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Minha pequena maratona pelos bosques do Mirada

Erupção – O levante ainda não terminou, da ColetivA Ocupação, de SP. Foto: Matheus José Maria / Divulgação

Fuck me, espetáculo da argentina Marina Otero. Foto: Diego Astarita / Divulgação

Hamlet, montagem com artistas com Síndrome de Down da Teatro La Plaza, de Lima, Peru. Foto: Divulgação  

Cuando Pases Sobre Mi Tumba, do dramaturgo e diretor franco-uruguaio Sérgio Blanco. Foto: Divulgação

La Mujer que soy, do Teatro Bombón, da Argentina. Foto: Divulgação

Fiz minha pequena maratona pelos bosques do Mirada. 13 espetáculos + um e uma abertura de processo em seis dias, de 12 a 17 de setembro. Minha curadoria particular seguiu alguns critérios. Montagens com maior dificuldade de ver depois, visto que não desceriam a serra ou pouco provavelmente circulariam pelo Brasil. Alguns grupos que já conhecia, interesse pela temática, disponibilidade de ingresso e intuição, ou seja, apostar no que a produção estava vendendo como espetáculo. Dessa forma consegui assistir peças de Portugal, Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai.

O Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas ocorreu entre 9 e 18 de setembro. Cheguei no quarto dia de festival e fui embora antes do fim. Acho que tenho algum problema com essa ideia de fim.

No Mirada acontecem tantas coisas ao mesmo tempo, com choques de horários, que é humanamente impossível acompanhar tudo. Então existem muitos Miradas dentro do Mirada, como ocorre com grandes festivais pelo mundo. Performances, ações formativas, lançamento de livros, etc. etc. etc.  Só de espetáculos programados foram 36.  Alguns não verei jamais e espero que não sejam os que me tocariam profundamente. Mas isso a gente nunca saberá. Parecem ideias tão abstratas como as possibilidades de encontros não concretizadas.

Foi um percurso irregular em meio a essa profusão de vozes que projetam, talvez, o recorte mais cintilante da produção contemporânea das artes cênicas ibero-americanas.

De gratas surpresas e pequenos desapontamentos (mas isso é porque de algum modo havia expectativa), confirmações e inquietações. A vida é um pouco assim, né?!!!

No ano que marca o bicentenário da “Independência” do Brasil, Portugal é o país homenageado. Independência com muitas aspas, mas a data é oficial. É uma provocação pensar sobre a relação entre os dois países. Isso foi posto em cena de alguma forma. Nós que avançamos de colônia à monarquia até chegar à República, já passamos por tanta coisa: “libertação”, eleições restritas, ditaduras, golpes, ditaduras, eleições amplas, democracia, golpe, de-mo-o-quê?, a “invasão” de Portugal por brasileiros que fugiram desse estado de coisas dos últimos quatro anos. Não sei se assisti aos mais impactantes espetáculos portugueses. Mas muitas redes foram trançadas, vi de longe.

Farei um passeio pelos espetáculos que acompanhei desse evento produzido pelo Sesc São Paulo, por ordem das peças que assisti, mas isso pode mudar ao longo do caminho. 

As atrizes Mayra Homar e Maiamar Abrodos estão no espetáculo La Mujer que Soy. Foto: Divulgação

La Mujer que soy, Teatro Bombón

O saguão do histórico Atlântico Hotel, situado defronte do mar de Santos ficou animado para as apresentações da peça La Mujer que Soy, uma produção do festival argentino Teatro Bombón, de Buenos Aires, Argentina, que se tornou o xodó do Mirada, com todas as sessões lotadas.  O número reduzido de espectadores, o local fora do teatro (a peça foi criada para ocorrer em site specific), a simultaneidade da encenação em dois apartamentos exibindo duas perspectivas da mesma história, talvez, tenham sido o chamariz.

As surpresas positivas ainda são maiores no jogo cênico. Escolhi começar pelo lado B, Martha’s, um apê sóbrio, que traduz o estilo de vida da moradora. Num pequeno espaço, com cerca de 30 espectadores “muito unidos”, a personagem Cecilia, a filha (Mayra Homar) chega com a namorada (Daniela Pal) na casa de Marta, a mãe (Silvia Villazur), para passar uma temporada. Marta, e a plateia, suspeitam que a namorada é uma tremenda aproveitadora, disposta a dar uns golpes enquanto faz declarações de amor.

No lado A, Mercedes’, um apê vibrante, de temática queer; Marta tenta reconquistar o carinho do ex-marido, a travesti Mercedes que fez a transição de gênero após o divórcio, vivida pela atriz transexual Maiamar Abrodos. É inspiradora como é conduzida na peça uma relação amorosa entre uma mulher trans e outra cisgênero, sem conotações estranhas ou discriminatórias: um exercício amoroso no fluxo de vida. 

É uma história de gente comum, às voltas com seus dramas ordinários, movida pela busca de felicidade, contada de forma emotiva e com uma proximidade desconcertante. A dramaturgia e direção de Nelson Valente equalizam as tensões com maestria.

Para mim se destacam nesta montagem as corpas insubmissas aos padrões de beleza, a bulir de desejo e que vão à luta para conquistar o que querem.

La Mujer que Soy me ganhou pelas interpretações fortes, com intensidade e entrega e vibração específica, marcadas de uma jeita argentina de ser, algo que vai do estridente à delicadeza. E como destaque dessa cena, a atuação de Silvia Villazur com sua presença intensa, com capacidade de dizer muito com um levantar de sobrancelhas ou um pequeno gesto com a cabeça. Fez o coração do público pulsar em suas mãos.

Essa lente de aumento para uma determinada realidade que o Teatro Bombón propõe é super interessante. Criado em 2014 enquanto festival de arte site-specific de obras curtas, o programa já chegou a dez edições, com mais de  60 obras originais de teatro, dança e performance. Com curadoria de Monina Bonelli, Cristian Scotton e Sol Salinas, o Teatro Bombón ativa o sentido comunitário do fazer teatral, que, ao que parece, tem resultados excelentes de reconexão humana.

A Produção no Brasil é assinada pela OFF Produções Culturais, com André Cajaiba, Celso Curi, Heloisa Andersen e Wesley Kawaai.

La Mujer que Soy foi um dos melhores momentos do meu percurso neste sexto Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas do Sesc, o Mirada 2022.

Orgia, Pasolini, montagem portuguesa com direção de Nuno M Cardoso. Foto: Raquel Balsa / Divulgação

ORGIA, PASOLINI Teatro Nacional 21 

Há uma radicalidade na encenação de Orgia, Pasolini, do diretor português Nuno M Cardoso, que não é fácil de entrar, ou de ficar. A densidade do texto exige muita atenção e disponibilidade da plateia. A ação cênica é rara, quase ausente. Os elementos da encenação são reduzidos. O diretor já disse que se espera que plateia ouça mais que veja.

O palco se transforma em altar sacrificial, um círculo de muitas toneladas de argila preta onde os atores se confundem com o material – uma instalação da artista Ivana Sehic. Um território enlameado combina violência, culpa e obsessão. Mas não é uma história pornográfica ou erotizada. O figurino negro, a luz baixa, os elementos são combinados para saturar o trajeto noturno.

Orgia ocorre num domingo de Páscoa. Um homem já morto vai ao teatro contar sobre os momentos finais da sua vida e elucidar o motivo do suicídio. Uma voz póstuma, entre narrador e protagonista a “rebobinar a existência”. Ele e uma mulher buscam se entregar aos prazeres sadomasoquistas, mas a moral hipócrita da sociedade produz a esquizofrenia, que pressiona a mulher a se suicidar. O homem vai atrás de outra parceira, mas ele se suicida.,

Teatro da palavra, protagonismo da palavra, Orgia é reflexão densa, profunda sobre Eros e Tânatos. É arma contra o pensamento precário destes tempos.

A peça adentra pelos rituais de continuidade em repetição. As figuras são ideias a serem ouvidas durante uma hora e meia. Três intérpretes (Albano Jerónimo, Beatriz Batarda e Marina Leonardo) se deslocam no palco. Albano Jerónimo e Beatriz Batarda lutam, sem fúria. Os movimentos são contidos, a velocidade é lenta. Mas a palavra fere.

Festa de inauguração, do Teatro do Concreto, com direção de Francis Wilker Foto: Diego Bresani

Festa de inauguração  – Teatro do concreto

A história é uma construção, com predominância das narrativas dos vencedores, ou seja, da elite, é o que performa o Teatro do Concreto na sua Festa de inauguração, apresentada na Casa da Frontaria Azulejada. Mas de vez em quando os subalternos driblam essa regra. A peça foi inspirada numa reforma por infiltração no teto do Salão Verde do Congresso Nacional, em 2011. Foram encontradas no local mensagens (para o futuro) escritas a lápis, nas paredes que ficam entre o forro e a laje, pelos operários que construíram o prédio em 1959.

Entre os registros, o de José Silva Guerra, datado de 22 de abril: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”.

O espetáculo, com Gleide Firmino, Micheli Santini, Adilson Diaz e Diego Borges, trabalha o ciclo constante da humanidade de construção-destruição-construção para irradiar com humor corrosivo, às vezes com melancolia, ou até faíscas de esperança, a relação entre o público e o privado, o que de público é realmente usufruído pelo coletivo e o confisco da coisa pública por alguns privados.  

A dramaturgia de João Turchi e a direção de Francis Wilker manejam em quadros performativos os conteúdos soterrados que emergem em algum apontamento da história pela ação artística.

A plateia participa ativamente dos momentos de quebrar e do ajuste de compor os destroços para a próxima sessão. Há algo de esperançar nesse performar ruínas.

Uma alegria assistir a essa montagem em que o microfone da peça e a coroa do príncipe de Shakespeare são revezados pelos atores. Um Hamlet inesquecível. Foto: Divulgação

Levar ao palco uma visão de mundo revigorada por jovens e adultos com Síndrome de Down foi o que o grupo peruano Teatro La Plaza fez no espetáculo Hamlet. A experiência dessas pessoas preenche algumas lacunas da máquina da ficção e desloca outras brechas para criar diferentes percursos para o clássico de William Shakespeare.

Sem pudores nem autocomplacência, a turma segue e subverte as pulsações do príncipe da Dinamarca, potencializa Ofelia, cria outras armadilhas para Claudio. Ao falar direto com a plateia sobre a condição deles, algum tipo de comprometimento intelectual ou dificuldade motora, o elenco revela sobre a singularidade de cada artista, de forma engraçada e apaixonante. E mais, o elenco reafirma como é difícil e prazeroso fazer teatro.

Com irreverência, originalidade e eco pop, a montagem – assinada pela peruana Chela De Ferrari com dramaturgismo com Claudia Tangoa, Jonathan Oliveros e Luis Alberto León –  propõe algumas subversões. Dificuldades de fala e linguagem, problemas de habilidades sensoriais e perceptivas são levantados para apontar que nosotros / nosotras temos algo quebrado, insuficiente, qualquer um e como é difícil reconhecer.

Ao combater o preconceito e a discriminação com uma onda elétrica de humanidade, pela via do teatro, os artistas do La Plaza sinalizam para quem quiser ver e ouvir que como é baixa nossa vã filosofia sobre normalidade e arte.

Vida longa à ColetivA Ocupação, de São Paulo e a sua Erupção – O levante ainda não terminou, que estreou no Mirada. Foto: Divulgação

Erupção – O levante ainda não terminou

Estreia disputada do espetáculo Erupção – O levante ainda não terminouda ColetivA Ocupação, de São Paulo, com direção de Martha Kiss Perrone.  A montagem foi gestada da indagação: “O que é o fim do mundo para mundos que já terminaram há muito tempo?”. A existência é luta no trabalho desses jovens artistas que carregam a cena de revolução, festa, guerra, subversão no tempo espiralado entre passado e futuro, numa perspectiva decolonial. As corpas cis e trans fervem e desse calor são traçadas coreografias, experimentados breves virtuosismos da dança urbana, numa insubordinação da Terra que borbulha e gente se revolta.

Há uma mistura de bruxaria negra, levante dos Malês, Revolução de São Domingos e uma energia concentrada de que a guerra é contra todos aqueles que os querem matar, fisicamente, intelectualmente, psicologicamente, e de outros jeitos.    

A coletivA é feita por jovens artistas que buscam o protagonismo de suas histórias com sede de liberdade.  Erupção – O levante ainda não terminou é a segunda peça da companhia que chegou chegando com Quando Quebra Queima (2017), erguida nas ocupações de escolas públicas em São Paulo.

A presença quente dessas garotas e desses garotos nesta segunda peça da ColetivA Ocupação projeta-se vibrante e utópica. Em Quando quebra queima, o elenco transpirava arte com um jeito meio desengonçado das corpas desequilibradamente de adolescentes em  crescimento, aquela fase de transição em que há desajustes de domínio. Em Erupção – O levante ainda não terminou, a trupe chega com carga total de hormônios. E ainda destreza das corpas, ousadia e uma beleza coletiva contagiante, numa mostra de que a vida que importa é poesia, e essa poética se traduz em revolução. A montagem cruza temas como colonialidade, questões ambientais, genocídios e antirracismo. Vida longa e força na luta para a ColetivA Ocupação, de São Paulo e seu espetáculo Erupção – O levante ainda não terminou. Evoé!!!

Tijuana, com o ator Lázaro Gabino Rodríguez. Foto: Divulgação

A crise de representatividade como questão da política, e do teatro, é tensionada pelo coletivo mexicano Lagartijas Tiradas ao Sol, no espetáculo Tijuana. Nele, o ator Lázaro Gabino Rodríguez conta e performa sua experiência quando adotou / inventou a identidade, por quase seis meses, de Santiago Ramírez, um cidadão que vai morar em Tijuana (Baja California, na fronteira com os Estados Unidos), para ganhar um salário-mínimo numa fábrica.

Com essa experiência, o artista buscou explorar as possibilidades de representação. “Viver” a vida de outra pessoa, isso seria atuar? Essa é uma pergunta constante no trabalho.

Santiago Ramirez “escolheu” morar numa das regiões mais pobres da cidade, onde alugou um quarto numa casa de família.

Gabino Rodriguez é um ator com bom trânsito no circuito dos festivais internacionais. Em Tijuana ele expõe seus arquivos de texto e vídeo, narra o que passou e embaralha o status de verdade. A família que lhe alugou o quarto aceita tão plenamente o disfarce como real que Ramirez é agregado nos almoços de domingo.

O intérprete viveu esse tempo apartado do seu mundo de classe média e mergulhou na dureza da vida operária. Não atingiu os seis meses com 3,5€ euros por dia, desafio que tinha se proposto. Pesaram as dores nas costas, o medo de ser desmascarado e agredido por não ser quem dizia ser até a morte, a pressão do bairro, a falta de água quente. A rotina massacrante comprometeu, aos poucos, sua condição emocional.

Essa dramaturgia baseada em práticas dos teatros do real, documentário e performativo desloca a percepção do espectador. Os procedimentos do real e do ficcional são borrados durante a encenação provocando desequilíbrios constantes na apreensão cognitiva e percepção sensorial do espectador. 

A peça integra um ousado projeto chamado La Democracia in Mexico e prevê a criação de uma série de espetáculos na intenção de conjeturar acerca da realidade mexicana e suas contradições.

Fuck me, espetáculo de Marina Otero com cinco bailarinos. Foto: Divulgação

A argentina Marina Otero realmente me desconcertou com seu com Fuck me. Saí atordoada do espetáculo, sem saber o que pensar nos primeiros momentos. Sotero aparece em cena andando com dificuldade e convence que se arrebentou na lida da dança radical, nos traumas e tombos, nas quedas de quebrar ossos.  Mas em Fuck me, a fraqueza é apenas uma máscara da bailarina imponente.

A artista levou seu corpo ao limite humano em prol de seus projetos. Esse equipamento de carne-nervos-sangue-ossos submetido a tantos choques e aberturas aparece danificado na cena. Prejudicada com seu instrumento de trabalho, ela convoca cinco bailarinos, belos, musculosos e dispostos a tomar o lugar de sacrifício para substituí-la na cena, na derradeira parte de um autorretrato criado por Otero.

São cinco Pablos, nome escolhido pela dançarina e coreógrafa argentina, entregues à causa narcisista de Marina Otero. Cada um deles narra um pedaço da trajetória dela. Marina dança desde a infância. É uma obsessão desde lá. E ela revela mais de sua vida, a filha de pai militar, e a repercussão da trajetória da ditadura que devastou seu país, a misoginia e o machismo de homens com os quais se envolveu. A violência que sempre atravessou seu corpo.

Marina é convincente e os arquivos de sua vida pregressa comprovam as manobras corporais feitas pela artista, que beiram a autodestruição, alguns espetáculos, suas memórias familiares e os registros do hospital que dão testemunho de sua espinha estragada. O sofrimento, a operação, a dança que cai.

Foi numa cama de hospital que ela concebeu essa última parte da série auto fictícia Recordar para Vivir, iniciada em 2012 com Andrea, seguida em 2014 com Recordar 30 Años para Vivir 65 Minutos. Ela lembra uma Frida Kahlo do século 21, às voltas em expressar com arte suas dores de corpo quebrado, de ser ela própria arte apesar de toda ruína. É impactante, desafiador.

Essa peça-catarse remete para qualquer coisa de amodovariana na exposição desses destroços, desses elementos que a artista leva para o palco, da criação feita enquanto se recuperava de uma grave lesão na coluna, ocorrida em 2019. O acidente a deixou sem caminhar, dançar e trepar, que em sua prática está tudo relacionado.

Marina embaralha os tempos presente e passado. Mesmo quando se apresenta como uma velhinha com limitações motoras, ela se mostra altiva a exigir de seus bailarinos uma doação máxima. Sem poder dançar, ela passa para eles a missão de executar movimentos ousados, extravagantes, numa multiplicação dela mesma.

Essa peça arrebatadora atiça nas suas camadas os efeitos do passar do tempo. Traz um desempenho deslumbrante dos bailarinos Augusto Chiappe, Cristian Vega, Fred Raposo, Matías Rebossio, Miguel Valdivieso. É possível lembrar da autoflagelação de Angelica Liddell. Mas Marina Otero tem um percurso todo seu, deslumbrante na oscilação do tragicômico. E acima de tudo admirável e imprevisível em sua cena final.  

Cuando Pases Sobre Mi Tumba, com dramaturgia e direção de Sergio Blanco. Foto: Divulgação

“A verdade também se inventa”,  é uma frase do espetáculo Tijuuana, do coletivo mexicano Lagartijas Tiradas ao Sol, mas que cabe muito bem em outras peças.

As pistas falsas traçam os fios no jogo da autoficção do dramaturgo franco-uruguaio Sérgio Blanco na peça Cuando pases sobre mi tumba. Mais uma vez ele narra sua própria morte de forma fictícia e nesta montagem Blanco é interpretado por Sebastián Serantes. Ele decide morrer e para isso recorre ao suicídio assistido, em uma clínica em Genebra, na Suíça. Faz uma consulta com o Dr. Godwin (Gustavo Saffores). O último desejo de Sergio é que seu corpo, depois de enterrado, seja violado por um jovem necrófilo iraniano (Felipe Ipar).

Blanco faz uma autópsia do desejo de poder decidir sobre o término da existência. E explica na encenação a diferença entre a morte assistida e a eutanásia. O tema é tabu e quem já viu alguma coisa da trajetória do artista prossegue encantada com sua capacidade de criar tramas tão inventivas, que não sabemos o que é real e o que não.

 Blanco, que assina o texto e a direção, tem um estilo único de misturar elementos, de ajustar a progressão dramática, mexer com  gráficos projetados, utilizar intervenções musicais, manejar com precisão drama pesado com momentos engraçados. 

A encenação é dinâmica e encantadora, intensa e maneja bem as emoções. Blanco é expert em manter a plateia entusiasmada por suas histórias.

La Luna en El Amazonas, do Mapa Teatro, da Colômbia. Foto: Rolf Abderhalden / Divulgação

La Luna en el Amazonas – Mapa Teatro

Mas é preciso apressar o passo desse passeio. E serei mais suscita nas próximas paragens. Espero.

O espetáculo La Luna en el Amazonas, dirigido pelos irmãos Heidi Abderhalden e Rolf Abderhalden, do grupo Mapa Teatro, de Bogotá, faz conexões da realidade atual com episódio do século 19, sobre uma comunidade indígena que se isolou em virtude da violenta invasão ao seu território na Amazônia colombiana.

O espetáculo faz referências ao filme Memória (2021), do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, gravado na Colômbia e com atuação de dois atores da peça.

Para erguer a montagem eles fizeram uma cuidadosa pesquisa cruzando textos  científicos e ficcionais, articulando potente material visual, sons eletrônicos e música ao vivo e o resultado é uma enxurrada de imagens, arranjadas em variadas velocidades e combinações que se assemelha a uma viagem lisérgica.

 São muito graves denúncias de destruição, assassinatos, apropriações que o grupo faz com no espetáculo. A trupe fala em resistência poética das áreas da floresta contra uma possível nova colonização. Mas não consegui abraçar em plenitude o excesso de informações, imagens, jogos visuais e gráficos, dramaturgia desse quase-manifesto.

Brasa, de Tiago Cadete. Foto: Bruno Simão / Divulgação

Brasa – Tiago Cadete/Co-Pacabana

Séculos se passaram desde a chegada dos portugueses ao que hoje chamamos de Brasil. Depois disso, sabemos agora com mais consciência (torço), vieram a colonização, evangelização forçada, escravização dos povos originários e dos trazidos forçosamente da África, tudo isso realizado com muita violência e incalculável número de mortos. Tiago Cadete é um criador lusófono que investiga os impactos desses processos e as relações entre Brasil e Portugal atualmente.

Brasa, de Cadete examina essas negociações atuais desse ato de cruzar os oceanos de antigos colonizadores e colonizados, agora motivado por outras ordens e o aumento das migrações de brasileiros para Portugal.

O próprio Tiago Cadete vivenciou esse trânsito entre entre Lisboa e Rio de Janeiro nos últimos oito anos. Artista performativo e visual, o português veio ao Brasil para cursar pós-graduação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ao lado de cocriadores migrantes dos dois países – Isabél Zuaa, Julia Salem, Keli Freitas, Magnum Alexandre Soares, Ana Lobato, Dori Nigro, Gustavo Ciríaco e Raquel André -, Cadete constrói sua Brasa de crítica histórica.

Na peça ele expõe atritos de percepções e convergências e tenta aprofundar a análise em algumas perspectivas. Leva à cena com doses de humor a “Carta do Achamento do Brasil”, do Pero Vaz Caminha, desdobrada em outras sequências em que são exploradas questões de xenofobia e ações antidemocráticas de vários tipos, em graus ampliados.

A plateia é alojada em um dos dois espaços cenográficos e acompanha imagens de uma floresta em chamas, dança das caveiras, referências ao futebol, à língua, aos sentimentos  para fazer arder um pensamento crítico sem subserviência.  

Discurso de Promocion, com o Grupo Yuyachkani. Foto:Musuk Nolte / Divulgação

Discurso de Promocion, com o Grupo Yuyachkani. Foto:Musuk Nolte / Divulgação

Discurso de Promocion – Grupo Yuyachkani

O grupo peruano Yuyachkani explora uma linha memorialística em seus trabalhos e em Discurso de promoción (Festa de formatura) passa em cena o bicentenário da Independência do Peru, agenciando criticamente as heranças coloniais. Existe uma exuberância na cena que beira o caótico e o exagero para apresentar vários períodos históricos e a crítica a esses momentos. A trupe teatral nascida em 1971 tem uma importância indiscutível para o mapa das artes do seu país, tanto por sua atuação coletiva quanto pelas escolhas políticas, das teatralidades peruanas e das tradições indígenas.

O Yuyachkani utiliza nas suas obras arquivo documental, fotografia, instalação, dança e jogo, valorização do corpo no espaço e ativismo cidadão, como eles chamam. Sob a direção de Miguel Rubio Zapata, Discurso de promoción tem de tudo isso um pouco, de forma muito intensa. Entre ações performativas, envolvendo cultura popular e dispositivos do teatro documentário são mais de duas horas.

Apresentado no Herval 33, uma espécie de grande galpão em Santos, a ação se deslocava no espaço cênico e o público precisava acompanhar as andanças, ora sentando-se no chão, ora ficando em pé, o que provocou um cansaço desnecessário. Há de ter outras soluções menos incômodas para a fruição do espetáculo.

A encenação passa por vários estados – do festivo ao fúnebre – e começa com uma espécie de quermesse em que estudantes com um civismo cego exaltam o bicentenário da independência e com apresentações amadoras buscam arrecadar dinheiro para a formatura da turma, que será comemorada com uma excursão a Machu Picchu, cidade edificada pelos incas.

O segundo ato dá uma guinada para a revisão crítica dos heróis oficiais e de outras representações históricas. São muitos dados específicos da contestação dos atos emancipatórios e da ocupação dos espaços de libertação por homens brancos com algum destaque político ou religioso e a representação secundária do povo. É extremamente louvável essa crítica e autocritica no trato da história. Mas há dificuldade de recepção para a cena, principalmente para quem não é do país do Yuyachkani.

Fronte[i]ra |Fracas[s]o, parceria do Teatro de Los Andes e Clowns de Shakespeare Foto: Rafael Telles  / Divulgação

Fronte[i]ra |Fracas[s]o – Teatro de Los Andes e Clowns de Shakespeare

Da parceria de duas importantes trupes cênicas de pesquisa, o Teatro de Los Andes, de Yotala, na Bolívia, com os brasileiros do Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), nasceu o trabalho cênico Fronte[i]ra |Fracas[s]o, que começou a ser gestado no ambiente digital.

Parece-me um espetáculo com muito caminho pela frente, de reajustes dos procedimentos escolhidos. Na primeira parte, no pátio do espaço Arcos do Valongo, os atores expõem o processo criativo das trupes, dividindo a plateia em grupos menores para escutar as histórias das pesquisas de campo nas cidades de Brasiléia, no Acre, e Cobija, no Departamento de Pando, na Bolívia.

O procedimento dos pequenos deslocamentos no local, até a ação de pular corda mostrou-se como muito esforço para pouca fruição.

No segundo momento é apresentada uma fábula que orbita em torno do prenúncio da divisão territorial de um vilarejo fictício. Com presenças mornas no palco e um cansaço evidente por toda a luta empreendida, o espetáculo não empolgou na apresentação de estreia no Mirada.

Todo e qualquer revés registrado na cena, na minha opinião, é reflexo das garras insaciáveis do capitalismo. As nefastas ações (ou desações) de políticas culturais que vêm tentando sufocar os artistas, no Brasil e em outros países, tem repercussões no corpo individual e no corpo de cada conjunto.

Na encenação, o elenco fala que outros atores e atrizes foram embora, largaram os grupos, ou até mesmo deixaram (espero que momentaneamente) o teatro para conseguirem sobreviver em outra função. Isso é muito grave e além das questões políticas dos territórios, o que me chamou mais atenção foram esses relatos diluídos em meio à fábula. A sobrevivência dos artistas, a integridade de seus grupos, é uma questão urgente a se pensar.

Dragón, de Guillermo Calderón. Foto: Eugenia Paz / Divulgação

Dragón, do dramaturgo chileno Guillermo Calderón leva para a cena uma crise artística. Enquanto articula o próximo projeto, o coletivo teatral Dragón – que se reúne periodicamente no restaurante Plaza Italia, na região central de Santiago – vê emergir um conflito interno incontornável entre seus integrantes. Eles tinham elegido o tema da traição e o motivo se transforma em contexto. Qual a posição da arte nas batalhas políticas?

O historiador negro Walter Rodney (1942-1980), da Guiana, um panafricanista, e ativista político, morto vítima de atentado à bomba, em 1980, aos 38 anos, é uma das inspirações da dramaturgia. Ele é citado nas conversas do coletivo. As técnicas do teatro do oprimido, mais especificamente a do teatro invisível, do diretor Augusto Boal (1931-2009) estão entre as referências como método de ação.  

Falso e verdadeiro em tempos de fake News.

A peça propõe um debate ético sobre o que artistas podem apresentar e quem eles podem representar e de que forma. A maneira, a inflexão, acentuação, modulação. Configura-se que o grupo cai na própria armadilha. Ao deixar o Chile e escolher a América Latina como cenário, na sessão que vi no Mirada o grupo adota o Brasil como território das suas referências. Não foi bom, não.

Calderón já havia dito em alguma entrevista sobre Dragón que procurou “um novo sentido de humor, uma renovada ideia de comédia”.

O tom das referências ao Brasil – de deboche e de escárnio – faz perguntar até onde pode ir um artista ao formular enunciados ou tomar o lugar da representação. Em uma cena, alguém do elenco utiliza uma peruca para falar de cotas para negros no Brasil. Isso foi incendiário.   

Com racismo entranhado nas estruturas deste país, me parece que Calderón não tinha o direito de fazer esse tratamento. Com o Brasil tingido de sangue principalmente dos negros e uma situação política deplorável, é inaceitável determinadas alusões.

Para fazer uma exposição das contradições latentes o autor precisaria ter mais propriedade de fala. O humor ácido não é um salvo-conduto para enfiar um país nas suas experimentações.

O breve e acalorado debate que se seguiu à apresentação no Mirada trouxe a tona a indignação de parte da plateia com os procedimentos levados ao palco, que chegaram como zombaria, escárnio. Ou uma atitude tão arrogante de um artista que mostrou desprezo, desconsideração ou insensibilidade com as linhas tênues do que é possível performar e representar na casa alheia.   

Ou, como diz Pollyanna Diniz, a peça reproduz no palco o que a gente condena na arte. Dragón explicita (e é) uma arte branca, falsamente engajada, que não sabe se posicionar de modo efetivo, mas faz barulho. A cena conduz a crítica a partir da reprodução do modelo criticado. E o traído é o espectador. Será que para criticar o modo como fazemos arte precisamos insistir nos mesmos moldes? Vamos tentar ampliar para problematizar as escolhas: será que, para criticar o machismo, é necessário reproduzir o machismo em cena? Para criticar uma violência, é preciso reproduzir violência? Neste caso, o espectador é o traído, aquele que encontrou no palco uma dramaturgia, entendida de modo ampliado, que apenas reitera o que critica.

Cosmos, Cleo Diára, Isabél Zuaa, Nádia Yracema. Foto: Divulgação

Cosmos – Cleo Diára, Isabél Zuaa, Nádia Yracema

Dois momentos do espetáculo Cosmos ficaram acesos na memória, a da vibração do corpo coletivo, da grandeza para fazer a revolução, com potência para inventar novos mundos.

A jornada interplanetária de Cosmos, das artistas Cleo Diára, Isabél Zuaa, Nádia Yracema e elenco é feita de feixes de luz para transportar personagens entre guerras, atravessar fome e pandemia, enfrentar o capitalismo selvagem e o racismo e seguir em busca de liberdade.

A peça fala de criação de um novo mundo, mas que existem outros antecedentes. As artistas de linhagens cabo-verdiana, angolana e portuguesa buscam na mitologia africana e no afrofuturismo as sustentações do espetáculo.

Desse trajeto pelo Mirada, os sinais emanados do palco que chegam é que as democracias estão sempre em risco. É disso que o teatro está falando. Que o mundo é / está desumano, nós já sabemos. Mas mesmo com todo o histórico de colonização, golpes de estado, e violência há sempre injeções de ânimos na veia política, como propõe Erupção e da poética como investe Hamlet. Até o próximo festival Mirada!

  • A jornalista e crítica Ivana Moura viajou a convite da organização do Mirada 2022 – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas e do Sesc São Paulo
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Agenda de Outubro – primeira semana

AGENDA SÃO PAULO

ESPECIAL

Ocupação Arena Conta AI-5

A peça AI-5, uma Reconstituição Cênica traça paralelos com o momento atual. Fotos: Felipe Sales / Divulgação

Temporada de peça, leituras dramáticas, bate-papos e oficinas estão na agenda a Ocupação Arena Conta AI-5, que põe em discussão o período histórico da ditadura civil-militar no Brasil e suas sequelas sentidas pelos cidadãos na atual conjuntura reacionária-conservadora. A programação, organizada pelos artistas do Coletivo Ato de Resistência, ocorre desde o dia 1º de outubro nos espaços do Teatro de Arena Eugênio Kusnet e da Cia. do Feijão. São muitas atividades gratuitas ou de contribuição livre que seguem até o dia 29 de outubro. “Todas as ações criam pontes políticas de reflexão entre o passado e o que acontece em nossos dias, pois acreditamos que a arte e a discussão sobre a arte são bases para uma sociedade mais justa e democrática”, defende Paulo Maeda, um dos curadores da programação e diretor do espetáculo AI-5, uma reconstituição cênica.

Os questionamentos atuais da sociedade e censuras cada vez mais dissimuladas estão na pauta do programa que promove todas às sextas o Arena Aberta, um espaço democrático e poético de manifestações artísticas aberto com prioridade para grupos e artistas periféricxs convidadxs.

A peça AI-5, uma Reconstituição Cênica foi construída em 2016, pós-golpe da presidenta Dilma Roussef, a partir da leitura da ata original e da escuta dos áudios da reunião do dia 13 de dezembro de 1968. Nos documentos constam registro da reunião de leitura e aprovação do então presidente Costa e Silva com seus ministros do projeto do Ato Institucional número 5. A partir da ata e dos áudios dessa reunião 21 artistas reproduzem e se valem de licenças poéticas para criar uma ponte com o momento político atual.

Desde então, o espetáculo atualiza em sua dramaturgia a normatização da violência e dos discursos fascistas, preconceituosos, misóginos que surgem semanalmente na cobertura jornalística do cenário político brasileiro. “Do desgoverno Michel Temer e do atual presidente “democraticamente eleito” Jair Bolsonaro a peça ganha mais importância e uma urgência maior de que a história deve ser lembrada e de que paralelos devem ser feitos para reflexão e crítica entre artistas e espectadores”, alerta o diretor Paulo Maeda.

Espetáculo AI-5: Uma Reconstituição Cênica
Quando: 05/10 – Sábado, 20h30; 06/10 – Domingo, 19h: seguido de conversa, 20h30, com Adriano Diogo, Amelinha Teles e Rosalina Santa Cruz
Onde: Teatro de Arena – Eugênio Kusnet (Rua Teodoro Baima, 98, República)
Capacidade: 99 lugares
Entrada: Ingresso Consciente
Classificação: 14 anos
Duração: 100 minutos

Direção: Paulo Maeda
Assistência de Direção: Letícia Negretti e Rodolfo Morais
Elenco: André Castelani, Michel Galiotto, Felipe Lima, Thales Alves, Renato Mendes, Danilo Minharro, Lucas Scandura, Lui Seixas, Gero Santana, Dover Buzoni, Eluane Fagundes, Rafael Augusto, Renan Alves, Felipe Tercetto, Rafael Castro, Mario Panza, Rodolfo Morais, Thiago Marques, Paulo Gircys, Luiz Campos, Silvia Souza, Ricardo Socalschi, Fernando Pernambuco, Dover Buzoni, Renato Mendes, Mario Panza, Thales Alves, Plínio Flima, Rafael Augusto, Renan Alves, Felipe Tercetto, Ramon Gustaff, Rodolfo Morais, Thiago Marques, Roberto Mello, Grasielli Gontijo

08/10 – Terça-feira
Extensão Arena Conta AI-5 – Cia. do Feijão
Ciclo de Leituras Dramáticas – A Política em Cena
A ação se passa em 1955, numa ilha, dentro de um apartamento cujas paredes estão permanentemente quentes. A peça – que por vezes entra em clima de fantasia – mostra um contexto sócio-político premonitório aos acontecimentos que culminariam no Golpe de 1964.

20h: Um Elefante no Caos(Millôr Fernandes)
Direção: Lucas Scandura
Elenco: Ana Pereira, Gero Santana, Michele Rodrigues, Pedro Stempniewski, Ricardo Socalschi e Rodolfo Morais
Duração: 120 minutos
Classificação: 12 anos
Entrada Franca

09/10 – Quarta-feira
19h: Debate-papo: Formas de Produção, Formas de (R)Existência – Quem somos? O que produzimos?
com Rodrigo Mercadante, Vera Lamy, Caio Marinho, Luiz Carlos Moreira
Entrada Franca
Onde: Cia. do Feijão (Rua Teodoro Baima, 68, República)
Capacidade: 70 lugares

ESTREIA

Especial Koffi Kwahulé: Jazz e Big Shoot

Dois textos do dramaturgo franco-marfinense Koffi Kwahulé, Jaz e Big Shoot (imagem abaixo) Foto: Ligia Jardim

 

O projeto concebido por Janaína Suaudeau e Sofia Boito leva à cena dois textos do dramaturgo franco-marfinense Koffi Kwahulé, autor de mais de 30 obras traduzido para 15 línguas. É a primeira vez que duas peças suas, Jaz e Big Shoot, são montadas no Brasil.

Jaz narra a violência que uma mulher sofreu num banheiro público. Sofia Boito divide o palco com o videomaker Flavio Barollo e a cantora Ligiana Costa, que injetam outras camadas de tensão dramática. Com um forte apelo ao ritmo jazzístico no discurso, a peça discute a violência em um modelo de sociedade que historicamente subjuga a mulher. O cenário faz alusão a um canteiro de obras, remetendo a um lugar precário, que pode ser onde Jaz mora ou um banheiro público onde ela foi estuprada. É o espaço do trauma.

Big Shoot põe o público na condição da plateia de uma sessão de tortura promovida pelo algoz autodenominado Senhor (Daniel Costa) e sua vítima Stan (Daniel Infantini). Passagens bíblicas sobre os irmãos Caim e Abel são citadas durante a peça. O cenário é formado por uma arena quadrada, com duas cadeiras metálicas do tipo utilizadas nas salas de interrogatórios dos EUA. Janaína Suaudeau que além da tradução, também assina direção da obra, destaca o perigo da espetacularização da violência: “Uma reflexão indigesta que a peça propõe é de que o carrasco só existe devido à presença de um público que aplaude matanças”.

FICHAS TÉCNICAS
ESPECIAL KOFFI KWAHULÉ
Concepção: Janaína Suaudeau e Sofia Boito
Dramaturgia: Koffi Kwahulé
Registro em vídeo e teaser: Diogo de Nazaré
Fotografia: Lígia Jardim
Design: Guto Yamamoto
Assessoria de imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto
Produção: Mariana Novais e Larissa Maine – Ventania Cultural
Apoio: Institut Français du Brésil, Consulado Geral da França em São Paulo
Agradecimentos: Aliança Francesa de São Paulo e Cité Internationale des Arts.

Jaz
Concepção geral e atuação: Sofia Boito
Tradução: Sofia Boito e Mariana Camargo
Direção: Joana Dória
Composição e performance musical: Ligiana Costa
Vídeo / Operação de vídeo: Flavio Barollo
Coach corporal: Flávia Pinheiro
Cenografia: Flávio Barollo, Joana Dória e Sofia Boito
Figurino: Erika Grizendi
Iluminação: Lucas Pradino e Sofia Boito
Operação de luz: Lucas Pradino
Operação de som: Don Lino
Estagiárias de cenografia e contrarregragem: Ana Suzano, Clara Boucher e Fernanda Marinho.
Produção: Mariana Novais e Larissa Maine – Ventania Cultural

Big Shoot
Direção geral: Janaína Suaudeau
Tradução: Janaína Suaudeau
Colaboração na tradução: Rafael Morpanini
Elenco: Daniel Costa, Daniel Infantini
Músicos: Conrado Goys e Pedro Gongom
Direção musical: Conrado Goys
Trilha sonora: Conrado Goys e Pedro Gongom
Assistente de direção: Victor Abrahão
Cenografia: Ulisses Cohn
Iluminação: Sofia Boito
Figurino: Daniel Infantini
Operação de som: Don Lino
Operação de luz: Priscila Carla
Produção: Mariana Novais e Larissa Maine – Ventania Cultural

SERVIÇO
Jaz
Quando: De 4 a 20 de outubro de 2019. Sextas e sábados, 21h30. Domingos e feriados, 18h30
Onde: Sesc Belenzinho (Sala de Espetáculos I – 60 lugares)
Duração: 60 minutos
Não recomendado para menores de 18 anos
Ingresso: R$ 9,00 (credencial plena do Sesc – trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes) | R$ 15 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) | R$ 30,00 (inteira).
Ingressos disponíveis pelo portal Sesc SP (www.sescsp.org.br) a partir de 24/9, às 12h, e nas bilheterias das unidades do Sesc a partir de 25/9, às 17h30.

Big Shoot
Quando: De 25 de outubro a 10 de novembro de 2019. Sextas e sábados, 21h30. Domingos e feriados, 18h30.
Onde: Sesc Belenzinho (Sala de Espetáculos I- 60 lugares) Rua Padre Adelino, 1000.
Duração: 90 minutos
Não recomendado para menores de 18 anos
Ingresso: R$ 9,00 (credencial plena do Sesc – trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes) | R$ 15 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) | R$ 30,00 (inteira).
Ingressos disponíveis pelo portal Sesc SP (www.sescsp.org.br) a partir de 15/10, às 12h, e nas bilheterias das unidades do Sesc a partir de 16/10, às 17h30.

Há Dias Que Não Morro

No elenco estão Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi. Foto: Paulo Hemsi

A encenação visa ampliar o debate sobre os aprisionamentos contemporâneos e os corpos em paranoia. Os disparadores são as discussões sobre segurança e liberdade, projetadas na política atual. Três atrizes viram figuras-bonecas em um cubo-jardim, felizes com os dias ensolarados, com o canto dos pássaros e os desenhos das nuvens. Mas alguma coisa está fora da ordem nesse sistema inerte e cíclico, nessa rotina sem acidentes ou perigos. O que há para além desse jardim artificial?

Há Dias Que Não Morro é a segunda parte da Trilogia da Morte, que teve início em 2016 com a estreia de Adeus, Palhaços Mortos. A peça contou com uma pré-estreia em maio na Turquia, tem texto original de Paloma Franca Amorim e direção coletiva de Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi.

Serviço:
Há Dias Que Não Morro
da Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Quando: De 3 a 27 de outubro. Quinta a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30
Onde: Sesc Pompeia/Espaço Cênico (Rua Clélia, 93, Água Branca)
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena)
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 50 lugares
Informações: (11)3871-7700

Ficha técnica:
Idealização: Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Direção e concepção: Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Texto: Paloma Franca Amorim
Dramaturgia: Aline Olmos, Laíza Dantas, José Roberto Jardim, Paula Hemsi e Paloma Franca Amorim
Encenação: José Roberto Jardim
Elenco: Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Assistente de direção: Luna Venarusso
Cenografia: Bijari
Direção musical e trilha sonora original: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Iluminação: Paula Hemsi
Figurino: Carolina Hovaguimiam
Modelista: Juliano Lopes
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Cenotecnia: Leo Ceolin
Preparação corporal: Maristela Estrela
Design de sistema de operação sincronizado: Laíza Dantas
Operação de luz, vídeo e som: Murilo Gil e Vinicius Scorza
Técnico de som: Murilo Gil
Técnica de luz: Paula Hemsi
Técnica de vídeo: Laíza Dantas
Técnica de palco: Aline Olmos
Produção executiva: Tetembua Dandara
Direção de produção: ultraVioleta_s
Fotos: Paula Hemsi e Victor Iemini

INTERVENÇÃO
Concepção: ultraVioleta_s e Coletivo Bijari
Assessoria Criativa: Fernando Velázquez

Refúgio

Refúgio, com texto e direção de Alexandre Dal Farra, Foto: Otávio Dantas

Várias pessoas começam a desaparecer sem um motivo aparente e isso muda o cotidiano de uma pacata cidade. Uma mulher e seu marido veem parentes, amigos e desconhecidos sumirem do mapa, sem se saber se por vontade própria ou forçados. As pessoas passam a viver um misto de melancolia, desassossego, insegurança, com o sentimento de não pertencerem a nada. A realidade é indefinida e os acontecimentos nebulosos.

A linguagem lacunar das personagens não se deve às suas características psicológicas, mas sim a uma indefinição objetiva da própria realidade. Nada do que é dito ou executado faz sentido. Em busca de respostas para o desmoronamento de suas vidas, eles acabam voltando, sem mais nem menos, sem entender aonde e como foram parar lá. A trama da peça flerta com o ambiente do thriller, por um lado, e, por outro, com o teatro do pós-guerra europeu.

Serviço:
Refúgio
Quando: De 3 a 6 de outubro. De quinta a sábado, às 21h; e no domingo, às 20h
Onde: Itaú Cultural
Quanto: Entrada gratuita
Reserva online: A partir de 25 de setembro
Para o dia 3 de outubro (quinta-feira): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74029872341
Para o dia 4 de outubro (sexta-feira): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74036821125
Para o dia 5 de outubro (sábado): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74037055827
Para o dia 6 de outubro (domingo): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74040951479
Apresentar o comprovante da reserva (impresso ou no celular) a partir de três horas antes do início do espetáculo. Os ingressos digitais só valem até dez minutos antes do início do espetáculo. Depois disso, os lugares serão liberados
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Texto e direção: Alexandre Dal Farra
Atores: Fabiana Gugli, Marat Descartes, André Capuano, Carla Zanini e Clayton Mariano
Cenário e luz: Marisa Bentivegna
Direção musical: Miguel Caldas
Operação de som: Tomé de Souza
Produção: Alexandre Dal Farra e Maria Fernanda Coelho

EM CARTAZ

A Cobradora

A Cobradora tem dramaturgia de Claudia Barral. Foto: Christiane Forcinito

Faz 12 anos que a Trupe Zózima realiza suas investidas e pesquisas cênicas a bordo de um ônibus que circula por São Paulo. No espetáculo A Cobradora, o coletivo teatral adota o palco italiano para tratar da personagem Maria das Dores, que prefere ser chamada de Dolores. Com dramaturgia de Claudia Barral e direção de Anderson Maurício, a atriz Maria Alencar leva ao palco histórias de Marias reais, trançadas umas às outras, permeadas pela violência, por mortes, pela sobrevivência diária em busca do sustento e de dignidade.

Serviço:
A Cobradora
Trupe Zózima
Quando: Sextas, às 20h, e sábados, às 18h. Até 19 de outubro
Onde: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, Vila Mariana)  
Quanto: R$ 6 (credencial plena), R$ 10 (meia-entrada), R$ 20 (inteira) 
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha técnica
Atriz criadora: Maria Alencar
Encenação: Anderson Maurício
Dramaturgia: Cláudia Barral
Vídeo mapping: Leonardo Souzza e Otávio Rodrigues
Preparação corporal e movimento: Natalia Yuki
Preparação vocal: Marilene Grama
Trilha sonora original: Rodrigo Florentino
Iluminação: Tomate Saraiva e Otávio Rodrigues
Operadora de luz: Fernanda Cordeiro
Operadora de som: Wayra Arendartchuk Castro
Cenografia: Anderson Maurício e Nathalia Campos
Adereços cenográficos: Nathalia Campos
Construtor Cênico: Alício Silva
Figurino: Tatiana Nunes
Conteúdo de vídeo: Leonardo Souzza
Orientação de vídeo mapping: Ana Beraldo e Ihon Yadoya
Produção geral: Tatiane Lustoza
Assistente de produção: Amanda Azevedo e Jonathan Araújo
Fotografia: Leonardo Souzza
Assessoria de imprensa: Canal Aberto

Brian ou Brenda?

Brian ou Brenda?, de Franz Keppler, discute identidades a partir do polêmico caso real de David Reimer. Foto: Heloisa Bortz

O caso ocorreu em meados de 1960, no Canadá. Na trama, os gêmeos Brian e Bruce são circuncidados por volta dos oito meses de idade, por orientação médica. Durante o procedimento, o pênis de Brian é acidentalmente cauterizado. O psiquiatra John Money – que defende a tese de que os bebês nasceriam neutros e teriam seu gênero definido pela criação – aconselha a operação de redesignação sexual. E os pais educam Brian como uma menina. A criança cresce infeliz naquele corpo; só depois de uma tentativa de suicídio, os pais contam a verdade, e Brenda vai em busca de sua real identidade.

A violência sofrida por David Reimer é um dos episódios mais polêmicos da psiquiatria mundial. Os conservadores usam o caso com escudo para argumentar que uma pessoa biologicamente nascida com o sexo masculino sempre se identificará como homem. Já os teóricos de gênero defendem que o sofrimento causado pela tentativa de impor uma identidade a David é idêntico ao que pessoas transgêneras passam na sociedade conservadora.

Com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, a montagem propõe uma reflexão sobre gênero e o direito de escolhas e desejos de cada um e os limites dos tratamentos médicos e psiquiátricos.

Serviço:
Brian ou Brenda
Quando: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Até 20 de outubro
Onde: Centro Cultural São Paulo (CCSP) / Sala Jardel Filho (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso)
Quanto: ingressos gratuitos, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 100 min

Ficha técnica:
Texto: Franz Keppler
Direção: Yara de Novaes e Carlos Gradim
Assistência de direção: Ronaldo Jannotti
Elenco: Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Marcella Maia e Paulo Campos
Cenário: André Cortez
Figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora original: Dr. Morris
Preparação corporal: Ana Paula Lopez
Visagismo: Louise Helène
Direção de produção: Ronaldo Diaféria e Kiko Rieser
Produção executiva: Marcos Rinaldi
Assistente administrativa: Juliana Rampinelli
Fotografia: Heloísa Bortz
Design gráfico: Angela Ribeiro
Assessoria de imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)
Realização: Rieser Produções Artísticas, Diaferia Produções e Da Latta Cultura

Chão de Pequenos

Concepção e atuação de Felipe Soares e Ramon Brant. Foto Lucas Brito

O espetáculo Chão de Pequenos, da Companhia Negra de Teatro, é, antes de tudo, sobre amizade. A camaradagem entre dois jovens negros abandonados pela família e o grito da necessidade de ser visto num mundo de visão anestesiada.

Lucas Silva e Pedro Henrique, entre a infância e a adolescência, são marcados pela orfandade. Dos orfanatos às ruas das grandes cidades, a fábula dos garotos mostra a importância da empatia, do diálogo e do afeto nos dias de hoje, numa sociedade marcada pela intolerância e pelo preconceito.

A dramaturgia é baseada em histórias reais colhidas em pesquisas e entrevistas da equipe com várias famílias e pessoas relacionadas com o tema da adoção. Em Chão de Pequenos destaca-se a colaboração da escritora Ana Maria Gonçalves – autora do premiado romance Um Defeito de Cor – que tem textos utilizados na peça.

Serviço:
Chão de Pequenos
da Companhia Negra de Teatro (Belo Horizonte, MG)
Quando: Quinta a sábado, às 20h30. Até 12 de outubro. Nos dias 21 de setembro e 12 de outubro, sábados, as sessões serão às 18h
Onde: Sesc Pinheiros / Auditório 3º andar (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (meia-entrada) e R$ 7,50 (credencial plena)
Duração: 55 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Concepção e atuação: Felipe Soares e Ramon Brant
Direção: Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati
Dramaturgia: Coletiva
Textos: Ana Maria Gonçalves, Felipe Soares e Ramon Brant
Provocação dramatúrgica: Grace Passô
Direção de movimento e preparação corporal: Tiago Gambogi
Iluminação: Cristiano Diniz
Operação de luz: Cristiano Diniz / Thiago Rosado
Trilha sonora original: GA Barulhista
Operação de som: Sammer Iêgo Lemos
Figurino: Bárbara Toffanetto
Cenografia: José Soares da Cunha e Zé Walter Albinati
Cenotecnia: José Soares da Cunha
Direção de produção: Gabrielle Araújo
Projeto gráfico: Estúdio Lampejo e Ramon Brant
Fotografia: Lucas Brito
Escrita poética do processo: Bremmer Guimarães
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Realização: Companhia Negra de Teatro
Produção: Caboclas Produções

Chernobyl

Chernobyl está em cartaz às segundas e terças-feiras. Foto: Guy Pichard

O espetáculo leva ao palco as lembranças de 30 anos do maior acidente nuclear da história, quando a usina número quatro explodiu em Chernobyl. A notícia correu o mundo daquele fatídico 26 de abril de 1986, de uma explosão que havia destruído o reator nuclear da usina de Chernobyl, próxima à cidade de Pripyat, na Ucrânia. Após o desastre, a região foi esvaziada e a população nunca mais voltou, abandonando seus bens materiais e suas histórias. O texto foi escrito em 2017 pela dramaturga francesa Florence Valéro, nascida no mesmo ano do acidente nuclear. A boneca Antonia, protagonista-narradora conta o que vê com seus olhos de vidro cor esmeralda. Com direção de Bruno Perillo, Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery revezam-se entre nove personagens, que têm suas rotinas brutalmente alteradas.

Serviço:
Chernobyl
Quando: segundas e terças, às 20h. Até 22 de outubro
Onde: Sesc Consolação – Espaço Beta/3º andar ( Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque)
Quanto: R$ 6 (credencial plena), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20 (inteira)
Duração: 95 minutos
Classificação: 14 anos

Ficha técnica:
Dramaturgia: Florence Valéro (com excertos do livro Vozes de Chernobyl, de Svetlana Aleksiévitch inseridos por elenco e direção)
Tradução: Carolina Haddad
Direção: Bruno Perillo
Elenco: Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery
Trilha sonora e operação de som: Pedro Semeghini
Iluminação e vídeo: Grissel Pinguillem
Cenário e figurinos: Chris Aizner
Preparação corporal: Marina Caron
Visagismo: Cristina Cavalcanti
Operação de luz: Michelle Bezerra
Contrarregra: Júlia Temer
Assistente de produção: Marcelo Leão
Estagiária de direção: Madu Arakaki
Fotos de Chernobyl: Duca Mendes e Carol Thomé
Fotos do espetáculo: Guy Pichard e Felipe Cohen
Produção: Anayan Moretto

Dona Ivone Lara – Um sorriso negro

Aspectos da vida pessoal da sambista, como a formação em Serviço Social, o casamento, a maternidade e o racismo que enfrentou ao longo da vida se sobressaem na trama. Foto: Divulgação

A força da mulher negra no Brasil é ressaltada no musical, carregado de críticas sociais e políticas. Dona Ivone Lara (1922-2018) foi a primeira mulher a integrar a ala de compositores de uma escola de samba e abriu muito caminhos. A autora de Acreditar e Sonho Meu é retratada em três momentos da vida, aos 12, 26 e 80 anos.

Serviço:
Dona Ivone Lara – Um sorriso negro
Quando: Quinta a sábado, às 20h, domingo, às 17h. Até 20 de outubro
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista)
Quanto: R$ 40 a R$ 150 (ingressos pelo site http://ingressorapido.com.br)

Ficha técnica:
Idealização e direção geral: Jô Santana
Dramaturgia e direção artística: Elisio Lopes Jr.
Direção musical: Rildo Hora
Codireção musical: Jarbas Bittencourt
Direção coreográfica: José Carlos Arandiba Zebrinha
Direção assistente/residente: Ricardo Gamba
Assistente de coreografia: Arismar Santos
Elenco: André Muato, Belize Pombal, Beto Mettig, Bruno Quixote, Di Ribeiro, Diogo Lopes Filho, Felipe Adetokumbo, Felipe Gomes Moreira, Fernanda Cascardo, Fernanda Jacob, Fernanda Ventura, Heloisa Jorge , Flavia Souza, Francisco Salgado, Guilherme Silva, Jeff Pereira, Larissa Noel, Larissa Carneiro, Nara Couto, Pedro Caetano, Rafa Leal, Sylvia Nazareth, Udilê Procópio
Cenografia: Paula de Paoli
Figurino: Carol Lobato
Desenho de Luz: Valmyr Ferreira
Pesquisa: Nilcemar Nogueira

Enquanto Ela Dormia

O espetáculo Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem, volta em temporada gratuita. Foto Mayra Azzi

A primeira versão de A Bela Adormecida, de 1648, é o disparador da peça, que investiga a violência contra a mulher e as relações de poder entre os gêneros. Enquanto Ela Dormia convoca a personagem Dora, uma professora de literatura, que presencia uma cena de abuso em um ônibus e sofre ao relembrar os traumas de infância.

O monólogo explora uma linha cronológica das dores do feminino, como, por exemplo, os pés de lótus das mulheres chinesas e a expulsão da deusa Lilith do Paraíso. A diretora Eliana Monteiro entende que “o espetáculo é um mergulho na geografia da dor das mulheres e uma provocação ao que está acontecendo na nossa sociedade”.

A montagem questiona os mecanismos usados para minimizar, esconder, disfarçar, apagar essas violências. Enquanto Ela Dormia percorre três eixos temáticos: o dos contos de fadas, que integram o imaginário universal do feminino; as histórias de amputações, para que a mulher coubesse na sociedade patriarcal; e as memórias de uma história de amor.

Contemplada na 9ª edição do Prêmio Zé Renato, a peça faz parte da programação do projeto Teatros em Movimento, que prevê a circulação de companhias teatrais, seus trabalhos e processos criativos pelas sedes de outros grupos, em diferentes bairros da capital paulista.

Serviço:
Enquanto Ela Dormia
do Teatro da Vertigem
Quando: De 27 de setembro a 24 de novembro (Obs: o final de semana entre 18 e 20 de outubro não haverá apresentações). Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h
Onde: Sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, 1º andar – Bela Vista)
Quanto: Ingressos gratuitos, distribuídos 1h antes das sessões
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

Ficha técnica:
Diretora artística: Eliana Monteiro
Diretor técnico e light designer: Guilherme Bonfanti
Atriz: Lucienne Guedes
Dramaturgismo: Antonio Duran
Texto: Carol Pitzer
Operador de som: José Mario Tomé e Nayara Konno
Diretor de cena/contrarregra: Evaristo Moura
Operadora de vídeo: Aline Sayuri
Operador de luz: Patricia Amorim
Montador de luz: Diego Soares
Montador de vídeo: Rodrigo Silbat
Trilha sonora: Erico Theobaldo
Figurinista: Marichilene Artisevskis
Cenografia: Marisa Bentivegna
Produção geral: Marcelo Leão
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada

Treze atores contam a trajetória de Erêndira, do deserto habitado pelo ‘vento da sua desgraça’ até os ‘entardeceres de nunca acabar’. Foto: Leekyung Kim

A obra do Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que foi publicada em 1972, narra a trajetória de uma menina de 14 anos, que após um incêndio que destrói a casa da família, passa a ser prostituída pela avó. A adaptação para o teatro é de Augusto Boal. Irene Papas defendeu o papel da desalmada e Claudia Ohana fez Erêndira no cinema, no filme de 1983, com direção de Ruy Guerra. A montagem teatral tem direção de Marco Antonio Rodrigues, dramaturgia de Claudia Barral e canções originais compostas por Chico César. Giovana Cordeiro faz seu début no teatro como Erêndira. Com Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Gustavo Haddad, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. O espetáculo abraça a estética e os recursos do realismo fantástico, seguindo os passos de Gabo.

Serviço:
Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada
Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Até 08 de dezembro 
Onde: Centro Cultural Fiesp – Teatro do SESI (Avenida Paulista 1313, Bela Vista)
Quanto: Grátis / Reserva de ingressos: Centroculturalfiesp.Com.Br
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Baseado no conto de Gabriel Garcia Márquez  
Adaptação: Augusto Boal 
Dramaturgia: Claudia Barral 
Tradução: Cecília Boal 
Direção: Marco Antonio Rodrigues 
Elenco: Giovana Cordeiro, Maurício Destri, Chico Carvalho, Dagoberto Feliz, Gustavo Haddad, Marco França, Eric Nowinski, Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dani Theller, Demian Pinto, Jane Fernandes e Rafael Faustino 
Cenografia: Marcio Medina  
Figurino: Cássio Brasil 
Iluminação: Tulio Pezzoni 
Músicas originais compostas: Chico Cesár 
Preparadora corporal: Marcella Vincentini 
Design gráfico: Zeca Rodrigues 
Fotografia: Leekyung Kim 
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro 
Idealização: Instituto Boal 
Assistentes de produção: Diogo Pasquim e Carol Vidotti  
Produção executiva: Camila Bevilacqua 
Direção de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo 
Produção: Daltrozo Produções 
Realização: SESI São Paulo

Eu de Você

Denise Fraga narra histórias reais no seu novo espetáculo. Fotos: Leo Martins / Divulgação

Sartre pregava, ironicamente, que o inferno são outros. Sim, mas também espelho. A atriz Denise Fraga aposta nesse reflexo, nessa reverberação. A intérprete defende a urgência de ver o outro, olhar pelo olhar do outro.  Ela recebe sempre o público na porta do teatro para reforçar a cumplicidade, o laço de afeto. Denise Fraga gosta de gente e de contar suas histórias. Durante nove anos protagonizou um programa de televisão contando histórias reais: o Retrato Falado, na TV Globo.

No solo Eu de Você, Fraga leva ao palco histórias do cotidiano de gente comum e a criatividade para encontrar solução para diversos problemas. O humor é uma ferramenta poderosa nessa montagem. Denise convocou o público a enviar suas histórias para esse projeto, anunciou nos jornais, nas redes sociais. De mais de 400 histórias foram selecionadas 33, costuradas dramaturgicamente com literatura, música, imagens e poesia. Estão em cena em ficção Paulo Leminski, Zezé di Camargo, Tchekhov, Beatles, Chico Buarque, Dostoiévski e Fernando Pessoa.

Serviço:
Eu de Você
Quando: sexta, às 20h, sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Até 15 de dezembro
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi)
Quanto: De R$ 25 a R$ 70
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Idealização e criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
Produção: José Maria
Obra inspirada livremente nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Barbara Heckler, Bruno Favaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda , Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Julio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Marcia Angela Faga, Marcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sonia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinicius Gabriel Araújo Portela, Wagner Júnior
Dramaturgia: Cassia Conti, André Dib, Denise Fraga, Kênia Dias, Fernanda Maia, Geraldo Carneiro, Luiz Villaça e Rafael Gomes
Texto final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Direção de imagens em vídeo: André Dib
Direção de arte: Simone Mina
Direção musical: Fernanda Maia
Direção de movimento: Kenia Dias
Iluminação: Wagner Antônio
Assessoria de Imprensa SP: Morente Forte Comunicações
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Coprodução: Café Royal
Produção: NIA Teatro
Patrocínio: BB Seguros
Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal

Lela & Cia

Inspirado em fatos reais, Lela & Cia, da dramaturga britânica Cordelia Lynn tem montagem brasileira dirigida por Alvise Camozzi, 

Uma personagem que quer desesperadamente contar sua história. Mas Lela é constantemente interrompida por vozes masculinas. Lela & Cia é um grito, em primeiro plano, sobre o que é ser mulher; mas também é a comprovação de que, mais do que falar, é preciso ser ouvida. Segundo o diretor diretor Alvise Camozzi, a verdadeira história da Lela acontece num país que não tem nome, numa época de conflitos. “No mundo da Lela os conflitos são a alma dos negócios, e os negócios, no mundo da Lela definem tudo, até a livre circulação dos homens. Já as mulheres, no mundo da Lela, não podem escolher, decidir livremente por si só, decidir o que fazer quando adultas, crescer, se tornar independentes, aliás essa palavra: independente, no mundo da Lela não existe. Tudo depende de alguma coisa, que depende dos negócios, que dependem dos conflitos, que dependem dos homens que escolhem as mulheres”.

Há um trecho na peça de Cordelia Lynn que diz: “A vida tem uma maneira engraçada de te dar sorte. Agora eu sei o bastante para pensar em termos de boa sorte ou má sorte, ou fazer exatamente o oposto e não pensar em termos de sorte mas sim, das coisas que te acontecem”.

Serviço:
Lela & Cia
Quando: Sextas, sábados e segundas, às 21h; domingos, às 18h. Até 14 de outubro
Onde: SP Escola de Teatro, unidade Roosevelt (Praça Roosevelt, 210, Consolação)
Quanto: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$10 (classe artística e aprendizes)
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade: 60 lugares
Informações: (11) 3775-8600

Ficha técnica
Texto: Cordelia Lynn
Direção: Alvise Camozzi
Tradução: Malu Bierrenbach
Elenco: Malu Bierrenbach e Conrado Caputo
Direção de produção: ;Alexandre Brazil
Iluminação: Mirella Brandi
Trilha sonora: Dan Maia
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Assistência de produção e administração temporada: Vanda Dantas
Produção cultural: Joana Pegorari
Idealização:Malu Bierrenbach

Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante

Yara de Novaes e Deborah Falabela. Foto: Sérgio Silva

Quando o público adentra o teatro Anchieta já se depara com Yara de Novaes, Debora Falabella e mais quatro musicistas em coreografias de aquecimento com varas de bambu, exercícios de luta oriental, movimentos criados por Ana Paula Lopez. Sinal de que é preciso coragem para seguir, para viver e lutar. Em Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante, dirigido pelo encenador Gabriel Fontes Paiva, o Km 23, de uma estrada qualquer, é o local de embate e de empatia. Lá, uma garota delira após ter sido violentada por um grupo de homens. O lugar abandonado fica perto de um aeroporto e outras meninas também já foram violentadas

O texto de Silvia Gomez, autora de O Céu Cinco Minutos Antes da TempestadeO Amor e Outros Estranhos RumoresMarte, Você Está Aí? e Mantenha Fora do Alcance do Bebê, é inspirado numa tragédia sucedida no Piauí, em 2015, quando quatro garotas foram estupradas e arremessadas em um abismo.

As personagens encontram-se em situações-limite: L, personagem de Falabella, estuprada nas cenas iniciais, e a Vigia do pedaço, interpretada por Novaes, enveredam por uma linguagem não realista para tratar desse tema duro e delicado. A Vigia também dá pitacos na direção, iluminação, pede canções para a banda  boliviana Las Majas, que toca a trilha composta por Lucas Santtana dialogando com as personagens. 

Serviço:
Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante
Com Grupo 3 de Teatro
Quando: Sexta e sábado, às 21h, e domingos, às 18h. Até 6 de outubro
Onde: Teatro Anchieta, Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$10 (credencial plena e meia-entrada) 
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha Técnica:
Elenco: Débora Falabella e Yara de Novaes
Texto: Silvia Gomez
Direção: Gabriel Fontes Paiva
Banda Las Majas: Mayarí Romero, Lucia Dalence, Lucia Camacho e Isis Alvarado, além do diretor Marvin Montes
Cenografia: André Cortez
Vídeo cenário: Luiz Duva
Figurino: Fabio Namatame
Iluminação: Gabriel Fontes Paiva e André Prado
Trilha sonora original: Lucas Santtana e Fábio Pinczowisk
Assistência de direção: André Prado e Ana Paula Lopez
Assistente de cenário e produção de objetos: Carol Bucek
Assistente de figurinos: Juliano Lopez
Preparadora vocal: Ana Luiza
Preparadora e direção de movimento: Ana Paula Lopez
Oficinas: Dione Carlos
Workshops: Maria Thais
Direção de palco: Diego Dac
Operação de luz e vídeo: André Prado
Operação de som: Thiago Rocha
Design de som: André Omote
Cenotécnicos: Alexandre da Luz Alves e Murilo Alves
Assistência de produção: Cadu Cardoso e Letícia Gonzalez
Assistente administrativo: Rogério Prudêncio
Assessoria de imprensa: Pombo Correio e Sesc
Identidade gráfica: Patrícia Cividanes
Fotos de material gráfico e divulgação: Fábio Audi
Gestão de projeto: Luana Gorayeb
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez
Produção: Contorno Produções e Fontes Realizações
Grupo 3 de Teatro:Débora Falabella, Gabriel Fontes Paiva e Yara de Novaes
Realização: Sesc SP, 9º Prêmio Zé Renato e Secretaria da Cultura

Quarto 19

Com atuação de Amanda Lyra, Quarto 19 conta a história de uma mulher que se vê despersonalizada pelo casamento, pela maternidade e pela fragmentação de sua identidade feminina. Foto: Cris Lyra

Inspirado no conto No Quarto Dezenove (To Room Nineteen), da escritora britânica Doris Lessing (1919-2013), a trama aborda com simplicidade e força alguns dos temas mais persistentes de Lessing, como o cabo de força entre o desejo humano e os imperativos do amor, da traição e da ideologia, as tensões entre o doméstico e a liberdade, a responsabilidade e a independência.

“É doloroso perceber a universalidade e atemporalidade desse texto. Perceber que estamos nos debatendo com as mesmas questões tantos anos depois, com o movimento feminista já em sua quarta onda”, contata a atriz Amanda Lyra.

A personagem do conto está consciente de que é prisioneira de alguma coisa maior e, em seu discernimento embotado, passa a acreditar que está doente. O quarto 19, aqui, é mais do que um espaço físico. Ele é uma metáfora de libertação. A direção é de Leonardo Moreira, dramaturgo e diretor da Companhia Hiato, de São Paulo.

Serviço:
Quarto 19
Quando: Sextas-feiras, às 21h. Até 18 de outubro
Onde: Teatro Eva Herz – Av. Paulista, 2073 – Cerqueira César, São Paulo – SP, 01311-940
Quanto: R$50 (inteira) e R$25 (meia-entrada)
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade do teatro: 168 lugares
Informações: (11) 3170-4059

Ficha técnica:
Idealização, tradução e atuação: Amanda Lyra
Direção: Leonardo Moreira
Cenário e iluminação: Marisa Bentivegna
Figurino: Amanda Lyra
Criação de som: Miguel Caldas
Preparação corporal: Tarina Quelho
Assistente de cenário: Amanda Vieira
Cenotécnico: César Rezende
Fotos: Cris Lyra
Direção de produção: Aura Cunha

Villa

A memória coletiva da Ditadura Militar no Chile é tema de Villa, de Guillermo Calderón. Fotos: Leekyung Kim

Em torno de uma mesa, três mulheres (interpretadas por Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro) avaliam diferentes propostas sobre o que fazer com a Villa Grimaldi, um dos mais famosos centros de tortura e extermínio na ditadura do chileno Augusto Pinochet (1915-2006). O dramaturgo Guillermo Calderón, baseado em fatos históricos,
elabora ficcionalmente o embate das três arquitetas escaladas para decidir sobre o destino de uma área semidestruída em Santiago (Chile), que ficou conhecida como Villa Grimaldi.

Reconstruir? Erguer um museu ultramoderno? Ou deixar como está, nivelando o terreno e plantando grama de ponta a ponta? Como explicar o horror do passado sem cair em uma produção de parque temático ou na fria reprodução de um museu de arte contemporânea? Entre debates objetivos, o diálogo traz à tona o trauma coletivo enfrentado pelo povo chileno e suas sequelas.

Serviço:
Villa
Quando:Sextas e sábados, às 21h; e domingos, às 19h. Até 6 de outubro
Onde:Teatro Arthur Azevedo / Sala Multiuso (Av. Paes de Barros, 955 – Mooca)
Quanto:R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada)
Duração:60 minutos
Classificação indicativa:livre
Capacidade:40 lugares
Informações:(11) 2604-5558

Ficha técnica:
Texto: Guillermo Calderón
Tradução: Maria Soledad Más Gandini
Historiadora: Sonia Brandão
Direção: Diego Moschkovich
Assistente de direção: Diego Chillio
Elenco: Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro
Iluminação e vídeo: Amanda Amaral
Trilha sonora: LP Daniel
Figurino: Diogo Costa
Cenografia: Flora Belotti
Maquete: Guilherme Tanaka – goma oficina plataforma criativa?
Animação 3D: Caio Mamede
Designer gráfico: Angela Ribeiro
Fotos: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Bia Fonseca e Iza Marie Micele

Vozes

Cia Coexistir de Teatro apresenta Vozes em sua sede, no Paraíso. Foto: Reprodução do Facebook

Desde 2009 o grupo investe no estudo de mitos gregos. Em Vozes, sete atores enveredam por histórias s trágicas traçando um diálogo entre a representação arquetípica desses mitos, a dramaturgia pessoal do ator, e reflexões de temas contemporâneos. O elenco aponta para desejos reprimidos que compromete a vida. Na peça, Cassandra pleiteia seu lugar de fala e Fedra quer amar e ser amada.

Vozes
Cia Coexistir de Teatro
Dramaturgia e Direção: Patrícia Teixeira
Classificação 14 anos
Duração: 70 minutos.
Onde: Casa das Artes Coexistir – Rua Alcino Braga, 178 – Paraíso.
Quando: Sábado 20h e Domingo 19h (De 28 de Setembro a 10 de Novembro)
Ingressos: 50,00 / 25,00 (meia entrada para estudantes, idosos, professores da Rede Pública de ensino e atores (apresentar comprovante na entrada.)
Venda online pelo site Sympla ou no local da peça com abertura da bilheteria 1h antes do espetáculo (pagto em cartão ou dinheiro).
Limitação de 20 pessoas por sessão.

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Agenda de Setembro – quarta semana

AGENDA SÃO PAULO

ESTREIA

Brian ou Brenda?

Brian ou Brenda?, de Franz Keppler, discute identidades a partir do polêmico caso real de David Reimer. Foto: Heloisa Bortz

O caso ocorreu em meados de 1960, no Canadá. Na trama, os gêmeos Brian e Bruce são circuncidados por volta dos oito meses de idade, por orientação médica. Durante o procedimento, o pênis de Brian é acidentalmente cauterizado. O psiquiatra John Money – que defende a tese de que os bebês nasceriam neutros e teriam seu gênero definido pela criação – aconselha a operação de redesignação sexual. E os pais educam Brian como uma menina. A criança cresce infeliz naquele corpo; só depois de uma tentativa de suicídio, os pais contam a verdade, e Brenda vai em busca de sua real identidade.

A violência sofrida por David Reimer é um dos episódios mais polêmicos da psiquiatria mundial. Os conservadores usam o caso com escudo para argumentar que uma pessoa biologicamente nascida com o sexo masculino sempre se identificará como homem. Já os teóricos de gênero defendem que o sofrimento causado pela tentativa de impor uma identidade a David é idêntico ao que pessoas transgêneras passam na sociedade conservadora.

Com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, a montagem propõe uma reflexão sobre gênero e o direito de escolhas e desejos de cada um e os limites dos tratamentos médicos e psiquiátricos.

Serviço:
Brian ou Brenda
Quando: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Até 20 de outubro
Onde: Centro Cultural São Paulo (CCSP) / Sala Jardel Filho (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso)
Quanto: ingressos gratuitos, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 100 min

Ficha técnica:
Texto: Franz Keppler
Direção: Yara de Novaes e Carlos Gradim
Assistência de direção: Ronaldo Jannotti
Elenco: Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Marcella Maia e Paulo Campos
Cenário: André Cortez
Figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora original: Dr. Morris
Preparação corporal: Ana Paula Lopez
Visagismo: Louise Helène
Direção de produção: Ronaldo Diaféria e Kiko Rieser
Produção executiva: Marcos Rinaldi
Assistente administrativa: Juliana Rampinelli
Fotografia: Heloísa Bortz
Design gráfico: Angela Ribeiro
Assessoria de imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)
Realização: Rieser Produções Artísticas, Diaferia Produções e Da Latta Cultura

Enquanto Ela Dormia

O espetáculo Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem, volta em temporada gratuita. Foto Mayra Azzi

A primeira versão de A Bela Adormecida, de 1648, é o disparador da peça, que investiga a violência contra a mulher e as relações de poder entre os gêneros. Enquanto Ela Dormia convoca a personagem Dora, uma professora de literatura, que presencia uma cena de abuso em um ônibus e sofre ao relembrar os traumas de infância.

O monólogo explora uma linha cronológica das dores do feminino, como, por exemplo, os pés de lótus das mulheres chinesas e a expulsão da deusa Lilith do Paraíso. A diretora Eliana Monteiro entende que “o espetáculo é um mergulho na geografia da dor das mulheres e uma provocação ao que está acontecendo na nossa sociedade”.

A montagem questiona os mecanismos usados para minimizar, esconder, disfarçar, apagar essas violências. Enquanto Ela Dormia percorre três eixos temáticos: o dos contos de fadas, que integram o imaginário universal do feminino; as histórias de amputações, para que a mulher coubesse na sociedade patriarcal; e as memórias de uma história de amor.

Contemplada na 9ª edição do Prêmio Zé Renato, a peça faz parte da programação do projeto Teatros em Movimento, que prevê a circulação de companhias teatrais, seus trabalhos e processos criativos pelas sedes de outros grupos, em diferentes bairros da capital paulista.

Serviço:
Enquanto Ela Dormia
do Teatro da Vertigem
Quando: De 27 de setembro a 24 de novembro (Obs: o final de semana entre 18 e 20 de outubro não haverá apresentações). Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h
Onde: Sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, 1º andar – Bela Vista)
Quanto: Ingressos gratuitos, distribuídos 1h antes das sessões
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 50 lugares

Ficha técnica:
Diretora artística: Eliana Monteiro
Diretor técnico e light designer: Guilherme Bonfanti
Atriz: Lucienne Guedes
Dramaturgismo: Antonio Duran
Texto: Carol Pitzer
Operador de som: José Mario Tomé e Nayara Konno
Diretor de cena/contrarregra: Evaristo Moura
Operadora de vídeo: Aline Sayuri
Operador de luz: Patricia Amorim
Montador de luz: Diego Soares
Montador de vídeo: Rodrigo Silbat
Trilha sonora: Erico Theobaldo
Figurinista: Marichilene Artisevskis
Cenografia: Marisa Bentivegna
Produção geral: Marcelo Leão
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

Há Dias Que Não Morro

No elenco estão Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi. Foto: Paulo Hemsi

A encenação visa ampliar o debate sobre os aprisionamentos contemporâneos e os corpos em paranoia. Os disparadores são as discussões sobre segurança e liberdade, projetadas na política atual. Três atrizes viram figuras-bonecas em um cubo-jardim, felizes com os dias ensolarados, com o canto dos pássaros e os desenhos das nuvens. Mas alguma coisa está fora da ordem nesse sistema inerte e cíclico, nessa rotina sem acidentes ou perigos. O que há para além desse jardim artificial?

Há Dias Que Não Morro é a segunda parte da Trilogia da Morte, que teve início em 2016 com a estreia de Adeus, Palhaços Mortos. A peça contou com uma pré-estreia em maio na Turquia, tem texto original de Paloma Franca Amorim e direção coletiva de Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi.

Serviço:
Há Dias Que Não Morro
da Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Quando: De 3 a 27 de outubro. Quinta a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30
Onde: Sesc Pompeia/Espaço Cênico (Rua Clélia, 93, Água Branca)
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena)
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 50 lugares
Informações: (11)3871-7700

Ficha técnica:
Idealização: Academia de Palhaços & ultraVioleta_s
Direção e concepção: Aline Olmos, José Roberto Jardim, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Texto: Paloma Franca Amorim
Dramaturgia: Aline Olmos, Laíza Dantas, José Roberto Jardim, Paula Hemsi e Paloma Franca Amorim
Encenação: José Roberto Jardim
Elenco: Aline Olmos, Laíza Dantas e Paula Hemsi
Assistente de direção: Luna Venarusso
Cenografia: Bijari
Direção musical e trilha sonora original: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Iluminação: Paula Hemsi
Figurino: Carolina Hovaguimiam
Modelista: Juliano Lopes
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Cenotecnia: Leo Ceolin
Preparação corporal: Maristela Estrela
Design de sistema de operação sincronizado: Laíza Dantas
Operação de luz, vídeo e som: Murilo Gil e Vinicius Scorza
Técnico de som: Murilo Gil
Técnica de luz: Paula Hemsi
Técnica de vídeo: Laíza Dantas
Técnica de palco: Aline Olmos
Produção executiva: Tetembua Dandara
Direção de produção: ultraVioleta_s
Fotos: Paula Hemsi e Victor Iemini

INTERVENÇÃO
Concepção: ultraVioleta_s e Coletivo Bijari
Assessoria Criativa: Fernando Velázquez

Refúgio

Refúgio, com texto e direção de Alexandre Dal Farra, Foto: Otávio Dantas

Várias pessoas começam a desaparecer sem um motivo aparente e isso muda o cotidiano de uma pacata cidade. Uma mulher e seu marido veem parentes, amigos e desconhecidos sumirem do mapa, sem se saber se por vontade própria ou forçados. As pessoas passam a viver um misto de melancolia, desassossego, insegurança, com o sentimento de não pertencerem a nada. A realidade é indefinida e os acontecimentos nebulosos.

A linguagem lacunar das personagens não se deve às suas características psicológicas, mas sim a uma indefinição objetiva da própria realidade. Nada do que é dito ou executado faz sentido. Em busca de respostas para o desmoronamento de suas vidas, eles acabam voltando, sem mais nem menos, sem entender aonde e como foram parar lá. A trama da peça flerta com o ambiente do thriller, por um lado, e, por outro, com o teatro do pós-guerra europeu.

Serviço:
Refúgio
Quando: De 3 a 6 de outubro. De quinta a sábado, às 21h; e no domingo, às 20h
Onde: Itaú Cultural
Quanto: Entrada gratuita
Reserva online: A partir de 25 de setembro
Para o dia 3 de outubro (quinta-feira): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74029872341
Para o dia 4 de outubro (sexta-feira): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74036821125
Para o dia 5 de outubro (sábado): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74037055827
Para o dia 6 de outubro (domingo): www.eventbrite.com.br/e/refugio-tickets-74040951479
Apresentar o comprovante da reserva (impresso ou no celular) a partir de três horas antes do início do espetáculo. Os ingressos digitais só valem até dez minutos antes do início do espetáculo. Depois disso, os lugares serão liberados
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Texto e direção: Alexandre Dal Farra
Atores: Fabiana Gugli, Marat Descartes, André Capuano, Carla Zanini e Clayton Mariano
Cenário e luz: Marisa Bentivegna
Direção musical: Miguel Caldas
Operação de som: Tomé de Souza
Produção: Alexandre Dal Farra e Maria Fernanda Coelho

EM CARTAZ

A Cobradora

A Cobradora tem dramaturgia de Claudia Barral. Foto: Christiane Forcinito

Faz 12 anos que a Trupe Zózima realiza suas investidas e pesquisas cênicas a bordo de um ônibus que circula por São Paulo. No espetáculo A Cobradora, o coletivo teatral adota o palco italiano para tratar da personagem Maria das Dores, que prefere ser chamada de Dolores. Com dramaturgia de Claudia Barral e direção de Anderson Maurício, a atriz Maria Alencar leva ao palco histórias de Marias reais, trançadas umas às outras, permeadas pela violência, por mortes, pela sobrevivência diária em busca do sustento e de dignidade.

Serviço:
A Cobradora
Trupe Zózima
Quando: Sextas, às 20h, e sábados, às 18h. Até 19 de outubro
Onde: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, Vila Mariana)  
Quanto: R$ 6 (credencial plena), R$ 10 (meia-entrada), R$ 20 (inteira) 
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha técnica
Atriz criadora: Maria Alencar
Encenação: Anderson Maurício
Dramaturgia: Cláudia Barral
Vídeo mapping: Leonardo Souzza e Otávio Rodrigues
Preparação corporal e movimento: Natalia Yuki
Preparação vocal: Marilene Grama
Trilha sonora original: Rodrigo Florentino
Iluminação: Tomate Saraiva e Otávio Rodrigues
Operadora de luz: Fernanda Cordeiro
Operadora de som: Wayra Arendartchuk Castro
Cenografia: Anderson Maurício e Nathalia Campos
Adereços cenográficos: Nathalia Campos
Construtor Cênico: Alício Silva
Figurino: Tatiana Nunes
Conteúdo de vídeo: Leonardo Souzza
Orientação de vídeo mapping: Ana Beraldo e Ihon Yadoya
Produção geral: Tatiane Lustoza
Assistente de produção: Amanda Azevedo e Jonathan Araújo
Fotografia: Leonardo Souzza
Assessoria de imprensa: Canal Aberto

Aquele Momento Em Que…

Doutores da Alegria fazem apresentações gratuitas no Folias d’Artes. Foto: Lana Pinho

Os palhaços do Doutores da Alegria enfrentam desafios diários em hospitais públicos de São Paulo e do Recife. O riso, a palavra de motivação nos encontros, chegadas e despedidas. Mas humanos que são às vezes bate Aquele Momento Em Que… Nessa montagem, o elenco de São Paulo buscar levantar algumas reflexões que movem a existência da organização, fundada em 1991.

“O novo espetáculo quer abrir diálogos que sejam potentes para a construção de uma sociedade mais igualitária”, aposta o diretor artístico da Doutores da Alegria, Ronaldo Aguiar. O grupo fala sobre a existência em um lugar em que a própria vida está sempre em momento de tensão, que precisa ser defendida gota a gota. Na peça, a trupe revela anseios, desejos e preocupações enquanto cidadãos, sem a máscara.

Serviço:
Aquele Momento Em Que…
do Doutores Da Alegria
Quando: sexta, sábado e segunda, às 21h; domingo, às 20h. Até 30 de setembro
Onde: Galpão do Folias (Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília)
Quanto: Ingressos gratuitos
Capacidade: 99 lugares
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Direção: Val Pires
Dramaturgia: Nereu Ramos
Direção de movimento: Ronaldo Aguiar
Elenco
Cenário: Bira Nogueira
Figurino: Cleuber Gonçalves
Assistentes de figurino: Glória Amaral, Leninha Castilho
Desenho de luz: Giuliana Cerchiari
Assistente de Iluminação: Emerson Fernandes
Trilha sonora: Leandro Simões
Coordenação de produção: Marcela Castilho
Assistente de produção: Suenne Sotero
Realização: Doutores da Alegria

Chão de Pequenos

Concepção e atuação de Felipe Soares e Ramon Brant. Foto Lucas Brito

O espetáculo Chão de Pequenos, da Companhia Negra de Teatro, é, antes de tudo, sobre amizade. A camaradagem entre dois jovens negros abandonados pela família e o grito da necessidade de ser visto num mundo de visão anestesiada.

Lucas Silva e Pedro Henrique, entre a infância e a adolescência, são marcados pela orfandade. Dos orfanatos às ruas das grandes cidades, a fábula dos garotos mostra a importância da empatia, do diálogo e do afeto nos dias de hoje, numa sociedade marcada pela intolerância e pelo preconceito.

A dramaturgia é baseada em histórias reais colhidas em pesquisas e entrevistas da equipe com várias famílias e pessoas relacionadas com o tema da adoção. Em Chão de Pequenos destaca-se a colaboração da escritora Ana Maria Gonçalves – autora do premiado romance Um Defeito de Cor – que tem textos utilizados na peça.

Serviço:
Chão de Pequenos
da Companhia Negra de Teatro (Belo Horizonte, MG)
Quando: Quinta a sábado, às 20h30. Até 12 de outubro. Nos dias 21 de setembro e 12 de outubro, sábados, as sessões serão às 18h
Onde: Sesc Pinheiros / Auditório 3º andar (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros)
Quanto: R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (meia-entrada) e R$ 7,50 (credencial plena)
Duração: 55 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (11) 3095-9400

Ficha técnica:
Concepção e atuação: Felipe Soares e Ramon Brant
Direção: Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati
Dramaturgia: Coletiva
Textos: Ana Maria Gonçalves, Felipe Soares e Ramon Brant
Provocação dramatúrgica: Grace Passô
Direção de movimento e preparação corporal: Tiago Gambogi
Iluminação: Cristiano Diniz
Operação de luz: Cristiano Diniz / Thiago Rosado
Trilha sonora original: GA Barulhista
Operação de som: Sammer Iêgo Lemos
Figurino: Bárbara Toffanetto
Cenografia: José Soares da Cunha e Zé Walter Albinati
Cenotecnia: José Soares da Cunha
Direção de produção: Gabrielle Araújo
Projeto gráfico: Estúdio Lampejo e Ramon Brant
Fotografia: Lucas Brito
Escrita poética do processo: Bremmer Guimarães
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Realização: Companhia Negra de Teatro
Produção: Caboclas Produções

Chernobyl

Chernobyl está em cartaz às segundas e terças-feiras. Foto: Guy Pichard

O espetáculo leva ao palco as lembranças de 30 anos do maior acidente nuclear da história, quando a usina número quatro explodiu em Chernobyl. A notícia correu o mundo daquele fatídico 26 de abril de 1986, de uma explosão que havia destruído o reator nuclear da usina de Chernobyl, próxima à cidade de Pripyat, na Ucrânia. Após o desastre, a região foi esvaziada e a população nunca mais voltou, abandonando seus bens materiais e suas histórias. O texto foi escrito em 2017 pela dramaturga francesa Florence Valéro, nascida no mesmo ano do acidente nuclear. A boneca Antonia, protagonista-narradora conta o que vê com seus olhos de vidro cor esmeralda. Com direção de Bruno Perillo, Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery revezam-se entre nove personagens, que têm suas rotinas brutalmente alteradas.

Serviço:
Chernobyl
Quando: segundas e terças, às 20h. Até 22 de outubro
Onde: Sesc Consolação – Espaço Beta/3º andar ( Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque)
Quanto: R$ 6 (credencial plena), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20 (inteira)
Duração: 95 minutos
Classificação: 14 anos

Ficha técnica:
Dramaturgia: Florence Valéro (com excertos do livro Vozes de Chernobyl, de Svetlana Aleksiévitch inseridos por elenco e direção)
Tradução: Carolina Haddad
Direção: Bruno Perillo
Elenco: Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery
Trilha sonora e operação de som: Pedro Semeghini
Iluminação e vídeo: Grissel Pinguillem
Cenário e figurinos: Chris Aizner
Preparação corporal: Marina Caron
Visagismo: Cristina Cavalcanti
Operação de luz: Michelle Bezerra
Contrarregra: Júlia Temer
Assistente de produção: Marcelo Leão
Estagiária de direção: Madu Arakaki
Fotos de Chernobyl: Duca Mendes e Carol Thomé
Fotos do espetáculo: Guy Pichard e Felipe Cohen
Produção: Anayan Moretto

Dona Ivone Lara – Um sorriso negro

Aspectos da vida pessoal da sambista, como a formação em Serviço Social, o casamento, a maternidade e o racismo que enfrentou ao longo da vida se sobressaem na trama. Foto: Divulgação

A força da mulher negra no Brasil é ressaltada no musical, carregado de críticas sociais e políticas. Dona Ivone Lara (1922-2018) foi a primeira mulher a integrar a ala de compositores de uma escola de samba e abriu muito caminhos. A autora de Acreditar e Sonho Meu é retratada em três momentos da vida, aos 12, 26 e 80 anos.

Serviço:
Dona Ivone Lara – Um sorriso negro
Quando: Quinta a sábado, às 20h, domingo, às 17h. Até 20 de outubro
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista)
Quanto: R$ 40 a R$ 150 (ingressos pelo site http://ingressorapido.com.br)

Ficha técnica:
Idealização e direção geral: Jô Santana
Dramaturgia e direção artística: Elisio Lopes Jr.
Direção musical: Rildo Hora
Codireção musical: Jarbas Bittencourt
Direção coreográfica: José Carlos Arandiba Zebrinha
Direção assistente/residente: Ricardo Gamba
Assistente de coreografia: Arismar Santos
Elenco: André Muato, Belize Pombal, Beto Mettig, Bruno Quixote, Di Ribeiro, Diogo Lopes Filho, Felipe Adetokumbo, Felipe Gomes Moreira, Fernanda Cascardo, Fernanda Jacob, Fernanda Ventura, Heloisa Jorge , Flavia Souza, Francisco Salgado, Guilherme Silva, Jeff Pereira, Larissa Noel, Larissa Carneiro, Nara Couto, Pedro Caetano, Rafa Leal, Sylvia Nazareth, Udilê Procópio
Cenografia: Paula de Paoli
Figurino: Carol Lobato
Desenho de Luz: Valmyr Ferreira
Pesquisa: Nilcemar Nogueira

Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada

Treze atores contam a trajetória de Erêndira, do deserto habitado pelo ‘vento da sua desgraça’ até os ‘entardeceres de nunca acabar’. Foto: Leekyung Kim

A obra do Nobel colombiano Gabriel García Márquez, que foi publicada em 1972, narra a trajetória de uma menina de 14 anos, que após um incêndio que destrói a casa da família, passa a ser prostituída pela avó. A adaptação para o teatro é de Augusto Boal. Irene Papas defendeu o papel da desalmada e Claudia Ohana fez Erêndira no cinema, no filme de 1983, com direção de Ruy Guerra. A montagem teatral tem direção de Marco Antonio Rodrigues, dramaturgia de Claudia Barral e canções originais compostas por Chico César. Celso Frateschi interpreta a cruel avó e Giovana Cordeiro faz seu début no teatro como Erêndira. Com Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Gustavo Haddad, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. O espetáculo abraça a estética e os recursos do realismo fantástico, seguindo os passos de Gabo.

Serviço:
Erêndira – A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada
Quando: Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Até 08 de dezembro 
Onde: Centro Cultural Fiesp – Teatro do SESI (Avenida Paulista 1313, Bela Vista)
Quanto: Grátis / Reserva de ingressos: Centroculturalfiesp.Com.Br
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha técnica:
Baseado no conto de Gabriel Garcia Márquez  
Adaptação: Augusto Boal 
Dramaturgia: Claudia Barral 
Tradução: Cecília Boal 
Direção: Marco Antonio Rodrigues 
Elenco: Giovana Cordeiro, Maurício Destri, Chico Carvalho, Dagoberto Feliz, Gustavo Haddad, Marco França, Eric Nowinski, Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dani Theller, Demian Pinto, Jane Fernandes e Rafael Faustino 
Cenografia: Marcio Medina  
Figurino: Cássio Brasil 
Iluminação: Tulio Pezzoni 
Músicas originais compostas: Chico Cesár 
Preparadora corporal: Marcella Vincentini 
Design gráfico: Zeca Rodrigues 
Fotografia: Leekyung Kim 
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro 
Idealização: Instituto Boal 
Assistentes de produção: Diogo Pasquim e Carol Vidotti  
Produção executiva: Camila Bevilacqua 
Direção de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo 
Produção: Daltrozo Produções 
Realização: SESI São Paulo

Eu de Você

Denise Fraga estreia espetáculo Eu de Você. Foto: Bruna Paulin 

Sartre pregava, ironicamente, que o inferno são outros. Sim, mas também espelho. A atriz Denise Fraga aposta nesse reflexo, nessa reverberação. A intérprete defende a urgência de ver o outro, olhar pelo olhar do outro.  Ela recebe sempre o público na porta do teatro para reforçar a cumplicidade, o laço de afeto. Denise Fraga gosta de gente e de contar suas histórias. Durante nove anos protagonizou um programa de televisão contando histórias reais: o Retrato Falado, na TV Globo.

No solo Eu de Você, Fraga leva ao palco histórias do cotidiano de gente comum e a criatividade para encontrar solução para diversos problemas. O humor é uma ferramenta poderosa nessa montagem. Denise convocou o público a enviar suas histórias para esse projeto, anunciou nos jornais, nas redes sociais. De mais de 400 histórias foram selecionadas 33, costuradas dramaturgicamente com literatura, música, imagens e poesia. Estão em cena em ficção Paulo Leminski, Zezé di Camargo, Tchekhov, Beatles, Chico Buarque, Dostoiévski e Fernando Pessoa.

Serviço:
Eu de Você
Quando: sexta, às 20h, sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Até 15 de dezembro
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi)
Quanto: De R$ 25 a R$ 70
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Idealização e criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
Produção: José Maria
Obra inspirada livremente nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Barbara Heckler, Bruno Favaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda , Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Julio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Marcia Angela Faga, Marcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sonia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinicius Gabriel Araújo Portela, Wagner Júnior
Dramaturgia: Cassia Conti, André Dib, Denise Fraga, Kênia Dias, Fernanda Maia, Geraldo Carneiro, Luiz Villaça e Rafael Gomes
Texto final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Direção de imagens em vídeo: André Dib
Direção de arte: Simone Mina
Direção musical: Fernanda Maia
Direção de movimento: Kenia Dias
Iluminação: Wagner Antônio
Assessoria de Imprensa SP: Morente Forte Comunicações
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Coprodução: Café Royal
Produção: NIA Teatro
Patrocínio: BB Seguros
Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal

Gomorra – Crime, Revolta e Dor (Tragédia Urbana em único ato)

Espetáculo se baseia na tragédia de Eurípedes para retratar personagens marginalizados pela sociedade. Foto: Leekyung Kim

Em um ambiente insalubre, personagens sem escrúpulos, imorais, amorais e marginalizados tentam sobreviver. Mas em meio a tudo isso, um amor adolescente emerge, em sua carga bruta, sem sutilezas. Escrita e dirigida por Jean Dandrah, Gomorra – Crime, Revolta e Dor (Tragédia Urbana em Único Ato) retrata a trajetória de um grupo morando em uma ocupação em meados da década de 1970, buscando sobreviver e lidar com a convivência entre si. O espetáculo se inspira na tragédia Hécuba (424 a.C.), do escritor e poeta grego Eurípedes, que trata da destruição e desencanto deixados no rastro da Guerra de Tróia.

Serviço:
Gomorra – Crime, Revolta e Dor (Tragédia Urbana em Único Ato)
Quando: segunda, terça e quarta, às 20h. Até 2 de outubro
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo
Quanto: Gratuito Retirar ingressos com uma hora de antecedência.
Duração: 1h35minutos
Classificação indicativa: 18 anos

Ficha técnica:
Texto e direção geral: Jean Dandrah
Assistente de direção: Milene Haddad
Iluminação: Alexandre Zullu
Trilha Sonora: Lucas Guerreiro
Figurino: Andrea Pera
Cenografia: Lisandro Leite
Visagismo e make up: Alex Arimatéia
Designer gráfico: Tobias Luz
Operador de Luz: Roberto Herrera
Preparação psicológica dos atores: Psicóloga Clínica Fernanda Gregório
Foto: Leekyung Kim
Produção Geral: Sem abacaxi
Agência e tecnologia: Ton Andrade
Elenco: Alessandra Catarina, Elizeu Costa, Giovanna Colacicco, Jean Dandrah, Lisandro Leite, Litta Mogoff, Luciano Rocha, Maria Luiza Castelar, Mauricio Fiori Junior, Milene Haddad, Pedro Bonilha, Renata Bittencourt e Wilton Walban
Realização: Núcleo Palco Meu de Artes de São Paulo

Lela & Cia

Inspirado em fatos reais, Lela & Cia, da dramaturga britânica Cordelia Lynn tem montagem dirigida por Alvise Camozzi. Foto: Leekyung Kim / Divulgação

Uma personagem que quer desesperadamente contar sua história. Mas Lela é constantemente interrompida por vozes masculinas. Lela & Cia é um grito, em primeiro plano, sobre o que é ser mulher; mas também é a comprovação de que, mais do que falar, é preciso ser ouvida. Segundo o diretor diretor Alvise Camozzi, a verdadeira história da Lela acontece num país que não tem nome, numa época de conflitos. “No mundo da Lela os conflitos são a alma dos negócios, e os negócios, no mundo da Lela definem tudo, até a livre circulação dos homens. Já as mulheres, no mundo da Lela, não podem escolher, decidir livremente por si só, decidir o que fazer quando adultas, crescer, se tornar independentes, aliás essa palavra: independente, no mundo da Lela não existe. Tudo depende de alguma coisa, que depende dos negócios, que dependem dos conflitos, que dependem dos homens que escolhem as mulheres”.

Há um trecho na peça de Cordelia Lynn que diz: “A vida tem uma maneira engraçada de te dar sorte. Agora eu sei o bastante para pensar em termos de boa sorte ou má sorte, ou fazer exatamente o oposto e não pensar em termos de sorte mas sim, das coisas que te acontecem”.

Serviço:
Lela & Cia
Quando: Sextas, sábados e segundas, às 21h; domingos, às 18h. Até 14 de outubro
Onde: SP Escola de Teatro, unidade Roosevelt (Praça Roosevelt, 210, Consolação)
Quanto: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$10 (classe artística e aprendizes)
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade: 60 lugares
Informações: (11) 3775-8600

Ficha técnica
Texto: Cordelia Lynn
Direção: Alvise Camozzi
Tradução: Malu Bierrenbach
Elenco: Malu Bierrenbach e Conrado Caputo
Direção de produção: ;Alexandre Brazil
Iluminação: Mirella Brandi
Trilha sonora: Dan Maia
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Assistência de produção e administração temporada: Vanda Dantas
Produção cultural: Joana Pegorari
Idealização:Malu Bierrenbach

Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante

Yara de Novaes e Deborah Falabela. Foto: Sérgio Silva

Quando o público adentra o teatro Anchieta já se depara com Yara de Novaes, Debora Falabella e mais quatro musicistas em coreografias de aquecimento com varas de bambu, exercícios de luta oriental, movimentos criados por Ana Paula Lopez. Sinal de que é preciso coragem para seguir, para viver e lutar. Em Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante, dirigido pelo encenador Gabriel Fontes Paiva, o Km 23, de uma estrada qualquer, é o local de embate e de empatia. Lá, uma garota delira após ter sido violentada por um grupo de homens. O lugar abandonado fica perto de um aeroporto e outras meninas também já foram violentadas

O texto de Silvia Gomez, autora de O Céu Cinco Minutos Antes da TempestadeO Amor e Outros Estranhos RumoresMarte, Você Está Aí? e Mantenha Fora do Alcance do Bebê, é inspirado numa tragédia sucedida no Piauí, em 2015, quando quatro garotas foram estupradas e arremessadas em um abismo.

As personagens encontram-se em situações-limite: L, personagem de Falabella, estuprada nas cenas iniciais, e a Vigia do pedaço, interpretada por Novaes, enveredam por uma linguagem não realista para tratar desse tema duro e delicado. A Vigia também dá pitacos na direção, iluminação, pede canções para a banda  boliviana Las Majas, que toca a trilha composta por Lucas Santtana dialogando com as personagens. 

Serviço:
Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante
Com Grupo 3 de Teatro
Quando: Sexta e sábado, às 21h, e domingos, às 18h. Até 6 de outubro
Onde: Teatro Anchieta, Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$10 (credencial plena e meia-entrada) 
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ficha Técnica:
Elenco: Débora Falabella e Yara de Novaes
Texto: Silvia Gomez
Direção: Gabriel Fontes Paiva
Banda Las Majas: Mayarí Romero, Lucia Dalence, Lucia Camacho e Isis Alvarado, além do diretor Marvin Montes
Cenografia: André Cortez
Vídeo cenário: Luiz Duva
Figurino: Fabio Namatame
Iluminação: Gabriel Fontes Paiva e André Prado
Trilha sonora original: Lucas Santtana e Fábio Pinczowisk
Assistência de direção: André Prado e Ana Paula Lopez
Assistente de cenário e produção de objetos: Carol Bucek
Assistente de figurinos: Juliano Lopez
Preparadora vocal: Ana Luiza
Preparadora e direção de movimento: Ana Paula Lopez
Oficinas: Dione Carlos
Workshops: Maria Thais
Direção de palco: Diego Dac
Operação de luz e vídeo: André Prado
Operação de som: Thiago Rocha
Design de som: André Omote
Cenotécnicos: Alexandre da Luz Alves e Murilo Alves
Assistência de produção: Cadu Cardoso e Letícia Gonzalez
Assistente administrativo: Rogério Prudêncio
Assessoria de imprensa: Pombo Correio e Sesc
Identidade gráfica: Patrícia Cividanes
Fotos de material gráfico e divulgação: Fábio Audi
Gestão de projeto: Luana Gorayeb
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez
Produção: Contorno Produções e Fontes Realizações
Grupo 3 de Teatro: Débora Falabella, Gabriel Fontes Paiva e Yara de Novaes
Realização: Sesc SP, 9º Prêmio Zé Renato e Secretaria da Cultura

Ovelha Negra

O universo de Rita Lee é a inspiração do espetáculo teatral da Cia PeQuod . Foto: Luiz Alves / Divulgação

O diferente, o que não se adapta, o que está fora da curva, já foi chamado de ovelha negra. A peça da Cia PeQuod (Rio de Janeiro/RJ), Ovelha Negra, fala sobre um tema relevante que é o de aceitarmos as diferenças.

Com direção de Miguel Vellinho, o espetáculo reúne oito bonecos de manipulação direta, apresentados em forma de ovelhas para contar a história dos personagens ficcionais Rita e Beto. Os dois não se enquadram muito bem nas estruturas sociais. O encontro dá um novo alento para os dois, que passam a criar outras possibilidades de viver.

As canções de Rita Lee são entoadas ao vivo pelos músicos-atores-manipuladores da PeQuod em clima de Rock and Roll, como Agora Só Falta Você, Ando Meio Desligado e a própria Ovelha Negra.

O espetáculo integra a primeira edição da MiriM – Mostra Nacional de Teatro para Crianças Grandes e Pequenas na área externa do CCBB São Paulo, região central da cidade, que segue até 15 de dezembro. Participam companhias de quatro estados brasileiros Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Bahia: Cia PeQuod (RJ), Teatro Faces (MT), Rococó Produções (RS) e Ateliê Voador (BA). A curadoria é do jornalista e crítico de teatro infantil Dib Carneiro Neto.

Serviço:
Ovelha Negra
da Cia PeQuod – Teatro de Animação (Rio de Janeiro/RJ)
Quando: sábado e domingo, às 15h30. Até 29 de setembro
Onde: CCBB São Paulo (Rua Álvares Penteado, 112, Centro), na área externa
Quanto: Gratuito
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: Livre

Ficha técnica:
Direção e texto: Miguel Vellinho
Elenco: Liliane Xavier, Gustavo Barros, Miguel Araújo, Julia Ludolf e Laura Becker
Direção musical: José Roberto Crivano
Cenário e figurinos: Carla Ferraz e Kika de Medina
Iluminação: Renato Machado
Bonecos: Carla Ferraz, Marcio Newlands, Liliane Xavier e Miguel Vellinho
Adereços: Celestino Sobral
Operador de som: Leonardo Magalhães
Operador de luz: Pablo Cardoso
Produção: Lilian Bertin e Liliane Xavier
Realização: Cia PeQuod – Teatro de Animação

Quarto 19

Com atuação de Amanda Lyra, Quarto 19 conta a história de uma mulher que se vê despersonalizada pelo casamento, pela maternidade e pela fragmentação de sua identidade feminina. Foto: Cris Lyra

Inspirado no conto No Quarto Dezenove (To Room Nineteen), da escritora britânica Doris Lessing (1919-2013), a trama aborda com simplicidade e força alguns dos temas mais persistentes de Lessing, como o cabo de força entre o desejo humano e os imperativos do amor, da traição e da ideologia, as tensões entre o doméstico e a liberdade, a responsabilidade e a independência.

“É doloroso perceber a universalidade e atemporalidade desse texto. Perceber que estamos nos debatendo com as mesmas questões tantos anos depois, com o movimento feminista já em sua quarta onda”, contata a atriz Amanda Lyra.

A personagem do conto está consciente de que é prisioneira de alguma coisa maior e, em seu discernimento embotado, passa a acreditar que está doente. O quarto 19, aqui, é mais do que um espaço físico. Ele é uma metáfora de libertação. A direção é de Leonardo Moreira, dramaturgo e diretor da Companhia Hiato, de São Paulo.

Serviço:
Quarto 19
Quando: Sextas-feiras, às 21h. Até 18 de outubro
Onde: Teatro Eva Herz – Av. Paulista, 2073 – Cerqueira César, São Paulo – SP, 01311-940
Quanto: R$50 (inteira) e R$25 (meia-entrada)
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade do teatro: 168 lugares
Informações: (11) 3170-4059

Ficha técnica:
Idealização, tradução e atuação: Amanda Lyra
Direção: Leonardo Moreira
Cenário e iluminação: Marisa Bentivegna
Figurino: Amanda Lyra
Criação de som: Miguel Caldas
Preparação corporal: Tarina Quelho
Assistente de cenário: Amanda Vieira
Cenotécnico: César Rezende
Fotos: Cris Lyra
Direção de produção: Aura Cunha

Villa

A memória coletiva da Ditadura Militar no Chile é tema de Villa, de Guillermo Calderón. Foto: Leekyung Kim

Em torno de uma mesa,  três mulheres (interpretadas por Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro) avaliam diferentes propostas sobre o que fazer com a Villa Grimaldi, um dos mais famosos centros de tortura e extermínio na ditadura do chileno Augusto Pinochet (1915-2006). O dramaturgo Guillermo Calderón, baseado em fatos históricos,  elabora ficcionalmente o embate das três arquitetas escaladas para decidir sobre o destino de uma área semidestruída em Santiago (Chile), que ficou conhecida como Villa Grimaldi.

Reconstruir? Erguer um museu ultramoderno? Ou deixar como está, nivelando o terreno e plantando grama de ponta a ponta? Como explicar o horror do passado sem cair em uma produção de parque temático ou na fria reprodução de um museu de arte contemporânea? Entre debates objetivos, o diálogo traz à tona o trauma coletivo enfrentado pelo povo chileno e suas sequelas.

Serviço:
Villa
Quando: Sextas e sábados, às 21h; e domingos, às 19h. Até 6 de outubro
Onde: Teatro Arthur Azevedo / Sala Multiuso (Av. Paes de Barros, 955 – Mooca)
Quanto: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada)
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: livre
Capacidade: 40 lugares
Informações: (11) 2604-5558

Ficha técnica:
Texto: Guillermo Calderón
Tradução: Maria Soledad Más Gandini
Historiadora: Sonia Brandão
Direção: Diego Moschkovich
Assistente de direção: Diego Chillio
Elenco: Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro
Iluminação e vídeo: Amanda Amaral
Trilha sonora: LP Daniel
Figurino: Diogo Costa
Cenografia: Flora Belotti
Maquete: Guilherme Tanaka – goma oficina plataforma criativa?
Animação 3D: Caio Mamede
Designer gráfico: Angela Ribeiro
Fotos: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Bia Fonseca e Iza Marie Micele

 

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Memória encharcada de sangue

Villa, do dramaturgo e diretor chileno Guillermo Calderón. Fotos: Foto: Frederico Chigança e equipe

Villa, do dramaturgo e diretor chileno Guillermo Calderón. Fotos: Frederico Chigança e equipe

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Que destino dar a nossa memória traumática particular?! Pergunta difícil. Imagina quando esse sótão carregado de lembranças individuais compõe uma dolorosa história coletiva! Tudo ganha contornos ainda mais lancinantes quando reviramos os porões da ditadura latino-americana. Os momentos de horror da humanidade, em todas as épocas, ganham uma fisionomia de ignomínia a partir dos discursos que os humilhados e ofendidos conseguem erguer e propagar. É sempre uma luta. Uma negociação. Tentativas de convencimento.

Desde a tradição de Heródoto, busca-se na narrativa histórica uma verdade. Mas até que ponto confiar na fragilidade da memória de testemunhas e dos envolvidos, já que nessa reconstrução a subjetividade atua de forma decisiva, trazendo variações de relatos para o mesmo fato? Esse objeto recuperável é cognoscível, e pode ser alterado a partir da linguagem.

As obras teatrais do diretor chileno Guillermo Calderón exploram de forma potente a memória política do seu país e a representação teatral desse legado. Uma dobra entre as escavações íntimas e a construção poética da cena. Complexidades do discurso público. Em Villa, três mulheres se reúnem para discutir o futuro da Villa Grimaldi, maior dos 1.200 centros de detenção criados pela ditadura militar de Pinochet, um lugar onde foram torturadas milhares de pessoas e outras centenas foram “desaparecidas”.

Concebida como um díptico, em alguns festivais Villa foi apresentada junto com Discurso, em que o papel da presidente do Chile Michelle Bachelet é dividido por três atrizes. A personagem faz um balanço para acentuar as projeções, as possibilidades e falhas de um líder político. Mas na II Bienal Internacional de Teatro da USP, Villa foi exibida isoladamente.

Espetáculo Villa nos faz pensar até que ponto a arte pode representar o real

Espetáculo Villa nos faz pensar até que ponto a arte pode representar o real

As recordações das ações do regime autoritário são caras as três Alejandras, interpretadas por Francisca Lewin, Macarena Zamudio e Maria Paz Gonzalez. Mas elas não sabem os motivos das outras. Isso será revelado gradualmente. Elas estão reunidas, em volta de uma mesa que abriga uma maquete, para decidir o que deve ser feito do que foi o Villa Grimaldi. Transformar num memorial? Mas com que conceito?

Numa discussão acalorada, cada uma defende os pros e contras de cada proposta. Desde a demolição do edifício até um museu em que os visitantes possam sentir o que os torturados sentiram, ou mesmo uma projeção de futuro para sobreviventes e seus parentes.

Na primeira votação estabelece-se um impasse. Uma delas escolhe a opção A – reconstruir a Villa como era; outra decide-se pela opção B – construir um museu; e o terceiro voto é nulo – pois está escrito marichiweu, palavra mapuche que significa “dez vezes venceremos”. A crise se instala, mas traz consigo senhas.

Essas cicatrizes do passado não aceitam o consenso. Mas como fazer justiça às vítimas – mulheres que foram estupradas até por cachorros? Como punir os algozes com suas imagens já descolados do passado?

A fertilidade de logos na montagem de Villa mostra que pessoas que passam por situações muito semelhantes podem desenvolver uma visão de mundo bem distinta, que se apresenta como um exercício dialético vigoroso. Nessas discussões, as contradições e as tensões remetem para o caleidoscópio na produção dos afetos e as marcas cravadas em cada uma dessas mulheres.

E como reagir ao destino duro de quem precisa encarar a sombra do seu carrasco na face da criança gerada por abuso sexual? Horror materializado numa gangorra de sentimentos que desliza do amor ao ódio. As “receitas” para esquecer uma grande dor parecem todas inválidas. A vingança beira uma outra barbárie.

E é com maestria que Guillermo Calderón traça as dores desses destroços sem fluidificar suas consequências em frases de efeito sensacionalista. E sem maniqueísmo. Lembrar é um ato político. E para salientar isso, a cena é erguida com simplicidade.

A dificuldade de lidar com essa memória é também posta na alternância de técnicas de identificação e de distanciamento. As narrações estão carregadas de imagens fortes, de brutalidade, de violência, de violação aos direitos humanos. E a discussão expõe as marcas das atrocidades, em defesas apaixonadas.

A opção reconstruir a Villa é defendida para impedir a extinção das provas e um consequente esquecimento; a opção B visa erguer um museu branco, como a neve, “um museo del recuerdo doloroso, pero lindo”:

O final apresentado pelo grupo Teatro Playa – de um abalo sísmico em que a mesa e os copos de vidros começam a tremer até quedar em fragmentos no chão – abre para variadas interpretações. E que indicam que junto com o sofrimento individual de quem sentiu na carne as ações criminosas, esses atos ainda fazem sangrar o coração, os olhos, os pulmões e os ossos do país.

.:. Escrito no contexto da II Bienal Internacional de Teatro da USP (27/11 a 18/12), em ação da DocumentaCena – Plataforma de Crítica.

A DocumentaCena – Plataforma de Crítica articula ideias e ações do site Horizonte da Cena, do blog Satisfeita, Yolanda?, da Questão de Crítica – Revista Eletrônica de Críticas e Estudos Teatrais e do site Teatrojornal – Leituras de Cena. Esses espaços digitais reflexivos e singulares foram consolidados por jornalistas, críticos ou pesquisadores atuantes em Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A DocumentaCena realizou cobertura da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, a MITsp (2014 e 2015); do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília (2014 e 2015); da Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, em São Paulo (2014 e 2015); e do Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte (2013).

Ficha técnica:
Direção e dramaturgia: Guillermo Calderón
Assistência de direção: María Paz González
Elenco: Francisca Lewin, Macarena Zamudio e María Paz González
Direção de arte: María Fernanda Videla
Produção: Fundación Teatro a Mil (Fitam) e Compañía Teatro Playa

 

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Críticas: Escola

Guillermo Calderón assina Escola. Foto: Marlon Marinho

Guillermo Calderón assina Escola. Foto: Marlon Marinho

Espaços para desconfiar do discurso
Por Luciana Romagnolli – Horizonte da Cena

Até o torturador cria para si histórias que o convençam de que faz o bem. Dita quase com essas palavras em Escola, tal frase é indício da perspectiva complexa com a qual o diretor Guillermo Calderón aborda temas políticos em espetáculos como Villa+Discurso, apresentado no Brasil em 2011 e 2012, e este Escola que ora traz à MITsp. É preciso desconfiar dos discursos. Deles escapam contradições, que revelam a concorrência de forças sob a superfície de uma convicção.

Em Villa, tais forças se mostravam mais evidentes na dramaturgia, separadas em opiniões distintas sobre o melhor modo de representar a memória da violência cometida durante a ditadura chilena a partir de um problema concreto: a construção de um museu. O conflito de pontos de vista estruturava as ações e se dava a ver na superfície dos discursos; e o encaminhamento dado a eles depunha sobre o caráter ilusório de um consenso ou uma verdadeira solução.

Parece ser dessa descrença no consenso que Calderón parte em Escola. Embora se ouça somente a perspectiva de um grupo de guerrilheiros em formação, a abordagem passa longe do dogmatismo. O teor reflexivo se encontra agora nas zonas quebradiças do discurso sustentado precariamente.

Personagens com os rostos ocultos por capuzes recebem ensinamentos para ir à luta armada contra o regime ditatorial nos anos 1980. Aprendem noções primárias de capitalismo, tiro e conspiração. O ensino ao qual o público é igualmente exposto sofre das limitações comuns à aprendizagem na escola: a veiculação de um discurso quase catequizante, do qual o aluno-espectador há de desconfiar por si mesmo. A escola surge como esse lugar de uma verdade que instrui, mas de cuja solidez se deve duvidar.

O trabalho de Calderón demanda um espectador não ingênuo e trabalha com concepções brechtianas livremente recriadas pelo encenador chileno. Os desencaixes entre cenas rompem a fluidez da fruição, incitando a leitura crítica a partir de sutilezas e subtextos. A defesa de uma forma de organização popular que faça uso da violência para instaurar um novo estado social, por exemplo, esbarra no baixo nível de formação política desses militantes, que pontualmente manifestam ingenuidades e contradições. Mesmo a legitimação da violência ganha sombras absurdas frente à descrição do funcionamento do revolver e do explosivo. A encenação realista, em espaço diminuto e cenografia econômica, atesta ainda certa ética da representação praticada por Calderón, que se esquiva à espetacularização.

Em sua exposição de uma célula de resistência popular, Escola ganha um caráter de urgência pelo diálogo com o contexto atual da América Latina, no contraponto de um passado ditatorial com as manifestações de descontentamento político do presente. A formação política deficiente, aliás, é um dos inúmeros pontos de aproximação possível do espetáculo com os protestos iniciados em junho passado no Brasil. Outro é o questionamento em relação à ditadura ter cedido a um governo falsamente democrático, que ainda operaria sob princípios autoritários e interesses alheios à população.

Calderón dispõe um lugar especial ao espectador: o de um encontro com uma ou mais visões de mundo que não tentem convencê-lo – posto que o convencimento seria um autoritarismo – mas demandem dele o assumir de uma postura. Essa operação se torna mais potente na medida em que a dramaturgia contempla um endereçamento ao futuro, ao pressupor que aquele momento político decisivo para o Chile seria retomado adiante e que a luta popular tem o exemplo de erros e acertos de um passado não muito distante.

Personagens com os rostos ocultos por capuzes recebem ensinamentos para ir à luta armada contra o regime ditatorial nos anos 1980

Personagens com os rostos ocultos por capuzes recebem ensinamentos para ir à luta armada contra o regime ditatorial nos anos 1980

O poder subversivo da contracultura formal
Por Valmir Santos – Teatrojornal

Os procedimentos dramatúrgicos e cênicos de Guillermo Calderón em Escola combinam elementos épicos e dramáticos que potencializam uma teatralidade feita de sutilezas e impurezas nas angulações crítica e política em que se anuncia. Seu mote é um achado, e explosivo. Ao circunscrever o treinamento dos integrantes de uma guerrilha em tempos de ditadura militar, o espetáculo dá margem para pensar noções de ideologia e de engajamento à luz dos dias que correm, quando o espaço público retoma vocação para a ágora em que manifestantes se fazem escutar.

Mas não se espere por abordagens históricas e socializantes elementares ou militantes, apenas. Elas vêm sob traços estéticos rigorosos nas mãos desse artista chileno nascido em 1971 e notabilizado pela estruturação ética e política de suas montagens.

Calderón é persuasivo ao visitar a cultura autóctone, a expressão popular, as ideias da militância de esquerda e o combate às sequelas do estágio atual do capitalismo justamente em tempos de crise de representatividade, refratários às ideologias. Os hinos revolucionários, o cancioneiro de evocação ao povo mapuche, os capuzes dos jovens movidos pela utopia são alguns dos aspectos mediadores da encenação.

A obra estabelece uma contracultura formal às expectativas pragmáticas suscitadas pelo tema. Desdramatiza os mecanismos didáticos, relativiza as tensões e rompe com a ilusão ao mesmo tempo em que dispõe documentos ou dados, às vezes projetando-os literalmente, inscrevendo imagem ou palavra no corpo dos atores. Essas transições são demarcadas pela gestualidade ou pela simbiose de luz e de cenário mínimos que delimitam o tempo e o espaço. A sugestão é de que estamos na década de 1980, sob as ordens do general Pinochet, mas o contexto é perfeitamente móvel em se tratando das realidades geopolíticas, principalmente no continente latino-americano.

Apesar da frontalidade do palco, o espectador trabalha com a visão de arena como espaço cênico. Não é incomum algumas dessas figuras postarem-se de costas para o público. Um círculo formado por bancos, cadeiras. Ao fundo, uma lousa. Há sempre um instrutor a conduzir os aprendizes com o discurso das estratégias e táticas de ação.

Esse caráter expositivo das aulas é a deixa para que a verve de Calderón aflore. As técnicas de aprendizagem no manuseio de arma ou de um artefato explosivo são rudimentares em que pese os argumentos fundamentados sobre a injustiça do regime de exceção a ser combatido. À missão conjecturada, a dramaturgia desarma-se da austeridade para desaguar momentos patéticos, um deles em clara referência ao bem-humorado e não menos corrosivo No (2012), filme de Pablo Larraín focado na campanha publicitária do plebiscito nacional que definiu o destino da ditadura no poder. São nessas contradições que enxergamos os revolucionários mascarados como seres falíveis em sua humanidade.

Escola sintetiza a capacidade de Calderón na economicidade do que tem a dizer e como o faz. Em sua trajetória recente, o teatro político não comporta a mensagem, antes a centelha do problema. Não abdica do componente ideológico em sua mirada e espera encontrar interlocutor disposto a enfrentar esse material sombrio do passado e do presente a partir das chaves do jogo teatral objetivo. Para tanto, o quinteto de atuadores conjuga o processo artístico ao processo histórico com solidez e consciência vigilantes no tablado, como podem os melhores comediantes confrontados à dimensão trágica da existência.

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