Arquivo da tag: Nelson Baskerville

Rinha sentimental do século passado
Crítica do espetáculo Cock – Briga de Galo

Marco Antônio Pâmio, Andrea Dupré, Daniel Tavares e Hugo Coelho. Foto: Pedro Bonacina / Divulgação

Alguma coisa está fora da ordem…. na montagem paulista Cock, em cartaz até hoje na Oficina Cultural Mário de Andrade. Um deslocamento de espaço e de tempo, no mau sentido. A encenação de Nelson Baskerville é vendida como um debate sobre sexualidade e identidade. Pode até ser. Mas qual o nível e o propósito dessa discussão?

Pode ser engenhosa a ideia de colocar os atores numa espécie de ringue. Aponta para luta de galos, a rinha – uma contravenção em muitos países. Bem, toda forma de maus-tratos e a exploração de animais para divertimento do homem são abominadas pela Declaração Universal dos Direitos dos Animais (artigos 3º e 10º), proclamada em 1978 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco.

No Brasil, as rinhas de galos foram proibidas em 1934 no governo de Getúlio Vargas e desde 1941 são contravenção penal. Mas há quem pratique por esse Brasil adentro. Há quem se divirta. Como há gente que ri de piadas racistas, lgbtqia+fóbicas, gordofóbicas ou misóginas.
Mas o que as brigas de galo têm a ver com a peça? Tá no título: Cock – Briga de Galo. Em inglês, “Cock”, quer dizer galo, pau/pênis e alguém de personalidade arrogante. E há um falocentrismo na peça que não é de brincadeira.

O texto The Cockfight Play do dramaturgo inglês Mike Bartlett foca na crise de John, um adulto jovem casado com um homem maduro, que ao dar “um tempo” se apaixona por uma mulher. Muitos caminhos poderiam ter sido percorridos. Ao contrário do John do Belchior, que sabe que “a felicidade é uma arma quente” e não precisa que lhe digam de que lado nasce o Sol; John, de Bartlett, é um trintão indeciso que vive um conflito existencial bem raso, apresentado de uma maneira totalmente autocentrada, de uma perspectiva branca e privilegiada.

Mike Bartlett é um autor incensado no seu país. A ironia do seu discurso e agilidade ferina de seus diálogos são pontos em comum da sua dramaturgia. No Brasil foram encenadas suas peças Bull, Contrações, Love Love Love e Medea. Assisti montagens das três últimas. São bem instigantes Contrações e Love Love Love, do Grupo 3 de Teatro – companhia mineira encabeçada por Débora Falabella, Yara de Novaes e Gabriel Fontes Paiva. Medea me chegou como uma tentativa malsucedida de atualizar o clássico de Eurípedes.

A peça tem direção de Nelson Baskerville. Foto: Pedro Bonacina / Divulgação

O texto Cock fala de um lugar que (me) incomoda, recorre a clichês. A bicha rica que está  envelhecendo e acha que pode tudo, o jovenzinho meio aproveitador meio perdido, e principalmente o espaço da mulher, que mendiga o afeto do boy ridículo e aceita ser ofendida e atacada por dois, aliás, três homens. Os diálogos de humor ácido podem divertir algumas pessoas, mas percebo como um exercício de retórica de vituperação.

Alguns amigos gays casados disseram que conhecem muitos casais espelhados na peça. Não duvido. Temos até um fascista na presidência! (Cruzes! Xô Satanás). Considero estranho Nelson Baskerville assinar esse espetáculo e não problematizar os estereótipos que estão no texto. Para um diretor que impactou com Luis Antonio – Gabriela, Cock, parece pouco, muito pouco, 

Quando digo que a peça está fora de ordem no tempo é porque esse debate, essa perspectiva parece tão anos 1980. As pautas são outras e aceleram em uma velocidade alucinante.
O deslocamento de lugar. A Oficina Cultural Mário de Andrade ocupa-se mais do experimental, está voltada para investimentos mais ousados em conformidade das demandas atuais. Vivemos em tempos de guerrilhas urbanas.

Muitos já falaram dos embates cortantes e emocionais de Cock. Eles existem, sem dúvida, o dramaturgo é muito engenhoso na criação de falas e tensões. A direção dividiu as cenas como rounds com blackouts no meio.

Mas Cock é divulgada como uma peça que questiona a categorização das pessoas. Não enxergo dobra dessa reflexão. O namorido (Marco Antônio Pâmio) de John (Daniel Tavares) insulta às mulheres de vários modos. E sustenta sua relação sadomasô às custas de ofensas e humilhações. A mulher que entra nessa barca furada (Andrea Dupré) é a personagem mais frágil e mal-acabada dessa dramaturgia. A atriz até tenta, mas a personagem perde todos os confrontos.

A indecisão de John é algo bem patético para uma balzaquiana. Ele quase se desmancha no palco pela debilidade moral. Convence? Talvez sim. Mas irrita mais. O pai do namorido de John (Hugo Coelho) é de um despautério pesado.

O embate frenético dos atores pode ser o ponto mais forte da encenação, um jogo como uma disputada partida. E nesse campo, Pâmio se destaca com sua metralhadora giratória de frases preconceituosas, farpas e provocações.

O público é observador passivo dessa rinha de Baskerville, na arena cenográfica de Chris Aizner. Enquanto as personagens se atacam e se destroem fico aqui pensando se o jogo interpretativo dos atores é suficiente diante de um discurso que se pavoneia crítico das estruturas, mas as repete. Que se lança como ponto de análise das complexas questões identitárias, mas, infelizmente, reproduz um enunciado intolerante e hostil para os que estão fora do circuito de seus umbigos.

Não há vinco na elucubração desse grupo historicamente discriminado, no caso de Cock, o gay, mas homem branco sempre no comando, com as matérias identitárias e de sexualidade mais atuais e suas lutas urgentes e inadiáveis.

Ficha Técnica

Texto: Mike Bartlett.
Tradução: Andrea Dupré.
Direção: Nelson Baskerville.
Elenco: Andrea Dupré, Daniel Tavares, Hugo Coelho e Marco Antônio Pâmio.
Iluminação: Wagner Freire.
Figurino: Marichilene Artisevskis.
Cenário: Chris Aizner.
Trilha Sonora Original: Daniel Maia.
Preparador Corporal: Mauricio Flores.
Cenotécnico: Cesar Rezende.
Técnico de Luz e Som: Leandro Di Cicco.
Acessibilidade Audiovisual: Nara Marques.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli.
Midias Digitais: Inspira Comunicação – Felipe Pirillo e VanessaScorsoni.
Fotos: Pedro Bonacina.
Idealização: Andrea Dupré e Daniel Tavares.
Administração: Fenetre Produções. Produção: Contorno Produções.
Produtora Executiva: Laura La Padula.
Assistente de Projetos: Bianca Bertolotto.
Assistente de Produção e Comunicação: Carolina Henriques.
Direção de Produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez. 

O espetáculo COCK – Briga de Galo foi contemplado pela 10ª edição do Prêmio Zé Renato para a Cidade de São Paulo, instituído pela Lei nº 15.951/2014  

Serviço

COCK – Briga de Galo, de Mike Bartlett, com direção de Nelson Baskerville
De 2 a 18 de dezembro – de segunda a sexta, às 20h; sábados, às 18h
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala 03 – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo, SP
Ingressos: Grátis, distribuídos 1h antes de cada sessão
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Postado com as tags: , , , , ,

Em um mundo repleto de possibilidades infinitas, por que ainda devemos nos limitar a rótulos?
Vamos conferir Cock – Briga de Galo

Cock. Foto: Pedro Bonacina / Divulgação

O título é provocativo. Cock – Briga de Galo, de Mike Bartlett, com direção de Nelson Baskerville, trata de assuntos do coração e de outras partes mais excitantes do corpo. Ao dar um tempo com seu namorado de sete anos, John se apaixona por uma mulher. O conflito é esse. A crise de identidade, desejo e sexualidade do protagonista. Com quem ficar? Isso pode ser uma divertida comédia, com a retórica de vituperação.

O espetáculo estreia neste 2 de dezembro, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, onde fica em cartaz até 18 de dezembro. As apresentações são gratuitas e ocorrem de segunda a sexta, às 20h; e aos sábados, às 18h.

A encenação brasileira foi idealizada por Andrea Dupré e Daniel Tavares, que também estão no elenco ao lado de Hugo Coelho e Marco Antônio Pâmio.

Em inglês, “Cock”, é uma palavra com múltiplos sentidos: galo, pau/pênis e uma gíria para apontar alguém de personalidade arrogante. A peça brinca com todos esses significados.

A obra dramatúrgica conhecida como The Cockfight Play foi escrita durante um intercâmbio de Bartlett no México, país da lucha libre e onde ainda existem as brigas de galos. O autor conectou o protocolo das rinhas – nas quais em um pequeno palco, dois pequenos animais se atacam, lutam, e se destroem – com o ritual do teatro. Essa imagem inspirou o dramaturgo a traçar os embates cortantes e emocionais da peça.

Cock rendeu a Mike Bartlett o Olivier Award (2010), na categoria “Outstanding Achievement”, uma honraria do teatro inglês. Mike Bartlett tem um escrita afiada, inteligente e bem-humorada. Suas peças Bull, Contrações, Love Love Love e Medea foram montadas no Brasil.

A peça tem direção de Nelson Baskerville. Foto Pedro Bonacina / Divulgação

O público é lançado como testemunha dessa rinha na encenação de Nelson Baskerville, que segue sugestão do autor. A plateia é posicionada em uma arena – em cenário criado por Chris Aizner, com uma grande luminária de Wagner Freire. O diretor procura aproximar o espectador ao máximo das personagens, na expectativa que a plateia torça por essas figuras que expõem suas paixões e medos. Mas avisa que o embate vai doer. “O amor é transgressivo e dói”, entende o diretor.

Os figurinos, concebidos por Marichilene Artisevskis, também segue indicação de Bartlett, sem muitos enquadramentos convencionais, já que a peça questiona justamente a categorização das pessoas. A trilha sonora original, assinada por por Dan Maia, marca algumas transições de cenas e o início dos três grandes blocos que compõem o texto.

Ficha Técnica

Texto: Mike Bartlett.
Tradução: Andrea Dupré.
Direção: Nelson Baskerville.
Elenco: Andrea Dupré, Daniel Tavares, Hugo Coelho e Marco Antônio Pâmio.
Iluminação: Wagner Freire.
Figurino: Marichilene Artisevskis.
Cenário: Chris Aizner.
Trilha Sonora Original: Daniel Maia.
Preparador Corporal: Mauricio Flores.
Cenotécnico: Cesar Rezende.
Técnico de Luz e Som: Leandro Di Cicco.
Acessibilidade Audiovisual: Nara Marques.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli.
Midias Digitais: Inspira Comunicação – Felipe Pirillo e VanessaScorsoni.
Fotos: Pedro Bonacina.
Idealização: Andrea Dupré e Daniel Tavares.
Administração: Fenetre Produções. Produção: Contorno Produções.
Produtora Executiva: Laura La Padula.
Assistente de Projetos: Bianca Bertolotto.
Assistente de Produção e Comunicação: Carolina Henriques.
Direção de Produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez. 

O espetáculo COCK – Briga de Galo foi contemplado pela 10ª edição do Prêmio Zé Renato para a Cidade de São Paulo, instituído pela Lei nº 15.951/2014  

Serviço

COCK – Briga de Galo, de Mike Bartlett, com direção de Nelson Baskerville
De 2 a 18 de dezembro – de segunda a sexta, às 20h; sábados, às 18h
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala 03 – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo, SP
Ingressos: Grátis, distribuídos 1h antes de cada sessão
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Postado com as tags: , , , , ,

Agenda – 4ª semana de novembro

AGENDA SÃO PAULO

ESPECIAL

Feminino Abjeto I e Feminino Abjeto 2

Janaina Leite discutiu objeção, feminino e masculino com grupos de performers. Foto: Laio Rocha

Os estudos e experimentos da atriz, diretora e pesquisadora Janaina Leite sobre os conceitos de abjeção, feminino e masculino resultaram em dois trabalhos que poderão ser vistos de maneira sequenciada na mostra A Propósito de Corpos, que está acontecendo no Viga Espaço Cênico, pertinho do Metrô Sumaré, na linha verde.

Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino é um turbilhão de cenas performativas que exploram a construção do masculino, desde os discursos até as memórias, os ritos de passagem, as fragilidades, os medos, as violências. São 19 performers que enveredam pelas próprias experiências transformadas em cena, levando o espectador a se questionar – e também se identificar ou repelir – sobre o que é ser um homem nos dias de hoje.

Feminino Abjeto 1, o primeiro experimento do projeto, foi uma construção coletiva com um grupo de mulheres cis e pessoas não-binárias investigando desde o conceito de abjeção até os papeis sociais e de gênero, a violência, a misoginia e os ideais de feminino evocados na nossa sociedade.

Serviço:
Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino
Quando: segunda-feira (25/11), às 21h
Feminino Abjeto 1
Quando: terça-feira (26/11), às 21h
Onde: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros)
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Os ingressos podem ser comprados antecipadamente pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/apropositodecorpos)

Feminino Abjeto II problematiza conceito de masculinidade. Foto: Mateus Capelo

Ficha técnica:

Feminino Abjeto 2: O Vórtice do Masculino
Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, A Saboya, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima e Thompson Loiola
Direção e dramaturgismo: Janaina Leite
Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza
Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia
Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly /  Assistência: Felipe Arantes
Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo
Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções)
Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico)
Núcleo de comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo
Núcleo de produção e projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins

Feminino Abjeto I 
Direção e concepção: Janaina Leite
Performers: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Florido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oliver Olívia, Ramilla Souza, Sol Faganello e Tatiana Caltabiano
Assistência de direção: Tatiana Caltabiano
Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro
Preparação Stiletto: Kaval
Preparação Haka: Allan Melo
Iluminação: Afonso Alves Costa
Operação de som: Marina Meyer
Fotografia: Laio Rocha

ESTREIA

Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista 

A peça propõe um diálogo entre o movimento tropicalista, iniciado em 1967, com o conceito da antropofagia na Arte Moderna, defendido no Século XX. Foto: Eduardo Petrini 

A desigualdade social, o racismo e a misoginia têm raízes históricas. É o que busca mostrar o espetáculo Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista, primeira peça de teatro escrita e dirigida por José Walter Lima, cineasta e artista plástico soteropolitano. A montagem fica em cartaz até 1º de dezembro no Teatro Oficina e faz parte do Projeto Tropicália – Marginália III, que inclui também uma seleção de 10 filmes exibidos antes dos espetáculos.

Segundo o diretor, Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista é um teatro de revista anárquico-épico-barroco que flerta com a antropofagia, conceito da arte moderna que defendia a libertação da influência única das vanguardas europeias e a criação artística genuinamente nacional. A peça está dividida em 28 esquetes.

O texto escrito por Walter com colaboração de Júlio Góes investe num novo sentimento de brasilidade. Entre uma cena e outra foram construídos breves números musicais e coreografias assinadas por Luciana Bortoletto. Há marchinhas de carnaval, músicas compostas por Heitor Villa Lobos, canções de Caetano Veloso e funks como Atoladinha e Relaxe na Bica.

A mostra de filmes tem curadoria da cineasta Tamy Marraccini e junta longas-metragens como Cabeças Cortadas, de Glauber Rocha; Rogério Duarte, O Tropikaolista, do próprio José Walter Lima, O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro Andrade e O Rei Da Vela, de José Celso Martinez Corrêa, em sessões que acontecem entre quinta e sábado, com entrada gratuita.

Serviço:
Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista
Quando: Quintas a sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Até 1º de dezembro
Onde: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bela Vista)
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (moradores do bairro)
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

MOSTRA DE FILMES 

A entrada para a exibição dos filmes é gratuita.

22/11, sexta-feira, 19h
Tropicália
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 27min
Direção: Marcelo Machado Elenco: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee
Sinopse: O documentário mostra um olhar contemporâneo deste importante movimento cultural que explodiu no Brasil na década de 1960. Mistura um valioso material de arquivo recuperado especialmente para a produção, com os ícones do movimento.

23/11, sábado, 19h
Hélio Oiticica
Gênero: Documentário | 2014 | Brasil | 1h 34min
Direção: Cesar Oiticica Filho Elenco: Hélio Oiticica
Sinopse: Este documentário conta a história do artista plástico Hélio Oiticica através de fitas que o próprio gravou durante os anos de 1960 e 1970. As Heliotapes foram encontradas por seu sobrinho Cesar Oiticica Filho quando preparava uma exposição sobre a vida e obra do tio. O filme aborda diversos aspectos da biografia de Oiticica, como suas aspirações anarquistas, sua temporada em Nova York e seu contato com as drogas.

28/11, quinta-feira, 19h
Futuro do Pretérito, Tropicalismo Now
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 16min
Direção: Ninho Moraes, Francisco Cesar Filho Elenco: Alice Braga, Gero Camilo, Helena Albergaria
Sinopse: Este documentário traz um olhar direcionado para um dos movimentos culturais mais efervescentes da história do Brasil, a Tropicália. O filme reúne entrevistas e intervenções artísticas de eventos ocorridos no final da década de 60 até o presente.

29/11, sexta-feira, 19h
Torquato Neto, Todas as horas do Fim
Gênero: Documentário | 2018 | Brasil | 1h 28min
Direção: Eduardo Ades, Marcus Fernando Elenco: Torquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil
Sinopse: O documentário explora a vida e as múltiplas frentes do poeta, que atuou ainda no cinema, na música e no jornalismo. O piauiense também se engajou ativamente na revolução que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960 e 1970, sendo um dos pensadores e letristas mais ativos da Tropicália, parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé.

30/11, sábado, 19h
O Homem do Pau Brasil
Gênero: Comédia, Aventura, Biografia | 1982 | Brasil | 1h52min
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Itala Nandi, Flavio Galvão, Regina Duarte
Sinopse: A trajetória do escritor Oswald de Andrade, ícone do modernismo brasileiro. Lançando-se à busca de mulheres e ideias, está sempre dividido entre diversas figuras femininas.

01/12, domingo
O Rei Da Vela
Gênero: Comédia dramática | 1982 | Brasil | 2h40min
Direção: José Celso Martinez Correa, Noilton Nunes
Elenco: Renato Borghi, José Wilker, Esther Góes
Sinopse: Filmagem da montagem histórica da peça de Oswald de Andrade, onde milionários decadentes, filhos depravados, capitalistas corruptos e implacáveis são os personagens interpretados pelo Grupo Oficina, em uma célebre apresentação teatral realizada no ano de 1967, gravada fundamentalmente em 71 e lançada mais de dez anos depois.

Ficha técnica:
Texto e direção: Walter Lima
Colaboração de texto e co-direção: Júlio Góes
Elenco: Gabi Costa, Lucas Valadares, Rosana Judkowitch, Vanessa Carvalho, Wagner Vaz e Willian Maciel
Coordenação geral: Yael Steiner
Curadoria de filmes: Tamy Marraccini
Assessoria de imprensa: Márcia Marques (Canal Aberto)
Produção: Loukos por Cultura (Márcia Costa e Sidney Werdesheim)
Assistentes de produção: Neusa Barbosa, Daniela Floquet e Lucas Valadares
Preparação corporal e coreografia: Luciana Bortoletto
Figurino: Silvana Gorab
Cenografia: Walter Lima
Trilha sonora: Ordep Lemos
Fotografia: Eduardo Petrini
Iluminação: Décio Filho
Operação de luz: Elizeu Kouyatè
Operação de som: Otávio Cavariani
Operação de maquinário: Maurilio Domiciano

ÚLTIMOS DIAS

As Mãos Sujas

Espetáculo As Mãos Sujas será apresentado até este fim de semana no Sesc Ipiranga. Foto: Padu Palmério

O encenador José Fernando Peixoto de Azevedo utiliza recursos cinematográficos inspirados no filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, para propor uma reflexão contemporânea sobre a política, o indivíduo e o coletivo, tendo por base a peça As Mãos Sujas, de Jean Paul Sartre (1905 – 1980). A montagem traça desdobramentos na linguagem de José Fernando e suas investigações que relaciona teatro e cinema.

A peça explora a história de um jovem intelectual que delibera a morte do líder de seu partido quando este propõe uma aliança com partidos conservadores.  A cena surfa em “deslizamentos temporais” e transita entre 1943 (marca em que Sartre situa a ação), o presente e dúvidas sobre um futuro próximo. A guerra ideológica que vivemos nos dias de hoje salta para o centro da cena questionando conceito de partido político, o sentido e as consequências das alianças com forças conservadoras. 

Serviço:
As Mãos Sujas
Quando: Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Até 24 de novembro 
Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga)
Quanto: R$ 9 (credencial plena), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30
Duração: 180 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Texto: Jean-Paul Sartre
Tradução: Homero Santiago
Atores: Gabriela Cerqueira, Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinicius, Rodrigo Scarpelli, Thomas Huszar e Vinicius Meloni.
Câmera e edição: Yghor Boy
Direção musical: Guilherme Calzavara
Desenho de som e sonoplastia: Ivan Garro
Música em cena: Ivan Garro, Rodrigo Scarpelli e Thomas Huszar
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Figurino: Marcelo Leão e José Fernando Peixoto de Azevedo
Consultoria para o trabalho de voz: Mônica Montenegro
Consultoria teórica: Franklin Leopoldo e Silva
Assistente de direção: Murilo Franco
Operador de luz: David Costa
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado
Direção e dispositivo de cena: José Fernando Peixoto de Azevedo

Condomínio Visniec

A diretora diz que a peça é uma meditação poética sobre a condição humana e a possibilidade de superação dos nossos conflitos. Foto: Ronaldo Gutierrez

O dramaturgo romeno Matéi Visniec é apontado como um dos principais representantes contemporâneos do Teatro do Absurdo. O espetáculo Condomínio Visniec é inspirado em seis monólogos desse autor – O Corredor, O Homem do Cavalo, O Adestrador, O Homem da Maçã, A Louca Tranquila e O Comedor de Carne – reunidos na coletânea de peças O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo. A montagem é fruto de pesquisa sobre a obra do autor romeno, desenvolvido por Clara Carvalho desde 2015 numa oficina de atores profissionais do Grupo TAPA.

As personagens híbridas são criadas por uma escritora que produz compulsivamente e habita o condomínio com figuras de contornos surrealistas. O espetáculo foi contemplado com o edital ProAc nº 01/2018 para Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro.

Serviço:
Condomínio Visniec, com o grupo Tapa
Quando: Quartas e quintas, às 21h. Até 28 de novembro.
Onde: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros)
Quanto: R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada)
Duração: 55 minutos
Capacidade: 73 lugares
Classificação: 14 anos
Informações: (11) 3801-1843

Ficha técnica:
Texto: Matéi Visniec
Direção: Clara Carvalho
Elenco: Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore e Suzana Muniz
Tradução: Luiza Jatobá
Assistente de direção: Mau Machado
Figurino: Marichilene Artisevskis
Música original: Mau Machado
Desenho de luz: Wagner Pinto
Assistente de Iluminação: Carina Tavares
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli
Preparação corporal e coro cênico: Mau Machado e Suzana Muniz
Design gráfico: Mau Machado
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Fotos (registro processo): Roberto Lajolo
Técnica/Operação de luz: Dida Genofre
Operação de som: André Bedurê
Adereços: Luis Carlos Rossi
Costura e modelagem: Judite Gerônimo de Lima
Costura de enchimento: Paula Gaston
Alfaiate: Miguel Angel Arua
Envelhecimento: Foquinha Cris
Direção de produção: Selene Marinho /SM Arte e Cultura
Coordenação de produção: Ariel Cannal
Produção executiva: Marcela Horta / SM Arte e Cultura

Enquanto Ela Dormia

Enquanto Ela Dormia. Fotos Mayra Azzi

A primeira versão de A Bela Adormecida, de 1648, é o disparador da peça, que investiga a violência contra a mulher e as relações de poder entre os gêneros. Enquanto Ela Dormia convoca a personagem Dora, uma professora de literatura, que presencia uma cena de abuso em um ônibus e sofre ao relembrar os traumas de infância.

O monólogo explora uma linha cronológica das dores do feminino, como, por exemplo, os pés de lótus das mulheres chinesas e a expulsão da deusa Lilith do Paraíso. A diretora Eliana Monteiro entende que “o espetáculo é um mergulho na geografia da dor das mulheres e uma provocação ao que está acontecendo na nossa sociedade”.

A montagem questiona os mecanismos usados para minimizar, esconder, disfarçar, apagar essas violências. Enquanto Ela Dormia percorre três eixos temáticos: o dos contos de fadas, que integram o imaginário universal do feminino; as histórias de amputações, para que a mulher coubesse na sociedade patriarcal; e as memórias de uma história de amor.

Contemplada na 9ª edição do Prêmio Zé Renato, a peça faz parte da programação do projeto Teatros em Movimento, que prevê a circulação de companhias teatrais, seus trabalhos e processos criativos pelas sedes de outros grupos, em diferentes bairros da capital paulista.

Serviço:
Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem
Quando: Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h. Até 24 de novembro
Onde: Sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, 1º andar – Bela Vista)
Quanto: Ingressos gratuitos, distribuídos 1h antes das sessões
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

Ficha técnica:
Diretora artística: Eliana Monteiro
Diretor técnico e light designer: Guilherme Bonfanti
Atriz: Lucienne Guedes
Dramaturgismo: Antonio Duran
Texto: Carol Pitzer
Operador de som: José Mario Tomé e Nayara Konno
Diretor de cena/contrarregra: Evaristo Moura
Operadora de vídeo: Aline Sayuri
Operador de luz: Patricia Amorim
Montador de luz: Diego Soares
Montador de vídeo: Rodrigo Silbat
Trilha sonora: Erico Theobaldo
Figurinista: Marichilene Artisevskis
Cenografia: Marisa Bentivegna
Produção geral: Marcelo Leão
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

EM CARTAZ 

Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada

Texto de García Márquez está em cartaz no Centro Cultural Fiesp. Foto: Leekyung Kim

A obra do Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que foi publicada em 1972, narra a trajetória de uma menina de 14 anos, que após um incêndio que destrói a casa da família, passa a ser prostituída pela avó. A adaptação para o teatro é de Augusto Boal. Irene Papas defendeu o papel da desalmada e Claudia Ohana fez Erêndira no cinema, no filme de 1983, com direção de Ruy Guerra. A montagem teatral tem direção de Marco Antonio Rodrigues, dramaturgia de Claudia Barral e canções originais compostas por Chico César. Giovana Cordeiro faz seu début no teatro como Erêndira. Com Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Gustavo Haddad, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. O espetáculo abraça a estética e os recursos do realismo fantástico, seguindo os passos de Gabo.

Serviço:
Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada
Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Até 08 de dezembro
Onde: Centro Cultural Fiesp – Teatro do SESI (Avenida Paulista 1313, Bela Vista)
Quanto: Grátis / Reserva de ingressos: Centroculturalfiesp.Com.Br
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Baseado no conto de Gabriel Garcia Márquez
Adaptação: Augusto Boal
Dramaturgia: Claudia Barral
Tradução: Cecília Boal
Direção: Marco Antonio Rodrigues
Elenco: Giovana Cordeiro, Maurício Destri, Chico Carvalho, Dagoberto Feliz, Gustavo Haddad, Marco França, Eric Nowinski, Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dani Theller, Demian Pinto, Jane Fernandes e Rafael Faustino
Cenografia: Marcio Medina
Figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Tulio Pezzoni
Músicas originais compostas: Chico Cesár
Preparadora corporal: Marcella Vincentini
Design gráfico: Zeca Rodrigues
Fotografia: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Idealização: Instituto Boal
Assistentes de produção: Diogo Pasquim e Carol Vidotti
Produção executiva: Camila Bevilacqua
Direção de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo
Produção: Daltrozo Produções
Realização: SESI São Paulo

Eu de Você

Denise Fraga narra histórias reais no seu novo espetáculo. Fotos: Leo Martins / Divulgação

Sartre pregava, ironicamente, que o inferno são outros. Sim, mas também espelho. A atriz Denise Fraga aposta nesse reflexo, nessa reverberação. A intérprete defende a urgência de ver o outro, olhar pelo olhar do outro.  Ela recebe sempre o público na porta do teatro para reforçar a cumplicidade, o laço de afeto. Denise Fraga gosta de gente e de contar suas histórias. Durante nove anos protagonizou um programa de televisão contando histórias reais: o Retrato Falado, na TV Globo.

No solo Eu de VocêFraga leva ao palco histórias do cotidiano de gente comum e a criatividade para encontrar solução para diversos problemas. O humor é uma ferramenta poderosa nessa montagem. Denise convocou o público a enviar suas histórias para esse projeto, anunciou nos jornais, nas redes sociais. De mais de 400 histórias foram selecionadas 33, costuradas dramaturgicamente com literatura, música, imagens e poesia. Estão em cena em ficção Paulo Leminski, Zezé di Camargo, Tchekhov, Beatles, Chico Buarque, Dostoiévski e Fernando Pessoa.

Serviço:
Eu de Você
Quando: sexta, às 20h, sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Até 15 de dezembro
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi)
Quanto: De R$ 25 a R$ 70
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Idealização e criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
Produção: José Maria
Obra inspirada livremente nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Barbara Heckler, Bruno Favaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda , Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Julio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Marcia Angela Faga, Marcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sonia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinicius Gabriel Araújo Portela, Wagner Júnior
Dramaturgia: Cassia Conti, André Dib, Denise Fraga, Kênia Dias, Fernanda Maia, Geraldo Carneiro, Luiz Villaça e Rafael Gomes
Texto final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Direção de imagens em vídeo: André Dib
Direção de arte: Simone Mina
Direção musical: Fernanda Maia
Direção de movimento: Kenia Dias
Iluminação: Wagner Antônio
Assessoria de Imprensa SP: Morente Forte Comunicações
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Coprodução: Café Royal
Produção: NIA Teatro
Patrocínio: BB Seguros
Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal

Guerra

Nova espetáculo d’A Próxima Companhia está em cartaz na sede do grupo, no bairro Campos Elíseos. Foto Kamil Kubruk

A dramaturgia de Guerra foi erguida coletivamente pelo grupo A Próxima Companhia nos experimentos cênicos de intervenção urbana efetivados nos territórios em disputa durante a pesquisa – Largo do Arouche, Cracolândia, Santa Efigênia, Favela do Moinho, Luz, Higienópolis e Minhocão. São 12 cenas que focalizam histórias nessas jurisdições. A montagem com direção de Edgar Castro, tem como disparador a tragédia Os Sete Contra Tebas, de Ésquilo. Investe nas questões como apagamento cultural, intolerância, falta de planejamento urbano, homofobia e transfobia, falta de empatia, preconceito estrutural e disputa de território. projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.

Ésquilo apresenta a preparação para as batalhas em Os Sete Contra Tebas. Guerra abre para as armações da luta travada cotidianamente na mais rica e mais injusta capital brasileira, uma das maiores do mundo. A cena cutuca o modelo econômico atual para falar de vidas que são afetadas em sua essência.

Serviço:
Guerra, com o grupo A Próxima Companhia
Quando: Sexta a segunda-feira, às 20h. Até 9 de dezembro
Onde: Espaço Cultural A Próxima Companhia (R. Barão de Campinas, 529, Campos Elísios)
Quanto: Contribuição voluntária
Duração: 90 minutos
Capacidade: 40 lugares
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3331-0653

Ficha técnica:
Direção: Edgar Castro
Dramaturgia: Victor Nóvoa
Elenco: Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira, Rebeka Teixeira e Lígia Campos
Direção musical: Laruama Alves
Edição de som: Leandro Goulart
Cenografia e Iluminação: Julio Dojcsar
Figurino: Magê Blanques
Produção: Catarina Milani
Assistente de produção: Lucas França
Designer gráfico: Rafael Victor
Material audiovisual: Jamil Kubruk

Há Dias Que Não Morro

No elenco estão Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi. Foto: Paulo Hemsi 

A encenação visa ampliar o debate sobre os aprisionamentos contemporâneos e os corpos em paranoia. Os disparadores são as discussões sobre segurança e liberdade, projetadas na política atual. Três atrizes viram figuras-bonecas em um cubo-jardim, felizes com os dias ensolarados, com o canto dos pássaros e os desenhos das nuvens. Mas alguma coisa está fora da ordem nesse sistema inerte e cíclico, nessa rotina sem acidentes ou perigos. O que há para além desse jardim artificial?

Há Dias Que Não Morro é a segunda parte da Trilogia da Morte, que teve início em 2016 com a estreia de Adeus, Palhaços Mortos. A peça contou com uma pré-estreia em maio na Turquia, tem texto original de Paloma Franca Amorim e direção coletiva de Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi.

Serviço:
Há Dias Que Não Morro, da Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Quando: Sábados, às 21h, domingos, às 19h, e segundas, às 21h. Até 02/12
Onde: Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213 – Campos Elíseos – São Paulo
Quanto: Gratuito
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 99 lugares
Informações: (11) 3361-2223

Ficha técnica:
Idealização: Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Direção e concepção: Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Texto: Paloma Franca Amorim
Dramaturgia: Aline Olmos, Laíza Dantas, José Roberto Jardim, Paula Hemsi e Paloma Franca Amorim
Encenação: José Roberto Jardim
Elenco: Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Assistente de direção: Luna Venarusso
Cenografia: Bijari
Direção musical e trilha sonora original: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Iluminação: Paula Hemsi
Figurino: Carolina Hovaguimiam
Modelista: Juliano Lopes
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Cenotecnia: Leo Ceolin
Preparação corporal: Maristela Estrela
Design de sistema de operação sincronizado: Laíza Dantas
Operação de luz, vídeo e som: Murilo Gil e Vinicius Scorza
Técnico de som: Murilo Gil
Técnica de luz: Paula Hemsi
Técnica de vídeo: Laíza Dantas
Técnica de palco: Aline Olmos
Produção executiva: Tetembua Dandara
Direção de produção: ultraVioleta_s
Fotos: Paula Hemsi e Victor Iemini

INTERVENÇÃO
Concepção: ultraVioleta_s e Coletivo Bijari
Assessoria Criativa: Fernando Velázquez

Novos Baianos

Novos Baianos. Foto: André Wanderley

Os Novos Baianos, quinteto formado por Baby do Brasil, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor deixou uma marca especial na Música Popular Brasileira a partir do final da década de 1960. Essa trupe protagonizou uma revolução rítmica e comportamental, pontuada por liberdade, poesia e coletividade.

Com uma original proposta de vida e de arte, inventou um rock brasileiro, “aquele que mistura guitarra com pandeiro e apresenta ao Tio Sam o tamborim”. Essa história é a base do espetáculo Novos Baianos, que tem texto de Lúcio Mauro Filho, direção de Otavio Muller e direção de Davi Moraes e Pedro Baby. No palco, 12 artistas, entre atores, músicos e compositores.

Serviço:
Novos Baianos
Quando: De 9 de novembro a 15 de dezembro. Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h.
Onde: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana)
Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15,00 (Credencial plena)
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (11) 5080-3000

Ficha técnica:
Texto: Lucio Mauro Filho
Direção: Otavio Muller
Direção musical: Davi Moraes e Pedro Baby
Elenco: Ravel Andrade, Beiço, Clara Buarque, Barbara Ferr, João Vitor Nascimento, Gustavo Pereira, João Moreira, Julia Mestre, Miguel Freitas, Mariana Jascalevich, Filipe Pascual e Felipe El
Direção de arte, cenografia e figurino: OPAVIVARÁ
Com colaboração de cenografia de Paula Dager e figurino de Paula Stroher
Assistente de direção e dramaturgia: Fabricio Branco
Iluminação: Tabatta Martins
Coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Visagismo: Rafael Fernandez
Direção de produção: Clarice Philigret
Assistente de produção: Fabricio Branco
Produção: Leandro Lapagesse
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Operação de som: Marcelo Bezerra
Comunicação: Adriana Vieira
Mídia digital: Fernanda Bravo, Jacidio Junior e Raphael Goes
Design gráfico: Tommy Kenny
Preparação corporal e coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Direção de palco: Márcio Mésk (Blau)
Contrarregras: Cris Lisboa e Luan Lima
Consultoria técnica: Andreas Schmidt
Produção: Dueto Produções

Os Sete Afluentes do Rio Ota

Os Sete Afluentes do Rio Ota: Marjorie Estiano e Caco Ciocler Foto: Michele Mifano/ Divulgação

Os Sete Afluentes do Rio Ota é um épico teatral que traça a jornada do soldado estadunidense Luke, que retorna a Hiroshima, em 1945, para fotografar os sobreviventes da guerra. Essas imagens provocam uma viagem no tempo, até chegar ao ano 2000. O espetáculo da diretora Monique Gardenberg fez um memorável sucesso há 15 anos. A encenadora aposta na atualidade da obra de Robert Lepage para tocar em pautas que ainda estão na ordem do dia, como a intolerância, homofobia, feminismo e posições totalitárias.

O espetáculo é composto por sete capítulos e articula histórias de várias épocas em diferentes partes do mundo faladas em cinco idiomas (português, inglês, francês, alemão e japonês), com legendas. O cenário, criado por Hélio Eichbauer, falecido em 2018, é um elemento fundamental à montagem: são três módulos que se deslocam, se transformam, e atravessam os últimos 50 anos do século 20. A peça possui 350 minutos de duração, com intervalo.

Serviço:
Os Sete Afluentes do Rio Ota
Quando: Quinta a domingo, às 18h, até 1 de dezembro. Na quarta-feira, 27 de novembro, haverá sessão às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 15 (credencial plena), R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Texto: Robert Lepage
Direção e adaptação: Monique Gardenberg
Elenco: Bel Kowarick, Caco Ciocler, Chandelly Braz, Charly Braun, Giulia Gam, Helena Ignez, Jiddu Pinheiro, Johnny Massaro, Lorena da Silva, Madalena Bernardes, Marjorie Estiano, Sergio Maciel, Silvia Lourenço e Thierry Tremouroux
Cenário: Hélio Eichbauer
Figurino: Marcelo Pies
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha sonora: José Augusto Nogueira
Fotografias: André Gardenberg
Direção movimento: Marcia Rubim
Assistente de direção: Arlindo Hartz
Reconstituição cenografia: Luiz Henrique Sá e Carila Matzenbacher
Reconstituição figurino: Sabrina Leal
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Direção de produção: Clarice Philigret
Assessoria Imprensa: Morente Forte Comunicações
Assessoria Jurídica: Olivieri Associados
Produção: Dueto

Quebra-Cabeça

O monólogo documental autobiográfico da atriz Camila dos Anjos Quebra-Cabeça tem encenação de Nelson Baskerville. Foto: Estevan dos Anjos / Divulgação

No solo Quebra-Cabeça, a atriz Camila dos Anjos embaralha suas próprias lembranças às memórias de personagens de Tchekhov e Tennessee Williams. A atriz, que começou a trabalhar aos sete anos na televisão, escancara as frustrações, expectativas e as consequências desse percurso. E engendra com a vida figuras misteriosas do russo Anton Tchekhov e do norte-americano Tennessee Williams, referências para a intérprete ao longa da carreira.

Nelson Baskerville, que assina a orientação de encenação do espetáculo, investe em um cenário leve e etéreo, de véus esvoaçantes, que combina projeções de cenas da atriz nas novelas e séries relatadas, como a visita a um sótão familiar, repleto de cartas, baús e fotografias.

Serviço:
Quebra-Cabeça, de Camila dos Anjos
Quando: De quarta a sexta-feira, às 20h; e aos sábados, às 18h. Até 19 de dezembro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro)
Quanto: Entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha técnica: 
Dramaturgia e atuação: Camila dos Anjos
Orientação de encenação: Nelson Baskerville
Preparação de elenco: César Resende
Iluminação: Marisa Bentivegna
Cenário: César Resende
Figurino: Marichilene Artisevskis
Direção musical: Daniel Maia
Projeções em vídeo: Raimo Benedette
Ilustrações: Nelson Baskerville
Costura: Judite Gerônimo de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)
Equipe vídeo: Pedro Cortese e Mariana Bonfanti
Realização vídeo: Estúdio B
Operação de som e luz: Victor Merseguel
Assistente de produção executiva: Laura La Padula
Assistentes de produção: Barbara Berta e Leticia Gonzalez
Fotos: Estevan dos Anjos
Identidade Visual e design gráfico: Lucas Sancho
Assessoria de imprensa e mídias sociais: Pombo Correio
Idealização e produção geral: Camila dos Anjos Produções Artísticas
Produção: Contorno Produções
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez
Apoios: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Poiesis, THE CITY – Beauty Boutique e Kayomix Japonês

Tio Ivan

Montagem do Núcleo Teatro de Imersão está em cartaz na Oswald de Andrade. Foto: Hernani Rocha

O Tio Vania, do escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904), menciona algumas questões que parecem que falam do Brasil contemporâneo: o imperativo de trabalhar para um patrão até o fim da vida, o descaso político com a carreira do professor e do pesquisador acadêmico, a destruição das florestas, as precárias condições da saúde pública. O texto escrito em 1897  assombra por sua atualidade.

No enredo, o administrador de fazenda Ivan, sua sobrinha Sônia e Miguel, o médico da família, têm suas vidas desestabilizadas pela chegada à propriedade do célebre professor Alexandre, agora aposentado, e de sua jovem e bela esposa Helena. Na adaptação da diretora e atriz Adriana Câmara, a fazenda russa cede lugar a uma região rural paulista no início da República Velha. Os espectadores percorrem diversos ambientes, como testemunhas invisíveis dos conflitos dos personagens que os rodeiam, sem separação entre palco e plateia.

Serviço:
Quando: Sábados, às 15h30 e às 18h, até 14 de dezembro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro)
Quanto: Gratuito. Os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência
Duração: 105 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade: 30 lugares
Informações: (11) 3222-2662

Ficha técnica:
Realização: Núcleo Teatro de Imersão
Direção: Adriana Câmara
Texto: Anton Tchekhov
Adaptação do texto, cenografia, figurino, produção executiva e de arte: Adriana Câmara
Elenco: Adriana Câmara, Áquila Mattos, Ariana Slivah, Glau Gurgel, Klever Ravanelli e Márcio Carneiro
Assistência de palco: Letícia Alves
Programação visual e assistência de cenografia: Hernani Rocha
Confecção do figurino: Ateliê Paz (Samantha Paz e Liduina Paz)
Produção: Menina dos Olhos do Brasil

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Agenda – 2ª semana de Novembro

AGENDA SÃO PAULO

ESTREIA

Guerra

As cidades e nossos pertencimentos nas disputas que se colocam na contemporaneidade são exploradas na peça Guerra. Foto: Divulgação

A dramaturgia de Guerra foi erguida coletivamente pelo grupo A Próxima Companhia nos experimentos cênicos de intervenção urbana efetivados nos territórios em disputa durante a pesquisa – Largo do Arouche, Cracolândia, Santa Efigênia, Favela do Moinho, Luz, Higienópolis e Minhocão. São 12 cenas que focalizam histórias nessas jurisdições. A montagem com direção de Edgar Castro, tem como disparador a tragédia Os Sete Contra Tebas, de Ésquilo. Investe nas questões como apagamento cultural, intolerância, falta de planejamento urbano, homofobia e transfobia, falta de empatia, preconceito estrutural e disputa de território. projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.

Ésquilo apresenta a preparação para as batalhas em Os Sete Contra Tebas. Guerra abre para as armações da luta travada cotidianamente na mais rica e mais injusta capital brasileira, uma das maiores do mundo. A cena cutuca o modelo econômico atual para falar de vidas que são afetadas em sua essência.

Serviço:
Guerra, com o grupo A Próxima Companhia
Quando: De 8 de novembro a 9 de dezembro, de sexta a segunda-feira, às 20h
Onde: Espaço Cultural A Próxima Companhia (R. Barão de Campinas, 529, Campos Elísios)
Quanto: Contribuição voluntária
Duração: 90 minutos
Capacidade: 40 lugares
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3331-0653

Ficha técnica:
Direção: Edgar Castro
Dramaturgia: Victor Nóvoa
Elenco: Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira, Rebeka Teixeira e Lígia Campos
Direção musical: Laruama Alves
Edição de som: Leandro Goulart
Cenografia e Iluminação: Julio Dojcsar
Figurino: Magê Blanques
Produção: Catarina Milani
Assistente de produção: Lucas França
Designer gráfico: Rafael Victor
Material audiovisual: Jamil Kubruk

Novos Baianos

Novos Baianos. Foto: André Wanderley

Os Novos Baianos, quinteto formado por Baby do Brasil, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor deixou uma marca especial na Música Popular Brasileira a partir do final da década de 1960. Essa trupe protagonizou uma revolução rítmica e comportamental, pontuada por liberdade, poesia e coletividade.

Com uma original proposta de vida e de arte, inventou um rock brasileiro, “aquele que mistura guitarra com pandeiro e apresenta ao Tio Sam o tamborim”. Essa história é a base do espetáculo Novos Baianos, que tem texto de Lúcio Mauro Filho, direção de Otavio Muller e direção de Davi Moraes e Pedro Baby. No palco, 12 artistas, entre atores, músicos e compositores.

Serviço:
Novos Baianos
Quando: De 9 de novembro a 15 de dezembro. Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h.
Onde: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana)
Ingressos: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15,00 (Credencial plena)
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (11) 5080-3000

Ficha técnica:
Texto: Lucio Mauro Filho
Direção: Otavio Muller
Direção musical: Davi Moraes e Pedro Baby
Elenco: Ravel Andrade, Beiço, Clara Buarque, Barbara Ferr, João Vitor Nascimento, Gustavo Pereira, João Moreira, Julia Mestre, Miguel Freitas, Mariana Jascalevich, Filipe Pascual e Felipe El
Direção de arte, cenografia e figurino: OPAVIVARÁ
Com colaboração de cenografia de Paula Dager e figurino de Paula Stroher
Assistente de direção e dramaturgia: Fabricio Branco
Iluminação: Tabatta Martins
Coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Visagismo: Rafael Fernandez
Direção de produção: Clarice Philigret
Assistente de produção: Fabricio Branco
Produção: Leandro Lapagesse
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Operação de som: Marcelo Bezerra
Comunicação: Adriana Vieira
Mídia digital: Fernanda Bravo, Jacidio Junior e Raphael Goes
Design gráfico: Tommy Kenny
Preparação corporal e coreografia: Johayne Hildefonso e Gisele Bastos
Direção de palco: Márcio Mésk (Blau)
Contrarregras: Cris Lisboa e Luan Lima
Consultoria técnica: Andreas Schmidt
Produção: Dueto Produções

Quebra-Cabeça

O monólogo documental autobiográfico da atriz Camila dos Anjos Quebra-Cabeça tem encenação de Nelson Baskerville. Foto: Estevan dos Anjos / Divulgação

No solo Quebra-Cabeça, a atriz Camila dos Anjos embaralha suas próprias lembranças às memórias de personagens de Tchekhov e Tennessee Williams. A atriz, que começou a trabalhar aos sete anos na televisão, escancara as frustrações, expectativas e as consequências desse percurso. E engendra com a vida figuras misteriosas do russo Anton Tchekhov e do norte-americano Tennessee Williams, referências para a intérprete ao longa da carreira.

Nelson Baskerville, que assina a orientação de encenação do espetáculo, investe em um cenário leve e etéreo, de véus esvoaçantes, que combina projeções de cenas da atriz nas novelas e séries relatadas, como a visita a um sótão familiar, repleto de cartas, baús e fotografias.

Serviço:
Quebra-Cabeça, de Camila dos Anjos
Quando: Dias 8 e 9 de novembro (sexta-feira e sábado), às 20h; e dia 10 de novembro (domingo), às 19h
Onde: Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Bela Vista)
Quanto: Entrada gratuita. Os ingressos podem ser reservados online pelo site www.itaucultural.org.br. Público beneficiado pelas cotas on-line (obesos, cadeirantes e quem possui mobilidade reduzida): um ingresso + um ingresso para acompanhante. Todos os ingressos serão reservados online. Caso tenha procura presencial no dia do evento, e a pessoa não tenha feito a reserva prévia, haverá fila de espera.
Duração: 60 minutos
Capacidade: 201 lugares (8 de novembro); 224 lugares (9 e 10 de novembro)
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha técnica: 
Dramaturgia e atuação: Camila dos Anjos
Orientação de encenação: Nelson Baskerville
Preparação de elenco: César Resende
Iluminação: Marisa Bentivegna
Cenário: César Resende
Figurino: Marichilene Artisevskis
Direção musical: Daniel Maia
Projeções em vídeo: Raimo Benedette
Ilustrações: Nelson Baskerville
Costura: Judite Gerônimo de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)
Equipe vídeo: Pedro Cortese e Mariana Bonfanti
Realização vídeo: Estúdio B
Operação de som e luz: Victor Merseguel
Assistente de produção executiva: Laura La Padula
Assistentes de produção: Barbara Berta e Leticia Gonzalez
Fotos: Estevan dos Anjos
Identidade Visual e design gráfico: Lucas Sancho
Assessoria de imprensa e mídias sociais: Pombo Correio
Idealização e produção geral: Camila dos Anjos Produções Artísticas
Produção: Contorno Produções
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez
Apoios: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Poiesis, THE CITY – Beauty Boutique e Kayomix Japonês

EM CARTAZ

As Crianças

Mario Borges, Andrea Dantas e Analu Prestes na peças As Crianças. Foto: Guga Melgar/ Divulgação

É a primeira montagem brasileira de As crianças, escrita em 2016 pela dramaturga inglesa Lucy Kirkwood. Na peça, três figuras sexagenárias indagam sobre a finitude e se encontram para um insólito acerto de contas.  A produção carioca estreou no começo do ano no Rio de Janeiro e faz uma curta temporada em São Paulo. 

Com direção de Rodrigo Portella, encenador do sucesso Tom na fazenda, o espetáculo expõe as inquietações de um casal de físicos aposentados, que vive numa casa isolada do mundo, depois que a região foi atingida por um acidente nuclear. Rose, uma colega de profissão chega para visitá-los, com um proposta que vai abalar as tênues certezas do trio.  

A peça segue desvendando os sentimentos dessas figuras, traumas afetivos e a crise ética que os assombra na sociedade em que vivem. Além dos diálogos, os personagens também falam  as rubricas da peça, descrevendo ações que não são mostradas.

Serviço:
As Crianças
Quando: Quinta, sexta e sábado, às 21h; e domingo, às 18h. Até 17 de novembro
Onde: Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, 109, República)
Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (Credencial plena)
Duração: 100 minutos 
Informações: (11) 3350-6300

Ficha técnica: 
Texto: Lucy Kirkwood
Tradução: Diego Teza
Direção: Rodrigo Portella
Elenco / Personagem: Mario Borges / Robin, Analu Prestes / Dayse e Andrea Dantas / Rose
Assistência de direção: Mariah Valeiras
Cenário: Rodrigo Portella e Julia Deccache
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Figurino: Rita Murtinho
Trilha sonora original: Marcelo H e Federico Puppi
Preparação corporal: Marcelo Aquino
Programação visual: Fernanda Pinto
Produção executiva: Bárbara Montes Claros
Direção de produção e administração: Celso Lemos

 

As Mãos Sujas

Peça de Sartre escrita em 1943 reflete sobre a política atual. Foto: Yghor-Boy

O encenador José Fernando Peixoto de Azevedo utiliza recursos cinematográficos inspirados no filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, para propor uma reflexão contemporânea sobre a política, o indivíduo e o coletivo, tendo por base a peça As Mãos Sujas, de Jean Paul Sartre (1905 – 1980). A montagem traça desdobramentos na linguagem de José Fernando e suas investigações que relaciona teatro e cinema.

A peça explora a história de um jovem intelectual que delibera a morte do líder de seu partido quando este propõe uma aliança com partidos conservadores.  A cena surfa em “deslizamentos temporais” e transita entre 1943 (marca em que Sartre situa a ação), o presente e dúvidas sobre um futuro próximo. A guerra ideológica que vivemos nos dias de hoje salta para o centro da cena questionando conceito de partido político, o sentido e as consequências das alianças com forças conservadoras. 

Serviço:
As Mãos Sujas
Quando: De 1º de novembro até 24 de novembro de 2019. Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. No dia 15/11, a sessão será às 18h
Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga)
Quanto: R$ 9 (credencial plena), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30
Duração: 180 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Texto: Jean-Paul Sartre
Tradução: Homero Santiago
Atores: Gabriela Cerqueira, Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinicius, Rodrigo Scarpelli, Thomas Huszar e Vinicius Meloni.
Câmera e edição: Yghor Boy
Direção musical: Guilherme Calzavara
Desenho de som e sonoplastia: Ivan Garro
Música em cena: Ivan Garro, Rodrigo Scarpelli e Thomas Huszar
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Figurino: Marcelo Leão e José Fernando Peixoto de Azevedo
Consultoria para o trabalho de voz: Mônica Montenegro
Consultoria teórica: Franklin Leopoldo e Silva
Assistente de direção: Murilo Franco
Operador de luz: David Costa
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado
Direção e dispositivo de cena: José Fernando Peixoto de Azevedo

Brian ou Brenda?

Brian ou Brenda?, direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim. Foto: Heloísa Bortz

O caso ocorreu em meados de 1960, no Canadá. Na trama, os gêmeos Brian e Bruce são circuncidados por volta dos oito meses de idade, por orientação médica. Durante o procedimento, o pênis de Brian é acidentalmente cauterizado. O psiquiatra John Money – que defende a tese de que os bebês nasceriam neutros e teriam seu gênero definido pela criação – aconselha a operação de redesignação sexual. E os pais educam Brian como uma menina. A criança cresce infeliz naquele corpo; só depois de uma tentativa de suicídio, os pais contam a verdade, e Brenda vai em busca de sua real identidade.

A violência sofrida por David Reimer é um dos episódios mais polêmicos da psiquiatria mundial. Os conservadores usam o caso com escudo para argumentar que uma pessoa biologicamente nascida com o sexo masculino sempre se identificará como homem. Já os teóricos de gênero defendem que o sofrimento causado pela tentativa de impor uma identidade a David é idêntico ao que pessoas transgêneras passam na sociedade conservadora.

Com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, a montagem propõe uma reflexão sobre gênero e o direito de escolhas e desejos de cada um e os limites dos tratamentos médicos e psiquiátricos.

Serviço:
Brian ou Brenda
Quando: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Até 17/11
Onde: Viga Espaço Cênico, Rua Capote Valente, 1323 – Pinheiros – São Paulo
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Duração: 100 min
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (11) 3801-1843

Ficha técnica:
Texto: Franz Keppler
Direção: Yara de Novaes e Carlos Gradim
Assistência de direção: Ronaldo Jannotti
Elenco: Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Fabia Mirassos e Paulo Campos
Cenário: André Cortez
Figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora original: Dr. Morris
Preparação corporal: Ana Paula Lopez
Visagismo: Louise Helène
Direção de produção: Ronaldo Diaféria e Kiko Rieser
Produção executiva: Marcos Rinaldi
Assistente administrativa: Juliana Rampinelli
Fotografia: Heloísa Bortz
Design gráfico: Angela Ribeiro
Assessoria de imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)
Realização: Rieser Produções Artísticas, Diaferia Produções e Da Latta Cultura

Condomínio Visniec

A diretora diz que a peça é uma meditação poética sobre a condição humana e a possibilidade de superação dos nossos conflitos. Foto: Ronaldo Gutierrez

O dramaturgo romeno Matéi Visniec é apontado como um dos principais representantes contemporâneos do Teatro do Absurdo. O espetáculo Condomínio Visniec é inspirado em seis monólogos desse autor – O Corredor, O Homem do Cavalo, O Adestrador, O Homem da Maçã, A Louca Tranquila e O Comedor de Carne – reunidos na coletânea de peças O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo. A montagem é fruto de pesquisa sobre a obra do autor romeno, desenvolvido por Clara Carvalho desde 2015 numa oficina de atores profissionais do Grupo TAPA.

As personagens híbridas são criadas por uma escritora que produz compulsivamente e habita o condomínio com figuras de contornos surrealistas. O espetáculo foi contemplado com o edital ProAc nº 01/2018 para Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro.

Serviço:
Condomínio Visniec, com o grupo Tapa
Quando: Quartas e quintas, às 21h. Até 28 de novembro.
Onde: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros)
Quanto: R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada)
Duração: 55 minutos
Capacidade: 73 lugares
Classificação: 14 anos
Informações: (11) 3801-1843

Ficha técnica:
Texto: Matéi Visniec
Direção: Clara Carvalho
Elenco: Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore, Suzana Muniz
Tradução: Luiza Jatobá
Assistente de direção: Mau Machado
Figurino: Marichilene Artisevskis
Música original: Mau Machado
Desenho de luz: Wagner Pinto
Assistente de Iluminação: Carina Tavares
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli
Preparação corporal e coro cênico: Mau Machado e Suzana Muniz
Design gráfico: Mau Machado
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Fotos (registro processo): Roberto Lajolo
Técnica/Operação de luz: Dida Genofre
Operação de som: André Bedurê
Adereços: Luis Carlos Rossi
Costura e modelagem: Judite Gerônimo de Lima
Costura de enchimento: Paula Gaston
Alfaiate: Miguel Angel Arua
Envelhecimento: Foquinha Cris
Direção de produção: Selene Marinho /SM Arte e Cultura
Coordenação de produção: Ariel Cannal
Produção executiva: Marcela Horta / SM Arte e Cultura

Enquanto Ela Dormia

Enquanto Ela Dormia. Fotos Mayra Azzi

A primeira versão de A Bela Adormecida, de 1648, é o disparador da peça, que investiga a violência contra a mulher e as relações de poder entre os gêneros. Enquanto Ela Dormia convoca a personagem Dora, uma professora de literatura, que presencia uma cena de abuso em um ônibus e sofre ao relembrar os traumas de infância.

O monólogo explora uma linha cronológica das dores do feminino, como, por exemplo, os pés de lótus das mulheres chinesas e a expulsão da deusa Lilith do Paraíso. A diretora Eliana Monteiro entende que “o espetáculo é um mergulho na geografia da dor das mulheres e uma provocação ao que está acontecendo na nossa sociedade”.

A montagem questiona os mecanismos usados para minimizar, esconder, disfarçar, apagar essas violências. Enquanto Ela Dormia percorre três eixos temáticos: o dos contos de fadas, que integram o imaginário universal do feminino; as histórias de amputações, para que a mulher coubesse na sociedade patriarcal; e as memórias de uma história de amor.

Contemplada na 9ª edição do Prêmio Zé Renato, a peça faz parte da programação do projeto Teatros em Movimento, que prevê a circulação de companhias teatrais, seus trabalhos e processos criativos pelas sedes de outros grupos, em diferentes bairros da capital paulista.

Serviço:
Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem
Quando: Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h. Até 24 de novembro
Onde: Sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, 1º andar – Bela Vista)
Quanto: Ingressos gratuitos, distribuídos 1h antes das sessões
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

Ficha técnica:
Diretora artística: Eliana Monteiro
Diretor técnico e light designer: Guilherme Bonfanti
Atriz: Lucienne Guedes
Dramaturgismo: Antonio Duran
Texto: Carol Pitzer
Operador de som: José Mario Tomé e Nayara Konno
Diretor de cena/contrarregra: Evaristo Moura
Operadora de vídeo: Aline Sayuri
Operador de luz: Patricia Amorim
Montador de luz: Diego Soares
Montador de vídeo: Rodrigo Silbat
Trilha sonora: Erico Theobaldo
Figurinista: Marichilene Artisevskis
Cenografia: Marisa Bentivegna
Produção geral: Marcelo Leão
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada

Texto de García Márquez está em cartaz no Centro Cultural Fiesp. Foto: Leekyung Kim

A obra do Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que foi publicada em 1972, narra a trajetória de uma menina de 14 anos, que após um incêndio que destrói a casa da família, passa a ser prostituída pela avó. A adaptação para o teatro é de Augusto Boal. Irene Papas defendeu o papel da desalmada e Claudia Ohana fez Erêndira no cinema, no filme de 1983, com direção de Ruy Guerra. A montagem teatral tem direção de Marco Antonio Rodrigues, dramaturgia de Claudia Barral e canções originais compostas por Chico César. Giovana Cordeiro faz seu début no teatro como Erêndira. Com Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Gustavo Haddad, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. O espetáculo abraça a estética e os recursos do realismo fantástico, seguindo os passos de Gabo.

Serviço:
Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada
Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Até 08 de dezembro
Onde: Centro Cultural Fiesp – Teatro do SESI (Avenida Paulista 1313, Bela Vista)
Quanto: Grátis / Reserva de ingressos: Centroculturalfiesp.Com.Br
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Baseado no conto de Gabriel Garcia Márquez
Adaptação: Augusto Boal
Dramaturgia: Claudia Barral
Tradução: Cecília Boal
Direção: Marco Antonio Rodrigues
Elenco: Giovana Cordeiro, Maurício Destri, Chico Carvalho, Dagoberto Feliz, Gustavo Haddad, Marco França, Eric Nowinski, Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dani Theller, Demian Pinto, Jane Fernandes e Rafael Faustino
Cenografia: Marcio Medina
Figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Tulio Pezzoni
Músicas originais compostas: Chico Cesár
Preparadora corporal: Marcella Vincentini
Design gráfico: Zeca Rodrigues
Fotografia: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Idealização: Instituto Boal
Assistentes de produção: Diogo Pasquim e Carol Vidotti
Produção executiva: Camila Bevilacqua
Direção de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo
Produção: Daltrozo Produções
Realização: SESI São Paulo

Eu de Você

Denise Fraga narra histórias reais no seu novo espetáculo. Fotos: Leo Martins / Divulgação

Sartre pregava, ironicamente, que o inferno são outros. Sim, mas também espelho. A atriz Denise Fraga aposta nesse reflexo, nessa reverberação. A intérprete defende a urgência de ver o outro, olhar pelo olhar do outro.  Ela recebe sempre o público na porta do teatro para reforçar a cumplicidade, o laço de afeto. Denise Fraga gosta de gente e de contar suas histórias. Durante nove anos protagonizou um programa de televisão contando histórias reais: o Retrato Falado, na TV Globo.

No solo Eu de VocêFraga leva ao palco histórias do cotidiano de gente comum e a criatividade para encontrar solução para diversos problemas. O humor é uma ferramenta poderosa nessa montagem. Denise convocou o público a enviar suas histórias para esse projeto, anunciou nos jornais, nas redes sociais. De mais de 400 histórias foram selecionadas 33, costuradas dramaturgicamente com literatura, música, imagens e poesia. Estão em cena em ficção Paulo Leminski, Zezé di Camargo, Tchekhov, Beatles, Chico Buarque, Dostoiévski e Fernando Pessoa.

Serviço:
Eu de Você
Quando: sexta, às 20h, sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Até 15 de dezembro
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi)
Quanto: De R$ 25 a R$ 70
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Idealização e criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
Produção: José Maria
Obra inspirada livremente nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Barbara Heckler, Bruno Favaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda , Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Julio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Marcia Angela Faga, Marcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sonia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinicius Gabriel Araújo Portela, Wagner Júnior
Dramaturgia: Cassia Conti, André Dib, Denise Fraga, Kênia Dias, Fernanda Maia, Geraldo Carneiro, Luiz Villaça e Rafael Gomes
Texto final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Direção de imagens em vídeo: André Dib
Direção de arte: Simone Mina
Direção musical: Fernanda Maia
Direção de movimento: Kenia Dias
Iluminação: Wagner Antônio
Assessoria de Imprensa SP: Morente Forte Comunicações
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Coprodução: Café Royal
Produção: NIA Teatro
Patrocínio: BB Seguros
Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal

Há Dias Que Não Morro

No elenco estão Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi. Foto: Paulo Hemsi 

A encenação visa ampliar o debate sobre os aprisionamentos contemporâneos e os corpos em paranoia. Os disparadores são as discussões sobre segurança e liberdade, projetadas na política atual. Três atrizes viram figuras-bonecas em um cubo-jardim, felizes com os dias ensolarados, com o canto dos pássaros e os desenhos das nuvens. Mas alguma coisa está fora da ordem nesse sistema inerte e cíclico, nessa rotina sem acidentes ou perigos. O que há para além desse jardim artificial?

Há Dias Que Não Morro é a segunda parte da Trilogia da Morte, que teve início em 2016 com a estreia de Adeus, Palhaços Mortos. A peça contou com uma pré-estreia em maio na Turquia, tem texto original de Paloma Franca Amorim e direção coletiva de Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi.

Serviço:
Há Dias Que Não Morro, da Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Quando: Sábados, às 21h, domingos, às 19h, e segundas, às 21h. Até 02/12
Onde: Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213 – Campos Elíseos – São Paulo
Quanto: Gratuito
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 99 lugares
Informações: (11) 3361-2223

Ficha técnica:
Idealização: Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Direção e concepção: Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Texto: Paloma Franca Amorim
Dramaturgia: Aline Olmos, Laíza Dantas, José Roberto Jardim, Paula Hemsi e Paloma Franca Amorim
Encenação: José Roberto Jardim
Elenco: Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Assistente de direção: Luna Venarusso
Cenografia: Bijari
Direção musical e trilha sonora original: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Iluminação: Paula Hemsi
Figurino: Carolina Hovaguimiam
Modelista: Juliano Lopes
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Cenotecnia: Leo Ceolin
Preparação corporal: Maristela Estrela
Design de sistema de operação sincronizado: Laíza Dantas
Operação de luz, vídeo e som: Murilo Gil e Vinicius Scorza
Técnico de som: Murilo Gil
Técnica de luz: Paula Hemsi
Técnica de vídeo: Laíza Dantas
Técnica de palco: Aline Olmos
Produção executiva: Tetembua Dandara
Direção de produção: ultraVioleta_s
Fotos: Paula Hemsi e Victor Iemini

INTERVENÇÃO
Concepção: ultraVioleta_s e Coletivo Bijari
Assessoria Criativa: Fernando Velázquez

Heather

Laís Marques e Paulo Marcello apresentam texto inédito do autor britânico Thomas Eccleshare. Foto: João Caldas

Uma reclusa autora de livros juvenis vira, do dia para a noite, um fenômeno de vendas. Os jovens leitores se identificam com a heroína Greta, o que é um combustível para outras obras lançadas com tesouros no mercado editorial. Mas o recolhimento da escritora pode esconder razões estranham ou obscuras.

A peça Heather, idealizada pela atriz Laís Marques junto a Cia Razões Inversas, com direção de Marco Aurélio, investe na pergunta: “o que interessa mais: o autor ou sua obra?”

Com texto do britânico Thomas Eccleshare Heather, envereda por um surpreendente jogo de aparências na arte que pode contrastar com fatos da vida cotidiana de uma escritora de sucesso. E questiona até que ponto é real a imagem do artista mitificado pelo público.

Serviço:
Heather, da Cia Razões Inversas
Quando: Quinta, sexta e sábado, às 20h30. Nos feriados (2 e 15/11), às 18h. Até 16 de novembro
Onde: Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 9 (credencial plena), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Texto: Thomas Eccleshare
Encenação: Marcio Aurelio
Atuação: Laís Marques e Paulo Marcello
Direção de Arte e Trilha sonora: Marcio Aurelio
Figurino: Cia Razões Inversas
Preparação Corporal: Luciana Hoppe
Produção: Andréa Marques
Fotos: João Caldas
Idealização: Laís Marques

Os Sete Afluentes do Rio Ota

Os Sete Afluentes do Rio Ota: Marjorie Estiano e Caco Ciocler Foto: Michele Mifano/ Divulgação

Os Sete Afluentes do Rio Ota é um épico teatral que traça a jornada do soldado estadunidense Luke, que retorna a Hiroshima, em 1945, para fotografar os sobreviventes da guerra. Essas imagens provocam uma viagem no tempo, até chegar ao ano 2000. O espetáculo da diretora Monique Gardenberg fez um memorável sucesso há 15 anos. A encenadora aposta na atualidade da obra de Robert Lepage para tocar em pautas que ainda estão na ordem do dia, como a intolerância, homofobia, feminismo e posições totalitárias.

O espetáculo é composto por sete capítulos e articula histórias de várias épocas em diferentes partes do mundo faladas em cinco idiomas (português, inglês, francês, alemão e japonês), com legendas. O cenário, criado por Hélio Eichbauer, falecido em 2018, é um elemento fundamental à montagem: são três módulos que se deslocam, se transformam, e atravessam os últimos 50 anos do século 20. A peça possui 350 minutos de duração, com intervalo.

Serviço:
Os Sete Afluentes do Rio Ota
Quando: Quinta a domingo, às 18h, até 1 de dezembro. Na quarta-feira, 27 de novembro, haverá sessão às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 15 (credencial plena), R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Texto: Robert Lepage
Direção e adaptação: Monique Gardenberg
Elenco: Bel Kowarick, Caco Ciocler, Chandelly Braz, Charly Braun, Giulia Gam, Helena Ignez, Jiddu Pinheiro, Johnny Massaro, Lorena da Silva, Madalena Bernardes, Marjorie Estiano, Sergio Maciel, Silvia Lourenço, Thierry Tremouroux
Cenário: Hélio Eichbauer
Figurino: Marcelo Pies
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha sonora: José Augusto Nogueira
Fotografias: André Gardenberg
Direção movimento: Marcia Rubim
Assistente de direção: Arlindo Hartz
Reconstituição cenografia: Luiz Henrique Sá e Carila Matzenbacher
Reconstituição figurino: Sabrina Leal
Produção executiva: Ciça Castro Neves
Direção de produção: Clarice Philigret
Assessoria Imprensa: Morente Forte Comunicações
Assessoria Jurídica: Olivieri Associados
Produção: Dueto

Res Publica 2023

Res Publica 2023. Foto: Karina Lumina / Divulgação

O mundo está tão estranho que uma ficção como Res Publica 2023, uma distopia sobre um futuro próximo no Brasil parece uma visada pela janela ou uma espiada na TV. Escrita e dirigida por Biagio Pecorelli, a peça projeta um Brasil de outro milagre econômico – não para todos, é claro; da valorização de milícias paramilitares conservadoras por meio do poder central e, lógico, a tentativa de banimento e perseguição de qualquer posição crítica. Alguma identificação com a barbárie do presente não é mera coincidência.

Um bando de jovens, que não se sente contemplado com a “prosperidade” do país, vive na pindaíba. Perseguidos justamente por buscarem a liberdade, eles coabitam numa república e trazem da rua entulhos que utilizam para enfrentamento e amparo. Enquanto buscam formas de sobreviver,  erguem manifestos performáticos e exibem números musicais.

Res Pública 2023 foi recentemente censurada pela Funarte, um indício de perseguição do governo da vez à cultura e às artes. A decisão da instituição foi baseada exclusivamente em uma sinopse, com uma explicação que dizia que “o espetáculo não reúne as qualidades artísticas para ocupar o espaço pretendido”.

Serviço: 
Res Pública 2023, d’A Motoserra Perfumada
Quando: De quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 20h. Até 10 de novembro
Onde: Centro Cultural São Paulo )Rua Vergueiro, 1000, Paraíso)
Quanto: R$40 e R$20 (meia-entrada). Os ingressos são vendido pela internet no site Ingresso Rápido, e na bilheteria do teatro duas horas antes do início da peça
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 100 pessoas

Ficha técnica:  
Texto e direção artística: Biagio Pecorelli
Elenco: Biagio Pecorelli, Bruno Caetano, Camila Rios, Edson Van Gogh, Jonnata
Doll e Leonarda Glück
Diretora de produção: Danielle Cabral
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Assistente de iluminação e operador de luz: Rodrigo Pivetti.
Preparação Viewpoints: Guilherme Yazbek
Assistente de direção: Dugg Monteiro
Cenário e figurinos: Rafael Bicudo e Coko
Design de som/sonoplastia/trilha sonora: Dugg Monteiro
Produtoras de operações: Victória Martinez e Jessica Rodrigues
Arte de divulgação: Bruno Caetano
Fotos de divulgação: Priscila Prade
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Realização: A MOTOSSERRA PERFUMADA
Produção geral: DCARTE E CONTORNO

Tio Ivan

Montagem do Núcleo Teatro de Imersão está em cartaz na Oswald de Andrade. Foto: Hernani Rocha

O Tio Vania, do escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904), menciona algumas questões que parecem que falam do Brasil contemporâneo: o imperativo de trabalhar para um patrão até o fim da vida, o descaso político com a carreira do professor e do pesquisador acadêmico, a destruição das florestas, as precárias condições da saúde pública. O texto escrito em 1897  assombra por sua atualidade.

No enredo, o administrador de fazenda Ivan, sua sobrinha Sônia e Miguel, o médico da família, têm suas vidas desestabilizadas pela chegada à propriedade do célebre professor Alexandre, agora aposentado, e de sua jovem e bela esposa Helena. Na adaptação da diretora e atriz Adriana Câmara, a fazenda russa cede lugar a uma região rural paulista no início da República Velha. Os espectadores percorrem diversos ambientes, como testemunhas invisíveis dos conflitos dos personagens que os rodeiam, sem separação entre palco e plateia.

Serviço:
Quando: Sábados, às 15h30 e às 18h, até 14 de dezembro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro)
Quanto: Gratuito. Os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência
Duração: 105 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade: 30 lugares
Informações: (11) 3222-2662

Ficha técnica:
Realização: Núcleo Teatro de Imersão
Direção: Adriana Câmara
Texto: Anton Tchekhov
Adaptação do texto, cenografia, figurino, produção executiva e de arte: Adriana Câmara
Elenco: Adriana Câmara, Áquila Mattos, Ariana Slivah, Glau Gurgel, Klever Ravanelli e Márcio Carneiro
Assistência de palco: Letícia Alves
Programação visual e assistência de cenografia: Hernani Rocha
Confecção do figurino: Ateliê Paz (Samantha Paz e Liduina Paz)
Produção: Menina dos Olhos do Brasil

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é

Montagem A geladeira, da Companhia AntiKatártiKa Teatral (AKK). Fotos: Junior Aragão

Montagem A geladeira, da Companhia AntiKatártiKa Teatral (AKK). Fotos: Junior Aragão

log-cena-bsbNelson Baskerville, diretor de A geladeira, argumentou em uma entrevista que qualquer obra que se posicione a favor dos “direitos LGBT é de extrema importância, pois o preconceito é um erro e não apenas uma piada. Ele mata”. Copi, pseudônimo do franco-argentino Raúl Natalio Roque Damonte Botana, (1939-1987) impregnou seu trabalho de um caráter transgressor e advogou pela plena liberdade de se ser o que é. Esse dado contra o preconceito aufere relevância no Brasil em que grupos fundamentalistas ganham espaços de poder e carregam atrás de si fiéis que acreditam nas asneiras preconceituosas, inclusive na “cura gay”.

A crítica ao preconceito é uma linha de uma rede dessa montagem da companhia AntiKatártiKa Teatral (AKK), com o ator Fernando Fecchio. Mas não é a única. A geladeira envereda por questões caras da nossa modernidade líquida, de identidades estilhaçadas e de solidão que beira ao absoluto.

“O texto traz a marca da caricatura, do desenho cômico, que busca marcar o gestual, ‘fixar’ expressões ou situações, como se o tempo congelasse neste quadro, mas se seguisse o gesto pela sua retomada no quadro imediatamente seguinte. Certo ‘exagero’, típico da caricatura, é artifício para se vislumbrar a realidade aumentada, potencializada em todas as possibilidades.” Atesta a poeta e pesquisadora pernambucana Renata Pimentel sobre a obra do escritor, dramaturgo, cartunista e ator travesti, em seu livro Copi – Transgressão e Escrita Transformista (Editora: Confraria do Vento, 2011).

A produção de Copi é difícil por estar revestida de grossas camadas culturais. Baskerville aponta para alguns fundos falsos na peça. O primeiro plano de A Geladeira explora o lado engraçado e cheio de clichês da situação vivida pela protagonista. Ao atingir uma certa profundidade, outra cava é desvendada para provocar outras reflexões. A cena mostra complexidades, em meio a tiradas irônicas, sarcásticas, mordazes.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman nos indica que a “‘identidade’ só nos é revelada como algo a ser inventado, e não descoberto” na modernidade líquida. E que “as identidades ganharam livre curso, e agora cabe a cada indivíduo capturá-las em pleno voo”.

Essas questões de Bauman são projetadas no espetáculo. O ator Fernando Fecchio se desdobra em vários personagens da peça. Um ser andrógino, L. se apresenta como homossexual em estado de esgotamento ao completar 50 anos e ser presenteado com uma geladeira; sua psicóloga – A pastora/psiquiatra; a criada Goliasta, a sua própria Mãe, vozes do telefone – como o amigo Hugh, da Autrália; e do relógio da sala, ou o fantasma de si mesmo. No texto L., mostra-se um ser andrógino

Baskerville dispõe na beirada do palco de cubos de formar palavras, a frase “Todo mundo é gay”. Isso norteia o eixo do personagem homossexual, que se desdobra em outros. De ex-modelo histérico, que busca escrever sua autobiografia, que é estuprada pelo seu chofer, que é chantageado por sua mãe.

peça A geladeira do Companhia AntiKatártiKa Teatral (AKK). Foto: Junior Aragão

Espetáculo tem direção de Nelson Baskerville

A figura se desconstrói e se transforma em ações non senses, que ressignificam o mundo contemporâneo. Desses tempos marcados pela fragmentação do indivíduo. O ator transita com propriedade pelos personagens, dança, modula vozes, desnorteia o espectador.

Fernando Fecchio opera o jogo, a sobreposição, a aglutinação e o confronto em uma cena frenética, em que muda de papéis com um ou outro adereço cênico, ou manipulação de uma boneca de tamanho humano.

O ritmo é acelerado, num jogo de diálogos aparentemente ilógicos. Carregados de estranhamento, com toques grotesco, imagens de distorções, elementos kitsch, exageros. O intérprete se estica com potência nesse jogo entre personagens, em que essas figuras da cena buscam esconder o fator precário, às vezes dolorido da existência, típico da criatura contemporânea.

É interessante que o título e o elemento propulsor seja um refrigerador, objeto de consumo comum a todos e que remete para o paradigma do gasto da pós-modernidade em batimento com a ideia de produção da modernidade. Esse sujeito plural, heterogêneo está fraturado por carências, falhas, urgências.

Fernando Fecchio se multiplica em vários papéis

Fernando Fecchio se multiplica em vários papéis

O fotógrafo David LaChapelle – com sua leitura escrachada “de contrastes assustadores e nuances surrealistas”, que para suas imagens capta o clima da excitada sociedade de consumo é uma referência na concepção visual do espetáculo. As cores vibrantes do cenário e a tentativa desesperada de glamour para o personagem da peça traz esse toque de beleza e bizarro. Em algumas fotos de LaChapelle, o mundo desmorona e um elemento na imagem tenta manter o charme.

Mas se o diálogo com o fotógrafo puxa para o universo pop o século 21, a geladeira vermelha instalada no meio da cena é vintage, e sobrevive entre outros adereços que parecem sucatas e que conferem um clima de decadência.

A trilha sonora reforça o ambiente entre os anos 1970 e 1980, com clássicos de artistas como Barry Manilow, Queen e Love Unlimited Orchestra e números típicos das boates gays.

Os apontadores setecentistas e oitentistas também colocam um pé no freio no vigor do texto de Copi com suas bizarrarices e contradições, de traços extravagantes. É como se a audácia e o universo avassalador de Copi se perdesse um pouco pelo caminho em planos estilísticos já repetidos à exaustão.

O dramaturgo franco-argentino Copi vem sendo descoberto no Brasil

O dramaturgo franco-argentino Copi vem sendo descoberto no Brasil

Ficha Técnica

Autor: Copi.
Direção: Nelson Baskerville.
Assistente de direção: Thais Medeiros.
Assistente de movimento: Erika Puga.
Elenco: Fernando Fecchio.
Preparação corporal: Tutto Gomes.
Figurino: Marichilene Artisevskis.
Cenário: Amanda Viera e Nelson Baskerville.
Aderecista: Amanda Vieira.
Boneca adereço: Marcela Donato.
Visagismo: Emi Sato .
Iluminação: Wagner Freire.
Trilha Sonora: Daniel Maia e Nelson Baskerville.
Assistente Técnico: Felipe Jóia.
Fotos: Sossô Parma e Raul Zito.
Apoio teórico: Renata Pimentel.
Produção: Fernando de Marchi -De Marchi Produções.
Criação: AntiKatártiKa Teatral (AKK).
Duração: 50 minutos

Postado com as tags: , , , ,