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Central de Vendas do FRTN ainda não começou a funcionar

Central de vendas vai funcionar no Centro Apolo Hermilo

Uma notinha de utilidade pública para quem já estava se preparando para comprar os ingressos do Festival Recife do Teatro Nacional. A Central de Vendas, no Centro Apolo-Hermilo, ainda não estava funcionando. A organização do festival havia divulgado que a central começaria a vender os ingressos às 10h.

No facebook, algumas pessoas já repercutiram: “Como acontece todos os anos, o Festival Recife de Teatro Nacional começa desorganizado. A venda de ingressos teria início hoje às 10h. Fui comprar e não havia ingressos para vender, nem ninguém da produção para explicar ou dizer uma nova data ou horário. Eu realmente amo muito teatro para todos os anos passar por essa falta de respeito e desorganização”, escreveu Juliana Holanda. Neste mesmo post outra pessoa comentou: “Também fui lá, Ju. O rapaz disse que ficou sabendo que começaria a vender hoje à tarde. A hora? Ele disse: “depois do almoço já é de tarde. Só não sei a hora””.

“O Teatro Apolo estava com as portas fechadas. Pela janela falei com um funcionário que me disse que nem sabia da venda desses ingressos. Ele chamou outra pessoa que me disse pra voltar às 14h, 15h. Mas é um absurdo porque nem as pessoas sabiam dar informação direito e a gente fica à mercê. Dando viagem perdida!”, contou Juliane Planzo, que esteve no Teatro Apolo durante o seu horário de almoço.

Ligamos para o Teatro Apolo e um estagiário muito atencioso explicou que os ingressos ainda não chegaram da gráfica. Disse que não sabia dar uma previsão correta. “Devem chegar hoje, mas não sei a hora”. De qualquer forma, perguntou o telefone e disse que assim que os ingressos chegassem ele avisaria.

Os ingressos do festival custam R$ 10 e R$ 5 e podem ser comprados antecipadamente nesta Central de vendas, que funcionaria das 10h às 16h, sem horário de intervalo de almoço.

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Espetáculo vencedor do Prêmio Bravo no Festival Recife

Isso te interessa?, da Cia Brasileira, será encenada no Festival Recife do Teatro Nacional. Foto: Alessandra Haro

Saiu até na coluna social. Tipo assim: espetáculo com atores nus vai provocar frisson no Recife. Tudo bem – toda nudez não é mesmo castigada; neste caso leva gente ao teatro. Como o que a gente quer é ver o teatro lotado, se for só por causa do elenco nu, tudo bem. Paciência! Mas é bom avisar logo que Isso te interessa?, da Companhia Brasileira de Teatro, vai muito além. A nudez, aliás, isso te interessa mesmo?

A montagem, que foi escolhida este mês o melhor espetáculo no 8º Prêmio BRAVO Bradesco Prime de Cultura 2012, está na grade do Festival Recife do Teatro Nacional, que será anunciada nesta terça-feira (13). Uma escolha coerente e acertada – já que ano passado o então curador Valmir Santos trouxe a companhia curitibana ao Recife pela primeira vez. Aqui eles apresentaram Vida, Oxigênio e o exercício cênico Descartes com lentes.

Isso te interessa? tem texto de uma dramaturga francesa contemporânea chamada Noëlle Renaud e direção de Márcio Abreu. O tema é bem simples e sempre difícil – as relações familiares. É a mesma temática, aliás, do novo espetáculo da Brasileira, que está em cartaz no CCBB do Rio e tem participação de Renata Sorrah: Esta criança. A peça tem texto de um autor que nunca foi montado no Brasil – o francês Joël Pommerat, que chegou às mãos de Renata por intermédio de Ariane Mnouchkine, diretora do Théâtre du Soleil. Por coincidência, o grupo curitibano trabalhava o mesmo autor. Quem sabe algum produtor não se anima e traz essa montagem antes mesmo do festival 2013?!

Voltando à Isso te interessa?, temos uma colaboração especial da jornalista e mestranda em Artes Cênicas Luciana Romagnolli. Lu é curitibana, mora em BH e estuda a Cia Brasileira. Esse texto foi publicado originalmente no Questão de Crítica. Então, antes mesmo do espetáculo, a crítica:

A família sob a perspectiva do teatro
Por Luciana Romagnolli

A Companhia Brasileira de Teatro estreou em setembro de 2011, em Curitiba, Isso te interessa?, espetáculo que coloca em cena os atores Ranieri Gonzalez e Giovana Soar, como pais, e Nadja Naira e Rodrigo Ferrarini, como filhos, explicitando as difíceis relações no microcosmo familiar, em que uma viagem ao balneário francês de Saint Cloud é sempre aludida como esperança de felicidade. O texto da dramaturga francesa contemporânea Noëlle Renaud traz uma estrutura peculiar de falas intercaladas a rubricas dentro de uma mesma frase, que propõe aos atuantes um desafio constante de trânsito entre diferentes registros – desde a representação de personagem até a indicação direta das ações, com gradações de distanciamento. E esse entrar e sair dos personagens é intensificado pelo revezamento dos quatro atores no papel do cachorro da família, que observamos nos limites de um cenário em perspectiva.

O texto, portanto, se oferece como um problema para atores e diretor, no sentido de como trabalhar a elaboração de cenas e a movimentação corporal em resposta às indicações das rubricas. O diretor Marcio Abreu opta por deixar que a palavra predomine no palco, mas não expresse sozinha: uma série de estranhamentos determina luz, figurino e cenário. E não basta a ação verbal. O elenco, coeso, responde a determinações como “a mãe desarruma os cabelos” com gestos ora ilustrativos (obedientes), ora contraditórios (subvertendo o sugerido), de modo que se cria uma zona de tensão entre o que é dito e o que é visto. No acúmulo de camadas de sentido produzido por esse jogo dinâmico entre o dramático e o épico, a encenação é desdramatizada e, ao espectador, se solicita uma fruição crítica mais do que emocional.

Texto é de Noëlle Renaude e direção de Márcio Abreu. Foto: site Cia Brasileira

Ao mesmo tempo que a estrutura linguística se destaca a ponto de transcender a forma e tornar-se também conteúdo, projetando o teatro como tema para reflexão, a matriz familiar é que está no centro do universo temático. As relações entretecidas no lar são sintetizadas até que reste o esquematismo de três gerações de pais e filhos, condensando em menos de 50 minutos uma visão contundente das relações parentais. Esta é calcada menos nos afetos do que nas implicações de uma cadeia sucessiva, dentro da qual se assinalam os papéis intercambiáveis (filhos, afinal, se tornam pais); a herança de competências e comportamentos versus os desvios e diferenças que rompem expectativas dos pais quanto à continuidade de seus descendentes; a obstinação e a fraqueza como qualidades com as quais se identificar; a vaidade e a inveja entre mães e filhas; os incentivos desproporcionalmente distribuídos e suas consequências na autoestima dos filhos.

Coagulada em poucas frases e em cenas essenciais, a dramaturgia deixa muitas lacunas que demandam do público a saída da passividade para relacionar àquela família arquetípica sua vivência; e a perspectiva crítica sobre a dimensão humana apresentada em cena pede um tempo de decantação que se prolonga para além da duração do espetáculo, até que o tempo de intensidades condensadas elaborado no palco se concilie com o tempo pessoal do espectador.

Esse desnudamento praticado no campo das ideias é seguido pela exposição dos corpos nus do elenco. Fora meias e sapatos, signos restantes do contexto de civilidade, os atores não carregam outra vestimenta além da crueza da pele, sem preâmbulos, do início ao fim do espetáculo. Essa escolha radical se legitima pela impossibilidade de se pensar outro figurino igualmente incisivo, em sua quebra de um tabu familiar como a nudez, e que traz à superfície visível do espetáculo o estranhamento em relação àquele núcleo de pessoas. Não há margem para erotismo – nem subterfúgios: o que a nudez revela simplesmente é.

Aos atores, portanto, é solicitado que tensionem a atuação a essa situação-limite tanto no trato com a palavra quanto na entrega corpórea, notável sobretudo na dignidade com que se confiam à imitação da movimentação do cachorro – ironicamente, o personagem construído mais de acordo com um modelo real e o que mais suscita ternura no seio familiar, embora a visão dos atores em postura de quadrúpede, sem caracterização por maquiagem ou figurino, evidencie o caráter anti-ilusionista da montagem.

A explicitação do mecanismo teatral contamina outras esferas dramatúrgicas. O cenário contribui como propulsor de significados, com sua configuração como espaço de encenação demarcado em perspectiva, numa angulação sugestiva de uma forma de olhar tanto quanto de uma evolução progressiva que dialoga com a dinâmica familiar de cadeia de gerações que se ampliam. E com o detalhe de que, a seu tempo, objetos cênicos sofrem um entortamento pelas mãos dos atores ou sem causa aparente, caindo em perspectiva também.

Resta observar que, ao batizar o espetáculo com uma pergunta direta, a Companhia Brasileira explicita na camada mais evidente o desejo de cumplicidade na relação com o espectador, que vem constituindo sua teatrologia. Isso te interessa? não traduz Bon, Saint Cloud, o título original da peça de Noëlle Renaude, vertida do francês por Marcio Abreu sob orientação de Giovana Soar e rebatizada com uma frase colhida do meio do texto. O que essa escolha revela, para além da identificação entre gerações distintas, é o interesse do grupo curitibano por um nível de interpelação direta do espectador evidenciadora do espaço (aqui) e tempo (agora) da encenação e do pacto de atenção implícito.

Cia Brasileira veio ao festival pela primeira vez ano passado, um convite do então curador Valmir Santos

Essa cumplicidade se sustenta numa construção sutil e cumulativa, que envolve as diferentes camadas dramatúrgicas a tecer o espetáculo. É, por exemplo, uma das maneiras possíveis de se interpretar o apagão que demarca o início e o fim da encenação, destituindo o espectador de qualquer possibilidade de visão e, consequentemente, devolvendo-lhe a percepção do ser e do estar ali. Vale lembrar que, ainda que de modo diferente, a luz de Nadja Naira também propunha em Vida a escuridão como quebra da fronteira entre palco e plateia restituindo ambas ao mesmo cruzamento tempo-espacial. A cumplicidade vem também, enfim, dos olhares direcionados ao espectador, seja na entrada dos atores ou quando uma das atrizes toma o público como espelho, indagando na frontalidade com a plateia uma reação à sua aparência.

Além disso, a própria estrutura que traz as rubricas à superfície da fala, confundindo fala e ação, ativa a consciência e a cumplicidade do espectador (duas categorias vinculadas, afinal) de que está diante de um espetáculo teatral. Se, na diluição de fronteiras entre acontecimento teatral e vida social (com sua cota de representação, é claro) é sobretudo o ponto de vista do observador e do realizador o que ainda distingue um e outro, em Isso te interessa? o teatro é reiterado enquanto construção a partir da realidade, perspectiva de olhar e relação entre ator e espectador.

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Espetáculos locais no Festival Recife do Teatro Nacional

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases será encenada no FRTN. Foto: Rogério Alves

Já que estamos nessa vibe “listinhas”, que tal conferir logo quais os pernambucanos que estão no Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN)? O anúncio oficial é só na próxima terça-feira, quando será realizada a coletiva de imprensa, mas a gente já adianta por aqui o que estamos sabendo!

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases, direção de Rodrigo Dourado, com Fátima Pontes e Leidson Ferraz no elenco
Duas mulheres em preto e branco, direção de Moacir Chaves, com Paula de Renor e Sandra Possani
Viúva, porém honesta, do grupo Magiluth
Pássaro Pássaros dos sonhos, teatro para a infância, do Coletivo de Teatro Domínio Público do Sesc Santo Amaro, com direção de Rodrigo Cunha e Analice Croccia
A Quase Morte de Zé Malandro, do Grupo de Teatro Drão e Movimento Cultural Fazendo Arte, que vai circular pelas RPA’s

Ainda tem, possivelmente, Divinas, da Duas Companhias – mas não conseguimos checar se realmente foi confirmado (e aí, meninas?).

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Paguem Mary Vaz!

Chico César foi só uma das 400 atrações da Virada Multicultural 2011. Foto: Lú Streithorst/Prefeitura do Recife

Alguns questionam se o blog deveria se envolver nas questões de política cultural da cidade. E principalmente quando o caso é de falta de pagamento aos artistas. Ouvimos críticas por exemplo quando publicamos a carta do diretor amazonense Francisco Carlos, que apresentou seus espetáculos no Festival Recife do Teatro Nacional e não conseguia receber o pagamento de jeito nenhum. O que acho é que o blog é um espaço para isso sim. É um espaço de construção de reflexão, de cobrança, de divulgação de espetáculos, de encontros.

E aí esse post segue com mais uma história de descaso…de falta de compromisso com o artista. Quem não lembra que, ano passado, no mês de outubro, a Prefeitura do Recife inventou uma Virada Multicultural? Foram 48 horas de programação cultural – música, artes cênicas e visuais, cinema, moda, gastronomia. Mesmo que a cidade já tivesse (e tenha) milhões de festivais. E todos eles tenham problemas de divulgação, de formato, de atingir o público. Mas, afinal, naquela época João da Costa precisava melhorar a sua imagem pública.

Na coletiva de imprensa, números grandiosos – 400 atrações gratuitas, sendo, por exemplo, 62 de música e 83 de artes cênicas. Depois a gente foi olhar direitinho e percebia que a Virada tinha sim muita programação exclusiva – teve show da orquestra Buena Vista Social Club, de Alceu Valença, Fagner, Chico César, Nação Zumbi, Naná Vasconcelos – mas que também tinha incorporado todos os eventos que já iam acontecer na cidade – o Festival de Circo, o Coquetel Molotov, todas as peças que já estavam em cartaz.

Bom, fato é que na época o prefeito João da Costa chamou toda a imprensa para anunciar o evento. Disse que a Virada custaria R$ 3 milhões, que não sairíam dos cofres públicos. “A meta é que 50% ou 60% desse valor venha de patrocínios”, afirmava. E, para os artistas, João da Costa deu a sua palavra – que, pelo jeito, não vale de nada: “todos serão pagos até dezembro, inclusive aqueles que, por exemplo, participaram de outros ciclos e festivais e ainda não foram pagos”.

E aí abrimos o Facebook e ficamos sabendo de mais um caso de calote. O diretor Rodrigo Dourado iniciou uma campanha virtual: “Paguem Mary Vaz”. Ele disse que vai postar todo dia uma mesma mensagem de cobrança e repúdio. Dourado foi o curador da Virada da Performance, dentro da tal Virada Multicultural. E uma das artistas escolhidas por ele foi a performer alagoana Mary Vaz – que, até agora, quase um ano depois, ainda não recebeu o seu cachê. Sabe de quanto? R$ 1 mil. O evento custou R$ 3 milhões.

Será que as bandas grandes que se apresentaram no palco principal ainda estão sem receber? Quantos artistas ainda têm dinheiro para receber da Prefeitura? Será que são só os artistas que estão levando calote? Será que técnicos, produtores, assessores de imprensa estão sendo pagos? Quantas campanhas como esta ainda vamos fazer?

Rodrigo Dourado foi curador da Virada da Performace. Quase um ano lança a campanha: Paguem Mary Vaz! Foto: Reprodução Facebook

Seguem as publicações de Rodrigo Dourado e Mary Vaz:

Rodrigo Dourado:
“Convidada por mim (como curador) para compor a Virada da Performance, dentro da Virada Cultural de 2011, promovida pela Prefeitura do Recife, na gestão João da Costa (Secretário de Cultura: Renato L), a performer alagoana Mary Vaz continua sem receber seu mísero cachê de R$ 1.000.

Depois de várias tentativas de recebimento junto à prefeitura, a artista decidiu recorrer a mim para que a ajudasse. Após várias mensagens e conversas com membros da prefeitura, sem uma resposta definitiva, decidimos tornar público o (des)caso.

A Prefeitura do Recife não trata os artistas como profissionais. Profissional é quem trabalha e recebe por isso, para pagar suas contas. Quando deixa um artista sem cachê por um ano, a prefeitura prova que considera a atividade artística um hobby, uma brincadeira de criança, pois pressupõe que os artistas desempenham outras atividades para sobreviver.

Por essas e outras, eu começo campanha: PAGUEM MARY VAZ! (Dia 01)

Todos os dias, esta mesma mensagem será postada para que casos como este não caiam no esquecimento, contabilizando quanto tempo mais será necessário à Prefeitura do Recife para que honre seu compromisso, tenha responsabilidade, hombridade e ética.”

Mary Vaz:

“É com grande pesar que inicio minhas palavras a essa postagem!
Caros amigos da vida e consequentemente, do Facebook. Ano passado no mês de outubro, no mais exato dia 14 fui convidada para participar do Festival Multicultural de Recife com a performance Anônimo (A). Trabalho este que hoje fazem 11 meses que a Prefeitura de Recife NÃO me pagou! Através de e-mails tenho tentado me comunicar e obter …alguma resposta mas NADA me é informado sobre isso. Por isso, venho através da rede social Facebook, fazer esse apelo por esse pagamento justo do meu trabalho.
Porque sou artista, não preciso de dinheiro? Quanta falta de respeito e consideração pela a arte e artista!!?? Espero que agora com esse manifesto, alguém apareça pra me dar alguma resposta e finalmente me pagar. Por enquanto está nas palavras…Muito triste com tamanho descaso com a obra e com o material HUMANO!
NÃO ESTOU MENDIGANDO! SÓ IMPLORANDO QUE MEU TRABALHO SEJA PAGO JUSTAMENTE! PUTA QUE O PARIU! SERÁ POSSÍVEL QUE EM PLENO ANO 2012 TENHAMOS QUE PASSAR POR TAMANHA HUMILHAÇÃO ? MUITO TRISTE COM TUDO ISSO!”

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