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Um minuto para dizer que te amo emociona

Elenco de Um Minuto pra dizer que te amo. Foto: Divulgação

Elenco de Um Minuto pra dizer que te amo: Lucas Ferr, Célia Regina, Carlos Lira e Vanise Souza. Foto: Divulgação

Há muitas formas de abraçar o espetáculo Um minuto para dizer que te amo, produção do pernambucano Matraca Grupo de Teatro, do Sesc Piedade. E analisar. A montagem vem de uma trajetória notável de reconhecimento do público e de seus pares. Carrega no currículo seis prêmios do Janeiro de Grandes Espetáculos deste ano (Melhor Diretor: Rudimar Constâncio; Melhor Atriz: Célia Regina Rodrigues Siqueira; Melhor Atriz Coadjuvante Vanise Souza; Melhor Sonoplastia ou Trilha Sonora: Samuel Lira; Melhor Iluminação: João Guilherme de Paula e Melhor Maquiagem: Vinicius Vieira.

Bem, o Prêmio Apacepe é a principal premiação na área do teatro pernambucano (outro dia me sugeriram que o Yolanda criasse uma premiação) e parece-me ser importante para a classe como instância de distinção. Não vou me ater aos procedimentos específicos de escolhas do Prêmio Apacepe que, talvez, mereçam uma outra reflexão.

A recepção dos pares ao espetáculo Um minuto para dizer que te amo é recheada de adjetivos, que tentarei evitar. A peça tematiza uma doença incurável, o Alzheimer, que atinge 15 milhões de pessoas em todo mundo. Quando ela chega muda a vida. Mas mesmo quem não tem um parente ou amigo que sofra do Mal de Alzheimer pode ser tocado pela encenação, que foi trabalhada na direção de emocionar o público.

Em cenas alternadas acompanhamos a relação de um homem velho com o seu filho e de uma mulher e sua cuidadora, separados pela doença. Amélia tenta resgatar os fios das lembranças da mãe de Lúcio.

A montagem de Rudimar Constâncio chama para camadas do real na interpretação. Mas busca outras expressões para alardear fantasmas e materializar labirintos de seres deslocados de sua memória.

A peça amplifica as fragilidades humanas. E isso é explorado com maestria pela encenação. Os canais de comunicação trazem sentimentalismo caro a todos nós. Ninguém é pleno de sua existência. Até os mais poderosos não podem prever com certeza o que irá ocorrer com seu corpo ou seu futuro.

Esse sentimento, meio esquecido, de finitude, é convocado na construção da peça e isso causa efeitos na plateia. Ver o declínio das funções cognitivas dos personagens e o impacto disso na cena pode atinge os nervos da plateia.

Um minuto para dizer que te amo merece uma análise mais detalhada – e espero que a encenação tenha uma vida longa – mas por ora digo algumas palavras sobre o elenco.

A composição de Célia Regina Siqueira para a personagem da velha é convincente e comovente. Nos gestos e andar, na fala, nos gritos, nas atitudes pueris ou nas vontades cheias de si. É uma interpretação para se aplaudir de pé. Existe possibilidade de identificação do espectador com aquela figura.

Carlos Lira também se supera no personagem do pai deslocado de sua própria história de vida. É um grande ator pernambucano e tem uma atuação tocante, com nuances de leveza e olhares perdidos. Seus deslocamentos falam com todos os sentidos da ameaçadora solidão. Vanise Souza faz uma cuidadora entre amorosa e enérgica. Também estão na peça Edes di Oliveira, Douglas Duan e Lucas Ferr.

O texto de Luiz Navarro e dramaturgismo de Moisés Monteiro de Melo Neto compõem esse mosaico afetivo. Mas tem falas que atritam o ouvido (ou a minha sensibilidade) quando fazem uso de frases feitas depois da exibição de uma potente malha poética. A música ao vivo é executada e cantada pelos atores. O cenário de Séphora Silva trabalha com uma simbologia de esconder e descortinar, que dá margem para uma viagem lúdica pelo tempo da memória. A maquiagem/ caracterização de Vinicius Vieira ganha uma importância grande nessa peça, já que se torna pele e alma dos atores.

O que se deve esquecer? Ali no palco, recordações perdidas se embaralham com memórias impossíveis de se deslembrar e também com lembranças inventadas. É uma visão da vida no seu ocaso, das perdas de si mesmo e da certeza que o ser humano – apesar de toda arrogância – é muito pequeno diante do Universo.

Ficha Técnica:
Texto: Luiz de Lima Navarro
Encenação: Rudimar Constâncio
Elenco: Carlos Lira, Célia Regina Rodrigues Siqueira, Vanise Souza, Edes di Oliveira, Douglas Duan e Lucas Ferr
Dramaturgia e cenas adicionais: Moisés Monteiro de Melo Neto
Assistente de direção e partitura do ator: Sandra Possani
Partitura do corpo: Paulo Henrique Ferreira
Partitura da voz do ator: Leila Freitas
Direção musical, músicas originais e arranjos: Samuel Lira
Cenografia, figurinos e adereços: Séphora Silva
Maquiagem e visagismo: Vinicius Vieira
Projeto de luz e execução: João Guilherme de Paula
Programação visual: Claudio Lira
Orientação da pesquisa e organização do programa: Rudimar Constâncio
Revisão dos textos: Acrimôri Araújo
Cenotécnico e contrarregra: Elias Vilar
Execução de cenário, adereços e figurinos: Manuel Carlos
Pintura da malha do espectro: Altino Francisco
Costureiras: Helena Beltrão, Irani Galdino e Ana Paula Tavares
Serralheiro: Israel Galdino
Direção de produção: Ana Júlia
Direção geral: Rudimar Constâncio
Realização: Grupo Matraca de Teatro/Sesc Piedade

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A inveja da carne

Alexandre Guimarães no espetáculo O Açougueiro. Lina Sumizono/Clix. Foto: Lina Sumizono/Clix

Alexandre Guimarães no espetáculo O Açougueiro. Fotos: Lina Sumizono/Clix

O monólogo O Açougueiro, com o ator pernambucano Alexandre Guimarães, recebeu elogios no 25º Festival de Teatro de Curitiba e ganhou até sessão extra no Fringe. Essa mostra paralela já revelou para o Brasil a encenadora, dramaturga e atriz Grace Passô e a companhia mineira Espanca!, com a peça Por Elise, na mostra paralela de 2005. Ou A Sutil Companhia de Teatro, em 2000, com A vida é Feita de Som e Fúria, dirigida por Felipe Hirsch com Guilherme Weber no papel principal. Foi também em Curitiba que o Angu de Teatro deu um salto em termos de projeção nacional.

Guimarães voltou ao Recife com mais fôlego para uma temporada. A peça, escrita e dirigida por Samuel Santos, está em cartaz às sextas-feiras de abril, às 20h, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu.

A encenação destaca como a inveja é uma coisa perigosa e pode destruir vidas. Um açougueiro de um lugarejo do interior do Nordeste, apaixonado pela bela Nicinha, desperta a inveja na cidade. A felicidade é uma arma quente.

A grande ambição do protagonista é ter o seu próprio açougue. E se casar com a mulher que ama, a prostituta da cidade. O refrão “joga pedra na Geni…” é materializado pela intolerância e estupidez da sociedade, que inveja e condena seu relacionamento.

Com técnicas do Teatro Físico e Antropológico, o ator tira do corpo os sete personagens que, atravessam a trajetória de Antônio, produzindo um teatro altamente visual. O açougueiro vende o boi de abate. E encarna com o gestual, o boi de cercado, boi de rodeio, o boi de engorda, o boi reprodutor, que se metamorfoseiam quando tocados pelo amor. O intérprete se desdobra em muitos para narrar, entre aboios e toadas, essa história.

A dramaturgia é a transposição para o palco de uma conto de Samuel Santos. Ator e encenador traçam conexões entre a carne bovina, o gado, o consumo material e a ideia do corpo feminino, impuro, de Nicinha, a partir da visão dos seus juízes. A peça busca refletir sobre estigmas sociais. E apresenta um homem com expressão animalizada, cuja brutalidade é desconstruída pelo amor. Mas se vê ameaçado pela preconceito e zelotipia.

açougueiro. Lina Sumizono/Clix

Espetáculo está em cartaz no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, às sextas-feiras de abril

FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia, encenação e desenho de luz: Samuel Santos
Atuação: Alexandre Guimarães
Preparação corporal e figurino: Agrinez Melo
Maquiagem: Vinicius Vieira
Preparação vocal: Naná Sodré
Projeto gráfico: Curinga Comuniquê
Operação de Luz: Domdom Almeida
Fotografias: Lucas Emanuel / Curinga Comuniquê

SERVIÇO:
O Açougueiro – Temporada
Quando: sextas-feiras (01, 08, 15 e 22) de abril
Onde: Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu
Quanto: R$ 20,00 e R$ 10,00
Classificação: 16 anos

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Premiados Apacepe – Teatro Adulto

Montagem de Viúva porém honesta, do Magiluth

Montagem de Viúva porém honesta, do Magiluth

Melhor Espetáculo Pela Comissão Julgadora:
Indicados:
Auto do Salão do Automóvel (Página 21)
Duas Mulheres em Preto e Branco (Remo Produções Artísticas)
O Beijo no Asfalto (Produção: Renata Phaelante e Andrêzza Alves)
Um Inimigo do Povo (Grupo de Teatro Cena Aberta do SESC Caruaru)
Viúva, Porém Honesta (Grupo Magiluth)
Vencedor: Viúva, Porém Honesta (Grupo Magiluth)

O grupo  Magiluth na entrega do prêmio da Apacepe

O grupo Magiluth na entrega do prêmio da Apacepe

A Pena e A Lei, de Petrolina, foi escolhida a melhor montagem pelo júri popular

A Pena e A Lei, de Petrolina, foi escolhida a melhor montagem pelo júri popular

Melhor Espetáculo Pelo Júri Popular: A Pena e a Lei (Teatro Popular de Arte/TPA)

Melhor Diretor:
Indicados:
Claudio Lira (O Beijo no Asfalto)
Kleber Lourenço (Auto do Salão do Automóvel)
Moacir Chaves (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Moisés Gonçalves (Um Inimigo do Povo)
Pedro Vilela (Viúva, Porém Honesta)
Vencedor: Pedro Vilela (Viúva, Porém Honesta)

Diretor Pedro Vilela fez uma montagem frenética de Viúva, Porém Honesta

Diretor Pedro Vilela fez uma montagem frenética de Viúva, Porém Honesta

Melhor Ator:
Indicados:
Carlos Lira (Vestígios)
Erivaldo Oliveira (Viúva, Porém Honesta)
Giordano Castro (Viúva, porém honesta)
José Ramos (Auto do Salão do Automóvel)
Pedro Wagner (Viúva, Porém Honesta)
Vencedor: Erivaldo Oliveira (Viúva, Porém Honesta)

Erivaldo Oliveira concorreu com Carlos Lira (Vestígios), José Ramos (Auto do salão do automóvel), além de seus colegas de elenco de Viúva, porém honesta Giordano Castro  e Pedro Wagner

Erivaldo Oliveira concorreu com Carlos Lira (Vestígios), José Ramos (Auto do salão do automóvel), além de seus colegas de elenco em Viúva, porém honesta, Giordano Castro e Pedro Wagner

Melhor Atriz:
Indicados:
Andrêzza Alves (O Beijo no Asfalto)
Bruna Castiel (A Filha do Teatro)
Paula de Renor (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Sandra Possani (Duas Mulheres em Preto e Branco),
Stella Maris Saldanha (Auto do Salão do Automóvel)
Vencedor: Bruna Castiel (A Filha do Teatro)

Atuação de Bruna Castiel foi destacada em peça com texto de Luís Augusto Ries

Atuação de Bruna Castiel foi destacada em peça com texto de Luís Augusto Ries

Ator Revelação:
Indicados:
Adailton Mathias (A Pena e a Lei)
Godoberto Reis (A Pena e a Lei)
Paulo Henrique Reis (A Pena e a Lei)
Roberto Brandão (Vestígios)
Vencedor: Godoberto Reis (A Pena e a Lei)

Atriz Revelação:
Indicados:
Francine Monteiro (A Pena e a Lei)
Inês Simões (Auto da Compadecida)
Rosa Félix (Cinema)
Vencedor: Rosa Félix (Cinema)

William Smith ganhou ator coadjuvante por Um inimigo do povo, montagem de Caruaru

William Smith ganhou ator coadjuvante por Um inimigo do povo, montagem de Caruaru

Melhor Ator Coadjuvante:
Indicados:
Ivo Barreto (O Beijo no Asfalto)
Lucas Torres (Viúva, Porém Honesta)
Mário Sérgio Cabral (Viúva, Porém Honesta)
Pascoal Filizola (O Beijo no Asfalto)
William Smith (Um Inimigo do Povo)
Vencedor: William Smith (Um Inimigo do Povo)

Atriz Coadjuvante:
Indicados:
Daniela Travassos (O Beijo no Asfalto)
Manuela Costa (A Filha do Teatro)
Rosa Amorim (Auto da Compadecida)
Sandra Rino (O Beijo no Asfalto)
Vencedor: Daniela Travassos (O Beijo no Asfalto)

Daniela Travassos ganhou prêmio de melhor atriz coadjuvante por O beijo no asfalto

Daniela Travassos ganhou prêmio de melhor atriz coadjuvante por O beijo no asfalto

Melhor Maquiagem:
Indicados:
Marcondes Lima (Auto do Salão do Automóvel)
Tiche Vianna (Daquilo Que Move o Mundo)
Vinícius Vieira (A Filha do Teatro)
Wemerson Diaz e Sheila Costa (A Pena e a Lei),
Vencedor: Marcondes Lima (Auto do Salão do Automóvel)

Melhor Figurino:
Indicados:
Andrêzza Alves e Claudio Lira (O Beijo no Asfalto)
Júlia Fontes (Olivier e Lili: Uma História de Amor em 900 Frases)
Marcondes Lima (Auto do Salão do Automóvel)
Walter Holmes (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Vencedor: Andrêzza Alves e Claudio Lira (O Beijo no Asfalto)

Alegria de  Claudio Lira e Andrêzza Alves, de O Beijo no Asfalto, ao ganhar prêmio de melhor figurino

Alegria de Claudio Lira e Andrêzza Alves, de O Beijo no Asfalto, com o prêmio de melhor figurino

Melhor Cenografia:
Indicados:
Claudio Lira (O Beijo no Asfalto)
Doris Rollemberg (Vestígios)
Fernando Mello da Costa (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Marcondes Lima (Auto do Salão do Automóvel)
Moisés Gonçalves e Alex Deplex (Um Inimigo do Povo)
Vencedor: Fernando Mello da Costa (Duas Mulheres em Preto e Branco)

Melhor Iluminação:
Indicados:
Aurélio di Simoni (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Cleison Ramos (MARéMUNDO)
Játhyles Miranda (Auto do Salão do Automóvel)
Luciana Raposo (O beijo no Asfalto)
Pedro Vilela (Viúva, Porém Honesta)
Vencedor: Aurélio di Simoni (Duas Mulheres em Preto e Branco)

Melhor Sonoplastia:
Indicados:

Adriana Milet (O Beijo no Asfalto)
Missionário José (Auto do Salão do Automóvel)
Moisés Gonçalves e Wayllson Ricardo (Um Inimigo do Povo),
Pedro Vilela (Viúva, Porém Honesta),
Tomás Brandão e Miguel Mendes (Duas Mulheres em Preto e Branco)
Vencedor: Tomás Brandão e Miguel Mendes (Duas Mulheres em Preto e Branco)

Tomás Brandão e Miguel Mendes criaram a trilha sonora de Duas Mulheres em Preto e Branco

Tomás Brandão e Miguel Mendes criaram a trilha sonora de Duas Mulheres em Preto e Branco

Comissão Julgadora Teatro Adulto: Anamaria Sobral, Elias Mouret, Maria Rita Costa, Magdale Alves e Quiercles Santana

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Uma década de companhia

Cênicas realiza nova leitura de Mamãe não pode saber

A Cênicas Cia. de Repertório faz dez anos no dia 12 de junho. Para comemorar (até porque não é todo dia que um coletivo teatral completa uma década!), o grupo montou uma programação especial que começa hoje, no Espaço Muda. A companhia decidiu repetir a leitura de Mamãe não pode saber, realizada no dia 26 de abril. O texto é de João Falcão, foi montado na capital pernambucana na década de 1990, e tinha no elenco nomes como Aramis Trindade, Lívia Falcão e Magdale Alves.

Na leitura da Cênicas, o elenco é formado por Alexandre Guimarães, Ana Souza, Antônio Rodrigues, Bruna Castiel, Sônia Carvalho e Vinícius Vieira, com direção de Antônio Rodrigues. É um jogo divertido que consiste basicamente na interpretação de mais de um personagem por ator. Além disso, a história é cheia de personagem querendo se dar bem! Bruna Castiel se destaca. A jovem atriz tem uma voz forte e talento de sobra para ser lapidado. Uma grande aposta do nosso teatro nos próximos anos! A leitura será às 20h, com contribuição espontânea.

A programação continua no dia 11, também no Muda, às 21h, com ingressos a R$ 10. O grupo apresenta Que muito amou, uma adaptação do livro Os dragões não conhecem o paraíso, de Caio Fernando Abreu. A peça estreou em 2004. Nesse mesmo dia, a partir das 23h, será realizada a festa de dez anos e o lançamento Jornal Virtual – Cênicas Acontece, um informativo sobre as atividades do grupo. A festa é gratuita e outros artistas podem participar com performances.

No dia 18, o grupo reapresenta Que muito amou, às 21h. E no dia 22, às 20h, com contribuição espontânea, Bruna Castiel apresenta Natureza morta, com direção de Antônio Rodrigues. É o lançamento do projeto Cênicas Em Cena, solos construídos a partir das improvisações dos atores do grupo. Esse é ainda um experimento do que será um espetáculo com estréia prevista para agosto.

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Cênicas Cia faz leitura de João Falcão

Texto Mamãe não pode saber foi montado em 1993

O texto Mamãe não pode saber, de João Falcão, tem 12 personagens. É daquelas histórias onde cada um que tente tirar mais vantagem em cima do outro. Tem, por exemplo, a Dona Glória, que presta, sem o menor talento, um serviço de autoajuda pelo telefone e encara a filha, uma aspirante a modelo de 13 anos, como uma salvação para os problemas financeiros. Há ainda amiga invejosa, o político corrupto. E muita confusão. Será da Cênicas Cia de Repertório a divertida tarefa de fazer uma leitura dramatizada desse texto hoje, às 20h, no Espaço Muda, no Recife, dentro do projeto Leia-se: terça!.

O texto já foi montado aqui no Recife, com direção do próprio João Falcão, em 1993. Tinha no elenco atores como Lívia Falcão, Aramis Trindade e Magdale Alves. Antônio Rodrigues, que assina a direção da leitura que será feita pela Cênicas, diz que viu a montagem nessa época. “A comédia é um estilo que nos interessa muito, principalmente sendo um bom texto como esse. E quase todos do grupo já conheciam o texto. Foi aí que entrei em contato com o João para pedir autorização para fazer a leitura”, conta.

No elenco, além do próprio Rodrigues, Alexandre Guimarães, Ana Souza, Bruna Castiel, Sônia Carvalho e Vinícius Vieira. De acordo com o ator e diretor, o texto já foi escrito para ser encenado por menos atores do que são os personagens. “O texto brinca com isso, inclusive dando características comuns aos personagens indicados para serem feitos por um mesmo ator”.

A Cênicas Cia de Repertório não fazia uma leitura dramatizada aberta ao público desde 2007, quando dentro do festival Recife do Teatro Nacional, eles leram Mura outside, do amazonense Francisco Carlos. “Geralmente quando estudamos um texto e pesquisamos para uma leitura dramatizada, fica sempre um gostinho de se fazer a montagem. Mas daí para a viabilização da produção tem outras peculiaridades. Existem várias etapas a se cumprir entre a realização da leitura e a montagem. Mas era um desejo fazer esse texto”, complementa.

Cênicas Cia de Repertório tem a intenção de montar a peça. Fotos: Luciana Dantas

Uma década – No dia 12 de junho deste ano, a Cênicas Cia de Repertório completa dez anos. O primeiro espetáculo foi Um gesto por outro. Para comemorar, o grupo está montando uma programação especial, que deve contar com a reapresentação de algumas peças do repertório (inclusive da peça de estreia), um ciclo de debates, um documentário e ainda uma exposição de fotografias e figurinos na sede do grupo, no Recife Antigo, espaço que a companhia mantém há um ano. Há também a intenção de reler o texto Mamãe não pode saber.

O último espetáculo do grupo foi Senhora dos afogados, com direção de Érico José, que estreou ano passado no Recife.

Mamãe não pode saber, com a Cênicas Cia de Repertório, no Leia-se: terça!
Quando: nesta terça-feira, às 20h
Onde: Espaço Muda (Rua do Lima, 280, Santo Amaro)
Quanto: contribuição espontânea
Informações: 81 3032-1347

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