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Gabriela provoca pequenas explosões interiores

Último encontro entre Nelsinho e Luis Antônio

Último encontro entre Luis Antônio e Nelsinho

Satisfeita, Yolanda? no Palco Giratório

“I hope you don´t mind that I put down in words”

Não só em palavras. Em Luis Antonio – Gabriela, o diretor Nelson Baskerville levou ao palco uma profusão de imagens que vão compondo um quadro caótico. Lembra uma pintura de Pollock e o seu processo de feitura, o ritmo da action painting. Como se o pintor fosse uma extensão da sua arte, com as tintas gotejando, escorrendo, enquanto ele anda descalço pelo próprio quadro. É esse ritmo alucinante de work in progress, de camadas que vão se sobrepondo e de uma obra que não tem as arestas de “bem-acabada”, que está na montagem da Cia Munguzá de Teatro, apresentada em duas sessões dentro do festival Palco Giratório.

Não foi a primeira vez que o grupo esteve na cidade. Em 2011, Valmir Santos, que era curador do festival Recife do Teatro Nacional, trouxe o repertório do coletivo; e Luis Antonio – Gabriela foi apresentada no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. Definitivamente, não era o melhor espaço para a peça. Apesar de obviamente ocuparem toda a extensão daquele palco italiano enorme e do final ter tido um efeito lindo, com a vista da esplanada do parque, a montagem ficou distante do público. No Santa Isabel a encenação já me pareceu completamente diferente. E despertou uma multiplicidade de sentimentos difíceis de serem traduzidos, digeridos; é como algo que vai causando pequenas explosões interiores.

Para realizar a montagem, Baskerville revirou o baú das próprias memórias, de uma família desajustada, do falecimento da mãe no parto, das brigas entre o pai e a madrasta e, o mais importante, das histórias com um dos irmãos, oito anos mais velho, que desde cedo enfrentou problemas por causa da sua sexualidade e mais tarde se tornaria Gabriela.

 Verônica Gentilin que assina a dramaturgia e faz a figura do drietor

Verônica Gentilin assina a dramaturgia e interpreta a figura do diretor

Os elementos do jogo proposto pelo diretor ficam muito claros ao espectador. Os atores começam a peça se apresentando e dizendo quais personagens irão interpretar e como eles poderão ser identificados, seja por uma peruca ou por um lençol. E a ficção vai se misturando à realidade, já que a história é verídica, mas aqui contada segundo os recortes de alguns familiares e, principalmente, de Baskerville. Há inclusive uma opção, talvez uma necessidade, muito gritante na montagem de que a figura de Nelson esteja em cena. A imagem dele é projetada no telão e no meio da encenação há mais uma ruptura na estrutura dramática, quando o vídeo de uma reunião do diretor com os atores é projetado.

Seguindo ao pé da letra a cartilha do teatro contemporâneo, o discurso cênico é construído num território completamente híbrido, que traz performance, música, cinema, artes plásticas. Uma narrativa que é muito imagética e tocante – com resoluções simples, cenas de grande força e densidade são executadas. E isso faz com que o choque, a identificação, se dê não pela maneira como estão sendo mostradas em si, já que são recobertas por um cuidado artístico grande, mas pelo que realmente está sendo contado.

São imagens dispersas no palco, mas há a construção de um sentido muito claro; o que se quer, apesar do caos e da multiplicidade de signos e elementos, é contar uma história. Neste caminho, a qualidade dos atores é fundamental – o elenco mostra uma sintonia muito grande em cena, uma cumplicidade e se entrega com verdade ao jogo. Para contar uma história que se propaga, que não acaba quando as luzes apagam. Um pedido de desculpas que encontra eco e reverbera de diferentes maneiras não só no palco, mas na plateia.

Luis Antônio - Gabriela participa do circuito Palco Giratório nacional

Luis Antônio – Gabriela participa do circuito Palco Giratório nacional

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Imperdível Luis Antônio – Gabriela

Luis Antonio - Gabriela faz mais uma apresentação neste domingo, às 20h, no Teatro de Santa Isabel. Foto: Ivana Moura

Luis Antonio – Gabriela terá mais uma sessão neste domingo, às 20h, no Santa Isabel. Fotos: Ivana Moura

Aprendizado de estrela

Aprendizado de estrela

Reencontro com a irmã em Bilbao, na Espanha

Reencontro com a irmã em Bilbao, na Espanha

Satisfeita, Yolanda? no Palco Giratório

Muito já se falou da coragem do diretor Nelson Baskerville de expor parte da história de sua família e de sua apaixonada e traumática relação com seu irmão mais velho Luis Antônio (que se transformou em Gabriela). Como um documentário cênico, a narrativa apresenta conflitos dessa família paulista, muitos deles provocados pela intolerância do pai de ter um filho com diferente orientação sexual. (Parênteses: Mas isso, lá nas décadas de 1960/1970 não era assim tão fácil de ser discutido. O menino Luis Antônio apanhava para ser curado de sua homossexualidade). Como um espetáculo ousado, esse mosaico não linear expõe performances simultâneas de tirar o fôlego, num vai e vem eletrizante.

Precisaria de mais de dois olhos para acompanhar cada detalhe que se passa no palco. Essa montagem é diferente de tudo que já vi em seu conjunto. E tem uma verdade cênica seguindo as pegadas de Bertold Brecht. Os elementos juntos na encenação, naquela disposição, provocam incômodo, muito incômodo, comovem e inquietam, perturbam, tiram do eixo.

A história de Baskerville é forte. E por si só já é grande. Mas essa grandeza aumenta quando pensamos nos estilhaços que chegam a cada espectador, com mundo particular, não tão diferente, cheio de covardia e preconceito, de regras estúpidas de normalidades e anormalidades.

O espetáculo Luis Antônio – Gabriela toca nas fragilidades humanas, no medo e no amor que queremos sempre e nem sempre sabemos como dar.

Um espetáculo poético e cruel

Um espetáculo poético e cruel e cheio de humor

Nada é linear. O resumo pode ser assim: Luis Antônio nasceu em Santos/SP, em 1953. Primogênito de uma família de seis filhos. Viúvo, o pai se casa novamente, com uma mulher que tem três garotas. No Brasil, a ditadura militar fazia barbaridades com as pessoas, desde mortes e desaparecimentos até torturas. A tortura também ocorre na casa e Luis Antônio é quem mais sofre com os espancamentos do pai. O irmão Bolinho foi abusado por Bolota na infância. O clima na casa é sempre tenso. Quando o personagem que dá nome à peça resolve ir embora, gera um quase inconfessável alívio por parte de todos.

Ganhou as ruas. Prostituiu-se. Aplicou silicone. Já travestido de Gabriela, segue para Bilbao, na Espanha. Faz show. Vira estrela. Vítima da Aids e dependente de várias drogas, Gabriela morre em 2006, aos 53 anos.

Espetáculo da Companhia Munguzá de Teatro

Espetáculo da Companhia Munguzá de Teatro

Foram muitos anos, 20 talvez mais, para esse acerto de contas afetivo de Bolinho com Bolota. O protagonista é defendido com maestria pelo ator Marcos Felipe, e o irmão da figura central, por Verônica Gentilin. Ela inclusive assina o texto da montagem da Cia. Mungunzá de Teatro com Baskerville. Além deles, estão em cena Lucas Beda, Sandra Modesto, Day Porto e Virgínia Iglesias formando um grande time. Esse espírito coletivo de grupo permite uma confiabilidade, uma solidariedade entre seus integrantes, que faz a diferença.

A entrega é tão grande que os atores aprenderam a tocar instrumentos para a executar a trilha de Gustavo Sarzi. O elenco hipnotiza a plateia com sua atuação e manipula efeitos simples e eficazes, muitos feitos às vistas do público, como acender e apagar de lâmpadas, a cobertura dessas luzes com panos vermelhos, a filmagem e a troca de roupas.

O cenário aparentemente é caótico, são muitos objetos que apontam para significados e ressignificações. Um quebra-cabeça intrigante. No telão, além do que ocorre no palco são projetados imagens da infância e documentos da família. E tem até uma reunião entre o grupo teatral em que só aparece o diretor.

As telas do artista plástico Thiago Hattner “caem” do teto, na cena em que Gabriela e a irmã  visitam o Museu Guggenheim de Bilbao.

 É uma das muitas pequenas surpresas do espetáculo.

A barra era pesada naqueles anos e Luis Antônio pagou um preço alto por exercer sua liberdade, com a solidão, a distância (talvez a palavra mais certa seja rejeição) da família.

Virgínia Iglesias, atriz e produtora da Cia Mungunzá de Teatro

Virgínia Iglesias, atriz e produtora da Cia Mungunzá de Teatro

O mundo anda meio virado. É uma contradição. A palavra diversidade é falada com orgulho, os temas já não são tabus (no discurso), mas assumir a homossexualidade e exigir direitos de cidadão são batalhas ainda grandes, com o avanço de intolerância e de fundamentalismos de todas as ordens.

Gabriela morre. Mas isso não é motivo para autopiedade. A ironia, o sarcasmo, a crueldade, o humor estão lá, quando o protagonista diz “No Céu é tudo alma” e convida os habitantes do paraíso a praticar sexo.

O elenco canta Your Song do Elton John no final fechando o ritual de nascimento, vida e morte. Um espetáculo do poético ao cruel, com as erupções de vulcões pela estrada da existência.

Ator Marcos Felipe faz Luis Antônio - Gabriela

Ator Marcos Felipe faz Luis Antônio – Gabriela

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Vamos ao Palco Giratório!

Divinas, da Duas Companhias, abre o festival. Foto: Pollyanna Diniz

Divinas, da Duas Companhias, abre o festival. Foto: Pollyanna Diniz

Os números do Festival Palco Giratório sempre impressionam. É o maior projeto de artes cênicas do país – para fazer jus a quem diz que o Sesc é o verdadeiro Ministério da Cultura do Brasil. São 16 grupos circulando, 732 apresentações, 133 cidades. No Recife, esse circuito nacional ganha muitos reforços: ações específicas, programação local, outros grupos convidados, parcerias. “É uma equipe nacional que se reúne no ano anterior, com 80 projetos, para discutir quais serão selecionados; momento também de firmar algumas parcerias”, explica Galiana Brasil, coordenadora geral do Palco Giratório em Pernambuco.

Este ano há pelo menos três: com Alagoas (Cena Alagoana, que trará o espetáculo Baldroca, da Associação Teatral Joana Gajuru), Rio Grande do Sul (Rec-Poa, que acontece desde o ano passado; por aqui veremos Coração Randevú, do grupo Independente) e Espírito Santo (Diálogos Capixabas, com os espetáculos A Terra Prometida, do Grupo Quintal; Sonata para Despertar, do Repertório Artes Cênicas e Cia.; Benjamin, do Coletivo Moinho; e A Saga Amorosa dos Amantes Píramo e Tisbe, do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira).

A peça que abre o festival no dia 3 de Maio, no Barreto Júnior, às 19h30, é Divinas, da Duas Companhias. Não é um espetáculo inédito; há dois anos, quando ainda não tinha nem estreado, as atrizes Lívia Falcão, Fabiana Pirro e Odília Nunes fizeram uma demonstração de trabalho no Teatro Marco Camarotti; ano passado, elas participaram da programação com a peça pronta. “Geralmente escolhemos um espetáculo local para abrir. E este ano a Duas Companhias é o nosso representante na circulação nacional. Não temos problema com o fato de ser um espetáculo que já fez temporadas, participou de festivais. Ainda há um público grande para ser conquistado, que ainda não viu”, diz Galiana. A Duas Companhias fará quase 60 apresentações em 2013 em todo o país; já começaram, inclusive, por Fortaleza.

A grade traz duas estreias. A primeira é De Íris ao Arco-Íris, que conta a história de uma lagarta muito curioda chamada Íris. O texto foi uma criação coletiva a partir da obra homônima de Jorge de Paula, que também assina a encenação. A segunda é Mariano, irmão meu, direção de Eron Villar, texto de Alexsandro Souto Maior, que conta a história de dois irmãos que sofrem com a ausência da mãe.

Entre os espetáculos que estão na seleção nacional do Palco, ao menos dois já estiveram no Recife: Luis Antonio – Gabriela, da Cia Mungunzá (SP), direção de Nelson Baskerville; e O filho eterno, da Cia Atores de Laura (RJ), direção de Daniel Herz a partir do texto de Cristovão Tezza. Os dois espetáculos, aliás, são significativos quando tentamos delinear “tendências” que, de alguma forma, unam os espetáculos do Palco este ano. “Temos muitas montagens que discutem a questão de gênero, apropriação da literatura e solos e monólogos”, evidencia Galiana Brasil.

O filho eterno. Foto: Pollyanna Diniz

O filho eterno. Foto: Pollyanna Diniz

Entre as ações especiais, a Cena Gastrô, com seis restaurantes que criaram menus exclusivos a partir do título de algumas peças; e a Cena Bacante, que este ano será concentrada no CASA (Centro de Articulação de Saberes Artísticos), espaço na Tamarineira, sempre às sextas-feiras, a partir das 23h. Além disso, o festival terá um jornal chamado Ponte Giratória, que terá edição do jornalista Valmir Santos e colaboração do blog!

O festival vai de 3 a 31 de Maio e os ingressos custam R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada).

Confira a programação:

03/05 (sexta-feira)
Divinas (Duas Companhias/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 19h30

04/05 (sábado)

Júlia (Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado/SC)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

São Manuel Bueno, Martir (Cia Sobrevento/SP)
Teatro Marco Camarotti, às 19h e às 21h

05/05 (domingo)

O circo de Lampezão e Maria Botina (Caravana Tapioca/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Amor por Anexins (Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado/SC)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

Objeto Gritante (Mauricio de Oliveira & Siameses/SP)
Teatro Barreto Júnior, às 19h

07/05 (terça-feira)

Pingos & Pigmentos (intervenção urbana, Coletivo Construções Compartilhadas/BA)
Praça do Carmo, às 12h

La Perseguida (Teatro Vagamundo/RS)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

O alfaite de livro e vestido de noiva (Otávio Bastos/PE)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 19h

08/05 (quarta-feira)

Pingos & Pigmentos (intervenção urbana, Coletivo Construções Compartilhadas/BA)
Praça do Carmo, às 12h

Propriedade Condenada (Érico José/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Propriedade Condenada tem direção de Érico José. Foto: Pollyanna Diniz

Propriedade Condenada tem direção de Érico José. Foto: Pollyanna Diniz

O homem vermelho (Marcelo Braga/RJ)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

09/05 (quinta-feira)

A Pereira da Tia Miséria(Grupo Ás de paus/PR)
Praça do Carmo, às 16h

O homem vermelho (Marcelo Braga/RJ)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

O filho eterno (Cia Atores de Laura/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

10/05 (sexta-feira)

O filho eterno (Cia Atores de Laura/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

11/05 (sábado)

O pássaro do sol (A roda/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Luis Antonio – Gabriela (Cia Munguzá de Teatro/SP)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

12/05 (domingo)

O pássaro de sol (A roda/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Luis Antonio – Gabriela (Cia Munguzá de Teatro/SP)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

Luis Antonio - Gabriela será apresentada no Santa Isabel. Foto: Ivana Moura

Luis Antonio – Gabriela será apresentada no Santa Isabel. Foto: Ivana Moura

14/05 (terça-feira)

O grande circo ínfimo (Grupo Z de Teatro/ES)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Fantástico Circo-Teatro de um homem só (Cia Rústica/RS)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

A terra prometida (Grupo Quintal/ES/ Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

15/05 (quarta-feira)

Insone (Grupo Z de teatro/ES)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Sonata para despertar (Cia Repertório/ES/Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

16/05 (quinta-feira)

Insone (Grupo Z de teatro/ES)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Benjamim (Coletivo Moinho/ES/Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba, às 20h

17/05 (sexta-feira)

A saga amorosa dos amantes Píramo e Tisbe (Grupo Gota, Pó e Poeira/ES/Diálogos Capixabas)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Boi (SerTão Teatro Infinito Cia/GO)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Coração Randevú (Independente/RS/REC-POA)
Teatro Apolo, às 20h

18/05 (sábado)

De Íris ao Arco-Íris (PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Tempostepegoque Delícia e Bundaflor, Bundamor (Eduardo Severino Companhia de Dança/RS)
Teatro Capiba, às 20h

19/05 (domingo)

As aventuras de uma viúva alucinada (Grupo Mamelungo/SE)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

De Íris ao Arco-Íris (PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Olivier e Lili: Uma história de amor em 900 frases (Teatro de Fronteira/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Tempostepegoque Delícia e Bundaflor, Bundamor (Eduardo Severino Companhia de Dança/RS)
Teatro Capiba, às 20h

21/05 (terça-feira)

Baldroca (Associação Teatral Joana Gajuru/AL/Cena Alagoana)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Compartilhados (Grupo Experimental/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Amor Confesso (Cia Falácia/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

Amor confesso, com Cláudia Ventura e Alexandre Dantas. Foto: Silvana Marques

Amor confesso, com Cláudia Ventura e Alexandre Dantas. Foto: Silvana Marques

22/05 (quarta-feira)

No caminho das alimentadeiras (Coletivo Trippe/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Amor Confesso (Cia Falácia/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

23/05 (quinta-feira)

A Pereira da Tia Miséria (Grupo Ás de Paus/PR)
Praça do Carmo, às 16h

Tu sois de onde? (Grupo Peleja/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

O miolo da estória (Santa Ignorância Cia de Artes/MA)
Teatro Marco Camarotti, às 20h

24/05 (sexta-feira)

Gaiola das Moscas(Grupo Peleja/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Gaiola de moscas, do Grupo Peleja. Foto: Pollyanna Diniz

Gaiola de moscas, do Grupo Peleja. Foto: Pollyanna Diniz

Tombé (Dimenti/BA)
Teatro Apolo, às 20h

25/05 (sábado)

Simbá, o Marujo (Trupe de Truões/MG)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

O beijo no asfalto (Andrezza Alves e Renata Phaelante/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 20h

O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira. Foto: Pollyanna Diniz

O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira. Foto: Pollyanna Diniz

26/05 (domingo)

Simbá, o Marujo (Trupe de Truões/MG)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Sacos vermelhos (Coletivo Passarinho/PE)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

O beijo no asfalto (Andrezza Alves e Renata Phaelante/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 20h

28/05 (terça-feira)

Um inimigo do povo (Grupo de Teatro Cena Aberta/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Duas mulheres em preto e branco (Remo Produções/PE)
Teatro Apolo, às 21h

Duas mulheres em pretoe  branco, com Paula de Renor e Sandra Possani. Foto: Pollyanna Diniz

Duas mulheres em pretoe branco, com Paula de Renor e Sandra Possani. Foto: Pollyanna Diniz

29/05 (quarta-feira)

O malefício da mariposa (Ave Lola Espaço de Criação/PR)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Duas mulheres em preto e branco (Remo Produções/PE)
Teatro Apolo, às 21h

30/05 (quinta-feira)

O malefício da mariposa (Ave Lola Espaço de Criação/PR)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Mariano, Irmão meu (Grupo Engenho de Teatro/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 20h

31/05 (sexta-feira)

Viúva, porém honesta (Grupo Magiluth/PE)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

Viúva, porém honesta, do Magiluth, encerra festival. Foto: Pollyanna Diniz

Viúva, porém honesta, do Magiluth, encerra festival. Foto: Pollyanna Diniz

FESTAFESTIVAL
Cantor Rubi/SP e DJ Pepe/PE
Sede Coletivo Angu de Teatro, às 23h

OFICINAS

Oficina de Pernas-de-Pau para Iniciante, com Grupo de Teatro Cirquinho
do Revirado – Reveraldo Joaquim e Yonara Marques
2 e 3/05 9h às 13h – 9h às 13h – c/h 8h – Local: Sesc Piedade
Para artistas ou estudantes de teatro. Número máximo de participantes: 20.

Voz e(m) Movimento, com Coletivo Lugar Comum – Conrado Falbo e Renata Muniz
2 e 3/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Instituto dos Cegos
Para jovens e adultos, a partir de 18 anos, com ou sem deficiência visual. Não precisa ter experiência prévia em dança.

Teatro de Objetos e Identidade, com Grupo Sobrevento – Sandra Vargas
3 e 4/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Sesc de Santo Amaro
Para atores.

Oficina Poéticas de Multidão: {pingos&pigmentos}, com Coletivo
Construções Compartilhadas – Rita Aquino
4 e 5/05 9h às 13h – c/h 8h – Local: Salão de Festas do Sesc de Santo Amaro
Para artistas ou estudantes de teatro. Número máximo de participantes: 50.

Pensamento Giratório, com Cia Mungunzá de Teatro
10/05 16h às 18h – c/h 2h – Local: Teatro Marco Camarotti
Livre.

Introdução ao Teatro de Sombras, com Grupo A Roda – Olga Gómez
12/05 8h30 às 12h30 – c/h 4h – Local: Banco de Texto do Sesc de Santo Amaro
Não há necessidade de ter experiência prévia com bonecos.

Oficina Poéticas Festivas, com Cia Rústica – Heinz Limaverde
12 e 13/05 dia 12 – 9h às 13h e dia 13 – 14h às 18h – c/h 8h – Local: Sala de Dança do Sesc de
Santo Amaro
Para artistas ou estudantes de teatro, a partir de 16 anos. Número máximo de participantes: 20 .

Fotografia de Espetáculo Instituto Candela, com Ivan Alecrim
27 e 28/04 14h às 18h – c/h 8h – Local: Espaço C.A.S.A.
Para pessoas que tenham o objetivo de aprofundar o conhecimento fotográfico
voltado para a fotografia de espetáculos e que tenham equipamento fotográfico.

Do Chão ao Voo, Da Palavra ao Corpo, com Grupo Z de Teatro –
Carla Van Den Bergen ou Fernando Marques
13/05 9h às 13h e 14h às 16h – c/h 6h – Local: Sesc Casa Amarela
Faixa etária: acima de 16 anos. Atores e bailarinos ou estudantes de artes cênicas.

Palhaço e Comicidade Física, com Grupo Laminima – Fernando Sampaio
14, 15 e 16/05 15h às 18h – c/h 9h – Local: Escola Pernambucana de Circo
Para profissionais ou estudantes de artes cênicas, interessados nas artes circenses e do palhaço. Número
máximo de participantes: 20.

Corpo e poesia, com Coletivo Lugar Comum – Maria Agrelli e Silvia Góes
16 e 17/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Instituto dos Cegos
Jovens e adultos, a partir de 18 anos, com ou sem deficiência visual. Não precisa ter experiência prévia em dança.

Exercício Prático de Elaboração de Projetos, com Eduardo Severino Cia de Dança – Luka Ibarra
18/05 14h às 16h – c/h 4h – Local: Sesc Casa Amarela
Interessados em aprimorar a escrita de projetos.

Criação e exploração do movimento, com Eduardo Severino Cia de Dança – Eduardo Severino
18 e 19/05 10h às 12h – c/h 2h – Local: Teatro Capiba
Bailarinos e público em geral.

Oficina O Corpo Individual e Coletivo no Espaço, com Núcleo Ás de Paus – Adalberto Pereira, Bruna Stépanhie, Camila Feoli, Guilherme Kirchheim, Luan Valero, Rogério Costa e Thunay Tartari
22/05 14h às 18h – c/h 4h – Local: Sala de Dança do Sesc de Santo Amaro
A partir de 14 anos. Número máximo de participantes: 30.

Técnicas para o teatro infanto-juvenil: contação de histórias por meio de objetos e sombras, com Trupe de Tuões – Ronan Vaz e Thiago Di Guerra
24/05 13h às 19h – c/h 6h – Local: Sesc de Santo Amaro
Estudantes de teatro, atores e comunidade em geral. Número máximo de participantes: 20.

Oficina de Interpretação, com Ave Lola Espaço de Criação – Ana Rosa Genari Tezza
31/05 9h às 13h e 14h às 16h – c/h 6h – Local: Teatro Capiba
Número máximo de participantes: 30.

Ainda há uma programação de performances no Espaço de Convivência do Centro Apolo-Hermilo e a programação da Cena Bacante, além da Cena Gastrô.

Pingos e Pigmentos vai alterar a paisagem do Recife. Foto: Tiago Lima

Pingos e Pigmentos vai alterar a paisagem do Recife. Foto: Tiago Lima

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A vida como ela é: Luis Antonio – Gabriela

Espetáculo Luis Antonio Gabriela, no Teatro Luiz Mendonça, no Recife. Fotos Ivana Moura

Luis Antonio – Gabriela é um pedido de desculpa a um irmão morto. É também uma tentativa de entender as radicais diferenças quando alguém “nasce num corpo errado”. Uma experiência catártica. E uma tentativa de expurgar um fantasma. Chamado de documentário cênico ou ficção verdade, o espetáculo dirigido por Nelson Baskerville, com produção da Cia. Mungunzá de Teatro, no mínimo inquieta o espectador. Ele foi exibido ontem e tem outra sessão hoje, dentro do Festival Recife do Teatro Nacional, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu.

Com extrema coragem, que esses tempos covardes necessitam, o ator e diretor Nelson Baskerville sangra sua própria história. Seu irmão mais velho, Luis Antonio (interpretado por Marcos Felipe), nasceu em 1953. Nelson, oito anos depois, em 1961. Ainda menino, Luis Antonio se sentia inadequado naquele corpo. Seu pai batia muito nele, porque queria arrancar daquele “pele curta” uma atitude viril. Ele viveu em Santos até os 30 anos e passou quase três décadas sem comunicação com a família. Mudou-se para a Espanha. Em Bilbao, assumiu a identidade de Gabriela e foi estrela de shows em boates. Morreu em 2006, vítima da aids.

É um passado familiar complicado, que muita gente tenta varrer para debaixo do tapete. Baskerville futuca esse passado sem pudor e mostra que o mundo não e feito de super-heróis. Qualquer um tem seu lado bom. Qualquer um tem seu lado podre. Então o garoto que poderia ser encarado com vítima da intolerância, abusa sexualmente do pequeno Nelson.

Espetáculo obrigatório da Cia. Munguzá de Teatro

A dramaturgia fragmentada foi construída por Nelson Baskerville e Verônica Gentilin a partir de depoimentos de familiares e amigos de Tonio. E chega ao palco projetando a desordem do grupo familiar, com um pai violento, uma mãe omissa e um bando de filhos, seis da parte dele, três da parte dela, que eram viúvos. Totalmente disfuncional.

Uma profusão de imagens é projetada da parafernália tecnológica, captadas e geradas pelos próprios atores, além de imagens de arquivo e um depoimento do diretor do espetáculo. A iluminação não convencional também é operada pelo elenco e cria climas diversos com a utilização de panos coloridos cobrindo as lâmpadas em determinadas cens, por exemplo.

O cenário poderia ser uma instalação de arte contemporânea. Na cena em que Maria Cristina leva Luis Antonio ao Museu Guggeinhein de Bilbao caem 22 telas 22 telas do jovem artista plástico Thiago Hattner. Pendurados estão sacos de soro que remetem para os problemas que o protagonista enfrenta. Também cabe aos atores executar a trilha sonora composta por Gustavo Sarzi. É uma música poderosa, repleta de vigor, realizada ao vivo, com piano, guitarras, entre outros instrumentos.

Montagem ousada fez sucesso na temporada paulista.

Os atores/narradores mostram a trajetória do menino que virou homem, que virou travesti. Marcos Felipe interpreta o personagem-título com força e alegria. Revela as múltiplas facetas de Luis Antonio/Gabriela de forma apaixonante. Evitando qualquer tipo de maniqueímo, o ator explora as variadas facetas do personagem: feliz, cruel, generosa, egoísta, vítima e algoz. Para fugir dos clichês, o protagonista também não usa salto alto, mas anda na ponta dos pés como se estivesse usando. Isso cria uma instabilidade no andar, uma coisa titubeante que pontua a situação da figura, sempre na corda bamba.

Nelson Baskerville é personagem interpretado por Veronica Gentilin. Também estão no elenco competente Day Porto, Sandra Modesto, Virginia Iglesias, Lucas Breda.

O espetáculo estreou em março deste ano. Assisti antes no espaço do Galpão do Folias, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. O local menor, meio claustrofóbico, e com a cena realizada mais próxima da plateia me pareceu mais forte, mais pancada, mais hard. No Teatro Luiz Mendonça, com seu palco e aquela bocarra de cena o espetáculo também mostrou se vigor estético pulsante. Mas é diferente. Um coisa bem interessante que o grupo fez foi abrir o fundo do palco, que dá para o parque, nos minutos finais do espetáculo. Foi uma ótima sacada.

Luis Antonio – Gabriela expõe a realidade dura e crua, bela e cruel. Sem nada de limpeza asséptica (como querem alguns), mas repleta de sujeitas, muitos ruídos, lapsos. Mas sem perder o lirismo e ambiguidades da figura do travesti.

Montagem ressalta lirismo e ambiguidade do travesti Gabriela

Luis Antonio-Gabriela
Quando: Hoje, às 21h
Onde: Teatro Luz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem
Quanto: R$ 5
Informações: 3355-9821 / 3355-9845
Classificação: 16 anos

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