Arquivo da tag: André Brasileiro

Musical de João Falcão sobre Luiz Gonzaga abre Festival Recife

Gonzagão – A lenda. Fotos: Silvana Marques/divulgação

O Festival Recife do Teatro Nacional será aberto no dia 21 de novembro com o musical Gonzagão – A lenda, que tem dramaturgia e direção de João Falcão. Serão duas sessões no mesmo dia, no Teatro de Santa Isabel. Vai ser uma passagem bastante rápida da montagem pelo Recife, já que o grupo estreou no dia 19 de outubro no Teatro Sesc Ginástico, no Rio, e ainda está em cartaz por lá.

A peça tem uma hora e meia e um total de 50 músicas na dramaturgia. O elenco é bem jovem e foi montado, em grande parte, seguindo a mesma ideia do projeto Clandestinos, com audições e oficinas.

Dois nomes do elenco são pernambucanos: Eduardo Rios, do Quadro de Cena, e Paulo de Melo, que é de Petrolina. Além deles, estão em cena Marcelo Mimoso, Alfredo Del Penho, Adren Alves, Renato Luciano, Ricca de Barros, Laila Garin e Fábio Enriquez. Uma história interessante é a de Marcelo Mimoso, que funciona como um narrador da história: ele cantava na noite e era motorista de táxi. Nunca tinha ido ao teatro. João Falcão viu o rapaz numa casa de shows na Lapa e ficou encantado.

Espetáculo faz duas sessões no dia 21, no Teatro de Santa Isabel

Ainda durante os ensaios, no mês de setembro, conversamos com o pernambucano Eduardo Rios, que tinha chegado de Londres há bem pouco tempo. Lá ele fez o primeiro ano do curso de Performance e Criação em Teatro na LISPA – London Internacional School of Performing Arts. Perguntei qual seria o personagem dele. “Não sei ainda! Já sabemos fazer vários personagens, mas João vive trocando! E ainda tem muito para aparecer”, respondeu. Duda comentou ainda a construção do texto. Era fim de setembro. “O texto ainda não terminou. É um processo interessante, de muita experimentação. O texto está sendo escrito durante os ensaios, na hora”. Com a peça, o ator decidiu adiar a volta para Londres. “É um projeto que vale muito a pena. Quero deixar que as coisas rendam, talvez circular por festivais. O próprio diretor da Lispa me orientou a ficar”.

João Falcão diz que o espetáculo não é uma biografia de Luiz Gonzaga. “É um ponto de vista mais lúdico e poético do que documental”. É uma montagem baseada não só na história de Gonzagão, a partir da efeméride do centenário, mas na obra dele, seguindo o ponto de vista de uma trupe, que fala de um distante século 20, quando um menino virou rei. Rei do Sertão, que talvez tenha virado mar.

Nessa história, por exemplo, Nazarena, o primeiro grande amor de Gonzagão foi rebatizada de Rosinha; e Odaléa, mãe de Gonzaguinha, de Morena. E ainda há um suposto encontro entre Gonzaga e Lampião. Os atores se revezam em vários personagens.

A direção musical é de Alexandre Elias (o mesmo de Tim Maia – Vale tudo). Claro que tem triângulo, zabumba, sanfona. Mas também bateria e cello, por exemplo. No time de músicos no palco estão Beto Lemos (viola e rabeca – Beto fez a trilha sonora de Divinas, da Duas Companhias), Hudson Lima (cello), Rick De La Torre (percussão) e Rafael Meninão (filho de pais nascidos em Exu) e Marcelo Guerini (Acordeon).

A ficha técnica tem ainda nomes como Duda Maia, que é pernambucana, e fez a direção de movimento e preparação corporal; Andréa Alves (direção de produção e idealização); Sérgio Marimba (cenografia e adereços), Kika Lopes (figurinos), Renato Machado (iluminação), Carol Futuro (preparação vocal e assistente de direção musical) e João Vancine (assistente de direção).

João Falcão e elenco

####

A coletiva de imprensa do Festival Recife do Teatro Nacional só será na próxima terça-feira (13), ao meio-dia, na churrascaria Boi e Brasa, no Pina. Geralmente a coletiva era realizada no Teatro Hermilo Borba Filho…

####

Este ano, o festival – que comemora 15 edições -, vai de 21 de novembro a 2 de dezembro.

####

Depois de muita coisa no meio do caminho, a curadoria do festival ficou com Lúcia Machado. Simone Figueiredo, secretária de Cultura do Recife, e André Brasileiro, presidente da Fundação de Cultura, assumiram a dianteira – são os coordenadores do festival.

####

Já estamos sabendo de mais novidades! Em breve, novos posts!!! E aí? Gostaram da escolha de Gonzagão?! Segue o teaser do espetáculo:

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Política pública na pauta

Faltam poucos meses para o término da gestão de João da Costa. Na cultura, todos sabemos dos inúmeros problemas. Mas a mudança – que foi realizada tardiamente – na gerência de Artes Cênicas e depois na própria direção da secretaria e na Fundação de Cultura, com duas pessoas que amam o teatro, como Simone Figueiredo e André Brasileiro assumindo esses cargos, trouxe uma nesga de esperança à classe. Se não com relação à concretização de ações, ao menos no que diz respeito à tentativa de realizar um planejamento, de conversar com artistas e produtores.

No próximo dia 3, por exemplo, a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura Cidade do Recife vai realizar mais um encontro com a classe – este é o 4° Encontro de Teatro. Será no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, às 19h.

Postado com as tags: , , , , , , , ,

Um por todos, todos por um?

Centro Apolo-Hermilo

A Prefeitura do Recife abraçou a convocatória sobre os destinos do Centro Apolo-Hermilo, articulada pelos rapazes do espetáculo Ilusionistas e por outros artistas. O encontro foi realizado ontem, no Teatro Hermilo Borba Filho, e contou com as presenças da secretária de Cultura, Simone Figueiredo; do presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, André Brasileiro; de coordenadores do setor de teatro (Clara Camarotti e Roberto Lúcio), Jorge Clésio, Júnior Afro. Tinha até um funcionário das finanças para explicar que a PCR só pode agir dentro da lei. Of course.

Tinha muita gente. E quem quis se pronunciar o fez. Ao final da reunião, foi criada uma comissão, formada por Claudio Malaquias, Carlos Ferrera, José W. Junior, Duda Freyre, Nara Menezes, João Lima, Maíra Bruce, Mica (Conselho de Cultura), André Brasileiro, Jorge Clésio e Clara Camarotti. Esse grupo vai entregar um documento na próxima quarta-feira, 22 de agosto, às 18h30, na Sala de Dança do Teatro de Santa Isabel, com as propostas e sugestões retiradas das ideias surgidas durante a audiência pública.

Existia uma tensão no ar, mas tudo transcorreu com civilidade. Liana Gesteira deu as boas-vindas e apresentou o formato do ato público. A ordem dos trabalhos estava calcada em cinco pontos: 1. Leitura de partes do Regimento do Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo; 2. Ponto de situação (identificação das dificuldades, problemas e virtudes do Centro Apolo-Hermilo); 3. Espaço de fala para Gestão e/ou representantes da Prefeitura do Recife; 4. Sugestões para o melhor funcionamento do Centro Apolo-Hermilo; 5. Formas de atuação; 6. Redação de carta, a apresentar na prefeitura.

Duda Freyre leu um documento de 2000, que resume o projeto do Centro Apolo Hermilo. Criação, fomento, formação, programação de espetáculos de qualidade, lugar de referência, biblioteca e videoteca especializada, espaço de exposição, formador de plateias adulta e juvenil e de redes de programação.

“Falta de equipamentos técnicos para execução dos espetáculos tais como refletores e sistema de som. Decadência aponta para a falta de manutenção. A equipe técnica é insuficiente e deficiente. Administração do centro não cumpre os acordos com os seus usuários (artistas). Mal funcionamento do centro de documentação (…). Contrato não deveria ser de sessão de pauta e sim uma parceria”. Esses pontos foram apresentados por Carlos Ferrera, a partir da leitura de um documento.

A questão do orçamento específico e da transparência no uso dos recursos foi lembrada pelo bailarino José W Junior. “Já tive o privilégio de trabalhar no Apolo-Hermilo e trouxe documentos da época em que atuei aqui”. Os documentos que ele apresentou mostram que existia um previsão para o Centro dentro do planejamento anual da Prefeitura, para ser executada no ano seguinte. Ele perguntou onde foram parar esses recursos. E disse que está ocorrendo uma ingerência dos espaços.

O ator e bialarino João Lima, um dos articuladores do movimento, disse que o Hermilo é uma joia rara. “Em termos de qualidade, de acústica, de chão, é uma joia rara que precisa ser cuidada”. E apresentou os problemas enfrentados por seu grupo durante a temporada de Ilusionistas. Três ensaios foram cancelados por indisponibilidade da equipe administrativa. Ele também garantiu que gastou R$4.000 para montar refletores. “Um teatro dessa dimensão tem três refletores e 45 carcaças jogadas lá atrás”. Ele também reclamou do sistema de limpeza do teatro: “Acho uma pena voltar para o Recife e ver esses dois espaços muito piores do que há oito anos, sobretudo em relação à falta de compromisso. A falta de trabalho e vontade política é inadmissível. A gente não está exigindo nada demais”.

Representantes da Prefeitura e artistas discutiram o Centro Apolo-Hermilo

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Na boca de Matilde

Todos os anos, os erros do festival são apontados na avaliação pública. Foto: Val Lima/Divulgação

Uma figura da prefeitura me provocou dizendo. “Você deu uma barrigudinha”. Respondi: “ué, a confirmação veio da equipe de artes cênicas”. Mas não importa como as informações foram obtidas. Na verdade, o diretor e ator Francisco Medeiros não aceitou o convite de ser o curador, ou cocurador do Festival Recife do Teatro Nacional, que chega ao 15º ano abalado por denúncias de não pagamentos de cachês de edições anteriores e perda de importância para o público.

Sendo ou não sendo Medeiros, a questão levantada por mim no outro post permance. Existia um curador apalavrado, o crítico, pesquisador, jornalista, escritor Valmir Santos (que por boa-fé não fez um contrato com a Prefeitura do Recife antes de inciar sua curadoria do ano passado). E se outro ou outros convidados não aceitaram, INSISTO, a equipe da prefeitura não teve um posicionamento ético, elegante, de dispensar os serviços do anterior, antes de partir à cata de um novo.

Fiquei muitos dias esperando que alguém da Secretaria de Cultura/ Fundação de Cultura Cidade do Recife se pronunciasse, explicando o que aconteceu, reconhecendo que errou. Só os grilos cri-cri-cri…

Agora, o diretor Francisco Carlos distribuiu via internet uma carta de cobrança e denuncia do Festival Recife do Teatro Nacional.

Se as pessoas utilizaram o silêncio para calar algumas vozes, dessa vez ficou difícil. Francisco Carlos apresentou Jaguar Cibernético e diz que não recebeu o cachê. O festival foi em novembro do ano passado. Bom, o diretor enviou o e-mail para centenas de pessoas, que por sua vez reenviam para outras e isso virou uma bola de neve. O nosso querido festival de teatro, que tem um reputação a zelar corre em boca de Matilde pela falta de planejamento, gestão política ou algo pior. Não sei. Só sei que isso não pode continuar. Nem o silêncio que o órgão público dá como resposta a qualquer crítica e o não pagamento do que se deve.

Outro questionamento importante: mais uma vez o festival será realizado com um cronograma apertadíssimo? Sim, porque se até agora nem o curador foi escolhido, o que diremos da programação? Ou quem pensa que os grupos do país estão com milhões de datas livres ansiando pelo convite do nosso festival? Vai ser feito as pressas e, mais uma vez, isso repercute em público. Porque não há divulgação, o programa não sai..enfim…

Porque o Festival de São José do Rio Preto, por exemplo, tem uma média de público de 90 mil pessoas? Nós sabemos quais são as nossas debilidades. Temos as soluções – ou quem acompanha todos os anos as avaliações do festival sabe quais são – o que falta é colocar em prática.

Postado com as tags: , , , , , , , , ,

Festival de Teatro do Recife tem novos curadores… Esqueceram de avisar ao “antigo”

Nesta semana (mais precisamente na quinta-feira) a Prefeitura do Recife anunciou que estava com as inscrições abertas para os espetáculos pernambucanos que desejam participar do 15º Festival Recife do Teatro Nacional. O que me chamou a atenção foi a frase: “O material das peças será apresentado à curadoria do festival, responsável pela programação do evento, que acontece de 25 de novembro a 2 de dezembro deste ano”. Fica claro que o período do festival já está definido. E que existe uma curadoria do festival, que não estava nominada na nota.

Para quem acompanha mais de perto os festivais de teatro sabe que o curador apalavrado por dois anos pelo então secretário de cultura, Renato L, era o jornalista e pesquisador paulista Valmir Santos. Ele foi o curador do ano passado e avaliador no ano anterior.

Pouco tempo depois soube que os curadores deste ano são o diretor paulista Francisco Medeiros e a atriz pernambucana Lúcia Machado, que já foi diretora do Teatro Apolo-Hermilo e do próprio festival.

Francisco Medeiros já trouxe algumas de suas direções ao Recife. Foto: Facebook/Reprodução

Francisco Medeiros já esteve entre nós, com pelo menos três trabalhos. Com o grupo paulista Pode Entrar que a Casa é Sua trouxe o espetáculo O que morreu mas não deitou, apresentada no Forte do Brum na 7ª edição do festival recifense. Na 10ª esteve na cidade com O pupilo quer ser tutor, texto de Peter Handke, com produção da Cia. Teatro Sim… Por que não?!!! , de Santa Catarina. Veio também com a Cia. Lazzo em 2009 com Réquiem. Francisco Medeiros é um artista respeitadíssimo e muito gente boa.

Lúcia Machado já foi coordenadora do festival e agora será curadora. Foto: Val Lima/Divulgação

Em maio, durante o festival Palco Giratório, promovido pelo Sesc, o até então curador Valmir Santos esteve no Recife e conversou com a secretária de Cultura, Simone Figueiredo, e com o presidente da Fundação Cultura André Brasileiro. Estamos em julho e até ontem, quando falei com o Valmir pelo telefone, ninguém da Secretaria de Cultura do Recife ou da Fundação da Cidade do Recife teve a dignidade de avisá-lo que ele estava dispensado. Nem o diretor do festival Vavá Schön-Paulino ou ninguém da coordenação de teatro. O que, no meu entendimento, é mais que lamentável – é uma falta de respeito com um profissional sério, que já havia feito um planejamento para este ano com alguns espetáculos desde 2011.

Então temos de um lado um problema de ética, de não avisar ao curador Valmir Santos que ele está dispensado de seus serviços e do outro lado um novo curador com pouquíssimo tempo para compor a grade de um festival que chega ao 15º ano. Além de problemas pendentes tanto da Secretaria quando da FCCR que deixaram de fazer o pagamento a alguns grupos, que reclamam até hoje. A atuação de Renato L, na Cultura e de Luciana Felix, na Fundação de Cultura, é apontada pelos trabalhadores e consumidores de cultura como a pior dos últimos tempos.

Talvez seja o momento de cobrar dos candidatos propostas mais transparentes e compromissos mais firmes com a área. E espero que o silêncio não impere sobre o assunto.

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , ,