Dois portos: reflexões sobre diversidade, disparidade e deslocamentos*

Projeto Conexões Norte Sul reuniu espetáculos e ações de Porto Velho e Porto Alegre. Na foto, Trivial – Um espetáculo de B-boys, de Porto Alegre.  Foto: Nando Espinosa

A Cabeça de Tereza foi criado no âmbito da Universidade Federal de Rondônia. Foto: Agência Ophélia

Quando se trabalha com arte no Brasil e, especificamente, com as artes da cena, partindo de lugares que não aqueles considerados “eixo”, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro, no Sudeste do país, o que se há de fazer é não se deixar enquadrar. Mover-se por dentro e por fora para instaurar as nossas próprias realidades. O Brasil é muito grande para caber num eixo só. Imaginar – e percorrer – os caminhos que podem ser traçados se mostra uma tarefa de liberdade e de resistência. E essa não é uma afirmação romântica ou que idealiza desigualdades e precariedades. Falo de uma operação cotidiana, repetitiva, trabalhosa, por vezes exaustiva, mas imprescindível quando lidamos não só com sobrevivência, mas com o que nos move. A vista nem alcança os caminhos reais e simbólicos que podem ser forjados, quais mapas desenhamos quando as miradas são ampliadas. 

Fazendo perguntas que promovem esses deslocamentos de imaginários, o projeto Conexões Norte Sul, idealizado pelo Itaú Cultural em parceria com o Sesc Rio Grande do Sul, e curadoria de Jane Schoninger, coordenadora de Artes Cênicas, Visuais e Arte Educação da instituição (Porto Alegre/RS), e Andressa Batista (Porto Velho/RO), artista, gestora e produtora cultural, partilhou espetáculos, conversas com espectadores e debates entre 6 e 16 de março. Quais conexões entre dois Portos, um no Norte e outro no Sul do país, podemos alinhavar? Porto Velho, em Rondônia, estado criado oficialmente em 1982, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estado devastado por enchentes que mataram 183 pessoas e deixaram 27 desaparecidos no primeiro semestre do ano passado? A distância entre as duas cidades, localizadas cada uma num extremo, reforça o quanto o Brasil é enorme e as dificuldades implicadas nessa obviedade. 

Se a arte precisa circular, alcançar públicos diversos, ser colocada em fricção a partir do encontro com outras realidades, gerar relações, isso fica muito mais difícil quando levamos em consideração, por exemplo, o custo amazônico, que são as despesas relacionadas à transporte e logística na região. Quando os investimentos já anunciados e provisionados por meio de políticas públicas atrasam meses ou mesmo nem chegam. Quando os orçamentos para a cultura no país são cortados pela inaptidão política em reconhecer a economia criativa como um motor de desenvolvimento para as diversas regiões do país. Quando produtores e artistas não encontram parceiros na iniciativa privada interessados em deslocar os seus investimentos do “eixo” que supostamente gera visibilidade. São muitos os “quandos”. Questões como essas foram abordadas na mesa “Modos de produção e seus operários”, com a participação das produtoras Luka Ibarra e Cynthia Margareth, a primeira de Porto Alegre e a segunda de Limeira (SP), residente em São Paulo, e do ator Chicão Santos, de Porto Velho, com mediação do crítico Kil Abreu, de Belém do Pará, residente em São Paulo. 

Na segunda mesa do evento, a discussão teve como tema “Curadorias, circulações”, com as curadoras Galiana Brasil, recifense que reside em São Paulo, e Jane Schoninger, de Porto Alegre, e Kil Abreu. A conversa propôs questionamentos que perpassam o poder que as curadorias exercem num país desigual e diverso como o Brasil. Quem são as pessoas que possuem o poder de decidir quais artistas, grupos e trabalhos vão circular? Por quais lugares do país esses curadores se movem e estabelecem relações? E, mesmo que sejam curadores de lugares fora do “eixo”, quando levam trabalhos aos seus territórios, quais as referências? Qual o lugar do pensamento e da crítica na construção de uma cena que possa, de fato, ser chamada de brasileira? Quais as repercussões dos festivais e das circulações para os artistas de uma cidade? Até que ponto as curadorias desenhadas no país, seja por curadores de instituições públicas ou privadas e por curadores independentes, podem ser consideradas instrumentos que questionam uma estrutura colonialista de pensamento e ação?

Participantes da mesa Modos de produção e seus operários. Foto: Pollyanna Diniz

Jane Schoninger, Galiana Brasil e Kil Abreu compartilharam suas experiências na mesa Curadorias, circulações. Foto: Agência Ophélia

Artistas, curadores e críticos participaram da mesa Curadoria, circulações. Foto: Agência Ophélia

Espetáculos como metáforas

São, de fato, muitas perguntas. Parece que giramos em círculos quando falamos, por exemplo, sobre política cultural no Brasil. Nessa espiral, o que me interessa é imaginar outras possibilidades, tanto de questionamentos quanto de respostas. E os espetáculos que perpassam essa conexão Porto Velho – Porto Alegre são meios de estabelecer diálogo, dissenso, provocação, encantamento. De modo diverso, enxergo que cada um deles carrega metáforas que podem ser relacionadas às discussões que o projeto Conexões Norte Sul propõe.

Novos Velhos Corpos 50+ traz veteranos da dança em Porto Alegre. Foto: Adriana Marchiori

No espetáculo Novos Velhos Corpos 50+, de Porto Alegre, estão em cena artistas da dança com trajetórias relevantes, todos com mais de 50, 60, 70 anos: Eduardo Severino, Eva Schul, Robson Lima Duarte, Monica Dantas e Suzi Weber. Essa última assina a direção geral do espetáculo. Os bailarinos estão acompanhados por músicos que fazem a trilha sonora ao vivo: Dora Avila, Flavio Flu, Marcelo Fornazier e Vasco Piva. 

A mais direta das metáforas entre o espetáculo e o Conexões Norte Sul diz respeito a permanecer criando arte ao longo do tempo, das décadas que se sucedem, a despeito das circunstâncias que possam se interpor nesse caminho. Continuidade, persistência, resistência. Na dança ocidental, os bailarinos carregavam em seus corpos, seus instrumentos de trabalho, um prazo de validade. De algum tempo para cá, brechas estão sendo abertas nesse cenário. Por que não permanecer em cena? Por que ser destituída do direito de criar com o próprio corpo? E aqui falo no feminino porque, como mulher, entendo que essa discussão, quando cruza o gênero, adquire contornos muito cruéis. E se agregarmos classe, a questão fica ainda mais complexa, porque somos matéria-prima moída por uma indústria. São as mulheres aquelas cobradas a se enquadrarem em padrões estéticos irreais e que mudam o tempo inteiro no mundo capitalista do consumo. Somos nós, mulheres, que há pouco tempo perdíamos espaço radicalmente por conta da idade: desde o teatro e as produções audiovisuais, nas quais as mulheres mais velhas tinham papéis socialmente muito determinados, até o mercado de trabalho tradicional. 

Meu Amigo Inglês traz ao palco um artista que lida com as consequências do mal de Parkinson. Foto: Eliane Viana

O corpo velho também está em cena em Meu amigo inglês, espetáculo de Rondônia, com Chicão Santos e Flávia Diniz, texto e direção de Mário Zumba. Neste caso, o corpo de um homem, que lida com as consequências do mal de Parkinson. A temática é aderente por conta da sua amplitude e da sua humanidade, dos impactos sociais que a doença acarreta, no âmbito pessoal e na família.

A dramaturgia e a encenação esbarram, no entanto, na armadilha da reprodução do machismo, do sexismo e de violências simbólicas na relação que se estabelece entre os personagens, marido e mulher, ela muito mais nova do que ele. Num país tão plural como o Brasil, mas desigual, violento e misógino, as problematizações da nossa realidade e as revoluções de pensamento e atitude precisam acontecer desde o espaço da criação e da fruição artística, em cada canto do Brasil. 

O espaço universitário pode ser propulsor dessas revoluções. É o que nos lembra A cabeça de Tereza, também de Rondônia, que tem dramaturgia e atuação de Jam Soares e direção do professor Luiz Lerro, e foi concebido no âmbito do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia, instituição criada em 1982. A universidade tem papel fundamental no questionamento de conceitos e na elaboração e imaginação de novos saberes. Perguntas “antigas” precisam de respostas contínuas: como definimos, por exemplo, o que é centro e o que é periferia quando olhamos para o Brasil? Como determinamos o que é arte regional e o que é arte nacional? Como imaginar projetos que contemplem os nossos lugares de partida e os nossos desejos? Jam Soares, mulher jovem afro amazônida, criou um espetáculo que é um manifesto pela memória de mulheres invisibilizadas na nossa história a partir da personagem ficcional Tereza Sankofa, uma homenagem a Tereza de Benguela que, por cerca de 20 anos, foi líder do maior quilombo no território que hoje é o Mato Grosso. 

Ensaio geral faz homenagem a Selma Bustamante. Foto: Agência Ophélia

Ensaio geral, espetáculo de teatro de rua de Klindson Cruz, manauara residente em Porto Velho, também é uma homenagem a uma mulher. Protagonizado pelo palhaço Pingo, o trabalho celebra a vida e a trajetória de Selma Bustamante, atriz do grupo Ventoforte, em São Paulo, falecida em 2019, que morou por bastante tempo no Amazonas. Embora artifícios dramatúrgicos e de encenação se desgastem ao longo das cenas, como a procura repetitiva por objetos em malas, e o artista perca possibilidades interessantes a partir da interação com os espectadores, o palhaço meio mal-humorado captura a atenção e a curiosidade do público. E o mote é tão importante para o espetáculo quanto para o projeto Conexões Norte Sul: o processo artístico, o ensaio, a transmissão de saberes entre os artistas, a celebração aos que vieram antes de nós.

O espetáculo Teatro dos seres imaginários, da Cia Seres Imaginários, de Porto Alegre, que também foi apresentado na rua, mas com uma estrutura bastante específica, provoca encantamento no espectador, nos lembrando que teatro é exercício político de imaginação e criatividade. O Livro dos Seres Imaginários, de Jorge Luís Borges e Margarita Guerrero, é a inspiração para um espetáculo com bonecos que saem da cabeça do autor – um boneco – para dividir o espaço cênico com as cabeças dos espectadores, fazendo as pessoas se moverem em volta de si mesmas na busca por acompanhar aquelas criaturas intrigantes, assustadoras, curiosas. O público, de apenas 18 pessoas, coloca as cabeças numa espécie de caixa de tecido suspensa a 1,5 metro do chão, e o espetáculo de bonecos, que tem direção de arte e música primorosas, se desenrola dentro daquele espaço. A manipulação é feita pelos artistas Cacá Sena, Charles Kray, Elaine Regina e Silvia Regina Ferrare e a música é de Sérgio Olive.

De volta ao palco, Trivial – Um Espetáculo de B-boys, com direção e coreografia de Driko Oliveira, de Porto Alegre, traz a cultura break como motor para um espetáculo que tem na dança sua força física e na palavra a exposição da vulnerabilidade que pode ser transformadora. Estão em cena os Bboys Daniel Carvalheiro, T2, Deaf, Julinho RC e César RC e a B-girl Naju. Com os seus corpos, eles nos mostram o quanto a arte no Brasil é diversa e não aceita caixinhas. O break é da rua, é do palco, é do esporte, é de qualquer lugar. Mas quando expõem por meio de relatos pessoais demandas de suas realidades, como a disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a invisibilidade de jovens negros, as violências a que são submetidos, o espetáculo toma fôlego de mudança, de ruptura. 

É esse fôlego, de artistas que se colocam em suas inteirezas e fragilidades, que precisamos tomar para continuar lidando com o cotidiano de diversidades e disparidades, aqui especificamente nas artes da cena no Brasil. E para lembrar que não lutamos somente por nós, seja qual for a nossa circunstância. As reflexões e provocações do projeto Conexões Norte Sul nos levam ao entendimento de que a briga precisa ser coletiva e deve abarcar todas as realidades: desde os artistas que têm fome, aqueles que andam de metrô ou de avião, os que estão começando, estão na universidade, que possuem trajetórias consolidadas, que já conseguem circular pelo país por meios próprios, que sonham em ver o que criaram extrapolar  limites. Artistas que, independentemente de suas situações específicas, se inquietam e desejam colocar na roda possibilidades coletivas de construir novas realidades. 

*Texto escrito como uma das ações do Projeto Conexões Norte Sul, a convite do Itaú Cultural e Sesc RS. Além de Pollyanna Diniz, do Satisfeita, Yolanda?, participaram do acompanhamento crítico do evento Valmir Santos, do Teatrojornal, e Kil Abreu, do Cena Aberta.

Teatro dos Seres Imaginários se inspira em livro de Jorge Luís Borges e Margarita Guerrero. Foto: Rique Barbo

 

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MITsp 2025: Dez edições de resistência e desafios

Antonio Nóbrega, homenageado nesta edição da MITsp, apresenta junto com sua companheira Rosane de Almeida, o espetáculo Mestiço Florilégio. Foto: Fabio Alcover / Divulgação

VAGABUNDUS abre programação da Mostra. Foto: Mariano Silva / Divulgação

Desde 2014, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) oxigena a ideia de teatro contemporâneo a partir de um tripé: espetáculos de excelência de vários países – e, a partir de 2019, uma mostra de espetáculos nacionais -, reflexão crítica e ações pedagógicas. No agora longínquo 2014, a mostra foi considerada uma renovação no modo de pensar e executar um festival no Brasil. Nós, do Satisfeita, Yolanda?, que tivemos a sorte de acompanhar aquela edição disruptiva – e todas as outras desde então – costumamos brincar ao dizer que houve, ali, uma pós-graduação nas artes da cena em duas semanas.

Neste 2025, a MITsp celebra sua 10ª edição, consolidando-se como um dos eventos mais significativos das artes cênicas no Brasil e na América Latina. De 13 a 23 de março, em diversos espaços e teatros da metrópole paulistana, a programação inclui uma abertura de processo, quatro espetáculos internacionais, uma estreia nacional, nove obras na MITbr – Plataforma Brasil, dois grupos convidados e um leque de oficinas, debates e conversas ao longo desses onze dias.

Talvez pela primeira vez em dez anos, o evento se aproxime de modo mais efetivo da arte popular, propondo conexões com a arte contemporânea, homenageando o multiartista brasileiro Antonio Nóbrega, pernambucano que exibe na mostra o espetáculo Mestiço Florilégio, junto com sua companheira de arte e vida, a atriz e bailarina Rosane Almeida, e Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação, que integra a programação de Ações Pedagógicas e traz várias outras ações relacionadas à cultura popular.

A curadoria dos espetáculos internacionais é de Antonio Araújo, que assina a direção e idealização artística do festival. Este ano, a curadoria da MITbr – Plataforma Brasil, que reúne os  espetáculos nacionais, é de Ave Terrena, Kenia Dias e Jay Pather. A curadoria de Olhares Críticos, que congrega ações de pensamento crítico a partir da programação da Mostra, é assinada por Helena Viera, e a de Ações Pedagógicas por Alexandra G. Dumas. A direção institucional é assinada pelo gestor cultural Rafael Steinhauser. A idealização geral e de produção fica por conta de Guilherme Marques.

Apesar de robusta quando observamos o conjunto das obras e discussões programadas, esta edição comemorativa da MITsp enfrenta desafios significativos, com uma redução de aproximadamente 60% na programação internacional e 50% na nacional. Na edição 2024, na Mostra de Espetáculos, que reúne os trabalhos internacionais e, eventualmente, nacionais, havia nove espetáculos estrangeiros. Este ano, são quatro.

Essa contração reflete diretamente o desmonte cultural do governo anterior bolsonarista, cujo reflexo ainda é sentido, mas revela ainda a fragilidade das políticas culturais e a instabilidade econômica que afeta o setor cultural brasileiro, em governos de direta, mas também nos de esquerda. 

“Na programação internacional, 60% do projeto original caiu, mas alguns elementos continuam a orientar a Mostra, desde a edição passada, como privilegiar o diálogo com o Sul Global. Temos dois espetáculos africanos, um argentino, e um espetáculo europeu, francês. E tem uma coisa que acho importante: desses quatro internacionais, nenhum é monólogo. Acho que é importante a gente ter teatro com muita gente e poder valorizar isso. São quatro trabalhos, mas são quatro trabalhos onde há um coletivo de artistas presente em cena. É conseguir furar a lógica do monólogo, do mais barato, do mais viável, e poder também apresentar outras possibilidades cênicas”, diz Antonio Araújo, diretor artístico da MITsp.

Para Guilherme Marques, diretor geral de produção, “além de recuos de patrocínios e do fato da MITsp não ter sido aprovada em nenhum dos editais públicos, temos ainda a fragilidade de nossa moeda com a variação do câmbio”, afirmou. “Além disso, a carga tributária que se paga em espetáculos internacionais hoje incide em 37,13%”, complementa.

Marques citou como exemplo bem-sucedido de festival internacional o festival Santiago a Mil, em Santiago, no Chile, que possui apoio público e privado com contratos de médio prazo, permitindo que o festival tenha segurança financeira para programar suas ações e, portanto, continuidade. “Acreditamos que, idealmente, as instituições das esferas públicas e privadas pudessem ao término de cada edição contar com o valor de referência para o ano seguinte, já que a MITsp é anual. É justamente porque entendemos que uma mostra internacional de teatro não é apenas entretenimento, mas também reflexão, crítica, educação, sensibilização, transformação, que tememos pela continuidade do projeto”, afirmou.

Este ano, uma das ações mais significativas da MITsp, a Prática da Crítica, que trazia críticos de vários lugares do país para acompanhar e escrever a partir dos espetáculos da programação, não vai acontecer. Na coletiva de imprensa da Mostra, realizada no Itaú Cultural, no dia 12 de fevereiro, Antonio Araújo disse que gostaria de salvar a ação. “A Prática da Crítica é uma das coisas que a gente está querendo salvar. A gente falou só dos espetáculos, mas acho que tanto nas Ações Pedagógicas quanto nos Olhares Críticos, houve uma redução enorme. O projeto original da Helena (Helena Viera, curadora de Olhares Críticos) e da Alexandra (Alexandra G. Dumas, curadora de Ações Pedagógicas) é emocionante e foi cortado. A Prática da Crítica é uma atividade cara, infelizmente tivemos que suspender”, diz Araújo.

A MITsp captou R$ 3,1 milhões, mas precisaria de mais R$ 2,5 milhões para realizar toda a programação planejada originalmente.

Para Araújo e Marques, a viabilidade desta edição só foi possível pela permanência de parceiros e apoiadores contínuos desde a primeira edição, como o Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Em nove edições, a MITsp apresentou 179 espetáculos de 46 países, totalizando 449 sessões que alcançaram um público estimado em mais de 200 mil pessoas.

Em 2025, a MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura e Redecard, copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro e apoio cultural de La Serenissima e FUNARTE. A mostra tem correalização do Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês e Instituto Goethe. A realização do evento é da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi SP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Ministério da Cultura – Governo Federal. O projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.

OS ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

Assuntos urgentes e complexos da contemporaneidade, como envelhecimento, migrações forçadas, violência sistêmica e formas de resistência, são problematizados nas obras internacionais programadas para a Mostra, promovendo um diálogo interessante entre arte e sociedade.

O espetáculo Vagabundus, do moçambicano Idio Chichava – inspirado no ritual de dança do povo Makonde, que habita Moçambique e países vizinhos – faz a abertura da MITsp neste 13 de março, no Teatro do Sesi – SP, local que ainda não havia abrigado uma abertura do festival e tem uma capacidade reduzida de público, se compararmos com o Auditório Ibirapuera ou o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, espaços que normalmente recebiam aberturas da Mostra.

Vagabundus promete uma experiência imersiva, onde treze performers dançam e cantam, mesclando tradição e contemporaneidade, explorando temas como identidade cultural e processos migratórios.

A Vida Secreta dos Velhos. Foto: Yohanne Lamoulère-Tendance Floue / Divulgação

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace. Foto: Francisco Castro Pizzo / Divulgação

A Vida Secreta dos Velhos, do diretor francês Mohamed El Khatib, e Gaivota, do argentino Guilhermo Cacace, exploram respectivamente o desejo na velhice e as nuances dos amores não correspondidos.

Mohamed El Khatib retorna à MITsp pela 3ª vez com uma obra que leva à cena oito idosos, não-atores, a maioria octogenários e nonagenários, residentes em casas de repouso. Fruto de uma extensa pesquisa realizada pelo diretor nesses espaços, a peça desafia corajosamente os estereótipos e tabus associados à terceira idade. A Vida Secreta dos Velhos convida o público a repensar suas percepções sobre a longevidade, a intimidade e os prazeres da vida em idade avançada. 

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace, é uma releitura da obra-prima de Anton Tchekhov, adaptada pelo dramaturgo Juan Ignacio Fernández. Cacace reinventa o clássico russo com uma abordagem minimalista. Cinco atrizes ocupam o palco, dispostas ao redor de uma mesa, criando uma atmosfera de intimidade. Neste cenário despojado, elas exploram o amor não correspondido, a frustração de sonhos realizados e o acúmulo de dores existenciais.

MITbr – Plataforma Brasil e outros eixos

Língua, uma das atrações da MITbr. Foto: Renato Mangolin

A MITbr – Plataforma Brasil inclui nove trabalhos selecionados: Repertório nº 3 de Davi Pontes e Wallace Ferreira (RJ), Baculejo do Coletivo Riddims (CE), Quadra 16 de Cris Moreira (MG), Parto Pavilhão de Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa, Graça do grupo Girandança (RN), Desmonte do Grupo Girino (MG), Língua de Vinicius Arneiro (RJ), A Última Ceia do Grupo Mexa, e Eu tenho uma história que se parece com a minha de Tetembua Dandara. O homenageado Antonio Nóbrega exibe Mestiço Florilégio, criado em parceria com Rosane de Almeida.

A programação se expande com a Mostra Periférica, com tReta, uma invasão performática do Original Bomber Crew (PI) e Reset Brasil do Estopô Balaio (SP), além da performance convidada Cosmopercepções da Floresta, um encontro intercultural de povos indígenas.

Outro destaque da edição é a estreia de Réquiem SP, uma colaboração inédita do coreógrafo Alejandro Ahmed com o Balé da Cidade de São Paulo e outros corpos estáveis do Theatro Municipal. 

O eixo Ações Pedagógicas, sob a curadoria de Alexandra G. Dumas, professora e pesquisadora em Teatro, oferece um programa de atividades gratuitas, que incluem oficinas práticas, rodas de conversa e sessões de troca de experiências. Este segmento visa fomentar um diálogo entre artistas e espectadores.

O eixo Olhares Críticos, curado pela pesquisadora, transfeminista e escritora Helena Vieira, propõe uma programação que explora as possibilidades e desafios do teatro contemporâneo e sua relação com as questões prementes de nossa época e sobre o papel do teatro na sociedade atual e suas direções futuras.

Por fim, o projeto Cartografias, editado pelo professor e pesquisador da ECA-USP Ferdinando Martins, apresenta sua nova edição, consolidando-se como uma referência para a documentação e análise da cena teatral contemporânea. O catálogo, com aproximadamente 300 páginas, reúne ensaios, entrevistas e artigos de pensadores, artistas e acadêmicos.

Mostra de Espetáculos – Internacionais

Dambudzo. Foto: Nurith-Wagner Strauss / Divulgação

Dambudzo

Nora Chipaumire
105min
12 anos
Sesc Pompeia (Galpão)
14 e 15/3 sexta e sábado 19h
16/3 domingo 18h
18 e 19/3 terça e quarta 19h

Nesta instalação performática, a artista do Zimbábue Nora Chipaumire explora o potencial revolucionário da arte, confrontando legados coloniais. Inspirada na palavra “dambudzo” (problema em xona, uma língua bantu), a obra recria a atmosfera dos shebeens, bares clandestinos de Zimbábue, convidando o público a refletir sobre resistência e insurreição através de uma experiência multissensorial.

Gaivota

Guillermo Cacace
90 min
16 anos
Cúpula do Theatro Municipal
15 e 16/3 sábado e domingo 17h
17 e 18/3 segunda e terça 19h

Nesta reinterpretação intimista de A Gaivota do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904), cinco atrizes, sentadas ao redor de uma mesa, dão vida aos personagens principais: Arkadina, Kostia, Nina, Trigorin e Masha. O diretor argentino Guillermo Cacace destila a essência trágica da obra, explorando amores não correspondidos e sonhos frustrados, através do olhar perspicaz da figura de Masha.

A Vida Secreta dos Velhos

Mohamed El Khatib
70 min
16 anos
Sesc Vila Mariana
21 e 22/3 sexta e sábado 20h
23/3 domingo 18h

O encenador Mohamed El Khatib busca desafiar estereótipos sobre a sexualidade na terceira idade neste espetáculo documental. Oito idosos compartilham intimidades e reflexões sobre amor e desejo, revelando uma perspectiva lúcida e plural sobre a reinvenção da sexualidade na velhice.

Vagabundus

Idio Chichava
70 min
10 anos
Teatro do SESI-SP
13/3 quinta [abertura para convidados], 19h30
14 e 15/3 sexta e sábado 20h

O coreógrafo moçambicano Idio Chichava explora os processos migratórios através do corpo e do movimento. Inspirado pelo ritual de dança Makonde, treze performers dançam e cantam músicas tradicionais e contemporâneas de seu país, além de canções gospel e motivos barrocos, criando uma expressão da jornada migratória como experiência emocional, espiritual e coletiva.

Abertura de processo internacional

acontinua – um obituário, um manual para uma vida vivida perseguindo a VIDA

Nora Chipaumire
60 min
Livre
Sesc Pompeia (Galpão)
21 e 22/3 sexta e sábado 19h
23/3 domingo 17h

Neste work in progress, Nora Chipaumire apresenta uma criação inédita que celebra o “agora” e o “vivo”. Recusando retrospectivas, a artista zimbabuana explora como experiências se transformam em movimento corporal e conhecimento compartilhado. “acontinua” homenageia figuras inspiradoras como ensaísta e curador André Lepecki,o líder revolucionário moçambicano Eduardo Mondlane (1920-1969), além de movimentos revolucionários e mulheres anônimas, tecendo uma reflexão poética sobre a persistência da vida e da arte.

Eixo MITbr – Plataforma Brasil

Baculejo. Foto: Nicolás Leiva / Divulgação

Baculejo

Coletivo Riddims
Encante Território Criativo
Fortaleza (CE)
60 min
14 anos
Mezanino do SESI-SP
22 e 23/3 sábado e domingo 15h e 19h

O Coletivo Riddims funde festa e poética periférica, explorando ancestralidade e resistência. Através de dança e cânticos, a obra conecta práticas afro-indígenas com movimentos urbanos, subvertendo a lógica colonial para manter vivo o ato de sonhar.

Desmonte

Grupo Girino
Belo Horizonte (MG)
50 min
16 anos
Teatro Cacilda Becker,
18 e 19/3, terça e quarta, às 18h

Inspirado nos desastres de Brumadinho e Mariana, o Grupo Girino expõe narrativas das vítimas silenciadas da mineração. A montagem multidisciplinar mescla teatro visual, miniaturas e live cinema para retratar o maior crime ambiental do Brasil.

Eu tenho uma história que se parece com a minha

Tetembua Dandara
São Paulo (SP)
120 min
Livre (crianças são bem-vindas ou de 0 a 96 anos)
Centro Cultural São Paulo,
21 e 22/3, sexta e sábado, 19h

Tetembua Dandara cria uma instalação imersiva que atravessa gerações familiares. O público é convidado a explorar um espaço reminiscente de uma sala de avó, onde narrativas são tecidas através de vozes, sabores e olhares, inspiradas no livro fotográfico homônimo da artista.

Trabalho do grupo Giradança, de Natal (RN), Foto de Brunno Martins / Divulgação

Graça

Giradança
Natal (RN)
50 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Nesta colaboração entre a companhia Giradança e a coreógrafa Elisabete Finger, três performers exploram arquétipos de beleza, fertilidade e êxtase. A peça circular escava camadas de erotismo, operando entre continuidade e dissolução de padrões corporais.

Língua

Vinicius Arneiro
Rio de Janeiro (RJ)
75 min
14 anos
Itaú Cultural,
22/3, sábado, 21H, 23/3, domingo, 19H

Criada em português e Libras, a peça retrata uma festa surpresa para um taxista surdo. Vinicius Arneiro investiga os paradoxos entre cultura surda e sociedade ouvinte, refletindo sobre acessibilidade e os desafios da comunicação.

Parto Pavilhão

Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa
São Paulo (SP)
60 min
14 anos
Itaú Cultural
19 e 20/3 quarta e quinta 21h

O monólogo foca no encarceramento de mulheres negras e mães no Brasil. Com elementos de realismo fantástico, o trabalho, com atuação de Aysha Nascimento, direção de Naruna Costa e dramaturgia de Jhonny Salaberg, é livremente inspirado na fuga de um grupo de presas, com seus bebês no colo, do Centro de Progressão Penitenciária do Butantã, em 2009.

Quadra 16

Cris Moreira
Belo Horizonte (MG)
70 min
14 anos
Biblioteca Mário de Andrade
20 e 21/3 quinta e sexta 17h
22/3 sábado 16h

Nesta palestra-performance, Cris Moreira revisita seu luto pessoal para discutir a invisibilização da perda materna. Utilizando elementos documentais e audiovisuais, a obra amplia o debate sobre maternidade e luto parental.

Repertório N. 3

Davi Pontes e Wallace Ferreira
Rio de Janeiro (RJ)
45 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20 quarta e quinta 20h

Concluindo uma trilogia coreográfica, Davi Pontes e Wallace Ferreira exploram a dança como autodefesa. Através de mimese e pose, a obra cria resistências singulares para corpos dissidentes, partir de estudos pós-coloniais de gênero e raça.

A Última Ceia

Grupo MEXA
São Paulo (SP)
90 min
Livre
Centro Cultural São Paulo,
dia 22/3, Sábado, 20h;
23/3, domingo, 19h

Inspirada na obra de Da Vinci, esta peça-jantar do Grupo MEXA reinterpreta conceitos de morte e ressurreição. Performers compartilham uma última refeição, explorando a persistência da imagem e memória além da existência do grupo.

Mestiço Florilégio (Artista homenageado)

Antonio Nóbrega e Rosane Almeida
70 min
Livre
Teatro B32
17 e 18/3 segunda e terça 21h – A sessão do dia 17/3 conta com Libras e audiodescrição.

Uma celebração multidisciplinar de 40 anos de arte popular brasileira. Nóbrega e Almeida juntam música, teatro e dança, propondo um diálogo entre cultura popular e contemporânea.

Réquiem SP (estreia)

Alejandro Ahmed
60 min
18 anos Theatro Municipal de São Paulo
20/3 terça 20h
23/3 domingo 17h

Ahmed orquestra um diálogo provocativo entre balé, jumpstyle e danças urbanas, explorando a singular dinâmica de São Paulo. Com participação da Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Paulistano, a obra junta composições de Ligeti e Venetian Snares.

Reset Brasil, peça do Coletivo Estopô Balaio. Foto: Cassandra Mello

Reset Brasil (Mostra Periférica)

Coletivo Estopô Balaio
São Paulo (SP)
240 min
10 anos
Estação Brás do Metrô
22 e 23/3 sábado e domingo 15h

Uma jornada imersiva pela história e resistência de São Miguel Paulista. O público embarca em um trem rumo a um Brasil reimaginado, onde ancestralidades indígenas e africanas convergem para sonhar um novo mundo.

tReta, uma invasão performática (Mostra Periférica)

Original Bomber Crew
Teresina (PI)
60 min
16 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Uma explosão urbana de hip hop e arte contemporânea. O Original Bomber Crew transforma conflitos cotidianos em “dança-quebrada”, criando uma performance imersiva que desafia percepções sobre juventude periférica.

Cosmopercepções da Floresta (performance convidada)

João Paulo Lima Barreto, Sandra Nanayna, Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Tukano), Anita Ekman e Renata Tupinambá em colaboração com Sunna Nousuniemi
50 min
Livre Centro Cultural São Paulo – CCSP
21/3 sexta 20h

Uma imersão sonora e performática que entrelaça cosmologias indígenas da Amazônia, Mata Atlântica e Finlândia. Através de música e palavra, as artistas criam uma ponte entre florestas distantes, convidando à reflexão sobre mundos matriarcais e cuidado mútuo.

AÇÕES PEDAGÓGICAS
Curadoria: Alexandra G. Dumas

OFICINA

Ensaios de Confrontos

Com Wallace Ferreira/Patfudyda
16 de março, domingo, 15h-18h
Mezanino do SESI-SP
Gratuito, com inscrição prévia

Explora a cultura ballroom e corpos dissidentes, elaborando resistências e táticas de ocupação espacial através de gestos e poses.

RODAS DE CONVERSA

Percursos cênicos de poéticas negras

Com Jéssica Nascimento Olaegbé, Lucelia Sergio.
Mediação: Mônica Santana
21 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre a força das poéticas negras no teatro brasileiro, explorando percepções, tensões e criações.

Interseções Cênicas

Com Cris Moreira e Mônica Santana.
Mediação: Jhonny Salaberg
22 de março, sábado, 10h-12h
Biblioteca Mário de Andrade
Gratuito

Diálogo entre artistas sobre obras que abordam o luto parental, explorando aproximações e distanciamentos criativos.

Culturas cênicas e culturas (ditas) populares

Com Alexandra G. Dumas e Mestre Aguinaldo Silva.
Mediação: Rafael Galante
20 de março, quinta, 14h-15h30
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Reflexão sobre as interações entre artes cênicas e culturas populares, abordando resistência, invisibilização e apropriações.

OFICINAS

Oficina de Cavalo Marinho

Com Mestre Aguinaldo Silva
20 de março, quinta, 16h-19h
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Introdução ao Cavalo Marinho, explorando figuras, figurinos, musicalidade e movimentações desta manifestação afro-brasileira.

Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação

Com Antonio Nóbrega
19 de março, quarta, 15h-16h30
Centro Cultural São Paulo – CCSP
Gratuito

O multiartista demonstra como as representações simbólicas populares brasileiras podem desenvolver habilidades cognitivas através do lúdico.

OLHARES CRÍTICOS
Curadoria: Helena Vieira

REFLEXÕES ESTÉTICO-POLÍTICAS

A Arte Como Lugar de Encontro

Com Amara Moira, Edgar Kanaykõ Xakriabá e Erica Malunguinho
14 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre práticas artísticas que criam espaços de encontro entre diferentes corpos, territórios e estéticas.

Poéticas da Ruptura na Cena Contemporânea

Com Ave Terrena, Grace Passô, Maria Carolina Casati e Verónica Valenttino
17 de março, segunda, 15h-16h30
Goethe-Institut
Gratuito
Diálogo sobre práticas cênicas que desafiam paradigmas estéticos e políticos.

PENSAMENTO-EM-PROCESSO

Corpo e Movimento: Expressões de Identidade e Resistência

Com Noá Bonoba, Idio Chichava e Jéssica Teixeira
14 de março, sexta, pós-apresentação de Vagabundus
Teatro do SESI-SP

Envelhecimento, Desejo e Arte

Com João Silvério Trevisan e Mohamed El Khatib
22 de março, sábado, pós-apresentação de A Vida Secreta dos Velhos
Sesc Vila Mariana

ESPECIAL

MITsp – História e Perspectivas

Com Antonio Araujo, Guilherme Marques e Maria Fernanda Vomero
18 de março, terça, 15h-16h30
Itaú Cultural
Gratuito

Reflexão sobre os 10 anos da MITsp, suas conquistas e desafios futuros.

PRÁTICA DA CRÍTICA

A Crítica em Tensão – Desafios no Contemporâneo

Com Silvana Garcia, Dione Carlos e Daniele Avila Small
19 de março, quarta, 18h-19h30
Centro Cultural São Paulo
Gratuito

Debate sobre os desafios da crítica teatral em tempos de polarização e transformações sociais.

Aula-magMa com Denise Ferreira da Silva

15 de março, sábado, 15h-17h
Teatro do Sesi
Gratuito

A filósofa e artista apresenta uma aula sobre as interseções entre raça, poder e ética.

ENCONTROS ARTISTA EM FOCO

A luta continua na contínua luta

Com André Lepecki
17 de março, segunda, 18h-20h
Goethe-Institut
Gratuito

Reflexão sobre o “não-tempo da luta” na dança e arte de Nora Chipaumire.

Diálogos Indisciplinares

Com Nora Chipaumire, Denise Ferreira da Silva e André Lepecki
16 de março, domingo, pós-apresentação de Dambudzo
Sesc Pompeia

Interlocuções sobre o trabalho de Nora Chipaumire, artista em foco da 10ª MITsp.

Processo em Movimento

Com Nora Chipaumire e Jay Pather
23 de março, domingo, pós-apresentação de acontinua
Sesc Pompeia

Bate-papo sobre o novo trabalho e processo criativo de Nora Chipaumire.

Serviço:

MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – 10ª Edição
13 a 23 de março de 2025
Ingressos: https://mitsp.org/2025/ingressos-2025/
Outras informações: MITsp 2025

 

 

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Festival Reside Amaro
Uma experiência artística inovadora no Recife

Vizinhos no bairro de Santo Amaro participam de ações artísticas. Foto: Rogério Alves

O Festival Reside Amaro, que ocorre nestes dias 7, 8 e 9 de fevereiro de 2025, é mais que um evento no calendário cultural do Recife; é um manifesto vivo, uma declaração ousada sobre o potencial transformador da arte quando esta pulsa organicamente com o tecido social de uma comunidade.

Paula de Renor, uma produtora cultural com uma visão ousada, sempre sonhou em realizar um festival teatral inovador, diferente dos modelos tradicionais. A inspiração que faltava surgiu quando ela conheceu o trabalho do Teatro Bombón e o conceito de “teatro vecinal” (teatro de vizinhança) da artista argentina Monina Bonelli. Com essa nova perspectiva, Paula uniu forças com Bonelli e o curador Celso Curi para dar vida ao Reside Amaro, um projeto que leva o teatro para o coração do bairro de Santo Amaro, no Recife. Essa proposta única transforma a comunidade no centro pulsante da experiência teatral, promovendo uma colaboração íntima entre artistas e moradores locais para criar performances autênticas e envolventes.

A escolha de Santo Amaro como palco para esta experiência não foi aleatória. O bairro, com sua rica vivência histórica e cultural, serve como um microcosmo perfeito do Recife e, por extensão, do Brasil urbano contemporâneo.

“Santo Amaro é um paradoxo vivo,” aponta Roger de Renor, produtor e ativista cultural e vizinho inspirador. Neste território, casarões coloniais expõem a luta pelo espaço urbano com prédios altíssimos. Comunidades de pescadores, cujas tradições remontam a séculos, convivem lado a lado com startups de tecnologia de ponta.

Esta complexidade sociocultural de Santo Amaro serve como um terreno fértil para o tipo de narrativas plurais que o Reside Amaro busca explorar.

Monina Bonelli_Paula de Renor_Celso Curi._Foto Rogério Alves

O Reside Amaro destaca-se por sua natureza site-specific, onde cada apresentação é cuidadosamente elaborada para se integrar e dialogar com o ambiente específico em que ocorre. Esta técnica transforma espaços cotidianos – desde casas particulares até bares locais – em cenários teatrais singulares, criando uma experiência imersiva tanto para os artistas quanto para o público.

O aspecto comunitário do festival é igualmente central. Ao envolver ativamente os moradores de Santo Amaro no processo criativo, o Reside Amaro opera essa via de mão dupla: traz o teatro para a comunidade, mas também traz a comunidade para o teatro. Esta abordagem resulta em performances que são autênticas reflexões das histórias, culturas e experiências locais.

A maioria das performances é criação original, desenvolvida especificamente para o festival. Outra característica marcante do Reside Amaro é seu caráter processual. Muitas das ações e performances começaram a ser desenvolvidas apenas nas últimas semanas antes do festival. Este curto período de gestação confere às apresentações um frescor e uma espontaneidade raramente vistos em produções teatrais tradicionais. 

“É fascinante ver como as técnicas de teatro comunitário desenvolvidas em Buenos Aires se adaptam e ganham novos significados no contexto de Recife”, observa Monina Bonelli. “Há um diálogo intercultural acontecendo aqui que é verdadeiramente enriquecedor”.

Espetáculos internacionais Rainha, com Maiamar Abrodos e Da Melhor Maneira com Federico Liss e David Rubinstein. Foto: Divulgação

O festival apresenta duas peças argentinas em espanhol com legendas em português. Rainha (Reina en el Gondo), dirigida e escrita por Natalia Villamil e estrelada por Maiamar Abrodos, retrata a vida de uma mulher transgênero idosa no Gondolín, um hotel-refúgio em Buenos Aires, explorando suas memórias e reflexões sobre identidade. Já Da Melhor Maneira (De la mejor manera) é uma obra de Jorge Eiro, Federico Liss e David Rubinstein, dirigida por Eiro e atuada por Liss e Rubinstein. Esta peça acompanha dois irmãos que retornam ao bar da família durante o velório do pai, enfrentando o vazio deixado por sua perda e o desafio de seguir em frente diante de um “abismo silencioso”.

Além das performances, o Reside Amaro tem um forte componente educacional. Alunos do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Santo Amaro estão ativamente envolvidos em todas as etapas do festival, desde a concepção até a execução. Esta iniciativa aprimora o aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de uma nova geração de artistas.

Com mais de 70 apresentações distribuídas ao longo de três dias, o festival oferece uma programação diversificada e acessível. Todas as apresentações são gratuitas, com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão. O evento também prioriza a acessibilidade, oferecendo tradução em Libras para várias performances e garantindo que os espaços sejam acessíveis para pessoas com deficiência.

PROGRAMAÇÃO

CASA 1 (Rua Capitão Lima) CENTRAL DE INFORMAÇÕES

Casa 2 Rua (Rua Capitão Lima) LENE CONVIDA
Performance participativa onde Lene estreia um programa de entrevistas intimista. Recebe personalidades para conversas sinceras e inspiradoras sobre Pernambuco.
Dramaturgia/Direção: Giordano Castro, Mateus Condé.
Atuação: Lene Maria.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 3 (Rua Capitão Lima) COMUNHÃO MUSICAL
Espetáculo musical que une diferentes gerações e histórias de vida. Performances de um padre, uma cozinheira e um cantor profissional.
Direção musical: Douglas Duan.
Vozes: Padre Caetano, Alê Maria, Carlinhos Monteverde.
07/02: 19h, 08-09/02: 18h.

Casa 4 (Rua da Piedade) ÁLBUM DOS VIZINHOS
Projeção de retratos que capturam a essência dos moradores da vila. Transformação de memórias em arte, reforçando laços comunitários.
Fotos: Rogério Alves. Coordenação: Ingredy Barbosa.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h. Fluxo contínuo.

Casa 5 (Rua Capitão Lima) SOM NA RURAL
Festa itinerante que transforma as ruas em palco de celebração. Picadeiro sonoro que constrói novas histórias e memórias.
comunicação: Roger de Renor. DJ: Dj Vibra.
07/02: 22h-23h.

Casa 6 (Travessa do Ferreira) HEY, HEY, HEY! ROBERTO É O NOSSO REI!
Karaokê em homenagem a Roberto Carlos, realizando o sonho de João Paulo. Inclui mural no Beco do Roberto, multiplicando a presença do Rei.
Artista vizinho: João Paulo Silva. Artista ativador: Douglas Duan.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 7 (Rua da Piedade) ALTA VIGILÂNCIA
Instalação dramatúrgica que explora a cultura da fofoca em Pernambuco. Narradoras compartilham histórias bisbilhotadas na rua Piedade.
Dramaturgia: Newton Moreno. Narradoras: Amanda Menelau, Márcia Luz.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30.

Casa 8 (Rua da Piedade) CASINHA DE ROGÊ
Instalação/performance que convida à intimidade da casa de Roger de Renor. Reflexões sobre cidades horizontais, utopias e memória. Performance: Roger de Renor.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 9 (Rua da Piedade) INDO PARA LÁ
Performance documental sobre uma travessia imaginária de barco. Explora conversas, histórias e imagens que permanecem na memória. Direção: Quiercles Santana. Atuação: Clau Barros, Dorgival Fraga. Duração: 30min. Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 10 (Rua da Piedade) PRONTA PRA GUERRA; PULANDO FOGUEIRAS E DECORANDO O TEXTO COM FUXICOS
Performance inspirada na vida de Joana d’Arc e Ivete Alves de Mesquita. Explora a luta pela existência através de costura, fuxicos e memórias.
Dramaturgia/Encenação: Anderson Leite.
Atuação: Augusta Ferraz.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 11 (Rua da Piedade) NO FRIGIR DOS OVOS TUDO TEM SOM
Performance documental que explora os sons e aromas da cozinha. Inspirada na vida de Geraldo Maximiano de Lima, o Rei do Omelete.
Direção: Quiercles Santana. Atuação: Djalma Albuquerque, Anne Andrade, Lua Alves.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 12 (Rua Capitão Lima) SABOR DO DESTINO
Audioguia e experiência sensorial baseada na vida de Detinha. Percurso sonoro guiado pelos sabores, com participantes de olhos vendados.
Dramaturgia/Direção: Júnior Sampaio.
Narração: Fabiana Pirro.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 13 ((Rua Capitão Lima) RITO DE PASSAGEM
Performance em movimento conduzida por HBlynda até a casa de Reina. Compartilha desafios enfrentados na jornada de reafirmação de identidade.
Criação/Performance: HBlynda Morais.
Duração: 30min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h.

Casa 14 (Rua Capitão Lima) AMARO
Exibição do curta-metragem desenvolvido durante a residência do festival. Retrata um dia na vida de Amaro, homem emocionalmente contido.
Roteiro/Direção: Diogo Cabral.
09/02: 19h-21h. Fluxo contínuo.

Casa 15 (Rua Capitão Lima) RECEITA PARA CONTAR HISTÓRIAS
Performance documental sobre histórias familiares e receitas. Mistura memórias do Maranhão a Pernambuco através do doce de banana.
Dramaturgia/Direção: João Pedro Pinheiro, Larissa Pinheiro. Com: Lannje Falcão, Aurian Falcão.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 16 (Rua Capitão Lima, 410) UMA DOR MENOR
Teatro documental sobre impasses de um enterro familiar. Explora o conflito entre luto pessoal e cerimônia pública de um político.
Dramaturgia/Atuação: Ivana Moura.
Direção: Luiz Felipe Botelho.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h e 20h30.

Casa 17 (Rua Capitão Lima, 408) RAINHA
Peça argentina sobre a vida de uma mulher transgênero idosa. Explora memórias e reflexões sobre identidade no hotel Gondolín.
Dramaturgia/Direção: Natalia Villamil. Atuação: Maiamar Abrodos.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h30.

Casa 18 (Rua Capitão Lima – auditório da TV Jornal) NOS BASTIDORES DOS PROGRAMAS DE AUDITÓRIO: CONHEÇA A HISTÓRIA DA TV JORNAL
Vídeo que relembra 65 anos da TV Jornal pernambucana. Destaca programas de auditório e participações importantes.
Criação/Produção: TV Jornal.
Duração: 5min. Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 19h, 19h15, 19h30 e 19h45.

Casa 19 (Rua Capitão Lima) CASAR, PARA QUE?
Quadrilha que desafia superstições sobre casamento. Celebra o casamento de dona Neta e Luiz com pompa e circunstância.
Direção/Coreografia: Mônica Lira. Casal: Erivonete Barbosa, Luiz Elias.
08/02: 21h30-23h.

Casa 20 (Rua Capitão Lima – na rua) BOI MARINHO
Cortejo que mistura tradições populares, com destaque para o Cavalo Marinho. Ativação com alunos da Escola Sylvio Rabello e vizinhos.
Mestre/Direção: Helder Vasconcelos. Contra mestra: Laura Tamiana.
09/02: 18h-18h40.

Casa 21 (Rua Capitão Lima – Restaurante Casa Capitão) DA MELHOR MANEIRA
Peça argentina sobre dois irmãos lidando com a perda do pai. Explora o luto e o desafio de seguir em frente após uma perda.
Dramaturgia: Jorge Eiro, Federico Liss, David Rubinstein. Direção: Jorge Eiro.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 20h.

FICHA TÉCNICA

Idealização
Monina Bonelli

Criação
Monina Bonelli e Celso Curi

Artista criador convidado
Quiercles Santana

Curadores
Paula de Renor e Celso Curi

Vizinho inspirador
Roger de Renor

Vizinha embaixadora
Ingredy Barbosa

Assistente de criação
Márcio Allan

Artistas convidados
Álefe Passarin, Amanda Menelau, Anderson Leite, Augusta Ferraz, Bailarinos da Quadrilha Evolução (Damas – Giovanna Seabra Paiva Carneiro, ⁠Hellen Cavalcante, Perollah Hair, Rayssa Gomes de Vasconcelos, Thadgya Dos Santos Silva e Thais Maely Sidronio. Cavalheiros – Adones Vasconcelos, Aleson Willam Souza, Anthony Matheus de Aquino, Lourival Rodrigues, Rodrigo de Oliveira e ⁠Wladiel Queiroz), Boris Trindade Júnior (palhaço Tapioca), Carlinhos Lua, Carlinhos Monteverde, Carlos Santos, Clau Barros, David Rubinstein, Dj Vibra, Douglas Duan, Fabiana Pirro, Federico Liss, Giordano Castro, HBlynda Morais, Helder Vasconcelos e o Boi Marinho, Ivana Moura, Jeison Wallace, Jerlane Silva (palhaça Bilack), João Pedro Pinheiro, Jorge Eiro, Júlio Brito, Júnior Sampaio, Jurema Fox, Kleber Santana, Larissa Pinheiro, Luiz Felipe Botelho, Maiamar Abrodos, Mônica Lira, Natalia Villamil, Newton Moreno, Pinho Fidelis, Rafael Chamié e Roger de Renor.

Vizinhos artistas
Alê Maria, Alice Barbosa, Aurian Falcão, Dorgival Fraga (Paizinho), Erivonete Barbosa (dona Neta), Everton de Holanda Júnior, Geraldo Maximiano de Lima (Rei do Omelete), Ivete Alves de Mesquita, Joana d’Arc Dantas Mesquita, João Paulo Silva, Lannje Falcão, Lene Maria, Ligia Vieira, Luiz Elias, Maria José (dona Detinha), Maria Laura (Laurinha), Padre Caetano e Thiago Santos.

Artistas Residentes
Alunos do CIT / Sesc Santo Amaro – Anne Andrade, Bibi Santos, Caví Baso, Diogo Cabral, Djalma Albuquerque, Fanny França, Lua Alves, Márcio Allan e Mateus Condé.

Beco do Roberto
Produção: Arte da Imagem Produções
Apoio: Gabinete de Inovação Urbana

Fotos álbum dos vizinhos
Rogério Alves

Fotos registro
Gianny Melo

Fotos e vídeos making of
Ivo Barreto e Wesley Kawaai

Comunicação comunitária
Djalma Albuquerque

Designer
Clara Negreiros

Assessoria de imprensa
Márcio Bastos

Gestão de redes sociais
Cognos Comunicação – Luiza Maia e Tiago Barbosa

WebDesigner / Front-End
Sandro Araújo (SandroWeb)

Acessibilidade comunicacional
CENTRAE

Coordenador de produção
Ivo Barreto

Produção
Remo Produções Artísticas
Paula de Renor e Wesley Kawaai

Assistente de produção
Elias Vilar

Coordenador técnico
Eron Villar

Assistente técnico
Caví Baso

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Os artistas precisam de dignidade
clama a produtora e atriz Paula de Renor,
homenageada do Janeiro de Grandes Espetáculos

A atriz Paula de Renor emocionada, ao lado do produtor do JGE Paulo de Castro, também segurando as lágrimas. Foto: TMF / Divulgação

Paulo de Castro ao centro e Paulo de Pontes. Foto: TMF / Divulgação

Com o quadro pintado pelo artista Cleusson Vieira. Foto: TMF / Divulgação

As aberturas de festivais têm aquela parte cerimonial incontornável, com discursos de colaboradores e patrocinadores, que são essenciais para a sobrevivência do evento, mas um pouco maçante para a plateia. É da natureza dessas cerimônias. Contudo, para ser justa, a abertura desta 31ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, ocorrida na noite de ontem (09/01), no Teatro de Santa Isabel, está inserida numa informalidade quase doméstica. O ator Paulo de Pontes, mestre de cerimônias do JGE, imprimiu esse tom descontraído e bem-humorado, quase jocoso. Pontes mencionou que tem 56 anos, 20 dos quais dedicado ao festival, que ele destaca como parte essencial da vida cultural pernambucana. Segundo Paulo, “querendo ou não, esse é um dos maiores festivais de artes cênicas e música do Brasil”.

O produtor geral do festival, Paulo de Castro, ressaltou que não é possível realizar um evento dessa envergadura sem patrocínio e apoio. Ele expressou gratidão à vice-governadora Priscila Krause, mesmo ausente, por seu suporte nos últimos anos, assim como ao apoio da prefeitura e do governo do estado. Entretanto, Paulo destacou a necessidade de um maior envolvimento do governo federal, cuja proximidade e contribuição são essenciais para garantir a continuidade e o fortalecimento das atividades culturais.

Durante quase 20 anos, Paula de Renor dividiu a tarefa de tocar o Janeiro, junto com Paulo de Castro e Carla Valença. Foto: TMF / Divulgação

A verdade, que sabemos, é que os recursos são escassos e o evento acontece graças principalmente à colaboração dos artistas, que recebem um cachê irrisório e, de fato, dão sustentação ao festival. Melhorar essas condições para os trabalhadores da cultura é imprescindível.

E esse foi o tom do discurso de uma das homenageadas do festival, a atriz e produtora Paula de Renor, em um dos momentos mais marcantes da noite. Emocionada, Paula compartilhou sua alegria com a homengem, mas também expressou a falta que sentiu de Carla Valença, sua amiga e colega de palco, que estava na plateia e não foi homenageada este ano.

Durante seu breve discurso, Paula refletiu sobre as realidades enfrentadas pelos artistas. Ela destacou a necessidade urgente de mais apoio financeiro, dignidade e pagamentos justos para os profissionais das artes cênicas. Enfatizou que, apesar das melhorias da cadeia produtiva ao longo dos anos, ainda há muito a ser conquistado. Paula mencionou que a luta por políticas culturais contínuas é incessante e lembrou a todos que, apesar de ser um dia de festa, os desafios persistem como uma espada sobre as cabeças daqueles que fazem arte.

Paula de Renor, em sua fala, lembrou que os avanços alcançados por produtores e artistas de Pernambuco não vieram facilmente e o JGE sempre foi um espaço de resistência e reivindicação.

Poeta, ativista e vereadora Cida Pedrosa, uma das homenageadas do festival. Foto: TMF / Divulgação

O JGE também prestou homenagens a outras figuras que têm feito contribuições significativas para a cultura pernambucana. Entre os homenageados estavam Márcia Souto, pela condução da política cultural; Bernardo Peixoto, representante do Sistema Fecomércio Sesc/Senac Pernambuco, que não compareceu mas enviou uma representante; a vereadora, poeta e militante cultural Cida Pedrosa; e Queiroz Filho, parceiro de longa data da Apacepe. As demais pessoas homenageadas receberão seus troféus no dia da premiação.

A proposta conceitual desta edição do Janeiro é a liberdade de expressão na cena pernambucana, valorizando a diversidade cultural e a arte como ferramenta revolucionária e transgressora. O festival é dedicado ao grupo Vivencial, fundado na década de 1970 em Olinda e que celebra os 50 anos de sua fundação. Guilherme Coelho, ator e diretor, mentor intelectual e diretor do Vivencial, é um dos homenageados dessa edição.

Lia de Itamaracá ladeada por Elízio de Búzios e Áurea Martins. Foto: TMF / Divulgação 

Ela diz “Eu sou Lia” e o público se derrete. Puro magnetismo. Foto: TMF / Divulgação 

Áurea Martins. Foto: TMF / Divulgação

Orquestra Lunar. Foto: TMF / Divulgação

Elízio de Búzios. Foto: TMF / Divulgação

ABERTURA MUSICAL

O Janeiro de Grandes Espetáculos inaugurou sua programação com o show intitulado Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, proporcionando uma deliciosa experiência musical. A aclamada orquestra feminina do Rio de Janeiro, inspirada nas tradições das gafieiras cariocas, impressionou a plateia com uma ótima execução que combinava uma “cozinha” instrumental potente com um naipe de sopros envolvente. A versatilidade do grupo foi evidente na sua capacidade de navegar por diversas sonoridades, como Corta-jaca de Chiquinha Gonzaga e Te queria, de Elízio de Búzios, que ficou conhecida na voz de seu Jorge.

Entre os protagonistas desta noite mágica, os irmãos Áurea Martins, de 84 anos e Elízio de Búzios, de 82 trouxeram ao palco suas incomparáveis trajetórias artísticas. Áurea, com sua voz potente e interpretação forte, honrou o legado da música negra brasileira com e paixão. Junto a ela, Elízio de Búzios infundiu suas composições com um suingue único e contagiante, mostrando criatividade e emoção.

Apesar dos desafios técnicos enfrentados durante o espetáculo, como microfones baixos e problemas no sistema de som, a performance dos músicos manteve o espírito da noite elevado.

Lia de Itamaracá, em sua participação especial, chegou como  a grande estrela da noite. A cirandeira pernambucana, conhecida por seu intenso carisma e presença impressionante em cena, encantou o público. Com dificuldade de locomoção, cantou sentada em uma cadeira, mas exibindo sua magnificência de rainha musical. A dupla de irmãos e as instrumentistas da orquestra acolheram Lia com palavras carinhosas, criando uma aura de reverência e admiração. Mesmo nos momentos de suave descompasso entre a orquestra e a interpretação de Lia, um toque de magia permeava a apresentação, e suas canções clássicas, familiares de muitos anos, reavivaram a paixão da plateia.

No foyer do teatro, antes da apresentação, houve uma sessão de autógrafos do livro Pernalonga: uma Sinfonia Inacabada, onde o jornalista e escritor Márcio Bastos contou a história de um dos integrantes do grupo teatral Vivencial.

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Festival de artes da cena no
Recife, no megalomaníaco
Janeiro de Grandes Espetáculos

Vivencial original, nas fotos P&B de Ana Farache, o grupo que funcionou ativamente de 1974 a 1983 e continua a inspirar subjetividades e projetos artísticos; este Janeiro de Grandes Espetáculos é dedicado a ele. E a peça-homenagem Vivencial, Revivenciando, dirigida por Mísia Coutinho e Guilherme Coelho. Foto: Divulgação

O Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE) é um acontecimento difícil de precisar. Configura-se, em sua 31ª edição de 2025, como um plurifacetado evento cultural que, ao mesmo tempo em que celebra a diversidade artística, revela significativas fragilidades em sua concepção curatorial. Com uma programação que se estende por 25 dias – de 9 de janeiro a 2 de fevereiro ocupando diversos teatros do Recife e apresentando mais de 90 espetáculos, o festival transita entre a potência e a superficialidade.

Há uma notável lacuna de um projeto curatorial capaz de estabelecer conexões entre as diversas expressões artísticas. O JGE funciona como um verdadeiro “caldeirão” cultural, onde produções com níveis absolutamente distintos de profundidade estética e política coexistem sem qualquer articulação crítica. Enquanto alguns espetáculos propõem enfáticas reflexões sobre a contemporaneidade, outros se limitam a uma expressão supletiva, sem provocar visível tensionamento ou questionamento.

Apesar dessas exiguidades, o evento mantém sua importância histórica como um dos mais longevos festivais de Pernambuco. Sua capacidade de agregar diferentes linguagens – teatro adulto e infantil, dança, performance, música, circo e cenas curtas, além de leituras dramatizadas – demonstra uma amplitude programática. Mesmo se configurando como um modelo de “quanto mais, melhor”.

Bem, vamos focar no que está posto.

Esse formato, com diversas linguagens artísticas, atende a diferentes públicos. Dos 93 espetáculos, 42 são de teatro adulto, 9 de teatro infantil, 20 de música, 19 de dança e 3 de circo, com uma ênfase notável em produções para o público adulto nesta edição. Artistas pernambucanos compõem a maior parte da programação, reafirmando o papel do festival como vitrine da produção local. O JGE abrange artistas de outros estados brasileiros e uma obra internacional de Portugal.

Esta edição do Janeiro de Grandes Espetáculos dedica-se ao grupo Vivencial, coletivo que completa 50 anos e representa uma das expressões significativas da contracultura pernambucana nos anos 1970 e 1980. O Vivencial emerge como uma das diversas iniciativas que confrontaram os padrões estéticos e políticos de sua época. Estudiosos têm analisado criticamente a trajetória da trupe, reconhecendo sua importância, sendo sempre prudente não mitificá-lo como única ou principal referência de resistência cultural no período. O Vivencial integra um mosaico de coletivos e artistas que desenvolveram práticas de enfrentamento e experimentação no cenário pernambucano.

A escolha de incluí-lo na programação apresenta-se como um convite à análise histórica, e essa reflexão exige um olhar crítico, distanciando-se radicalmente dos processos de romantização.

Em um momento de intensos debates sobre liberdade de expressão e representatividade, o legado do Vivencial pode ser compreendido como um entre muitos dispositivos de contestação artística que marcaram o período da ditadura militar e os movimentos de resistência cultural.

Espera-se que essa homenagem empolgue o exercício crítico de compreensão das estratégias de resistência estética e política desenvolvidas por diferentes grupos artísticos pernambucanos, problematizando memórias, silenciamentos e narrativas instituídas.

Elizio de Búzios e Áurea Martins e a Orquestra Lunar abrem a programação do JGE. Foto: Captura de tela

Lia de Itamaracá é a convidada especial da Orquestra Lunar. Foto: André Seiti / Divulgação

Almério apresenta show Nesse Exato Momento no JGE. Foto: Eric Gomes / Divulgação

Cantor e compositor Martins. Foto: Divulgação

ABERTURA E MUSICAIS

Promete ser em tom maior a abertura desta edição, neste 9 de janeiro, com um espetáculo musical Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, que celebra a riqueza e diversidade da música negra brasileira, colocando em destaque dois ícones muitas vezes subestimados em nossa cena cultural: os irmãos Áurea Martins e Elizio de Búzios. O show tem a participação especial de Lia de Itamaracá.

Áurea Martins, de 84 anos, vem com sua interpretação única, que mescla a força do samba com a sofisticação do jazz. Apesar de seu talento inquestionável, Áurea permaneceu por muito tempo como uma “joia escondida” da música brasileira, reconhecida principalmente nos círculos mais íntimos de músicos e aficionados.

Elizio de Búzios, também octogenário, é um compositor e intérprete que personifica o suingue carioca. Sua contribuição para a black music brasileira é significativa, tendo composto dezenas de canções que capturam a essência da cultura afro-brasileira urbana. Seu estilo de canto e performance é uma aula viva de ritmo e expressão corporal. Eles são acompanhados pela talentosa Orquestra Lunar (composta inteiramente por mulheres, da qual Áurea faz parte. No repertório, obras do próprio Elizio e mais músicas que celebram a brasilidade.

A participação de Lia de Itamaracá no espetáculo amplia ainda mais o alcance cultural da apresentação, trazendo a força da cultura pernambucana. Lia, cirandeira inconfundível, representa outro pilar fundamental da música negra brasileira, adicionando camadas de regionalismo e tradição ao show.

O filão musical do festival se estende além da noite de estreia, oferecendo uma variedade de estilos e artistas. PC Silva, conhecido por seu trabalho autoral e interpretações sensíveis, está entre os destaques. Almério, com seu som que mescla elementos regionais e contemporâneos, também integra o line-up. Martins, artista versátil, promete uma performance que explora diferentes facetas da música brasileira.

O grupo Estesia, com sua proposta de fusão de ritmos, deve trazer uma atmosfera única aos palcos do JGE. Geraldo Maia, veterano da música pernambucana, contribuirá com sua experiência e repertório rico. Igor de Carvalho e Tibério Azul chegam com outras experimentações.

Um momento aguardado é a celebração dos 30 anos de carreira do Afoxé Oxum Pandá, grupo que mantém viva a tradição dos afoxés em Pernambuco. Irah Caldeira apresentará um show dedicado exclusivamente a composições femininas, destacando o papel das mulheres na música brasileira.

Silvério Pessoa e Publius prestarão uma homenagem a Lô Borges e Beto Guedes, referências da música mineira e brasileira. Esta apresentação se propõe a ser uma viagem pelo cancioneiro do Clube da Esquina, reinterpretado sob a ótica de artistas pernambucanos.

A seleção musical do JGE propõe uma experiência sonora que vai do regional ao nacional, do tradicional ao contemporâneo.

 

TEATRO, TEATROS

Ceronha Pontes em Senhora dos Nossos Sonhos. Foto: Amaury Carvalho / Divulgação

Yerma Atemporal. Foto: Divulgação

Fabiana Pirro e João Guisande. Foto Hans von Manteuffel / Divulgação

Vanise Souza, e Célia Regina, em Um Minuto para Dizer que Te Amo. Foto: Divulgação

Ceronha Pontes estreia sua dramaturgia e atuação em Senhora dos Nossos Sonhos, um espetáculo que explora a vida e obra da psiquiatra Nise da Silveira. A peça mergulha na relação entre arte e saúde mental, destacando o trabalho revolucionário de Silveira no tratamento de pessoas com transtornos mentais no Brasil.

Uma releitura contemporânea da obra de García Lorca ganha vida em Yerma Atemporal, sob a direção de Simone Figueiredo e Paulo de Pontes. Esta montagem investiga o papel da mulher na sociedade atual, centrando-se na angustiante obsessão da protagonista em se tornar mãe.

Baseada no texto de Ronaldo Correia de Brito, a peça Noite convida o público a adentrar um casarão antigo transformado em museu, onde duas irmãs idosas estão confinadas. A obra explora temas como memória, família e a passagem do tempo.

O envelhecimento, a morte e a graça são temas centrais em Senhora, um espetáculo autoficcional que acompanha a jornada de um ator ensaiando uma peça com o objetivo de trazer sua família para o teatro. A narrativa se entrelaça com memórias relacionadas à avó do protagonista, que sofre de Alzheimer.

Já em Um Minuto para Dizer que Te Amo, dirigida por Rudimar Constâncio, quatro vidas se encaram no labirinto do Alzheimer. Pela música, memórias se fragmentam e se reconstroem, revelando os muitos rostos do amor em meio ao esquecimento. Um mapa íntimo de perda, afeto e resistência.

Fruto de uma colaboração entre Pernambuco e Salvador, Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III traz Fabiana Pirro e João Guisande para o palco. A peça oferece uma perspectiva metateatral sobre o processo de criação artística, explorando os dilemas enfrentados por dois intérpretes ao trabalhar com o texto de Shakespeare.

Circo Science – do Mangue ao Picadeiro. Foto: Rogério Alves / Divulgação

Lau Veríssimo em ITAÊOTÁ , do Grupo Totem. Foto: Débora Oliveira

Mais que um espetáculo de dança, ITAÊOTÁ é um ritual de cura das feridas coloniais, onde seis performers traçam uma cartografia da alma, reacendendo a delicadeza de um tempo esquecido. Através de movimentos, sons e visualidades, ITAÊOTÁ faz um chamado à alegria genuína e à reconexão com a existência em sua forma mais orgânica e coletiva. A performance convida o espectador a experimentar passar por um portal onde o passado e o futuro se encontram, redesenhando as fronteiras entre corpo, natureza e memória.

O segmento do circo engloba três encenações. Uma delas é o ótimo espetáculo Circo Science – do Mangue ao Picadeiro, que celebra os 30 anos do Movimento Manguebeat e do álbum Da Lama aos Caos, através de números circenses, coreografias e músicas. Com isso, mergulha na essência de Chico Science, revelando as vozes, movimentos e identidades das periferias. É um manifesto de diversidade, superação e resistência cultural, onde corpos pretos, mulheres, gays e lésbicas se afirmam como uma potente trupe circense.

Quem está aí, monólogo de Shakespeare, com Thiago Lacerda. Foto: Divulgação

Sandra Possani em A mulher que queria ser Micheliny Verunschk. Foto: Vilma Carvalho / Divulgação

As produções nacionais incluem Quem Está Aí?, estrelada por Thiago Lacerda, que traz adaptações de Shakespeare, apresentando monólogos extraídos de Hamlet, Medida por Medida e Macbeth. Com direção de Ron Daniels, o espetáculo transforma a simplicidade do cenário – apenas uma mesa e uma cadeira – em uma entrada para uma viagem íntima pelos universos de traição, poder, amor e morte da obra shakespearena.

A Mulher que Queria ser Micheliny Verunschk, da Cia Stravaganza de Porto Alegre, é uma adaptação do romance homônimo de Wilson Freire. Protagonizada por Sandra Possani e dirigida por Adriane Mottola, a obra mergulha na história de uma mulher à margem, um “porto sem cais” que desafia sua própria condição. Micheliny emerge como metáfora da resistência feminina: uma alma aprisionada que resiste através da imaginação, da escrita e do desejo de reescrever sua própria narrativa. 

Outras obras nacionais incluem O Alienista – Casa de Loucos, de Maceió; Céu em Si, de Belo Horizonte; Esquecidos por Deus, de Caaporã, Paraíba.

Única produção internacional, Damas da Noite e uma Farsa de Elmano Sancho, de Portugal. Foto: Filipe Ferreira / Divulgação

Estrela Dinn faz Kassandra, entre a mítica profetisa grega e uma prostituta transexual contemporânea, no solo com texto de Sergio Blanco. Foto: Siano / Divulgação

MOSTRA VIVENCIAL

A Mostra Vivencial é o carro-chefe da homenagem do JGE ao grupo olindense e junta  espetáculos de diferentes regiões do Brasil e um de Portugal, que capturam e reinterpretam a essência transgressora que caracterizou o grupo em sua trajetória histórica.

Entre as peças está Kassandra. No entrelaçamento entre a mítica profetisa grega e uma prostituta transexual contemporânea, Sergio Blanco cria um solo performático que desmorona fronteiras entre mito e realidade. Enfiada num vestido de oncinha e saltos rosa pink, Kassandra narra sua Odisseia pessoal: um corpo-território que transita entre sexo, guerra e poder. Protagonizada por Estrela Dinn, com direção de Adriane Mottola, a performance dissolve os limites entre passado e presente, entre o trágico e o cômico. Em um inglês rudimentar de imigrante, Kassandra revela sua condição de exilada: estranha em seu próprio corpo, em todos os países.

Em Damas da Noite, de Portugal, Elmano Sancho mergulha na fronteira tênue entre realidade e ficção, revelando Cléopâtre – o filho não nascido, o duplo imaginário. Através do ambiente provocativo do transformismo, o espetáculo desconstrói binarismos de gênero, identidade e existência. Uma peça sobre a fluidez do ser, onde corpos se transformam, fronteiras se dissolvem e a identidade se revela como território móvel e infinito. Damas da Noite é um ritual de metamorfose, onde o artista confronta suas próprias expectativas de nascimento e existência. Uma viagem poética pelos territórios da identidade, onde cada máscara revela uma camada mais profunda do humano.

Estão também na Mostra Vivencial outros cinco espetáculos que desafiam convenções: Mainha é uma Resenha celebra a figura materna com humor nordestino, inspirada no trabalho do saudoso Paulo Gustavo; Vivencial, Revivenciando reconstitui a trajetória do grupo teatral pernambucano  homenageado; Querida Gina mergulha nas complexidades da experiência feminina através de uma metáfora terapêutica; Santo Genet e as Flores da Argélia explora margens sociais e identitárias inspirado na obra de Jean Genet; e Sha da Meia Noite propõe um chá cênico de confrontos de classe com fragmentos de Genet e MPB.

O lançamento do livro Pernalonga, uma Sinfonia Inacabada, do jornalista Márcio Bastos, adiciona uma camada documental à homenagem, oferecendo um olhar íntimo sobre a trajetória de um dos atores do grupo e, por extensão, sobre a efervescência cultural que o Vivencial representou. Esta obra literária serve como um importante registro histórico, preservando memórias e anedotas que poderiam, de outra forma, se perder com o tempo.

A homenagem a Guilherme Coelho, fundador do Vivencial, destaca-se como um reconhecimento à visão artística e à coragem que deram origem ao grupo. Este gesto honra um o indivíduo e se estende como reconhecimento de toda uma geração de artistas que ousaram desafiar as normas sociais e artísticas de seu tempo.

A temática geral do festival, centrada na liberdade de expressão, diversidade cultural e arte como instrumento revolucionário, alinha-se perfeitamente com o espírito do Vivencial.

Cida Pedrosa, Márcia Souto, Maria do Céu e Paula de Renor; quatro das dez personalidades homenageadas  do JGE. Foto: Divulgação

HOMENAGEADAS

Dez personalidades que contribuíram significativamente para a cultura pernambucana são homenageadas pelo 31º Janeiro de Grandes Espetáculos, abrangendo diversas áreas artísticas e de atuação social. Paula de Renor, atriz e produtora, é distinguida como representante das artes cênicas, tendo sido durante mais de 20 anos uma das realizadoras do Janeiro e atualmente é a produtora do festival Reside FIT-PE. Márcia Souto e André Campos são homenageados por sua atuação na política cultural, enquanto Bernard Peixoto é reconhecido por seu trabalho no Sistema Fecomércio Sesc/Senac Pernambuco, ressaltando a importância das parcerias institucionais no fomento à cultura.

Cida Pedrosa, vereadora, poeta, autora e militante cultural, é homenageada por sua atuação que une arte, política e ativismo social. O festival saúda Guilherme Coelho, fundador do grupo Vivencial; Mister Brynner, por sua atuação na arte circense; Nenéu Liberalquino, maestro da Banda Sinfônica do Recife, pela música; e o bailarino e professor Alexandre Macedo, pela dança. Completando a lista, Maria do Céu é homenageada como representante dos artistas e da causa LGBTQIAPN+, evidenciando as disputas e conquistas dos movimentos de diversidade.

CONSELHO E PRÊMIO

O festival Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE) oferece uma vasta gama de produções artísticas que podem ser comparadas a um mercado persa cênico. Neste cenário, o espectador tem a liberdade de explorar e selecionar obras que se alinhem com seus gostos pessoais e interesses. Nesse contexto, desde 2019, o festival implementou um Conselho Consultivo para refinar a seleção das obras apresentadas.

Para a edição de 2025, o conselho contou com as contribuições de Simone Figueiredo, Álcio Soares e Genivaldo Fernandes. Complementando este trabalho, a Comissão de Seleção de Espetáculos, formada por Ana Nogueira, Jorge Féo, Silvério Pessoa, Valéria Barros e Paulo de Castro (produtor-geral do festival), atua sob a coordenação de Paulo de Pontes.

O 31º Janeiro de Grandes Espetáculos é uma realização da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), apresentado pela Prefeitura do Recife e pelo Governo do Estado. O evento conta com o apoio de diversas entidades, incluindo o Sesc, e patrocínio de Suape e Fundarpe. A produção geral está a cargo de Paulo de Castro, com suporte de várias empresas e instituições de mídia locais.

Uma marca do festival é o Prêmio JGE Copergás de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco, patrocinado pela Copergás. Esta premiação visa reconhecer e celebrar os talentos locais, oferecendo visibilidade e reconhecimento aos artistas. A cerimônia de premiação, agendada para 1º de fevereiro no Teatro de Santa Isabel, distribuirá 25 troféus em cinco categorias distintas: Teatro Adulto, Teatro Infantil, Dança, Circo e Música. Esta iniciativa busca reconhecer e potencializar a produção artística pernambucana em suas diversas manifestações.

 

P R O G R A M A Ç Ã O

TEATRO ADULTO:

Teatro de Santa Isabel:

16/01/2025 19h30 – Noite, Inteira R$60 Meia R$30, 1h30min
22/01/2025 20h – Rinocerontes, Inteira R$60 Meia R$30, 1h20min
29/01/2025 19h30 – Um Minuto pra Dizer que Te Amo, Inteira R$60 Meia R$30, 1h15min
31/01/2025 20h – Yerma Atemporal, Inteira R$60 Meia R$30, 1h30min

Teatro do Parque

10/01/2025 19h30 – Mainha é uma Resenha – A Peça!, Inteira R$60 Meia R$30, 2h

Teatro Apolo

17/01/2025 20h15 – Ao Paraíso, Inteira R$40 Meia R$20, 1h
30/01/2025 19h30 – Cárcere, Inteira R$40 Meia R$20, 1h30min
31/01/2025 20h – O Clube da Jovem Guarda, Inteira R$40 Meia R$20, 1h40min
02/02/2025 17h – Show de Variedades, Inteira R$60 Meia R$30, 4h

Teatro Hermilo Borba Filho

14/01/2025 19h – A Mulher que Queria ser Micheliny Verunschk, Inteira R$60 Meia R$30, 1h05min
15/01/2025 19h – A Mulher que Queria ser Micheliny Verunschk, Inteira R$60 Meia R$30, 1h05min
21/01/2025 19h30 – Mulheres de Nínive, Inteira R$60 Meia R$30, 1h
23/01/2025 19h – Salto, Inteira R$40 Meia R$20, 45min
25/01/2025 19h e 20h30 – O Alienista – Casa dos Loucos, Inteira R$60 Meia R$30, 1h
31/01/2025 19h – Se Eu Subir, Quem Me Derruba?, Inteira R$60 Meia R$30, 2h

Teatro Capiba

11/01/2025 19h – Senhora, Inteira R$40 Meia R$20, 1h
15/01/2025 19h – Senhora dos Nossos Sonhos, Inteira R$40 Meia R$20, 1h20min
16/01/2025 19h – Senhora dos Nossos Sonhos, Inteira R$40 Meia R$20, 1h20min
18/01/2025 19h – Na Bagagem Poesia, Inteira R$40 Meia R$20, 45min
23/01/2025 19h – Dom – O Santo da Utopia, Inteira R$40 Meia R$20, 70min
25/01/2025 19h – HRWJXN – Jogando com a Palhaçaria!, Inteira R$40 Meia R$20, 1h

Teatro Marco Camarotti

10/01/2025 20h – Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III, Inteira R$60 Meia R$30, 1h15min
11/01/2025 20h – Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III, Inteira R$60 Meia R$30, 1h15min
12/01/2025 18h – Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III, Inteira R$60 Meia R$30, 1h15min
18/01/2025 17h – Contando Histórias, Inteira R$40 Meia R$20, 1h
22/01/2025 19h – Xirê, Inteira R$40 Meia R$20, 1h05min
23/01/2025 19h30 – Samsara Lições para o Fim do Mundo, Inteira R$40 Meia R$20, 65min
24/01/2025 19h – Esquecidos por Deus, Inteira R$60 Meia R$30, 1h
25/01/2025 19h30 – Céu em Si + Bate Papo com o Público, Gratuito, 1h
26/01/2025 18h – Entretanto Teatro – 25 Anos, Inteira R$40 Meia R$20, 50min

Teatro Barreto Jr.

24/01/2025 20h – Auto da Barca do Inferno, Inteira R$60 Meia R$30, 50min
26/01/2025 17h e 19h30 – Saudade, Meu Remédio é Cantar!, Inteira R$60 Meia R$30, 1h38min
29/01/2025 20h – Nós, Poemas em Pé, Inteira R$40 Meia R$20, 45min
30/01/2025 20h – A Divina & O Esplendor – Uma Farsa Forçada, Inteira R$40 Meia R$20, 1h30min
31/01/2025 20h – A Viola do Diabo, Inteira R$40 Meia R$20, 1h20min
02/02/2025 14h30, 17h e 19h30 – As Bruxas de Oz, Inteira R$80 Meia R$40, 1h40min

Sinagoga Kahal Zur Israel

18/01/2025 19h – Senhora de Engenho Entre a Cruz e a Torá, Inteira R$80 Meia R$40, 1h20min
19/01/2025 18h – Senhora de Engenho Entre a Cruz e a Torá, Inteira R$80 Meia R$40, 1h20min

TEATRO INFANTIL

Teatro de Santa Isabel:

19/01/2025 16h30 – O Reino Congelado – Inspirado em Frozen, Inteira R$100 Meia R$50, 1h
26/01/2025 16h30 – Os Saltimbancos, Inteira R$100 Meia R$50, 50min

Teatro do Parque

19/01/2025 17h – O Pequeno Príncipe, Inteira R$60 Meia R$30, 1h
26/01/2025 15h, 17h30 e 19h30 – A Bela e a Fera, Inteira R$100 Meia R$50, 1h30min

Teatro Apolo

12/01/2025 17h – O Dia em que a Morte Sambou, Inteira R$60 Meia R$30, 40min

Teatro Hermilo Borba Filho

11/01/2025 17h – Enrolados – A nova aventura de Rapunzel, Inteira R$100 Meia R$50, 1h
26/01/2025 16h30 – O Livro da Alegria, Inteira R$60 Meia R$30, 40min

Teatro Fernando Santa Cruz

19/01/2025 17h – Lua, Estrela e Baião, Inteira R$60 Meia R$30, 50min

Teatro Barreto Jr.

23/01/2025 16h30 – Aladdin – O Musical, Inteira R$100 Meia R$50, 1h20min

CIRCO 

Teatro Marco Camarotti

17/01/2025 20h – Em Busca de um Emprego, Inteira R$60 Meia R$30, 1h20min

Teatro Capiba

19/01/2025 17h – Dunga In Concert, Inteira R$40 Meia R$20, 50min

Teatro do Parque

22/01/2025 20h – Circo Science – Do Mangue ao Picadeiro, Inteira R$40 Meia R$20, 1h

MÚSICA

Teatro de Santa Isabel

09/01/2025 19h – Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, Inteira R$60 Meia R$30, 50min
10/01/2025 19h – Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, Inteira R$60 Meia R$30, 50min
15/01/2025 20h – Irah Caldeira Apresenta: Mulheres Compositoras do Nordeste, Inteira R$60 Meia R$30, 1h30min
02/02/2025 16h – “O Concerto” com o Quarteto Encore e Betto do Bandolim (Salão Nobre), Inteira R$120 Meia R$60, 1h

Teatro do Parque

12/01/2025 19h – Afoxé Oxum Pandá 30 Anos – A Era de Ouro Chegou!, Inteira R$40 Meia R$20, 1h20min
17/01/2025 20h – Estesia, Inteira R$60 Meia R$30, 1h20min
18/01/2025 20h – Martins – Show Acústico, Inteira R$80 Meia R$40, 1h15min
23/01/2025 19h30 – Som da Terra – 50 Anos Dourados, Inteira R$60 Meia R$30, 2h
24/01/2025 20h – Almério – Nesse Exato Momento, Inteira R$80 Meia R$40, 1h15min
28/01/2025 20h – Tributo Armorial Camerata Pernambucana, Inteira R$40 Meia R$20, 50min

Teatro Apolo

11/01/2025 20h – A Vida Pede Mais Abraço que Razão, Inteira R$80 Meia R$40, 1h
19/01/2025 16h e 19h – Elas Cantam Reginaldo Rossi, Inteira R$100 Meia R$50, 1h30min
22/01/2025 19h – Rock Bossa, Inteira R$40 Meia R$20, 1h15min
23/01/2025 19h – Rock Bossa, Inteira R$40 Meia R$20, 1h15min
28/01/2025 20h – O Melhor Lugar da Praia, Inteira R$60 Meia R$30, 1h20min

Teatro Hermilo Borba Filho

10/01/2025 19h – Nuvem Cigana: Silvério Pessoa & Publius Canta Lô Borges e Beto Guedes, Inteira R$50 Meia R$25, 1h15min
12/01/2025 17h – Me Dê Notícias do Universo, Inteira R$50 Meia R$25, 1h10min
29/01/2025 19h – Cantiga à Pedra do Reino, Inteira R$60 Meia R$30, 60min
30/01/2025 20h – O Tempo Atravessa o Homem, Inteira R$60 Meia R$30, 1h15min

Teatro Marco Camarotti

15/01/2025 19h30 – O Velho em Con(s)erto, Inteira R$30 Meia R$15, 50min
16/01/2025 19h30 – O Velho em Con(s)erto, Inteira R$30 Meia R$15, 50min

Teatro Fernando Santa Cruz

11/01/2025 19h30 – Ruan Trajano: Celebrando Dois Gilbertos e Suas Canções, Inteira R$50 Meia R$25, 1h
16/01/2025 20h – Forróck, Inteira R$40 Meia R$20, 1h
25/01/2025 20h – Infinito Azul, Gratuito, 1h15min

Teatro Arraial Ariano Suassuna

22/01/2025 10h e 15h – Cantiga à Pedra do Reino, Gratuito para estudantes, 60min

DANÇA

Teatro de Santa Isabel

12/01/2025 17h e 20h – Negrô, Inteira R$60 Meia R$30, 45min
14/01/2025 20h – Don Quixote, Inteira R$40 Meia R$20, 70min
18/01/2025 20h30 – Musical Capiba Pelas Ruas Eu Vou, Inteira R$80 Meia R$40, 1h20min
21/01/2025 19h – Cabras de Lampião – 30 Anos de Xaxado, Inteira R$60 Meia R$30, 1h
30/01/2025 19h30 – O Mundo na Ponta dos Pés, Inteira R$60 Meia R$30, 2h
02/02/2025 18h – IV Festival Pole Dance de Pernambuco (Salão Nobre), Inteira R$80 Meia R$40, 2h30min

Teatro do Parque

14/01/2025 20h – Labor, Inteira R$60 Meia R$30, 50min
15/01/2025 19h – Gala Floresta Encantada, Inteira R$50 Meia R$25, 1h40min
29/01/2025 19h – Itã Kijiba – Sabedoria Ancestral, Inteira R$40 Meia R$20, 1h10min

Teatro Apolo

16/01/2025 19h – Mata Sagrada, Inteira R$60 Meia R$30, 45min
25/01/2025 15h e 19h – Festival Florescer de Danças Árabes e Fusões, Inteira R$40 Meia R$20, 2h30min
29/01/2025 19h – Aquarela, Inteira R$70 Meia R$35, 45min

Teatro Hermilo Borba Filho

24/01/2025 20h – Itaêotá, Inteira R$60 Meia R$30, 1h

Teatro Marco Camarotti

31/01/2025 20h – Marim Brincante, Inteira R$60 Meia R$30, 50min

Teatro Fernando Santa Cruz

15/01/2025 20h – Obirin – Kunhã: Dança Inflamada, Gratuito, 30min

Teatro Arraial Ariano Suassuna

17/01/2025 20h – Obirin-Kunhã: Dança Inflamada, Gratuito, 30min

Campo da UR1 – Ibura

25/01/2025 16h – Campo Minado, Gratuito, 60min

MOSTRA VIVENCIAL

Teatro Apolo

10/01/2025 20h – Vivencial, Revivenciando, Inteira R$50 Meia R$25, 45min
15/01/2024 20h30Querida Gina 
24/01/2025 19h – Sha da Meia Noite + exibição do curta: Era Uma Vez Diversiones, Inteira R$60 Meia R$30, 1h

Teatro Hermilo Borba Filho

16/01/2025 19h – Kassandra, Inteira R$40 Meia R$20, 1h05min
17/01/2025
19h – Kassandra, Inteira R$40 Meia R$20, 1h05min
18/01/2025 20h – Santo Genet e as Flores da Argélia, Inteira R$60 Meia R$30, 1h30min
19/01/2025 18h – Santo Genet e as Flores da Argélia, Inteira R$60 Meia R$30, 1h30min

Teatro de Santa Isabel

24/01/2025 20h – Damas da Noite Uma Farsa de Elmano Sancho, Inteira R$80 Meia R$40, 1h
25/01/2025 20h – Damas da Noite Uma Farsa de Elmano Sancho, Inteira R$80 Meia R$40, 1h

Teatro do Parque

10/01/2025 19h30 – Mainha é uma Resenha – A Peça 

MOSTRA JANEIRO DE CENAS CURTAS

Teatro Barreto Jr.

18/01/2025 a partir das 18h – Mostra Janeiro de Cenas Curtas, R$20 + 1kg de alimento não perecível
19/01/2025 a partir das 17h – Mostra Janeiro de Cenas Curtas, R$20 + 1kg de alimento não perecível

OUTROS EVENTOS

Teatro de Santa Isabel

09/01/2025 18h – Abertura – Apresentação do Livro: Pernalonga Uma Sinfonia Inacabada, Gratuito, 1h
10/01/2025 16h – Ensaio Aberto: Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, Gratuito, 50min
29/01/2025 16h – Leitura Dramatizada – Ensaio para Velhos Pretos, Inteira R$60 Meia R$30, 1h

Teatro de Santa Isabel (Salão Nobre)

25/01/2025 16h – Leitura Dramatizada – Josephina, Inteira R$40 Meia R$20, 45min

Teatro Marco Camarotti

14/01/2025 19h – Auto da Compadecida – Uma Farsa Modernesca, Gratuito + 1kg de alimento, 1h40min

Teatro Capiba

21/01/2025 19h – Leitura Dramatizada – Condenadas à Vida, Inteira R$40 Meia R$20, 50min
26/01/2025 18h – Leitura Dramatizada – Frei Caneca – Um País Chamado Pernambuco, Inteira R$40 Meia R$20

 

 

 

 

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