“Os ratos não estão no porão”,
uma provocação em
videodança de Mônica Lira

Mônica Lira questiona as políticas públicas para as artes. Foto: Ivan Dantas / Divulgação

Em trabalho solo, mas com uma grande equipe nos bastidores, a artista reflete inquietações atuais. Foto: Ivan Dantas

Com o sugestivo título Os ratos não estão no porão, a diretora, coreografa e bailarina do Grupo Experimental, do Recife, Mônica Lira elabora uma inquietante reflexão sobre as políticas públicas e os sacrifícios que artistas exercem para garantir a mínima dignidade de seus trabalhos. A videodança solo dessa artista pernambucana assume-se como um “manifesto” dançado, no intuito de explicitar o descaso que os artistas sofrem no cenário pandêmico e as angústias vividas por muitos, que fazem parte da cadeia cultural.

Financiado pela Lei Aldir Blanc, no edital de Criação, Fruição e Difusão do Governo de Pernambuco, a videodança estreia nesta terça, 16 de março, às 19h, em uma live no Instagram do grupo (@grupoexperimental).

“Ser um trabalhador
de arte é, antes
de tudo, indagar o
tempo presente e
questionar o tempo
futuro”.

Mônica Lira dança um desassossego antigo: o desamparo do trabalhador de arte. Para isso desenha em movimentos a própria labuta, repleta de inseguranças, enigmas e abandono vivido pelo setor cultural, que mesmo diante dos recursos das leis emergenciais, fica refém dos governantes e de suas vontades políticas.

A obra Os ratos não estão no porão foi concebida num casarão antigo do bairro do Recife, sem teto, Rede Moinho, que sedia o atelier a céu aberto do artista Sérgio Altenkirch, também cenógrafo da obra. A videodança faz uma analogia irônica da reexistência do artista contemporâneo, que encara um panorama de extrema vulnerabilidade.

“O grupo Experimental carrega
muita história e muita gente,
e todas elas estão comigo na
poesia e nas narrativas desse
trabalho”,

A própria Mônica relata as adversidades, sem perspectivas, que enfrenta com seu grupo: “Antes da pandemia fomos para as ruas com a nossa obra Pontilhados, um passeio dançado por algumas cidades com um elenco de quase 20 artistas. Há quase 3 anos ficamos sem teto, sem a casa desse corpo Experimental, onde podíamos criar, dançar, pesquisar, fazer aulas, assistir espetáculos e realizar projetos. E agora, neste momento sem horizontes, como continuar dançando?”, indaga.

A arte de Os ratos não estão no porão quer provocar as pessoas a pensarem nos motivos de termos chegado a esse lugar de incertezas e sofrimento. “Ser um trabalhador de arte é, antes de tudo, indagar o tempo presente e questionar o tempo futuro. E sendo assim, como poderemos viver, continuar a existir, quando opera no nosso país uma política que pode nos exterminar?”. Pergunta que não quer calar.

FICHA TÉCNICA:
 
Concepção, direção geral, figurino e intérprete: Mônica Lira
Direção artística e figurino: Rafaella Trindade
Direção de fotografia, câmera e montagem: Silvio Barreto
Desenho cenográfico e criação das peças: Sérgio Altenkirch
Desenho de luz e execução: Beto Trindade
Produção e assistente de iluminação: Caio Trindade
Ambiente sonoro e trilha original: Diego Drão e Ivo Thavora
Registro fotográfico: Ivan Dantas
Locação filmagem: RedeMoinho da Ilha (Sergio Altenkirch)
Design gráfico: Carlos Moura
Assessoria de comunicação: Marta Guimarães

SERVIÇO:
Lançamento do videodança: Os ratos não estão no porão
Quando: Terça-feira, 16 de março, 20h
Onde: Instagram do Grupo Experimental – @grupoexperimental

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Festival Reside abraça programação pernambucana

Paul Davies conduz Residência Artística, com apresentação de resultado do processo e workshop

Da Laje-palco respeitável público o Alto, espetáculo de Triunfo, no Sertão pernambucano
Foto Guilherme Andrade

O mundo é grande e há tantas possibilidades de sintonias afetivas e cênicas, deve ter pensado a atriz e produtora Paula de Renor quando idealizou Reside Lab – Plataforma PE – Festival Internacional de Teatro, chamado de Câmbio, festival de teatro lá em 2018. Nestes tempos marcados pelo distanciamento físico e pela interdição de aglomerações, o programa ocorre na digital de 15 a 31 de março de 2021. A programação contempla 11 apresentações de 10 espetáculos, dois Encontros Reside, uma Residência Artística e um workshop com o britânico Paul Davies.

A residência artística reforça que o cérebro e o coração deste festival pernambucaníssimo são as trocas, os compartilhamentos, a cooperação, a coautoria com criadores do planeta Terra. O escritor, intérprete, desenhista e diretor britânico, com doutorado em Política, Paul Davies conduz a Residência (de 15 a 27 de março, com os inscritos selecionados) e envia aos participantes a provocação: “Em tempos de morte e de negação, ainda é possível termos apetite para a realização de sonhos ou a nossa imaginação sofreu um golpe mortal?

Depois de 13 dias de estímulos criativos e do convite que Davies fez aos integrantes da residência de darem um “salto no escuro”, no dia 31 de março será exibido o resultado do processo de investigação, que trabalha com o tema “Qual o Caminho para os Jardins?”, Diretor do Volcano Theatre (País de Gales/UK), Paul Davies apresenta seus métodos de criação e trabalhos realizados no Reino Unido, no workshop com estudantes, professores, artistas e público, no dia 29 de março, das 15h às 17h. É preciso fazer inscrição no site do Reside (www.residefestival.com.br)

CONFLUÊNCIAS

O 1º Encontro: Dramaturgia Ibero-americana na pós-pandemia vai discutir, no dia 20 de março, sobre o reflexo das novas concepções de teatro no campo da dramaturgia teatral. Os pesquisadores vão refletir sobre transformações, expansões e giros da escrita dessa cena para o período. Dessa saraivada de ideias participam o dramaturgo e encenador Diego Aramburo (Bolívia); o ator, encenador e dramaturgo Damián Cervanates (México) e a atriz, diretora e dramaturga Lorena Veja (Argentina), como palestrantes, e o professor, encenador e dramaturgo Rodrigo Dourado (PE/Brasil) na mediação. Inscrições no site do Reside (www.residefestival.com.br)

Há aproximadamente um ano, os terráqueos foram surpreendidos com um vírus desconhecido e de enorme poder letal. As atividades produtivas foram obrigadas a parar. A cultura foi um setor afetado pela pandemia. Apresentações artísticas e festivais foram cancelados em 2020. O 2º Encontro: Adaptações e Modelos de Festivais de Artes Cênicas trata das respostas e adaptações para o setor, no dia 27 de março, das 17h às 19h. Algumas perguntas são perscrutadas a exemplo de: Como um setor pode se reinventar em meio a uma pandemia? Qual é o futuro da programação inovadora para festivais internacionais em 2021? O formato híbrido seguirá existindo? Participam dessas visadas para o futuro o diretor artístico do Festival Cielos del Infinito Antonio Altamirano (Chile); o diretor Artístico do FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica Gonçalo Amorim (Portugal); a curadora, produtora e performer Elizabeth Doud (Estados Unidos). E como mediador o diretor artístico do FIAC-Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, Felipe Assis. Inscrições: site do Reside (www.residefestival.com.br)

ESPETÁCULOS

A programação de espetáculos abre no dia 16 de março com Transbordando Marias, uma homenagem do Reside à família Camarotti. Inspirado na personagem Maria Josefa da peça A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca, as atrizes Maria Conceição e Maria Clara, mãe e filha, enveredam por suas liberdades em estado de isolamento.

Os afetos, suas belezas e feridas, pulsam nas lembranças do protagonista de Brabeza Nata, um rapaz criado pela avó materna. O experimento virtual é baseado no conto homônimo de Luiz Felipe Botelho, tem direção de Cláudio Lira e interpretação do ator Alexandre Sampaio.

A construção do feminino, as lutas, as contradições, as estratégias de sobrevivências, apaziguamento de si e as contendas com o outro são potencializados pela atriz Márcia Cruz no espetáculo Vulvas de Quem? Direção de Cira Ramos e textos de Ezter Liu.

Um Brasil incendiado com sua história é uma reflexão que propõe o espetáculo Inflamável, a partir da atuação de um homem-espectro que tenta expurgar os males causados aos seus ancestrais brasileiros. É inspirado em três poemas do livro homônimo, de Alexsandro Souto Maior (O homem do Pau-Brasil; A margem; Descolonizado). Direção de Quiercles Santana e atuação de Paulo de Pontes.

Bruna Florie faz um convite para que enxerguem como olhar poético a comunidade Alto da Boa Vista, que é berço da cultura popular de Triunfo, no interior de Pernambuco, no trabalho Da laje-palco: respeitável público: o Alto. Já Dentra é para escutar o silêncio e atentar para os cuidados.

No meu terreiro tem Arte – Nós Sem Nossa Mãe, com Helena Nunes e Violeta Nunes. Foto: Rayra Martins

No seu teatro de memória, a brincante sertaneja, atriz, palhaça, cordelista e mãe Odília Nunes mistura de teatro, poesia, circo e tradição popular, em cenas construídas no seu território, o quintal de casa, na comunidade rural em Ingazeira, no sertão do Pajeú. Suas filhas, Violeta Nunes e Helena Nunes atuam com desenvoltura em No Meu Terreiro tem Arte.

O sentido de existir, resistir, persistir e a realidade de mortos por Covid-19, pela polícia, por feminicídio, pela fome são disparadores para Yorick e Os Coveiros Do Campo Santo De Elsinor (Parte 1). É inspirado a Cena I, Ato V, do Hamlet, de Shakespeare. Nessa primeira parte, a peça trata das possibilidades de contato em isolamento. A segunda se volta sobre a solidão desses tempos. Depois da apresentação está marcada uma conversa com a mediação de Elias Mouret.

Práticas Desejantes. Foto Guto Muniz / Divulgação

A abertura de Processo Práticas Desejantes – 1º Movimento mergulha na possibilidade de descolonização do fazer teatral. Quatro artistas pesquisador_s buscam, cada qual no seu quadrado, discutir estéticas e poéticas teatrais que contemplam questões de gênero, memória, narrativas de si, identidades étnicas, visibilidades. Participam Ana Paula Sá, Andrezza Alves, Daniele Ávila Small e Geraldo Monteiro.

Se em Próxima, monólogo de Cira Ramos apresentado em tempos pré-pandêmicos, a atriz, diretora e dramaturga investia no tema da expectativa para a cena, para o próximo filme, o próximo trabalho e os desafios que o tempo apresenta, em Sala de Espera, o mundo se ergue em suspeição e suspensão. Quando a vida volta à vida normal? Será que volta? O que é normal? Essa pandemia está fazendo a gente ficar mais pensativa.

ENTREVISTA // Paula de Renor

Atriz, diretora e produtora Paula de Renor, idealizadora do Reside. Foto Divulgação

Qual suas ideias para o Reside LAB para esse período pandêmico?
O edital de premiação da Lei Aldir Blanc possibilitou a realização desta edição especial, com realização totalmente virtual e em março. O Reside desloca seu olhar para cena teatral local, exibindo 10 espetáculos (11 apresentações) criados para plataforma digital. A primeira apresentação será o Transbordando Marias, de Clara Camarotti, com participação de Conceição Camarotti, e fiz questão de que este trabalho fosse o primeiro a ser exibido na programação, como uma homenagem do Reside à família Camarotti, todos tão importantes para o teatro pernambucano e particularmente para mim! Este trabalho revela também o que podemos esperar de todos os outros: a busca da reciprocidade de um outro olhar, uma nova dinâmica, uma conexão. Os olhares que se movem e encontram essa cumplicidade nas intimidades expostas, percorrendo frustações, medos, forças, dores, desejos, territórios. Uma nova forma de olhar… e através desta busca de uma aproximação via a intimidade escancarada do ator, eu defino meu olhar curatorial. O meu olhar, o seu olhar, no outro.

“Acho que só consigo ter coragem
e força para lutar tanto porque
sou mulher e as mulheres
têm esse poder de superação
quase sobrenatural, né?”

Além das medidas de distanciamento adotadas para evitar a propagação do vírus Covid-19, quais as outras dificuldades encontradas para realizar o festival neste ano?
A maior dificuldade é a falta de verbas para a cultura. Não contamos durante o ano de 2020 com nenhum edital federal, municipal ou estadual, exceto o Funcultura. Já no final do ano emplacamos a Lei Aldir Blanc, uma mobilização da classe artística e dos políticos a contragosto do Governo Federal. As empresas se retraíram nos patrocínios sem entender o alcance da divulgação de suas marcas nos eventos agora totalmente virtuais e os produtores também começaram aos poucos a entender todo esse processo. Eu não pensei em nenhum momento em fazer parte da programação presencial. Acho que até o final desta pandemia, quero que as pessoas fiquem em suas casas e esperem um pouco mais para irem aos teatros. Temos uma responsabilidade não só com o público, mas também com os artistas e por mais cuidado que se tenha, há sempre uma grande tensão e risco, assim eu prefiro restabelecer esse contato do público com o teatro através da tela.

Mas tudo tem um ponto positivo, quais você aponta.
A aproximação das pessoas, dos países, dos idiomas. O mundo ficou mais próximo e parece que menor. Claro que já existiam encontros e ações virtuais, mas nunca se pensou em se realizar por exemplo, mercados de artes cênicas totalmente virtuais. A pandemia apontou para esta possibilidade. Este ano participei da semana dos programadores do Santiago A Mil, no Chile, e do mercado do Festival Internacional de Buenos Aires e foi muito bom! Triplicou a quantidade de programadores do mundo inteiro assistindo aos trabalhos produzidos nestes países. As possibilidades de visibilidade se ampliaram! No Reside, realizaremos 2 Encontros com profissionais do Chile, Bolívia, Argentina, Portugal, Estados Unidos e México. Se fossem presenciais, os custos talvez não permitissem a realização. Esses encontros, trocas, diálogos estão fazendo parte de nosso dia a dia e este formato veio pra ficar! Conseguimos nos encontrar num mesmo momento, num planeta comum chamado “virtual”. Acho formidável!

“Estou cansada de só recebermos
produções e artistas de fora sem
nada que nos garanta nossa
participação lá fora. Não ter
perspectiva de retorno,
não me interessa”.

Adotar uma programação que não estratifica os espetáculos locais dos internacionais, por exemplo, me parece uma posição política de exercício de descolonização do olhar. Fale das suas ideias da programação que amalgama as micropolíticas de democratização.
Quando deixei o Janeiro de Grandes Espetáculos e lancei o CAMBIO em 2017, que em 2018 se transformou no Reside, o meu pensamento era complementar o que já existia na cidade e não repetir formatos. Senti que existia a necessidade do investimento maior nos intercâmbios e programações internacionais e optei em não programar espetáculos locais ou nacionais, para que os recursos, sempre muito poucos, se concentrassem nos intercâmbios e abertura de mercado internacional. A contribuição do Reside passa a ser então, a de preparação da produção local para o mercado internacional ( com perspectiva de 5 anos) e da possibilidade de compartilhar experiências e saberes, dos dois lados, uma via de mão dupla, um aprendizado mútuo! Todos os instrutores e artistas de fora do país que participaram das Residências e espetáculos em 2018 e 2019, deixaram ideias e várias perspectivas de parcerias futuras e isso é muito bom! Também já estou cansada de só recebermos produções e artistas de fora sem nada que nos garanta nossa participação lá fora. Isso acontece no Brasil inteiro! Estou atenta a isso, e essa postura de não se ter perspectiva de retorno, não me interessa. Essa edição do Reside é bem especial e totalmente diferente desse formato idealizado. Todas as apresentações são de trabalhos de Pernambuco e não poderia ser diferente. Temos que seguir a essência e ser fiel aos objetivos da Lei Aldir Blanc ( LAB), de apoio aos nossos artistas, de parcerias para circulação e visibilidade de nossa produção teatral nesse momento tão difícil para a cultura neste país. Respeitamos políticas sociais, de regionalização e de democratização e estamos satisfeitos com os resultados. Acho que todos os festivais tiveram esta postura e isso me orgulha muito!

Como você está se virando para dar conta do festival, da direção do Dona Linda, cuidar da família e da beleza?
Esta é lera né? Beleza já era há muito tempo!!! Já cortei até o cabelo pra nem ele me dar mais trabalho!!!Todo dia um desafio e uma gincana nas tarefas de casa e do trabalho num turno de quase 18 horas por dia! Todo dia uma corrida para execução das tarefas determinadas no cronograma de pendências que nunca se consegue por em dia! Acho que só consigo ter coragem e força para lutar tanto porque sou mulher e as mulheres têm esse poder de superação quase sobrenatural, né?

Paulo de Pontes em 72 DIAS_Foto Keity Carvalho / Divulgação

Cira Ramos em Sala de Espera. Foto: Divulgação

Bruna Florie em Dentra. Foto Divulgação

PROGRAMAÇÃO

16/03/21 – 20h – Transbordando Marias (YouTube do Reside)
Ficha Técnica
Concepção e Direção Geral: Maria Clara Camarotti
Elenco: Conceição Camarotti e Maria Clara Camarotti
Texto livremente inspirado na personagem Maria Josefa, da peça A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca
Equipe de criação: Maria Clara Camarotti, Nana Sodré, Maria Agrelli, Silvinha Góes, Conrado Falbo
Duração: 40 minutos
Classificação indicativa: Livre
Trabalho contemplando pelo edital emergencial Cultura em Rede do Sesc Pernambuco.

17/03/21 – 20h – Brabeza Nata (Instagram)
Ficha Técnica:
Texto: Luiz Felipe Botelho
Direção: Cláudio Lira
Elenco: Alexandre Sampaio
Realização: Cia Maravilhas de Teatro
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: 16 Anos

18/03/21 – 20h – Vulvas de quem? (Instagram)
Ficha Técnica:
Texto: Ezter Liu
Direção: Cira Ramos
Elenco e produção: Márcia Cruz
Sonoplastia: Fernando Lobo
Música: Flaira Ferro
Iluminação: Luciana Raposo
Fotos: Keity Carvalho
Realização: Cia Maravilhas de Teatro
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: 16 Anos

19/03/21 – 20h – Inflamável (Instagram)
Ficha Técnica:
Autor: Alexsandro Souto Maior
Diretor: Quiercles Santana
Atuação e Produção geral: Paulo de Pontes
Direção de Arte: Célio Pontes
Técnico de som, luz e vídeo: Fernando Calábria
Produção executiva: Márcia Cruz
Realização: Pontes Culturais
Duração: 25 minutos
Classificação indicativa: 16 Anos

20/03/21ENCONTRO Dramaturgia Ibero-americana na Pós-pandemia – Das 17h às 19h – YouTube do Reside
Participantes:
Diego Aramburo – Dramaturgo e encenador (Bolívia)
Damián Cervantes – Ator, encenador e dramaturgo (México)
Lorena Vega – Atriz, encenadora e dramaturga (Argentina)
Mediação: Rodrigo Dourado – Professor, encenador e dramaturgo (PE/Brasil)

21/03/21 – 20h – 72 dias (YouTube do Reside)
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Paulo de Pontes e Quiercles Santana
Diretor: Quiercles Santana
Atuação e Produção geral: Paulo de Pontes
Direção de Arte: Célio Pontes
Músicas: Sonic Júnior
Técnico de som, luz e vídeo: Fernando Calábria
Streamer: Márcio Fecher
Produção executiva: Márcia Cruz
Fotos: Keity Carvalho
Realização: Pontes Culturais & Cia Maravilhas de Teatro
Duração: 45 minutos
Classificação indicativa: 18 Anos

22/03/21 – 20h – Bruna Florie: da laje-palco: respeitável público, o Alto e DENTRA (YouTube do Reside)
Ficha Técnica:
Direção, roteiro, atuação e produção: Bruna Florie
Assistente de produção e videomaker: Guilherme Andrade
Filmagens com drone: Maycon Jonathan
Maquiagem: Karol Virgulino
Participações especiais de artistas do Alto da Boa Vista: Joaneide Alencar, Carlinhos Artesão e Jéssica Caitano
Edição, fotografia e direção de arte: Bruna Florie
Trilha Sonora: “Beat the Burglar” – Scott Holmes, “Repente” – Jéssica Caitano & Chico Correa, “Música Lab II”- Jéssica Caitano & Paulo Beto, “Canarin” – Jéssica Caitano & Chico Correa
Duração: 15 minutos e 35 segundos.
ESPETÁCULO: Dentra
Ficha Técnica:
Direção geral e produção: Bruna Florie
Roteiro: Bruna Florie e Guilherme Andrade
Assistente de produção Ie videomaker: Guilherme Andrade
Assistente de produção II: Geibson Nanes
Trilha Sonora: “Sad walk with sad piano” – komiku, “Amaryllis Flower” – Ivy Meadows, “Dreaming of You” – Komiku
Edição, montagem, fotografia: Bruna Florie e Guilherme Andrade
Direção de arte, atuação e poema Dentra: Bruna Florie
Duração: 5 minutos e 31 segundos.
Classificação: Livre

23/03/21 – 20h – Meu Terreiro tem Arte (YouTube do Reside)
Ficha Técnica:
Brincantes/palhaças/atrizes : Odília Nunes, Violeta Nunes e Helena Nunes
Criação Geral: Odília Nunes
Duração: 33 minutos
Classificação indicativa: Livre

24/03/21 – 19h – Yorick e os Coveiros do Campo Santo de Elsinor (Parte 1) – (YouTube do Reside)
Ficha Técnica:
Criação Cênica e Dramaturgismo: Andrezza Alves, Enne Marx, Daniel Machado, Geraldo Monteiro, Marcondes Lima e Quiercles Santana
Dramaturgia: Quiercles Santana e William Shakespeare
Performance: Andrezza Alves, Enne Marx e Marcondes Lima
Direção de Arte: Marcondes Lima
Assistência de Direção, Foto, Vídeo e Edição: Daniel Machado e Geraldo Monteiro
Designer e Direção Musical: Daniel Machado
Criação em Arte-Tecnologia, Streaming e Plataformas Digitais: Geraldo Monteiro
Produção: Andrezza Alves
Direção Geral: Quiercles Santana
Duração: 45 minutos
Classificação Indicativa: 15 Anos

25/03/21 – 19h – Yorick e os Coveiros do Campo Santo de Elsinor (Parte 1) – (YouTube do Reside)

26/03/21 – 20h – Práticas Desejantes – Primeiro Movimento (YouTube do Reside)
Ficha Técnica:
Idealização e performance: Andrezza Alves e Daniele Ávila Small
Pesquisa, levantamento do material, criação do repositório, dramaturgia e curadoria: Ana Paula Sá, Andrezza Alves, Daniele Ávila Small e Geraldo Monteiro
Mediação dos encontros e produção: Ana Paula Sá, Andrezza Alves e Daniele Ávila Small
Edição, plataforma digital, gerenciamento e compartilhamento de conteúdos: Geraldo Monteiro
Identidade Visual: Analice Croccia
Fotografia: Guto Muniz – Foco in Cena
Duração: 30 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos

27/03/21 – ENCONTRO: Adaptações e Modelos de Festivais de Artes Cênicas – das 17h às 19h – canal RESIDE no YouTube
Participantes:
Antonio Altamirano – Diretor artístico do Festival Cielos del Infinito (Chile);
Gonçalo Amorim – Diretor Artístico do FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Portugal)
Elizabeth Doud – Curadora, produtora e performer ( Estados Unidos)
Mediação: Felipe Assis – Diretor Artístico do FIAC-Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia

28/03/21 – 20h – Sala de Espera – (YouTube do Reside)
FICHA TÉCNICA:
Roteiro adaptado: Cira Ramos
Direção: Fernando Lobo
Supervisão Artística: Sandra Possani (Contatos remotos)
Assistência de direção: Cira Ramos
Atuação: Cira Ramos
Direção de fotografia: Fernando Lobo
Trilha sonora original: Fernando Lobo e Fábio Valois
Iluminação: Fernando Lobo
Sonoplastia: Fernando Lobo
Captação de áudio: Fernando Lobo
Assistente de captação de áudio: Alice Lobo
Assistência de Fotografia e iluminação: Julia Lobo e Alice Lobo
Animação: Julia Lobo e Alice Lobo
Edição e Montagem: Fernando Lobo
Imagens de Carnaval, cedidas do arquivo HIGH TECH Vídeos Profissionais.
Duração: 22 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos

29/03/21WORKSHOP/Conversa – das 15 às 17h – Plataforma Zoom ( por meio de inscrição )
Com Paul Davies/Volcano Theatre (País de Gales/UK)

Dia 31/03/21Resultado da Residência Artística – às 19h YouTube do RESIDE
Qual o caminho para os Jardins?

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MITsp lança plataforma com programação inédita e de acervo

Réquiem, direção de Romeo Castellucci, abre programação. Foto: Pascal Victor/ArtComPress

 

Pensamento em Processo com elenco de Isto é um negro? está disponível na plataforma. Foto: Nereu Jr

O ano era 2014. Na plateia cheia do Auditório Ibirapuera, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, muita gente conhecida da cultura. Havia um burburinho, pairava um clima que era uma mistura de ansiedade e entusiasmo. Há muito tempo, talvez desde os festivais de Ruth Escobar, que o Brasil não tinha um festival internacional na dimensão que se projetava a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, sob a direção de Guilherme Marques e Antonio Araújo.

Naquele ano, além da abertura com Romeo Castellucci e o seu Sobre o conceito de rosto no filho de Deus, vimos espetáculos de nomes como Mariano Pensotti, Guillermo Calderón, Rodrigo Garcia, Angélica Lidell, Marcelo Evelin. Só para citar alguns. Quem não tinha ingresso garantido, como era o nosso caso, já que estávamos contratadas para fazer críticas, enfrentava filas gigantescas, três horas de espera para conseguir o tíquete para ver os espetáculos.

Acompanhamos ainda, talvez o grande diferencial da MITsp desde aquele ano inicial, uma programação crítica e reflexiva com uma potência que era… incrível. Sei o peso do adjetivo, mas escolho usar com consciência, não encontro outro nome olhando para trás. Debates a partir dos espetáculos com pessoas de outras áreas que não o teatro, conversas com todos os encenadores, publicação de críticas diárias, um catálogo, com textos de vários acadêmicos.

Lembro que, depois daqueles dias, do tanto de troca que aconteceu naquele curto período, voltamos ao Recife com a sensação de que tinha rolado uma pós-graduação inteira. A cabeça fervilhava. Dali surgiu, por exemplo, a DocumentaCena – Plataforma de Crítica.

Nunca mais deixamos de acompanhar a MITsp como críticas e, durante alguns anos, como equipe de produção, já que eu assumi a coordenação de conteúdo editorial da mostra durante três edições: 2017, 2018 e 2019. Claro que sempre fizemos a propaganda do quão importante seria ter mais pernambucanos acompanhando a programação da MITsp. E voltávamos com as malas pesadas, carregadas de catálogo para quem pedia.

A distância, os custos financeiros, a disponibilidade de tempo para se ausentar da cidade por um período mais longo, sempre foram impeditivos para que tivéssemos mais pernambucanos vivendo essa experiência conosco.

Com a pandemia, o fechamento dos teatros, o suporte da internet, as coisas mudaram. A partir desta sexta-feira (12), começa a programação da MIT+ (www.mitmais.com), um dos braços do festival, que é uma plataforma virtual de conteúdo de arquivo e de outros inéditos. O acesso é gratuito, sendo necessário apenas um cadastro. Para as exibições de espetáculos, no entanto, há horários pré-definidos, assim como um festival tradicional. O acervo de encenações não fica disponível por todo tempo.

“Democratizar o acesso a todo esse arquivo era uma ideia de 2016. A gente também queria conhecer o público da MIT, uma informação muito importante, para saber onde estávamos chegando, para ter um canal mais direto”, explica Natalia Machiaveli, idealizadora e diretora da plataforma. “Queremos disponibilizar todo o acervo da parte reflexiva e pedagógica, porque os espetáculos temos sempre uma questão de direitos autorais. Essa disponibilização vai ser ao longo do tempo, porque estamos reeditando, fazendo legendas, dando a cara da MIT+, o que leva um tempo e tem um custo”, complementa.

A abertura dessa programação inicial é com Réquiem, versão de Romeo Castellucci para a missa fúnebre de Mozart, com orquestração do maestro Raphael Pichon. Depois do espetáculo, será exibida uma entrevista feita por Julia Guimaraes com o encenador italiano sobre sua trajetória.

A artista em foco da edição é a sul-africana Ntando Cele que, em 2018, apresentou Black Off. Imagina a imagem de uma negra, pintada de branco, peruca loura, como apresentadora de um talk show, querendo fazer piada com a plateia sobre racismo. Foi um dos principais destaques daquela edição, que será reexibido agora, ao lado do inédito Go Go Othello, onde a artista faz um paralelo com Otelo e intercala cenas de stand-up, videoarte, dança e música, perpassando a história de artistas negros, questionando os estereótipos racistas no mundo da arte. Ntando Cele vai conduzir ainda um workshop, uma residência e vai participar de uma conversa com a filósofa Denise Ferreira da Silva e a bailarina Jaqueline Elesbão.

Go Go Othello. Foto: Manaka Empowerment

A sul-africana Ntando Cele apresenta o inédito Go Go Othello. Foto: Manaka Empowerment

Janaina Leite, artista em foco na MITbr (braço com a programação nacional na mostra) no ano passado, abre o processo de Camming – 101 Noite. Janaina faz um paralelo entre o livro As Mil e umas Noites e as camgirls profissionais, que precisam garantir a atenção dos clientes. Depois das exibições, no dia 14 de março, vai acontecer também uma conversa sobre o processo de criação.

Da programação do acervo disponibilizada na plataforma e aberta a qualquer momento, há mesas e debates que fizeram parte dos eixos Olhares Críticos e Ações Pedagógicas, como uma conversa com o elenco de Isto é um negro? e todas as edições da Revista Cartografias, catálogo da mostra, além de conteúdos inéditos.

PROGRAMAÇÃO:

ESPETÁCULOS

Réquiem
Em sua versão de Réquiem, o encenador italiano Romeo Castellucci faz da missa fúnebre de Mozart um espetáculo de celebração à vida. O espetáculo é conduzido pela orquestração do maestro Raphaël Pichon, que faz uma costura entre a composição original e outras peças sacras, menos conhecidas, do compositor austríaco.
Quando: 12, 13, 14 e 15 de março, às 19h
Duração: 1h40min

Ntando Cele apresentou Black Off na MITsp 2018. Foto: Guto Muniz

Black Off
A sul-africana Ntando Cele aborda e enfrenta estereótipos racistas. Na primeira parte do espetáculo, numa espécie de comédia stand-up, a performer assume o seu alter ego, Bianca White, uma comediante, viajante do mundo e filantropa. Depois, numa mistura de performance musical e vídeo, Ntando passa a destrinchar estereótipos de mulheres negras e tenta descobrir como o público a vê.
Quando: 13, 14, 15, 16 e 17 de março, às 21h
Duração: 1h40min

Go Go Othello
Para discutir o espaço do negro no meio artístico, Ntando Cele faz um paralelo com Otelo, o mouro de Veneza, um dos raros protagonistas negros da história do teatro. Ela intercala cenas de comédia stand-up, performance, videoarte, dança e música num ambiente que remete a uma casa noturna. A sul-africana perpassa a história de artistas negros e se transforma em personagens diversos para questionar estereótipos racistas no mundo da arte.
Quando: 16, 17, 18, 18, 20 e 21 de março, às 20h
Duração: 1h20min

Descolonizando o conhecimento
Na palestra-performance, Grada Kilomba faz um apanhado de seu próprio trabalho e utiliza vários formatos, de textos teóricos e narrativos a vídeo e performance, para questionar as configurações de poder e de conhecimento.
Quando: 17 e 18 de março, às 18h
Duração: 1h10min

Entrelinhas
Num diálogo entre o passado e o presente, a coreógrafa e intérprete Jaqueline Elesbão discute a violência contra a mulher e evidencia como a voz feminina, em especial a da mulher negra, é historicamente silenciada dentro de uma sociedade machista e de mentalidade escravocrata.
Quando: 19, 20, 21, 22, 23 e 24 de março, às 20h
Duração: 30min

O encontro. Foto: Stavros Petropoulos

O encontro, de Simon McBurney. Foto: Stavros Petropoulos

O Encontro
Por meio de tecnologias de som, o inglês Simon McBurney leva o espectador a uma imersão pela Amazônia brasileira. Inspirado no livro Amazon Beaming, de Petru Popescu, ele conta a história de um fotógrafo que, no fim dos anos 1960, se viu perdido em meio à terra indígena do Vale do Javari.
Quando: 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31 de março, às 20h
Duração: 2h17min

sal., espetáculo de Selina Thompson, visto na MITsp 2018, está na programação. Foto: Guto Muniz

sal.
Em 2016, Selina Thompson embarcou em um navio cargueiro para refazer uma das rotas do comércio transatlântico de escravos: do Reino Unido à Gana e, de lá, à Jamaica. As memórias, questionamentos e sofrimentos desse percurso levaram a performer ao universo de um passado imaginário.
Quando: 26 de março, às 19h
Duração: 1h

Em Legítima Defesa
A performance, encenada em meio à plateia, logo após alguns espetáculos da MITsp 2016, traz discursos históricos entrelaçados a depoimentos pessoais, músicas e poesias. Em suas falas, os artistas do Coletivo Legítima Defesa remetem à diáspora negra e a seus desdobramentos históricos, numa ação que busca resistir à narrativa hegemônica e dar voz à própria história.
Quando: 28, 29 e 30, às 19h
Duração: 20min

ABERTURAS DE PROCESSO

Camming – 101 Noites
Janaina Leite faz um paralelo entre o livro As Mil e uma Noites – no qual Sherazade precisa entreter o rei – e as camgirls profissionais, que têm que garantir a atenção dos clientes, num trabalho que vai além do sexual, passando também pela narrativa imaginária, dramatúrgica e até terapêutica.
Quando: 12 e 13 de março, às 23h
Duração: 1h
Bate-papo: 14 de março, às 16h

Ué, Eu Ecoa Ocê’ U É Eu?
Celso Sim, Cibele Forjaz e Manoela Rabinovitch abrem o processo da performance audiovisual, que dialoga com a pandemia e o caos político. Os artistas apresentam dois ritos: um de antropologia funerária, em homenagem aos indígenas mortos em decorrência da Covid-19, e outro de canibalismo guerreiro, uma reação de caça ao inimigo. A performance tem duas versões, uma censurada (ela precisou receber cortes para ser apresentada em Brasília, em dezembro de 2020) e outra sem censura. Ambas serão transmitidas na sequência.
Quando: 22, 23 e 24, às 22h
Duração: 45min (as duas versões)

Um Jardim para Educar as Bestas
O ator Eduardo Okamoto, a diretora Isa Kopelman e o músico Marcelo Onofri realizam abertura de processo de duo para piano e atuação. A encenação alterna dança, música e a história de Seu Inhês, um sertanejo de olhos apertados que, como forma de evitar uma predição de morte da esposa, decide construir um jardim de pedras em meio ao sertão.
Quando: 26, 27 e 28 de março, às 18h30
Duração: 20min

WORKSHOPS

Petformances
A performer Tania Alice e a veterinária Manuela Mellão propõem aos participantes realizar práticas artísticas diversas (performances, escrita, fotografia, pintura etc.), sempre permeadas pelo afeto, ao lado de seus pets.
Quando: 18 de março, das 15h às 17g, e 19 de março, das 15h às 18h
Número de vagas: 20 (os participantes serão escolhidos por ordem de inscrição)

Curando a Branquitude
A sul-africana Ntando Cele propõe um trabalho em conjunto na tentativa de sanar traumas de uma sociedade marcada pela hegemonia da branquitude. A artista busca sabedorias ancestrais e pré-colonialistas na tentativa de reimaginar um futuro e criar um espaço não violento, em que se possa enfrentar a crise global de maneira coletiva.
O workshop será ministrado em inglês, com tradução para o português.
Quando: 20 de março, das 10h às 13h

RESIDÊNCIA

Inter Pretas
A residência virtual é voltada a mulheres artistas e ativistas, em especial pessoas não brancas, que queiram trabalhar com materiais biográficos. Nos encontros, a sul-africana Ntando Cele foca o autocuidado na prática artística e algumas estratégias de empoderamento, além de propor um espaço não violento para “sonhos coletivos”. Ela se alterna entre atividades em grupo e conversas individuais com as participantes.
Quando: de 25 a 28 de março, das 10h às 13h. Os horários dos atendimentos individuais serão combinados com as participantes
Número de vagas: 12

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Pintando o 7 para crianças e adultos

Tempo de Flor, do Grupo Pé de Vento, de Arcoverde (PE). Foto: Yan Vinicius / Divulgação

Grupo Serelepe, de Belo Horizonte (MG) apresenta Brincanectados. Foto: Florencia Giocon / Divulgação

Luciano Pontes e Íris Macedo, curador e idealizadora do projeto. Fotos:  Lucas Molina e Arnaldo Sete / Divulgação

Estímulo à criatividade, exercícios lúdicos e poéticos entre a criança e a família são propostas da edição deste ano do Pintando o 7 – Edição Digital. Com o tema Real e virtual, Brincar não tem igual, o projeto é formado por cinco webinars (seminários ou conferências), cinco espetáculos virtuais e três lives com a participação de artistas, voltadas para escolas estaduais e municipais. A programação é exibida no YouTube da Fervo Projetos, de 11 a 22 de março incorporando a linguagem literária às artes cênicas.

O Pintando o 7 já teve quatro edições desde 2017. Nesta versão de 2021, a gestora cultural e idealizadora do festival, Iris Macedo, convidou o ator e escritor Luciano Pontes, especializado em literatura infantil e juvenil, para fazer a curadoria.

Pontes pensa que vivemos um momento muito especial, que é tempo de reinventar as infâncias. “As virtualidades apontaram caminhos surpreendentes de interação e conexão entre as crianças, suas famílias”. Muitos desafios.

Aproveitando essas janelas digitais, o Pintando o 7 Digital propõe a apreciação/vivência das experiências estéticas em múltiplas linguagens.

O projeto é uma realização da Fervo Projetos Culturais, com incentivo da Lei Aldir Blanc Pernambuco, FUNDARPE, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco, no âmbito federal, por intermédio da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

ESPETÁCULOS

Abertura oficial do Pintando o 7
DIA 11/03/21, 19H

Brincanectados (Grupo Serelepe – BH)
DIA 12/03/21, 16H
As memórias da infância, a formação profissional e o encontro com brincantes forneceram aos integrantes do Serelepe os nutrientes para a formatação de Brincanectados. A peça junta canções e jogos tradicionais do Brasil e de países latino-americanos.
Duração: 30 min
Classificação etária: Livre

Tempo de Flor (Grupo Pé de Vento – ARCOVERDE/PE)
DIA 13/03/21, 16H
O espetáculo de lambe-lambe Tempo de Flor é um desejo de aproximação com a memória adormecida. É um compartilhamento de ideias, transcritas para a cena, relidas nas caixas. Flor está no imaginário, nessa busca incansável do interior.
Duração: 20 min
Classificação etária: crianças acima de 4 anos

Cordel-Animado com as irmãs Mari Bigio e Milla Bigio. Foto: Lara Valenca.

O Cordel Animado (Mari e Milla Bigio – PE)
DIA 14/03/21, 16H
As irmãs Mari Bigio e Milla Bigio (PE), prepararam um repertório onde os brinquedos e a brincadeira são protagonistas. Adivinhas em Cordel, cantigas, e “mungangas”, além de outras histórias brincalhonas, mostram ao público que as palavras e os sons são matéria-prima do brincar.
Duração do espetáculo: 50 min
Classificação etária: Livre

O Matuto (Rapha Santa Cruz – PE)
DIA 20/03/21, 16H
Misto de palhaço e mágico, O Matuto apresenta seu universo de encantamento através das surpresas que vão saindo da sua mala. Trilhas sonoras nordestinas animam esse encontro.
Duração do espetáculo: 50 min
Classificação etária: Livre

O duo Livia & Fred exibem um namoro da música clássica europeia com o cancioneiro popular brasileiro

YOUKALI (Lívia & Fred – RJ)
DIA 21/03/21, 16H
Os artistas conduzem a plateia por uma fantástica viagem norteada pela música clássica, relida em arranjos originais para guitarra e voz. Partindo das canções da tradição europeia de séculos passados, a dupla faz tramas com a prática do cancioneiro do Brasil.
Duração do espetáculo: 40 min
Classificação etária: Livre

WEBINARS
TEMA CENTRAL: Infâncias em territórios interativos

DIA 15/03/21, 19h
Tema: O bebê e os estímulos sensíveis para o simbólico
Convidada: Tetê Brandão (PE) – Pesquisadora e especialista em Educação Infantil; autora do livro: O brincar, a vida dos bebês, da editora Vacatussa. Atua como mediadora de oficinas para e com bebês há 3 anos.
Mediação: Luciano Pontes

DIA 16/03/21, 19h
Tema: As dimensões afetivas, sociais e culturais do brincar livre
Convidada: Camila Domingues (PE) – Pedagoga, gestora educacional da rede privada de ensino, Fundadora da Casa das Asas, mãe de Miguel de 9 anos.
Mediação: Luciano Pontes

DIA 17/03/21, 19h
Tema: Diversidade cultural e identidade na infância
Convidada: Kemla Baptista (PE) – Contadora de histórias, escritora, mãe, professora e empreendedora social. Responsável pelo Caçando Estórias, iniciativa de arte e educação que apresenta as tradições afro-brasileiras através da contação de histórias.
Mediação: Luciano Pontes

DIA 18/03/21, 19h
Tema: Apreender o mundo – os bebês e a pedagogia dos começos
Convidado: Paulo Fochi (RS) – Atua no assessoramento de escolas privadas além de redes municipais de ensino e produções culturais e artísticas para crianças. Colunista do Portal Lunetas. Tem publicações no campo da pedagogia da infância, educação infantil, bebês, documentação pedagógica e formação de professores.
Mediação: Luciano Pontes

DIA 19/03/21, 19h
Tema: Os espaços do brincar na vida, na escola, na rua e na tela
Convidada: Gabriela Romeu (SP) – Escritora, pesquisadora da infância, documentarista e crítica de teatro infantil. Durante 20 anos, ela escreveu sobre e para crianças, no jornal Folha de S. Paulo, veículo no qual editou o caderno Folhinha.
Mediação: Luciano Pontes

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Salve, salve Cacilda!, guerreira

Atriz Isabella Lemos Foto: Luísa Bonin

“Uma pura chama ardendo diante de nós”, certificou o crítico Décio de Almeida Prado, sobre o impacto de várias atuações de Cacilda Becker Yáconis (Pirassununga, São Paulo, 1921 – São Paulo, São Paulo, 1969). O diretor italiano Ruggero Jaccobi comentou “que havia, por assim dizer, uma espécie de eletricidade na palavra e no gesto de Cacilda. Ela se movia pelo palco desencadeando uma série de choques elétricos… A isso veio se acrescentar a grande versatilidade, aquela curiosidade intelectual pela qual queria continuamente experimentar-se em alguma coisa diferente, da tragédia à comédia de humor, do drama sentimental a certas formas de vanguarda, dos papéis de velha ao de menino – como o famoso Pega Fogo. Não ficava satisfeita nunca”. O depoimento de Jaccobi está registrado no livro Uma atriz Cacilda Becker (organizado por Maria Thereza Vargas e Nanci Fernandes).

O monólogo Viva Cacilda! Felicidade guerreira! investiga algumas facetas dessa atriz brasileira. O filme-teatro é roteirizado e dirigido pela fotógrafa Lenise Pinheiro, inspirado no texto da montagem Cacilda!, de 1998, com dramaturgia e encenação de José Celso Martinez Corrêa. A iniciativa do Coletivo Takamakina de Teatro faz curta temporada online e gratuita a partir desta segunda-feira, Dia Internacional da Mulher.

O trabalho foi gestado durante a pandemia e gravado nas dependências do Teatro do Pequeno Ato, em São Paulo. O interlúdio, como a diretora prefere chamar, celebra os cem anos de nascimento de Cacilda Becker no próximo 6 de abril.

A atriz Isabella Lemos interpreta Cacilda numa narrativa intervalada por registros de áudios feitos pelo ator Marco Ricca, que assume várias vozes , dentre elas a do ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978). As músicas originais são de autoria do maestro Marcelo Pellegrini.

O interlúdio de Lenise, costura textos da peça de Zé Celso à visão feminina de Cacilda Becker na política e na vida doméstica. Nomes como o da encenadora Bia Lessa, da dramaturga Consuelo de Castro (1946-2016), da escritora Maria Clara Machado (1921-2001), e da dramaturga Leilah Assumpção são convocados na cena.

A encenadora arremata o trabalho com ensaios fotográficos autorais de seu arquivo e imagens inéditas capturadas no início dos anos 1990 no apartamento, então desocupado na Avenida Paulista, onde viveram Cacilda, Walmor Chagas, seus filhos e o cachorro Fió.

Lenise é fotógrafa especializada em teatro, uma das mais respeitada no país, e atua no campo desde 1982. É também iluminadora, cenógrafa e mantém um blog na Folha, Cacilda! Dirigiu em 2020 a peça Uma lei chamada mulher, de Consuelo de Castro, baseada na vida de Maria da Penha, que esteve em cartaz no Sesc Ipiranga, com Isabella no elenco.

Peça faz apresentações pelo canal Youtube. Foto: Luísa Bonin / Divulgação

Viva Cacilda! Felicidade guerreira!
Temporada de seis apresentações de 08 a 13 de março às 19hs.
Quando: De 8 a 13 de março, às 19h
Onde No YouTube
https://m.youtube.com/channel/UCKrZF3Y8K9Qj9E3Q5PcSYsA
Quanto: Grátis
Classificação 16 anos
Elenco Isabella Lemos
Direção Lenise Pinheiro
Duração 55 min.

Cacilda Becker e Filho. Foto: Chico Albuquerque (1955) In: Enciclopédia Itaú Cultural

Quando Cacilda Becker morreu, aos 48 anos, Carlos Drummond escreveu escreveu um comovente poema:

ATRIZ (Para Cacilda Becker)

“A morte emendou a gramática.
Morreram Cacilda Becker.
Não era uma só. Era tantas.
Professorinha pobre de Piraçununga
Cleópatra e Antígona
Maria Stuart
Mary Tyrone
Marta de Albee
Margarida Gauthier e Alma Winemiller
Hannah Jelkes a solteirona
a velha senhora Clara Zahanassian
adorável Júlia
outras muitas, modernas e futuras
irreveladas.
Era também um garoto descarinhado e astuto: Pinga-Fogo
e um mendigo esperando infinitamente Godot.
Era principalmente a voz de martelo sensível
martelando e doendo e descascando
a casca podre da vida
para mostrar o miolo de sombra
a verdade de cada um dos mitos cênicos.
Era uma pessoa e era um teatro.
Morrem mil Cacildas em Cacilda.”
Carlos Drummond de Andrade. junho de 1969.

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