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Dos meandros da música e da cópia

Imagens não explodidas, com Foto: focoincena.com.br

Imagens não explodidas, com Marcelo Sena e José W Júnior. Foto: focoincena.com.br

mbd-22233Um espetáculo de Pernambuco outro do Mato Grosso do Sul estão na programação de hoje 12ª Mostra Brasileira de Dança. Imagens não explodidas, montagem da Cia. Etc., do Recife, dirigida por Marcelo Sena, investiga o diálogo entre a música e a coreografia. Tem sessão às 19h, no Teatro Apolo. Plagium? discute os limites da originalidade, em várias coreografias mais que inspiradas em outros grupos. Tem apresentação no Teatro de Santa Isabel, às 20h.

“A música é um reservatório de imagens não explodidas”. Dessa definição do filósofo Giovanni Piana, em seu livro Filosofia da Música, surgiu o título do espetáculo da Cia Etc e a semente da pesquisa.

O trabalho, criado em 2008, promove o cruzamento entre as linguagens da dança e da música. E investiga como os conceitos como tempo, harmonia, sincronia, tonalidade e intensidade se deliberavam na dança. Formado em dança e música, o diretor do espetáculo, Marcelo Sena, usou seus conhecimentos nas duas áreas e construiu a própria trilha sonora.

Cia. Dançurbana questiona conceitos de originalidade na dança. Foto: Divulgação

Cia. Dançurbana questiona conceitos de originalidade na dança. Foto: Divulgação

A Cia Dançurbana, do Mato Grosso do Sul questiona originalidade, autoria e autenticidade na dança, a partir do espetáculo Plagium?. Dirigida e coreografada por Marcos Mattos a montagem apropriar-se de trechos de encenações de companhias de dança reconhecidas para compor seu espetáculo. As referências são peças da Ginga Cia. de Dança (MS), Membros (RJ), Quasar (GO), Cena 11 (SC) e a companhia belga Rosas.

A pergunta que não quer calar é atirada no palco pela companhia e respinga no público: “como é possível ser singular em contato com o que há em comum com outras obras?” Afinal o que é um plágio?

A Dançuarbana, que trabalha com o hip hop sul mato-grossense, defende que o conhecimento é acumulativo e gruda no corpo do bailarino e o processo de aprendizado se dá por imitação. Mas como cada corpo tem sua singularidade, portanto, não é possível pensar em mera reprodução do movimento, e muito menos em cópia. Proposta instigante.

Ficha técnica
Espetáculo Imagens Não Explodidas, da Cia. Etc.
Direção do espetáculo e trilha sonora original: Marcelo Sena
Intérpretes-criadores: José W Júnior e Marcelo Sena
Dramaturgia: Kiran (Giorrdani Gorki)
Iluminação: Luciana Raposo
Operação de luz: Saulo Uchôa
Produção: Hudson Wlamir


Serviço
Imagens não explodidas, da Cia. Etc. (PE)
Quando: Hoje, às 19h
Onde: Teatro Apolo
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)


Ficha Técnica
Plagium?, da Cia. Dançurbana (MS)
Direção e concepção: Marcos Mattos
Iluminação: Camila Jordão
Intérpretes criadores: Ariane Nogueira, Adailson Dagher, Maura Menezes, Ralfer Campagna, Reginaldo Borges, Roger Pacheco e Rose Mendonça

Serviço
Plagium?, da Cia. Dançurbana (MS)
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel,
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)

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Convocatória urgente!

Já são oito meses de gestão e, até agora, não sabemos qual a política pública para as artes cênicas da capital pernambucana. Nem os gerentes da área – circo e teatro – foram nomeados pela Prefeitura do Recife. Se na gestão passada houve muita lentidão até que se engatasse um trabalho, quando finalmente Roberto Lúcio assumiu a Gerência de Artes Cênicas e começou a promover discussões com a classe, a história agora caminha para a repetição.

No mês de outubro, teoricamente, deveria acontecer o Festival Internacional de Dança do Recife; e, em novembro, o Festival Recife do Teatro Nacional. Mas até agora, não há nenhuma informação concreta para a classe artística sobre a realização desses eventos – e olhe que, é consenso, política pública não pode se resumir à produção de eventos – mas eles são sim muito importantes para a cidade.

Diante de tudo isso e de mais um sem número de problemas – vide Teatro do Parque e equipamentos culturais – será realizada hoje à tarde (14), às 15h, uma reunião do Fórum de Artes Cênicas, no auditório do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), na Rua da União, 265, Boa Vista.

Na pauta, os festivais de Dança e de Teatro. Devem participar da reunião o gerente de Dança, Fred Salim (o único que foi definido), Gustavo Catalano, gerente geral de ações culturais e infraestrututra da Fundação de Cultura da Prefeitura do Recife e os representantes das Artes Cênicas do Conselho Municipal de Cultura, Marcelo Sena (titular) e Samuel Santos (suplente), mediando o debate.

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Na vertigem do real em 900 frases

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases. Fotos: Rogério Alves/divulgação

“Certa vez ouvi de Roberto Alvim que ele só faz o teatro que faz porque está em São Paulo. Porque lá tem público para esse tipo de teatro – cabeção, hermético, contemporâneo pra caralho”, lembra o diretor Rodrigo Dourado. Depois de montar em 2009 um fracasso de público e, segundo ele mesmo, de crítica também – o texto Chat, do venezuelano Gustavo Ott -, Rodrigo Dourado decidiu que queria agradar o público pernambucano. Mas sem desagradar a si mesmo. Primeiro, precisava de um espetáculo mais intimista – dois atores, de preferência – para que ele pudesse realmente se debruçar sob o trabalho do intérprete. Foi quando Dourado, que adora cascavilhar textos contemporâneos; tem mais de 200 no computador, descobriu Les drôles (algo como ‘os engraçados’).

O texto é da francesa Elizabeth Mazev e é autobiográfico; conta a história dela, que é atriz e dramaturga, e de Olivier Py, também ator, dramaturgo e diretor. Os dois cresceram juntos, viveram as mais diversas experiências, se apaixonaram pelo teatro na mesma época. A escrita, no entanto, não é tradicional. Ou ao menos não era na época em que o texto foi escrito – quando o Twitter e os seus 140 caracteres ainda não faziam parte da nossa vida. A história não tem personagens tradicionais. São frases narrativas, na terceira pessoa; como um diário. Tanto é que Rodrigo enfatiza que poderia ter montado com vários atores.

Quando foi fazer a tradução, o diretor se deparou com um desafio que marcou os rumos que tomaram a encenação: havia muitas referências à França dos anos 1970 e 80. Nomes de programas de tv, por exemplo. Foi aí que a memória – que já estava no espetáculo, claro, porque o texto é autobiográfico – e a mistura entre realidade e ficção se espalharam de forma irrevogável.

É assim que quem for conferir o espetáculo vai conhecer não só a história de Olivier e Lili; mas também a de Leidson Ferraz e Fátima Pontes. É o que Rodrigo chama de “vertigem do real e do ficcional”. Para problematizar – não sei se essa seria a melhor palavra, já que o espetáculo é leve – ainda mais, o diretor decidiu colocar em cena, através do vídeo, Olivier e Lili, ‘os verdadeiros’. Foi um processo de amadurecimento para os atores; de esquadrinhar as próprias histórias. Para Leidson uma mudança marcante: pintou os cabelos e perdeu a barba. Já Fátima, terá em cena, por exemplo, objetos do pai falecido – e a história de quando o perdeu.

O que era Les drôles virou Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases (no original, na realidade, são mil frases). Leidson Ferraz aposta que a montagem Olivier e Lili vai abocanhar não só o público mais velho, de teatro, que já tem referências do trabalho do trio, mas também um público jovem. É pop, divertido, engraçado – ele faz a propaganda. Sem deixar de lado, claro, a pegada contemporânea e performática que Rodrigo Dourado tanto gosta. Tem tudo pra dar certo.

Espetáculo traz memória, ficção e realidade

Ficha técnica:
Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases
Texto: Elizabeth Mazev
Direção e tradução: Rodrigo Dourado
Dramaturgismo: Wellington Júnior
Preparação de elenco: Marianne Consentino
Videomaker: Márcio Andrade
Iluminação: Játhyles Miranda
Direção musical: Marcelo Sena
Preparação vocal/corpo: Carlos Ferrera
Maquiagem: Gera Cyber
Direção de arte: Júlia Fontes

Serviço:
Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases
Quando: estreia quinta-feira (30). Temporada: de quinta-feira a domingo, às 20h, até 9 de setembro. Depois a temporada dá um intervalo e retoma no dia 26 de setembro, ficando em cartaz de quarta a sexta-feira, às 20h, até 12 de outubro.
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Avenida Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3222-0025

Rodrigo Dourado e os atores de Olivier e Lili

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Ao sabor das palavras

“Não que eu tenha adivinhado o que você deseja, e nem tenho pressa de saber; pois o desejo de um comprador é algo muito melancólico, algo que contemplamos como um segredinho pedindo para ser descoberto e que fazemos hora para descobrir”

“Já que não existe injustiça verdadeira nesta terra, além da injustiça da própria terra, que é estéril pelo frio e estéril pelo calor e raramente fértil pela doce mistura do calor e do frio, não existe injustiça para quem anda sobre a mesma porção de terra submetida ao mesmo frio ou ao mesmo calor ou à mesma doce mistura, e qualquer homem ou animal que pode olhar outro homem ou animal nos olhos é seu igual, pois eles andam sobre a mesma linha plana e reta de latitude, escravos dos mesmos frios e dos mesmos calores, ricos ambos e ambos pobres”

“O olhar passeia e pousa e pensa estar em terreno neutro e livre, assim como a abelha num campo de flores, como o focinho de uma vaca no espaço fechado de um pasto. Mas o que fazer com o próprio olhar? Olhar para o céu me torna nostálgico e fixar o solo me entristece, lamentar alguma coisa e lembrar que não a temos são motivos de desolação. Então, precisamos olhar na nossa frente, à nossa altura, qualquer que seja o nível onde o pé está provisoriamente colocado; foi por isso que, ao andar por onde andei ainda há pouco e onde estou parado agora, meu olhar tinha que esbarrar, mais cedo ou mais tarde, em qualquer coisa parada ou andando na mesma altura do que eu; ora, pela distância e as leis da perspectiva, todo homem ou todo animal está provisoriamente e aproximadamente à mesma altura do que eu”

Na Solidão dos Campos de Algodão

Texto: Bernard Marié Koltès
Tradução: Jackeline Laurence
Encenação: Antonio Guedes
Elenco: Edjama Freitas (Cliente)
                Tay Lopez (Dealer)
Cenografia: Doris Rollemberg
Execução de cenografia: Saulo Uchoa
Cenotécnica: Katia Virgínea, Júlio Cerza, Gaguinho e David Guerra
Figurino: Luciano Pontes
Iluminação: João Denys
Operação e montagem de luz: Dado Sodi
Assistente de Montagem: João Pedro Leite
Trilha Sonora: Marcelo Sena
Vídeo: Alan Oliveira e Rafael Malta
Assistente de Encenação: Alexsandro Souto Maior
Preparação de Elenco (corpo/voz): Érico José
Direção de movimento: Míriam Asfora
Produção Executiva: Luciana Barbosa
Realização: Companhia do Ator Nu

Na solidão dos campos de algodão
Quando: Estreia dia 8 de agosto, às 20h; temporada: quartas, quintas e sextas-feiras, até 24 de agosto, às 20h
Onde: Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro)
Quanto: R$ 20 e R$ 1o (meia-entrada)

Na próxima segunda-feira (6), o diretor Antonio Guedes vai receber alguns alunos de teatro e interessados no Sesc Santo Amaro para conversar sobre teatro contemporâneo. Será a partir das 20h. Entrada gratuita.

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Vale da dança

A ideia era fazer um evento para celebrar o Dia Internacional da Dança, comemorado no dia 29 de abril. Mas a necessidade se mostrou maior: os espetáculos da cidade precisavam de visibilidade, havia o desejo por complementação na formação, por debates, por oficinas. Essa é a historinha da criação do Vale Dançar, festival realizado em Petrolina, Sertão pernambucano, que já vai para a sua quarta edição.

Além de movimentar a cena, o Vale Dançar tenta mostrar às autoridades que existe gente produzindo dança por lá, enquanto o poder público simplesmente não se manifesta. Uma cidade tão forte economicamente, um polo médico, educacional…e todas essas coisas que a prefeitura adora alardear… e não tem um teatro sequer! Ou melhor, tem. Porque existe o Sesc, instituição que trabalha há anos na região e realiza o Vale Dançar. Mas o Teatro do Sesc está fechado por conta de uma reforma que acabou de começar e deve durar pelo menos um ano e meio. Resultado? Os espetáculos que pedem um maior aparato de luz, som, terão que cruzar a ponte. Serão apresentados na Bahia, em Juazeiro, no Centro Cultural João Gilberto. E deve ser assim também no festival Aldeia do Velho Chico, que acontece em agosto, por mais de 15 dias.

“80% da programação do Vale Dançar é de espetáculos locais. Temos pelo menos quatro grupos de dança produzindo na cidade”, explica o supervisor de Cultura do Sesc em Petrolina, Jailson Lima, que é também diretor da Qualquer Um dos 2 Cia de Dança, que já tem três espetáculos no repertório: Vire ao contrário (2007), De dentro (2009) e Deixar ir (2010). Um dos diferenciais da companhia é que ela é formada só por homens.

Aluga-se um coração, da Qualquer Um dos 2 Cia de Dança

Além de Aluga-se um coração, novo espetáculo da Qualquer Um dos 2, inspirada no livro Amor Líquido, de Bauman e Deixar ir; da produção petrolinense, o festival apresenta ainda Esbórnia, da Cia de Dança do Sesc (grupo com 16 anos); Atração, da Cia de Dança Canuto; e as mostras de solos, duos e de dança contemporânea.

De Surubim, vai o espetáculo Valsa para cadáveres e desejos, da Solus Cia de Dança. É o primeiro trabalho coreografado e dirigido por André Chaves. São três bailarinos em cena. “É um estudo sobre as contrações involuntárias. Parkinson, cãibra, soluços. A gente parte daí como ponto de pesquisa do movimento”, conta Chaves. O espetáculo, complementa, é resultado de uma provocação feita por Raimundo Branco, da Compassos, que fez uma residência artística em Surubim ano passado.

Valsa para cadáveres e desejos. Foto: Luana Andrade

A convidada do Recife é a Cia Etc., com o espetáculo Silêncio, uma intervenção intitulada Involuntário, e ainda a participação de Marcelo Sena em alguns debates e na palestra Processos criativos em dança.

O Vale Dançar começa hoje, às 20h, e segue até o dia 1º de maio. Os espetáculos são gratuitos; já as oficinas custam R$ 15 para o público em geral e R$ 10 para comerciários e dependentes. Confira aqui a programação completa.

Silêncio, da Cia Etc. Foto: Breno César

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