibiu a participação da Trupe do Barulho. Em seu livro reportagem Cinderela: História de um Sucesso Teatral dos Anos 90, Luís Augusto Reis, relata isso e especula que pode ter sido porque o travestismo do grupo, apesar das semelhanças, diferia significativamente do costume local de homens se vestirem de mulher no carnaval, parodiando o “travesti suburbano”. Ou talvez porque os atores ofuscaram os outros integrantes com seu talento e improviso.

Sem se abater, eles partiram então para a cobertura do tradicional bloco Galo da Madrugada, ampliando ainda mais a visibilidade de Cinderela.

Essa sequência de eventos foi fundamental para consolidar a popularidade do espetáculo. A cada aparição no Carnaval, mais pessoas ficavam intrigadas com aquela releitura irreverente do conto de fadas e queriam conferir a peça nos teatros. Assim, mesmo enfrentando preconceitos e resistências iniciais, “Cinderela, A História que a Sua Mãe Não Contou” foi conquistando seu espaço e se firmando como um fenômeno cultural que rompeu barreiras e atraiu um público diverso, como na apresentação no ginásio Geraldão para 15 mil pessoas, e entrou para o imaginário do Recife.

Este texto integra o projeto arquipélago de fomento à crítica, com apoio da Corpo Rastreado.

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Espetáculo Noite escava os escombros da memória

 

Zuleika Ferreira, Márica Luz e arinë Ordonio, elenco da montagem Noite. Foto: Morgana Narjara / Divulgação

O espetáculo Noite, dirigido por Claudio Lira e baseado no texto de Ronaldo Correia de Brito, faz sua estreia nesta sexta-feira (12/07), às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho, dentro da programação da Semana Hermilo. A peça aborda os escombros da memória de duas irmãs idosas, Mariana (interpretada por Zuleika Ferreira) e Otília (interpretada por Márcia Luz), que vivem confinadas em um casarão decadente transformado em museu pela própria família. Enquanto as duas se confundem com as antiguidades expostas, sua sobrinha, interpretada por Karinë Ordonio, é o único elo que as liga ao presente. Próximo à casa, um casal de namorados se jogou na represa, e caminhões e escavadeiras varam a noite à procura dos corpos. Essa situação evoca as memórias das irmãs, enquanto resíduos de afetos do passado voltam à tona e elas refletem sobre seus valores, família e amores, desenhando nas ruínas dessas lembranças possíveis de um outro futuro.

Ronaldo Correia de Brito, autor do texto, compartilha em seu Facebook: “Duas irmãs se movem numa casa em ruínas. Sentem-se acuadas pelas lembranças do passado. Em torno delas, tratores cavam a terra para a construção de uma adutora. As máquinas remexem fantasmas da família numerosa, com seus vivos e mortos. Mariana e Otília, velhas sobreviventes, confundem-se com as tralhas da casa transformada em museu. A tarde entra pela noite. ‘Noite’ é o primeiro conto do meu livro O amor das sombras. Foi o último da coletânea a ser escrito. Eu tinha um enredo que me parecia bom, mas faltava um desfecho para a trama. Não posso revelar qual era, vocês descobrirão assistindo à encenação dessa peça, cuja dramaturgia escrevi a pedido do diretor Claudio Lira e da atriz Márcia Luz.”

O autor continua: “Às vezes acompanho a encenação dos meus textos, mas dessa vez deixei-o entregue aos artistas da equipe, conhecidos e consagrados. Fui apenas à primeira leitura, o suficiente para convencer-me de que Zuleika Ferreira, Márcia Luz e Karine Ordonio me surpreenderiam dando vida às mulheres que criei, todas elas carregadas de paixão e sofrimento. Esperei anos que a encenação se viabilizasse, sou testemunha da luta para se conseguir patrocínio e fazer arte em nossa cidade. Mas aí está Noite, um espetáculo assombroso, cheio de nuances e sombras, uma montagem tchekhoviana comovente, um respiro de teatro em meio a tantos musicais.”

Depois da estreia, a peça contará com uma breve temporada ainda neste mês de julho, aos sábados e domingos, de 20 a 28. Os ingressos para hoje são gratuitos, com retirada antecipada. A montagem é uma produção da Luz Criativa.

Márcia Cruz e Zuleika Ferreira. Foto: Divulgação

Produção: Luz Criativa
Elenco: Zuleika Ferreira, Márcia Luz, Karinë Ordonio
Direção: Claudio Lira
Texto: Ronaldo Correia de Brito

SERVIÇO

Estreia na programação da 21ª Semana Hermilo Borba Filho
Sexta, 12/julho, 20h 
Teatro Hermilo Borba Filho
Ingressos GRATUITOS – retirada na bilheteria 1h antes da sessão
Temporada no Teatro Hermilo Borba Filho
R$ 40 (inteira)/ R$ 20 (meia) – compra na bilheteria do teatro
Sábado, 20/07, 20h
Domingo, 21/07, 18h
Sexta, 26/07, 20h
Sábado, 27/07, 20h
Domingo, 28/07, 18h

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Semana Hermilo apresenta sete espetáculos

Espetáculo O Estopim Dourado, Foto: Ivana Moura.

O espetáculo O Estopim Dourado, encenado pelas atrizes pernambucanas Anny Rafaella Ferli, Gardênia Fontes e Taína Veríssimo, propõe uma releitura crítica e feminina do texto João Sem Terra de Hermilo Borba Filho. Baseando-se no conceito de Corpo-território, inspirado nos estudos de Sandra Benites (Guarani Nhandeva), a peça transpõe a narrativa masculina da obra original para uma perspectiva feminina, explorando a relação íntima entre as mulheres e a terra. O

A peça combina diferentes linguagens teatrais, como o uso de máscaras, mamulengo, corporeidade e música ao vivo, dialogando com a cultura indígena e a cosmologia Guarani, associada à Terra e à natureza. Esta produção faz parte da programação da Semana Hermilo, um evento que celebra a vida e obra de um dos maiores expoentes da dramaturgia nordestina.

A Semana Hermilo, que acontece de 6 a 14 de julho no Teatro Hermilo Borba Filho, no Recife Antigo, é uma homenagem ao legado de Hermilo Borba Filho. Dramaturgo, encenador, professor, crítico e ensaísta, Hermilo foi fundamental para a cultura nordestina. Sua obra, marcada pelo realismo fantástico, bebe na fonte das tradições populares e do imaginário coletivo do Nordeste brasileiro.

Através de suas peças, Hermilo buscava retratar a vida e os dilemas do homem nordestino, utilizando elementos como o cordel, o bumba-meu-boi e o mamulengo para criar uma linguagem teatral singular.

História de um Pano de Roda, com Bóris Trindade Júnior (Borica) e André Ramos. Foto: Divulgação

A programação da Semana Hermilo inclui outros espetáculos. No domingo, 7 de julho, a Cia. Brincantes de Circo apresenta História de um Pano de Roda, um espetáculo documental que narra a relação entre um velho palhaço e seu jovem aprendiz em um circo de lona furada nos rincões de Pernambuco. A peça destaca a transmissão de conhecimentos e a paixão pela arte circense, enquanto denuncia as condições precárias e a marginalização enfrentadas pelos artistas de circo. A peça é costurada com depoimentos de artistas circenses, expondo os bastidores de sua luta contra o preconceito, o descaso e a exploração. No elenco estão André Ramos e Bóris Trindade Júnior (Borica). E a direção é assinada por Ceronha Pontes.

Na segunda-feira, Marcondes Lima, do Mão Molenga Teatro de Bonecos, traz Babau, Pancadaria e Morte ou Com Quantos Paus se Faz uma Canoa para o Além. Na quarta-feira, João Lira apresenta Terreiro Trajetória, enquanto na sexta-feira, Claudio Lira e a Luz Criativa encenam Noite. No sábado, a Subitus Company da UFPE apresenta Matilda, dirigida por Neves da Senna.

Encerrando a semana, no domingo, 14 de julho, a Cênicas Cia de Repertório apresenta Baba Yaga, primeiro solo da atriz Sônia Carvalho. Com texto de Álcio Lins e direção de Antônio Rodrigues, o trabalho traz à cena a trajetória da terrível bruxa eslava homônima. Ambientado em sua cabana, o monólogo coloca o público como confidente da bruxa enquanto ela busca por seu filho, Olaf, explorando a dualidade entre amor e ódio, culpa e desejo de posse.

A Semana Hermilo é promovida pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife. Todos os eventos acontecem no Teatro Hermilo Borba Filho, no Recife Antigo, com entrada gratuita.

Sônia Carvalho em Baba Yaga. Foto Divulgação

Programação da Semana Hermilo:

  • Dia 6 (sábado): 19h15: Abertura da exposição Luiz Marinho, um resgate do autor que veio da mata. 20h: Espetáculo O Estopim Dourado
  • Dia 7 (domingo): 19h: História de um Pano de Roda
  • Dia 8 (segunda-feira): 19h: Babau, Pancadaria e Morte ou Com Quantos Paus se Faz uma Canoa para o Além
  • Dia 10 (quarta-feira): 16h e 19h: Terreiro Trajetória
  • Dia 12 (sexta-feira): 20h: Noite
  • Dia 13 (sábado): 19h: Matilda
  • Dia 14 (domingo): 19h: Baba Yaga

 

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Festival Palco Giratório
Um Panorama das Artes Cênicas no Recife

Zaratustra: uma transvaloração dos valores, uma adaptação da obra de Nietzsche. Foto: Divulgação.

Nuvem de Pássaros, do grupo grupo Movidos Dança (RN)

O Festival Palco Giratório, maior projeto de artes cênicas em circulação no país, retorna ao calendário cultural do Recife após uma década de ausência. De 16 de maio a 1º de junho, a capital pernambucana será palco de 46 montagens, vindas de diversos estados e do Distrito Federal, Com média de três apresentações por dia,  a programação abrange teatro, dança e circo, além de oficinas, debates e lançamentos de livros.

Ao analisar as sinopses dos espetáculos e a programação completa dessa sua 26ª edição é possível identificar uma série de vertentes temáticas que permeiam o festival.

As manifestações da cultura popular pernambucana ganham espaço no festival, com trabalhos como o do Mamulengo Novo Milênio, do Mestre Miro dos Bonecos, que apresenta a tradicional arte do teatro de bonecos; o Cavalo Marinho Boi Matuto Família Salustiano, uma manifestação da Zona da Mata Norte do estado; e o Caboclinho Canidé de Goiana, eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2023.

Problemas sociais e políticas são enfrentadas em espetáculos como Alguém pra Fugir Comigo, do Resta1 Coletivo de Teatro, que discute a crise ética e social através de uma narrativa não linear; Se Eu Fosse Malcolm?, dos multiartistas Eron Villar e ViBra, que traz uma performance inspirada no ativista Malcolm X, tocando em temas como racismo e desigualdade; e O Irôko, a Pedra e o Sol, do Grupo O Poste Soluções Luminosas, que conta a história de amor entre dois adolescentes quilombolas, tratando de questões como homofobia e HIV.

A ancestralidade e a identidade negra são questões pulsantes em diversos espetáculos, como Abebé, do Grupo NegraÔ (ES), que celebra os 30 anos da trupe e reflete sobre a multiplicidade do corpo preto; Adobe, solo da intérprete Luciana Caetano (GO), que parte de símbolos e elementos da cultura negra; Herança, da Cia Burlantins (MG), que busca o resgate da herança cultural afro-brasileira; e Zenaide Bezerra – Um Espetáculo para Eternizar, da Cia Fazendo Arte (PE), que homenageia a passista de frevo Zenaide Bezerra.

No âmbito do teatro para as infâncias, destacam-se espetáculos como Quatro Luas, do grupo pernambucano O Bando Coletivo de Teatro, que se inspira no universo de Federico Garcia Lorca para criar uma narrativa sobre sonhos e emoções; Mundos, do Grupo Maria Cutia (MG), que propõe uma viagem musical pela infância dos cinco continentes; e O Pequeno Príncipe, da Cênicas Cia de Repertório, que reconta o clássico de Antoine de Saint-Exupéry focando na busca pela criança interior. Esses espetáculos exploram de maneira lúdica e acessível princípios como imaginação, autoconhecimento e diversidade cultural para o público infantil.

Outros destaques da programação incluem Caosmose, do Grupo Experimental, que através da dança explora questões como a existência de corpos dissidentes e a resistência às estruturas opressoras; Circo Sciense – Do Mangue ao Picadeiro, da Trupe Circus da Escola Pernambucana de Circo, que homenageia o artista Chico Science e o Movimento Manguebeat, unindo números circenses a questões sociais; e Yerma Atemporal, da Simone Figueiredo Produções e Roda Produção Cultural, que apresenta uma versão do clássico de Federico García Lorca, discutindo temas como liberdade e desejo. Já Nuvem de Pássaros, do grupo Movidos Dança (RN), explora o comportamento social e a importância da coletividade através de uma obra coreográfica inspirada na migração dos pássaros. O espetáculo reflete sobre a sociedade e seus conflitos, buscando compreender a coletividade humana a partir da relação entre as revoadas e a convivência de diferentes espécies.

Yerma Atemporal, uma versão do clássico de Federico García Lorca, Foto: Divulgação

Caosmose, do Grupo Experimental. Foto: Rogério Alves / Divulgação

Quatro Luas. Foto: Morgana Narjara / Divulgação

Circo Science. Foto: Rogerio Alves / Divulgação

Chama a atenção a presença significativa de artistas e companhias locais, com 30 montagens de Pernambuco, das 46 do festival . Esse número pode ser interpretado como um aceno do Palco Giratório em direção à valorização da produção artística local. Essa proporção significativa de trabalhos da região sugere, à primeira vista, uma intenção de dar visibilidade e espaço para os artistas e companhias do estado.

No entanto, é importante lembrar que a representatividade numérica não é o único fator a ser considerado quando se fala em fomento e apoio à cena cultural. A curadoria e seleção dos espetáculos, por si só, não garantem necessariamente um impacto duradouro no desenvolvimento da arte local.

Além da visibilidade proporcionada pelo festival, para além dos escolhidos para circular pelo país, seria interessante observar se o Palco Giratório também se propõe a oferecer oportunidades concretas de intercâmbio, formação e crescimento para os artistas pernambucanos. Iniciativas como residências criativas, oficinas e parcerias de longo prazo, caso sejam implementadas, podem ser indicativos mais consistentes de um compromisso efetivo com a valorização da produção regional.

Pensar em ações complementares à programação principal do festival têm o potencial de fomentar o desenvolvimento da cena artística local de maneira mais profunda e duradoura.

Debates críticos sobre os espetáculos e uma oficina de dança estão previstos na programação. Além do seminário Teatro para Infâncias, estão agendadas as Rodas de Diálogos: “Estratégias de Curadoria, Intercâmbio e Difusão Cultural no Palco Giratório” e “Práticas de Desenvolvimento da Cena Local”. Essas rodas de conversa podem ser um momento de entender e estabelecer compromissos para pensar em caminhos que fortaleçam ainda mais a relação do festival com a cena artística de Pernambuco, para além da importante vitrine já proporcionada pela programação do evento.

As Rodas de Diálogos têm o potencial de aprofundar questões estratégicas para o desenvolvimento e a sustentabilidade da cena artística local. Ao discutir curadoria, intercâmbio e difusão cultural, os participantes podem trocar experiências e pensar em formas de ampliar a circulação e o alcance das produções pernambucanas para além do estado.

Assim, a presença majoritária de trabalhos locais no Palco Giratório pode ser vista como um um ponto de partida interessante, mas não deve ser tomada como prova definitiva de um apoio sólido e transformador à cena artística pernambucana. É preciso observar, para além dos números e da programação, se o festival de fato estabelece mecanismos e políticas que fomentam e fortalecem a produção local de maneira contínua e sustentável. Somente o tempo e uma análise mais aprofundada das ações e desdobramentos do evento poderão revelar esses resultados.

Amir Haddad, homenageado do festival. Foto: Divulgação

Maurício Tizumba, homenageado do Palco Giratório. Foto: Divulgação

O festival presta homenagem a dois grandes nomes das artes cênicas: Amir Haddad, renomado diretor e ator, que apresenta o espetáculo Zaratustra: uma transvaloração dos valores, uma adaptação da obra de Nietzsche; e Maurício Tizumba, cantor e diretor musical, com a peça Herança, que celebra seus 50 anos de carreira.

Os espetáculos serão apresentados em diversos espaços culturais da cidade, como o Teatro Marco Camarotti, o Teatro Capiba, o Teatro Apolo, o Teatro Hermilo Borba Filho, o Teatro Luiz Mendonça e o Teatro Santa Isabel. Algumas apresentações também acontecerão em praças públicas, como a Praça do Campo Santo.

O encerramento do Palco Giratório será no dia 1º de junho, com a apresentação do espetáculo A fábrica dos ventos, no Teatro Santa Isabel, seguido do lançamento de livros e exposição do Festival e Escola Pernambucana de Circo, no Sesc Santa Rita.

Enfim, o retorno do Palco Giratório ao Recife, após uma década, é motivo de celebração. Espera-se que o evento fortaleça a cena cultural pernambucana, que promova o intercâmbio entre artistas locais e visitantes de todo o país e que seja de fato uma ação que democratize o acesso à arte.

Programação

– 16/05 – 16h30 – Abertura – Grande encontro de Grupos de Cultura Popular – Cortejo saindo da Rua Imperatriz Teresa Cristina para Rua do Hospício até o Teatro do Parque – Gratuito 

– 16/05 – 18h30 – Mamulengo Novo Milênio do Mestre Miro dos Bonecos – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – R$ 15 a R$ 30

– 16/05 – 20h – Leci Brandão – Na Palma da Mão – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – R$ 15 a R$ 30 –

– 17/05 – 9h – Debate crítico: Mamulengo Novo Milênio e Leci Brandão – Na palma da Mão

– 17/05 – 15h – Quatro Luas – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – R$ 15 a R$ 30 

– 17/05 – 16h – Cavalo Marinho Boi Matuto Família Salustiano – Praça do Campo Santo – Santo Amaro – Gratuito 

– 17/05 – 20h – Nordeste, dança e música irresistível – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – R$ 15 a R$ 30 

– 18/05 – 9h – Debate crítico Quatro Luas e Cavalo Marinho Boi Matuto Família Salustiano e Nordeste, dança e música irresistível  – Sesc Santo Amaro

– 18/05 – 16h – Circo de Lois Pies – Teatro Marco Camarotti

– 18/05 – 18h – Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo – Teatro Capiba

– 18/05 – 20h – Yerma Atemporal – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – – – R$ 15 a R$ 30

– 19/05 – 9h – Debate crítico “Circo de Lois Pies”, “Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo” e “Yerma Atemporal” – Sesc Santo Amaro

– 19/05 – 16h – Mar Acá – Mitologia Latino–Americana – Teatro Marco Camarotti

– 19/05 – 18h – O Peru do Cão Coxo – Galpão das Artes – Limoeiro – R$ 15 a R$ 30

– 19/05 – 19h – Procedimento#6 – Teatro do Parque –

– 20/05 – 9h – Debate crítico “Mar Acá”, “O Peru do Cão Coxo” e “Procedimento#6” – Livraria do Jardim – – – – –

– 20/05 – 14h – Mundos – Uma viagem musical pela infância dos cinco continentes – Teatro Marco Camarotti – 

– 20/05 – 16h30 – Seminário Teatro para as Infâncias – Faculdade Senac – –

– 20/05 – 20h – Miró: Estudo n°2 – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – R$ 15 a R$ 30 –

– 21/05 – 9h – Debate crítico Mundos e Miró: estudo nº2 – Livraria Jardim

– 21/05 – 14h – Hélio, o balão que não consegue voar – Teatro Marco Camarotti

– 21/05 – 15h30 – Seminário Teatro para as Infâncias – Faculdade Senac

– 21/05 – 20h – Alegria dos Náufragos – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 50 min – R$ 15 a R$ 30 –

– 22/05 – 9h – Debate crítico sobre “Hélio, o balão que não consegue voar” e “Alegria dos Náufragos” – Livraria do Jardim

– 22/05 – 14h – Mundo – em busca do coração da terra – Teatro Marco Camarotti –

– 22/05 – 15h30 – Seminário Teatro para as Infâncias – Faculdade Senac

– 22/05 – 20h – Nuvem de Pássaro – Teatro Luiz Mendonça

– 23/05 – 9h – Debate crítico sobre “Mundo” e “Nuvens de Pássaros” – Livraria do Jardim

– 23/05 – 14h – Seu Sol, Dona Lua – Uma História de Amor – Teatro Marco Camarotti

– 23/05 – 15h30 – Seminário Teatro para as Infâncias – Faculdade Senac – – – – –

– 23/05 – 20h – O Irôko, a pedra e o sol – Teatro do Parque – – – – –

– 24/05 – 9h – Debate crítico “Seu Sol, Dona Lua – Uma História de Amor” e “O Irôko, a pedra e o sol” – Livraria do Jardim – – – – –

– 24/05 – 14h – Vento forte para água e sabão – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 55 min – R$ 15 a R$ 30 –

– 24/05 – 15h – Roda de Diálogos: Estratégias de Curadoria, intercâmbio, e difusão cultural no Palco Giratório – Teatro Marco Camarotti – – – – –

– 24/05 – 15h30 – Seminário Teatro para as Infâncias – Faculdade Senac – – – – –

– 24/05 – 20h – Herança – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – 70 min – R$ 15 a R$ 30 –

– 25/05 – 9h – Debates Críticos sobre “Vento forte para água e sabão” e “Herança” – Livraria do Jardim – – – – –

– 25/05 – 14h – Cantigas de Fiar – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 50 min – R$ 15 a R$ 30 –

– 25/05 – 14h – Feirinha Criativa – Praça de Campo Santo – – – – –

– 25/05 – 15h – Caboclinho Canidé de Goiana – Praça de Campo Santo – 25 min – Gratuito

– 25/05 – 16h – Pensamento Giratório com Amir Haddad – Praça do Campo Santo –

– 25/05 – 19h – Riso interior – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 50 min – R$ 15 a R$ 30

– 25/05 – 20h – Alguém pra fugir comigo – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – 90 min – R$ 15 a R$ 30

– 26/05 – 9h – Debate Crítico sobre “Alguém para fugir comigo”, “Cantigas de fiar” e “Riso Interior” – Sesc Santo Amaro

– 26/05 – 15h – Debate sobre os Festivais de Artes Cênicas no Brasil: práticas de desenvolvimento e desenvolvimento da cena local – Sesc Santo Amaro

– 26/05 – 16h – Zenaide Bezerra – um espetáculo para eternizar – Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81 – Boa Vista – 50 min – R$ 15 a R$ 30 –

– 26/05 – 16h – Cabelos arrepiados – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 50 min – R$ 15 a R$ 30

– 26/05 – 18h – Zaratustra – uma transvaloração dos valores – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 90 min – R$ 15 a R$ 30

– 27/05 – 9h – Debate Crítico sobre “Cabelos Arrepiados”, “Zaratustra”, “Zenaide Bezerra: um espetáculo para eternizar” – Livraria do Jardim

– 27/05 – 14h – Oficina de Dança com o Grupo NegraÔ – Sesc Santo Amaro

– 27/05 – 16h – Aldeias – Espaço O Poste – Rua do Riachuelo, 641 – Boa Vista – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 27/05 – 19h – Enquanto Godot não vem – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 45 min – R$ 15 a R$ 30

– 27/05 – 20h – Adobe – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 28/05 – 9h – Debate Crítico sobre “Adobe”, “Aldeias”, “Enquanto Godot não vem” – Livraria do Jardim

– 28/05 – 16h – Ne Rope – a fertilidade da nossa origem – Teatro André Filho (Fiandeiros) – Rua da Saudade, 240 – Boa Vista – 70 min – R$ 15 a R$ 30

– 28/05 – 18h – Se eu fosse Malcolm? – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 28/05 – 20h – Abebé – O reflexo do corpo preto nos trinta anos do Grupo de Dança Afro NegraÔ – Teatro Apolo – R. do Apolo, 121 – 52 min – R$ 15 a R$ 30

– 29/05 – 9h – Debate Crítico sobre “Abebé”, “Në Rope– a fertilidade da nossa origem – Grão comum” e “Se eu fosse Malcolm?” – Sesc Santo Amaro

– 29/05 – 18h – Histórias de um Pano de Roda – Teatro Hermilo Borba Filho – Cais do Apolo, 142 – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 29/05 – 20h – Dama da noite – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 55 min – R$ 15 a R$ 30

– 29/05 – 20h – O equilibrista – Teatro Apolo – R. do Apolo, 121 – 70 min – R$ 15 a R$ 30

– 30/05 – 9h – Debate Crítico sobre “A Dama da Noite”, “Desvio”, “Histórias de um pano de roda” e “O equilibrista” – Sesc Santo Amaro

– 30/05 – 14h – Circo Sciense – do Mangue ao Picadeiro – Teatro Luiz Mendonça

– 30/05 – 16h – Arreia – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – R$ 15 a R$ 30

– 30/05 – 20h – Eu vim da ilha – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 45 min – R$ 15 a R$ 30

– 31/05 – 9h – Debate Crítico sobre “Arreia”, “Circo Scienc – do mangue ao picadeiro” e “Eu vim da ilha” – Sesc Santo Amaro

– 31/05 – 14h – O Pequeno Príncipe – Teatro Luiz Mendonça – Av. Boa Viagem, S/N – Boa Viagem – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 31/05 – 16h – Os Títeres de Porrete: tragicomédia de Dom Cristóvão e Sinhá Rosinha – Teatro Capiba – Av. Norte, Rod. Gov. Miguel Arraes de Alencar, 1190 – 60 min – R$ 15 a R$ 30

– 31/05 – 18h – Caosmose – Espaço Rede Moinho da Ilha – Rua do Brum, 166 – 60 min – R$ 15 a R$ 30

–  31/05 – 20h – Um minuto para dizer que te amo – Teatro Marco Camarotti – R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro – 80 min – R$ 15 a R$ 30

– 01/06 – 9h – Debate Crítico sobre O Pequeno Príncipe, Os Títeres de Porrete, Caosmose e Um minuto para dizer que te amo – Sesc Santo Amaro

– 01/06 – 19h – A fábrica dos ventos – Teatro Santa Isabel

– 01/06 – 21h – Lançamento de livros e exposição do Festival e Escola Pernambucana de Circo – Sesc Santa Rita

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Rumos 2023-2024 seleciona 100 projetos.
Quase metade é do Nordeste

Grupo Experimental de Dança, do Recife, foi selecionado com Campo Minado. Pernambuco aprovou 11 projetos e o Nordeste ficou com 41 contemplados no total, ultrapassando o Sudeste, com 29. Foto: Rogério Alves

A 20ª edição do programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024 selecionou 100 projetos culturais de todo o país. O Itaú Cultural divulgou o resultado hoje. Esta versão trouxe uma importante mudança em seu foco, passando a aceitar exclusivamente projetos de criação artística relacionados à arte e cultura brasileiras. Os projetos escolhidos – de 9.389 inscritos – , abrangem uma ampla gama de linguagens artísticas, das mais tradicionais às mais experimentais. Eles passaram por um longo processo de avaliação, que contou com a participação de uma comissão diversificada de várias regiões do país. A comissão de seleção final foi formada por Adriana Ferreira, Ave Terrena, Cristina Castro, Dani Nega, Divino Sobral, Jé Oliveira, Joana Mendes, Joel Zito Araújo, Juliana Jardim, Juliano Holanda e Paulo Miyada. Além dos gestores do Itaú Cultural: Anna Paula Montini, André Furtado, Galiana Brasil, Gilberto Labor, Jader Rosa, Sofia Fan, Tânia Rodrigues, Tatiana Prado e Valéria Toloi.

Nesta edição, a região Nordeste liderou em número de projetos selecionados, alcançando 41% do total, seguida pelo Sudeste com 29%, o Norte com 12%, o Sul com 9%, e o Centro-Oeste com 8%, além de uma pequena parcela de projetos (1%) oriundos de outros países. No que diz respeito à distribuição por estados, o Rio de Janeiro ficou com 13 projetos selecionados, seguido de perto pela Bahia com 12, e tanto São Paulo quanto Pernambuco com 11 projetos cada.

Entre os de Pernambuco estão propostas como Infâmia – 20 anos do Coletivo Angu de Teatro, com dramaturgia a quatro mãos de Marcelino Freire e Newton Moreno, que tem como foco as mentiras / fake news existentes na sociedade brasileira desde os tempos da colonização/ império; e Longusu Xenupre Dudu Nordestina Pe, d’O Poste Soluções Luminosas, ambos do Recife, na categoria Teatro. 

Campo Minado é uma pesquisa criativa do Grupo Experimental, do Recife, que celebra a comunidade do Ibura, destacando a arte das favelas. A obra, uma cocriação da diretora Mônica Lira e Daniel Semsobrenome, transforma um campo de futebol em palco para 22 bailarinos locais, refletindo a diversidade e riqueza cultural da área. O projeto visa não apenas exaltar a estética das comunidades, mas também incitar reflexões sobre racismo, homofobia e discriminação.

Além de A luta inglória de Vânia contra o mar (Boa Hora) de Olinda, na categoria HQ; Taumatrópio, de Djaelton Quirino, de Arcoverde e Asa Branca,  de Carchíris, do Recife, nas categorias Teatro e Artes Visuais, respectivamente.

Ainda em Pernambuco, destacam-se projetos como Sonho, um Inferninho, para desenvolvimento de Minissérie de Ficção, de Hanna Godoy, na categoria Audiovisual/Cinema. Na música, o estado é representado por Luthieria afro-pindorâmica, tecnologias ancestrais e instrumentalização eletrônica, de Thulio Xamba Xamba de Olinda e O Enigma do Frevo, de La Casa En El Aire, do Recife.

Outros estados nordestinos também se destacam com projetos que demonstram a vitalidade artística da região, como a Bahia, que conta com nove projetos selecionados, entre eles Ajeum Bó, de Vovó Cici de Salvador, na categoria Gastronomia; Zumví: Na rota das Manifestações Afro Culturais de Itaparica ao Recôncavo Baiano, de Zumví, também de Salvador, na categoria Artes Visuais; e Tinta da Bahia – romance, de Luciany Aparecida Alves Santos, igualmente da capital baiana, na categoria Literatura.

O Ceará marca presença com quatro projetos, incluindo Oniroscópio: A Máquina dos Sonhos, de Chico Henrique, de Quixeré e O Leilão, de Débora Cristina Lima dos Santos, de Fortaleza, ambos na categoria Teatro.

Cantos Sagrados kariri-xocó, da Artefatos Sagrados tk, de Porto Real do Colégio, de Alagoas. Reprodução da internet

Alagoas marca presença com projetos como Cantos Sagrados kariri-xocó, da Artefatos Sagrados tk, de Porto Real do Colégio, na categoria Música, e Trilha da Cachoeira: Uma imersão em Solos Criativos, do Museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, de Maceió, na categoria Artes Visuais.

Já no Maranhão, o projeto Osso é Criola Beat, da Upaon Mundo, de São Luís, na categoria Música, explora as raízes da cultura afro-maranhense.

A Paraíba comparece com projetos como Desumanização em Miniatura, do Coletivo Ser Tão Teatro, de João Pessoa, na categoria Teatro. Além de Totonho e Os Cabra – Funk de Embolada e Hip Hop do Mato, de Toroh Música & Cultura, também de João Pessoa, na categoria Música, evidenciando a fusão de gêneros musicais tradicionais e contemporâneos.

No Piauí, projetos como Flow da Caatinga, do Original Bomber Crew, de Teresina, na categoria Dança, e Marias da Terra, as palhaças agricultoras em processo de matrigestão, de Tércia Alves Ribeiro), também de Teresina, na categoria Circo, atestam a potência criativa do estado.

O projeto O Interior do Interior Da Minha Avó, de Regina Azevedo, de Natal, na categoria Literatura, representa o Rio Grande do Norte, explorando as memórias e as histórias familiares.

Já Sergipe conta com Olha pro céu, meu amor, da Aldeia Escola de Circo, de Aracaju, na categoria Circo, e Rua da Frente – o romance, de Euler Lopes Teles, também de Aracaju, na categoria Literatura.

Esses projetos evidenciam a riqueza e a diversidade cultural do Nordeste, abrangendo diferentes linguagens artísticas e temáticas relevantes para a região e para o país como um todo.

O diretor Jé Oliveira e os gestores do Itaú Cultural Valéria Toloi e Jader Rosa, da comissão de seleção. Foto: Letícia Vieira / Divulgação

Além da forte presença nordestina, a seleção do Rumos Itaú Cultural 2023-2024 contempla projetos de todas as regiões do Brasil.

Na região Norte, o Amazonas emplaca quatro projetos, entre eles Óculos de Okotô, de Keila dos Santos Serruya e Sebastião, da Ateliê 23, ambos de Manaus, nas categorias Artes Visuais e Teatro, respectivamente. O Pará também participa com projetos como Documentário Fogo No Rabo, de LH Produções, de Belém, na categoria Audiovisual/Cinema, e Um altar cheirando à oriza, com ruídos do mar, de Luciana Lemos, de Bragança, na categoria Artes Visuais.

No Centro-Oeste, o Distrito Federal se sobressai com cinco projetos, incluindo Desenvolvimento de roteiro do longa-metragem Vão das Almas, da Nada Consta Produções e Hacker Leonilia, da Fontele Studios, ambos de Brasília, nas categorias Audiovisual/Cinema. Mato Grosso também se destaca com Kamukuwaká Realidade Virtual – Um Patrimônio Arqueológico E Cultural Indígena Brasileiro, da Pirata Waura e Plantas Medicinais do Alto Xingu – Ervas Tunuly, do Pigma Wajurupa Kamayura, ambos de Canarana, nas categorias Arte e Tecnologia e Audiovisual/Cinema, respectivamente.

Na região Sudeste, São Paulo conta com 11 projetos selecionados, abrangendo diversas linguagens artísticas. Destaques incluem Batucada Tamarindo, Maurício Alves de Oliveira, na categoria Música; Madrugada no Edifício Terezinha, da (Coala Filmes, na categoria Audiovisual/Cinema; e Recolheita, da Cidade Quintal, na categoria Design, todos da capital paulista. O Rio de Janeiro figura com 13 projetos, como Ensaio sobre uma atriz que está ficando cega, da Pé de Vento, na categoria Performance, e O Cometa: performatividade transexual negra nas artes visuais, de Guilhermina Augusti da Silva Santos, na categoria Artes Visuais, ambos da cidade do Rio de Janeiro.

Minas Gerais contribui com projetos como Dos cantos para as cordas – Arranjos instrumentais para Vissungos, de Felipe Mancini, de Ouro Preto, na categoria Música, e Kakxop pahok: as crianças cegas, de Charles Bicalho, de Belo Horizonte, na categoria Audiovisual/Cinema. O Espírito Santo aparece com Recolheita, Cidade Quintal, de Vitória, na categoria Design.

Por fim, a região Sul está representada por projetos como Rainha, de Karin Serafin, de Florianópolis e Entre: Palhaçaria e Acesso, da Laço Cia. de Arte, de Jaraguá do Sul, ambos de Santa Catarina, nas categorias Dança e Teatro, respectivamente. O Paraná se destaca com Monstruosas alianças: práticas simbióticas de dança e ecologia, da Selvática Ações Artísticas, de Curitiba, na categoria Dança, e Venha ver a revoada: projeto de criação aberta de romance sobre migração brasileira no Japão, de Rafaela Tavares Kawasaki, também de Curitiba, na categoria Literatura. Já o Rio Grande do Sul está representado por projetos como IGBA AWO, do Cavalo de Ideias, de Porto Alegre, na categoria Música, e O Palhaço Morto – Máquinas Para Chorar e Sorrir, do De Pernas Pro Ar, de Canoas, na categoria Teatro.

Ao analisar a lista dos 100 projetos selecionados pelo Rumos Itaú Cultural 2023-2024, –  a partir do título, região e proponente; já que os detalhes, segundo a assessoria de imprensa, só serão disponibilizados “à medida que os projetos forem lançados” – é possível identificar uma diversidade de linguagens artísticas e temáticas abordadas.

Na categoria Arte e Tecnologia, Atlas Imaginário, Manaus, de Gabriela Bìlá, de Brasília-DF, propõe uma investigação sobre a capital amazonense por meio de recursos tecnológicos, explorando novas formas de representação e percepção do espaço urbano. Já Kamukuwaká Realidade Virtual – Um Patrimônio Arqueológico E Cultural Indígena Brasileiro, do Pirata Waura), de Canarana-MT, busca preservar e difundir o patrimônio cultural indígena através da realidade virtual.

No campo da Dança, o trabalho Monstruosas alianças: práticas simbióticas de dança e ecologia, da Selvática Ações Artísticas, de Curitiba-PR, investiga a relação entre corpo, movimento e natureza, propondo uma reflexão sobre a crise ambiental contemporânea. Rainha” (Karin Serafin), de Florianópolis-SC, explora questões de gênero e identidade por meio da linguagem da dança.

Na Literatura, Depois de mim não haverá nada, de Bárbara Pereira Mançanares, de Eunápolis-BA, aborda temas como memória, ancestralidade e resistência negra. Venha ver a revoada: projeto de criação aberta de romance sobre migração brasileira no Japão, de Rafaela Tavares Kawasaki, de Curitiba-PR, propõe uma reflexão sobre os deslocamentos humanos e a construção de identidades em contextos interculturais.

Nas Artes Visuais, O que é uma pessoa negra quando não é Deus ou miserável?, de Lais Machado, de Salvador-BA, questiona estereótipos e representações raciais por meio de uma investigação poética e conceitual. Trilha da Cachoeira: Uma imersão em Solos Criativos, do Museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, de Maceió-AL, propõe uma experiência imersiva que conecta arte, natureza e ancestralidade.

No Teatro, Desumanização em Miniatura, do Coletivo Ser Tão Teatro, de João Pessoa-PB, aborda questões sociais e políticas através da linguagem do teatro de animação. Forma negativa, do Gabinete 3, de Brasília-DF, investiga os limites entre realidade e ficção, explorando novas possibilidades cênicas.

A seleção dos 100 projetos pelo Rumos Itaú Cultural 2023-2024 demonstra um esforço em promover uma distribuição geográfica equilibrada, contemplando diferentes regiões do país. Esse aspecto é positivo, pois valoriza a diversidade cultural brasileira e busca descentralizar a produção artística, historicamente concentrada nos grandes centros urbanos.

Ao dar visibilidade a projetos de estados e cidades muitas vezes marginalizados no circuito artístico nacional, essa edição do Rumos contribui para o fortalecimento de cenas locais e para a descoberta de novos talentos. Essa abordagem inclusiva e plural é fundamental para a democratização do acesso à cultura e para a construção de um panorama mais representativo da arte contemporânea brasileira.

Além da questão geográfica, a seleção também parece ter valorizado pautas identitárias, trazendo para o primeiro plano projetos que abordam questões de raça, gênero, sexualidade, etnia e outras interseccionalidades. Essa escolha é relevante, pois garante protagonismo a grupos historicamente silenciados e marginalizados, permitindo que suas narrativas, experiências e perspectivas sejam compartilhadas e reconhecidas.

Para além da representatividade, é importante que os projetos selecionados tenham um caráter questionador, provocativo e transformador. A arte tem o poder de desestabilizar estruturas, romper com padrões estabelecidos e propor novas formas de pensar e agir. Nesse sentido, espera-se que, dentre as propostas contempladas, haja muitas que instiguem reflexões incômodas, que problematizem o sistema vigente e que proponham alternativas criativas e disruptivas.

Projetos que ousam experimentar linguagens, que subvertem formatos tradicionais e que criam pontes entre diferentes campos do conhecimento têm o potencial de oxigenar a cena artística e de apontar novos caminhos. Essas iniciativas são fundamentais para manter a arte viva, pulsante e conectada com as questões mais urgentes do nosso tempo.

Portanto, a seleção do Rumos Itaú Cultural 2023-2024 parece ter dado passos importantes na direção de uma maior inclusão, representatividade e descentralização da produção artística brasileira. Agora, cabe acompanhar o desenvolvimento desses projetos, torcer para que eles realizem todo o seu potencial crítico e transformador.

Projetos selecionados

01. AfroCirco: Rir, Resistir e Recriar (Oriri Agência Cultural)
Ribeirão Preto – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Circo

02. Encantaria – teatro lambe-lambe (Tábatta Iori Thiago MEI)
Vilhena – Rondônia
Região impactada: Rondônia
Tema: Teatro

03. Ensaio sobre uma atriz que está ficando cega (Pé de Vento)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Performance

04. Oniroscópio: A Máquina dos Sonhos (CHICO HENRIQUE)
Quixeré – Ceará
Região impactada: Ceará
Tema: Teatro

05. [B]ERRANTES (ASSOCIAÇÃO GIRA MUNDO)
Macapá – Amapá
Região impactada: Amapá, Amazonas, Ceará, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo, África do sul, Bélgica, México
Tema: Teatro

06. 2/3 de Desejo (Companhia PeQuod Teatro de Animação)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Regiões impactadas: Rio de Janeiro
Tema: Dança

07. A luta inglória de Vânia contra o mar (Boa Hora)
Olinda – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: HQ

08. A última temporada (Fb9 Produções)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Audiovisual/Cinema

09. ACRE NEGRO: OS PRETOS QUE FIZERAM O ACRE (Francisco Teddy Falcão)
Rio Branco – Acre
Região impactada: Acre
Tema: Audiovisual/Cinema

10. AJEUM BÓ (Vovó Cici)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Gastronomia

11. ANTICORO (Masina Pinheiro)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Artes visuais

12. AS GAROTAS DO FANTÁSTICO NÃO FALAM (Akan Produções)
Fortaleza – Ceará
Região impactada: Ceará
Tema: Audiovisual/Cinema

13. As Queer As Fashion – Drag, Moda e criações QUEER (João Paulo Pereira Guimarães)
Valença – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Moda

14. Asa Branca (Carchíris)
Paço do Lumiar – Maranhão
Região impactada: Maranhão e Piauí
Tema: Artes visuais

15. Atlas Imaginário, Manaus (Gabriela Bìlá)
Brasília – Distrito Federal
Região impactada: Amazonas e Distrito Federal
Tema: Arte e tecnologia

16. Batalha Imaginada (MAURÍCIO POKEMON)
Teresina – Piauí
Região impactada: Piauí
Tema: Artes visuais

17. Batucada Tamarindo (Maurício Alves de Oliveira 02085681409)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Música

18. CAMPO MINADO (MONICA LIRA DE QUEIROZ TRINDADE 39770494453)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Dança

19. Canções do amor e do tempo (Sanzala Cultural)
Cachoeira – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Música

20. Cantos Sagrados kariri-xocó (Artefatos Sagrados tk)
Porto Real do Colégio – Alagoas
Região impactada: Alagoas
Tema: Música

21. Capa Preta (PANAN FILMES)
Maceió – Alagoas
Região impactada: Alagoas
Tema: Audiovisual/Cinema

22. CAPENGA! (Maria Estela Galvão Lapponi)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Dança

23. Corpo Liminar (Lucas Ogasawara de Oliveira)
São Vicente – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Arte e tecnologia

24. Criação de roteiro para o filme de palhaças que viajam de bicicleta pelo Brasil (Mone Melo)
Cabo de Santo Agostinho – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Audiovisual/Cinema

25. Da Macega à Makaia – abrindo caminhos na tradução do falar negro de terreiro (Ricardo de Moura)
Belo Horizonte – Minas Gerais
Região impactada: Minas Gerais
Tema: Literatura

26. De Codó a Ceilândia (Gustavo Azevedo da Silva Santos)
Brasília – Distrito Federal
Região impactada: Distrito Federal e Maranhão
Tema: Artes visuais

27. Depois de mim não haverá nada (Bárbara Pereira Mançanares)
Eunápolis – Bahia
Região impactada: Bahia, Minas Gerais e Pernambuco
Tema: Literatura

28. Desenvolvimento de roteiro do longa-metragem Vão das Almas (Nada Consta Produções)
Brasília – Distrito Federal
Região impactada: Distrito Federal
Tema: Audiovisual/Cinema

29. Desumanização em Miniatura (Coletivo Ser Tão Teatro)
João Pessoa – Paraíba
Região impactada: Paraíba
Tema: Teatro

30. DOCUMENTÁRIO “BAIAFRO: as raízes do AfroFuturismo nos anos 70” (INSTITUTO DJALMA CORREA)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Bahia e Rio de Janeiro
Tema: Audiovisual/Cinema

31. DOCUMENTÁRIO FOGO NO RABO (LH Produções)
Belém – Pará
Região impactada: Pará
Tema: Audiovisual/Cinema

32. Dos cantos para as cordas – Arranjos instrumentais para Vissungos (Felipe Mancini)
Ouro Preto – Minas Gerais
Região impactada: Minas Gerais
Tema: Música

33. EDSON (Matheus Macena Associação Cultural)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Teatro

34. Elefante (Mariana Alves Pereira Fernandes Machado)
São Caetano do Sul – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Teatro

35. ELEGBAPHO – Território Afro-cênico de Celebração Negra (Zâmbia – Produções e Eventos)
Alagoinhas – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Teatro

36. ENTRE: Palhaçaria e Acesso (Laço Cia. de Arte)
Jaraguá do Sul – Santa Catarina
Região impactada: Santa Catarina
Tema: Teatro

37. Esculturas crespas: o afrofuturismo cerradeiro (Maria das Neves Jardim de Deus)
Aparecida de Goiânia – Goiás
Região impactada: Goiás
Tema: Moda

38. Eu não me calo — A África nas ruas de São Paulo (Manuel Kafina)
Benguela – Benguela
Região impactada: São Paulo
Tema: Teatro

39. Flow da Caatinga (ORIGINAL BOMBER CREW)
Teresina – Piauí
Região impactada: Piauí
Tema: Dança

40. Foi um jeito de derreter (Jessica Brisola Stori)
Curitiba – Paraná
Região impactada: Paraná
Tema: Literatura

41. Forma negativa (GABINETE 3)
Brasília – Distrito Federal
Região impactada: Distrito Federal
Tema: Teatro

42. Fotomisantropia (romance epistolar gráfico) (Luisa Bruno Lopes de Abreu Lima)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Literatura

43. FRANCISCA LUIS (NAIRA NANBIWI SOARES)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Audiovisual/Cinema

44. FRETE GRÁTIS PARA TODO O NORTE, EXCETO PARA O BRASIL (EMBUÁ PRODUTORA CULTURAL)
Boa Vista – Roraima
Região impactada: Roraima
Tema: Artes visuais

45. Geovana – Beijo Sabor Cereja (Maria Teresa Gomes)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Música

46. Hacker Leonilia (Fontele Studios)
Brasília – Distrito Federal
Região impactada: Distrito Federal
Tema: Audiovisual/Cinema

47. IGBA AWO (CAVALO DE IDEIAS)
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
Região impactada: Rio Grande do Sul
Tema: Música

48. Ilustre Desconhecido (CAROL CONY)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Circo

49. imigração chinesa: a nova geração (Jefferina Tong)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: Amazonas, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo
Tema: Artes visuais

50. Infâmia – 20 anos do Coletivo Angu de Teatro (Atos Produções Artísticas Ltda. – ME)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco e São Paulo
Tema: Teatro

51. Isso é Criola Beat (Upaon Mundo)
São Luís – Maranhão
Região impactada: Maranhão
Tema: Música

52. Kakxop pahok: as crianças cegas (Charles Bicalho)
Belo Horizonte – Minas Gerais
Região impactada: Minas Gerais
Tema: Audiovisual/Cinema

53. KAMUKUWAKÁ REALIDADE VIRTUAL – UM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E CULTURAL INDÍGENA BRASILEIRO (50.913.535 Pirata Waura)
Canarana – Mato Grosso
Região impactada: Mato Grosso e Rio de Janeiro
Tema: Arte e tecnologia

54. Longusu Xenupre Dudu Nordestina Pe (O Poste Soluções Luminosas)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Teatro

55. Luthieria afro-pindorâmica, tecnologias ancestrais e instrumentalização eletrônica: pesquisa, experimentação e construção musical do grupo Orí. (Thulio Xamba Xamba)
Olinda – Pernambuco
Região impactada: Paraíba e Pernambuco
Tema: Música

56. Madrugada no Edifício Terezinha (COALA FILMES)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Audiovisual/Cinema

57. Marias da Terra, as palhaças agricultoras em processo de matrigestão (TÉRCIA MARIA ALVES RIBEIRO)
Teresina – Piauí
Região impactada: Piauí
Tema: Circo

58. MARIMBÃ ESTÁ ACONTECENDO (Marin Monteiro Maciel)
Fortaleza – Ceará
Região impactada: Ceará
Tema: Audiovisual/Cinema

59. Monstruosas alianças: práticas simbióticas de dança e ecologia (Selvática Ações Artísticas)
Curitiba – Paraná
Região impactada: Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo
Tema: Dança

60. Morro do Criminoso: uma história sobre heranças e diálogos (Mayara Barbosa Silva)
Campo Grande – Mato Grosso do Sul
Região impactada: Mato Grosso do Sul
Tema: HQ

61. Mundaréu (Criação de história em quadrinhos sobre impactos ambientais) (Álvaro Maia)
Palmas – Tocantins
Região impactada: Tocantins
Tema: HQ

62. Na Toca do Gambá (Leandro Paz)
Manaus – Amazonas
Região impactada: Amazonas
Tema: Teatro

63. Nação (Maria Clara Guiral)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: HQ

64. O COMETA: performatividade transexual negra nas artes visuais (Guilhermina Augusti da Silva Santos)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Artes visuais

65. O DEPOIMENTO VIVO DE MANICONGO (Chica Andrade)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Audiovisual/Cinema

66. O Enigma do Frevo (LA CASA EN EL AIRE)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Música

67. O INTERIOR DO INTERIOR DA MINHA AVÓ (REGINA AZEVEDO)
Natal – Rio Grande do Norte
Região impactada: Rio Grande do Norte
Tema: Literatura

68. O JARDIM – de Denilson Baniwa (DENILSON BANIWA ESTUDIO LTDA)
Niterói – Rio de Janeiro
Região impactada: Amazonas e Rio de Janeiro
Tema: Audiovisual/Cinema

69. O Leilão (Débora Cristina Lima dos Santos 03569562379)
Fortaleza – Ceará
Região impactada: Ceará
Tema: HQ

70. O MUNDO FORA DA PEDRA (Papo Amarelo Produções Cinematográficas)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Mato Grosso e Pernambuco
Tema: Literatura

71. O PALHAÇO MORTO – Máquinas para chorar e sorrir (De Pernas Pro Ar)
Canoas – Rio Grande do Sul
Região impactada: Rio Grande do Sul
Tema: Teatro

72. O que é uma pessoa negra quando não é Deus ou miserável? (Lais Machado)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Artes visuais

73. O Raio que o Trava (Rafaela Maria Moreira Monteiro)
Ananindeua – Pará
Regiões impactadas: Pará
Tema: Artes visuais

74. Óculos de Okotô (Keila dos Santos Serruya)
Manaus – Amazonas
Região impactada: Amazonas
Tema: Artes visuais

75. Olha pro céu, meu amor (Aldeia Escola de Circo)
Aracaju – Sergipe
Região impactada: Sergipe
Tema: Circo

76. OPHIDIA (Wallace Ferreira)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Performance

77. Plantas Medicinais do Alto Xingu – Ervas Tunuly (Pigma Wajurupa Kamayura)
Canarana – Mato Grosso
Região impactada: Mato Grosso
Tema: Audiovisual/Cinema

78. RAINHA (Karin Serafin)
Florianópolis – Santa Catarina
Região impactada: Santa Catarina
Tema: Dança

79. Ramino, o som da natureza em transformação. (Camila Silva Ribeiro)
Rio das Ostras – Rio de Janeiro
Região impactada: Rio de Janeiro
Tema: Música

80. Recado (Paulo Roberto Guedes Bastos)
Macapá – Amapá
Região impactada: Amapá e São Paulo
Tema: Música

81. RECOLHEITA (CIDADE QUINTAL)
Vitória – Espírito Santo
Região impactada: Espírito Santo e São Paulo
Tema: Design

82. Rocha Navegável (volumes II e III) (FABIO JOSE RIOS DA COSTA)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: HQ

83. Rua da Frente – o romance (Euler Lopes Teles)
Aracaju – Sergipe
Região impactada: Sergipe
Tema: Literatura

84. Sebastião (Ateliê 23)
Manaus – Amazonas
Região impactada: Amazonas
Tema: Teatro

85. Sob o Signo Ancestral (Daniel Cesart)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: HQ

86. SONHO, UM INFERNINHO (Desenvolvimento de Minissérie de Ficção) (Hanna Godoy)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Audiovisual/Cinema

87. TAMBOA (Isaar Maria de França Santos)
Recife – Pernambuco
Região impactada: Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco
Tema: Música

88. Taumatrópio (Djaelton Quirino dos Santos)
Arcoverde – Pernambuco
Região impactada: Pernambuco
Tema: Teatro

89. Territórios Compartilhados: Antologia Indígena em Quadrinhos (Eá Borum)
Paraty – Rio de Janeiro
Regiões impactadas: Rio de Janeiro
Tema: HQ

90. Tibungo (MAFE)
São Paulo – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Audiovisual/Cinema

91. Tinta da Bahia – romance (Luciany Aparecida Alves Santos)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Literatura

92. TÍTULO: Mboraí Nhe’ên – Espírito Cantar (Tainara Takua)
Uruçuca – Bahia
Região impactada: Bahia, Maranhão e Santa Catarina
Tema: Música

93. Totonho e Os Cabra – Funk de Embolada e Hip Hop do Mato (Toroh Música & Cultura)
João Pessoa – Paraíba
Região impactada: Paraíba
Tema: Música

94. Trilha da Cachoeira: Uma imersão em Solos Criativos (MUSEU COLEÇÃO KARANDASH DE ARTE POPULAR E CONTEMPORÂNEA)
Maceió – Alagoas
Região impactada: Alagoas
Tema: Artes visuais

95. Trilogia sobre a Velhice – escrita do Terceiro Livro (Dayse Torres)
Campinas – São Paulo
Região impactada: São Paulo
Tema: Literatura

96. Um altar cheirando à oriza, com ruídos do mar (LUCIANA LEMOS)
Bragança – Pará
Região impactada: Pará
Tema: Artes visuais

97. VAZANTE (CANTEIRO – CRIAÇÃO, PRODUÇÃO E PRATICAS ARTÍSTICAS)
Teresina – Piauí
Região impactada: Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo
Tema: Dança

98. Venha ver a revoada: projeto de criação aberta de romance sobre migração brasileira no Japão (Rafaela Tavares Kawasaki)
Curitiba – Paraná
Região impactada: Paraná e Japão
Tema: Literatura

99. ZAMAK (PICADA LIVROS)
Curitiba – Paraná
Região impactada: Paraná
Tema: Artes visuais

100. Zumví: Na rota das Manifestações Afro Culturais de Itaparica ao Recôncavo Baiano (Zumví)
Salvador – Bahia
Região impactada: Bahia
Tema: Artes visuais

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