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A força política e estética do Feteag 2025

A mon seul désir, de Gaëlle Bourges (França), abre programação. Foto: Danielle Voirin / Divulgação

Cocina Publica, do Teatro Container (Chile). Foto: Adelano

Germaine Acogny, que encerra o festival, é uma das grandes referências mundiais da dança contemporânea. Foto: Thomas Dorn

Abrir um festival com uma peça francesa que reflete sobre representações femininas medievais expressa um posicionamento curatorial questionador das desigualdades. Levar teatro contemporâneo que discute a alimentação no mundo para um assentamento de luta pela terra tem também algo de subversivo. Encerrar a programação com uma bailarina senegalesa de 81 anos que revolucionou a dança em seu país afirma uma visão de mundo que aposta na circulação de saberes. O Festival de Teatro do Agreste, em sua 34ª edição, estabelece diálogos diretos entre criação artística contemporânea e as urgências sociais do nosso tempo.

Dirigido por Fabio Pascoal, o Feteag 2025 reúne 21 espetáculos de 9 e 26 de outubro, entre nacionais e internacionais, todos com entrada gratuita. A seleção das peças aponta para inquietações contemporâneas sobre exclusão, resistência e identidade que perpassam as criações escolhidas.

A seleção desta edição opera segundo uma lógica que articula diversidade geográfica com urgências temáticas. A curadoria geral, conduzida por Fabio Pascoal, aproveitou estrategicamente a Temporada França-Brasil 2025 para trazer criações de Burkina Faso (África Ocidental), Camarões (África Central) e Guadalupe (Caribe francês), além da própria França.

Esta escolha curatorial carrega uma compreensão particular sobre como usar as relações bilaterais para amplificar vozes frequentemente marginalizadas nos circuitos internacionais.

A mostra principal leva o nome de Argemiro Pascoal, um dos fundadores do Teatro Experimental de Arte – TEA, realizador do Feteag

Les Sans adapta o pensamento de Frantz Fanon para o teatro. Foto: Julie Cherki / Divulgação

Les Sans (Os Sem), do coletivo Les Récréâtrales-ELAN, de Burkina Faso, investiga diretamente a questão dos sem-teto e excluídos sociais através de linguagem cênica que combina tradições orais africanas com teatro político contemporâneo. A peça adapta o pensamento de Frantz Fanon para o teatro através do reencontro de dois ex-companheiros de luta. Ali Kiswinsida Ouédraogo explora o conflito entre Franck e Tiibo, interpretados por Ali K. Ouédraogo e Noël Minougou, onde um mantém ideais revolucionários enquanto o outro foi cooptado pelo sistema que combatiam. Sob direção de Freddy Sabimbona, a obra interroga as limitações da independência burkinabê, investigando se a libertação formal constitui verdadeira descolonização ou apenas mudança de máscaras do poder colonial.

Quando esta criação dialoga com La Cocina Pública, do grupo chileno Teatro Container, estabelece-se uma reflexão transnacional sobre precariedade e solidariedade. A obra chilena propõe a preparação coletiva de uma refeição como ato político e comunitário, questionando quem tem direito à alimentação e ao espaço público através de performance participativa que dissolve fronteiras entre arte e vida cotidiana.

Gaëlle Bourges propõe a desconstrução de Imaginários conservadores sobre o Feminino. Foto: Thomas Greil  

À mon seul désir, de Gaëlle Bourges, que abre o festival, parte da tapeçaria medieval A Dama e o Unicórnio para reavaliar construções históricas sobre feminilidade. A coreógrafa francesa examina como a cultura europeia associou mulheres ao mundo vegetal e animal, perpetuando ideais de virgindade e pureza através de imagens aparentemente poéticas.

Bourges desenvolve uma investigação coreográfica que expõe as violências simbólicas embutidas nessas representações românticas, utilizando movimento e voz para evidenciar como tapeçarias medievais funcionavam como dispositivos de controle sobre corpos femininos. Sua pesquisa conecta-se com debates contemporâneos sobre representação e autonomia feminina, oferecendo ao público brasileiro uma análise sobre como imaginários europeus ainda influenciam percepções sobre feminilidade.

Un endroit du début com Germaine Acogny. Foto: Thomas Dorn

Por sua vez, Germaine Acogny, que encerra o festival no Teatro Santa Isabel, é uma das grandes referências mundiais da dança contemporânea. Nascida no Senegal em 1944, ela fundou a primeira escola de dança contemporânea da África Ocidental em 1977 e desenvolveu uma técnica própria que combina danças tradicionais africanas com metodologias contemporâneas ocidentais.

Em Un endroit du début, criado com Mikaël Serre, ela explora memórias corporais e ancestralidade através de movimentação que articula gestualidade ritual com linguagem cênica contemporânea. Aos 81 anos, permanece ativa como pesquisadora corporal e formadora, tendo influenciado gerações de bailarinos e coreógrafos em todo o mundo através de sua escola, onde formou centenas de artistas. Escrevi uma crítica a partir do trabalho gravado da artista em vídeo e que integrou a edição de 2021 do festival Janeiro de Grandes Espetáculos. Leia texto AQUI.

Assentamento Normandia: Arte em Território de Resistência

Espetáculo trabalha a ideia de patrimônio alimentar compartilhado

A apresentação de La Cocina Pública no Assentamento Normandia, em Caruaru, estabelece uma das escolhas mais incisivas desta edição. O Assentamento Normandia constitui um território conquistado através da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), expressando décadas de organização popular pela reforma agrária na região.

Programar uma obra sobre alimentação e participação comunitária para este espaço cria camadas de significado que expandem o artístico e o político. O Teatro Container, grupo chileno responsável pela criação, desenvolve há anos pesquisas sobre arte e alimentação como atos políticos, investigando como o preparo e partilha de comida funcionam como tecnologias de organização social.

La Cocina Pública transforma o preparo coletivo de uma refeição em ritual de partilha e reflexão sobre direitos básicos, utilizando metodologia participativa que convoca o público para ações concretas. No contexto do assentamento, onde a conquista da terra relaciona-se diretamente com o direito à alimentação, a criação ganha ressonâncias particulares sobre soberania alimentar e autonomia popular.

Mostra PE: Diversidade da Cena Local

A Mostra PE, com curadoria de Vika Schabbach e Igor Lopes, selecionou cinco trabalhos entre 57 inscrições através de chamada pública. Schabbach, crítica e pesquisadora teatral, e Igor Lopes, diretor e dramaturgo, construíram uma seleção que busca evidenciar a potência criativa da produção pernambucana contemporânea.

Itaêotá, do Grupo Totem

Bolor. Foto: Morgana Narjara

Itaêotá, do Grupo Totem, apresenta o resultado de seis anos de investigação artística que conecta ancestralidade indígena e africana com urgências contemporâneas. Este espetáculo de teatro-dança utiliza rituais coletivos e elementos como urucum para propor caminhos de regeneração social diante do colapso civilizatório, materializando a pesquisa Metamorfismo de (R)existência através de performance que dissolve fronteiras entre linguagens artísticas.

Bolor (Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi) confronta diretamente a mitologia freyreana do açúcar, empregando fungos como protagonistas metafóricos de processos de decomposição e renascimento. A criação aponta a violência estrutural da plantation açucareira através de estética da decomposição que valoriza redes subterrâneas de resistência, dialogando criticamente com pensadores como Malcom Ferdinand e Anna Tsing para imaginar futuros decoloniais.

 Joesile Cordeiro navega pela memória afetiva de ser um jovem gay em busca de reconexão com sua infância perdida na encenação Tempo de vagalume. Esta performance autobiográfica criada em Garanhuns constrói pontes poéticas entre passado e presente através de teatro intimista que busca transformar experiência pessoal em pensamento coletiva sobre identidade e pertencimento LGBTQIA+.

Eron Villar e DJ Vibra protagonizam o encontro entre música contemporânea e teatro épico que ressignifica o legado político de Malcolm X para o contexto brasileiro em Se eu fosse Malcolm?  A performance articula crítica decolonial e questões de raça e gênero através de linguagem cênico-musical que dissolve fronteiras entre som e cena, construindo um perspectiva antirracista contemporânea.

Circo Godot (Cia. Circo Godot de Teatro) acompanha dois artistas de rua em suas peripécias cotidianas, explorando relações de poder e subsistência através de humor que transita entre o universal e o particular. A comédia convoca o espírito itinerante do teatro dos espaços não convencionais para questionar hierarquias sociais através da jornada de Gatropo e Tropino.

Corpo, Memória e Resistência

Aquelas – uma dieta para caber no mundo convida para um jantar para falar de uma santa popular assassinada. Foto Raissa Dourado

Monique Cardoso investiga invisibilização da beata Maria de Araújo, protagonista do Milagre da Hóstia em 1889, no espetáculo Cavucar. Foto: Henrique Cardozo / Divulgação

As criações nacionais e internacionais estabelecem diálogos temáticos que ultrapassam fronteiras geográficas, trazendo inquietações compartilhadas sobre corpo, memória e resistência. 

O Manada Teatro, do Ceará, desenvolve Cavucar, do projeto Pote e Navalha, através da performance solo de Monique Cardoso, que também assina direção em parceria com Murillo Ramos, sobre dramaturgia de Tércia Montenegro. A obra ficcionaliza possível descoberta dos restos mortais da beata Maria de Araújo, protagonista do Milagre da Hóstia em 1889, provocando e tensionando as violações eclesiásticas que resultaram no desaparecimento de seus vestígios e invisibilidade na história de Juazeiro do Norte. A encenação utiliza elemento fantástico para convocar o público a fabular os fatos e reconstruir a história através de suposições que questionam a construção de um dos maiores centros de fé católica do mundo.

Aquelas – uma dieta para caber no mundo reconstrói a trajetória de Maria de Bil, santa popular de Várzea Alegre assassinada em 1926 pelo companheiro, através de performance participativa dirigida por Murillo Ramos e interpretada por Juliana Veras e Monique Cardoso. O espetáculo convida o público a participar do preparo de jantar envolvendo facas, carne, sangue oferecidos à mesa com os corpos das próprias atrizes, construindo encenação delicada e cruel que apresenta caleidoscópio das violências machistas através de quadros performativos que misturam história da santa com pessoalidades das intérpretes.

Sonho de uma noite de verão, montagem da Trupe Ave Lola, no Paraná. Foto: Caique Cunha / Divulgação

A Trupe Ave Lola (PR) desenvolve duas experiências distintas da dramaturgia clássica e contemporânea sob direção de Ana Rosa Genari Tezza. Sonho de uma noite de verão revisita Shakespeare através de encenação popular com tradução de Bárbara Heliodora, reunindo nove artistas em cena – Cesar Matheus, Helena de Jorge Portela, Helena Tezza, Kauê Persona, Larissa de Lima, Marcelo Rodrigues, Pedro Ramires, Wenry Bueno e Willa Thomas – e música original composta por Arthur Jaime, Breno Monte Serrat e Julia Klüber, executada ao vivo pelos músicos Arthur Jaime e Breno Monte Serrat, criando atmosfera festiva que convida o público a testemunhar momentos de paixão, magia e loucura através de linguagem teatral popular.

Já com O Vira-lata, a Trupe Ave Lola explora amizade improvável entre uma jovem romântica que sonha com grande amor e um homem-cachorro maltratado pela fome e desamparo, questionando convenções sociais quando surge um pretendente desconhecido que desperta ciúmes do fiel amigo, construindo fábula contemporânea sobre solidariedade, abandono e os conflitos entre sonhos românticos e lealdade verdadeira.

 Lucas Torres e Bruno Parmera em Édipo REC. Foto: Estúdio Orra: Zé Rebelatto e Grabriela Passos 

O Grupo Magiluth, de Pernambuco, em seu 16º trabalho que celebra duas décadas de pesquisa continuada, comparece ao Feteag com  Édipo REC, um trabalho com direção de Luiz Fernando Marques e dramaturgia de Giordano Castro. O elenco composto por Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sergio Cabral, Nash Laila e Pedro Wagner constrói releitura não-linear da tragédia sofocliana que joga com a cronologia para questionar a noção de tempo no teatro.

Tebas transforma-se no Recife fantasmagórico onde o Corifeu é representado pela câmera, espelhando a produção excessiva de imagens contemporâneas das redes sociais e câmeras de segurança. A linguagem audiovisual busca inspiração no cinema experimental, desde Édipo Rex (1967) de Pasolini até Funeral das Rosas (969) de Matsumoto, questionando se teatro e cinema conseguem dar conta das múltiplas tragédias contemporâneas e por que o público sairia de casa para assistir história tão antiga.

Mas mesmo a vida sendo decepcionante, como proclama o personagem de Erivaldo Oliveira, tem festa nesta Tebas-Recife-Caruaru no primeiro ato desta peça-peste, que convoca seu povo a dançar até o pé inchar.

Cartografias Francófonas: Trabalho, Identidade e Memória Colonial

Le Quai de Ouistreham fala da situação de mulheres que trabalham em empregos precários e invisíveis

Zora Snake em L’Opéra du villageois. Foto: Agir pour le Vivant

Corpos, da Cie Mangrove, (Guadalupe/Brasil). Foto: Divulgação

As criações francófonas constroem considerações convergentes sobre precariedade, identidade e legados coloniais através de perspectivas estéticas diversificadas.

Le Quai de Ouistreham, da Compagnie la Résolue, da França, adapta investigação jornalística de Florence Aubenas sobre mulheres que trabalham em empregos precários e invisíveis, especialmente na limpeza e na manutenção, e que vivem à sombra da crise econômica. Dirigido por Louise Vignaud, com atuação de Magali Bonat.

L’Opéra du villageois, da Compagnie Zora Snake, de Camarões, manifesta resistência através de performance-ritual que ressuscita potência das máscaras africanas roubadas pelos museus europeus. Zora Snake atravessa dimensão sagrada para questionar pilhagem cultural colonial, utilizando bandeira da União Europeia, rituais com ouro e sal para despertar força ancestral das comunidades aldeãs consideradas “incivilizadas”.

Corpos (Cie Mangrove, Guadalupe/Brasil) explora estigmatização do corpo negro através de laboratório coreográfico desenvolvido por Hubert Petit-Phar e Augusto Soledade, questionando representações corporais e sexuais no cruzamento entre culturas caribenhas e brasileiras, investigando singularidades corporais diante de fronteiras estéticas e políticas contemporâneas.

palestra-performance La Vérité vaincra / A Verdade Vencerá recria entrevista de Lula a Ivana Jinkings 

La Vérité vaincra / A Verdade Vencerá, da Cie KastôrAgile, (França) desenvolve palestra-performance que adapta o livro homônimo de Luiz Inácio Lula da Silva, baseando-se nas entrevistas concedidas à editora Ivana Jinkings em janeiro de 2018, momento crucial anterior à prisão do ex-presidente. Gilles Pastor transforma documento político em teatro de resistência através das interpretações de Alizée Bingöllü e Jean-Philippe Salério, que recriam cenicamente os diálogos sobre julgamento, vida pessoal e trajetória política de Lula.

A obra materializa voz de resistência do homem afastado injustamente da arena política, expondo raiva sagrada contra injustiças através de linguagem cênica que articula testemunho pessoal com denúncia estrutural. No contexto do Feteag, esta criação francófona estabelece pontes diretas entre público brasileiro e reflexão internacional sobre democracia e autoritarismo, questionando como arte pode amplificar vozes silenciadas pelo poder judiciário e construir solidariedade transnacional diante de perseguições políticas contemporâneas.

Experiências Imersivas e Linguagens Expandidas

Dancemos… que o mundo se acaba!, da BiNeural-MonoKultur, da Argentina. Foto: Reprodução

Fábulas de nossas fúrias explora o universo gay. Foto: Rogério Alves / Divulgação

peça Neva, de Guillermo Calderón, em montagem de Marianne Consentino (PE)

Três criações exploram possibilidades de imersão e participação através de dispositivos que expandem linguagens teatrais tradicionais. Dancemos… que o mundo se acaba!, da BiNeural-MonoKultur, da Argentina, propõe áudio-obra interativa que transforma público em dançarinos, questionando coreomanias, epidemias de dança e comportamentos coletivos através de jogo que reflete sobre sedução, pandemia e medo de dançar sozinho.

Fábulas de nossas fúrias (Coletivo Atores à Deriva, RN) articula contação de histórias com afirmação política da raiva como elemento transformador, inspirando-se em Paulo Freire para questionar hierarquias conservadoras através de viados que justificam suas fúrias expondo modos de amar, invertendo lógicas que classificam “bichos” em estruturas de poder.

Neva, montagem de Marianne Consentino (PE), ambienta-se no Domingo Sangrento de 1905 em São Petersburgo, friccionando arte e política através de três atores refugiados em teatro durante massacre nas ruas. A peça de Guillermo Calderón questiona a serventia do teatro através de Olga Knipper, viúva de Tchekhov, que encena repetidamente a morte do marido enquanto cidade desaba, oscilando entre necessidade absoluta e total irrelevância da arte.

Formação de público como letramento cênico

No que se refere à formação de público, a Mostra Erenice Lisboa, voltada para estudantes da rede pública, desenvolve uma compreensão específica sobre letramento teatral. Através das apresentações de O Vira-lata, da Trupe Ave Lola, seguidas de conversas entre artistas e estudantes, o festival promove o desenvolvimento de repertórios simbólicos e críticos.

Este letramento teatral envolve a construção de ferramentas interpretativas que permitam aos jovens ter apreciar as criações teatrais em suas potencialidades expressivas. As conversas pós-apresentação funcionam como espaços de processamento coletivo da experiência estética, fundamentais para a formação de público crítico e engajado com as artes cênicas.

Atividades Formativas: Aprendizado e Troca de Saberes

Paralelamente, as oficinas propostas pelo festival desenvolvem lógicas distintas mas complementares de formação artística. A oficina com Gaëlle Bourges permite aprofundamento na pesquisa específica da artista francesa sobre feminilidade e construção de imagens corporais. Já a oficina do Teatro Container integra os participantes no processo de montagem de La Cocina Pública, criando vínculos entre formação teórica e prática artística concreta.

Vendas e Mordaças, oficina exclusiva para mulheres conduzida por Faeina Jorge, Juliana Veras e Monique Cardoso, propõe vivência sensorial e afetiva em torno de identidades femininas através de exercícios que articulam corpo, voz e memória pessoal. Por outro lado, o workshop Corpos e Territórios, ministrado por Hubert Peti-Phar, articula fundamentos culturais brasileiros e guadalupenses através de práticas corporais que dialogam com tradições ancestrais e princípios contemporâneos da dança.

Larissa Lisboa apreenta espetácuo Inquieta, com participação de Gabi da Pele Preta

A programação musical está garantida com o espetáculo Inquieta, performance de Larissa Lisboa com participação de Gabi da Pele Preta, evidenciando nova cena musical pernambucana focada em compositoras negras e LGBTQIA+. Larissa Lisboa, cantora e multi-instrumentista recifense, constrói repertório que mistura criações autorais com obras de compositoras contemporâneas locais, enquanto Gabi da Pele Preta, de Caruaru, desenvolve sonoridade inovadora que mescla maracatu, coco, afoxé com jazz, soul e reggae, celebrando identidade negra através de conscientização social musicada.

Sustentabilidade e Articulação Institucional

Quanto à sustentabilidade, a rede de apoios do FETEAG 2025 demonstra capacidade articulatória entre diferentes esferas: federal (Ministério da Cultura), estadual (Funcultura, Fundarpe), municipal (Fundação de Cultura de Caruaru) e privada (Banco do Nordeste, Rede Itaú, Vale). A parceria com o Consulado Geral da França viabiliza a programação francófona dentro da Temporada França-Brasil 2025, demonstrando como acordos bilaterais podem amplificar recursos para programação cultural.

Com 34 edições no currículo, o Feteag confirma a qualidade artística com relevância social, diversidade internacional com fortalecimento da produção local, formação de público com experimentação estética. Esta programação evidencia como festivais podem funcionar como plataformas de articulação entre diferentes mundos – artísticos, sociais, educacionais, políticos. Neste contexto, o festival afirma o teatro como necessidade social e política em tempos de urgência democrática, construindo experiências coletivas de pensamento e sensibilidade.

Programação Completa do FETEAG 2025

RECIFE
09 e 10/10

À mon seul désir (Ao meu único desejo),
de Gaëlle Bourges (França)
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 20h | Classificação: 18 anos

CARUARU
15/10

Dancemos… que o mundo se acaba!,
de BiNeural-MonoKultur (Argentina)
Local: Estação Ferroviária | Horário: 19h | Classificação: Livre

Édipo REC, do Grupo Magiluth (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 18 anos

16/10

Fábulas de nossas fúrias, de Cia de Atores à Deriva (RN)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 16 anos

17/10

NEVA,
de Marianne Consentino (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 16 anos

18 e 19/10

Sonho de uma noite de verão,
da Trupe Ave Lola (PR)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 17h | Classificação: 12 anos

A Cozinha Pública (La Cocina Pública),
Teatro Container (Chile)
Local: Centro de Formação Paulo Freire (Assentamento Normandia) | Horário: 17h | Classificação: Livre

20 a 24/10

O Vira-lata,
da Trupe Ave Lola (PR) – 
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 9h | Classificação: Livre

20/10

Itaêotá,
do Grupo Totem (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Cavucar,
da MANADA Teatro (CE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

21/10

Circo Godot,
da Cia. Circo Godot de Teatro (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: Livre

Aquelas – uma dieta para caber no mundo,
do MANADA Teatro (CE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

22/10

Se eu fosse Malcolm?,
de Eron Villar & DJ Vibra (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

Le Quai de Ouistreham (O cais de Ouistreham),
da Compagnie la Résolue (França)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

23/10

Tempo de vagalume,
de Joesile Cordeiro (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

A Verdade Vencerá/LULA (La Vérité vaincra/LULA),
de Gilles Pastor – KastôrAgile (França)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

24/10

Bolor,
de Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Les Sans (Os sem),
de Les Récréâtrales-ELAN (Burkina Faso)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

25/10

L’Opéra du villageois (A ópera do camponês),
da Compagnie Zora Snake (Camarões)
Local: Estação Ferroviária | Horário: 17h | Classificação: Livre

Corpos,
da Cie Mangrove (Guadalupe/Brasil)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Inquieta (Música),
de Larissa Lisboa com Gabi da Pele Preta (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 16 anos

RECIFE
26/10

À un endroit du début (Em algum lugar no início),
de Germaine Acogny e Mikaël Serre (Senegal/França)
Local: Teatro de Santa Isabel | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

Oficinas e Atividades Formativas

Workshop Corpos e Territórios – Hubert Peti-Phar
Oficina de Criação – Teatro Container
Pesquisa Corporal – Gaëlle Bourges
Vendas e Mordaças – Faeina Jorge, Juliana Veras e Monique Cardoso (exclusiva para mulheres)

Serviço

📍 Período: 09 a 26 de outubro de 2025
🎭 Entrada: Gratuita mediante retirada de ingressos no Sympla
🏛️ Locais: Teatro Santa Isabel (Recife), Teatro Luiz Mendonça (Recife), Teatro Lycio Neves (Caruaru), Teatro Rui Limeira Rosal (Caruaru), Estação Ferroviária (Caruaru), Centro de Formação Paulo Freire – Assentamento Normandia (Caruaru)
🎯 Direção Geral: Fabio Pascoal
👥 Curadoria Mostra PE: Vika Schabbach e Igor Lopes
💰 Apoio: Ministério da Cultura, Funcultura, Fundarpe, Fundação de Cultura de Caruaru, Banco do Nordeste, Rede Itaú, Vale, Consulado Geral da França
ℹ️ Mais informações: @feteag

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Cartografia cênicas:
o teatro desses dias de setembro no Recife

-Gregório Duvivier em O céu da língua. Foto Priscila Prade / Divulgação 

Numa cidade como o Recife, que transborda manifestações culturais diariamente, nossa curadoria teatral seleciona espetáculos que merecem atenção de público implicado, apaixonado. O teatro, como linguagem que nos interessa prioritariamente, divide espaço com propostas cênicas híbridas e performances que expandem fronteiras artísticas, compondo um mosaico que vai do experimental franco-pernambucano às grandes produções nacionais que escolhem Recife como praça. Nessas sugestões também incluímos a estreia da Flup.PE (Festa Literária das Periferias) e dois shows musicais autorais – Ivyson e Pedra Letícia – que dialogam com nossos interesses.

Nosso recorte aponta a oferta de montagens na cidade que problematizam questões contemporâneas através de linguagens cênicas variadas, biografias artísticas que se transformam em dramaturgia e propostas que interrogam o próprio fazer teatral. São nossas apostas temporárias entre locais e circulação nacional, destacamos trabalhos que dialogam com urgências do presente e que buscam alguma complexidade formal.

Banquete de Amor e Falta, da (Acupe Grupo de Dança, integra programação do CumpliCidades

Operando como laboratório de questões identitárias contemporâneas, o festival Cena CumpliCidades reúne três coreografias internacionais que funcionam como tríptico sobre pertencimento cultural. Com 30 minutos de duração, Chenn com Yoghan “Hope” Tacita e Francis “Madak” Saint-Albin, articula hip-hop, break e krump como arqueologia do trauma colonial, enquanto Frida Kahlo – A Coluna Quebrada, solo de Jussandra Sobreira, investiga em 10 minutos a transcendência artística através da dor física. Completando o trio, Mes Horizons. com Shaona Legrande, propõe reflexão intimista de 15 minutos sobre identidade cultural – produção Touka Danses CDCN Guiana Francesa que dialoga diretamente com processos de descolonização cênica.

Dentro da programação local do CumpliCidades, a performance Se Eu Fosse Malcolm não se constitui como biografia, mas como diálogo crítico com o legado de Malcolm X através de teatro épico narrativo que amalgama música identitária e abordagem decolonial. I

nspirado em estudos lacanianos sobre topologia amorosa, Banquete de Amor e Falta (Acupe Grupo de Dança) traduz pesquisas do Sistema Laban em movimentação cênica que explora figuras topológicas na perspectiva do amor, mergulhando na poesia como alicerce para linguagem corporal.

A partir do romance de Rachel de Queiroz, Mouras utiliza o universo de Maria Moura como pretexto para investigação coreográfica sobre resistência feminina nordestina, transformando o palco em território vivo de luta e memória. A investigação sobre identidade prossegue em Se eu fosse eu, onde Luna Padilha convida o público a refletir sobre autopercepção através da dança, explorando a tensão entre o “eu real” e o “eu persona” num encontro com os múltiplos EUS que habitam cada corpo.

Contando Histórias é apresentado pela ONG INTEGRARTE, que favorece o desenvolvimento de pessoas com déficit de inteligência através da arte. O espetáculo nasceu do contexto da pandemia, criando trama onde artistas isolados em suas casas encontram, nos sonhos, a possibilidade de se reunir novamente. Entre abraços e reencontros imaginados, cada um compartilha sua vivência durante a Covid-19, transformando saudade, dor e resistência em poesia cênica com leveza, emoção e sensibilidade que reafirma o poder da arte como memória, encontro e cura coletiva.

Balancê Antropofágico propõe inversão simbólica onde ancestralidade nordestina “devora” modernidade europeia – projeto de YLA (19 anos de vivência francesa) com guitarrista Jeff Manuel que opera como manifesto sonoro anticolonial.

Ocupação Espaço O Poste aposta na arte continuada e formação. Na foto Helô em Busca do Baobá Sagrado

Fomentado pelo Programa FUNARTE de Apoio A Ações Continuadas 2023, a Ocupação Espaço O Poste desenvolve programação que democratiza acesso às artes cênicas através de propostas experimentais e pedagógicas. Helô em Busca do Baobá Sagrado exemplifica essa abordagem ao apresentar ensaio aberto que convida crianças e responsáveis a contribuir com olhares sobre obra em processo, transformando a menina Helô numa heroína que parte em missão para encontrar o Fruto Sagrado do Baobá e curar seu povo da tristeza ocasionada pelo racismo.

A proposta de Agrinez Melo reúne personagens encantados como Pé de Jaca, Dr. Sapão, Anahí, Corujita e Comadre Fulorzinha numa aventura que confronta Seu Quadrado e sua visão cinza do mundo, operando simultaneamente como arte e ferramenta de transformação social. O projeto Ocupação exemplifica políticas de fomento continuado que garantem pesquisa, experimentação e formação em espaços artísticos independentes, consolidando circuitos alternativos de produção na cidade.

Enquanto você voava, eu criava raízes, da Cia. Dos à Deux. Foto: Divulgação

Precedido de 60 mil espectadores e críticas que destacam sofisticação dramatúrgica, O Céu da Língua chega com Gregório Duvivier – formado em Letras, autor de três livros de poesia – utilizando stand-up como dispositivo para reflexão metalinguística sobre língua portuguesa. Sob direção de Luciana Paes (Cia. Hiato), o espetáculo opera entre comédia e ensaio, propondo “escuta afetuosa” da linguagem cotidiana.

Representando 25 anos de pesquisa franco-brasileira, Enquanto você voava, eu criava raízes (Cia. Dos à Deux) consolida linguagem de André Curti e Artur Luanda Ribeiro que prescinde da palavra para investigar corporalidades em trânsito. Premiado por APTR e Shell, o trabalho exemplifica teatro físico contemporâneo que dialoga com tradições europeias sem perder especificidade brasileira.

Memória e Biografia como Dramaturgia

Mel Lisboa como Rita Lee

Através da figura de Renato Prietto – ator consagrado da dramaturgia kardecista nacional – Chico Xavier em pessoa propõe “sabatina” com o médium que psicografou mais de 400 livros. Dirigido por Rogério Faria Jr., o formato transmídia questiona fronteiras entre encenação e documento, transformando figura histórica em personagem teatral através de dramaturgia de Rodrigo Fonseca.

Marcando retorno de Mel Lisboa ao papel que a consagrou, Rita Lee Autobiografia Musical desta vez se baseia na autobiografia da cantora (bestseller com 200 mil exemplares). Sob direção de Márcio Macena e Débora Dubois, a montagem transforma confissão editorial em partitura cênica, explorando “honestidade escancarada” como material dramatúrgico.

Produções Pernambucanas em Destaque

Aurora entre vias e vida. Foto Max Levay

Inaugurando dramaturgia autoral do Centro de Artes Grupo Vida (45 anos, Rita Vieira), Aurora entre Vias e Vidas transforma toponímia recifense – Rua do Sol, Rua da Aurora – em alegoria urbana. Com direção cênica de Analice Croccia, o espetáculo reúne 60 bailarinos em proposição multigeracional que inclui intervenção de arte urbana (Teo Armando) e trilha com artistas pernambucanos, celebrando a cidade através de dança multimídia que combina jazz, sapateado, contemporâneo e danças urbanas.

Idealizado por Babi Johari em coautoria com Caio Pinheiro, Híbridos – Enlaces explora ancestralidade das conexões através de dança fusionada de base oriental árabe. A proposta gratuita no Teatro Arraial transborda inquietações através de impressões próprias sobre liberdade, movimento e som, caracterizando-se por elementos diferentes que compõem este gênero de dança híbrida.

Vencedor de Melhor Espetáculo no festival Janeiro de Grandes Espetáculos 2023, Pedras, Flor e Espinho – O Musical mergulha na cultura nordestina através da história de uma família sertaneja em fuga após emboscada que muda seus destinos. A produção traz emoção, poesia e trilha sonora autoral, transformando jornada árida em narrativa sobre violência e esperança do sertão.

As avós, com Olga Ferrario

Investigando ancestralidade feminina através de experimentação que conecta teatro e cinema, As Avós (Olga Ferrario) propõe “espiral em movimento” como metáfora para transmissão matrilinear de saberes. A montagem dialoga com tendências contemporâneas de autobiografia familiar como material cênico, convocando sentimentos, sensações e aprendizados sobre ciclos, nascimentos e mortes.

Teatro Imersivo e Novas Tecnologias
Representando adaptação brasileira de formato internacional, The Jury Experience (direção Talita Lima) transforma espectadores em jurados de caso criminal fictício. A proposta utiliza códigos QR e interatividade digital para questionar limites entre ficção e realidade, colocando decisões éticas nas mãos do público através de dramaturgia participativa de 75 minutos.

Sharlene Esse, primeira dama trans do Teatro Pernambucano participa de O Shá da Meia Noite

Destacando-se pela participação de Sharlene Esse, primeira dama trans do Teatro Pernambucano, O Shá da Meia Noite apresenta comédia vaudeville que problematiza disputas por estrelato. A presença de Sharlene representa avanço na representatividade trans nos palcos locais, consolidando carreira de mais de 40 anos que a transformou em referência LGBTQIA+ na cena pernambucana em trama de intrigas artísticas entre cantora veterana e coristas invejosos.

Música Autoral e Celebrações
Expandindo seu discurso amoroso em “Afinco“, seu novo disco, o cantor e compositor pernambucano Ivyson traz lirismo e sensibilidade raros no panorama nacional. Reconhecido pelo hit Girassol e pelo álbum O Outro Lado do Rio, o artista mistura raízes regionais com sonoridades contemporâneas numa proposta que vai do maracatu ao indie rock com letras profundamente sentimentais.

Comemorando 20 anos de trajetória no rock cômico brasileiro, Pedra Letícia chega sob comando de Fabiano Cambota para celebrar uma jornada que levou a banda goiana de bares regionais para programas de TV de grande audiência. A turnê comemorativa promete viagem pela trajetória do grupo, relembrando sucessos que incluem participação no Programa do Porchat como banda oficial e o viral Como que Ocê Pôde Abandoná Eu?.

Flup.PE, Literatura Periférica em Movimento

Estreando em Pernambuco com curadoria de Jaqueline Fraga (finalista Jabuti 2020) e coordenação de Tarciana Portella, a Festa Literária das Periferias reúne Itamar Vieira Junior, Marilene Felinto, Jesse de Souza, Carla Akotirene e muitas personalidades da literatura, das artes em geral e dos movimentos sociais, em homenagem a Solano Trindade. O evento opera como plataforma de democratização literária, expandindo circuitos tradicionais através de programação gratuita no Compaz Eduardo Campos.

 

PROGRAMAÇÃO SELECIONADA

📅 10-14 DE SETEMBRO

FLUP – Festa Literária das Periferias
📍 Compaz Governador Eduardo Campos, Alto de Santa Terezinha
🕐 Horários variados durante os 5 dias
🎫 GRATUITO | ♿ Com tradução em libras
Democratização literária através de saberes periféricos
📲 @flup.pe2025 | vempraflup.com.br/flup-pernambuco

📅 10 DE SETEMBRO 

Se Eu Fosse Malcolm
📍 Teatro Apolo | 🕐 19h
🎫 GRATUITO | 🎭 14 anos | ⏱️ 60min
Diálogo crítico com legado de Malcolm X via performance épica

Pedras, Flor e Espinho – O Musical
📍 Teatro Barreto Júnior | 🕐 19h30
🎫 R$ 40 ∣R$ 20  | 🎭 14 anos | ⏱️ 2h
Drama sertanejo premiado sobre família em fuga através do Nordeste

📅 10-21 DE SETEMBRO

Enquanto você voava, eu criava raízes – Cia. Dos à Deux (Temporada de 2 semanas)
📍 CAIXA Cultural Recife | 🕐 20h
🎫 R30(inteira)∣R 15 (meia) | 🎭 18 anos | ⏱️ 55min
25 anos de pesquisa franco-brasileira em teatro físico

📅 11 DE SETEMBRO 

Mouras
📍 Teatro Apolo | 🕐 18h
🎫 R20(inteira)∣R 10 (meia)
Resistência feminina sertaneja inspirada em Rachel de Queiroz

Chico Xavier em pessoa – Renato Prietto
📍 Teatro de Santa Isabel | 🕐 20h
🎫 R80(inteira)∣R 40 (meia/social)
Sabatina transmídia com médium que psicografou 400 livros

Três Coreografias Internacionais (Chenn/Frida Kahlo/Mes Horizons)
📍 Teatro Hermilo Borba Filho | 🕐 20h
🎫 GRATUITO | ⏱️ 55min total
Tríptico franco-guianense sobre trauma colonial e pertencimento

📅 12 DE SETEMBRO 

Se eu fosse eu – Luna Padilha
📍 Teatro Apolo | 🕐 19h
🎫 R$ 20 | 🎭 14 anos
Investigação coreográfica sobre múltiplos EUS que habitam cada corpo

O Céu da Língua – Gregório Duvivier
📍 Teatro do Parque | 🕐 20h
🎫 Plateia: R140(inteira)∣R 70 (meia) | Camarote: R120(inteira)∣R 60 (meia) | 🎭 12 anos | ⏱️ 85min
Metalinguagem cômica sobre língua portuguesa por poeta-comediante

Pedra Letícia – 20 Anos
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 21h
🎫 A partir de R$ 70
Duas décadas do rock cômico que conquistou o Brasil

📅 13 DE SETEMBRO 

Helô em Busca do Baobá Sagrado (Ensaio aberto – Ocupação Poste)
📍 Local a confirmar | 🕐 16h
🎫 GRATUITO (Sympla – sujeito à lotação)
Ensaio aberto infantil sobre aventura antirracista

O Céu da Língua – Gregório Duvivier (Sessão extra)
📍 Teatro do Parque | 🕐 17h
🎫 Plateia: R140(inteira)∣R 70 (meia) | ⏱️ 85min
Humor inteligente que transforma palavras em poesia

Contando Histórias – Grupo INTEGRARTE
📍 Teatro Apolo | 🕐 18h
🎫 R20(inteira)∣R 10 (meia) | 🎭 LIVRE
Teatro inclusivo sobre reencontros imaginados durante a pandemia

Banquete de Amor e Falta – Acupe Grupo de Dança
📍 Teatro Hermilo Borba Filho | 🕐 19h
🎫 R$ 20 | 🎭 16 anos
Figuras topológicas do amor em linguagem corporal poética

Aurora entre Vias e Vidas
📍 Teatro de Santa Isabel | 🕐 19h
🎫 A partir de R$ 60 | ⏱️ 1h30
Toponímia recifense transformada em alegoria urbana multigeracional

As Avós – Olga Ferrario
📍 Espaço Rede Moinho, Travessa Tiradentes, 148 | 🕐 19h
🎫 R$ 30 + taxa
Experimentação teatro-cinema sobre ancestralidade matrilinear

IVYSON
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 20h
🎫 R50aR 100
Lirismo pernambucano que conquistou o país com “Girassol”

📅 14 DE SETEMBRO 

Balancê Antropofágico – YLA e Jeff Manuel
Museu de Arte Sacra de Pernambuco, Olinda | 🕐 16h30
🎫 GRATUITO (50 vagas por ordem de chegada)
Manifesto sonoro anticolonial franco-pernambucano

Aurora entre Vias e Vidas
Teatro de Santa Isabel | 🕐 17h
🎫 A partir de R$ 60 | ⏱️ 1h30
Travessia sensível entre concreto e imaginário recifense

📅 18 DE SETEMBRO 

O Shá da Meia Noite
Teatro Fernando Santa Cruz | 🕐 19h30
🎫 GRATUITO (retirar pelo Sympla)
Vaudeville com Sharlene Esse, primeira dama trans do teatro pernambucano

Rita Lee Autobiografia Musical – Mel Lisboa
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 20h
🎫 A partir de R$ 110 + taxas
Bestseller editorial transformado em confissão cênica

📅 19 DE SETEMBRO 

Híbridos – Enlaces
📍 Teatro Arraial Ariano Suassuna, Rua da Aurora | 🕐 19h
🎫 GRATUITO
Dança fusionada que explora ancestralidade das conexões orientais

O Shá da Meia Noite
Teatro Fernando Santa Cruz | 🕐 19h30
🎫 GRATUITO (retirar pelo Sympla)
Vaudeville com Sharlene Esse, primeira dama trans do teatro pernambucano

Rita Lee Autobiografia Musical – Mel Lisboa
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 20h
🎫 A partir de R$ 110 + taxas
Bestseller editorial transformado em confissão cênica

📅 20 DE SETEMBRO 

Rita Lee Autobiografia Musical – Mel Lisboa
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 16h
🎫 A partir de R$ 110 + taxas
Bestseller editorial transformado em confissão cênica

Híbridos – Enlaces
📍 Teatro Arraial Ariano Suassuna, Rua da Aurora | 🕐 19h
🎫 GRATUITO
Dança fusionada que explora ancestralidade das conexões orientais

Rita Lee Autobiografia Musical – Mel Lisboa
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 20h
🎫 A partir de R$ 110 + taxas
Bestseller editorial transformado em confissão cênica

The Jury Experience: Um Julgamento Imersivo
📍 Teatro RioMar | 🕐 20h30
Com 20% OFF (válido 9-10/09) | 🎭 12 anos | ⏱️ 75min
Formato internacional que transforma espectadores em jurados

📅 21 DE SETEMBRO 

Rita Lee Autobiografia Musical – Mel Lisboa
📍 Teatro Luiz Mendonça | 🕐 18h
🎫 A partir de R$ 110 + taxas
Bestseller editorial transformado em confissão cênica

📅 26-27 DE SETEMBRO 

Híbridos – Enlaces
📍 Teatro Arraial Ariano Suassuna, Rua da Aurora | 🕐 19h
🎫 GRATUITO
Dança fusionada que explora ancestralidade das conexões orientais

📅 02 DE NOVEMBRO 

The Jury Experience: Um Julgamento Imersivo
📍 Teatro RioMar | 🕐 20h30
🎭 12 anos | ⏱️ 75min
Formato internacional que transforma espectadores em jurados

 

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Festival Cena CumpliCidades 2025:
Dramaturgias do Brasil e da França no Recife

Até aqui tudo bem, da Cia MALKA( França), abre a programação do Cena CumpliCidades. Foto: Alicia Cohim

Obras do Brasil e da França ocupam oito espaços culturais durante quase um mês de programação que redesenha o mapa das artes cênicas no Recife. O Festival Cena CumpliCidades retorna em setembro com uma curadoria que faz o hip hop francês conversar com o carnaval pernambucano, a militância das prostitutas brasileiras dialogar com a dança contemporânea, e o legado de Malcolm X ressoar nas periferias do Nordeste. Entre 4 e 28 de setembro de 2025, 20 espetáculos europeus e brasileiros de sete estados e 10 cidades de Pernambuco, em diferentes linguagens cênicas compõem uma programação que vai dos teatros tradicionais aos museus, dos parques aos centros universitários, em 27 apresentações, complementada por 4 ações formativas que consolidam o evento como plataforma de intercâmbio artístico e formação cultural no país.

O festival abre com uma provocação estética que reverbera por toda a programação: como as identidades contemporâneas se articulam em territórios de memória colonial? A Cia MALKA (França), que desenvolve pesquisas sobre encontros culturais há mais de duas décadas, exibe    Até Aqui Tudo Bem, enquanto Grupo de Dança da UFPE – LEED apresenta Danças do Carnaval de Recife, expondo a energia vibrante de três manifestações de uma das maiores festas populares do Brasil: o frevo, o caboclinho e o coco (04/09, 19h, Teatro de Santa Isabel, R$ 20). O espetáculo promove um encontro na mesma noite entre a cultura hip hop francesa – nascida também nas periferias de imigrantes – e a energia carnavalesca pernambucana , criando um diálogo coreográfico que borra fronteiras culturais ao demonstrar como diferentes formas de resistência popular podem se potencializar mutuamente.

Essa mesma urgência decolonial pulsa em CHENN / FRIDA DANSE | A Coluna Quebrada / Mes Horizons (11/09, 20h, Teatro Hermilo Borba Filho, Gratuito), do Centro Nacional de Desenvolvimento Coreográfico (CDCN) Touka Danses, da Guiana Francesa, que se apresenta no Brasil no âmbito da Temporada França-Brasil 2025, (o Touka Danses é a primeira entidade ultramarina vinculada à rede nacional francesa de CDCN’s). Um tríptico coreográfico que investiga as cicatrizes e potências do passado colonial através de três perspectivas: a corrente que simbolicamente une mas também pode confinar (CHENN), a transformação da dor em potência criativa (inspirado em Frida Kahlo) e a busca identitária das populações guianenses (Mes Horizons), explorando as complexidades de identidades que se formam entre diferentes referências culturais.

Brasil Plural: Geografias Afetivas

Tudo Acontece na Bahia (05/09, 19h, Teatro de Santa Isabel, R$ 20), da Subitus Company (PE), constrói uma geografia afetiva entre Rio de Janeiro e Salvador, onde Francisco e Quitéria vivenciam a tensão entre migração e pertencimento, entre partir e ficar, atravessando as complexidades urbanas, históricas e culturais de duas metrópoles brasileiras.

Gabri[Elas], do Coletivo Mulheres da Vida (SP) com Fernanda Viacava e direção de Malú Bazán. Foto: Divulgação

Fernanda Viacava constrói um “crochê de narrativas” em Gabri[Elas] (05/09, 19h, Teatro Hermilo Borba Filho, R$ 40), do Coletivo Mulheres da Vida (SP). Sob a direção de Malú Bazán, a atriz encarna Gabriela Leite – criadora da DASPU, liderança fundamental na luta em defesa dos direitos das prostitutas no Brasil – e todas as mulheres que fizeram da palavra “puta” uma ferramenta de luta e afirmação. O espetáculo, fruto de quatro anos de pesquisa com arquivos históricos e testemunhos vivos, utiliza a metáfora do crochê – hobby da ativista – para entrelaçar memória pessoal e luta coletiva.

A peça dialoga com décadas de invisibilização do feminismo das prostitutas, questionando por que a prostituta sempre foi objeto de representação e nunca sujeito de sua própria narrativa. O trabalho emerge de encontros com familiares de Gabriela, companheiras de luta como Lourdes Barreto e Vânia Rezende, além de pesquisadores como Soraya Simões (UFRJ), criando uma rede de memórias que ultrapassa os limites do teatro. Mesmo sendo um monólogo, o espetáculo é construído por 14 mulheres, demonstrando que a criação coletiva pode habitar a cena individual, multiplicando vozes em uma única intérprete.

Masculinidades em Crise e Memórias Interrompidas

Um solo autobiográfico que investiga três décadas de relação mãe-filho, Primavera Cega (06/09, 19h, Teatro Hermilo Borba Filho, R$ 40), de Igor Iatcekiw (SP), com direção de Alejandra Sampaio e Malú Bazán, mergulha nas ruínas da masculinidade tóxica. O espetáculo navega entre a homofobia estrutural que mata 291 pessoas LGBTQIAPN+ anualmente no Brasil e o Alzheimer que apaga memórias, criando um paradoxo cruel: enquanto o filho luta para lembrar, a mãe se liberta pelo esquecimento.

Eron Villar e DJ Vibra (Recife) em Se eu fosse Malcolm. Foto: Divulgação

Se eu fosse Malcolm (10/09, 19h, Teatro Apolo, Gratuito), de Eron Villar e DJ Vibra (Recife), constrói um encontro fictício entre Malcolm X e outras personalidades negras, de Martin Luther King e Nina Simone até Elza Soares e Bell Puã. A performance cênico-musical funciona como ritual de invocação, onde música contemporânea e teatro épico-narrativo criam um espaço de cura e resistência, questionando como o legado do ativista ressoa nas periferias brasileiras contemporâneas.

A Marcelos Move Dance School (Suíça/Brasil) apresenta Ne me jugez pas & Scape (06/09, 19h, Teatro de Santa Isabel, R$ 20), dupla de trabalhos que investigam identidades em trânsito através da dança contemporânea, onde artistas suíços e brasileiros exploram questões de julgamento social e possibilidades de fuga através de linguagens corporais que cruzam fronteiras geográficas e estéticas.

Balancê Antropofágico (14/09, 16h, Museu de Arte Sacra de PE, Gratuito), de Yla + Jeff (França/Brasil), propõe uma performance que dialoga com o espaço museológico, onde a dupla franco-brasileira desenvolve ações corporais que conversam com o acervo de arte sacra, criando tensões entre o sagrado e o profano, entre tradição e contemporaneidade.

Neris Rodrigues (Paulista-PE) apresenta Músicas do Mundo (19/09, 16h, Parque Dona Lindu/Galeria Janete Costa, R$ 20), um concerto que navega por sonoridades de diferentes culturas, enquanto a Banda Chanfrê (20/09, 20h, Teatro do Parque, R$ 20) traz um projeto musical colaborativo entre artistas franceses e brasileiros que explora fusões instrumentais e vocais, criando pontes sonoras entre dois continentes.

Carlota, Focus dança Piazzolla, com a Focus Cia de Dança (RJ). Foto: Divulgação

A Focus Cia de Dança (RJ) encerra o festival com três criações distintas. Trupe (24/09, 19h, CAC UFPE, Gratuito) e De Bach a Nirvana (26/09, 20h, Teatro Luiz Mendonça, Gratuito) antecipam Carlota, Focus dança Piazzolla (27/09, 20h, Teatro Luiz Mendonça, Gratuito), espetáculo que homenageia Carlota Portella através das composições de Astor Piazzolla.

Alex Neoral desconstrui o tango tradicional para criar linguagem híbrida onde oito bailarinos exploram “o drama do abandono” através de coreografias que buscam ir além do clichê passional. A trilha de Piazzolla atua como dramaturgia sonora, criando espaço para cenas que transitam entre melancolia e brilho, ressaltando a intensidade como personalidade da companhia de mais de mais duas décadas dede trajetória.

Criação Local e Mostra de Talentos

A produção pernambucana marca presença com Mouras (11/09, 18h, Teatro Apolo, R$ 20) do Impacto FM, Se eu Fosse Eu (12/09, 19h, Teatro Apolo, R$ 20) de Luna Padilha e convidados e Contando Histórias (13/09, 18h, Teatro Apolo, R$ 20) do Integrarte. A Mostra de Coreografias CENA (17 a 21/09, Teatro de Santa Isabel, R$ 20) apresenta a produção coreográfica local, revelando novos talentos e consolidando trajetórias.

As 10 ações formativas operam como laboratórios onde artistas locais, nacionais e internacionais compartilham metodologias e visões de mundo, criando rede de conhecimento que se estende além do período do festival e consolida o Recife como território de experimentação e irradiação artística no Nordeste.

O Festival Cena CumpliCidades 2025 oferece uma programação com ingressos entre R$ 20 e R$ 40, além de várias apresentações gratuitas. A diversidade de linguagens e origens dos trabalhos, aliada às ações formativas e à ocupação de diferentes espaços culturais da cidade, configura um evento que articula criação local e intercâmbio internacional, formação artística e circulação de obras contemporâneas.

Realização: Artistas Integrados
Ingressos: Sympla_cumpliCidades

 

📅 Programação Completa

Data/  Horário

Espetáculo / Companhia

Local 

Valor

04/09 – 19h Danças do Carnaval de Recife – Grupo de Dança da UFPE – LEED

Até Aqui Tudo Bem– Cia MALKA (França)

Teatro de Santa Isabel  R$ 20,00
05/09 – 19h Tudo Acontece na Bahia – Subitus Company (PE)  Teatro de Santa Isabel  R$ 20,00
05/09 – 19h Gabri[Elas] – Coletivo Mulheres da Vida (SP) Teatro Hermilo Borba Filho  R$ 40,00
06/09 – 19h Ne me jugez pas & Scape – Marcelos Move Dance School (Suíça/Brasil) Teatro de Santa Isabel  R$ 20,00
06/09 – 19h Primavera Cega – Igor Iatcekiw (SP) Teatro Hermilo Borba Filho  R$ 40,00
10/09 – 19h Se eu fosse Malcolm – Eron Villar e DJ Vibra (Recife) Teatro Apolo  Gratuito
11/09 – 18h Mouras – Impacto FM (Recife) Teatro Apolo R$ 20,00
11/09 – 20h CHENN / FRIDA DANSE / Mes Horizons – Touka Danses (França) Teatro Hermilo Borba Filho Gratuito
12/09 – 19h Se eu Fosse Eu – Luna Padilha e convidados (Recife) Teatro Apolo  R$ 20,00
13/09 – 18h Contando Histórias – Integrarte (Recife) Teatro Apolo  R$ 20,00
14/09 – 16h  Balancê Antropofágico – Yla + Jeff (França/Brasil)  Museu de Arte Sacra de Pernambuco Gratuito
17 a 21/09 Mostra de Coreografias CENA Teatro de Santa Isabel R$ 20,00
19/09 – 16h Músicas do Mundo – Neris Rodrigues (Paulista-PE) Parque Dona Lindu/Galeria Janete Costa R$ 20,00
20/09 – 20h Banda Chanfrê (França/Brasil) Teatro do Parque R$ 20,00
24/09 – 19h Trupe – Focus Cia de Dança (RJ) CAC UFPE Gratuito
26/09 – 20h De Bach a Nirvana – Focus Cia de Dança (RJ) Teatro Luiz Mendonça Gratuito
27/09 – 20h Carlota, Focus dança Piazzolla – Focus Cia de Dança (RJ) Teatro Luiz Mendonça Gratuito
28/09 Trupe – Focus Cia de Dança (RJ)  [A CONFIRMAR] A confirmar

 

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