Arquivo da tag: Iara Campos

Festival RESIDE avança na internacionalização
com dramaturgia holandesa e proposta argentina
*Ação Cena Expandida*

As argentinas Monina Bonelli e Sol Salinas. Foto: Divulgação

A dramaturga holandesa Esther Gerritsen. Foto Paul Rapp / Divulgação

O RESIDE FESTIVAL na sua quarta edição aposta suas fichas na difusão, formação e reflexão da cena teatral através de residências artísticas, oficinas e encontros. Com isso, o público pernambucano tem oportunidade de compartilhar experiências, ideias e processos criativos. O programa ocorre de 20 a 28 de setembro de 2022, no Teatro Apolo Hermilo, no centro do Recife.

No foco estão o resultado de dois projetos de colaboração internacional que o RESIDE realizou entre 2021 e 2022, com a Holanda e com a Argentina. Um é o Projeto de Internacionalização de Dramaturgias/Coleção Holandesa e o outro é Projeto Bombón Gesell- Violência e Justiça na Ibero-América.

Os frutos são quatro leituras dramatizadas; um workshop intitulado “Arte e Comunidade”; uma residência artística; e o lançamento de uma coleção de livros de dramaturgia holandesa. São ações “para estreitar os laços de convivência e estimular a quebra de eventuais barreiras territoriais e linguísticas”, diz a diretora do festival, Paula de Renor.

O RESIDE integra a CENA EXPANDIDA, uma ação de articulação e colaboração entre os festivais CenaCumplicidades, Festival de Teatro do Agreste, Festival Estudantil de Teatro e Dança e Transborda—as linguagens da cena, do Sesc/PE. A CENA EXPANDIDA acontece durante todo mês de setembro de 2022.

O RESIDE tem apoio da Copergás, Sesc/PE e Prefeitura do Recife através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

Edjalma Freitas, Iara Campos, Mozart Oliveira e Naruna Freitas participam da leitura. Foto: Divulgação

Rodolfo Garcia Vazquez tradutor de Planeta Tudo. Foto: Andre Stefano (@fotosdeteatro) / Divulgação

Ivam Cabral, tradutor de Planeta Tudo –  Alles (planeet Alles). Foto: Andre Stefano @fotosdeteatro / Divulgação

Dramaturgia Holandesa

Disfarçados de humanos, três alienígenas, do Planeta Tudo, chegam à Terra para conseguir uma mola para o botão de volume, pois a deles quebrou.  E no planeta Tudo, há apenas um de tudo. Quando pifa, eles têm que batalhar em outro planeta uma peça de substituição.

Sylpia, Jan e Bavo vão parar em um escritório com uma pessoa super organizada. Eles se esforçam para parecer o mais humano possível. Não é fácil. Jan se apaixona, Sylpia experimenta o ciúme e Bavo é apenas ele mesmo: um quadrado azul perfeito disfarçado, que ninguém leva muito a sério.

A leitura dramatizada do texto Planeta Tudo –  Alles (planeet Alles) ocorre no dia 28 de setembro às 19h, no Teatro Hermilo. A peça é de autoria de Esther Gerritsen, dramaturga, romancista e roteirista do filme Instinct, que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2019 e foi premiado em festivais como Locarno, Toronto e Londres. A direção é assinada por Rodolfo García Vázquez, da Cia Os Satyros, de São Paulo e o elenco é formado pelo Coletivo Caverna de Olinda. A peça tem tradução de Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez.

Capas da coleção Dramaturgia Holandesa, da Editora Cobogó

Depois da França em 2019, o RESIDE trabalha neste ano com projeto de internacionalização da Dramaturgia Holandesa. Cinco textos de autores holandeses contemporâneos, que foram traduzidos por artistas brasileiros, fazem parte do programa.

A partir de residência, os diretores brasileiros, os autores holandeses e companhias de teatro convidadas, compartilham o processo criativo e apresentam as leituras de texto em cinco programas que integram o Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

Alguns critérios foram eleitos para a seleção de textos e de autores: peças escritas no século 21, de autores vivos com pelo menos um prêmio importante de dramaturgia, textos que despertem interesse e tenham viabilidade econômica, e, que essa escritura gerasse um movimento de aproximação com o público não especializado em dramaturgia contemporânea holandesa.

Os tradutores convidados para o projeto são Cris Larin – Spraakwater (Ressaca de palavras), de Frank Siera; Giovana Soar – Bij het kanaal naar links (No canal à esquerda), de Alex van Warmerdam; Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez –  Alles (planeet Alles)  (Planeta tudo), de Esther Gerritsen; Jonathan Andrade – I won’t play Medea (Eu não vou fazer Medeia), de Magne van den Berg; e Newton Moreno e Almir Martines – The Nation (A Nação – Uma peça em seis episódios), de Eric de Vroedt/Het Nationale Theater.

O Projeto de Internacionalização de Dramaturgias foi idealizado por Márcia Dias, diretora e curadora do TEMPO_FESTIVAL, que envolveu o Núcleo dos Festivais no projeto. Para Márcia Dias, a atuação do Núcleo ampliou a abrangência e agregou mais artistas e públicos. Como resultados diretos da cooperação estão o estímulo ao intercâmbio, os processos colaborativos de criação e a internacionalização de artistas e obras de artes cênicas.

 O Núcleo produziu as duas primeiras edições que traduziram as obras de autores espanhóis e franceses contemporâneos seguidas de encenação.

A Coleção da Dramaturgia Espanhola gerou desdobramentos em 2015. Foram quatro montagens teatrais, uma indicação a prêmio e a produção de um filme de longa-metragem exibido por diversos festivais.

Já em 2019 foi efetivada a Nova Dramaturgia Francesa e Brasileira. A segunda experiência do projeto ergueu uma via de mão dupla, traduziu e difundiu a dramaturgia francesa para o português (Coleção Dramaturgia Francesa, Editora Cobogó), e textos brasileiros para o francês.

A diretora editorial da Cobogó, Isabel Diegues, encara a Coleção Dramaturgia Holandesa como um desafio saboroso e instigante. “Traduzir é parte da prática teatral. Traduzem-se os textos para a cena. Gestos, falas, cenários, figurinos, luz, movimentos são todos, de certo modo, traduzidos a partir de ideias da dramaturgia, além de tantas outras que se constroem na prática teatral”.

O Projeto de Internacionalização de Dramaturgias/Dramaturgia Holandesa tem o apoio do Performing Arts Fund NL  e Dutch Foundation for Literature.

 

Projeto Teatro Bombón Gesell-Violência e Justiça na Ibero-América

Giordano Castro, Janaína Leite, Paola Trazuk terão leituras de suas dramaturgias

A pandemia da Covid-19 instigou muitos artistas a se reinventarem. A curadora, produtora, diretora e atriz argentina Monina Bonelli pensou um novo projeto para o Teatro Bombón, que pudesse acontecer durante a época mais severa do distanciamento social, mas que tivesse fôlego de existir na presencialidade.

Monina foi construindo essa nova caixa de bombons teatrais em conexões da Argentina com Chile, Brasil, Peru, México, Portugal e Espanha. Um mosaico de vozes ibero-americanas foi traçado para discutir violência e Justiça com procedimentos dramáticos e pós-dramáticos, ativadas pelo  “site-specific” câmera Gesell.

Essas dramaturgias a Ibero-América se erguem a partir de um ato fundacional de violência: a colonização.

No Processo foram convocados 12 artistas de sete países para participarem de uma residência virtual de dramaturgia, sendo quatro da Argentina, dois do México, um do Chile, um da Espanha, um de Portugal, um do Peru e dois do Brasil.

A colaboração se deu entre o Festival de Teatro Bombón (Argentina), Centro Cultural Gabriela Mistral (Chile), Teatro La Plaza (Peru), Organização teatral da Universidade Veracruzana (México), Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Portugal) e Antic Teatre (Espanha).

Do Brasil, foram escolhidos para participar do projeto Giordano Castro, de Pernambuco e  Janaína Leite, de São Paulo. 

Foram realizados encontros virtuais com pensadores das ciências sociais e da filosofia, militantes dos direitos humanos e artista no Fórum Ibero-Americano sobre Violência e Justiça. Dessa experiência brotaram 12 textos de e 13 vídeos que estão disponíveis. https://www.teatrobombon.com/copia-de-bomb%C3%B3n-gessel

Três leituras dramatizadas dos textos criados por autores da Argentina, São Paulo e Pernambuco estão na 4ª edição do RESIDE, articuladas com grupos locais e no workshop Arte e Comunidade ministrado por Monina Bonelli. São elas: O Aquário, de Janaína Leite, com direção de Juliana Piesco; Colors Bars, de Giordano Castro com direção Juliana Piesco e Os Titãs, da argentina Paola Trazuk com direção de Monina Bonelli.

Para conhecer Teatro Bombón siga o link https://www.teatrobombon.com/

 

PROGRAMAÇÃO

Entrada gratuita. Os ingressos estão disponíveis no local, uma hora antes do início de cada apresentação. 

Dias 20 e 21

Workshop Arte e Comunidade
Com Monina Bonelli / Sol Salinas ( Teatro Bombón/ Argentina)
Das 14h às 18h
Local: Dia 20 no SESC Casa Amarela e dia 21 no SESC Santo Amaro
* Direcionada a Gestores culturais, produtores, agentes comunitários, arte educadores
* Haverá uma parte prática entregue como trabalho pelo aluno, virtualmente, após os encontros presenciais.
GRATUITO
Selecionades por inscrição (20 vagas)
*Foca nas alternativas às estratégias centralizadoras e top-down que se baseiam em ações como levar cultura aos bairros ou que a apresentam como objeto estático e luxuoso . Uma reflexão sobre território, para compreender e promover seus espaços de expressão, sua própria cultura e sua memória coletiva.

Dia 22/09

Teatro Apolo, às 19h

Apresentação do Projeto  Bombón Gesell,  por Monina Bonelli (AR)
Leitura do texto O Aquário, de Janaína Leite/Brasil/SP. Direção Juliana Piesco/PE 
Elenco: Clara Lucena, Erique Nascimento, José Eudes, Ton de Souza, Joaquim Ângelo/PE (atores ligados ao Núcleo de Pesquisa Pindorama / Graduação em Teatro CAC-UFPE). Participação especial: Ivo Barreto/PE

Janaína Leite apresenta dentro da programação do  FETEAG (Festival de Teatro do Agreste)  seu espetáculo Stabat Mater, no Teatro Hermilo. A apresentação ocorre logo após a leitura.  Com essa obra, Janaína ganhou o Shell de Melhor Dramaturgia / 2019.   

Juliana Piesco, mora atualmente no Recife. Coordena as atividade de extensão do CAC-UFPE.  Trabalhou com Janaína em alguns projetos, inclusive Stabat Mater. Foi assistente de direção e desenvolveu o conteúdo audiovisual dos experimentos sensoriais Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias e Virá, do Grupo Magiluth. 

Dia 23/09 

Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Leituras Dramatizadas dos textos do Projeto Bombón Gesell: 
Colors Bars, de Giordano Castro/Brasil/PE. Direção Juliana Piesco/PE
Elenco: Alice Portela, Ariane Fernandes e Lucas Carvalho/PE (atores ligados ao Núcleo de Pesquisa Pindorama / Graduação em Teatro CAC-UFPE).
Os Titãs, de Paola Trazuk/AR. Direção: Monina Bonelli/AR
Ator: José Neto Barbosa/PE

De 24 a 28/09 

Centro Apolo-Hermilo/Coletivo Caverna
Residência de Rodolfo García Vázquez (Os Satyros/SP) com o Coletivo Caverna/PE

Dia 28/09 

Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h

Leitura dramatizada do texto Planeta Tudo, (planeet Alles), de Esther Gerritsen/Holanda, com tradução de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez – Satyros (Brasil-São Paulo). Direção de Rodolfo García Vázquez com Coletivo Caverna/PE.
Elenco: Edjalma Freitas, Iara Campos, Mozart Oliveira e Naruna Freitas. Iluminação: João Guilherme de Paula, Vídeo: Gabriel de Godoy, Adereços: Romualdo  Freitas, Produção: Luiz  Manuel.
Transmissão da leitura ao vivo, pelo canal no YouTube do RESIDE, com a participação da dramaturga holandesa Esther Gerritsen, direto da Holanda, e com Ivam Cabral (um dos tradutores), que estará em Estocolmo.

Lançamento da Coleção Holandesa: após a leitura, haverá o lançamento da coleção de livros com cinco volumes, editada pela editora Cobogó.

* Além de dramaturga e romancista, Esther Gerritsen é roteirista.  É co-autora da série Red Light [Luz vermelha] (2020) e roteirista do filme Instinct [Instinto] (2019), premiado em festivais como Locarno, Toronto e Londres, e concorrente holandês ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2019.

FICHA TÉCNICA- RESIDE FESTIVAL

Realização: Remo Produções Artísticas

Produção: Paula de Renor
Curadoria: Celso Curi e Paula de Renor
Consultoria: Fervo Projetos Culturais
Produção Residência/Leitura Dramaturgia Holandesa: Luiz Manuel/Coletivo Caverna

Postado com as tags: , , , , , , , , ,

Um teatro contra o machismo

Trupe Ensaia Aqui e Acolá estreia Machuca, com relatos reais sobre a violência contra a mulher. Foto: Bella Valle

Trupe Ensaia Aqui e Acolá estreia Machuca, com relatos reais sobre a violência contra a mulher. Foto: Bella Valle

Em abril, 126 mulheres foram estupradas em Pernambuco e registrados 2.485 casos de violência doméstica. No mês anterior, houve 174 estupros e 2.929 ocorrências de agressão. Esses dados alarmantes são oficiais, da Secretaria de Defesa Social – SDS, do estado. Crimes inadmissíveis que se repetem pelo Brasil afora. É dessa realidade torturante, que envergonha a humanidade, que a Trupe Ensaia Aqui e Acolá buscou inspiração para erguer o espetáculo Machuca, que estreia nesta sexta-feira (19), às 20h, no Teatro Capiba, Sesc de Casa Amarela, onde fica em curta temporada nos dias 19, 20 e 21 e também 26, 27 e 28. Contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2015, Machuca terá outras cinco apresentações em espaços públicos e uma na Colônia Penal Bom Pastor para as mulheres que cumprem medidas socieducativas.

O grupo investiga histórias reais para estimular o debate sobre o machismo, a cultura do estupro e o patriarcalismo. São casos que enxovalham, arranham, mortificam, subjugam, esmagam física e psicologicamente corpos femininos.

Seja na espetacularização da morte de Eliza Samudio, o apedrejamento de Dandara dos Santos no meio da rua ou o apagamento da dor de Severina, estuprada pelo pai.

Não está fácil ser mulher e se exercer neste século 21, em que o assédio é contabilizado em oito vezes num trajeto de quinze minutos e a repetição de padrões machistas tenta coisificar a mulher. É uma guerra diária contra a misoginia, o racismo e o machismo entranhados na sociedade.

A montagem junta notícias baseadas em histórias verídicas vivenciadas por mulheres de classes sociais e experiências diversas. De casos com grande repercussão midiática e também relatos anônimos. Todos que deixaram marcas profundas de violências dessa sociedade patriarcal carcomida.

Com direção de Ceronha Pontes, Machuca tem elenco formado pelas atrizes Andrea Rosa, Iara Campos e Juliana Montenegro. Elas selecionaram fatos reais, deram um tratamento dramatúrgico e amplificaram a crueldade do machismo. A narrativa é reforçada com discursos de referências feministas como Karol Conka, Nísia Floresta Brasileira, Elizabeth Mia, Djamila Ribeiro, Ângela Davis e Maria Clara Araújo.

É uma peça política e toma partido das mulheres. Machuca é um espetáculo de denúncia, assumidamente feminista e pautado numa palavra que está muito em uso, a sororidade. Durante muito tempo, e ainda hoje, a sociedade machista e patriarcal incitou e propagou a rivalidade entre as mulheres, propalando julgamentos e afirmando estereótipos. A sororidade prega justamente o contrário. A sororidade carrega a ideia de “irmandade” entre as mulheres; uma cumplicidade, companheirismo, aliança do feminino – em dimensão ética, política e prática – na busca de transformar o mundo num lugar mais justo.

Machuca é o terceiro espetáculo da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, que já montou Rififi no Picadeiro (2007), para a infância e juventude, e o melodrama O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas (2010).

Peça tem direção de Ceronha Pontes e Andrea Rosa, Julliana Montenegro e Iara Campos no elenco. Foto: Bella Valle

Peça tem direção de Ceronha Pontes e Andrea Rosa, Julliana Montenegro e Iara Campos no elenco. Foto: Bella Valle

Ficha Técnica

Direção: Ceronha Pontes
Elenco: Andrea Rosa, Iara Campos e Julliana Montenegro
Dramaturgia: Ceronha Pontes e Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Direção de movimento: Íris Campos
Preparação vocal: Carlos Ferrera
Figurino e Cenário: Marcondes Lima
Cenotécnicas: Bee Freitas e Luciana Montenegro
Execução de figurino: Maria Lima
Iluminação: Dado Sodi
Trilha sonora original: Júlio Morais
Voz em Dandara: Kalina Adelina, sob orientação de Lucíola dos Santos
Voz em Severina: Ceronha Pontes
Voz em Não nasci para ter senhor: Carlos Ferrera
Todas as músicas criadas por Júlio Morais, exceto Guerreiras, letra e música de Ceronha Pontes e Não nasci para ter senhor letra de Ceronha Pontes e música de Júlio Morais.
Locução futebol: Tatto Medinni
Locução carro de som: Marcelo Oliveira
Programação visual e design: Aurora Yett
Fotos: Bella Valle
Assessoria de imprensa: Lenne Ferreira/Afoitas, Priscila Buhr/Afoitas e Guilherme Gatis
Produção executiva: Igor Travassos
Direção de Produção: Andrea Rosa, Iara Campos e Julliana Montenegro
Produção: Trupe Ensaia Aqui e Acolá

Serviço

Machuca no Teatro Capiba
Dias 19, 20 e 21 e 26, 27 e 28
Sextas e sábados às 20h
Domingos às 19h

Apresentações com Libras: Dias 20 e 21 (sábado e domingo) e 26 (sexta)
Apresentação com audiodescrição: Dia 27 (sábado)

Apresentações na rua
Sempre às 16h
23/05 – Praça do Diário
24/05 – Praça da Encruzilhada
25/05 – Morro da Conceição
30/05 – Ilha de Deus
01/06 – Jardim São Paulo

Apresentação na Colônia Penal Bom Pastor
31/05, às 14h

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

O que ver no Janeiro – parte 1

Puro Lixo é uma das atrações desta terça-feira. Foto: Ana Araújo

Puro Lixo é uma das atrações desta terça-feira. Foto: Ana Araújo

A 23ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco chega à última semana. A programação extensa e intensa é composta por 58 produções, entre exemplares de teatro adulto, teatro para a infância, dança, circo, shows musicais e duas leituras dramatizadas e outras ações. Além da programação paralela com mais dez peças ou performances diferentes. E a exposição de quadros do artista Cleusson Vieira, ainda em cartaz no foyer do Teatro de Santa Isabel. Diante desse mapa, amigos e leitores têm pedido sinalizações sobre o que ver. Sabemos que arte não é receita de bolo de rolo ou Souza Leão e a recepção de cada obra é algo subjetivo e intransferível. Mas vamos pontuar alguns aspectos do nosso ponto de vista, com pitadas de nosso gosto.

Neste ano, o Janeiro de Grandes Espetáculos apostou na estreia de 10 produções pernambucanas, sendo três inéditas em dança, seis de teatro adulto e um para a infância, além de uma leitura dramatizada inédita. Desse fluxo que segue até o dia 29 deste mês, sete ainda podem ser vistos: Microclima, com Iara Campos; Grito, com Anne Costa e Marta Guimarães; Terror e Miséria no Terceiro Reich – O Delator, com Germano Haiut e Stella Maris Saldanha; Martelada, com texto e interpretação de Cláudio Ferrário; Alguém Pra Fugir Comigo, com encenação de Analice Croccia e Quiercles Santana; A Gaivota, do Curso de Interpretação Para Teatro do SESC Piedade (Jaboatão dos Guararapes/PE), com direção cênica de Sandra Possani e Baba Yaga, da Cênicas Cia. de Repertório, interpretação de Sônia Carvalho. Dessas estreias já conferimos dois espetáculos: O Delator e Martelada, que falarei brevemente na sequência.

Temos ainda as atrações em Caruaru com sessões de Angelicus Prostitutus e Olha para o Céu meu amor.

Dinho Lima Flor interpreta o bispo no espetáculo O avesso do Claustro. Foto: Alecio Cezar

Dinho Lima Flor interpreta o bispo Dom Helder Camara,  no espetáculo O avesso do Claustro. Foto: Alecio Cezar

Do festival sugiro com entusiasmo O Avesso do Claustro, da Cia do Tijolo, uma montagem em homenageia Dom Helder Camara, o saudoso arcebispo emérito de Olinda e Recife, que se apresenta no Santa Isabel nos dias 28 e 29. O espetáculo recria episódios da vida do bispo católico progressista, mas explora essas passagens em sintonia com inquietações atuais, explorando de forma magistral as substâncias utópicas e poéticas do teatro. Como grupo é sediado em São Paulo (mas tem no seu elenco e direção o pernambucano Dinho Lima Flor) e este é um espetáculo custoso para circular acho uma oportunidade imperdível. Sobre a montagem publicamos Peça sobre Dom Helder Camara vem ao Janeiro

Vamos falar das atrações por data, Vanessinha.
Terça-feira

Josildo Sá no Show Sons de Latada. Foto: Normando Siqueira

Josildo Sá no Show Sons de Latada. Foto: Normando Siqueira / Divulgação

TEATRO: Puro Lixo , o Espetáculo mais Vibrante da Cidade, inspirado no Grupo Vivencial. Humor, deboche e música com um talentoso elenco pernambucano.

DANÇA: Microclima. As políticas e o viver no Recife impregnado no corpo da bailarina Iara Campos. Não está totalmente descartada as motivações do Ocupe Estelita, da resistência e de que a luta continua.

MÚSICA: Sons de Latada, com Josildo Sá. Ano passado fez uma década que Josildo e o maestro o maestro Paulo Moura gravaram juntos o CD Samba de Latada. O samba nordestino ganhou uma carga mais emocional, de raiz suingada, que se mistura a muitos ritmos. No repertório do show sucessos da carreira do cantor como Pra não morrer de tristeza, Quixabinha, Tem frevo na Latada e Forró de Mané Vito.

Sons da Latada – Josildo Sá – Samba de Latada Produções (Recife/PE)

FICHA TÉCNICA
Direção e produção musical: Herbert Lucena
Produção executiva: Luciane Ferraz e Rita Chaves
Assistentes de produção: Gabriel Oliveira e Cláudia Macena
Coordenação: Josildo Sá/Samba de Latada Produções
Coordenador técnico e iluminação: Antônio Antunes
Cenário: Leopoldo Nóbrega
Figurino: Período Fértil e Jailson Marcos
Técnico de som: Fumato Snaidefight
Músicos: Josildo Sá (voz), Lu Miliano (acordeon e vocal), Adilson Bandeira (clarinete e sax), Pablo Ferraz (zabumba, congas, surdo, ilú e vocal), Nino Silva (congas, prato, caixa, pandeiro, tonel, caxixi, alfaia, chocalhos), Daniel Coimbra (cavaquinho e vocal), Danillo Silva (contrabaixo), Karine Vieira (bateria) e Andreza Karla (backing vocal e pandeiro)

SERVIÇO
Sons da Latada – Josildo Sá – Samba de Latada Produções (Recife/PE)
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quando: Dia 24 de janeiro de 2017 (terça-feira), às 20h
Quanto: R$: 40,00 (Inteira) e 20,00 (Meia)
Classificação etária: a partir dos 12 anos
Duração: 1h20

Stella Maris Saldanha, em Puro Lixo. Foto: Ana Araújo

Stella Maris Saldanha, em Puro Lixo. Foto: Ana Araújo

Puro Lixo – O Espetáculo Mais Vibrante da Cidade tem como provocação/ inspiração a ousadia e o espírito anárquico do Vivencial, grupo do teatro pernambucano que abalou as estruturas caretas da cena nas décadas de 1970/ 1980. Como os fenômenos ocorrem no tempo e no espaço, as vivecas exerceram um fascínio naquela época e esse ideário foi esticado por estudiosos, fãs e os próprios integrantes na esteira de uma imagem de liberdade incondicional (se isso funcionou ou não, não sabemos. Ou eu não sei. Mas a aura persiste!). No cinema essa glamourização da trupe se faz presente no filme Tatuagem, de Hilton Lacerda.

Com poucos recursos, mas muita criatividade, as vivecas criavam a cena dos restos, fazia arte com o lixo. Talvez venha daí a sugestão do título da peça que tem texto de Luís Reis, criado a partir do artigo Vivencial Diversiones: Frangos Falando Para o Mundo, de João Silvério Trevisan, que registra a experiência de uma noitada na sede do grupo, no final dos anos 1970.

Com encenação de Antonio Cadengue, Puro Lixo – O Espetáculo Mais Vibrante da Cidade traça uma alegoria queer, carnavalesca, entre o camarim e a cena de um bando para extrair alegria na pulsação da necessidade de brilhar e no desejo do luxo. O ser marginal das vivecas fica na periferia da montagem. Mas a ânsia de pontuar o que é criar nessa época de outros tremores e temores se ergue nas várias cenas em que o metateatro potencializa a narrativa.

Da trilha sonora, a derradeira canção celebra os transgressores do passado/presente servindo (metaforicamente) como objeto de consumo. Como eu pontuei em outro texto sobre o espetáculo Puro Lixo diz até já  :“Do espelho do camarim até o público vira simulacro de si mesmo…”.

Ainda nessa seara musical, o ator Gil Paz dubla Elza Soares em um trecho da canção de Chico Buarque Meu Guri. Esse quadro ganha outras projeções do mundo cotidiano recifense com a exaltação da negritude. E expõe as injúrias do passado escravocrata da passagem cênica Meu Sobrado no seu Mocambo.

A peça traz um acabamento estético, nos figurinos, no cenário que distancia do Vivencial original. Mas Puro Lixo – O Espetáculo Mais Vibrante da Cidade investe no protesto velado e declarado, no deboche, na cumplicidade e intriga de bastidor, no glamour e na crítica da crítica.

Stella Maris Saldanha representa as mulheres do Vivencial. E os rapazes Gil Paz, Eduardo Filho, Marinho Falcão, Samuel Lira e Paulo Castelo Branco desfilam de salto alto para garantir o humor e brilho da montagem.

Outros textos postados sobre Puxo Lixo:
Uma festa para o Vivencial, no dia 11 de agosto de 2016.
Desbunde, transgressão e poesia do Vivencial, no dia 13 de agosto de 2016.
“A liberdade era vivida na imediatez daqueles tempos”, uma entrevista com o encenador Antonio Edson Cadengue, publicada em 15 de agosto de 2016.
E As nervuras do luxo, crítica ao espetáculo publicada no dia 28 de agosto de 2016.

FICHA TÉCNICA
Texto: Luís Augusto Reis
Consultoria: João Silvério Trevisan
Encenação: Antonio Cadengue
Dramaturgismo, assistência de direção e operação de som: Igor de Almeida Silva
Figurinos, adereços e maquiagem: Manuel Carlos de Araújo
Cenografia: Otto Neuenschwander
Trilha sonora original e gravação: Eli-Eri Moura
Música ao vivo (acordeão): Samuel Lira
Vozes em off: Valdir Oliveira, Cássio Uchôa e José Mário Austregésilo
Iluminação: Luciana Raposo (Coletivo Lugar Comum)
Coreografias, direção de movimentos e preparação corporal: Paulo Henrique Ferreira
Preparação vocal: Leila Freitas
Operação de luz: Luciana Raposo e Sueides Leal
Assistência de produção executiva: Antonio Cadengue, Manuel Carlos de Araújo
Produção executiva: Clara Angélica e Jô Conceição
Produção geral: Stella Maris Saldanha
Elenco: Eduardo Filho, Gil Paz, Marinho Falcão, Paulo Castelo Branco, Samuel Lira e Stella Maris Saldanha

SERVIÇO
Puro Lixo, o Espetáculo Mais Vibrante da Cidade
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quando: Dia 24 de janeiro de 2017 (terça-feira), às 20h
Quanto: R$: 40,00 (Inteira) | 20,00 (Meia)
Classificação etária: a partir dos 16 anos
Duração: 1h15

Iara em Microclima. Foto

Iara Campos em Microclima. Foto

O caos urbano fruto da falta de planejamento domina cidades brasileiras. O crescimento desordenado, o trânsito insuportável, a natureza arrasada, verticalização predatória, a violência assustadora são golpes contra o planeta. A resposta chega em catástrofes, picos de calor ou de frio em nível global.

A partitura corporal da bailarina Iara Campos traduz essas sensações no espetáculo Microclima, pensado a partir do Recife e suas contradições. E mostra como o corpo também é afetado nesse processo.

Recife, Cidade Lendária, nas suas noites sem fim de Capiba. Constructo humano de sonhos, mas também sítio cruel de Carlos Pena Filho; cidade do mangue, onde a lama é a insurreição com seus homens caranguejos de Chico Science. Capital de muitas revoluções, essa urbe sofre em sua beleza açoitada.

Para erguer o espetáculo, que tem direção de Sebastião Soares, a artista fez experimentações na rua e na sala de ensaio, mergulhou em leitura bibliográfica de arquitetura e urbanismo. E o solo prossegue em mutação. Inquietações e vivências urbanas em diálogo com a cidade e seus problemas, E o reflexo das mudanças dessa paisagem, que geram instabilidade física e emocional nos seus habitantes.

FICHA TÉCNICA

Microclima, com Iara Campos
Concepção:
Iara Campos e Sebastião Soares
Direção: Sebastião Soares
Música original: Júlio Morais
Figurino: Carlito Person
Design de luz: Eron Villar
Intérprete: Iara Campos

SERVIÇO
Microclima, com Iara Campos
Quando: 24 de janeiro, terça-feira, às 20h
Quanto: R$: 20,00 (Inteira) e 10,00 (Meia)
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457, Boa Vista – Fone: (81) 3184.3057 )
Classificação etária: a partir dos 12 anos
Duração: 45 min.

                                                                                                       CONTINUA no próximo post

Postado com as tags: , , , , , ,

O amor de Clotilde mantém temporada

Peça fica em cartaz até 24 de abril. Foto: Júlio Morais

Peça fica em cartaz até 24 de abril, no Teatro Apolo Foto: Júlio Morais

A Trupe Ensaia Aqui e Acolá resolveu manter a temporada do espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas. As sessões foram ameaçadas por defeito no ar-condicionado. Mas a Prefeitura do Recife investiu numa manutenção de urgência até quinta-feira, para o aparelho segurar a onda no sábado e no domingo. “A partir da próxima semana, a prefeitura vai instalar um dispositivo de refrigeração alugado que permanecerá até junho”, explica a atriz Iara Campos, que participou das negociações. Está prevista para junho a troca de todo sistema de refrigeração do Centro Apolo Hermilo.

O ar-condicionado do Apolo é da década de 1980. A falha no funcionamento prejudicou as apresentações. O elenco usa roupas pesadas e suou muito, além da maquiagem que estava derretendo. O público também sentiu o efeito estufa e do primeiro para o segundo dia a plateia foi reduzida. No sábado eram 121 espectadores. No domingo, apenas 50.

A montagem comemora seis anos e desde sua estreia já foi vista por mais de 15 mil pessoas. O grupo carrega nas tintas do melodrama para levar ao palco o folhetim A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela. Sob direção de Jorge de Paula e direção de atores de Ceronha Pontes, o elenco abusa (no melhor sentido) de movimentos largos, dança e dublagem para contar uma história de amor, que no caso da peça, tem final feliz.

Participam do elenco, Iara Campos, Jorge de Paula, Tatto Medinni, Marcelo Oliveira, Andréa Rosa e Andréa Veruska. O amor de Clotilde fica em cartaz até 24 de abril, aos sábados e domingos, às 19h, no Teatro Apolo (Recife Antigo).

Ficha técnica:

Texto: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Encenação: Jorge de Paula
Atores: Andréa Veruska, Andréa Rosa, Iara Campos, Jorge de Paula, Marcelo Oliveira e Tatto Medinni.
Figurino: Marcondes Lima
Cenário: Jorge de Paula
Iluminação: Sávio Uchoa
Operação de luz: Dado Sodi
Maquiagem: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Pesquisa de trilha sonora: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Operação de som: Juliana Montenegro
Produção: Trupe Ensaia Aqui e Acolá

Serviço:
O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas
Quando: sábados e domingos, às 19h, de 2 a 24 de abril
Onde: Teatro Apolo
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada), disponíveis na bilheteria do teatro duas horas antes da peça, a partir das 17h

Postado com as tags: , , , , , , , ,

Precariedade no Teatro Apolo ameaça Clotilde

Peça pode ter temporada interrompida

Peça pode ter temporada interrompida. Foto: Ivana Moura

A temporada em comemoração aos seis anos do espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas pode ser interrompida antes do prazo. A peça entrou em cartaz neste último fim de semana no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, e deveria seguir até o dia 24 de abril, mas a produção do espetáculo aguarda um posicionamento sobre um teste na potência do ar-condicionado do teatro, gerido pela Prefeitura do Recife, para decidir se há viabilidade de continuar as apresentações. Vale lembrar que o Teatro Apolo é o teatro mais antigo da cidade do Recife – sua construção foi iniciada em 1839. O equipamento de ar-condicionado da casa é da década de 1980.

Nas apresentações da estreia, o público e os próprios artistas sofreram com a falta de refrigeração. “Fizemos o espetáculo no sábado passando mal. Quem saía de cena ia beber água e corria para o único ventilador que estava nas coxias. O elenco ficou com a voz bem comprometida, suando muito, o figurino encharcado, a maquiagem derretendo. O bigode do meu personagem caiu por conta do calor e do suor”, conta o ator Tatto Medinni, que interpreta o vilão João Favais.

O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas é um espetáculo divertido, engraçado, com alto poder de adesão do espectador. Para caracterizar cada personagem, utiliza figurinos (de Marcondes Lima) que se sobrepõem, como casacos, jeans, blusas e meias e uma maquiagem carregada, assinada pela própria Trupe Ensaia Aqui e Acolá. Além disso, há muita movimentação no palco e coreografias repletas de elementos kitsch, que garantem o bom-humor da encenação. A peça dura 1h30.

“Nós não sabíamos do problema com o ar-condicionado. Como estávamos bastante focados com a estreia, no sábado, ensaiamos sem refrigeração, mas achamos que o equipamento seria ligado à noite. Parte do elenco já foi se maquiar no camarim do Teatro Hermilo Borba-Filho (equipamento que, com o Teatro Apolo, integra o Centro Apolo-Hermilo), porque era impossível permanecer no camarim do Apolo sem ar-condicionado. Quando entramos em cena, logo percebemos que o problema era grave. De todos os ângulos, víamos as pessoas se abanando e na segunda cena já estávamos sofrendo”, explica Jorge de Paula, encenador e intérprete do pai da mocinha.

No sábado, havia 121 pessoas na plateia (a capacidade da plateia, sem contar a galeria do teatro, é de 275 pessoas); no dia seguinte, foram 50 espectadores. No domingo, o público já foi avisado com antecedência que o ar-condicionado não estava funcionando. O ator Tiago Gondim, que já fez parte do elenco da peça, assistiu à montagem na noite de ontem. “É uma falta de respeito com o público e com os próprios atores. Não há mais desculpas”, comentou.

Ao final das duas sessões, os atores compartilharam com a plateia a dificuldade de encenar a peça; citaram o compromisso que a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado, noutra escala, precisam ter com os equipamentos culturais da cidade e do estado.

O Apolo é o teatro mais antigo do Recife. Foto: Pollyanna Diniz

O Apolo é o teatro mais antigo do Recife. Foto: Pollyanna Diniz

“A equipe do teatro é bastante comprometida, prestativa, tenta fazer o melhor. Mas não há vontade política e pulso administrativo. O teatro e o camarim têm cheiro de barata. Enquanto montávamos o cenário, matamos baratas no palco. Não tem uma luz funcionando no espelho do camarim”, reclama a produtora e atriz Iara Campos, que interpreta Clotilde. “Estamos falando de uma situação de descaso que é generalizada. E que mostra o quanto a classe artística está desmobilizada e o quanto não somos representados pelo sindicato, que não tem atuação”, complementa.

De acordo com a produção do espetáculo, se a questão do ar-condicionado não for solucionada, a temporada será cancelada. “Do jeito que está, não dá. É uma condição desumana. A gente não tem como trabalhar dessa maneira. Espero que o Apolo não siga o caminho do Parque e do Barreto Júnior”, torce Tatto Medinni.

Mais problemas – Outros equipamentos geridos pela Prefeitura do Recife também enfrentam problemas. No ano passado, durante uma sessão da peça Incêndios no Teatro de Santa Isabel, um dos 14 teatros-monumento do país, o público sofreu com a falta de refrigeração. Uma espectadora chegou a questionar em voz a alta a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, que estava na frisa da Prefeitura. Leda respondeu fazendo sinal para baixo com o polegar, indicando que realmente não estava funcionando, algo que todos já haviam percebido.

O Teatro Barreto Júnior, localizado no bairro do Pina, está fechado desde novembro de 2014. Motivo principal: falta de ar-condicionado. A Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape), publicizou que foi avisada com menos de 15 dias da abertura da 17ª edição do Todos Verão Teatro, que a Fundação de Cultura Cidade do Recife não dispunha de verba para a locação do equipamento de climatização do Barreto Júnior. Isso foi no começo de março.

O estado do centenário Teatro do Parque é ainda mais grave. O equipamento está fechado desde 2010 e teve a reforma suspensa desde julho do ano passado, seis meses depois de ter sido iniciada. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) cobra na Justiça estadual a retomada da obra de restauração, para evitar a ruína total de um prédio protegido por lei, já que o Teatro do Parque é considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP) pela Prefeitura do Recife.

O ator e produtor cultural Oséas Borba Neto, que está à frente das denúncias pela defesa do Parque, garante que o teatro perdeu três pianos devido ao ataque de cupins: um Steinway e dois Essenfelder. Borba Neto criou uma petição pelo tombamento pelo IPHAN do Cine-Teatro do Parque, que fez 100 anos em agosto de 2015 e é o único representante em Pernambuco do grupo de Teatros-Jardins Brasileiros. A petição pode ser assinada no link www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR89351

Resposta da Prefeitura do Recife – De acordo com a Secretaria de Cultura do Recife, o ar condicionado do Teatro Apolo parou de funcionar no dia da estreia do espetáculo e “a direção do Centro Apolo-Hermilo está fazendo o levantamento para efetuar o conserto até a próxima sexta-feira”. Sobre o Teatro Barreto Júnior, finalmente há alguma previsão: “o equipamento já foi licitado e a obra deve começar na próxima segunda-feira, 11. A conclusão dos serviços está prevista para a primeira semana de junho”.

A nota responde ainda os questionamentos sobre o Teatro do Parque. “A Prefeitura do Recife, por meio do Gabinete de Projetos Especiais, esclarece: o Teatro do Parque vem ao longo de muitos anos sofrendo um processo sério de degradação. Por isso, a primeira etapa já realizada diz respeito ao trabalho que sanou os problemas encontrados na estrutura da edificação a partir da substituição de toda a cobertura do teatro. Essa etapa sanou os problemas de infiltrações que comprometia a estrutura do patrimônio. Esse trabalho também revelou características do equipamento até então desconhecidas e encobertas por outras reformas. A partir daí, foi necessário realizar uma investigação mais aprofundada sobre as características originais do teatro, que contemplou a segunda fase das obras de reforma do Teatro do Parque. Para realizar a obra de maneira a contemplar as especificidades de restauro, a Prefeitura do Recife fará novo processo de licitação que deverá acontecer dentro de aproximadamente 60 dias. A obra está orçada em cerca de R$ 13 milhões. Ressaltamos ainda que, para resguardar o patrimônio, é mantido serviço de segurança no local”.

*Texto escrito por Ivana Moura e Pollyanna Diniz

Postado com as tags: , , , , , , ,