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Política pública na pauta

Faltam poucos meses para o término da gestão de João da Costa. Na cultura, todos sabemos dos inúmeros problemas. Mas a mudança – que foi realizada tardiamente – na gerência de Artes Cênicas e depois na própria direção da secretaria e na Fundação de Cultura, com duas pessoas que amam o teatro, como Simone Figueiredo e André Brasileiro assumindo esses cargos, trouxe uma nesga de esperança à classe. Se não com relação à concretização de ações, ao menos no que diz respeito à tentativa de realizar um planejamento, de conversar com artistas e produtores.

No próximo dia 3, por exemplo, a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura Cidade do Recife vai realizar mais um encontro com a classe – este é o 4° Encontro de Teatro. Será no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, às 19h.

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Um por todos, todos por um?

Centro Apolo-Hermilo

A Prefeitura do Recife abraçou a convocatória sobre os destinos do Centro Apolo-Hermilo, articulada pelos rapazes do espetáculo Ilusionistas e por outros artistas. O encontro foi realizado ontem, no Teatro Hermilo Borba Filho, e contou com as presenças da secretária de Cultura, Simone Figueiredo; do presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, André Brasileiro; de coordenadores do setor de teatro (Clara Camarotti e Roberto Lúcio), Jorge Clésio, Júnior Afro. Tinha até um funcionário das finanças para explicar que a PCR só pode agir dentro da lei. Of course.

Tinha muita gente. E quem quis se pronunciar o fez. Ao final da reunião, foi criada uma comissão, formada por Claudio Malaquias, Carlos Ferrera, José W. Junior, Duda Freyre, Nara Menezes, João Lima, Maíra Bruce, Mica (Conselho de Cultura), André Brasileiro, Jorge Clésio e Clara Camarotti. Esse grupo vai entregar um documento na próxima quarta-feira, 22 de agosto, às 18h30, na Sala de Dança do Teatro de Santa Isabel, com as propostas e sugestões retiradas das ideias surgidas durante a audiência pública.

Existia uma tensão no ar, mas tudo transcorreu com civilidade. Liana Gesteira deu as boas-vindas e apresentou o formato do ato público. A ordem dos trabalhos estava calcada em cinco pontos: 1. Leitura de partes do Regimento do Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo; 2. Ponto de situação (identificação das dificuldades, problemas e virtudes do Centro Apolo-Hermilo); 3. Espaço de fala para Gestão e/ou representantes da Prefeitura do Recife; 4. Sugestões para o melhor funcionamento do Centro Apolo-Hermilo; 5. Formas de atuação; 6. Redação de carta, a apresentar na prefeitura.

Duda Freyre leu um documento de 2000, que resume o projeto do Centro Apolo Hermilo. Criação, fomento, formação, programação de espetáculos de qualidade, lugar de referência, biblioteca e videoteca especializada, espaço de exposição, formador de plateias adulta e juvenil e de redes de programação.

“Falta de equipamentos técnicos para execução dos espetáculos tais como refletores e sistema de som. Decadência aponta para a falta de manutenção. A equipe técnica é insuficiente e deficiente. Administração do centro não cumpre os acordos com os seus usuários (artistas). Mal funcionamento do centro de documentação (…). Contrato não deveria ser de sessão de pauta e sim uma parceria”. Esses pontos foram apresentados por Carlos Ferrera, a partir da leitura de um documento.

A questão do orçamento específico e da transparência no uso dos recursos foi lembrada pelo bailarino José W Junior. “Já tive o privilégio de trabalhar no Apolo-Hermilo e trouxe documentos da época em que atuei aqui”. Os documentos que ele apresentou mostram que existia um previsão para o Centro dentro do planejamento anual da Prefeitura, para ser executada no ano seguinte. Ele perguntou onde foram parar esses recursos. E disse que está ocorrendo uma ingerência dos espaços.

O ator e bialarino João Lima, um dos articuladores do movimento, disse que o Hermilo é uma joia rara. “Em termos de qualidade, de acústica, de chão, é uma joia rara que precisa ser cuidada”. E apresentou os problemas enfrentados por seu grupo durante a temporada de Ilusionistas. Três ensaios foram cancelados por indisponibilidade da equipe administrativa. Ele também garantiu que gastou R$4.000 para montar refletores. “Um teatro dessa dimensão tem três refletores e 45 carcaças jogadas lá atrás”. Ele também reclamou do sistema de limpeza do teatro: “Acho uma pena voltar para o Recife e ver esses dois espaços muito piores do que há oito anos, sobretudo em relação à falta de compromisso. A falta de trabalho e vontade política é inadmissível. A gente não está exigindo nada demais”.

Representantes da Prefeitura e artistas discutiram o Centro Apolo-Hermilo

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Na boca de Matilde

Todos os anos, os erros do festival são apontados na avaliação pública. Foto: Val Lima/Divulgação

Uma figura da prefeitura me provocou dizendo. “Você deu uma barrigudinha”. Respondi: “ué, a confirmação veio da equipe de artes cênicas”. Mas não importa como as informações foram obtidas. Na verdade, o diretor e ator Francisco Medeiros não aceitou o convite de ser o curador, ou cocurador do Festival Recife do Teatro Nacional, que chega ao 15º ano abalado por denúncias de não pagamentos de cachês de edições anteriores e perda de importância para o público.

Sendo ou não sendo Medeiros, a questão levantada por mim no outro post permance. Existia um curador apalavrado, o crítico, pesquisador, jornalista, escritor Valmir Santos (que por boa-fé não fez um contrato com a Prefeitura do Recife antes de inciar sua curadoria do ano passado). E se outro ou outros convidados não aceitaram, INSISTO, a equipe da prefeitura não teve um posicionamento ético, elegante, de dispensar os serviços do anterior, antes de partir à cata de um novo.

Fiquei muitos dias esperando que alguém da Secretaria de Cultura/ Fundação de Cultura Cidade do Recife se pronunciasse, explicando o que aconteceu, reconhecendo que errou. Só os grilos cri-cri-cri…

Agora, o diretor Francisco Carlos distribuiu via internet uma carta de cobrança e denuncia do Festival Recife do Teatro Nacional.

Se as pessoas utilizaram o silêncio para calar algumas vozes, dessa vez ficou difícil. Francisco Carlos apresentou Jaguar Cibernético e diz que não recebeu o cachê. O festival foi em novembro do ano passado. Bom, o diretor enviou o e-mail para centenas de pessoas, que por sua vez reenviam para outras e isso virou uma bola de neve. O nosso querido festival de teatro, que tem um reputação a zelar corre em boca de Matilde pela falta de planejamento, gestão política ou algo pior. Não sei. Só sei que isso não pode continuar. Nem o silêncio que o órgão público dá como resposta a qualquer crítica e o não pagamento do que se deve.

Outro questionamento importante: mais uma vez o festival será realizado com um cronograma apertadíssimo? Sim, porque se até agora nem o curador foi escolhido, o que diremos da programação? Ou quem pensa que os grupos do país estão com milhões de datas livres ansiando pelo convite do nosso festival? Vai ser feito as pressas e, mais uma vez, isso repercute em público. Porque não há divulgação, o programa não sai..enfim…

Porque o Festival de São José do Rio Preto, por exemplo, tem uma média de público de 90 mil pessoas? Nós sabemos quais são as nossas debilidades. Temos as soluções – ou quem acompanha todos os anos as avaliações do festival sabe quais são – o que falta é colocar em prática.

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Festival de Teatro do Recife tem novos curadores… Esqueceram de avisar ao “antigo”

Nesta semana (mais precisamente na quinta-feira) a Prefeitura do Recife anunciou que estava com as inscrições abertas para os espetáculos pernambucanos que desejam participar do 15º Festival Recife do Teatro Nacional. O que me chamou a atenção foi a frase: “O material das peças será apresentado à curadoria do festival, responsável pela programação do evento, que acontece de 25 de novembro a 2 de dezembro deste ano”. Fica claro que o período do festival já está definido. E que existe uma curadoria do festival, que não estava nominada na nota.

Para quem acompanha mais de perto os festivais de teatro sabe que o curador apalavrado por dois anos pelo então secretário de cultura, Renato L, era o jornalista e pesquisador paulista Valmir Santos. Ele foi o curador do ano passado e avaliador no ano anterior.

Pouco tempo depois soube que os curadores deste ano são o diretor paulista Francisco Medeiros e a atriz pernambucana Lúcia Machado, que já foi diretora do Teatro Apolo-Hermilo e do próprio festival.

Francisco Medeiros já trouxe algumas de suas direções ao Recife. Foto: Facebook/Reprodução

Francisco Medeiros já esteve entre nós, com pelo menos três trabalhos. Com o grupo paulista Pode Entrar que a Casa é Sua trouxe o espetáculo O que morreu mas não deitou, apresentada no Forte do Brum na 7ª edição do festival recifense. Na 10ª esteve na cidade com O pupilo quer ser tutor, texto de Peter Handke, com produção da Cia. Teatro Sim… Por que não?!!! , de Santa Catarina. Veio também com a Cia. Lazzo em 2009 com Réquiem. Francisco Medeiros é um artista respeitadíssimo e muito gente boa.

Lúcia Machado já foi coordenadora do festival e agora será curadora. Foto: Val Lima/Divulgação

Em maio, durante o festival Palco Giratório, promovido pelo Sesc, o até então curador Valmir Santos esteve no Recife e conversou com a secretária de Cultura, Simone Figueiredo, e com o presidente da Fundação Cultura André Brasileiro. Estamos em julho e até ontem, quando falei com o Valmir pelo telefone, ninguém da Secretaria de Cultura do Recife ou da Fundação da Cidade do Recife teve a dignidade de avisá-lo que ele estava dispensado. Nem o diretor do festival Vavá Schön-Paulino ou ninguém da coordenação de teatro. O que, no meu entendimento, é mais que lamentável – é uma falta de respeito com um profissional sério, que já havia feito um planejamento para este ano com alguns espetáculos desde 2011.

Então temos de um lado um problema de ética, de não avisar ao curador Valmir Santos que ele está dispensado de seus serviços e do outro lado um novo curador com pouquíssimo tempo para compor a grade de um festival que chega ao 15º ano. Além de problemas pendentes tanto da Secretaria quando da FCCR que deixaram de fazer o pagamento a alguns grupos, que reclamam até hoje. A atuação de Renato L, na Cultura e de Luciana Felix, na Fundação de Cultura, é apontada pelos trabalhadores e consumidores de cultura como a pior dos últimos tempos.

Talvez seja o momento de cobrar dos candidatos propostas mais transparentes e compromissos mais firmes com a área. E espero que o silêncio não impere sobre o assunto.

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Produção teatral pernambucana em Curitiba

O Canto de Gregório. Foto : Bruno Tetto / Divulgação

Hoje pela manhã, as equipes de dois espetáculos pernambucanos dão entrevistas aos jornalistas no Festival de Teatro de Curitiba. A montagem do Coletivo Angu de Teatro Esse febre que não passa, com texto da jornalista Luce Pereira e direção de André Brasileiro e Marcondes Lima, e Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, com dramaturgia coletiva e direção de Luis Fernando Marques, estão na mostra principal do FCT. Isso é muito bom para os grupos e para a produção pernambucana. Ambas as peças tem qualidades para estarem nessa vitrine.

O Magiluth também levou para o Fringe, a mostra paralela, as peças O canto de Gregório, e 1 Torto.

O fato pode encher de orgulho os que acreditam que as artes cênicas da terrinha possam ter um valor de referência semelhante à música e ao cinema produzidos por artistas pernambucanos.

Mas não custa lembrar que essa participação dos grupos vem em parte de uma política adotada pelo Janeiro de Grandes Espetáculos (coordenado por Paula de Renor, Carla Valença e Paulo de Castro) de trazer curadores e diretores de festivais para acompanhar uma parte da produção teatral feita em Pernambuco. O que já rendeu a ida de várias montagens para alguns festivais brasileiros.

Mas nesse momento em que se discute a saída do secretário de cultura, já num clima de campanha política para o próximo prefeito, seria bom que os artistas de teatro ficassem atentos. É preciso criar compromissos com os candidatos não apenas para a escolha de seus assessores como também para uma política que deve ser executada nos próximos anos.

Os investimentos na área de artes cênicas devem ser feitos para estruturar o segmento e dar a grandeza que os pernambucanos gostam tanto. É possível melhorar capacidades. E isso também passa pela seriedade de seus governantes.

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