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CENA EXPANDIDA em Pernambuco
Iluminando os festivais de artes cênicas

Dançando Villa, da Curitiba Cia de Dança participou do Cena Cumplicidades. Foto: Pedro Portugal / Divulgação

Stabat Mater, um dos destaques da programação do FETEAG. Foto: Pedro Portugal / Divulgação

Leitura dramatizada do texto Planeta Tudo, (planeet Alles), no RESIDE FIT-PE. Em cena Iara Campos, Romualdo Freitas, Edjalma Freitas e Naruna Freitas e o viodeomaker Gabriel de Godoy, Foto: Pedro Portugal / Divulgação

Cordel Estradeiro, Uma Viagem Impressionante ao Sertão, da Escola Municipal Maria De Lourdes Dubeux Dourado do Recife, em apresentação no FETED. Foto: Pedro Portugal / Divulgação

ITAÊOTÁ, do Grupo Totem na programação do Transborda. Foto: Divulgação

Cinco festivais de artes cênicas de Pernambuco participaram de uma experiência inédita e promissora no estado chamada CENA EXPANDIDA. O Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena, de Arnaldo Siqueira; o FETEAG – Festival de Teatro do Agreste, de Fábio Pascoal; o FETED  – Festival Estudantil de Teatro e Dança, de Pedro Portugal; o Transborda – As Linguagens da Cena, com curadoria de Ariele Mendes e equipe do Sesc-PE, e o RESIDE FIT-PE – Festival Internacional de Teatro de Pernambuco, de Paula de Renor, se juntaram numa ação conjunta no mês de setembro no intuito de produzir um bom impacto cultural nas cidades envolvidas (Recife e Caruaru)  e seus entornos, testar a força da união de seus realizadores e articular novas possibilidades de futuros a partir das atividades formativas e espetaculares propostas.  

A atriz, curadora e produtora Paula de Renor salienta que a CENA EXPANDIDA deste ano foi uma experiência, um teste, uma espécie de projeto-piloto, já provado em pequenas doses em 2018 e 2019. “Em 2022 fomos bem além! Unimos cinco festivais, ordenamos as programações, distribuindo-as nos teatros (o que acho foi o mais complicado, pelos poucos teatros que dispomos) e tentamos que programações dirigidas a um mesmo público não se chocassem em seus horários”. 

A CENA EXPANDIDA viabilizou uma aproximação e um diálogo mais ampliado entre os produtores dos festivais envolvidos, ressalta Ariele Mendes, do Transborda. O produtor, curador e professor Arnaldo Siqueira considera que foi um passo bem importante, “oxalá tenha continuidade e ampliação do apoio dos poderes públicos”. Fábio Pascoal, produtor e curador do FETEAG,  lembra que projetos como esse são importantes para o fortalecimento da rede produtiva e para ampliar público e o acesso.

“Essa prática tem sido uma constante com o FETEAG”, situa Pascoal, pois assegura que seu festival busca a cada edição construir novas parcerias e fortalecer as existentes. “Em 2013 fizemos uma edição partilhada com o TREMA!, em 2014 com a Mostra Capiba/SESC Casa Amarela e em 2017 com o TEMPO Festival/RJ, FIAC/BA e com a Bienal de Dança do Ceará. Acreditamos em parcerias”.

Ariele reforça o papel desse entrecruzamento. “Nesta rede que se estabeleceu, conseguimos vivenciar uma integração de maneira muito mais efetiva, o que possibilitou, por exemplo, a busca por soluções para imprevistos (eles sempre acontecem) que, normalmente, acarretariam um desgaste muito grande para a equipe de cada festival específico, mas que neste movimento, foi possível compartilhar e buscar apoio junto às lideranças de cada projeto, facilitando os processos”.

Já o Arnaldo Siqueira entende que a relação profissional e solidária dos/entre produtores foi incrível na CENA EXPANDIDA. “Apenas a título de exemplo, o próprio Cena Cumplicidades abriu mão de pautas/dias e horários para oportunizar que colegas de outros festivais pudessem pautar certos trabalhos”. Mas salienta que “de outra parte, o Cena Cumplicidades foi beneficiado com a força comunitária da articulação junto aos teatros e à FCCR (Fundação de Cultura Cidade do Recife).

Outro exemplo de cooperação citado por Siqueira foi a disponibilidade de Pedro Portugal, produtor do FETED e fotógrafo, que substituiu de pronto uma fotógrafa do Cumplicidades, que adoeceu de repente. “Tal comportamento demonstra o nível de entrosamento e colaboração, algo que põe por terra o mito do caranguejo na lata que puxa para baixo o que está subindo”, situa Arnaldo.

Pedro Portugal, mencionado por Siqueira, considera que a CENA EXPANDIDA trouxe benefício para o seu festival estudantil. “Por ser um festival mais ligado às escolas, uma coisa amadora, não é menor (*faz questão de frisar!), mas posso até dizer mais caseira, possibilitou mais visibilidade. Então nós ganhamos uma dimensão maior. Quanto mais estivermos juntos melhor”.

Paula de Renor. Foto Pedro Portugal

Paula de Renor, do RESIDE FIT-PE – Festival Internacional de Teatro de Pernambuco. Foto Pedro Portugal

Arnaldo Siqueira. Foto: Christina Rufatto

Arnaldo Siqueira, do Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena Foto: Christina Rufatto

Fábio Pascoal, do FETEAG – Festival de Teatro do Agreste. Foto: Reprodução do Facebook

Pedro Portugal, do FETED  – Festival Estudantil de Teatro e Dança. Foto: Divulgação

Breno Fittipaldi, curador e produtor do Transborda Casa Amarela; Luiza Cordeiro, diretora-presidente do Centro Social Dom João Costa e Ariele Mendes, curadora e analista de artes cênicas do Sesc Pernambuco. Foto: Divulgação

Essa edição da CENA EXPANDIDA é só uma parte do que foi idealizado, conta Paula de Renor. “Essa ação de colaboração é mais ampliada, com a participação de mais festivais e uma divulgação potente e eficaz, com grupos de mediação em comunidades, nos teatros, mapeando públicos diversos e oferecendo um cardápio grande de atrações durante um mês em teatros e na rua”, arquiteta.

Mas como todos nós sabemos, as verbas são fundamentais para o bom andamento dos projetos. “Infelizmente sem dinheiro é muito difícil fazer qualquer festival, por menor que seja”, frisa Pedro Portugal. “Também tivemos muito pouco tempo para fazer uma coisa maior, uma cena expandida maior, com mais abrangência e divulgação”, diz ele. 

Paula de Renor fornece outros dados: “Trabalhamos dividindo recursos para pagamento de despesas de divulgação e algumas vezes potencializando ações com o compartilhamento de atrações, sem tirar a autonomia de cada festival”.

Ao ser perguntado o que pode ser melhorado na CENA EXPANDIDA, Arnaldo Siqueira foi bem suscinto: “Proatividade na relação com os entes públicos. E seletividade”. Paula de Renor reconhece que precisava de mais divulgação. A falta de patrocínio dificultou o que foi idealizado. “Conseguimos apoio da Prefeitura do Recife via Secult e FCCR, o que foi decisivo para darmos o ponta pé inicial e apresentar ao público nosso intensão, mas não chega perto dos valores de patrocínio que precisamos para que tenhamos investimento em uma coordenação de produção geral do projeto e divulgação em mídias espontâneas e pagas”, posiciona.

Fábio Pascoal diz que é necessário fazer uma “avaliação precisa do papel de cada festival dentro da rede, respeitando suas individualidades e programações”. Outro ponto que ele visualiza para as próximas edições é o compromisso das instituições parceiras, “que acreditam no potencial da iniciativa e possam apoiar financeiramente a proposta, tendo em vista que é uma iniciativa de produtores independentes, que deve ser reconhecida como tal”. Paula de Renor acrescenta: “Não buscamos captar verbas para cada festival que participe da CENA, esse não é nosso objetivo. Para isso cada festival luta individualmente na procura de recursos para sua realização. E justamente pela falta de verbas de patrocínio vários festivais deixaram de acontecer este ano”.

A experiência suscita diversas reflexões e inquietações que miram o futuro, na opinião de Ariele Mendes. “Entendo a CENA EXPANDIDA como um movimento, e desta forma, não a vejo iniciando ou se encerrando no mês de setembro. Ela precisa permanecer por todo ano, de maneira contínua e articulada, em diálogo com a classe, com as instituições, coletivizando junto a outros produtores, se colocando em atuação nas diversas esferas… A realização dos festivais é o momento de festa, da celebração… Mas para que eles possam acontecer, é necessário uma série de processos e conquistas, que só é possível quando se ocupa certos espaços nos debates contínuos da cultura, construindo pontes estruturadas, no dia a dia…” Ariele entende que “todos os produtores envolvidos já são muito atuantes nestes diálogos. Juntos, conseguiremos ainda mais força”.

“O que propomos”, evidencia Paula de Renor, “é que a CENA EXPANDIDA seja entendida como uma ação que, potencializada, pode entrar no calendário da cidade, movimentando o turismo cultural, atraindo público das cidades vizinhas”. Ela cita como exemplo a cidade de Edimburgo na Escócia. “Durante um mês, Edimburgo envolve uma quantidade enorme de festivais que acontecem simultaneamente e sua população de 500 mil habitantes chega a 1 milhão nesse período. A cidade vive deste turismo cultural. Essa é uma construção de muitos anos, mas se a gente não acreditar e não começar agora, nunca saberemos se em Recife poderá dar certo.
Estamos provocando e motivando Prefeitura e Governo do Estado para que percebam o que estamos oferecendo à cidade!”, alerta.

Se liga Recife!!!  Parodiando Carlos Pena Filho, é do sonho de mulheres como Paula de Renor que uma cidade se inventa.

Poeta Preto, da Trupe Veja Bem Meu Bem no FETEAG. Foto: Pedro Portugal Divulgação

Um Mero Deleite, da Nalini Cia de Dança (Go) , integrou a programação do Cumplicidades. Foto: Ivana Moura

Arnaldo Siqueira – Entrevista

Arnaldo Siqueira. Reprodução de tela do Youtube

Encaminhei perguntas para os representes dos cinco festivais no início da programação. Ariele Mendes respondeu pelo Transborda; Fábio Pascoal pelo seu FETEAG, Pedro Portugal pelo seu FETED, Paula de Renor deu um truque e Arnaldo Siqueira respondeu, agora já como balanço. 

Os números do Cena Cumplicidades chegaram a 23 trabalhos artísticos, em 40 apresentações de 3 Países (Portugal/Moçambique/Brasil), 6 estados da federação (PE/ RN /PB/ GO/ PR/ RJ), sendo de Pernambuco obras de Recife e Jaboatão dos Guararapes. Além disso o Cumplicidades teve como atividades complementares 5 workshops, uma residência artística de videodança (on line e presencial) e uma mostra de videodança. “Certamente não teria sido assim sem a articulação da CENA EXPANDIDA”, destaca.

Arnaldo, o Cumplicidades já levou espetáculos incríveis para os palcos de Pernambuco,
montagens internacionais ousadas, que contribuíram para a ampliação do olhar sobre a cena contemporânea. Pergunta: o que te motiva, o que te move a tocar o Cumplicidades? O que você busca com isso?
O que me motiva é fomentar as artes da cena, sobretudo a dança que, sendo uma arte da juventude, como tal, necessita de doses regulares de informações artísticas. Num mundo de acessos fáceis e reprodutibilidade, onde a cópia deu lugar à reprodução do original, sendo ela
mesma um (outro) original. Acredito que as artes do corpo, e a dança em especial, é a joia rara que só se capta na presencialidade (por isso joia, e também rara). Não há meio termo possível (a tela não dá conta disso), é preciso que súbito se tenha a impressão de ver e sentir algo que só naquele momento de presencialidade foi possível. E que um rosto adquira de vez em quando uma expressão só encontrável no orgasmo. É preciso que tudo isso que está na cena seja sem ser, mas que desabroche no olhar do espectador. E se plasme no encontro com o inesperado.

Qual a posição do seu festival no mapa da cidade (e do país) no que se refere à formação de público, a balançar as estruturas, a honrar a tradição nas artes cênicas ou traçar pontes com o contemporâneo?
O festival enfoca as artes da cena com atenção à singularidade da dança, do corpo e da performance. Desde 2008 o festival cultiva a experimentação de linguagem, a formação de plateias no Recife (que já foi um dos centros das artes cênicas), mas também se dedica ao
fomento de novos talentos na cidade, e à cooperação dos artistas locais e regionais com estrangeiros, dando ênfase ao intercâmbio com a produção ibero-americana. Enfim, busca a atualização estética tanto do público quanto dos artistas de cena, principalmente os da dança.

Como você interpreta as políticas públicas para as artes da cena do Recife e de Pernambuco? O que é prioritário e urgente?
Indiferente e sem compreensão NENHUMA do papel dos festivais.

Fale brevemente do cardápio dessa edição, os trabalhos. E como foi viabilizada a produção?
A edição de 2022 enfocou à produção artística considerada de superação e enfrentamento tanto dos impactos da pandemia do Covid 19, como das agruras do atual cenário de descaso e precariedade do país no âmbito da cultura. O Festival deu visibilidade a uma produção local que investiu em criação artística presencial, oportunizou a contratação de coreógrafos, técnicos e bailarinos locais, e, assim, contribuiu com a cadeia produtiva da dança do Recife. No âmbito internacional (e seguindo o mesmo raciocínio de consideração de investimento na produção local) o Festival programou os trabalhos desenvolvidos na Região NE (PB e PE) por artistas estrangeiros com artistas brasileiros (Oráculo do Corpo e Orivayá – o vento pediu para a folha dançar), ou trabalhos desenvolvidos fora do país por artistas nordestinos (Pin Dor Ama primeira lição e Santa Barba, ambos de Portugal, são alguns exemplos).
A formação da equipe atendeu aos mesmos requisitos de quem, a despeito das necessidades, manteve-se na produção cultural, resistindo. Diferentemente de anos melhores, nas últimas edições venho, eu mesmo, fazendo a produção executiva. “Bato o escanteio e corro para
cabecear para o gol”.

A praxe dos festivais em Pernambuco é tocar essas iniciativas “na raça”. Isso é motivo de orgulho ou preocupação? E como você vem realizando nos últimos anos?
É motivo de preocupação sobretudo para os festivais consolidados como o Cena
Cumplicidades. Nos últimos anos estamos realizando “na raça” como vc disse.

Neste ano, com previsão para os seguintes, o seu festival integra o CENA EXPANDIDA com mais quatro festivais. O que as artes da cena (e seu público) da cidade do Recife e de Pernambuco ganham com essa ação?
Uma pluralidade incrível de opções e a oportunidade de perceber a força das artes da cena da cidade.

Qual a pergunta que não quer calar?
Quando o poder público vai atentar para o valor de festivais consagrados? Tem resposta? Está no tempo…

 

Deslenhar, do Teatro Miçanga, se apresentou no Transborda

José Neto Barbosa, na leitura Os Titãs, de Paola Trazuk, com direção de Monina Bonelli, na programação do RESIDE FIT-PE. Foto: Pedro Portugal / Divulgação

Outros textos sobre o CENA EXPANDIDA postados:

Cena Expandida na reta final

Festival RESIDE avança na internacionalização com dramaturgia holandesa e proposta argentina *Ação Cena Expandida*

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Cena Expandida em Pernambuco Uma ação articulada com cinco festivais

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Cena Expandida em Pernambuco
Uma ação articulada com cinco festivais

Participam os festivais Transborda, do Sesc-PE; FETEAG de Fábio Pascoal, Reside de Paula de Renor, Feted de Pedro Portugal e Cena Cumplicidades, de Arnaldo Siqueira, que juntam projetos com perfis diferentes para potencializar os cinco programas. Foto: Divulgação

A força de cinco festivais de artes cênicas de Pernambuco forma uma constelação. Cena Expandida é articulação inédita que junta o Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena, o Festival de Teatro do Agreste (Feteag), o Festival Estudantil de Teatro e Dança (Feted), o Reside – Festival Internacional de Teatro de PE e o Transborda – As linguagens da cena para movimentar os palcos do Recife e Caruaru no mês de setembro. A programação ocorre entre os dias 8 e 30 de setembro, com mais de 60 atividades, como exibições artísticas e de formação.

O objetivo é vivo e urgente: fortalecer o circuito das artes cênicas, chamar a atenção do público e contribuir para a formação de novas plateias e pressionar o poder publico para os reajustes de políticas públicas para a área.

Essa primeira edição da Cena Expandida chega como um projeto piloto, mas que mantém as características individuais dos participantes, suas programações e recortes curatoriais independentes. Os cinco firmaram uma cooperação em torno de um calendário para o mês de setembro.

O projeto é ambicioso e pretende nos próximos anos oferecer um cardápio de atrações que reforce o Recife e outras cidades participantes como destinos para a fruição cultural. “O movimento para criar um circuito que trace um diálogo entre as programações desses festivais começou em 2018”, conta a atriz e produtora Paula de Renor, do Reside.

Os impactos da pandemia e os desinvestimentos por parte do governo federal para a cultura, para ser mais exata, todos os cortes para a área criaram dificuldades que esses produtores buscam encarar coletivamente. Arnaldo Siqueira, do Cena Cumplicidades avalia que o “cenário de crise se instaurou em 2019 e que piorou a partir de 2020”. Foi um destampar de mazelas com a demonização da produção cultural.

Muito trabalho para reverter esse quadro e o compartilhamento de expertises, a reconstrução das redes são trunfos dessa turma para fortalecer a cena e atrair novos públicos nesse retorno à presencialidade.  

O negócio é unir forças desses festivais pernambucanos já consolidados e reconhecidos nacionalmente, destacou o produtor Fabio Pascoal, do Feteag na coletiva de imprensa virtual realizada nesta quarta-feira (31/08). Pedro Portugal, do Feted, aposta que o diálogo é enriquecedor e que esse corredor de festivais em fluxo deve contribuir para o desenvolvimento da cadeia cultural. Ele mesmo transferiu seu festival de agosto para setembro por reconhecer a importância da iniciativa.

Os integrantes da ação reforçam que a Cena Expandida não é um festival, mas sim um calendário que ocupa o mês de setembro e une cinco iniciativas já consolidadas. A programação tem início no dia 8 de setembro, com atividades do Feted – Festival Estudantil de Teatro e Dança e do Transborda – as linguagens da cena. As peças artísticas do Cena Cumplicidades iniciam no dia 10. O Feteag exibe os trabalhos a partir do dia 20, e o Reside, a partir de 22.

As atrações vão ocupara vários espaços da cidade do Recife, como a unidade do Sesc em Santo Amaro, os teatros do Parque, de Santa Isabel, Hermilo Borba Filho, Apolo, Luiz Mendonça, Barreto Júnior, Muafro, Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, praças e parques.

Além do investimento e articulação do Cena Cumplicidades, Feteag, Feted, Reside e do Transborda, a Cena Expandida conta com apoio da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

SERVIÇO

Cena Expandida – de 8 a 30 de setembro (@cenaexpandidarec)

Feted – 8 a 18 de setembro (@feted.pe)

Transborda – 8 a 18 de setembro (@sescpe e sescpe.org.br)

Cena Cumplicidades – 10 a 30 de setembro (@ccumplicidades e cenacumplicidades.com.br)

Feteag – 20 a 30 de setembro (@feteag e feteag.com.br)

Reside – 22 a 28 de setembro (@residefestivalbr e residefestival.com.br)

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O Solo do Outro em três coreografias

Ela sobre o silêncio, com Helijane Rocha

Até chegar a contemplar um campo de girassóis, essa mulher terá que se livrar das amarras, materiais e subjetivas, que a oprimem. Em Ela sobre o silêncio, Helijane Rocha começa o solo presa por 33 cintos, dos pés à altura da boca. Debate-se no chão, rola e passa a se livrar de alguns para levantar-se e tentar andar com suas próprias pernas.

Esses primeiros movimentos são de desespero, de quem está cerceado em sua liberdade. Ela solta, primeiro, os braços, e tenta equilibrar-se, depois liberta a boca. A boca que come; que fala, grita ou cala; a boca que beija. Não é fácil. Exige força e equilíbrio da bailarina.

Depois ela consegue desatar as pernas e pés e aparece nua em movimento de emersão de quem estava a afoga-se. Os braços querem o voo, buscam o Sol. Mas custa ter um pouco de desenvoltura na vida e ela cai. Passa por movimentos aflitivos. A coreografia aponta para as limitações impostas ao feminino. E a potência para a libertação em movimentos criativos.

A face da falta é a coreografia apresentada por Jefferson Figueirêdo

A face da falta é a coreografia de Jefferson Figueirêdo, de 22 anos, que dança a saudade do mestre Nascimento do Passo. Ele exibe técnica e desenvoltura nos movimentos desconstrução da dança popular em seu corpo. O bailarino começou a carreira aos 10 anos, e mostra essa vivência em imagens de arquivo numa televisão ou músicas de um MP3. Mas há uma quebra quando ele tenta tornar o público cúmplice dessa experiência, ao distribuir fotos da infância e falar sobre sua vida.

Mesmo sabendo que é muito comum essa aproximação, essa ligação com a vida do artista, na dança contemporânea, penso que nesse caso, perde o impacto, com as conversas e a paradas para manipular os controles da TV.

Januária Finizola em Sobre mosaicos azuis

Na terceira coreografia parece que passou um furacão pelo espaço, com tantos pratos, xícaras e pires quebrados. Januária Finizola, 36 anos, apresenta movimentos para remeter à loucura em Sobre mosaicos azuis. A fragmentação sentida pela personagem esquizofrênica é transmitida em compassos que se quebram e subverte o ritmo.

Mas o solo também questiona até onde vai a loucura de cada um e num determinado momento, a bailarina encara o público, imita gestos de alguns espectadores e revela que “de perto ninguém é normal”, como já alardeou Caetano Veloso. Ela também brinda com o público antes de a taça cair. O trabalho foi inspirado no livro Todos os cachorros são azuis (editora 7 Letras, 2008), de Rodrigo Souza Leão.

As criações foram erguidas a partir do vocabulário coreográfico de Ivaldo Mendonça, que divide a direção artística do projeto com Arnaldo Siqueira. E as apresentações prosseguem neste e no próximo fim de semana.

SERVIÇO
O Solo do Outro
Quando: Sextas e sábados, às 20h, até o dia 17.
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto: Ingressos: R$ 5 (preço único).
Informações: (81) 3355-3320.

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