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Vamos ao Palco Giratório!

Divinas, da Duas Companhias, abre o festival. Foto: Pollyanna Diniz

Divinas, da Duas Companhias, abre o festival. Foto: Pollyanna Diniz

Os números do Festival Palco Giratório sempre impressionam. É o maior projeto de artes cênicas do país – para fazer jus a quem diz que o Sesc é o verdadeiro Ministério da Cultura do Brasil. São 16 grupos circulando, 732 apresentações, 133 cidades. No Recife, esse circuito nacional ganha muitos reforços: ações específicas, programação local, outros grupos convidados, parcerias. “É uma equipe nacional que se reúne no ano anterior, com 80 projetos, para discutir quais serão selecionados; momento também de firmar algumas parcerias”, explica Galiana Brasil, coordenadora geral do Palco Giratório em Pernambuco.

Este ano há pelo menos três: com Alagoas (Cena Alagoana, que trará o espetáculo Baldroca, da Associação Teatral Joana Gajuru), Rio Grande do Sul (Rec-Poa, que acontece desde o ano passado; por aqui veremos Coração Randevú, do grupo Independente) e Espírito Santo (Diálogos Capixabas, com os espetáculos A Terra Prometida, do Grupo Quintal; Sonata para Despertar, do Repertório Artes Cênicas e Cia.; Benjamin, do Coletivo Moinho; e A Saga Amorosa dos Amantes Píramo e Tisbe, do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira).

A peça que abre o festival no dia 3 de Maio, no Barreto Júnior, às 19h30, é Divinas, da Duas Companhias. Não é um espetáculo inédito; há dois anos, quando ainda não tinha nem estreado, as atrizes Lívia Falcão, Fabiana Pirro e Odília Nunes fizeram uma demonstração de trabalho no Teatro Marco Camarotti; ano passado, elas participaram da programação com a peça pronta. “Geralmente escolhemos um espetáculo local para abrir. E este ano a Duas Companhias é o nosso representante na circulação nacional. Não temos problema com o fato de ser um espetáculo que já fez temporadas, participou de festivais. Ainda há um público grande para ser conquistado, que ainda não viu”, diz Galiana. A Duas Companhias fará quase 60 apresentações em 2013 em todo o país; já começaram, inclusive, por Fortaleza.

A grade traz duas estreias. A primeira é De Íris ao Arco-Íris, que conta a história de uma lagarta muito curioda chamada Íris. O texto foi uma criação coletiva a partir da obra homônima de Jorge de Paula, que também assina a encenação. A segunda é Mariano, irmão meu, direção de Eron Villar, texto de Alexsandro Souto Maior, que conta a história de dois irmãos que sofrem com a ausência da mãe.

Entre os espetáculos que estão na seleção nacional do Palco, ao menos dois já estiveram no Recife: Luis Antonio – Gabriela, da Cia Mungunzá (SP), direção de Nelson Baskerville; e O filho eterno, da Cia Atores de Laura (RJ), direção de Daniel Herz a partir do texto de Cristovão Tezza. Os dois espetáculos, aliás, são significativos quando tentamos delinear “tendências” que, de alguma forma, unam os espetáculos do Palco este ano. “Temos muitas montagens que discutem a questão de gênero, apropriação da literatura e solos e monólogos”, evidencia Galiana Brasil.

O filho eterno. Foto: Pollyanna Diniz

O filho eterno. Foto: Pollyanna Diniz

Entre as ações especiais, a Cena Gastrô, com seis restaurantes que criaram menus exclusivos a partir do título de algumas peças; e a Cena Bacante, que este ano será concentrada no CASA (Centro de Articulação de Saberes Artísticos), espaço na Tamarineira, sempre às sextas-feiras, a partir das 23h. Além disso, o festival terá um jornal chamado Ponte Giratória, que terá edição do jornalista Valmir Santos e colaboração do blog!

O festival vai de 3 a 31 de Maio e os ingressos custam R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada).

Confira a programação:

03/05 (sexta-feira)
Divinas (Duas Companhias/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 19h30

04/05 (sábado)

Júlia (Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado/SC)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

São Manuel Bueno, Martir (Cia Sobrevento/SP)
Teatro Marco Camarotti, às 19h e às 21h

05/05 (domingo)

O circo de Lampezão e Maria Botina (Caravana Tapioca/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Amor por Anexins (Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado/SC)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

Objeto Gritante (Mauricio de Oliveira & Siameses/SP)
Teatro Barreto Júnior, às 19h

07/05 (terça-feira)

Pingos & Pigmentos (intervenção urbana, Coletivo Construções Compartilhadas/BA)
Praça do Carmo, às 12h

La Perseguida (Teatro Vagamundo/RS)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

O alfaite de livro e vestido de noiva (Otávio Bastos/PE)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 19h

08/05 (quarta-feira)

Pingos & Pigmentos (intervenção urbana, Coletivo Construções Compartilhadas/BA)
Praça do Carmo, às 12h

Propriedade Condenada (Érico José/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Propriedade Condenada tem direção de Érico José. Foto: Pollyanna Diniz

Propriedade Condenada tem direção de Érico José. Foto: Pollyanna Diniz

O homem vermelho (Marcelo Braga/RJ)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

09/05 (quinta-feira)

A Pereira da Tia Miséria(Grupo Ás de paus/PR)
Praça do Carmo, às 16h

O homem vermelho (Marcelo Braga/RJ)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

O filho eterno (Cia Atores de Laura/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

10/05 (sexta-feira)

O filho eterno (Cia Atores de Laura/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

11/05 (sábado)

O pássaro do sol (A roda/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Luis Antonio – Gabriela (Cia Munguzá de Teatro/SP)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

12/05 (domingo)

O pássaro de sol (A roda/BA)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Luis Antonio – Gabriela (Cia Munguzá de Teatro/SP)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

Luis Antonio - Gabriela será apresentada no Santa Isabel. Foto: Ivana Moura

Luis Antonio – Gabriela será apresentada no Santa Isabel. Foto: Ivana Moura

14/05 (terça-feira)

O grande circo ínfimo (Grupo Z de Teatro/ES)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Fantástico Circo-Teatro de um homem só (Cia Rústica/RS)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

A terra prometida (Grupo Quintal/ES/ Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

15/05 (quarta-feira)

Insone (Grupo Z de teatro/ES)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Sonata para despertar (Cia Repertório/ES/Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

16/05 (quinta-feira)

Insone (Grupo Z de teatro/ES)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Benjamim (Coletivo Moinho/ES/Diálogos Capixabas)
Teatro Capiba, às 20h

17/05 (sexta-feira)

A saga amorosa dos amantes Píramo e Tisbe (Grupo Gota, Pó e Poeira/ES/Diálogos Capixabas)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Boi (SerTão Teatro Infinito Cia/GO)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Coração Randevú (Independente/RS/REC-POA)
Teatro Apolo, às 20h

18/05 (sábado)

De Íris ao Arco-Íris (PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Tempostepegoque Delícia e Bundaflor, Bundamor (Eduardo Severino Companhia de Dança/RS)
Teatro Capiba, às 20h

19/05 (domingo)

As aventuras de uma viúva alucinada (Grupo Mamelungo/SE)
Parque Dona Lindu (área externa), às 16h

De Íris ao Arco-Íris (PE)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Olivier e Lili: Uma história de amor em 900 frases (Teatro de Fronteira/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Tempostepegoque Delícia e Bundaflor, Bundamor (Eduardo Severino Companhia de Dança/RS)
Teatro Capiba, às 20h

21/05 (terça-feira)

Baldroca (Associação Teatral Joana Gajuru/AL/Cena Alagoana)
Praça Campo Santo, Santo Amaro, às 16h

Compartilhados (Grupo Experimental/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Amor Confesso (Cia Falácia/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

Amor confesso, com Cláudia Ventura e Alexandre Dantas. Foto: Silvana Marques

Amor confesso, com Cláudia Ventura e Alexandre Dantas. Foto: Silvana Marques

22/05 (quarta-feira)

No caminho das alimentadeiras (Coletivo Trippe/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Amor Confesso (Cia Falácia/RJ)
Teatro Apolo, às 20h

23/05 (quinta-feira)

A Pereira da Tia Miséria (Grupo Ás de Paus/PR)
Praça do Carmo, às 16h

Tu sois de onde? (Grupo Peleja/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

O miolo da estória (Santa Ignorância Cia de Artes/MA)
Teatro Marco Camarotti, às 20h

24/05 (sexta-feira)

Gaiola das Moscas(Grupo Peleja/PE)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Gaiola de moscas, do Grupo Peleja. Foto: Pollyanna Diniz

Gaiola de moscas, do Grupo Peleja. Foto: Pollyanna Diniz

Tombé (Dimenti/BA)
Teatro Apolo, às 20h

25/05 (sábado)

Simbá, o Marujo (Trupe de Truões/MG)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

O beijo no asfalto (Andrezza Alves e Renata Phaelante/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 20h

O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira. Foto: Pollyanna Diniz

O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira. Foto: Pollyanna Diniz

26/05 (domingo)

Simbá, o Marujo (Trupe de Truões/MG)
Teatro Marco Camarotti, às 16h

Sacos vermelhos (Coletivo Passarinho/PE)
Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela), às 20h

O beijo no asfalto (Andrezza Alves e Renata Phaelante/PE)
Teatro Barreto Júnior, às 20h

28/05 (terça-feira)

Um inimigo do povo (Grupo de Teatro Cena Aberta/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 19h

Duas mulheres em preto e branco (Remo Produções/PE)
Teatro Apolo, às 21h

Duas mulheres em pretoe  branco, com Paula de Renor e Sandra Possani. Foto: Pollyanna Diniz

Duas mulheres em pretoe branco, com Paula de Renor e Sandra Possani. Foto: Pollyanna Diniz

29/05 (quarta-feira)

O malefício da mariposa (Ave Lola Espaço de Criação/PR)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Duas mulheres em preto e branco (Remo Produções/PE)
Teatro Apolo, às 21h

30/05 (quinta-feira)

O malefício da mariposa (Ave Lola Espaço de Criação/PR)
Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h

Mariano, Irmão meu (Grupo Engenho de Teatro/PE)
Teatro Marco Camarotti, às 20h

31/05 (sexta-feira)

Viúva, porém honesta (Grupo Magiluth/PE)
Teatro de Santa Isabel, às 20h

Viúva, porém honesta, do Magiluth, encerra festival. Foto: Pollyanna Diniz

Viúva, porém honesta, do Magiluth, encerra festival. Foto: Pollyanna Diniz

FESTAFESTIVAL
Cantor Rubi/SP e DJ Pepe/PE
Sede Coletivo Angu de Teatro, às 23h

OFICINAS

Oficina de Pernas-de-Pau para Iniciante, com Grupo de Teatro Cirquinho
do Revirado – Reveraldo Joaquim e Yonara Marques
2 e 3/05 9h às 13h – 9h às 13h – c/h 8h – Local: Sesc Piedade
Para artistas ou estudantes de teatro. Número máximo de participantes: 20.

Voz e(m) Movimento, com Coletivo Lugar Comum – Conrado Falbo e Renata Muniz
2 e 3/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Instituto dos Cegos
Para jovens e adultos, a partir de 18 anos, com ou sem deficiência visual. Não precisa ter experiência prévia em dança.

Teatro de Objetos e Identidade, com Grupo Sobrevento – Sandra Vargas
3 e 4/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Sesc de Santo Amaro
Para atores.

Oficina Poéticas de Multidão: {pingos&pigmentos}, com Coletivo
Construções Compartilhadas – Rita Aquino
4 e 5/05 9h às 13h – c/h 8h – Local: Salão de Festas do Sesc de Santo Amaro
Para artistas ou estudantes de teatro. Número máximo de participantes: 50.

Pensamento Giratório, com Cia Mungunzá de Teatro
10/05 16h às 18h – c/h 2h – Local: Teatro Marco Camarotti
Livre.

Introdução ao Teatro de Sombras, com Grupo A Roda – Olga Gómez
12/05 8h30 às 12h30 – c/h 4h – Local: Banco de Texto do Sesc de Santo Amaro
Não há necessidade de ter experiência prévia com bonecos.

Oficina Poéticas Festivas, com Cia Rústica – Heinz Limaverde
12 e 13/05 dia 12 – 9h às 13h e dia 13 – 14h às 18h – c/h 8h – Local: Sala de Dança do Sesc de
Santo Amaro
Para artistas ou estudantes de teatro, a partir de 16 anos. Número máximo de participantes: 20 .

Fotografia de Espetáculo Instituto Candela, com Ivan Alecrim
27 e 28/04 14h às 18h – c/h 8h – Local: Espaço C.A.S.A.
Para pessoas que tenham o objetivo de aprofundar o conhecimento fotográfico
voltado para a fotografia de espetáculos e que tenham equipamento fotográfico.

Do Chão ao Voo, Da Palavra ao Corpo, com Grupo Z de Teatro –
Carla Van Den Bergen ou Fernando Marques
13/05 9h às 13h e 14h às 16h – c/h 6h – Local: Sesc Casa Amarela
Faixa etária: acima de 16 anos. Atores e bailarinos ou estudantes de artes cênicas.

Palhaço e Comicidade Física, com Grupo Laminima – Fernando Sampaio
14, 15 e 16/05 15h às 18h – c/h 9h – Local: Escola Pernambucana de Circo
Para profissionais ou estudantes de artes cênicas, interessados nas artes circenses e do palhaço. Número
máximo de participantes: 20.

Corpo e poesia, com Coletivo Lugar Comum – Maria Agrelli e Silvia Góes
16 e 17/05 14h às 17h – c/h 6h – Local: Instituto dos Cegos
Jovens e adultos, a partir de 18 anos, com ou sem deficiência visual. Não precisa ter experiência prévia em dança.

Exercício Prático de Elaboração de Projetos, com Eduardo Severino Cia de Dança – Luka Ibarra
18/05 14h às 16h – c/h 4h – Local: Sesc Casa Amarela
Interessados em aprimorar a escrita de projetos.

Criação e exploração do movimento, com Eduardo Severino Cia de Dança – Eduardo Severino
18 e 19/05 10h às 12h – c/h 2h – Local: Teatro Capiba
Bailarinos e público em geral.

Oficina O Corpo Individual e Coletivo no Espaço, com Núcleo Ás de Paus – Adalberto Pereira, Bruna Stépanhie, Camila Feoli, Guilherme Kirchheim, Luan Valero, Rogério Costa e Thunay Tartari
22/05 14h às 18h – c/h 4h – Local: Sala de Dança do Sesc de Santo Amaro
A partir de 14 anos. Número máximo de participantes: 30.

Técnicas para o teatro infanto-juvenil: contação de histórias por meio de objetos e sombras, com Trupe de Tuões – Ronan Vaz e Thiago Di Guerra
24/05 13h às 19h – c/h 6h – Local: Sesc de Santo Amaro
Estudantes de teatro, atores e comunidade em geral. Número máximo de participantes: 20.

Oficina de Interpretação, com Ave Lola Espaço de Criação – Ana Rosa Genari Tezza
31/05 9h às 13h e 14h às 16h – c/h 6h – Local: Teatro Capiba
Número máximo de participantes: 30.

Ainda há uma programação de performances no Espaço de Convivência do Centro Apolo-Hermilo e a programação da Cena Bacante, além da Cena Gastrô.

Pingos e Pigmentos vai alterar a paisagem do Recife. Foto: Tiago Lima

Pingos e Pigmentos vai alterar a paisagem do Recife. Foto: Tiago Lima

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Palhaças cheias de graça

Divinas, na VI Mostra Capiba. Foto: Pollyanna Diniz

Estas palhaças nos ensinam muito com a leveza e a poesia despretensiosa. Elas seguem o mesmo caminho. Contam histórias. Trocam farpas. Consentem e negam – até um golinho de água. Muitas vezes pensam em desistir. Mas algo é maior; e Uruba (Fabiana Pirro), Bandeira (Odília Nunes) e Zanoia (Lívia Falcão) continuam a jornada juntas. Divinas é um espetáculo simples, singelo e delicioso.

A dramaturgia de Marcelo Pelizzoli, Samarone Lima e Silvia Góes é a ponta de um novelo de lã para o que se vê no palco com a Duas Companhias. São pequenas histórias de palhaças que não sabem para onde vão, mas seguem. Com humor e sensibilidade na medida, o texto é o suporte para que as atrizes se aproximem do público; já a quase inevitável conquista é resultado do trabalho de atrizes que amadureceram com a experiência, mas ao mesmo tempo esbanjam frescor.

Já tinha visto Divinas em pelo menos duas ocasiões: quando elas fizeram um ensaio aberto no Teatro Marco Camarotti e durante uma temporada no Teatro Barreto Júnior. E pude comprovar que o espetáculo só cresceu. Na apresentação na Mostra Capiba Fabiana Pirro estava impagável: Uruba tem um humor mais ácido, é lindamente egoísta e comilona. Lívia Falcão nos seduz com Zanoia, sua pedrinha mágica e a história da mulher touro. E como Odília Nunes é uma ótima aquisição para o grupo! A experiência de anos na arte da palhaçaria está no palco com Odília e seus estratagemas para conseguir o que quer.

Quando digo que o espetáculo é simples me refiro também a soluções cênicas que vão desde um lenço que simula uma fogueira. Tanto o cenário quanto o figurino e os adereços são assinados pelas próprias atrizes. A trilha sonora original é de Beto Lemos e Luca Teixeira está em cena com vários efeitos de percussão que complementam as histórias engraçadas e fantasiosas.

Logo quando a Duas Companhias começou o processo de montagem de Divinas, lembro que conversei com Lívia Falcão; Odília ainda não estava nem no elenco. A ideia inicial era tratar do feminino. E quem guiava esse caminho era o diretor Moncho Rodriguez, que mora em Portugal. Tempos depois, veio um projeto de formação de palhaças na Zona da Mata e o consequente encontro com Adelvane Neia, de Campinas, responsável pela preparação das palhaças-atrizes para este espetáculo.

O feminino continua em cena, claro. Mas a opção pela investigação dessa identidade dos clowns das atrizes se estabelece de forma determinante. Pode até nem ter sido o mais fácil. Pode ser que esse caminho tenha sido de muitas curvas. Mas o resultado é gratificante. O público sai do teatro feliz. Simples assim.

Zanoia (Lívia Falcão)

Uruba (Fabiana Pirro)

Bandeira (Odília Nunes)

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Espetáculos locais no Festival Recife do Teatro Nacional

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases será encenada no FRTN. Foto: Rogério Alves

Já que estamos nessa vibe “listinhas”, que tal conferir logo quais os pernambucanos que estão no Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN)? O anúncio oficial é só na próxima terça-feira, quando será realizada a coletiva de imprensa, mas a gente já adianta por aqui o que estamos sabendo!

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases, direção de Rodrigo Dourado, com Fátima Pontes e Leidson Ferraz no elenco
Duas mulheres em preto e branco, direção de Moacir Chaves, com Paula de Renor e Sandra Possani
Viúva, porém honesta, do grupo Magiluth
Pássaro Pássaros dos sonhos, teatro para a infância, do Coletivo de Teatro Domínio Público do Sesc Santo Amaro, com direção de Rodrigo Cunha e Analice Croccia
A Quase Morte de Zé Malandro, do Grupo de Teatro Drão e Movimento Cultural Fazendo Arte, que vai circular pelas RPA’s

Ainda tem, possivelmente, Divinas, da Duas Companhias – mas não conseguimos checar se realmente foi confirmado (e aí, meninas?).

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Vencedores do Janeiro de Grandes Espetáculos 2012

Vamos à lista completa do Prêmio Apacepe de Teatro e Dança 2012:

DANÇA

MELHOR ESPETÁCULO / JÚRI POPULAR: Noite de performances corpos compartilhados

MELHOR ESPETÁCULO / JÚRI OFICIAL: Eu vim da ilha

Eu vim da ilha. Foto: Chico Egídio

CENOGRAFIA
Indicados:
– Helijane Rocha (Ela sobre o silêncio)
– Henrique Celibi (Ilhados: Encontrando as pontes)
– Cia de Dança do Sesc Petrolina (Eu vim da ilha)
Vencedor: Cia. Etc (Dark Room)

FIGURINO
Indicados:
– Patrícia Pina Cruz (Sob a pele)
– Eric Valença (Ilhados: Encontrando as pontes)
– Maria Agrelli (Eu vim da Ilha)
– Ivaldo Mendonça e Helijane Rocha (Ela sobre o silêncio)
Vencedor: Gustavo Silvestre (Sobre mosaicos azuis)

COREOGRAFIA
Indicados:
Ilhados: Encontrando as pontes
Espaçamento
Eu vim da Ilha
Sobre mosaicos azuis
Vencedor: Ela sobre o silêncio

Ela sobre o silêncio. Foto: Ivana Moura

TRILHA SONORA
Indicados:
– Adriana Milet (Ilhados: Encontrando as pontes)
– Missionário José (Estar aqui ou ali?)
– Rua (Caio Lima e Hugo Medeiros) e Marcelo Sena (Dark room)
– Moésio Belfort (Aluga-se um coração)
Vencedor: Sônia Guimarães (Eu vim da Ilha)

ILUMINAÇÃO
Indicados:
– Beto Trindade (Ela sobre o silêncio)
– Beto Trindade (Ilhados: Encontrando as pontes)
Vencedor: Saulo Uchôa (Dark room)

BAILARINO
Indicados:
– André Vitor Brandão (Eu vim da Ilha)
– Alexandre Santos (Aluga-se um coração)
– Cláudio Lacerda (Espaçamento)
Vencedor: Kleber Lourenço (Estar aqui ou ali?)

BAILARINA
Indicados:
– Patrícia Pina Cruz (Sob a pele)
– Carol Andrade (Eu vim da Ilha)
– Rafaella Trindade (Ilhados: Encontrando as pontes)
– Helijane Rocha (Ela sobre o silêncio)
Vencedor: Januária Finizola (Sobre mosaicos azuis)

Sobre mosaicos azuis. Foto: Camila Sérgio

TEATRO PARA INFÂNCIA E JUVENTUDE

MELHOR ESPETÁCULO JÚRI OFICIAL
Indicados:
Valentim e o boizinho de São João
Algodão doce
Nem sempre Lila
Vencedor: Assim me contaram, assim vou contando…

Assim me contaram, assim vou contando...Foto: Mirelle Nascimento

MELHOR ESPETÁCULO JÚRI POPULAR: O urubu cor de rosa

DIRETOR
Indicados:
– Sebastião Simão Filho (Valentim e o boizinho de São João)
– Márcio Fecher e Mayara Millane (Assim me contaram, assim vou contando…)
Vencedor: Marcondes Lima (Algodão doce)

Algodão doce. Foto: Ivana Moura

ATOR
Indicados:
– Fábio Caio (Algodão doce)
Vencedor: Márcio Fecher (Assim me contaram, assim vou contando…)

ATRIZ
Indicados:
– Andreza Nóbrega (Nem sempre Lila)
Vencedor: Mayara Millane (Assim me contaram, assim vou contando…)

ATOR COADJUVANTE
Indicados:
– Lano de Lins (O circo do futuro)
– Antônio Carlos (Valentim e o boizinho de São João)
Vencedor: Thomás Aquino (Nem sempre Lila)

ATRIZ COADJUVANTE
Indicados:
– Olga Ferrario (Caxuxa)
Vencedor: Marcella Malheiros (Nem sempre Lila)

ATOR REVELAÇÃO
Vencedor: Diego Lucena (Valentim e o boizinho de São João)

Valentim e o boizinho de São João. Foto: Ralph Fernandes

ATRIZ REVELAÇÃO – Não houve indicações

FIGURINO
Indicados:
– Fabiana Pirro e equipe (Caxuxa)
– Marcondes Lima (Algodão doce)
Vencedor: Célio Pontes (O circo do futuro)

CENÁRIO
Indicados:
– Marcondes Lima (Algodão doce)
Vencedor: Duas Companhias (Caxuxa)

MAQUIAGEM
Indicados:
– Vinícius Vieira (Pluft, o fantasminha)
– Márcio Fecher e Mayara Millane (Assim me contaram, assim vou contando…)
Vencedor: Java Araújo (O urubu cor de rosa)

TRILHA SONORA
Indicados:
– Henrique Macedo e Carla Denise (Algodão doce)
– Márcio Fecher (Assim me contaram, assim vou contando…)
Vencedor: Milena Marques, Diogo Lopes e Thomás Aquino (Nem sempre Lila)

Nem sempre Lila. Foto: Rodolfo Araújo

ILUMINAÇÃO
Indicados:
– Sávio Uchôa (Algodão doce)
Vencedor: Luciana Raposo (Caxuxa)

TEATRO ADULTO

MELHOR ESPETÁCULO ADULTO / JÚRI OFICIAL
Indicados:
As Levianas em Cabaré Vaudeville
Divinas
Vencedor: Essa febre que não passa

MELHOR ESPETÁCULO ADULTO / JÚRI POPULAR: Essa febre que não passa

Essa febre que não passa. Foto: Ivana Moura

DIRETOR
Indicados:
– Marcondes Lima e Enne Marx (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Pedro Vilela (O canto de Gregório)
Vencedor: André Brasileiro e Marcondes Lima (Essa febre que não passa)

ATOR
Indicados:– Jadenilson Gomes (A inconveniência de ter coragem)
– Alcy Saavedra (Manual prático de felicidade)
– Manuel Carlos (Noturnos)
Vencedor: Gilberto Brito (O pranto de Maria Parda)

O pranto de Maria Parda. Foto: Rui Pitaes

ATRIZ
Indicados:
– Enne Marx (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Lívia Falcão (Divinas)
Vencedor: Ceronha Pontes (Essa febre que não passa)

ATOR COADJUVANTE
Indicados:
– Giordano Castro (O canto de Gregório)
Vencedor: Tarcísio Queiroz (A inconveniência de ter coragem)

ATRIZ COADJUVANTE
Indicados:
– Daniela Travassos (Noturnos)
– Mayra Waquim (Essa febre que não passa)
Vencedor: Márcia Cruz (Essa febre que não passa)

ATOR REVELAÇÃO – Não houve indicações

ATRIZ REVELAÇÃO
Indicados:
– Tâmara Floriano (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Nínive Caldas (Essa febre que não passa)
Vencedor: Nara Menezes (As Levianas em Cabaré Vaudeville)

FIGURINO
Indicados:
– Cecília Pessoa e Guilherme Luigi (O canto de Gregório)
– Marcondes Lima (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Moncho Rodriguez (O pranto de Maria Parda)
Vencedor: Marcondes Lima (Essa febre que não passa)

CENÁRIO
Indicados:
– Renata Gamelo e Guilherme Luigi (O canto de Gregório)
– Marcondes Lima (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
Vencedor: Marcondes Lima (Essa febre que não passa)

MAQUIAGEM
Indicados:
– Cia Animé (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Jade Sales (Essa febre que não passa)
Vencedor: Moncho Rodriguez (O pranto de Maria Parda)

TRILHA SONORA
Indicados:
– Beto Lemos (Divinas)
– Henrique Macedo (Essa febre que não passa)
Vencedor: Cia Animé (As Levianas em Cabaré Vaudeville)

As Levianas em Cabaré Vaudeville. Foto: Luciana Dantas

ILUMINAÇÃO
Indicados:
– Luciana Raposo (As Levianas em Cabaré Vaudeville)
– Luciana Raposo (Essa febre que não passa)
Vencedor: Pedro Vilela (O canto de Gregório)

O canto de Gregório. Foto: Ivana Moura

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Retrô 2011

Os artistas aguardaram: apoio, resultados dos editais atrasados, pagamento de fomentos. Como – ainda bem-diz a música de Marcelo Camelo (Casa pré-fabricada), “nessa espera, o mundo gira em linhas tortas”. Os caminhos não serem retos não é, definitivamente, ruim para a arte. Se o atraso no resultado do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) prejudicou a cena teatral pernambucana em 2011, serviu também ao propósito de mostrar que o teatro continua sendo uma arte de resistência; e que é possível sim levar ao palco produções de qualidade, a duras penas, mesmo sem incentivos oficiais. Para 2012, se as promessas e os prazos de editais forem realmente cumpridos, é bem provável que tenhamos um panorama de peças mais amplo, pelo menos em quantidade. Qualidade não foi o problema.

No Janeiro de Grandes Espetáculos, que começa na próxima quarta-feira, teremos pelo menos três estreias: Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, Caxuxa, da Duas Companhias, e O pássaro de papel, com direção de Moncho Rodriguez e produção de Pedro Portugal e Paulo de Castro. Para o Magiluth, que tem sete anos de atividades, 2011 foi um ano de aprimoramento e, mais ainda, de alargar as possibilidades criativas. Estrearam a peça O canto de Gregório, sem apoio estadual ou municipal, “o que não é um mérito, é porque fazer teatro é mais forte do que a gente, mas é muito difícil”, conta Pedro Wagner, que interpreta Gregório. Ainda participaram do projeto Rumos Itaú Cultural, que possibilitou, através de edital, intercâmbios entre grupos.

Magiluth vai estrear Aquilo que meu olhar guardou para você. Foto: Thaysa Zooby

O Magiluth trabalhou com o Teatro do Concreto, de Brasília. E daí surgiu o novo espetáculo, que tem direção de Luis Fernando Marques, do grupo paulista XIX de Teatro. O grupo passa por um momento limite. “Eles já não são um grupo ‘de novos’. E precisam se manter. Espero que eles consigam esse equilíbrio de produção. Além de ser artista, tem que ter estrutura de produção, gestão”, complementa o professor Luís Reis.
Caxuxa, outra estreia, é uma remontagem, uma adaptação do texto de João Falcão. “Foi uma ideia de Claudio Ferrario. Fizemos essa peça, um musical, há 20 anos”, conta Lívia Falcão, que fez parte do elenco de Divinas, ao lado de Fabiana Pirro e Odília Nunes, que estreou ano passado.

Luiza Fontes, Regina Medeiros e Sofia Abreu estão no elenco de O pássaro de papel. Foto: Pedro Portugal

Ao longo de 2012, outras produções estão previstas. Jorge de Paula, Thay Lopes e Kleber Lourenço devem trabalhar a partir de um texto de Luiz Felipe Botelho, com direção de Tiche Vianna, do Barracão Teatro, de Campinas. Rodrigo Dourado está na direção de Olivier e Lili – Uma história de amor em 900 frases, que tem no elenco Fátima Pontes e Leidson Ferraz. A Cênicas Companhia de Repertório, que fez o infantil Plutf – O fantasminha, está em fase de pré-produção do espetáculo baseado na formação de clowns, e deve montar outro infantil.

Cinema é uma coprodução entre a Cia Clara e o Espaço Muda. Foto: Nilton Leal

Jorge Féo, do Espaço Muda, está trabalhando em parceria com Anderson Aníbal, da Cia Clara, no projeto Cinema, com estreia prevista para abril. A Fiandeiros deve abrir o seu espaço, na Boa Vista, para a realização de temporadas, planeja fazer o infantil Vento forte para água e sabão, e ainda vai lançar o Núcleo de Teatro Novelo, com alunos saídos dos cursos ministrados pela companhia. Breno Fittipaldi e Ana Dulce Pacheco devem estrear, em maio, Encontro Tchekhov, também sem incentivos.

– Colaborou Tatiana Meira

Alguns registros:

Carla Denise fez documentário sobre Hermilo Borba Filho

Leda Alves, viúva de Hermilo Borba Filho, acalenta o projeto de lançar um livro sobre a obra de Hermilo e o Teatro Popular do Nordeste (TPN). “Seria uma obra envolvendo vários pesquisadores”, conta. No último mês de dezembro, a dramaturga e jornalista Carla Denise lançou o DVD Coleção Teatro – Volume 3 – Hermilo Borba Filho, que além de entrevistas com atores, diretores, pessoas que conviveram com Hermilo, traz ainda uma entrevista antiga com o próprio diretor.

O livro TAP – Sua cena & sua sombra: O Teatro de Amadores de Pernambuco (1941-1991), de Antonio Edson Cadengue, foi lançado em novembro. Esse regaste, fundamental para entender a trajetória do teatro em Pernambuco, está disponível em edição rica em detalhes e fotos. Outra publicação importante foi o livro Transgressão em 3 atos: Nos abismos do Vivencial, escrito por Alexandre Figueirôa, Stella Maris Saldanha e Cláudio Bezerra.

O Teatro Experimental de Arte de Caruaru comemora 50 anos em 2012 com muitos motivos para comemorar. Se neste ano o Festival de Teatro do Agreste (Feteag) não ocorreu por falta de apoio e recursos, a Câmara Municipal de Caruaru já aprovou, no mês de novembro, uma verba de R$ 100 mil para que a mostra seja realizada. O grupo deve ainda estrear O pagador de promessas e lançar um livro. Neste ano, pela primeira vez, o TEA participou do Festival de Curitiba.

A publicitária Lina Rosa Vieira está com a agenda lotada para 2012. Em junho, o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito) será realizado em Belo Horizonte e deve passar por Florianópolis e Curitiba. Está quase certo que o Fito, que foi sucesso de público no Marco Zero, seja realizado aqui, em setembro, trazendo o espetáculo francês Transports Exceptionnels. Já está confirmado é que o Sesi Bonecos do Mundo virá a Pernambuco em novembro.

Lina Rosa Vieira deve trazer o Sesi Bonecos do Mundo e o Fito novamente ao Recife


Pé na estrada

O compromisso com o teatro de grupo está levando as produções pernambucanas para outras cercanias. Não são peças organizadas apenas para cumprir uma temporada, mas fruto da pesquisa, da investigação de uma linguagem e estéticas próprias de cada coletivo. O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, que estreou em 2010, da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, rodou vários festivais do país e deve circular em 2012.

O grupo já está em fase de pesquisa para o novo projeto, que encerra a trilogia em homenagem ao diretor e professor Marco Camarotti. “Crescemos esteticamente. Começamos como um coletivo, mas não tínhamos organização de grupo, gestão. E conseguimos perceber o quanto isso é importante. Nós nos mobilizamos e conseguimos levar o público ao teatro”, conta o diretor Jorge de Paula.

Já o grupo O Poste Soluções Luminosas está comemorando a aprovação nos editais do Myriam Muniz e Procultura, que vão possibilitar que o espetáculo Cordel do amor sem fim, que estreou também em 2010 e passou por vários festivais, faça circulação por lugares cortados pelo Rio São Francisco. Nessas cidades, o grupo também fará formação e já deve começar a pesquisar sobre os jogos e brincadeiras das crianças do Nordeste e as africanas.

Circuito

Valmir Santos, curador deste ano do Festival Recife do Teatro Nacional, fez uma mostra ousada. Em vez de trazer grupos renomados, que de alguma forma sempre fazem parte do festival, como o Galpão e a Armazém Companhia de Teatro, optou por trazer peças que dificilmente viriam ao Recife, por conta da falta de apoio e das distâncias, e que compõem o repertório de alguns grupos com propostas e trabalhos estéticos interessantes. Vimos por aqui, por exemplo, duas montagens que depois foram premiadas pela Associação Paulista de Críticos de Arte: Luis Antonio – Gabriela, da Cia Munguzá, e O jardim (Cia Hiato).

O Jardim, da Cia Hiato, de São Paulo, emocionou o público. Foto: Ivana Moura

Ainda assim, os grupos tradicionais não deixaram de vir ao Recife. A Armazém trouxe o novo trabalho Antes da coisa toda começar; bem antes disso, Marieta Severo e Andrea Beltrão apresentaram, finalmente, a peça de Newton Moreno, com direção de Aderbal Freire-Filho, As centenárias; Marco Nanini trouxe sua premiada Pterodátilos; e Júlia Lemmertz, Paulo Betti e Débora Evelyn vieram ao Recife com Deus da carnificina.

Para 2012, a produtora Denise Moraes já promete novas produções. Velha é a mãe, com Louise Cardoso e Ana Baird, e direção de João Fonseca, deve ser apresentada no Recife de 9 a 11 de março, no Teatro de Santa Isabel. Já de 11 a 13 de março, Denise Fraga encena Sem pensar, direção de Luiz Villaça.

Muitos planos, pouco tempo

Muitas promessas e projetos, mas um prazo apertado. Afinal, este ano é de eleição municipal. Só no último mês de agosto, o diretor de teatro Roberto Lúcio assumiu oficialmente a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e agora a correria é grande para que os projetos possam sair do plano das ideias. No fim de novembro, a gerência fez uma reunião com a classe (João da Costa nem de longe tem a aprovação dos artistas, como ficou claro nesse encontro). Maria Clara Camarotti, gerente de serviço de teatro, apresentou um plano que contempla, entre muitas ações, um seminário de políticas públicas para as artes cênicas, o lançamento de edital específico para ensaios dos grupos nos equipamentos da prefeitura, a elaboração de uma proposta de criação de uma escola técnica (que será apresentado ao governo do estado), a realização do Mascate: Mercado das Artes Cênicas, ações formativas em gestão, produção e elaboração de projetos, e a realização do Fórum dos Teatros.

Perdemos

José Renato Pécora
Faleceu em maio, aos 85 anos. Fundador do Teatro de Arena de São Paulo e responsável pela peça Eles não usam black-tie, que marcou os anos 1950. Morreu após sessão de 12 homens e uma sentença, dirigida por Eduardo Tolentino.

No mês de agosto, perdemos Ítalo Rossi


Ítalo Rossi

Mais de 400 montagens e 50 anos de carreira estão no legado de Ítalo Rossi, que morreu aos 80 anos, em agosto. Nascido em Botucatu, em São Paulo, seu último personagem foi no humorístico Toma lá dá cá, da Globo.

Enéas Alvarez
Jornalista, crítico de teatro, ator do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), advogado, padre da Igreja Siriana Ortodoxa de Olinda, Enéas Alvarez morreu aos 64 anos, em 21 de novembro. Há 20 anos, sofria com problemas de saúde agravados pela obesidade.

Sérgio Britto
Considerado um mestre do teatro brasileiro, o ator e diretor Sérgio Britto faleceu no dia 17 de dezembro, de problemas cardiorrespiratórios. Tinha 88 anos e 60 anos de carreira. Atuou e dirigiu mais de 130 peças e apresentava na TV o programa Arte com Sérgio Britto.

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