Arquivo da tag: Janeiro de Grandes Espetáculos 2013

Histórias bem contadas da realeza

Cena do espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. Foto: Ivana Moura

O menino coisa linda gosta de teatro, mas naquele domingo estava abusado. Mesmo com tantas crianças sentadas no chão ele preferiu o colo da avó, que tem uma paciência de Jó e um amor infindo. Fez seu showzinho particular ao derrubar os meus óculos e insistiu em voltar para casa. Mas o encanto estava tão perto de começar que a avó aguentou a rara chatice daquele pequeno, que vai completar três anos mês que vem, e apresentava sinais de sono.

Entra em cena o ator, palhaço, bonequeiro e contador de histórias Luciano Pontes para narrar a trajetória de três reis. Ele é acompanhado pela flauta e tambor do músico Gustavo Vilar no espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. E o domador de ferinhas hipnotiza a plateia do Teatro Marco Camarotti, no Sesc de Santo Amaro.

Luciano Pontes interage com o público

Tudo é muito simples na encenação. Palco limpo, com poucos objetos de cena, como uns paninhos que servem de tapetes e outras coisinhas, leques e umas pernas de bailarina. Mas repleto de poesia e humor. As três histórias vêm da tradição oral: A lavadeira real, O rato que roeu a roupa do rei e O rei chinês Reinaldo Reis. E são recontadas de forma deliciosa e magnética. A habilidade de Luciano em lidar com crianças é admirável.

Equaliza fluxos, destaca palavras, tira proveito de repetições de falas e movimentos e passeia com propriedade por vários personagens. Ainda sabe dar bronca em criança com tanta delicadeza que parece brincadeira.

Graça e leveza em montagem para encantar crianças e adultos

E esse ator com graça de palhaço conduz com sua voz e manobras do corpo e das mãos os miúdos e grandinhos por terras encantadas. É possível se compadecer da solidão do monarca sem herdeiros, com o destino trágico da princesa ou a felicidade óbvia que as pessoas só reconhecem depois de muitas reviravoltas.

Há punhados de inveja e tirania, bravura e bondade, astúcia e final feliz. É um exercício maravilhoso de ator, que faz rir e pensar e embala nosso coração nas cores de um mundo mais definido. É uma montagem leve e fácil de levar para qualquer lugar. Para alegrar adultos e crianças.

Durante a apresentação, o lindo de viver Rocco Wicks deixou a choradeira de lado. O sono deu lugar ao interesse. Do interesse ao envolvimento no espetáculo foi um pulo. Riu de gargalhar, repetiu palavras, interagiu e no final aplaudiu com entusiasmo. Conclusão: o bom teatro faz bem para o humor e afasta o pantim dos meninos. Recomendo sem moderação.

Postado com as tags: , , , , , , , , ,

“Não conseguimos conceber teatro que não tenha relação direta com o pensamento”

Clowns de Shakespeare estreia Hamlet. Foto de ensaio feita por Pablo Pinheiro

Clowns de Shakespeare estreia Hamlet. Foto de ensaio feita por Pablo Pinheiro

O grupo potiguar Clowns de Shakespeare estreia hoje, dentro do Janeiro de Grandes Espetáculos, o espetáculo Hamlet, com direção de um dos encenadores mais importantes do país, Marcio Aurélio. A companhia começa a comemorar aqui no festival os 20 anos de atuação. Além de Hamlet (que será encenada hoje e amanhã, às 21h, no Santa Isabel), apresentam O capitão e a sereia (peça inédita no Recife), nos dias 22 e 23, às 19h, no Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro); e Sua Incelença, Ricardo III, em única sessão, no dia 26, às 18h, no Pátio do Mosteiro de São Bento, em Olinda. O Clowns também lança o projeto Cartografia do Teatro de Grupo do Nordeste com uma mesa redonda na segunda-feira (21), às 17h, no Centro Cultural Correios, e faz uma oficina de 22 a 25, das 9h às 12h30, também nos Correios, intitulada Clowns de Shakespeare – Prática e pensamento.

Conversei com Fernando Yamamoto, que geralmente dirige as montagens do grupo, sobre o processo de criação da companhia, a aproximação com Marcio Aurelio, o trabalho de grupo, a importância de Sua Incelença, Ricardo III. Foi uma das entrevistas que fiz, em dezembro, para a construção da matéria sobre os 20 anos do grupo, que saiu na edição de Janeiro da Revista Continente.

Direção dos espetáculos do Clowns geralmente é de Fernando Yamamoto

Direção dos espetáculos do Clowns geralmente é de Fernando Yamamoto

ENTREVISTA // FERNANDO YAMAMOTO

Vocês estão num movimento de reaproximação com Shakespeare? Logo depois de Ricardo III, porque a decisão de montar Hamlet? Como está sendo esse processo de criação, já que Sua Incelença parece ter “absorvido” tanto vocês? Como esquecer um pouco aquelas referências pra trabalhar com outra obra de Shakespeare? Ou quais referências continuam as mesmas?
Desde Muito Barulho por Quase Nada, em 2003, não montávamos um Shakespeare. Partimos para um Brecht – O Casamento do Pequeno Burguês (2006) e três espetáculos com dramaturgia própria: Roda Chico (2005), Fábulas (2006) e O Capitão e a Sereia (2009). No entanto, desde 2007 já sentíamos uma necessidade de não só retornar a Shakespeare, como partir para uma obra não cômica. É quando nos aproximamos do teórico polonês Jan Kott e, principalmente, do Gabriel Villela e do Marcio Aurelio, durante uma residência que fizemos no TUSP, em São Paulo. Como costumamos trabalhar o planejamento do grupo com dois, três anos de antecedência, já iniciamos o flerte com os dois para montar essas obras. No caso de Hamlet, em especial, é uma peça que o Marcio é um grande especialista, já montou e pesquisou muito em cima dela, e surge para nós num momento em que todos estamos passando, ou perto de passar, pela “crise da meia idade”, que é uma das questões que o Shakespeare aborda. A troca com o Marcio e sua assistente, Ligia Pereira, tem sido de grande aprendizado para nós, principalmente porque eles trabalham com uma linguagem muito diferente do Gabriel Villela, que é mais próxima ao que o grupo já tinha.

Marcio Aurelio, da Cia Razões Inversas, assina direção de Hamlet. Foto: Pablo Pinheiro

Marcio Aurelio, da Cia Razões Inversas, assina direção de Hamlet. Foto: Pablo Pinheiro

Qual a contribuição de Marcio Aurelio neste espetáculo?
Como citei antes, a aproximação com o Marcio vem desde 2007, na residência no TUSP, quando tivemos cinco encontros de investigação em cima justamente de Hamlet. Além de todo o encanto por tanto conhecimento e generosidade, pudemos assistir a dois trabalhos da companhia dele, a Razões Inversas, que nos instigaram ainda mais a poder passar por um processo de montagem com ele, que foram o Anatomia Frozen e Agreste. Ele está passando quatro meses em Natal, num processo de de verdadeira troca, já que tem trazido sua bagagem e procedimentos, mas com muita escuta e observação sobre a forma como nós trabalhamos, nossa linguagem, para que possamos construir de fato um espetáculo que marque o encontro entre ele e nós.

Como essa encenação se estabelece? Há, por exemplo, papeis definidos para cada ator ou há uma troca?
Fizemos uma grande intervenção dramatúrgica, numa linguagem contemporânea que não se preocupa em contar linearmente a fábula, mas sim buscar o recorte que nos interesse para apresentar a obra no máximo da sua potência. Assim, dos oito atores que estão em cena, apenas o César (Ferrario) e o Marco (França) se dividem em dois papéis, os demais têm apenas um: Camille Carvalho (Rosencrantz), César Ferrario (Polônio e Laertes), Dudu Galvão (Horácio), Joel Monteiro (Hamlet), Marco França (Rei Claudius e Fantasma), Paula Queiroz (Guildenstern), Renata Kaiser (Rainha Gertrudes) e Titina Medeiros (Ofélia).

O trabalho com diretores convidados é uma constante? De que forma isso enriquece o trabalho e, ao mesmo tempo, como é possível manter a linguagem própria ao grupo? No momento do impasse, qual opinião prevalece? A do diretor ou dos atores?
O Hamlet é o segundo trabalho com diretor convidado. Antes dele, apenas o Ricardo III teve essa característica. O Muito Barulho por Quase Nada e O Casamento do Pequeno Burguês tiveram o Eduardo Moreira, do Galpão, como diretor convidado, mas nos dois casos ele dividiu a direção comigo, então não se tratava de uma direção externa. Os demais espetáculos tiveram a minha direção. Essa premissa de trabalhar com profissionais convidados, não só na direção, como também na direção musical, figurino, cenário, etc., é uma busca por uma oxigenação na nossa prática, para não corrermos o risco de ficarmos sempre circulando nos próprios vícios. Durante os processos, os diretores têm total autonomia – inclusive no meu caso. No entanto, nestas duas experiências (e com o Eduardo Moreira também) sempre tivemos uma relação muito dialógica. Mas a ideia é sempre aproveitar esses diretores convidados para conhecer melhor suas formas de trabalho.

Sua Incelença, Ricardo III trouxe projeção internacional ao grupo. Foto: Pablo Pinheiro

Sua Incelença, Ricardo III trouxe projeção internacional ao grupo. Foto: Pablo Pinheiro

O que significou Sua Incelença na trajetória de vocês? É o mesmo movimento que aconteceu, por exemplo, com Muito barulho por quase nada ou não? Quais foram os momentos mais marcantes de Sua Incelença? Desde a montagem até agora, na recepção do público?
Sem dúvida o Ricardo III proporcionou ao grupo um grande crescimento em diversos aspectos, principalmente de projeção do nome dos Clowns pelo país, e o início do processo de internacionalização. Acho que o momento em que o espetáculo surgiu foi muito oportuno, já que já tínhamos um certo nome e respeito pelo país, mas que foi muito incrementado pelo encontro com o Gabriel Villela e todo o peso do seu nome. É difícil fazer uma comparação com o Muito Barulho, já que sem dúvida foram marcos na nossa história, mas que de certa forma o Fábulas também foi, assim como O Capitão e a Sereia. São muitos momentos marcantes nessas quase 100 apresentações que o espetáculo já cumpriu. A estreia em Curitiba foi um deles, sem dúvida. A residência que fizemos no Complexo do Alemão, pouco tempo depois dos conflitos que lá aconteceram, foi outro. No Festival de São José do Rio Preto, fizemos a abertura para uma arena com 7.000 pessoas! Alguns dias depois, apresentamos na área rural da cidade, para cerca de 100 pessoas, ao lado de um pasto de boi, numa das melhores apresentações do trabalho até agora. Além disso, as duas viagens internacionais, no Chile e na Espanha, também foram marcantes. No Chile destacaria a apresentação que fizemos na frente do La Moneda, palácio do governo, onde Salvador Allende sofreu o golpe militar e foi assassinado. Para nós, contarmos a fábula desse vilão sanguinário e cruel nesse cenário tão impregnado pela história foi muito emocionante.

Como é que esse grupo se reuniu lá atrás, há 20 anos? Houve muitas mudanças na composição do grupo? E uma pergunta clichê, mas que é bastante difícil. Como manter um grupo artístico, um grupo teatral, por tanto tempo?
Da formação inicial, ainda restam três fundadores, eu, a Renata Kaiser e o César Ferrario. A forma como conseguimos construir e manter o grupo é muito difícil de definir. Sem dúvida um dos mais importantes fatores para isso foi conseguirmos estabelecer um equilíbrio entre os desejos pessoais e as demandas do coletivo. Ninguém trabalha nos Clowns com o objetivo de projeção individual, o grupo sempre está à frente. No entanto, é fundamental que as inquietações de cada integrante tenha espaço dentro do grupo. Investimos muito no grupo, dedicamos muito para construir esse projeto artístico que é o projeto de vida de todos nós. No entanto, quando analiso friamente de onde saímos e onde estamos, vejo que é uma história absolutamente improvável, construir um grupo tão sólido e com uma qualidade artística internacional numa cidade tão árida culturalmente como Natal.

Como se dá o processo de gestão do grupo? O apoio da Petrobras, por exemplo? O que significou esse apoio na trajetória de vocês?
Por mais que o patrocínio da Petrobras, que está próximo de terminar, não contemple nem metade dos gastos que o grupo tem, ele significou uma mudança radical na estrutura dos Clowns. A possibilidade de termos um montante fixo mensalmente, que cubra alguns gastos como aluguel da sede, salário de um secretário, uma parte do salário dos demais integrantes, etc, possibilita uma maior tranquilidade para que possamos de fato investir no aprimoramento artístico, sem precisar abrir concessões. O processo de gestão do grupo é algo em constante reavaliação e transformação. Nesse aspecto, temos uma premissa de tentar sempre buscar o equilíbrio entre o pensamento e a prática, que as questões administrativas sempre levem em consideração os princípios éticos e artísticos que o grupo traz na cena.

Fábulas (2006)

Fábulas (2006)

Como era o cenário teatral em Natal há quase 20 anos, quando vocês surgiram? E no Brasil? O teatro de grupo já tinha essa força?
Nós somos meio isolados na nossa geração em Natal. Até existem outros artistas da nossa geração, mas grupos não. Naquele momento, Natal tinha dois grupos muito tradicionais, o Estandarte e o Alegria Alegria, e um grupo que era uma referência para nós, o Tambor, capitaneado por João Marcelino. Apesar de formado por artistas mais velhos do que nós, o Tambor era mais ou menos contemporâneo, no entanto não resistiu muito tempo. Houve um hiato nessa história, e depois de muitos anos começa a surgir uma outra geração de grupos na cidade, como o Atores à Deriva, Facetas, Mutretas e Outras Histórias, Bololô, Arkhétypos, dentre outros, alguns deles inspirados na nossa experiência. Nacionalmente, era um momento de retomada do teatro de grupo. Começamos a fazer teatro no período em que os famosos encontros de teatro de grupo de Ribeirão Preto aconteceram.

Aqui vocês vão lançar também o projeto Cartografia do Teatro de Grupo do Nordeste. Qual a importância desse levantamento? Dá para apontar, por exemplo, características comuns ao teatro feito no Nordeste?
O projeto surge justamente com essa inquietação. Circulamos muito pelo Nordeste e em cada estado encontramos parceiros que vivem realidades muito parecidas com as nossas, sejam de conjuntura política, gestão ou inquietações estéticas. Esse mapeamento revela facetas opostas nesse sentido: por um lado, existem recorrências claras, como a dependência aos mecanismos de financiamento federais, ou quase inexistência de grupos que conseguem garantir a manutenção de todos os seus integrantes; de outro, ao conhecer mais de perto cada experiência, fica a evidência que cada experiência é muito diversa da outra, e essa diversidade é muito saudável justamente para que um grupo possa alimentar-se das soluções encontradas pelo outro.

Muito barulho por quase nada, espetáculo de 2003

Muito barulho por quase nada, espetáculo de 2003

Queria falar um pouquinho sobre os espetáculos dos Clowns. Para você, Fernando, quais os mais marcantes?
Cada espetáculo teve sua importância e seu momento. Alguns deles foram divisores de água. A Megera DoNada (1998), marcou a transição da primeira fase do grupo, de total amadorismo, dentro da escola, para a nossa legitimação na classe teatral potiguar. O outro salto foi Muito Barulho por Quase Nada, que apresentou o grupo pro resto do país, fez com que circulássemos pelas cinco regiões, conhecêssemos muitos outros grupos, pensadores, críticos e outros profissionais. O Fábulas proporcionou importantes prêmios. O Capitão e a Sereia é provavelmente o trabalho mais especial para os integrantes do grupo que participaram, porque conseguimos como nunca experenciar um processo de pesquisa que dialogou diretamente com o momento e o pensamento do grupo. Foi também a primeira estreia fora de Natal, no SESI Vila Leopoldina, em São Paulo. Depois disso, o Ricardo traz a projeção do nome do grupo e o começo da internacionalização. Agora estamos ansiosos para ver como o próprio grupo responde à radicalização de linguagem que o Hamlet está trazendo.

Quando o grupo conseguiu uma projeção maior? Foi com Muito barulho? O que tinha de especial nessa montagem?
São projeções diferentes. Com o Muito Barulho, aparecemos para o Brasil. No Fábulas, ganhamos os principais prêmios do segmento no país. E com o Ricardo, tivemos um espaço muito especial nos grandes festivais brasileiros, abrindo vários deles (Curitiba, Brasília, Rio Preto e Belo Horizonte), e um espaço na mídia nacional também inédito. Acho que o Muito Barulho foi um trabalho que, por um lado, mostrou ao país que era possível se fazer um teatro de qualidade em Natal. Acredito que foi um choque, no melhor sentido da palavra. Por outro lado, a força do trabalho era a solaridade do grupo, em especial naquele momento de juventude dos integrantes. Acho que é um espetáculo um tanto naïf, e por isso também ele ganha um charme a mais. Temos a intenção de em 2013 remontá-lo, para que participe das atividades de comemoração dos 20 anos do grupo.

O capitão e a sereia é baseado na obra de um pernambucano e tem o cavalo marinho como inspiração. Foto: Maurício Cuca

O capitão e a sereia é baseado na obra de um pernambucano e tem o cavalo marinho como inspiração. Foto: Maurício Cuca

O capitão e a sereia teve profissionais de oito estados envolvidos. Como foi isso? Como vai ser reapresentar esse espetáculo aqui?
O Capitão foi um processo muito especial, sem dúvida o mais próximo do que consideramos o ideal. Conseguimos formar uma equipe de grande qualidade, inclusive com a participação fundamental de dois pernambucanos, o Helder Vasconcelos e o André Neves. Apesar de ser baseado na obra de um pernambucano e ter o cavalo marinho como inspiração, o Capitão ainda é inédito em Recife! Estamos muito ansiosos em poder levá-lo ao Janeiro, porque serão duas estreias na capital pernambucana.

Vocês estiveram muito próximos do Galpão ao menos em duas ocasiões: Muito barulho por quase nada e O casamento do pequeno-burguês. Qual a importância do Galpão no trabalho de vocês? Ou mais especificamente do Eduardo Moreira?
Começamos a fazer teatro sob a influência direta do Galpão. Eles sempre foram a nossa maior referência, seja no aspecto estético, poético, seja no organizacional, de gestão. O Eduardo foi o elo de aproximação da gente com eles, mas depois desses dois trabalhos temos uma relação muito íntima, seja no compartilhamento dos mesmos parceiros – como no caso do Ernani Maletta, Babaya, Gabriel Villela, Mona Magalhães, Francesca della Monica -, seja na troca constante que temos com eles. Para nós é uma honra imensurável poder hoje ter como parceiros e amigos aqueles que um dia foram nossos ídolos “inatingíveis”.

O casamento do pequeno burguês, montada em 2006

O casamento do pequeno burguês, montada em 2006

Qual a importância do teatro infantil na trajetória de vocês?
Apesar de termos tido algumas outras experiências menores, de fato a nossa relação com o teatro infantil se concentra no Fábulas. Foi uma experiência muito marcante, que ampliou nossa compreensão do fazer teatro e trouxe frutos especiais. No entanto, apesar de ter sido muito bom para nós, hoje não temos encontrado sentido em seguir nessa seara, pelos desejos e inquietações que povoam nosso imaginário hoje.

Qual a relação de vocês com Recife? Quando vieram ao Janeiro pela primeira vez? Porque iniciar essa comemoração aqui?
Sempre fomos muito bem recebidos no Recife, e em especial nessa dobradinha Janeiro de Grandes Espetáculos/Teatro Santa Isabel. Acho que fomos pela primeira vez em 2005, com Muito Barulho, e voltamos com Roda Chico, ambos para abrir o Janeiro. Foram apresentações muito marcantes pra nós. Agora, estamos numa grande expectativa, porque será muito especial abrir os 20 anos no Janeiro, no Santa Isabel, estreando o Hamlet e conseguindo levar, finalmente, o Capitão para Recife. Além desses motivos, e da própria questão do calendário, pelo Janeiro ser o primeiro grande festival brasileiro no ano, estávamos também devendo essa ida. A Paula de Renor tentava nos levar de novo há alguns anos, mas em geral estamos de férias nesse período. Quando ela nos convidou para a edição do ano passado, e tive que declinar mais uma vez porque iríamos para o Santiago a Mil, no Chile, me comprometi com ela a levar uma série de atividades para lançar os 20 anos nesta edição de 2013, e que bom que o Janeiro apostou e tudo deu certo!

Quais são as preocupações estéticas e conceituais do Clowns hoje com relação ao teatro? Que teatro vocês querem fazer? O que discutir hoje?
Essa é uma pergunta difícil de responder, tanto pela complexidade que exige para respondê-la, quanto pelo fato que está em constante transformação. Em determinado momento, quando o grupo completou dez anos, acho que a nossa principal atitude política era provar, para os outros e para nós mesmos, que era possível fazer um teatro de qualidade no Nordeste, no Rio Grande do Norte, em Natal. Naquele momento, isso já bastava, era suficiente. É nesse contexto que surge o Muito Barulho, o Fábulas, o Casamento. No entanto, cumprida essa etapa, as demandas vão se tornando cada vez mais exigentes. Hoje não conseguimos conceber um teatro que não tenha uma relação direta com o pensamento. Algumas questões vêm nos provocando, como o papel do artista latinoamericano, ou como encaramos o passar do tempo, para proporcionarmos um envelhecimento, dos integrantes e do grupo, que possibilite que nos reinventemos, que mantenhamos vivo e renovado o sentido de fazermos teatro dentro dos Clowns. É nessa perspectiva que as questões estéticas precisam se alinhar.

E porque os Clowns insistem em fazer teatro?
Acredito que insistimos porque é no teatro que encontramos o nosso lugar no mundo, é a nossa forma de nos reconhecermos, propormos reflexões e idealizarmos transformações. É nessa perspectiva coletiva, que tanto anda no contrafluxo do que a lógica estabelecida tenta nos empurrar, que nos legitimamos como artistas e como cidadãos.

Vídeo dos 20 anos do Clowns:

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Amor, meu grande amor

Gardênia, do El Otro Núcleo de Teatro (SP). Foto: Pollyanna Diniz

Gardênia, do El Otro Núcleo de Teatro (SP). Foto: Pollyanna Diniz

A música do Barão Vermelho pede para que o amor só dure o tempo que merecer. Para que você, meu grande amor, possa me reconhecer. Para que quando você me quiser, que seja de qualquer maneira. Hoje ou daqui a cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias. Não, a última parte já é não é mais Barão Vermelho (como Breno Fittipaldi lembrou nos comentários e as mensagens que recebi no face, a música é de Ana Terra e Ângela Ro Ro..perdoem-me…tinha acabado de ver Barão Vermelho no Big Brother – sim, eu torço por Alvinho…rsrsrs..e aí não consegui pensar em mais ninguém cantando a música!). Talvez o tempo do merecimento não seja maior do que o tempo do esquecimento para todo mundo. A paciência é de García Marquez, é de O amor nos tempos do cólera, é de Gardênia, montagem do El Outro Núcleo de Teatro inspirada no livro do escritor colombiano. A peça foi apresentada nesta quarta-feira e terá mais duas sessões nesta quinta, às 17h (com entrada gratuita) e às 21h (ingressos: R$ 20 e R$ 10), no Teatro Hermilo Borba Filho (Bairro do Recife), dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

Lugar comum dizer que o teatro serve para contar histórias, né? Pode até ser. Mas tantas vezes querem inventar a roda, colocar na cena as inquietações pseudofilosóficas (inclusive com relação ao fazer teatral), ser mais do que contemporâneos, que até nos tornamos chatos e esquecemos do fundamental. Do olho no olho, da palavra, do prazer que é ouvir uma história boa do início ao final com direito a riso, surpresa, choro, passar do tempo, esperança.

Montagem é inspirada em livro de García Márquez

Montagem é inspirada em livro de García Márquez

Gardênia nos traz esse bem querer de volta. O bem querer ao teatro da história boa – e logo daquelas de amor, que não acaba nunca. E olhe que não quero começar falando do “como” a história é contada. Porque isso me traz à memória os moderninhos e as suas parafernálias, seja no cenário, no figurino, no vídeo, em qualquer suposta solução genial.

Queria primeiro tratar da palavra mesmo, da atuação, da clareza da dicção (ah, como isso tem sido raro! Pode acreditar, caro leitor). São só dois atores – Cybele Jácome e Luís Mármora – para contar o amor de Florentino Ariza e Fermina Daza. Mas como é García Marquez (a adaptação da dramaturgia foi feita por Ana Roxo), há muitos outros personagens que perpassam a vida desses dois, mudança de tempo e cenários, idas e vindas.

Ninguém ousaria dizer que Luís Mármora não é Florentino e que ele não ama Fermina Daza com todo o seu ser. Podemos escrever o mesmo sobre Cybele, tirando o fato de que Fermina não parou no tempo. Os dois nos levam a universos tão particulares, a sonhar juntos, a imaginar e constatar o quão grande era aquele amor. É um passeio feito sem percalços, levado por atuações seguras, convincentes e, bem mais do que isso, comoventes.

Luís Mármora

Luís Mármora

E o “como” também é lindo, funcional, mão está ali só de enfeite. A disposição cênica nos deixa muito perto dos atores; a cena se passa num corredor e as arquibancadas são colocadas uma de frente para a outra. Dez retroprojetores são capazes de criar lindas imagens em cortinas fininhas que se deslocam e a vitrolinha pode de repente, quando os anos passarem muito, tocar forró em alto mar.

É uma peça de amor (cansativo repetir? paciência!), de esperança, de se deixar encantar. Se em tantas montagens há como que “armadilhas” dramatúrgicas para que em algum momento você “caia”, seja obrigado a se reconhecer e aí as emoções soam por demais forçadas, aqui é outra coisa. Isso passa tão longe, graças a Deus, a García Márquez, ao bom teatro. O texto não precisa de quaisquer recursos “levianos” para entrar devagarzinho e fazer morada. E permanecer no peito, nas mentes, no abraço apertado.

Quem puder, não perca. É tudo que precisamos. Mais amor, por favor. E teatro bom.

Gardênia, El Otro Núcleo de Teatro (SP)
Texto: Ana Roxo, livremente inspirado em O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez
Direção: Marat Descartes.
Concepção e elenco: Cybele Jácome e Luís Marmora
Cenário e iluminação: Cristina Souto
Figurinos: Simone Mina
Direção de produção: Maurício Inafre

Montagem faz duas últimas sessões no Hermilo nesta quinta

Montagem faz duas últimas sessões no Hermilo nesta quinta

Postado com as tags: , , , , , , , , , , ,

Sotaque português não empolgou

O desejado – Rei D. Sebastião abriu o Janeiro de Grandes Espetáculos 2013. Foto: Pollyanna Diniz

Numa conversa com o ator Júnior Sampaio há alguns anos, lembro que ele me falava como são raros os momentos mágicos no teatro, aqueles realmente sublimes. E vivemos em busca deles. É o que faz a trupe teatral da montagem O desejado – Rei D. Sebastião: espera que algo incrível aconteça e o touro adormecido no palco, representando o rei, desperte. A peça, que tem texto, encenação, figurinos, cenografia e iluminação de Moncho Rodriguez, abriu ontem o 19º Janeiro de Grandes Espetáculos.

O espetáculo foi um projeto do produtor Paulo de Castro: cinco atores pernambucanos foram para Portugal ensaiar por três meses e lá estrearam a peça, antes de vir fazer a circulação por aqui. “É uma forma de ampliar mercado para os nossos atores”, sempre defendeu Paulo. É no mínimo um projeto ousado, por todos os custos envolvidos nisso.

As cenas são construídas de forma muito plástica em O desejado. Parecem quadros, fotografias, compostos perfeitamente por cenário, figurino, iluminação. Em alguns momentos lembrei de trabalhos de Gabriel Villela como Macbeth, que me parecem trilhar esse mesmo caminho.

Em cena estão Júnior Sampaio (que é pernambucano, mas vive em Portugal há muitos anos), Gilberto Brito, Rafael Amâncio, Júnior Aguiar, Mário Miranda e Márcio Fecher. De Portugal sobem ao palco, Pedro Giestas, Marta Carvalho, Eunice Correia e Catarina Rodriguez. É muito de Júnior Sampaio, que faz Nóe, a responsabilidade de ‘carregar’ a montagem; ele e Gilberto Brito, aliás, capturam realmente a atenção do público quando estão com o destaque.

Montagem tem a assinatura do encenador Moncho Rodriguez

Mas são o texto, o didatismo, a forte carga histórica e a falta de síntese que atrapalham a montagem. Até determinado momento aquela trama ainda consegue prender a nossa atenção – e o jogo de cena é interessante, a presença da música, artifícios como a utilização de bonecos, a descoberta de referências da nossa cultura no texto – mas isso definitivamente não se sustenta até o fim da montagem. Tanto é que muita gente saiu antes do fim na sessão no Santa Isabel. Porque a peça se torna chata mesmo…

É verdade que foi uma aposta ousada de Paulo de Castro, anunciada com um ano de antecedência, mas não foi acertada a escolha da montagem para abrir o festival. As pessoas não saíram do teatro surpresas, empolgadas, felizes…para uma maratona que, afinal, está só começando.

Cerimônia – Se a peça não ajudou, a cerimônia de abertura do Janeiro também não. As pessoas até entendem que é importante o blábláblá, mas ninguém merece ouvir tanta gente! Depois que os três produtores do Janeiro já tinham falado – Paulo de Castro, Paula de Renor e Carla Valença – Paulo ainda inventou de chamar ao palco Leda Alves (secretária de Cultura do Recife), Roberto Lessa (presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife) e Severino Pessoa (presidente da Fundarpe). E depois ainda teve Josias Albuquerque, do Sesc. Politicamente é importante, mas que é um saco…ah, isso é. Pelo contrário, emocionante e rápida foi a homenagem a Vital Santos, de Caruaru, que recebeu flores (da frisa em que estava mesmo) e foi aplaudido de pé pelo público que lotou o Santa Isabel.

Antes de ser apresentada aqui, peça estreou em Portugal

Programação desta quarta-feira (9):

O desejado – Rei D. Sebastião
Onde: Teatro de Santa Isabel, às 20h30
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

O filho eterno (Cia Atores de Laura/RJ)
Quando: hoje e amanhã (10), às 19h, no Teatro Apolo
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

A programação de espetáculos nacionais do Janeiro

Cia Atores de Laura (RJ) volta ao Recife com O filho eterno. Foto: Dalton Valério

O Clowns de Shakespeare é um dos principais destaques da programação de montagens nacionais que participam do Janeiro de Grandes Espetáculos. O grupo potiguar começa a comemorar aqui os 20 anos da companhia, inclusive com uma estreia nacional: Hamlet, sob direção de Márcio Aurélio. Também apresentam Sua Incelença, Ricardo III e O capitão e a sereia, que nunca foi vista no Recife.

A Cia Atores de Laura, do Rio de Janeiro, volta aos nossos palcos (eles estiveram aqui no Festival Recife do Teatro Nacional deste ano com Absurdo) para apresentar o espetáculo O filho eterno, montagem que fala sobre a chegada de um filho com Síndrome de Down.

De Brasília (há anos o Janeiro tem uma parceria com o festival Cena Contemporânea) vem o monólogo Eros Impuro, com o ator Jones Abreu. O texto e a direção são de Sérgio Maggio. E de Porto Alegre, também resultado do ótimo relacionamento com o Porto Alegre em Cena, receberemos duas montagens: Goela Abaixo ou Por Que Tu Não Bebes? (Cia. de Teatro ao Quadrado), Um Verdadeiro Cowboy (Depósito de Teatro); e ainda o espetáculo de dança Re-Sintos, da Muovere Cia de Dança.

Confira aqui a programação internacional do Janeiro.

E saiba quais montagens locais participam do Janeiro.

PROGRAMAÇÃO DE MONTAGENS NACIONAIS – JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS

Dias 11 e 12 de janeiro (sexta e sábado), às 21h, no Teatro de Santa Isabel,
R$ 40 e R$ 20
Canastrões (Gracindo JR Produções – Rio de Janeiro/RJ)

Sinopse: Numa viagem pelo universo do fabuloso, três personagens, O Enviado, O Acontecido e O Inevitável, atores sem tempo definido, arrastam seus canastros carregados de memórias e questionam o sentido de ainda existirem, do sonho diante da realidade, da perda da verdade poética, principal alimento da criação artística, e da transformação do seu ofício em produto descartável de consumo. A montagem tem como ponto de partida os testemunhos de sonhos, desejos, percursos de vidas reais e imaginárias da família dos atores Gracindos.

Dias 09 e 10 de janeiro (quarta e quinta), às 19h, no Teatro Apolo, R$ 20 e R$ 10
O Filho Eterno (Cia. Atores de Laura – Rio de Janeiro/RJ)

Sinopse: A chegada do primeiro filho com Síndrome de Down para um jovem escritor é apenas uma das diversas reflexões que envolvem a paternidade e são abordadas nesta já premiada história, lançada inicialmente como romance. Na recriação para a cena, vencedora dos prêmios Shell e APTR de melhor ator e o Orilaxé de melhor direção para parceiros de quase duas décadas, emoções inesperadas vêm à tona, revelando a luta diaria de um homem que precisa lidar com as decepções que um filho pode trazer e com questões quase inconfessáveis.

Dias 16 e 17 de janeiro (quarta e quinta), às 17h e 21h (duas sessões diárias), Teatro Hermilo Borba Filho, R$ 20 e R$ 10 (as sessões das 17h são gratuitas e as sessões das 21h são pagas)
Gardênia (“El Otro” Núcleo de Teatro – São Paulo/SP)

Sinopse: Dois atores, dez retroprojetores e uma vitrola estão nesta delicada obra livremente inspirada em “O Amor nos Tempos do Cólera”, de Gabriel García Márquez. O público disposto em um corredor, com cenário virtual e próximo aos intérpretes, acompanha a construção da história de Fermina Daza e Florentino Ariza, seu intenso amor de juventude; as vidas que foram apartadas e o reencontro na velhice. A utilização de tecnologia simples ajuda o espectador a se apropriar do que vê, participando da história presentificada pela palavra bem-dita.

Eros Impuro, monólogo com Jones Abreu. Foto: Cláudio Chinaski

Dias 16, 17, 18 e 19 de janeiro (quarta a sábado), às 19h, Teatro Arraial,
R$ 20 e R$ 10
Eros Impuro (Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro – Brasília/DF)

Sinopse: A peça aborda o abuso sexual contra crianças e adolescentes através do pintor Andrei que, por meio da dimensão sensível da arte, busca livrar-se de nódoa que o persegue desde menino. Assim, convoca modelos prostitutos para captar a energia sexual do algoz abusador. Sob olhares moralistas, sua arte é apontada como pornográfica e suja. Sem acesso a galerias, ao mercado e acuado em seu processo obsessivo, lentamente enlouquece sob testemunho do público, que se torna voyeur desse progressivo estado de paranoia quanto de sua criação.

Dias 17 e 18 de janeiro (quinta e sexta), às 19h, Teatro Marco Camarotti (SESC de Santo Amaro), R$ 20 e R$ 10
Goela Abaixo ou Por Que Tu Não Bebes? (Cia. de Teatro ao Quadrado – Porto Alegre/RS)

Sinopse: Comédia dramática baseada na vida e na obra do político e intelectual tcheco Václav Havel. Numa cervejaria na União Soviética, sob a direção de um decadente Mestre-cervejeiro, um dramaturgo é impelido a beber cerveja, para que “solte a língua” e denuncie quaisquer opositores do regime comunista. A pressão intensifica-se conforme o consumo da bebida aumenta, acabando por mergulhar as duas personagens em um patético e absurdo jogo de gato e rato. Cerveja também será distribuída aos espectadores numa relação ficção/realidade.

Dias 19 e 20 de janeiro (sábado e domingo), às 21h, Teatro de Santa Isabel,
R$ 20 e R$ 10
Hamlet (Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare – Natal/RN)

Sinopse: Estreia nacional que celebra o encontro dos Clowns com Marcio Aurelio, um dos mais importantes diretores do teatro brasileiro contemporâneo. A encenação se baseia no princípio de que a peça, obra-prima da dramaturgia universal, consiste em uma poética da representação. Assim, utilizando os espelhamentos que Shakespeare propõe no desequilíbrio de um mundo em transição, seja na Dinamarca ou no Brasil de hoje, o espetáculo traz uma radicalização do uso das convenções teatrais e dos elementos de sua estrutura cênica.

Um verdadeiro Cowboy é uma das peças do Rio Grande do Sul que vem ao festival. Foto: Kiran Frederico/divulgação

Dias 21 e 22 de janeiro (segunda e terça), às 19h, Teatro Arraial, R$ 20 e R$ 10
Um Verdadeiro Cowboy (Depósito de Teatro – Porto Alegre/RS)

Sinopse: A peça traz ao palco um velho que acaba de perder sua esposa e encontra-se em situação de solidão e abandono. Sua filha aparece algumas vezes para cuidá-lo, evidenciando uma relação altamente conflituosa. Quando o velho se encontra desamparado, lhe aparece a figura fantasiosa do cowboy John Wayne, que traz à história ainda mais leveza e comicidade.

Dias 22 e 23 de janeiro (terça e quarta), às 19h, Teatro Marco Camarotti (SESC de Santo Amaro), R$ 20 e R$ 10
O Capitão e a Sereia (Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare – Natal/RN)

Sinopse: Tentando esconder seu desespero pela ausência do Capitão Marinho, exímio sertanejo contador de histórias sobre o mar e líder de uma trupe de mambembes que conta tais histórias marítimas, a “Trupe Tropega, Mas Não Escorrega” se esforça para ludibriar o público enquanto espera pelo retorno do seu protagonista. Assim, neste “desespetáculo”, com direito aos próprios Clowns de Shakespeare comentando a delicada situação dos seus personagens e estabelecendo um diálogo com a obra literária original, um mosaico de situações que se sucedem possibilita à plateia construir a sua própria e divertida história.

O capitão e a sereia, do Clowns de Shakespeare, será encenado no Recife pela primeira vez. Foto: Maurício Cuca

Dia 26 de janeiro (sábado), às 18h, no Pátio do Mosteiro de São Bento (Olinda/PE)
Sua Incelença, Ricardo III (Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare – Natal/Rio Grande do Norte)

Sinopse: O espetáculo parte do texto de Shakespeare, Ricardo III, um de seus violões mais fascinantes com sua trajetória de assassinatos e traições rumo à coroa inglesa, e ganha a rua através do universo lúdico do picadeiro do circo, dos palhaços mambembes, das carroças ciganas, criando um diálogo entre o sertão e a Inglaterra elisabetana. Assim, nesta encenação que marca o encontro do grupo potiguar com o encenador mineiro Gabriel Villela, a fábula universal dialoga com a cultura popular nordestina e traz até referências do rock inglês contemporâneo.

Postado com as tags: , ,