Na boca de Matilde

Todos os anos, os erros do festival são apontados na avaliação pública. Foto: Val Lima/Divulgação

Uma figura da prefeitura me provocou dizendo. “Você deu uma barrigudinha”. Respondi: “ué, a confirmação veio da equipe de artes cênicas”. Mas não importa como as informações foram obtidas. Na verdade, o diretor e ator Francisco Medeiros não aceitou o convite de ser o curador, ou cocurador do Festival Recife do Teatro Nacional, que chega ao 15º ano abalado por denúncias de não pagamentos de cachês de edições anteriores e perda de importância para o público.

Sendo ou não sendo Medeiros, a questão levantada por mim no outro post permance. Existia um curador apalavrado, o crítico, pesquisador, jornalista, escritor Valmir Santos (que por boa-fé não fez um contrato com a Prefeitura do Recife antes de inciar sua curadoria do ano passado). E se outro ou outros convidados não aceitaram, INSISTO, a equipe da prefeitura não teve um posicionamento ético, elegante, de dispensar os serviços do anterior, antes de partir à cata de um novo.

Fiquei muitos dias esperando que alguém da Secretaria de Cultura/ Fundação de Cultura Cidade do Recife se pronunciasse, explicando o que aconteceu, reconhecendo que errou. Só os grilos cri-cri-cri…

Agora, o diretor Francisco Carlos distribuiu via internet uma carta de cobrança e denuncia do Festival Recife do Teatro Nacional.

Se as pessoas utilizaram o silêncio para calar algumas vozes, dessa vez ficou difícil. Francisco Carlos apresentou Jaguar Cibernético e diz que não recebeu o cachê. O festival foi em novembro do ano passado. Bom, o diretor enviou o e-mail para centenas de pessoas, que por sua vez reenviam para outras e isso virou uma bola de neve. O nosso querido festival de teatro, que tem um reputação a zelar corre em boca de Matilde pela falta de planejamento, gestão política ou algo pior. Não sei. Só sei que isso não pode continuar. Nem o silêncio que o órgão público dá como resposta a qualquer crítica e o não pagamento do que se deve.

Outro questionamento importante: mais uma vez o festival será realizado com um cronograma apertadíssimo? Sim, porque se até agora nem o curador foi escolhido, o que diremos da programação? Ou quem pensa que os grupos do país estão com milhões de datas livres ansiando pelo convite do nosso festival? Vai ser feito as pressas e, mais uma vez, isso repercute em público. Porque não há divulgação, o programa não sai..enfim…

Porque o Festival de São José do Rio Preto, por exemplo, tem uma média de público de 90 mil pessoas? Nós sabemos quais são as nossas debilidades. Temos as soluções – ou quem acompanha todos os anos as avaliações do festival sabe quais são – o que falta é colocar em prática.

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6 pensou em “Na boca de Matilde

  1. selia rodrigues

    Este ano o Festival de São José do Rio Preto, que citas como devidamente “organizado” e/ou “planejado” cancelou atrações já confirmadas e divulgadas pelo próprio site do festival. Festival este que não concede passagens aos grupos, exceto os convidados. E aí??? Eles fazem bem e fazem bem feito?

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  2. selia rodrigues

    Esse Blog está com perfil de “lavadeira”.
    Em vez de priorizar a difusão da linguagem cênica virou veículo de denuncismo. Um horror!
    Tantos grupos circulando pelo estado, tivemos o FIG com atrações de Teatro, Circo e Dança.
    Festival de Teatro para crianças…
    Enfim, O que realmente importa?

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  3. Pollyanna Diniz

    Sélia, quando citamos o Festival de São José do Rio Preto, estamos nos referindo a público. Não tenho aqui os números ao certo, mas o Festival Recife do Teatro Nacional não ultrapassa 10 mil espectadores. Nunca estive no Festival de São José do Rio Preto, então não poderia falar da organização do festival. E nós pensamos que é papel sim do blog discutir política pública – o que envolve, claro, os festivais e o pagamento aos grupos.

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  4. Fheng Shui

    As instituições que utilizam verba PÚBLICA para realização de seus eventos são OBRIGADAS, a relatarem e a serem HONESTAS, para com a sociedade civil. EU, enquanto ARTISTA e PROFISSIONAL, PAGO para que esses eventos aconteçam e consequentemente tenho o DIREITO de saber de que forma esta verba está sendo utilizada. Bem, FALCATRUAS como essas que acontecem com FREQÜÊNCIA, devem ser sim, postas ao conhecimento da sociedade civil. Cabe a nós ARTISTAS, PROFISSIONAIS da área e a SOCIEDADE CIVIL cobrarmos aos responsáveis. Realmente, deve haver sim LAVADEIRAS. LAVA-SE dinheiro público, ABRE-SE licitações ilegais para se pagar artistas, prometem verbas sem ter, utilizam verbas LOA (LEI ORÇAMENTARIA ANUAL) INADEQUADAMENTE para se pagar ARTISTAS ilegalmente. Pergunto, PORQUE UM ARTISTA DEVE APRESENTAR TRÊS ORÇAMENTOS PARA RECEBER UM CACHÊ? Etc, etc, etc… O CASO É GRAVÍSSIMO! Não devemos tratar tudo isso como uma mera BRIGUINHA. São DENUNCIAS GRAVES e contamos com os Meios de Comunicação a nosso favor.

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  5. CRBS

    Esse povo acha que tem poderes, e quando o achar sobe à cabeça, acontecem todos os descasos possíveis com quem não faz parte dos seus ciclos viciados, os verdadeiros artistas.

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