Um por todos, todos por um?

Centro Apolo-Hermilo

A Prefeitura do Recife abraçou a convocatória sobre os destinos do Centro Apolo-Hermilo, articulada pelos rapazes do espetáculo Ilusionistas e por outros artistas. O encontro foi realizado ontem, no Teatro Hermilo Borba Filho, e contou com as presenças da secretária de Cultura, Simone Figueiredo; do presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, André Brasileiro; de coordenadores do setor de teatro (Clara Camarotti e Roberto Lúcio), Jorge Clésio, Júnior Afro. Tinha até um funcionário das finanças para explicar que a PCR só pode agir dentro da lei. Of course.

Tinha muita gente. E quem quis se pronunciar o fez. Ao final da reunião, foi criada uma comissão, formada por Claudio Malaquias, Carlos Ferrera, José W. Junior, Duda Freyre, Nara Menezes, João Lima, Maíra Bruce, Mica (Conselho de Cultura), André Brasileiro, Jorge Clésio e Clara Camarotti. Esse grupo vai entregar um documento na próxima quarta-feira, 22 de agosto, às 18h30, na Sala de Dança do Teatro de Santa Isabel, com as propostas e sugestões retiradas das ideias surgidas durante a audiência pública.

Existia uma tensão no ar, mas tudo transcorreu com civilidade. Liana Gesteira deu as boas-vindas e apresentou o formato do ato público. A ordem dos trabalhos estava calcada em cinco pontos: 1. Leitura de partes do Regimento do Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo; 2. Ponto de situação (identificação das dificuldades, problemas e virtudes do Centro Apolo-Hermilo); 3. Espaço de fala para Gestão e/ou representantes da Prefeitura do Recife; 4. Sugestões para o melhor funcionamento do Centro Apolo-Hermilo; 5. Formas de atuação; 6. Redação de carta, a apresentar na prefeitura.

Duda Freyre leu um documento de 2000, que resume o projeto do Centro Apolo Hermilo. Criação, fomento, formação, programação de espetáculos de qualidade, lugar de referência, biblioteca e videoteca especializada, espaço de exposição, formador de plateias adulta e juvenil e de redes de programação.

“Falta de equipamentos técnicos para execução dos espetáculos tais como refletores e sistema de som. Decadência aponta para a falta de manutenção. A equipe técnica é insuficiente e deficiente. Administração do centro não cumpre os acordos com os seus usuários (artistas). Mal funcionamento do centro de documentação (…). Contrato não deveria ser de sessão de pauta e sim uma parceria”. Esses pontos foram apresentados por Carlos Ferrera, a partir da leitura de um documento.

A questão do orçamento específico e da transparência no uso dos recursos foi lembrada pelo bailarino José W Junior. “Já tive o privilégio de trabalhar no Apolo-Hermilo e trouxe documentos da época em que atuei aqui”. Os documentos que ele apresentou mostram que existia um previsão para o Centro dentro do planejamento anual da Prefeitura, para ser executada no ano seguinte. Ele perguntou onde foram parar esses recursos. E disse que está ocorrendo uma ingerência dos espaços.

O ator e bialarino João Lima, um dos articuladores do movimento, disse que o Hermilo é uma joia rara. “Em termos de qualidade, de acústica, de chão, é uma joia rara que precisa ser cuidada”. E apresentou os problemas enfrentados por seu grupo durante a temporada de Ilusionistas. Três ensaios foram cancelados por indisponibilidade da equipe administrativa. Ele também garantiu que gastou R$4.000 para montar refletores. “Um teatro dessa dimensão tem três refletores e 45 carcaças jogadas lá atrás”. Ele também reclamou do sistema de limpeza do teatro: “Acho uma pena voltar para o Recife e ver esses dois espaços muito piores do que há oito anos, sobretudo em relação à falta de compromisso. A falta de trabalho e vontade política é inadmissível. A gente não está exigindo nada demais”.

Representantes da Prefeitura e artistas discutiram o Centro Apolo-Hermilo

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3 pensou em “Um por todos, todos por um?

  1. Jorge Féo

    Realmente dificuldades existem no espaço.
    Em Maio estive em temporada de duas semanas (dez apresentações) e houveram muitos problemas. Foi muito desgastante não ter os ar condicionados nos camarins funcionando, não ter por dias a equipe de limpeza, onde Lili e Isolda estavam lavando os banheiros, onde Nadjeckson estava se desdobrando em mil para me atender melhor e esse era o mesmo que me dava as notícias: Refletores ruins, apenas um dos ar condicionados do palco funciona, problema este ocorrido dentro do Palco Giratório dias antes, eu achei maravilhoso estar em cena com a platéia se abanando, foi bacana mesmo. Ah! Não tinha água para beber tbm, durante três dias eu comprei água em Dona Maria.
    Não estou aqui para pensar em culpas, em nada disso, tanto é que vou para a segunda reunião, para saber oq colocaram no documento.
    Mas confesso que senti falta de algo palpável, do tipo, só temos esse dinheiro para pagar as contas, e o que temos não poderemos fazer nada… ou do tipo, a grana que tem é essa, apesar de termos trocado os vasos sanitários, vamos poder comprar mais cinco refletores e consertar outros dez, outros 15…
    Sei lá, ir para uma reunião com o orçamento em mãos, o Centro apresentar os ofícios pedidos na PCR, as negativas com as justificativas, ficou tudo meio de boca, não entendi muito bem.
    Uma planilha orçamentária, com assinaturas, carimbos, vida burocrática em jogo!!! trabalhei com a Prefeitura e sei como é, cada ofício é dobrado ao comprido e pela mão/sala que passa, leva um carimbo, escrevesse algo, assina e repassa…

    Sei que gestão de um espaço como aquele não deve ser fácil… estive dois anos no Espaço Muda, era menor, particular, sem grana… Outra realidade, o Hermilo é maior, sem grana e com muita burocracia… Mas eu lembro até hoje da gaveta com a pasta da manutenção dos ar condicionados, que antes deles quebrarem eu chamava a assistência, pois existia um convênio mensal de manutenção… Ah! E também a pasta do pedido/fornecimento de água mineral, o controle de entrega.
    Quando essas coisas não funcionavam, eu trocava, sei que na Prefeitura não é assim, a empresa ganha por licitação… Senti falta dos ofícios em mãos notificando essas “faltas” por falta dos licenciados/terceirizados.

    Não posso reclamar do atendimento ao meu Projeto, mas que houveram problemas, houveram e que na reunião senti falta de coisas palpáveis, eu senti. Não sei se como cidadão eu teria direito a esse acesso, assim como meus colegas fazedores de arte, mas que poderia ter sido levado e defendido as coisas com provas de empenho, acho que poderia…
    Não digo aqui que isso não exista, mas que poderia ser levado na próxima reunião, e se quiserem me falar algo, ou me mostrar, esse mesmo que escreve aqui é o que dirá: Galera, eu vi tudo, tudo o possível foi feito, mas não rolou porque as coisas são mais difíceis que nós (eu) imaginávamos…
    Meu Celular é o 8839 4008

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  2. Jorge Féo

    Encontrei com a Simone hoje no Luiz Mendonça e comentei com ela sobre isso que escrevi e ela disse que havia comprado ar condicionados novos para os camarins do Hermilo,. Que bom, coisas de ordem prática!

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