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Precariedade no Teatro Apolo ameaça Clotilde

Peça pode ter temporada interrompida

Peça pode ter temporada interrompida. Foto: Ivana Moura

A temporada em comemoração aos seis anos do espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas pode ser interrompida antes do prazo. A peça entrou em cartaz neste último fim de semana no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, e deveria seguir até o dia 24 de abril, mas a produção do espetáculo aguarda um posicionamento sobre um teste na potência do ar-condicionado do teatro, gerido pela Prefeitura do Recife, para decidir se há viabilidade de continuar as apresentações. Vale lembrar que o Teatro Apolo é o teatro mais antigo da cidade do Recife – sua construção foi iniciada em 1839. O equipamento de ar-condicionado da casa é da década de 1980.

Nas apresentações da estreia, o público e os próprios artistas sofreram com a falta de refrigeração. “Fizemos o espetáculo no sábado passando mal. Quem saía de cena ia beber água e corria para o único ventilador que estava nas coxias. O elenco ficou com a voz bem comprometida, suando muito, o figurino encharcado, a maquiagem derretendo. O bigode do meu personagem caiu por conta do calor e do suor”, conta o ator Tatto Medinni, que interpreta o vilão João Favais.

O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas é um espetáculo divertido, engraçado, com alto poder de adesão do espectador. Para caracterizar cada personagem, utiliza figurinos (de Marcondes Lima) que se sobrepõem, como casacos, jeans, blusas e meias e uma maquiagem carregada, assinada pela própria Trupe Ensaia Aqui e Acolá. Além disso, há muita movimentação no palco e coreografias repletas de elementos kitsch, que garantem o bom-humor da encenação. A peça dura 1h30.

“Nós não sabíamos do problema com o ar-condicionado. Como estávamos bastante focados com a estreia, no sábado, ensaiamos sem refrigeração, mas achamos que o equipamento seria ligado à noite. Parte do elenco já foi se maquiar no camarim do Teatro Hermilo Borba-Filho (equipamento que, com o Teatro Apolo, integra o Centro Apolo-Hermilo), porque era impossível permanecer no camarim do Apolo sem ar-condicionado. Quando entramos em cena, logo percebemos que o problema era grave. De todos os ângulos, víamos as pessoas se abanando e na segunda cena já estávamos sofrendo”, explica Jorge de Paula, encenador e intérprete do pai da mocinha.

No sábado, havia 121 pessoas na plateia (a capacidade da plateia, sem contar a galeria do teatro, é de 275 pessoas); no dia seguinte, foram 50 espectadores. No domingo, o público já foi avisado com antecedência que o ar-condicionado não estava funcionando. O ator Tiago Gondim, que já fez parte do elenco da peça, assistiu à montagem na noite de ontem. “É uma falta de respeito com o público e com os próprios atores. Não há mais desculpas”, comentou.

Ao final das duas sessões, os atores compartilharam com a plateia a dificuldade de encenar a peça; citaram o compromisso que a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado, noutra escala, precisam ter com os equipamentos culturais da cidade e do estado.

O Apolo é o teatro mais antigo do Recife. Foto: Pollyanna Diniz

O Apolo é o teatro mais antigo do Recife. Foto: Pollyanna Diniz

“A equipe do teatro é bastante comprometida, prestativa, tenta fazer o melhor. Mas não há vontade política e pulso administrativo. O teatro e o camarim têm cheiro de barata. Enquanto montávamos o cenário, matamos baratas no palco. Não tem uma luz funcionando no espelho do camarim”, reclama a produtora e atriz Iara Campos, que interpreta Clotilde. “Estamos falando de uma situação de descaso que é generalizada. E que mostra o quanto a classe artística está desmobilizada e o quanto não somos representados pelo sindicato, que não tem atuação”, complementa.

De acordo com a produção do espetáculo, se a questão do ar-condicionado não for solucionada, a temporada será cancelada. “Do jeito que está, não dá. É uma condição desumana. A gente não tem como trabalhar dessa maneira. Espero que o Apolo não siga o caminho do Parque e do Barreto Júnior”, torce Tatto Medinni.

Mais problemas – Outros equipamentos geridos pela Prefeitura do Recife também enfrentam problemas. No ano passado, durante uma sessão da peça Incêndios no Teatro de Santa Isabel, um dos 14 teatros-monumento do país, o público sofreu com a falta de refrigeração. Uma espectadora chegou a questionar em voz a alta a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, que estava na frisa da Prefeitura. Leda respondeu fazendo sinal para baixo com o polegar, indicando que realmente não estava funcionando, algo que todos já haviam percebido.

O Teatro Barreto Júnior, localizado no bairro do Pina, está fechado desde novembro de 2014. Motivo principal: falta de ar-condicionado. A Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape), publicizou que foi avisada com menos de 15 dias da abertura da 17ª edição do Todos Verão Teatro, que a Fundação de Cultura Cidade do Recife não dispunha de verba para a locação do equipamento de climatização do Barreto Júnior. Isso foi no começo de março.

O estado do centenário Teatro do Parque é ainda mais grave. O equipamento está fechado desde 2010 e teve a reforma suspensa desde julho do ano passado, seis meses depois de ter sido iniciada. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) cobra na Justiça estadual a retomada da obra de restauração, para evitar a ruína total de um prédio protegido por lei, já que o Teatro do Parque é considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP) pela Prefeitura do Recife.

O ator e produtor cultural Oséas Borba Neto, que está à frente das denúncias pela defesa do Parque, garante que o teatro perdeu três pianos devido ao ataque de cupins: um Steinway e dois Essenfelder. Borba Neto criou uma petição pelo tombamento pelo IPHAN do Cine-Teatro do Parque, que fez 100 anos em agosto de 2015 e é o único representante em Pernambuco do grupo de Teatros-Jardins Brasileiros. A petição pode ser assinada no link www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR89351

Resposta da Prefeitura do Recife – De acordo com a Secretaria de Cultura do Recife, o ar condicionado do Teatro Apolo parou de funcionar no dia da estreia do espetáculo e “a direção do Centro Apolo-Hermilo está fazendo o levantamento para efetuar o conserto até a próxima sexta-feira”. Sobre o Teatro Barreto Júnior, finalmente há alguma previsão: “o equipamento já foi licitado e a obra deve começar na próxima segunda-feira, 11. A conclusão dos serviços está prevista para a primeira semana de junho”.

A nota responde ainda os questionamentos sobre o Teatro do Parque. “A Prefeitura do Recife, por meio do Gabinete de Projetos Especiais, esclarece: o Teatro do Parque vem ao longo de muitos anos sofrendo um processo sério de degradação. Por isso, a primeira etapa já realizada diz respeito ao trabalho que sanou os problemas encontrados na estrutura da edificação a partir da substituição de toda a cobertura do teatro. Essa etapa sanou os problemas de infiltrações que comprometia a estrutura do patrimônio. Esse trabalho também revelou características do equipamento até então desconhecidas e encobertas por outras reformas. A partir daí, foi necessário realizar uma investigação mais aprofundada sobre as características originais do teatro, que contemplou a segunda fase das obras de reforma do Teatro do Parque. Para realizar a obra de maneira a contemplar as especificidades de restauro, a Prefeitura do Recife fará novo processo de licitação que deverá acontecer dentro de aproximadamente 60 dias. A obra está orçada em cerca de R$ 13 milhões. Ressaltamos ainda que, para resguardar o patrimônio, é mantido serviço de segurança no local”.

*Texto escrito por Ivana Moura e Pollyanna Diniz

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Festival reúne espetáculos de 11 cidades

Vicência, com a Troupe Azimute. Foto: Clara Gouvea

O Festival Estudantil de Teatro e Dança, que começa hoje e segue até o dia 28 na capital pernambucana, é uma oportunidade de conferir novas produções, atores e diretores. Serão 89 apresentações (ano passado foram 44) de 11 cidades pernambucanas, como Garanhuns, Goiana, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu e até Manari, considerado um dos municípios mais pobres do país. São espetáculos com elenco de alunos de escolas públicas ou particulares, ONGs ou cursos livres de teatro e dança.

As apresentações teatrais serão até o dia 27 no Teatro Apolo; as performances de dança no Teatro Boa Vista entre 22 e 28; e a festa de premiação será no dia 28, a partir das 18h, no Santa Isabel. Os ingressos custam R$ 5 (preço único). Os grupos recebem uma cota para vender antecipadamente e ficam com R$ 4, uma forma de estimular novas produções.

Confira as atrações deste fim de semana:

Hoje, às 19h30:
Vicência (Troupe Azimute e Curso Livre de Iniciação ao Teatro – Projeto Vem Ver Teatro / Garanhuns).
Texto adaptado do conto Paisagem Perdida, de Luís Jardim, autor de Garanhuns, por Julierme Galindo. A peça surgiu para comemorar os 110 anos de nascimento do escritor. Direção: Julierme Galindo. A paixão da jovem Vicência, mulher sertaneja e jovem, por um vaqueiro, João Toté, a contragosto do pai da moça, que a havia prometido em casamento ao filho do seu irmão para tentar manter a unidade na família. Indo de encontro às convenções e tradições familiares, e mesmo vivendo num tempo em que mulher não tinha voz alguma, Vicência vai até as últimas consequências para viver esse amor. Com trilha sonora original e executada ao vivo, a montagem mistura um contexto dramático com pitadas de humor. A cenografia é móvel – com paredes sendo montadas como num jogo de peças – e manipulada por todo o elenco. É a primeira vez que o grupo participa do Festival.

Amanhã, às 19h30:
Strega (Projeto Lugar Comum e Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém / Recife)
Criação coletiva da Companhia Maria Sem-Vergonha de Teatro e Circo. Direção: Andrêzza Alves
A peça trata das distâncias e aproximações entre o “ser” e o “parecer” a partir de uma interação lúdica com a plateia e tendo como referencial a história de um lugar onde pessoas desaparecem. A equipe é formada por jovens do bairro de Santo Amaro.

Strega, projeto Lugar Comum. Foto: Damiano Massaccesi

Dia 13 de agosto (sábado), às 16h30
De bobo, bravo e vilão se faz um faz de conta (Grupo Diocesano de Artes e Colégio Diocesano de Garanhuns / Garanhuns)
Texto: Carlos Janduy. Direção: Sandra Albino. Com trilha sonora original, o espetáculo é uma aventura com personagens de um reino, onde há bobo da corte enamorado, serviçal metido a herói e rei e rainha que acabaram de ter um menino bebê e tentam salvar uma princesa raptada por um desconhecido e famigerado vilão. Elementos dos contos de fada estão presentes na montagem, que brinca com a ideia do vilão clássico. O grupo já foi premiado algumas vezes no Festival, com outros trabalhos.

Dia 14 de agosto (domingo), às 16h30:
O sumiço da abelha rainha (Grupo Teatral ARTDOM e Colégio DOM / Olinda)
Texto e direção: Thina Neves. Composta por crianças e adolescentes, dos seis aos 17 anos, a peça revela uma abelha rainha que desaparece sem deixar pistas, para desespero de toda a sua colmeia. Os zangões e abelhinhas começam a se desentender e alguns querem, inclusive, tomar o cargo da rainha. A desorganização e desunião é tanta, que insetos invasores aproveitam-se da situação, e até um grande urso aparece para abusar da colmeia. O grupo foi criado em maio de 2010 e este é seu primeiro exercício cênico.

Dia 14 de agosto (domingo), às 20h:
A Partida (Cia. Experimental de Teatro e Escola José Joaquim da Silva Filho / Vitória de Santo Antão). Texto e direção: César Leão. Nesta comédia dramática, dois irmãos, ainda pequenos, após perderem a mãe e o pai e terem como única herança um pedaço de carne seca e um pote com farinha, ainda têm dúvidas se partem em busca de uma vida nova ou se só lhes resta continuarem juntos, apesar da tumultuada relação que mantêm. É a primeira vez que a companhia participa do Festival.

A partida, da Cia. Experimental de Teatro. Foto: Cesar Leão

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Boas vindas ao Dona Lindu

A gente ainda não conheceu o espaço, mas os mistérios que rondavam a inauguração dos equipamentos culturais do Parque Dona Lindu – o Teatro Luiz Mendonça e a galeria Janete Costa – parecem que, finalmente, começam a ser desfeitos. Como antecipamos esta manhã, a abertura será com um show de Lenine e da Orquestra Sinfônica do Recife, no sábado (26), mas apenas para convidados. No dia seguinte, às 18h, o show será virado para o pátio do Parque (já que o teatro moderníssimo permite apresentações tanto no espaço interno quanto externo).

O prefeito disse que tinha sim a ideia de inaugurar o teatro com um espetáculo de artes cênicas, mas que isso não teria sido possível por conta de agendas. Bom, a programação de teatro começa no domingo, às 10h, com O fio mágico, do Mão Molenga Teatro de Bonecos; às 16h30, estão previstas intervenções de artistas circenses. Na terça-feira (29) e na quarta (30), às 20h, é a vez da peça O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, a peça vencedora – na categoria teatro adulto – do último Janeiro de Grandes Espetáculos.

Ainda vai ter o Grial apresentando Travessia, Palhaços em conSerto, dança de rua com o projeto Ubi Zulu Bambaataa, Decripolou, totepou, Polo Marginal – Opereta de rua e Auto da Compadecida. Na programação de música, no dia 2, tem ainda show de Silvério Pessoa, lançando o álbum No grau.

A mostra que abre a galeria Janete Costa é mesmo uma retrospectiva de Abelardo da Hora.

Segundo o prefeito, a coletiva de imprensa não foi realizada já no Dona Lindu porque Lenine e a Orquestra estavam ensaiando no Santa Isabel. Mas garantiu que está tudo pronto para a abertura.

Renato L, por sua vez, disse que será aberta pauta para o teatro e, quando questionado sobre as condições principalmente de iluminação dos outros teatros, disse que tanto o Apolo quanto o Barreto Júnior vão passar por reformas para resolver quaisquer problemas.

Estamos muito curiosas para conhecer o espaço! Esta manhã, tentei conhecer o teatro, mas não consegui entrar. Depois de algumas combinações, o fotógrafo Júlio Jacobina, aqui do DP, foi tirar fotos do teatro (ainda não deixaram entrar na galeria). E ele chegou aqui na redação dizendo que o teatro é muito bonito, tem dois elevadores para o palco, mas que o chão é de alcatifa. “Como vai ser a manutenção? Vai grudar chiclete!”, observou Jacobina.

Foto: Carlos Oliveira/Prefeitura do Recife

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O palco gira no Recife

Como de costume, o festival Palco Giratório no Recife será realizado no mês de maio. A grade de programação completa – que inclui convidados de outros estados que não estão na circulação nacional e atrações locais – não está totalmente definida. Ainda assim, Galiana Brasil adianta que está dando maior foco para as estreias ou para espetáculos que não conseguiram tanta visibilidade.

Uma das novidades deste ano é a criação de um circuito gastronômico aliado ao festival, com pratos que vão fazer homenagens a espetáculos da programação. As criações serão do chef César Santos, do restaurante Oficina do sabor. “Os locais que vão participar deste circuito ainda estão sendo fechados, mas sei, por exemplo, que o restaurante do Senac já foi confirmado”, diz Galiana.

O Espaço Muda (Rua do Lima), que vem se firmando como reduto e alternativa para vários espetáculos cênicos, foi incluído no festival. Vai sediar a Cena bacante, programação que será realizada no final das noites, depois das sessões nos teatros tradicionais. “Será uma celebração com teatro e vinho”, propõe a curadora.

O recurso de audiodescrição, utilizado ano passado em alguns espetáculos locais, para facilitar o acesso às pessoas com deficiência ou dificuldades visuais, deve ser ampliado. “Queremos que tenha audiodescrição para um número maior de espetáculos. Rebú, por exemplo, da companhia Teatro Independente, do Rio de Janeiro, terá o recurso”.

Rebú terá recurso de áudiodescrição / Foto: Paula Kossatz

A expectativa é que a grade de programação tenha entre 15 e 20 espetáculos de várias linguagens – assim como é a própria seleção do Palco nacional – com montagens de teatro adulto, infantil, dança, teatro de rua, de animação. Alguns acertos ainda precisam ser fechados. “Queríamos muito trazer o Teatro Piollin, de João Pessoa, com o espetáculo Retábulo, mas ainda não sabemos como será, porque eles precisavam de um espaço como era o Teatro Armazém, e talvez o Nascedouro de Peixinhos, que poderia ser uma alternativa, esteja em reforma”, diz.

Espetáculo do Piollin pode vir ao Recife no Palco

Os espaços que vão participar da mostra, aliás, também não foram decididos. O Parque Dona Lindu, por exemplo, poderia ser uma opção. Para alguns teatros municipais, no entanto, como o Teatro Apolo e o Barreto Júnior, o festival terá que arcar com alguns custos extras, como o aluguel de iluminação. “É ruim, porque esse dinheiro poderia servir para trazer mais grupo”, finaliza Galiana.

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