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Coletivo Angu pergunta: “Onde está todo mundo?”

Integrantes do Coletivo Angu de Teatro: Hermila Guedes, Gheuza Sena, Lilli Rocha, Ninive Caldas, Ivo Barreto, Arilson Lopes e André Brasileiro. Foto: Tadeu Gondim

A parceria entre Marcelino Freire e o Coletivo Angu de Teatro, do Recife, rende frutos há quase 20 anos. Neste domingo, 10 de outubro, o grupo mostra ao vivo, pelo Zoom, o trabalho Onde Está Todo Mundo?, quando joga com o universo das lives e da comunicação on-line.  A peça integra a programação Palco Virtual, do Itaú Cultural.

Estão no elenco desse experimento virtual os atores André Brasileiro, Gheuza Sena, Ivo Barreto, Lilli Rocha, Luís Cao, Ninive Caldas e do diretor Marcondes Lima.

Nessa “live farsesca” nem o autor – Marcelino Freire – nem as personagens criadas por ele durante a pandemia comparecem para participar do programa.

A peça foi criada no ano passado para o Festival Arte como Respiro: Múltiplos Editais de Emergência – Edição Cênicas, do Itaú Cultural, primeira seleção de auxílio a artistas no começo da pandemia. 

Quando a presencialidade, tão cara à cena teatral, começou a afastar-se, Marcelino Freire perguntou “Onde Está Todo Mundo?” E ofereceu ao Coletivo Angu um balaio repleto de humor corrosivo, doses de poesia e personagens absurdamente palpáveis nesse tempo cada vez mais surreal, de fronteiras difusas entre o ser e o não ser.

Com humor, o Coletivo ergue uma metacena que atravessa questões como a perda, o espaço vazio, o desaparecimento de pessoas e a dor.

Primeiro grupo a levar à cena a prosa de Freire, o Angu foi criado em 2003, do encontro entre os atores André Brasileiro, Fábio Caio, Gheuza Sena, Hermila Guedes, Ivo Barreto e do diretor Marcondes Lima para a montagem do espetáculo Angu de sangue.

Desde então, criou os espetáculos Ópera (2007), com texto de Newton Moreno, Rasif – mar que arrebenta (2008) e Ossos (2016) , com textos de Marcelino Freire, todas com direção de Marcondes Lima e Essa febre que não passa (2011) texto de Luce Pereira e direção de André Brasileiro e Marcondes Lima.

Nínive Caldas e Luís Cao em Onde está todo mundo?. Foto: Divulgação

SERVIÇO
Onde está todo mundo? [com interpretação em Libras]
Palco Virtual do Itaú Cultural
Quando: Domingo 10 de outubro de 2021, às 19h
[duração aproximada: 120 minutos]
Onde: Plataforma Zoom.
Ingresso: Gratuito, via Sympla
Mais informações: www.itaucultural.org.br​

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Teatro das Canções

Coletivo Angu de Teatro faz show com repertório musical. Na foto, o grupo em início de carreira

Coletivo Angu de Teatro faz show com repertório musical dos espetáculos. Na foto, o grupo em início de carreira

Ivo Barreto integra o elenco do espetáculo musical e de Ossos

Ivo Barreto integra o elenco do show musical e de Ossos

A música está no nascedouro do Angu de Teatro. A trilha sonora faz parte da narrativa dos espetáculos do grupo, que usa e abusa das canções para surpreender e emocionar. E o Coletivo resolveu soltar a voz no Janeiro de Grandes Espetáculos para saudar o pessoal do som que o acompanha nessa estrada há 13 anos. Angu de Canções é uma parceria entre a trupe e o músico Juliano Holanda, compositor do roteiro musical da mais recente encenação Ossos e um dos artistas mais celebrados de Pernambuco.

Para passar em revista a trajetória, os músicos e atores vestem os figurinos de todas as montagens do Coletivo, assinadas por Marcondes Lima. A apresentação está agendada para esta quinta-feira (26), no Teatro de Santa Isabel.

As músicas dos outros espetáculos da companhia foram compostas por Henrique Macedo, que faz participação especial. Com direção musical de Marcondes Lima e André Brasileiro, o show conta com os atores Arilson Lopes, Gheuza Sena, Hermila Guedes, Ivo Barreto, Lilli Rocha e Nínive Caldas.

Marcelino Freire, autor de três peças do repertório do Angu de Teatro – Angu de Sangue, Rasif – Mar que arrebenta e Ossos – também participa da apresentação recitando textos de Miró da Muribeca, João Cabral, Bandeira e alguns de sua autoria.

Serviço
Angu de Canções Coletivo Angu de Teatro (Recife/PE)
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quando: 26 de janeiro (quinta-feira), 20h
Quanto: R$ 40 e R$ 20

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Maio é mês de Palco Giratório

O mês de maio traz promessas de muitos espetáculos no Recife. Nesta segunda-feira, o Sesc vai anunciar a programação do festival Palco Giratório, que deve tomar conta da cidade a partir do dia 6. Além dos espetáculos que fazem parte do circuito nacional e de grupo convidados, Galiana Brasil, coordenadora do Palco em Pernambuco, já tinha dito que iria privilegiar espetáculos que estão estreando ou que não tiveram tanta visibilidade.

Este ano, temos pelo menos duas novidades. Uma delas é um circuito gastronômico com pratos que vão homenagear espetáculos da programação. A criação seria do chef César Santos. A outra é uma programação chamada Cena bacante, que deve ser realizada no Espaço Muda, ao final das noites, com espetáculos em horários alternativos e celebração.

Estamos sabendo de alguns espetáculos pernambucanos que devem compor a grade. Caetana, por exemplo, da Duas Companhias, deve ser apresentado na próxima sexta-feira, noite da abertura do festival, no Teatro Luiz Mendonça, agregando a casa de espetáculos do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, ao festival.

Caetana, deve abrir o festival no Luiz Mendonça. Foto: Val Lima

No dia seguinte, deve ser a estreia da montagem Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife. Ainda teremos, provavelmente (afinal, a coletiva é só amanhã!), a estreia de Palhaços, com Williams Santana e Sóstenes Vidal; As joaninhas não mentem, infantil (adulto!) com direção de Jorge Féo; Kléber Lourenço estreando seu projeto Estar aqui ou ali ? e ainda apresentando ao lado de Sandra Possani a peça O acidente; e o Mão Molenga Teatro de Bonecos (selecionado para a circulação nacional do palco) reapresentando na cidade O fio mágico. Esquecemos alguém?

Essa febre que não passa é o quarto espetáculo do Angu de Teatro

Pela programação já apresentada pelo Palco nacional, pelo menos treze grupos de outros lugares devem trazer espetáculos para cá. Olha só quem são esses grupos e as sinopses dos espetáculos:

Cia. Dita (CE)
Espetáculo De-vir
Sinopse: Quatro performers pontuando as interferências do corpo com seu ambiente. O corpo entendido como uma mídia que avança por acelerações, rupturas, diminuições de velocidade, desmembrando, constantemente, uma nova roupagem. De-vir propõe intensificar esses movimentos ondulatórios engendrando a idéia de um novo design, que pode re-compor a disposição e a ordem dos elementos essenciais que compõem as estruturas físicas de uma pessoa.

Grupo: Corpo de Dança do Amazonas (AM)
Espetáculo: Cabanagem
Sinopse: Foi uma revolta popular em que negros, índios e mestiços insurgiram contra a elite política regencial. A pesquisa para o espetáculo partiu da literatura de Márcio Souza e Marilene Corrêa. A obra não é narrativa. O espetáculo apropria-se da essência da Cabanagem e utiliza a linguagem de Mário Nascimento para traduzir o espírito de resistência, de luta, de revolta, de preservação das culturas de determinado local.

Grupo: Cia do Tijolo (SP)
Espetáculo: Concerto de Ispinho e Fulô
Sinopse: Uma Rádio Conexão SP/Assaré anuncia que uma Cia de Teatro de São Paulo chega para entrevistar o Poeta Patativa. O que seria uma entrevista costumeira se transforma num diálogo entre o popular e o erudito, o urbano e rural e culmina com a denúncia de um dos primeiros ataques aéreos contra civis em território brasileiro que não está nos livros de história.

Concerto de Ispinho e Fulô, Cia do Tijolo

Grupo: Armatrux (MG)
Espetáculo: No pirex
Sinopse: Boquélia (A dona da casa), Bencrófilo ( O garçom jovem), Bonita (A cozinheira), Ubaldo ( O garçom velho), e Alcebíades (O velho) são os cinco personagens que, em volta de uma mesa, dão vida a essa história que mais parece um pesadelo cômico. Ou um jantar surrealista? Uma festa macabra? Uma versão gótica do Mad Tea Party do país das maravilhas? Tudo isso ou nada disso: a piração do No Pirex é aberta a múltiplas leituras do público.

No pirex, da Armatrux

Grupo: Teatro Independente (RJ)
Espetáculo: Rebú
Sinopse: Em Rebú, Matias e Bianca são recém-casados e moram numa casa isolada em meio a um descampado. O jovem casal prepara-se para receber Vladine, irmã adoentada de Matias, que traz junto seu bem mais precioso: Natanael, uma espécie de filho. A hiperbólica e exigida cautela com a saúde da hóspede e a presença do seu acompanhante fazem com que Bianca, aos poucos, crie uma rivalidade com ambos, levando o embate às últimas conseqüências.

Grupo: Namakaca (SP)
Espetáculo: É nóis na xita
Sinopse: Mostra o convívio entre três personagens: os palhaços Cara de Pau, Montanha e Cafi, que disputam os aplausos do público, aceitando os próprios equívocos como fonte de inspiração e improvisação. Utilizando-se de linguagem e técnicas circenses como malabarismo, monociclo, acrobacias, equilibrismo e palhaçadas, o espetáculo é também musical, brincando com instrumentos como o cavaquinho, o pandeiro e diferentes efeitos percussivos.

Grupo: Amok (RJ)
Espetáculo: O dragão
Sinopse: É uma criação sobre o conflito entre israelenses e palestinos a partir de fatos e depoimentos reais. Através do olhar de quatro personagens – dois palestinos e dois israelenses, de suas trágicas histórias e de suas humanidades expostas, o Amok Teatro propõe revelar o interior das pessoas nesta experiência comum da dor, onde as diferenças não separam mais, mas simplesmente as distingue e as religa. Ultrapassando as barreiras históricas e geográficas, o espetáculo coloca em foco o homem, diante da violência de sua época.

O dragão, da Amok. Crédito: Fernanda Ramos

Grupo: Cia. Polichinelo (SP)
Espetáculo: Frankenstein
Sinopse: Em seu laboratório, Victor Frankenstein está muito ocupado costurando uma imensa criatura e para que todos saibam de sua proeza, Victor anota tudo em seu diário. Depois de atingida por um raio, a criatura finalmente ganha vida, mas é abandonada por Victor que, com medo de sua própria criação, foge para longe, deixando de lado seu experimento. Com medo, as pessoas recusam se aproximar do “monstro”, mas ele encontra amizade em alguns pequenos momentos.

Grupo: Moitará (RJ)
Espetáculo: Quiprocó
Sinopse: É um espetáculo lúdico, que se alimenta do universo cultural brasileiro para criação de “tipos” genuínos, com seus sonhos, crenças e costumes, fazendo alguns paralelos entre os arquétipos e a Commedia Dell’Arte. Num encontro oportunista, três “personagens-tipos” – cada um na sua rotina – tentam saciar seus desejos, utilizando artimanhas de sobrevivência e, num jogo divertido de quiproquós, são deflagrados conflitos dos sentimentos humanos.

Grupo: Persona Cia de Teatro & Teatro em Trâmite (SC)
Espetáculo: A galinha degolada
Sinopse: Conta a história do casal Mazzini-Ferraz e seus 4 filhos. Portadores de uma doença mental incurável, os meninos sofrem todas as conseqüências da falta de amor entre os pais. Passado certo tempo, nasce uma menina, que não é acometida pela mesma doença, mas que acaba revelando o verdadeiro sentido da falta de cuidado e amor do casal.

Grupo: Delírio (PR)
Espetáculo: O evangelho segundo São Mateus
Sinopse: A partir do acontecimento dramático do desaparecimento de um filho e seu hipotético retorno à casa dos pais, depois de um longo período, mãe, namorada, irmão e pai iniciam uma investigação emocional e psicológica pelos caminhos percorridos pelo rapaz em sua longa ausência. Esse conflito familiar é o ponto de partida para uma longa reflexão sobre a condição humana, no que ela tem de bela, doce, engraçada, cruel e trágica. O Evangelho de Mateus surge então como palavra utilizada para discorrer sobre o homem e seus descaminhos. Mateus, o filho que retorna é um segredo a ser desvendado pelo público.

O evangelho segundo São Mateus, Grupo Delírio

Grupo: Caixa do Elefante (RS)
Espetáculo: A tecelã
Sinopse: Uma tecelã, capaz de converter em realidade tudo o que tece com seus fios, busca preencher o vazio de seus dias criando, para si, o suposto companheiro ideal. O espetáculo trata, de forma poética, da solidão feminina, das dificuldades de relacionamento e do poder criativo como possibilidade de transformação.

Grupo: IN.CO.MO.DE-TE
Espetáculo: Dentro fora
Sinopse: O espetáculo é uma metáfora sobre o ser humano contemporâneo. Conta o momento de duas personagens, chamadas apenas Homem e Mulher, que se encontram presos dentro de duas caixas. A peça explicita a imobilidade do ser humano perante a vida.

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Interesse coletivo

No último final de semana, foi realizado o Congresso Brasileiro de Teatro, em Osasco. A ministra da Cultura Ana de Hollanda, envolvida em várias polêmicas desde que assumiu o cargo, participou. Quem esteve por lá também foi o querido Tadeu Gondim (um dos nossos fotógrafos preferidos!) do Coletivo Angu de Teatro. Nós pedimos e ele aceitou contar aqui como foi o encontro (Obrigada, Tadeu!):

“Não é segredo que a luta das pessoas que trabalham com teatro é árdua… Em comparação com outras profissões, nós, artistas, desde sempre tivemos que, literalmente, brigar para conseguir espaço, respeito e, claro, subsídios financeiros para possibilitar a execução do nosso trabalho e conseqüentemente para o nosso sustento (sem desmerecer as lutas de outras categorias). A realização do Congresso Brasileiro de Teatro, nos dias 26 e 27 de março últimos, em Osasco, São Paulo, foi por esses e outros motivos um marco positivo na história do teatro de nosso país.

Com a presença de profissionais de quase todos os estados do Brasil (20 estados e mais o Distrito Federal), foram discutidas na plenária do congresso questões fundamentais para o futuro das artes cênicas. O Prêmio Teatro Brasileiro, o Projeto de Lei Procultura (Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura – PL nº6.722/2010) a ser instituído em substituição à atual Lei Rouanet, a necessidade de execução, por parte da Funarte, dos editais relacionados ao Fundo Setorial de Artes Cênicas e o teatro de rua no país que, em alguns estados, vem sendo reprimido seja por violência física e/ou pela burocracia que “privatiza” espaços públicos ferindo direitos garantidos pela constituição; foram temas centrais do congresso, que contou em seu encerramento com a presença da Ministra da Cultura Ana de Hollanda, do Presidente da Funarte Antônio Grassi, do Secretário de Políticas Culturais do Minc Sérgio Mambertti, do Senador Eduardo Suplicy, entre outros.

Como resultado final, uma carta foi entregue à Ministra, com todas as questões importantes discutidas pela plenária durante o encontro. “Vamos apoiar o Prêmio Teatro Brasileiro, que consta no projeto do ProCultura”, disse Ana de Hollanda, que recebeu o documento.

Ana de Hollanda participa de Congresso de Teatro. Foto: Marcos Fioravanti

Fica deste congresso, além dos pontos positivos citados acima, a necessidade de uma maior articulação por parte dos profissionais de teatro do Nordeste em participar conjuntamente de eventos como esse. As condições propostas por profissionais de teatro das regiões Sul e Sudeste muitas vezes não condizem com a realidade de outras regiões. A proposta do Prêmio Teatro Brasileiro, por exemplo, ainda a ser definido em regulamento, possui disparidades entre os valores propostos para as regiões Sul/Sudeste e para a Norte/Nordeste.

A união de forças será fundamental para a garantia de direitos realmente iguais para todos. O valor da nossa
criação artística não pode ser mensurado por colegas de outro estado (mesmo que queridos), que desconhecem a nossa realidade. A união será importante para garantir os interesses realmente coletivos”.

Confira aqui a carta elaborada durante o Congresso:
O Congresso Brasileiro de Teatro, realizado em Osasco, São Paulo, nos dias 26 e 27 de março de 2011, que reuniu profissionais do teatro nacional de vinte estados e do Distrito Federal, com os objetivos de:
discutir e refletir sobre as atuais políticas públicas culturais executadas pelas instâncias públicas e privadas;
e assegurar o debate e a implantação das propostas do setor teatral elaboradas e apresentadas à sociedade e ao Estado, ao longo dos últimos oito anos, decidiu:
considerando os relatos dos congressistas que comprovam que os espaços públicos no Brasil tem sido privatizados, por meio de cobrança de taxas, proibição aos artistas de exercer seu ofício, com o uso de violência física e moral, apesar do artigo 5º da Constituição Federal Brasileira garantir o direito de ir e vir e a liberdade de expressão, entendemos que a mesma está sendo desrespeitada nas instâncias municipal, estadual e federal;

– elaborar instrumentos jurídicos que regulem a ocupação dos prédios públicos ociosos, bem como imóveis que tenham possibilidade de agregar os artistas;

– criar uma comissão para impetrar uma carta-denúncia que deverá ser entregue em audiência com a Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos;

– apoiar o projeto de lei federal apresentado pelo Dep. Fed. Vicente Cândido, lido em plenária, que regulamenta a garantia deste direito.

E, também,

considerando os esforços realizados no Congresso Brasileiro de Teatro (1979, em Arcozelo) Movimento Brasileiro de Teatro de Grupo (anos 80), o Movimento Arte Contra à Barbárie (1998), Redemoinho (2004-2009), Rede Brasileira de Teatro de Rua (2007), que culminaram na elaboração da Lei Prêmio do Teatro Brasileiro,

– exigir, em caráter de urgência, a sua votação pelo Congresso Nacional e, posteriormente, a sua implementação pelo Ministério da Cultura;

– fazer mobilização nacional pela votação imediata do Prêmio Teatro Brasileiro;

A plenária do Congresso Brasileiro de Teatro exige, ainda:

– aprovação imediata do Projeto de Lei PROCULTURA, no qual está inserido o Premio Teatro Brasileiro, com dotação orçamentária própria em Lei especifica;

– a execução, pela FUNARTE, dos editais relacionados ao Fundo Setorial de Artes Cênicas;

– a definição do dia 27 de março como o Dia Nacional de Mobilização do Teatro;

Ficou decidido que a data do 2º. Congresso Brasileiro de Teatro será dias 06,07 e 08 de abril de 2012 em Brasília, Distrito Federal.

Osasco, 27 de março de 2011, Dia Mundial do Teatro.

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A pedra no sapato (e na alma)

“A minha alma tá armada
E apontada para cara do sossego
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo”

A arte tem mesmo muitos poderes. Desde sempre. De fazer pensar, rir, chorar, ruborizar…Mas aquela que mais dói, quase corta, é a que nos tira da zona habitual de conforto – seja em relação aos procedimentos estéticos, mas principalmente no que diz respeito à mensagem da obra de arte. Rasif – Mar que arrebenta me deixou pequenininha. Com um desconfortável prazer que parecia ecoar e reverberar nas paredes de tijolinhos do Teatro Hermilo Borba Filho.

Foto: Tadeu Gondim

A montagem, assim como Angu de sangue, primeiro espetáculo do repertório do grupo Angu de teatro, é dividida em quadros. Ambas bebem na língua e escrita afiada do pernambucano de Sertânia, radicado em São Paulo, Marcelino Freire. São pequenos contos que não trazem relação direta de personagens entre si, mas passeiam pelos mesmos espectros de significados.

Desde a confusão de uma tribo de índios canibais que fala uma língua específica – só uma mulher entende e traduz – e ameaça uma atriz; à confusão do trânsito; à dor de uma mãe que não quer acordo com a paz, afinal já lhe tiraram o que ela tinha de mais precioso. O próprio nome do espetáculo – Rasif, extraído da origem árabe do nome Recife, já sugere um ambiente urbano, caótico, fragmentado.

Impossível não fazer uma menção especial ao ator Fábio Caio. A sua propriedade em cena, a capacidade de trazer para junto de si o espectador, de criar um mundo imaginário cruel, irônico, cheio de sarcasmo, riso nervoso ou escancarado. Com ele, entramos num ônibus com destino a algum dos Altos do Recife. Ele é uma velhinha que faz tricô para passar o tempo e é abordada por um sujeito. E o discurso se repete algumas vezes – algo do tipo, ‘não quero chiclete, não quero caneta, você está me pedindo dinheiro pra comprar remédio?’. O final, que eu não vou estragar, faz jus ao percurso circular do diálogo.

Foto: Tadeu Gondim

“Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero conservar
prá tentar ser feliz?”

Fábio Caio é também o menino na manjedoura, no caixote de madeira, nas tábuas duras de um barraco em Santo Amaro ou na Favela da Xuxa. Que conta a história de um amiguinho que se desiludiu com o Papai Noel e queria matá-lo de todo jeito. Também…pedir uma motoca com todas as suas luzes e receber uma bola! Ou ver a irmãzinha ganhando uma boneca horrorosa! Não é pra menos!

Se o talento de Fábio me salta aos olhos, não deixo de notar também a qualidade desse coletivo de atores, o Angu de Teatro, como grupo mesmo, que existe há sete anos. Participaram ainda da encenação no último fim de semana Vavá Schön-Paulino, Ivo Barreto, Arilson Lopes, Tatto Medinni, Márcia Cruz e Ceronha Pontes. No comando disso tudo e ainda nos vocais tão afiados e provocativos quanto o texto, o diretor Marcondes Lima.

As cenas se desenrolam num retângulo branco, que também serve como espelho para as projeções de imagens ou palavras. Às margens, pedras pesam sob os textos que compõem a peça. E a imagem da pedra diz muito sobre tudo que se passa ali. É uma pedrinha no sapato – que parece ser inofensiva, mas deixa um calo feio depois de um dia subindo a Conde da Boa Vista a pé.

Foto: Tadeu Gondim

Similaridades encaixadas – Rasif – Mar que arrebenta é muito mais provocador aos olhos de quem não viu Angu de sangue e vice-versa. Porque a fórmula cênica é mais ou menos a mesma. Os textos impiedosos de Marcelino, assim como sugerem os próprios livros, em contos rápidos, traduzidos pelo Angu de Teatro em cenas rápidas. A mulher que não quer aprender a ler, interpretada por Vavá Schön-Paulino em Rasif, parece aquela mesma feita por Fábio Caio, que não quer sair do lixão da Muribeca em Angu de sangue. Até nos trejeitos, na fala. E aí entram algumas coisas em questão, como fechar mesmo o ciclo “Marceliniano”, inovar ou não em relação ao espetáculo anterior (o grupo tem ainda a montagem Ópera, mas que é baseada em texto de Newton Moreno); e até que ponto não é válido se renovar mesmo apostando num mesmo formato. Não tenho as respostas. Só restam dúvidas e o amargor na boca, mesmo que a risada não se faça de rogada.

“As grades do condomínio são pra trazer proteção
Mas também trazem a dúvida se não é você que está nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo!
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!
Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido….
É pela paz que eu não quero seguir admitindo” (Minha Alma/ Marcelo Yuka)

Serviço:
Rasif estreou em 2008 e agora está fazendo uma série de 20 apresentações
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Bairro do Recife)
Quando: de quinta a domingo, às 20h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5

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