Arquivo mensais:outubro 2011

A dança do outro

Quasar apresenta seu mais recente espetáculo hoje, no Dona Lindu. Foto: Lu Barcelos, Chocolate Fotografias

O espetáculo começa com uma música de Naná Vasconcelos. Os corpos aparecem suspensos, delimitados pelo recorte de luz até que tomam forma e extensão – no outro. Na sua 22ª criação para a companhia Quasar, o coreógrafo Henrique Rodovalho resolveu que deveria construir os movimentos de acordo com as relações de um bailarino com outro. “Antes dessa montagem, trabalhava muito o indivíduo e tudo parecia consequência disso. Agora, resolvi abrir mão disso. Tanto é que alguns movimentos começam com um bailarino e só terminam no outro”, explica. O espetáculo a que se refere Rodovalho é Tão próximo, que terá sessão única hoje, às 21h, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, dentro da programação do Festival Internacional de Dança.

Há pelo menos seis anos, a Quasar, mais importante companhia de Goiânia, com projeção internacional, não se apresenta no Recife. “Temos que somar esforços, estudar projetos, que tenham uma continuidade, para que possamos vir mais”, avalia Rodovalho. No Nordeste, o Recife é a primeira cidade que verá o espetáculo que estreou ano passado em São Paulo. Oito bailarinos – sendo quatro mulheres e quatro homens – estão em cena na montagem que trata de relacionamentos. “Não me interessava muito as relações mais óbvias, claras. As relações não são só amor ou ódio. Até que ponto você faz o bem para si mesmo ou para o outro? Só ajudo o outro porque isso vai me levar para o céu?”, questiona.

Em Tão próximo, o palco é revestido por uma manta de pelúcia e o figurino é bastante simples – short, camiseta, top. Na trilha, além de Naná, as batidas eletrônica do alemão Hendrik Lorenzen “ele já é meu parceiro” e algumas outras participações, como a da cantora Céu.

Quando a Quasar foi criada, em 1988, havia um pequeno grupo de bailarinos em Goiânia interessados em investigar novas possibilidades para a dança, além do balé clássico. Henrique Rodovalho, por exemplo, só começou a dançar depois dos 20 anos, na faculdade de Educação Física. “Agora temos uns oito grupos de dança contemporânea em Goiânia. Estamos avançando”, comenta. No intuito de incentivar a formação de novos bailarinos, a companhia criou, em 2007, a Quasar Jovem, que já possui três espetáculos em seu repertório e duas premiações nacionais. “Ficamos vários anos sem nenhum bailarino de Goiânia e isso nos preocupava. O projeto não tem a intenção de formar só para a Quasar, mas de formar”, avalia. Depois de ser visto no Recife, Tão próximo será apresentado novamente em São Paulo e ainda vai para o México e Bélgica. Ingressos: R$ 5 (preço único).

Tão próximo é a 22° criação de Rodovalho para a companhia de Goiânia

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Clown sanguinário

Sua Incelença, Ricardo III estava na grade da Virada Multicultural. Fotos: Daniela Nader

No Nordeste de nem tão antigamente, os mortos não eram enterrados sem que antes fossem cantadas ou rezadas as incelências. E todo “doutor” podia ser chamado por alguém mais cheio de dedos ou embromações de “Sua Incelença”. Foi a partir dessa brincadeira semântica que o Clowns de Shakespeare rebatizaram a obra do dramaturgo inglês. Sua Incelença, Ricardo III finalmente foi apresentada no Recife (dentro da programação da Virada Multicultural), depois de já ter sido vista em vários festivais, como Curitiba (onde a peça estreou nacionalmente, antes só tinham sido feitas apresentações, antes mesmo da montagem finalizada, em Acari, no Rio Grande do Norte), Brasília, Rio e Porto Alegre. A direção da montagem é assinada por Gabriel Villela.

No Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, a semiarquibancada da trupe (eles não conseguiram autorização para montar uma arquibancada maior, como em outros lugares) foi erguida bem na esplanada. Como o espaço era mesmo muito reduzido, o público sentou no chão, ficou nas laterais, mas deu um jeitinho de conferir a performance desse importante grupo que já tem dezoito anos de estrada.

Montagem fez apenas uma sessão no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem

Desta vez, a história de truculência e a trajetória de assassinatos de Ricardo para chegar ao poder ganharam embalagem circense. As referências ao mambembe, ao improviso, à estética e criatividade dos clowns se sucedem ao longo da montagem. E é com um humor mais ácido que eles atravessam a violência com força, mas leveza. As crianças mortas viraram coco vendido na praia; o nobre que estava prestes a ser assassinado era uma cabeça de boneca.

O público entra na ilusão proposta pela montagem já a partir da música, que tem de referências nordestinas ao rock inglês. E a partir daí não tem problema ser um matador sanguinário no momento e noutro se travestir de duquesa com peruca loira e longo vestido vermelho.

A música é fundamental para a encenação construída pelo grupo

Ah….já soube que os Clowns vão pagar a “dívida” que tem com Pernambuco em grande estilo! Já existe a ideia de que eles comecem a comemorar os 20 anos da companhia aqui, em 2013, no Janeiro de Grandes Espetáculos. O grupo vai remontar Muito barulho por quase nada, peça de 2003 que teve direção conjunta de Fernando Yamamoto e Eduardo Moreira, do Grupo Galpão; além disso, já deve ter estreado o novo projeto: Hamlet, com direção de Márcio Aurélio. A ideia é apresentar essas peças e talvez outras do repertório, fazer oficinas, debates. Esperamos que tudo se concretize mesmo! Vamos cobrar!

Ficha técnica:
Direção geral: Gabriel Villela
Elenco: Camille Carvalho, Dudu Galvão, César Ferrario, Joel Monteiro, Marco França, Paula Queiroz, Renata Kaiser e Titina Medeiros
Assistência de direção: Ivan Andrade e Fernando Yamamoto
Texto original: William Shakespeare
Adaptação dramatúrgica: Fernando Yamamoto
Consultoria dramatúrgica: Marcos Barbosa
Figurino: Gabriel Villela
Cenário: Ronaldo Costa
Assistente de figurino: Giovana Villela
Aderecista: Shicó do Mamulengo
Costureira: Maria Sales
Direção musical: Marco França, Ernani Maletta e Babaya
Arranjos vocais: Ernani Maletta e Marco França
Arranjos instrumentais: Marco França
Preparação vocal: Babaya
Direção vocal para texto e canto: Babaya
Música instrumental original: Marco França
Pesquisa musical: Gabriel Villela e o grupo
Preparação corporal: Kika Freire
Iluminação: Ronaldo Costa

Próximo projeto do grupo é montar Hamlet, com direção de Márcio Aurélio

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Para não perder Os náufragos

Depois da venda praticamente instantânea de todos os ingressos para a temporada paulista, quem não conseguiu garantir uma vaguinha na plateia para ver o espetáculo do Théâtre du Soleil terá mais uma oportunidade, só que para as apresentações no Rio de Janeiro. As vendas para Os náufragos da louca esperança, com direção de Ariane Mnouchkine, começam hoje, a partir das 13h, nos sites www.sescrio.org.br e também pelo ingressorapido.com.br e pessoalmente nas bilheterias do Espaço Sesc ou Teatro Sesc Ginástico.

A temporada no Rio vai de 9 a 19 de novembro (exceto nos dias 14 e 15), de terça a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h. As apresentações serão no HSBC Arena, na Barra da Tijuca.

Para quem está no Rio ou tem possibilidade de viajar, serão realizadas uma série de encontros e oficinas com os integrantes do grupo no Espaço Sesc, em Copacabana.

O espetáculo ainda vai passar por Porto Alegre, ainda dentro da programação do Porto Alegre em Cena.

Como comprar:

www.sescrio.org.br ou www.ingressorapido.com.br

Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
Telefone: (21) 2547-0156

Teatro Sesc Ginástico
Av. Graça Aranha, 187 – Centro
Telefone: (21) 2279-4027

Companhia francesa vai ao Rio e depois segue para Porto Alegre. Foto: Divulgação

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Leveza dá o tom de Divinas

Fabiana Pirro, Lívia Falcão e Odília Nunes em Divinas. Fotos: Ivana Moura

O texto é um pretexto, um fiozinho de dramaturgia tênue e frágil, para as três artistas desenvolverem seus talentos de comediantes. Ou melhor, da arte da palhaçaria. Divinas, espetáculo em cartaz no Teatro Barreto Júnior junta no mesmo palco a elegância de Fabiana Pirro, a ingenuidade de Odília Nunes e a experiência em arrancar risos de Lívia Falcão numa montagem graciosa e divertida.

O espetáculo mostra a trajetória de buscas. Das três contadoras de histórias que ao destrincharem um rosário de coisas preciosas (pequenas ações do cotidiano, um gesto, uma lembrança) também traçam uma metáfora com a Duas Companhias, que persegue e constrói sua própria linguagem dentro desse universo artístico da contemporaneidade.

A cultura popular dá o alicerce para essas conquistas. Foram quase dois anos de pesquisa. Além do ‘mergulho’ no universo do circo e dos palhaços, com a oficina de palhaças com a atriz Adelvane Neia.
As contadoras de histórias e palhaças Uruba (Fabiana Pirro), Zanoia (Lívia Falcão) e Bandeira (Odília Nunes) procuram um mundo melhor, buscam um utopia. Eles fazem parte do povo brasileiro, carente, com fome e com uma alegria de viver que desbanca qualquer tristeza. E instala-se o lirismo.

Montagem está na programação do Festival de Circo do Brasil

Uma malandragem aqui outra ali, por coisa pouca e até parece que o elo vai quebrar. Essas palhaças destacam o valor da amizade, o respeito pela memória. E com isso elas desenham uma geografia delicada para não esquecer dos sonhos.

Nesta temporada, a trupe conta com percussão ao vivo de Lucas Teixeira e trilha sonora de Beto Lemos. Os figurinos são simples e bonitos, os sapatos de Bandeira e Zanoia são de Jailson Marcos.

Odéilia é Bandeira, Fabiana é Uruba e Lívia é Zanoia

O palco do Barreto Júnior parece que ficou grande para ação da trupe, sem cenários. A pré-estreia no Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro) criava uma cumplicidade maior com plateia, pela proximidade. O espetáculo entrou na programação do Festival de Circo do Brasil. As últimas sessões gratuitas são hoje, às 20h, no Barreto Júnior; e quinta-feira, dia 20h, às 20h, na Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo.

Fabiana Pirro como a palhaça Uruba

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Colóquio sobre festivais de teatro

Um festival de teatro pode ser muito mais que um evento, pode se transformar em um instrumento poderoso de políticas públicas. Esse é o tema do Colóquio Internacional No Reino dos Festivais, que será realizado nos dias 24 e 25 deste mês em Salvador. As inscrições gratuitas encerram hoje (sábado).

O programa ocorre no âmbito do FIAC (Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia).

O time de palestrantes é para não ter dúvidas em pegar o avião. Estarão lá Bernard Faivre d’Arcier (Presidente da Bienal de Lyon e ex-diretor do Festival de Avignon – considerado o maior festival de teatro do mundo), Vitor Ortiz (secretário executivo do Minc), Jean-Jacques Lemêtre (compositor do Théâtre du Soleil desde 1979), Eliane Costa, Gerente de Patrocínios da Petrobras; Vitor Ortiz, Secretário Executivo do Ministério da Cultura; Luciano Alabarse criador e diretor do Festival Internacional de Teatro Porto Alegre Em Cena; Rejane Reinaldo, Diretora do Programa de Formação do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE); Paulo Miguez, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (IHAC-UFBA); Nehle Franke, Diretora da Fundação Cultural da Bahia; Carlos Paiva, Superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e Ricardo Libório, Coordenador Geral do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia.

Ainda dá tempo de fazer inscrições pelo site http://www.noreinodosfestivais.blogspot.com.

A iniciativa parte da inquietação, e dos contatos, da pesquisadora e especialista no Teatro du Soleil, Deolinda Vilhena, agora também professora do Universidade Federal da Bahia, presidente da comissão organizadora do evento.

O I Colóquio Internacional No Reino dos Festivais é uma realização de três unidades da Universidade Federal da Bahia – Escola de Teatro, FACOM e IHAC, sob a coordenação da Profa. Dra. Deolinda Vilhena. Patrocínio: SECULT (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia), pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e pelo Bureau de Salvador – SCAC Recife – Embaixada da França. Apoio: TAG Arts, Pousada dês Arts e Maddá.

PROGRAMA

24 DE OUTUBRO

9h – ABERTURA: Deolinda Vilhena (Presidente da Comissão Organizadora – Escola de Teatro UFBA), Felipe de Assis (Diretor do FIAC), Daniel Marques (Diretor da Escola de Teatro UFBA), Giovandro Marcus Ferreira (Diretor da FACOM-UFBA), Sérgio Farias (Diretor do IHAC-UFBA), Patrice Bonnal (Cônsul Geral da França para o Nordeste), Vitor Ortiz (Secretário Executivo do Ministério da Cultura), Albino Rubim (Secretário de Estado da Cultura – BA) e Dora Leal Rosa (Reitora da Universidade Federal da Bahia).

10h – CONFERÊNCIA DE ABERTURA – Panorama e importância dos festivais na Europa
Por Bernard Faivre d’Arcier – Diretor da BFA Consultoria, Consultor internacional, Presidente da Bienal de Lyon e Diretor do Festival de Avignon (1980-1984/1993-2003)

11h30 – DEBATE COM PÚBLICO MEDIAÇÃO DEOLINDA VILHENA

12h30 – ALMOÇO

15h – MESA REDONDA – Cultura, identidade e organização dos territórios, apostas políticas e culturais dos festivais, articulações das intervenções públicas.

Moderador: Luiz Cláudio Cajaíba (PPGAC-UFBA)

Patrick Olivier – Professor associado à Universidade de Paris-Dauphine, diretor do Mestrado Profissional em Administração das organizações culturais – O posicionamento e o papel do Ministério da Cultura e da Comunicação em relação as iniciativas locais públicas ou privadas

Vitor Ortiz – Secretário Executivo do Ministério da Cultura – A presença do MINC nos festivais de teatro no Brasil

Nehle Franke – Diretora da Fundação Cultural da Bahia – A importância dos festivais para o estado da Bahia

Maria Rejane Reinaldo – Diretora do Programa de Formação do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE) – Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga – FNT: o Nordeste é o mundo. O mundo é aqui. Ou, afetos e impactos na cidade das flores.

Paulo Miguez – Professor, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (IHAC-UFBA) – Carnaval baiano: configuração contemporânea e desafios para uma política cultural.

17h30 – DEBATE COM PÚBLICO

NOITE – PROGRAMAÇÃO FIAC

25 DE OUTUBRO

10h – CONFERÊNCIA: As políticas culturais na França por Patrick Olivier, Universidade de Paris-Dauphine e Inspetor do Ministério da Cultura e Comunicação da França no qual dirigiu o serviço de inspeção entre 2007 e 2011.

11h30 – DEBATE COM O PÚBLICO MEDIAÇÃO DE PAULO MIGUEZ

12h30 – ALMOÇO

15h – MESA-REDONDA: Festival: qual estratégia para qual objetivo?

Moderador: Sérgio Farias (IHAC-UFBA)

Bernard Faivre d’Arcier – Presidente da Bienal de Lyon – O Festival de Avignon

Luciano Alabarse – Diretor do Porto Alegre em Cena – Poa em Cena: fronteiras cruzadas

Ricardo Libório – Diretor do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia – Festival independente no Brasil, aventura e desespero.

Jean-Jacques Lemêtre – Maestro e compositor, membro do Théâtre du Soleil – A importância dos festivais de teatro na história do Théâtre du Soleil

Carlos Paiva – Superintendente de Promoção Cultural da SECULT/BA – Programa de apoio a projetos calendarizados – um caminho para a potencialização dos festivais em cultura.

Eliane Costa – Gerente de patrocínio da Petrobras – A política de patrocínios e a ação da Petrobras junto aos festivais de artes cênicas no Brasil

17h – DEBATE COM PÚBLICO

NOITE – 20h – PROGRAMAÇÃO FIAC

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