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Circo para encantar a vida

Peça Apesar, da companhia franco-brasileira Sôlto, abre programação do festival. Foto: Tom Proneur/ Divulgação

Conviver com alguém é um exercício de extrema tolerância e bom-humor. Se acionarmos o zoom pode ser que não sobre ninguém para compartilhar essa experiência. Nem mesmo o espelho. Mas apesar de tudo – da rotina, dos risos roubados, dos sonhos frustrados, das catástrofes – aqueles dois continuam ligados. Há tempos eles vivem juntos. Um contra o outro, um sobre o outro, um pelo outro. O espetáculo de circo contemporâneo Apesar, da Sôlta Compagnie, explora a relação entre dois personagens que decidiram viver conectados, a despeito de tudo. A peça faz a abertura do Festival de Circo do Brasil, na próxima sexta-feira, às 20h,no Teatro de Santa Isabel.

Apesar estreou ano passado na Bienal de Circo de Marseille. No elenco estão o músico, bailarino, trapezista e videomaker Tom Prôneur, ao lado da bailarina e trapezista brasileira Alluana Ribeiro.  Seus personagens estão confinados em um universo fantástico, no qual o movimento pendular do mastro marca o ritmo do tempo, que não para nunca. Além do mastro pendular, acrobacia, malabares e equilíbrios sobre as mãos são as (in)disciplinas circenses utilizadas na encenação.

Eles interpretam um velho casal que esqueceu como se comportar “normalmente” e o circo se tornou seu modus operandis. A dramaturgia da peça é baseada na noção do pesar (físico e afetivo) como fonte de conflitos consigo mesmo e com o outro. Apesar confronta o homem com seus limites. O espetáculo tem patrocínio da Pôle National des Arts du Cirque Méditerranée (FR) e do Conseil Général du Var (FR).

A 12ª edição do festival ocorre entre 4 e 13 de novembro e tem como tema a “arte portátil”, em referência a uma das grandes características do circo, que é a de ser itinerante. Durante 10 dias serão exibidos trabalhos cênicos da França, Finlândia, Itália e Brasil. Ao todo serão 17 apresentações em teatros, 10 no Santa Isabel, 3 no teatro Luiz Mendonça e 4 no Apolo-Hermilo, com ingressos a R$ 20 e R$ 10.

Dez pontos da região metropolitana, incluindo Parque da Jaqueira, Boa Viagem, Poço da Panela, Sítio Histórico de Olinda e Praça do Arsenal também recebem as atrações do evento.

Nos dias 5 e 6 de outubro, às 16h, o Santa Isabel acolhe o Circo do Só EU, do palhaço Esio Magalhães. O artista tenta apresentar sozinho um espetáculo com números de equilíbrio de pratos, macacos em monociclo, hipnose, mágica, acrobacia, música. Zabobrim, o palhaço, tenta cobrir o buraco deixado pelo Circo do Sol, que cancelou o convite da apresentação de última hora, depois de receber uma proposta muito mais lucrativa. Ele quer realizar sozinho o espetáculo de uma companhia inteira.

Fabiana Pirro (na foto por trás da boneca) e Lívia Falcão dividem palco em Caetana

Fabiana Pirro (nesta foto por trás da boneca) e Lívia Falcão dividem palco em Caetana

O repertório de peças inclui Caetana, com a pernambucana Duas Companhias, das atrizes Lívia Falcão e Fabiana Pirro. O título é inspirado na forma poética do escritor Ariano Suassuana denominar a morte. O espetáculo explora ludicamente o embate entre a rezadeira Benta, que já indicou o caminho para muitas almas, e a própria Caetana. A peça tem direção de Moncho Rodriguez.


Vizinhos brinca com o surrealismo das artes plásticas. No espetáculo, da companhia paulista Artinerant’s, os objetos de uso cotidiano de um homem e uma mulher se transformam, assumem novos usos e ganham novos significados para mostrar, através de números circenses, as dificuldades que enfrentamos em nosso dia a dia. Os jogos cênicos misturam acrobacias, equilíbrio, humor e poesia. Os artistas Daniel Pedro e Maíra Campos, integrantes do Circo Zanni, estão no elenco deste espetáculo, com direção de Lu Lopes (a Palhaça Rubra).

Irmãos Sartori. Foto: Andre Baumecker

Irmãos Sartori. Foto: Andre Baumecker

Os irmãos Luis Sartori do Vale e Pedro são artistas circenses formados pela renomada Escola Superior de Arts do Circo (Esac), na Bélgica. Pela primeira vez juntos eles encenam Dois, em que investigam temas como empatia, confiança, desafio e rivalidade. Inspirados pelos contos clássicos, arte de performance e experiências pessoais, misturam arco e flecha, teatro visual e circo, criando interpretações sutis, bem-humoradas e imagens potentes dessa relação fraternal.

Três filmes entram na programação deste ano., são os documentários HotXuá (dirigido por Letícia Sabetella), Circo é…Circo (direção Daniela Cucchiarelli). E o longa francês Chocolate (direção de Roschdy Zem, com Omar Sy), que narra a história verídica de um escravo negro que se torna um artista circense bastante popular na Paris do século 19. Os documentários serão exibidos no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco de Casa Forte, enquanto Chocolate será projetado na tela do São Luiz.

O Festival de Circo do Brasil estreou em 2004, com a proposta de criar um intercâmbio cultural entre artistas e público de diferentes países. Para este ano está reservado o Circus Incubator, com o apoio da La Granierie (França) e União Europeia. Jovens artistas de 4 países participam deste intercâmbio, em festivais na Finlândia, Canadá, Recife, França e Estocolmo. De Pernambuco foram selecionados três artistas: Euler Kalebe, que esteve na Finlândia e Canadá, e João Lucas e Vitor Lima, que vão à Suécia em fevereiro.

Realizado pela Luni Produções, o Festival de Circo do Brasil tem o patrocínio da Petrobras desde a sua primeira edição, em 2004. Nesta edição o evento conta com o apoio da Prefeitura do Recife, Institut Français, Consulado da França para o Nordeste e Califórnia Filmes.

Programação  

Dia 04/11 (sexta)

Santa Isabel
Abertura: Grand Teatro Dentro, Rufino Clown (ITA)
20h – Apesar; Cie Sôlta (FRA/BRA)

Dia 05/11 (sábado)

Santa Isabel
16h- Circo do só EU, Ésio Magalhães (SP)
Abertura: Cia Grand Teatro Dentro, Rufino Clown (ITA)
20h- Apesar; Cie Sôlta (FRA)

Parque da Jaqueira – Palco Portátil
17h- Caravana Tapioca (PE)

Dia 06/11 (domingo)

Santa Isabel
16h- Circo do Só EU, Ésio Magalhães (SP)
Abertura: Cia Grand Teatro Dentro, Rufino Clown (ITA)
20h- Apesar; Cie Sôlta (FRA)

Poço da Panela – Palco Portátil
17h- Caravana Tapioca (PE)

Dia 07/11 (segunda)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Dia 08/11 (terça)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Santa Isabel
15h- Giullari Clássico (ITA)

20h- Caetana
, Cia Duas em Cena (PE)

Cine Fundaj (Casa Forte)
20h- HotXuá (documentário)
22h- Circo é... Circo (documentário)

Dia 09/11 (quarta)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Cinema São Luiz
17h- Chocolate (FRA, 2016)
19h30- Chocolate (FRA, 2016)

Dia 10/11 (quinta)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Teatro Apolo
9h30- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno
15h30- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno

Santa Isabel
20h- Vizinhos, Artinerant’s (SP)

Dia 11/11 (sexta)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Teatro Apolo
9h30- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno (SP)
15h30- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno (SP)

Santa Isabel
20h- Vizinhos, Artinerant’s (SP)

Dia 12/11 (sábado)

Teatro Hermilo Borba Filho
9h às 17h- Oficina Circus Incubator

Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
16h30- Circo Zanni (SP)
18h30- Circo Zanni (SP)

Teatro Apolo
16h- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno (SP)

Santa Isabel
20h- Dois, Luis e Pedro Sartori do Vale (BRA/FIN)

Dia 13/11 (domingo)

Teatro Apolo
16h- Carpinteiros em Domicílio, Cia Suno (SP)

Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
16h30- Circo Zanni (SP)

Santa Isabel
19h- Dois, Luis e Pedro Sartori do Vale (BRA/FIN)

Serviço

Festival de Circo do Brasil
Onde: Teatros de Santa Isabel, Hermilo Borba Filho, Apolo, Luiz Mendonça, Parque da Jaqueira, Boa Viagem, Poço da Panela, Sítio Histórico de Olinda e Praça do Arsenal.
Quando: de 4 a 13 de novembro
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia) (preços referentes aos espetáculos teatrais)

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Experiência e graça de Caetana

Fabiana Pirro (em pé) e Lívia Falcão na peça Caetana. Foto: Ivana Moura

Madura, mas sem perder o viço. A peça Caetana, do Grupo Duas Companhias, de Pernambuco, mostrou no Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas, que tem as qualidades da experiência e também uma vivacidade, uma ludicidade que a montagem exige. O espetáculo que se apresentou ontem no Teatro Túlio Piva lotado, faz mais duas sessões, uma hoje e outra amanhã. O público encarou a chuva e o frio para conferir as artimanhas dessas personagens de sotaque nordestino.

O termo Caetana é a poética forma de denominar a morte, utilizada pelo dramaturgo Ariano Suassuna em suas obras e poemas. A montagem de Moncho Rodriguez agregou o título e algo da estética armorial. A peça expõe a saga da encomendadora de almas Benta (Lívia Falcão), para driblar a morte/ Caetana (Fabiana Pirro).

Espetáculo participa do Porto Alegre em Cena com três apresentações

A rezadeira já facilitou a passagem e indicou o caminho do além para várias almas perdidas, em troca de dinheiro, é claro. Mas dessa vez é ela mesma quem se vê diante da morte, e vai parar no Reino do Invisível. Lá, Benta reencontra as almas anteriormente encomendadas por ela que aparecem em forma de bonecos.

A encenação faz referências ao circo, ao teatro mambembe, à literatura de cordel, ao mamulengo e a outras manifestações populares. Parte da ação se passa dentro da estrutura em formato circense. A trilha sonora, composta pelo português Narciso Fernandes, modula os climas do espetáculo com uma partitura que junta sonoridades da música ibérica e nordestina.

Caetana estreou no dia 17 de julho de 2004, no Festival de Garanhuns/PE. Tem, portanto, oito anos, mais de 150 apresentações e já foi vista por aproximadamente 55 mil pessoas, segundo a produção. Nesse percurso, o texto, de Moncho Rodriguez e Weydson Barros, ficou mais orgânico e ajustado às necessidades da cena.

A temática do inevitável encontro com a morte e a tentativa de fuga desse destino existe desde que o mundo é mundo. Esses arquétipos narrativos remetem para a tradição ibérica, suas lendas e contos maravilhosos. Nesse universo mágico, Benta traça círculos pelo espaço com Caetana no seu encalço. Outros personagens constróem outros desenhos num enredo de situações engraçadas, inclusive a aflição de Benta.

As atrizes foram aplaudidas com entusiasmo pela plateia gaúcha

As atrizes estão cada vez mais afinadas. Lívia Falcão explora de sua Benta a graça das figuras espertinhas e o carisma do palhaço. Ela imprime leveza, ousadia e ironia à sua personagem encantadora. Fabiana Pirro interpreta Caetana com sobriedade e peso e traça com seu corpo coreografias para a personagem. Pirro também faz as outras almas que foram recomendas para o além pela benzedeira, por trás de bonecos que ganham vida nas várias vozes da atriz. As duas nos divertem com nossas próprias assombrações.

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Mais Janeiro!

O pranto de Maria Parda. Foto: Rui Pitaes

Teatro Adulto

Caetana – Texto: Weydson Barros Leal e Moncho Rodriguez. Direção: Moncho Rodriguez e Walter Nascimento. Elenco: Lívia Falcão e Fabiana Pirro. Benta, uma rezadeira, após indicar o caminho do além para várias almas perdidas, se depara com a própria morte. Hoje, às 20h30, no Teatro Barreto Júnior. Ingresso: R$ 10. Informações: (81) 3355-6398.

Caetana. Foto: Daniela Nader

O pranto de Maria Parda – Texto: Gil Vicente. Direção: Moncho Rodriguez. Elenco: Gilberto Brito. Comédia luso-nordestina. Um fusão de linguagens, sonoridades, memórias, safadezas e picardias, transpondo a personagem portuguesa de Gil Vicente para o universo dos poetas e repentistas do Nordeste brasileiro. Sexta, sábado e domingo, às 20h, no Teatro Capiba, no Sesc Casa Amarela. Ingressos: R$ 10. Informações: (81) 3267-4400.

A mulher sem pecado. Foto: Eliane Torino

A mulher sem pecado – Com a Cia. Arlecchino de Teatro (Belo Horizonte). Texto: Nelson Rodrigues. Direção: Kalluh Araújo. Olegário, um homem ciumento compulsivo, consegue poluir a cabeça da mulher com fantasias sexuais e luxúria. Lídia é pura e fiel, mas tomará uma atitude que mudará a vida do casal. Sábado, às 21h; e domingo, às 19h, no Teatro de Santa Isabel. Ingressos: R$ 10. Informações: (81) 3355-3322.

Niñas araña – Da Compañía CIT / Centro de Investigación Teatral (Santiago/Chile). A história de três adolescentes que se tornaram conhecidas porque subiam no mais alto dos edifícios perguntando se, assim, alguém as iria notar. Sábado e domingo, às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações: (81) 3355-3321.

Flor de macambira. Foto: Anderson Silva

Flor de macambira – Do grupo Ser tão teatro (João Pessoa/PB) – A bela e jovem Catirina sucumbe aos vícios e tentações mudanas e tem que mergulhar nas profundezas da sua alma para salvar a si e a seu amado, o pobretão Mateus. Sábado, às 20h, na Praça Laura Nigro, na Ribeira, em Olinda. Gratuito.

Estar aqui ou ali? – Do Visível Núcleo de Criação. Criação, pesquisa e elenco: Kleber Lourenço. O intérprete-criador busca diálogo entre corpo e espaço urbano, processando em si a experiência do trânsito e suas diferentes paisagens. Sábado, às 18h, no Alto da Sé. Gratuito.

Dança

Sobre mosaicos azuis. Foto: Camila Sérgio

O solo do outro – Realização do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo. Helijane Rocha, Jefferson Figueirêdo e Januária Finizola são os três bailarinos que mostram suas criações em dança contemporânea (respectivamente Ela sobre o silêncio, abordando as limitações impostas ao feminino; A face da falta, tocando no sentimento da recordação; e Sobre mosaicos azuis, questionando a linha tênue que separa as patologias psiquiátricas da loucura cotidiana. Hoje, às 22h, na Casa Mecane (Av. Visconde de Suassuna, 338, Boa Vista). Ingresso: R$ 10. Indicação: 16 anos. Informações: (81) 3423-6562.

Horas possíveis…enquanto seu lobo não vem – Do Camaleão Grupo de Dança (BH). A obra rata de termas urbanos como o espaço privado, a individualidade excessiva e a falta de comunicação. Sábado e domingo, ás 16h, no Alto da Sé, em Olinda. Gratuito.

Diálogos sobre Nijinsky. Foto: Marcelo Zamora

Diálogos sobre Nijinsky – Com a Virtual Companhia de Dança, de São José do Rio Preto (SP). Livremente inspirado na biografia do bailarino e coreógrafo Vaslav Nijinsky, com concepção cênica minimalista. Teatro Barreto Júnior (Rua Jeremias Bastos, Pina). Sábado e domingo, às 20h30. Ingressos: R$ 10 (único). Informações: (81) 3355-6398.

Teatro para Infância e Juventude

Algodão doce – Com o Mão Molenga Teatro de Bonecos. Direção: Marcondes Lima. Texto: Carla Denise. Bonecos com textura de algodão ajudam a contar três histórias de assombração, partindo do universo açucareiro. Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Domingo, às 16h. Ingressos: R$ 10 (único). Informações: (81) 3216-1728.

Algodão doce. Foto: Ivana Moura

O pássaro de papel – Direção: Moncho Rodriguez. Pássaro cor de mel aprende a voar, mas é rejeitado por seus pares por ser diferente. Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Sábado, às 16h. Domingo, às 18h. Ingresso: R$ 10 (único). Informações: 3355-9821.

Valentim e o Boizinho de São João – Da Cia. Máscaras de Teatro. Direção: Sebastião Simão Filho. Valentim é um viajante que tenta ajudar Mateus e Catirina no resgate de um boizinho fujão. Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Sábado, às 16h. Ingresso: R$ 10 (único). Informações: (81) 3216-1728.

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Bonecos repletos de beleza

Arnaldo Antunes levou música ao Sesi Bonecos. Fotos: Ivana Moura

Um espaço de encantamento foi armado no fim de semana no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. O público teve oportunidade de apreciar a sofisticação técnica do russo Viktor Antonov, um virtuosi na manipulação das marionetes de fios; o teatro italiano Girovago & Rondella, que cria personagens excepcionais com as mãos; os Poemas visuais do espanhol Jordi Bertran, os divertidos personagens criados com partes do corpo dos grupos peruanos Hugo y Ines e La Santa Rodilla. Mas além dessas atrações internacionais, o Sesi Bonecos do Mundo reuniu bonequeiros populares como Chico Simões, do Distrito Federal, Mestre Tonho de Pombos, Mestre Zé de Vina de Glória do Goitá (considerado o mais vigoroso atualmente), Mestres Waldeck de Garanhuns e Josivan. Eles fizeram demonstração de como se constrói e manipula os mamulengos e divertiram com seus brinquedos nas barracas.

Mestres Amaro e Zé de Vina, de Glória do Goitá

O grupo paulista XPTO trabalha com uma estética mais contemporânea, mas desta vez o diretor Osvaldo Gabrieli foi buscar inspiração no popular. A trupe exibiu o espetáculo O teatrinho de Dom Cristóvão, um texto picante de Federico Garcia Lorca, em que expõem com humor figuras trapaceirass e traidoras, como o velho rabugento Dom Cristobal e Dona Rosinha. A encenação Caetana, da Duas Companhias, arrancou elogios da plateia que encarou a chuva no sábado, ao contar a história de Benta, que tenta driblar a morte.

XPTO buscou inspiração no popular

As chuvas e as temperaturas baixas alteraram a disposição dos paulistanos de sair de casa. O festival Sesi Bonecos do Mundo, que montou uma quadra cenográfica dentro no Ibirapuera, foi visitado por número bem menor do que era esperado.

“Oito mil pessoas assistiram ao Sesi Bonecos do Mundo em São Paulo. Se este número parece grande para as costumeiras plateias de teatro de marionetes, para o Festival que ampliou as possibilidades de acesso à arte titereteira é pequeno. É que, mesmo tendo escolhido o período de maior seca na região, uma frente fria surpreendeu a estação. Agora, o Festival segue para o Rio. E a previsão é de sol para o fim de semana”, diz a publicitária pernambucana Lina Rosa Vieira, idealizadora e produtora do evento.

Lívia Falcão e Fabiana Pirro apresentaram Caetana

As duplas sessões durante três dias no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, foram lotadas. No primeiro dia os grupos peruanos Hugo y Ines e La Santa Rodilla mostraram que há muitas possibilidades de exploração artísticas do corpo, transformando mãos, pés, joelhos, barrigas e outras partes em personagens da vida cotidiana. A trupe italiana Girovago & Rondella exibiu dois personagens absolutamente sedutores, apresentando números de circo. O russo Viktor Antonov deixou o público feliz com seu desfile de bonecos de fio: uma bailarina hindu, o halterofilista, macacos acrobatas, um camelo, os detalhes são preciosos para comunicar com a público.

Nas apresentações no teatro, o projeto adotou ações de libra e audiodiscrição. “Dentre tudo, o que mais me emocionou foi a inclusão dos cegos e surdos no projeto”, conta Lina. Ela chorou quando viu um garotinho cego feliz ao tocar nos bonecos do Viktor, enquanto sua mãe explicava quem era aquela criatura.

Uma baixa do Sesi Bonecos foi Gulliver, da Cia Viaje Inmóvel, do Chile. A trupe chegou, mas o grande cenário não.

A abertura com o desfile do grupo mineiro Giramundo levou seus monstros, princesa, dragão, sapo, entre outros personagens, para brincar com crianças e adultos e reforçou a ideia que cada um possui seus monstrinhos. O Giramundo apresentou suas Torres Andantes de Bonecos. O conjunto de 9 torres, 30 bonecos de vara e 2 bonecos de mochila, apresenta várias formas de construção de bonecos gigantes.

A exposição dos 40 anos do Giramundo também é deslumbrante. Personagens dos 33 espetáculos fazem parte da mostra, reunidos por peças e com dados históricos da montagem.

Exposição reúne bonecos dos 33 espetáculos do Giramundo

Giramundo está comemorando 40 anos

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Palco em capítulos

As atrizes Fabiana Pirro e Lívia Falcão

Foi quase um mês de programação teatral. O Palco Giratório deste ano no Recife lotou teatros e articulou conversas entre criadores e o público. Promoveu oficinas. Ganhou reforço da Cena Bacante (no Espaço Muda) e da Cena Gastrô (em vários restaurantes). E encerrou sábado com o Over 12, no Sesc de Casa Amarela, com 12 horas de programações artísticas (teatro, artes plásticas, cinema, lançamento de livro e mais). Vamos começar a postar sobre alguns espetáculos que ainda não comentamos. Aos pouquinhos, como que em pequenos capítulos.

Caetana

A montagem Caetana, do grupo Duas Companhias, abriu o programa no Teatro Luis Mendonça (no Parque Dona Lindu), no dia 6 de maio. Lotado. A peça já percorreu uma longa estrada de sete anos e esse tempo de experiência e convivência entre as atrizes Lívia Falcão e Fabiana Pirro azeitou a peça.

A Caetana do título vai buscar inspiração armorialista, da figura utilizada pelo dramaturgo Ariano Suassuna em suas obras e poemas, como identidade da morte. Na peça dirigida pelo espanhol Moncho Rodriguez, com texto de Rodriguez e do poeta Weydson Barros Leal, Benta (Lívia Falcão) é uma rezadeira, que ganha dinheiro encomendando as almas paraseu destino. Mas Caetana aparece para cobrar a sua parte. Para buscar Benta.

O jogo que se segue é divertido e se mostra herdeiro de uma tradição ibérica. Benta tenta engabelar a morte. Enquanto Lívia puxa para o lado mais cômico, Fabiana envereda pelo imagens sombrias dessa figura que amedronta os humanos.

Caetana tem direção de Moncho Rodriguez, com texto de Rodriguez e do poeta Weydson Barros Leal

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