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FIT Rio Preto chega aos 50 anos

Festival movimenta cidade paulista até o dia 13 de julho

SÃO PAULO – A trajetória de uma artista negra, que venceu a fome e o preconceito para garantir o seu lugar de fala (e com que voz!) forma o quadro da programação do Festival Internacional de Teatro, o FIT, de São José do Rio Preto (SP), nesta quinta-feira (04/07). Sete atrizes se multiplicam para expor a trajetória da cantora de A Mulher do Fim do Mundo e Maria da Vila Matilde, e de outras tantas músicas em seis décadas de carreira. Elza, o musical vibrante dá o tom inicial do que é o repertório deste ano, com 34 espetáculos, espalhados por 25 locais da cidade até 31 de julho. É tempo de luta, mas sem abandonar a alegria é tembém o que proclama a montagem de Gabriel Villela para O Auto da Compadecida, texto de Ariano Suassuna.

A escolha das montagens para compor o caleidoscópio curatorial avisa que corpos femininos trans e cis, negros e marginalizados estão de prontidão para se defenderem e defender o que é possível de democracia. Com espetáculos nacionais e internacionais, ações formativas e um ponto de encontro com intervenções e performances, o FIT Rio Preto celebra 50 anos para horar sua história.

A curadoria desta edição – do dramaturgo, diretor e escritor Alexandre Dal Farra, da jornalista e gestora cultural Adriana Macedo e do idealizador e editor da revista Antro Positivo Ruy Filho -, aponta para o futuro, para o momento em constante ebulição nas cênicas e da criatividade como arte impossível de ser barrada pelos poderosos da vez.

Os espetáculos refletem a urgência de tomar posições progressivas, de se posicionar e enfrentar de cabeça erguida as tentativas de desmantelar a cultura no Brasil. E dos enfrentamentos que ocorrem em outras partes do planeta.

Cada obra traz sua específica contundência. Seja para se colocar contra a censura, como em Domínio Público (Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz), seja mirar os racimos em Buraquinhos ou O Vento é Inimigo do Picumã (Coletivo Carcaça de Poéticas Negras), seja para dizer NÃO à homofobia de Tom na Fazenda ou enfrentar a repressão de Quando quebra queima.

O Festival abriga companhias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Amapá, Bahia, Piauí e Santa Catarina. França, Gana, Irã, México e Bolívia chegam com obras contemporâneas em diálogo com outras áreas artísticas.

A artista Va-Bene Fiatsi, de Gana (África) vem com três espetáculos – agbanWu – [Velório] [Lying in State], dZikudZikui-aBiku-aBiikus – [Nascido Depois do Nascido-Morto] – [Born to death-born to die] e Strikethrough – [Tachado]. Suas obras lidam com as tensões culturais e propõem uma reflexão sobre nossas contribuições, ações e inações em relação a direitos humanos, gênero, sexualidade, preconceitos, sexismo, fanatismo religioso, injustiças políticas e minorias marginalizadas nas sociedades civis. Ela concebe seus trabalhos como rituais de identidade que examinam a vulnerabilidade das minorias e a tensão entre exibicionismo e voyeurismo.

Hearing – [Escuta], do Mehr Theatre Group, do diretor e dramaturgo Amir Reza Koohestani do Irã, acende a importância do ouvir (e relatar o que ouviu) na determinação do futuro dos envolvidos. A peça apresenta dois tempos: o da infância e o da maturidade, em reflexão sobre esse passado. Num colégio para meninas, a jovem Samaneh ouve (ou pensa ouvir) a voz de um homem no meio da noite. O dormitório feminino da escola é um lugar proibido aos homens. Muitos anos depois Samaneh necessita relembrar daquele episódio. E avaliar suas consequências. A peça Escuta tem sessões agendadas no Sesc Pompeia nos dias 9 e 10/7.

Romeo y Julieta de Aramburo é uma versão sem fantasias da versão original de Shakespeare. Com a peça, os bolivianos do Kinteatr denunciam o patriarcado ainda reinante na Bolívia. Por favor cierra la puerta, gracias [Por Favor Feche a Porta, Obrigado], do grupo mexicano Vaca 35 Teatro propõe com seu teatro-documentário um passeio por Juarez, cidade mexicana que faz fronteira com os Estados Unidos.

Companhias, artistas e coletivos residentes em São José do Rio Preto foram escolhidos para apresentar trabalhos prontos e obras ainda em processo de construção, em formato de residência artística na Cena Rio Preto. A categoria foi criada em 2007 e nesta edição, seis trabalhos foram selecionados.

As ações formativas deste ano partem da noção de encruzilhada como lugar múltiplo, diverso, oposto, único, plural, de construção, de improvisação, proposta por Leda Martins, poeta, ensaísta, acadêmica e dramaturga brasileira. A dupla de curadores – formada pela encenadora integrante do grupo Teatro da Vertigem Eliana Monteiro e pelo diretor, dramaturgo, pesquisador e professor José Fernando Peixoto de Azevedo – desenvolveu atuações práticas, reflexivas, provocadoras e pedagógicas para a troca de experiências e ideias.

O FIT Rio Preto é realizado pela Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto e pelo Sesc São Paulo,

PROGRAMAÇÃO

Alice _ Baltazar ou Indevassável. Foto: Clara Castañon

Alice&Baltazar ou INDEVASSÁVEL
Homero Ferreira – São José do Rio Preto/SP
Alice é uma jovem que se sente imóvel diante da dificuldade de encontrar um lugar para morar no Rio de Janeiro. Baltazar é rico, branco e herdeiro de empreendimentos imobiliários. Ele não imagina o que Alice planejou para chamar sua atenção…
11/7 – 19h e 23h – Teatro Municipal Paulo Moura
Texto e direção: Homero Ferreira
Orientação: Carmem Gadelha
Elenco: Jasmin Sánchez, Lucas Garbois e Rodrigo Andrade
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 55 minutos

HUMALTERIDADE. Foto: Paulo Amaral

HUMALTERIDADE
Asa de Borboleta Performance Art – São José do Rio Preto/SP
A obra pesquisa as construções do corpo performático limitado pela dificuldade de locomoção, inserindo-o numa perspectiva da alteridade. Busca provocar o espectador usando como fio condutor a noção da realidade do distinto, abordando o “estranho” enquanto percorre a fronteira cartográfica corpórea.
5/7 – 16h – Calçadão
Rua Jorge Tibiriçá com General Glicério
7/7 – 22h – Swift – Graneleiro
9/7 – 16h – Associação das Pess oas com Deficiência – Acadef
10/7 – 21h – Praça Cacilda Becker
(ao lado do Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto)
Direção e performance: Vanessa Cornélio
Classificação indicativa: livre
Duração: 30 minutos

Imprudências Poéticas. Foto: Bruno Camargo

IMPRUDÊNCIAS POÉTICAS
Cia. dos Pés – São José do Rio Preto/SP
Inspirado em textos do escritor moçambicano Mia Couto, a interferência poética invade o horizonte da construção urbana e com uma dança-poema pausa o conturbado espaço de concreto, propondo um questionamento sobre a criação do medo. Um guindaste de 33 metros é utilizado como parte do cenário.
7/7 – 17h30 – Praça São Sebastião
Distrito de Talhado
11/7 – 17h30 – Praça dos Esportes e da Cultura
Distrito de Engenheiro Schmitt
Inspirado nas obras “As baleias de Quissico”, “A menina, as aves e o sangue” e “Murar o medo”, de Mia Couto.
Direção e roteiro: Angélica Zignani
Elenco: Mariane Cerilo e Daniel Neves
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 50 minutos

Corpomáquina. Foto: Diego-Santos

CORPOMÁQUINA
Robo.art – São José do Rio Preto/SP
Repensar o lugar do corpo na cena contemporânea exige que discutamos as mudanças estruturais e representacionais ligadas ao uso de novas tecnologias. O corpo pós-humano, contaminado pelo devir-tecnológico, é um corpo-imagem transfigurado que descobre sua potência na inter-relação com o mundo.
6/7 – 23h – Swift – Graneleiro
Direção: Vinicius Dall’Acqua
Coreografia/performer: Vinicius Francês
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 40 minutos

Não tem véu, nem réu, tem revolução. Foto: Elissa Pomponio

NÃO TEM VÉU, NEM RÉU, TEM REVOLUÇÃO!
Manas no Coletivo – São José do Rio Preto/SP
Através de intervenções artísticas em fotografias produzidas durante o processo de construção da peça, a mostra aborda a infâmia do feminino perante a sociedade. Durante a exposição, o elenco do espetáculo fará intervenções, apresentando algumas cenas.
11/7 – 22h – Swift – Mezanino
Fotografia, intervenção artística e concepção: Elissa Pomponio
Intervenções ao vivo de cenas: Amine Boccardio, Carol Campos, Fabiana Pezzotti e Lila Santiago
Produção: Fabiana Pezzotti e Denise Cristina
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 60 minutos

Teoremas. Foto: Divulgação

TEOREMAS
Grupo Kahlos – São José do Rio Preto/SP
As memórias da atriz Vanessa Cornélio. A amnésia pós-traumática que a protagonista sofreu após o acidente automobilístico que lesionou sua medula. Os dias esquecidos são apresentados como novas e improváveis memórias das memórias reais, num jogo cênico onde se edita a realidade através da ficção.
5/7 – 23h – Swift – Graneleiro
Encenação e dramaturgia: Tauã Teixeira
Elenco: Vanessa Cornélio, Milton F. Verderi, Lucas Leal e Marcela Galhardo
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 90 minutos

INTERNACIONAIS

agbanWu. Foto: Kresiah Mukwazhi / Divulgação

agbanWu [Velório]
Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT] – Gana
Imagens dos tradicionais ritos fúnebres inundam a performance “agbanWu”, que questiona as relações de poder entre indivíduos, governo, militares e igreja na África.
09/07 – 18h30 às 22h30 – Swift – Área interna
Criação: Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT]
Direção técnica: Martin Toloku
Flautista: Alice Guel
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 240 minutos
(o tempo de permanência na performance é livre)

dZikudZikui-aBiku-aBikus – Foto: Anwar Sadat Mohammed

dZikudZikui-aBiku-aBiikus – [Nascido depois do nascido-morto]
Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT] – Gana
A obra propõe uma reflexão sobre nossas contribuições, ações e inações em relação à violência, ódio, preconceito, vulnerabilidades e mortalidade. A performance questiona o fracasso da Igreja/Cristianismo e sua participação contraditória em atos desumanos.
11/7 – 21h30 – Swift – Estacionamento
Criação: Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT]
Direção técnica: Martin Toloku
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 a 120 minutos

Hearing. Foto: Pierre Borasci

HEARING – [Escuta]
Mehr Theatre Group – Irã
Espécie de castelo inatingível, o dormitório das meninas sempre foi trancado a sete chaves. Mas um dia, uma garota relata ter ouvido um homem em um dos quartos. A peça tematiza com culpas, remorsos, desejos e fantasias e a confusão entre o virtual e o real.
5 e 6/7 – 21h30 – Sesc – Ginásio
Texto e direção: Amir Reza Koohestani
Elenco: Mona Ahmadi, Ainaz Azarhoush, Elham Korda e Mahin Sadri
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 70 minutos

Por Favor Cierra la Puerta, Gracias. Foto: Raul Kriga

POR FAVOR CIERRA LA PUERTA, GRACIAS – [Por favor feche a porta, obrigado]
Vaca 35 Teatro – México
A encenação propõe um passeio por Ciudade Juarez, suas histórias e seus fantasmas. Essas narrativas chegam e se acomodam em um pequeno apartamento no centro da cidade e nos abrem a porta de memórias dos que se foram e dos que ficaram.
5, 6 e 7/7 – 19h – Casa – Avenida das Hortênsias, 263, Jardim dos Seixas.
Dramaturgia: criação coletiva Vaca 35 Teatro
Direção e concepção: Damián Cervantes
Elenco: Guadalupe Balderrama, Alan Posada, José Rafael Flores, Laura Galindo, Mario Vera, Humberto Morales e Abril Badillo
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 90 minutos
Lotação: 90 lugares

Romeo y Julieta de Aramburo. Foto: Sandra Zea

ROMEO Y JULIETA DE ARAMBURO
Kiknteatr – Bolívia
A encenação investe na intimidade do conflito dos jovens amantes, do relativismo e do niilismo de nossos tempos. A versão denuncia, sobretudo, o patriarcado ainda reinante – muitas mulheres, na Bolívia, quando se casam perdem “seu” sobrenome paterno para receber o de seu marido usando o “de”, que expressa propriedade.
12 e 13/7 – 21h30 – Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto
Texto: Diego Aramburo (intervenção na obra de William Shakespeare, sobre tradução própria)
Direção: Diego Aramburo
Elenco: Camila Rocha, Diego Aramburo e Ariana Stambuk
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 50 minutos

strikethrough. Foto: crédito Greg Goodale 

STRIKETHROUGH – [Tachado]
Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT] – Gana
A narração performativa navega pelas fronteiras coloniais nos espaços que não foram feitos para “outres” ou “corpos estranhos”. Diversos vídeos registraram a confusão de seguranças de fronteiras ao lidar com documentos de artistas não binários.
7/7 – 21h30 – Sesc – Ginásio
Criação: Va-Bene Fiatsi [crazinisT artisT]
Direção técnica: Martin Toloku
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 90 minutos

 

NACIONAIS

Auto da Compadecida. Foto: Tati Motta

AUTO DA COMPADECIDA – Grupo Maria Cutia e Gabriel Villela
Belo Horizonte/MG
Músicas que entrelaçam o regionalismo mineiro e o pernambucano compõem o repertório dessa montagem, que explora as aventuras picarescas de Chicó e João Grilo. O cenário e o figurino trazem um sincretismo entre a estética oriental das tapeçarias, o cangaço de Pernambuco e o barroco mineiro com motivos chineses da Igreja de Nossa Senhora do Ó de Sabará.
13/7 – 19h – Teatro Municipal Paulo Moura
Texto: Ariano Suassuna
Concepção e direção geral: Gabriel Villela
Elenco: Leonardo Rocha, Hugo da Silva, Mariana Arruda ou Jimena Castiglioni, Lucas Dê Jota Torres, Malu Grossi, Marcelo Veronez e Polyana Horta
Classificação indicativa: livre
Duração: 80 minutos

BURAQUINHOS. Foto_Alessandra Nohvais

BURAQUINHOS OU O VENTO É INIMIGO DO PICUMÃ
Carcaça de Poéticas Negras
São Paulo/SP
Um menino negro correr o mundo, e, ao longo do caminho, é atingido por 111 tiros de arma de fogo do policial que o persegue. Com fortes tintas de realismo fantástico, a obra traz à cena o genocídio da população jovem, negra e periférica.
5 e 6/7 – 21h30 – Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto
Idealização, coordenação e dramaturgia: Jhonny Salaberg
Direção: Naruna Costa
Elenco: Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos

Renata Crvalho em Domínio Público. Foto_Humberto Araujo 

DOMÍNIO PÚBLICO
Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz – Núcleo Corpo Rastreado – Curitiba/PR, São Paulo/SP e Paris/França
Os quatro artistas se juntam para uma reflexão a partir dos ataques que sofreram em 2017. Tomando como ponto de partida um dos ícones da história da arte, revelam como uma obra pode ser utilizada em diferentes narrativas ao longo do tempo, espelhando os fatos e incongruências de nossas sociedades.
6 e 7/7 – 19h – Sesc – Teatro
Criação, texto e performance: Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz
Colaboração artística: Ana Teixeira
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 40 minutos

Elza. Foto: Elena Moccagatta

ELZA
Sarau Agência de Cultura Brasileira – Rio de Janeiro/RJ
Elza Soares é sinônimo de resistência e reinvenção. Sete atrizes se multiplicam na artes em diferentes fase de sua trajetória.
04/07 – 19h30 – Anfiteatro Nelson Castro (Represa Municipal)
Texto: Vinícius Calderoni
Direção: Duda Maia
Elenco: Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacôrte, Larissa Luz e Verônica Bonfim
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 150 minutos

Epidemia Prata. Foto: Letícia Godoy

EPIDEMIA PRATA
Cia Mungunzá de Teatro – São Paulo/SP
A encenação traz uma costura entre duas linhas narrativas: a visão pessoal dos atores sobre personagens reais que conheceram em sua atual residência no Teatro de Contêiner, Centro de São Paulo, e o mito da Medusa.
9 e 10/7 – 21h30 – Sesc – Ginásio
Argumento e texto: Cia Mungunzá de Teatro
Direção: Georgette Fadel
Elenco: Gustavo Sarzi, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos

Lugar da Chuva. Foto: Nu Abe

LUGAR DA CHUVA
Frêmito Teatro e Agrupamento Cynétiko – Macapá/AP e São Paulo/SP
A dramaturgia cartográfica, que organiza o texto por ilhas, acompanha a trajetória de dois narradores-viajantes por diversos locais na foz do Rio Amazonas, reinventando as sensações que os atravessam durante o percurso entre a cidade e a floresta
11 e 12/7 – 19h – Sesc – Teatro
Dramaturgismo: Ave Terrena
Direção: Otávio Oscar
Elenco: Raphael Brito e Wellington Dias
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 70 minutos

Medeia Negra. Foto:  Adeloyá Magnoni

MEDEIA NEGRA
Grupo Vilavox – Salvador/BA
Medeia é vista, por nós, como a fundação de uma exclusão fundamental: a invisibilização da voz feminina. A peça revela ao público outras possíveis leituras do mito. A personagem desconstrói o mito para convocar as mulheres à retomada do poder.
7 e 8/7 – 21h30 – Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto
Dramaturgia: Márcio Marciano e Daniel Arcades
Direção: Tânia Farias
Concepção e atuação: Márcia Limma
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos

Monstra. Foto: Debby Gram 

MONSTRA
Elisabete Finger e Manuela Eichner – São Paulo/SP
Monstra se coloca entre os campos da dança e das artes visuais, tendo o corpo como ponto de partida e de chegada. Mulheres e plantas constroem e destroem situações e imagens, colocando a prova algumas certezas sobre o feminino, o belo e o dócil.
12 e 13/7 – 21h30 – Sesc – Ginásio
Direção: Elisabete Finger e Manuela Eichner
Criação e performance: Barbara Elias, Danielli Mendes, Josefa Pereira, Mariana Costa e Patrícia Bergantin
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 50 minutos

PEÇA DE ADULTO, FEITA POR CRIANÇAS. Foto: João Caldas Fº

PEÇA PARA ADULTOS FEITA POR CRIANÇAS
Elisa Ohtake -São Paulo/SP
Cinco crianças aventureiras atuam, dançam, vivem, mergulham em Hamlet, no transumano, no além do humano, inventam brincadeiras para adultos contra a chatice, contra o antropocentrismo, contra a morte em vida.
8 e 9/7 – 19h – Sesc – Teatro
Dramaturgia: Elisa Ohtake e elenco
Concepção e direção: Elisa Ohtake
Elenco: Davi Hamer, Felipe Bisetto, Joana Arantes, Michel Felberg e Vitória Reich
Performance especial: Paulo Cesar Pereio
Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 90 minutos

Protocolo Elefante. Foto: Cristiano Prim

PROTOCOLO ELEFANTE
Cena 11 Cia. de Dança – Florianópolis/SC
O grupo investiga a ação de afastamento e isolamento do elefante na iminência de sua morte como metáfora de separação e exílio.
9 e 10/7 – 19h – Teatro Municipal Paulo Moura
Criação, direção e coreografia: Alejandro Ahmed
Criação e performance: Adilso Machado, Aline Blasius, Edú Reis Neto, Hedra Rockenbach, Jussara Belchior, Karin Serafin, Kitty Katt, Luana Leite, Marcos Klann, Mariana Romagnani e Natascha Zacheo
Direção de trilha, iluminação e performance: Hedra Rockenbach
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 90 minutos

Quando Quebra Queima Foto: Mayra_Azzi

QUANDO QUEBRA QUEIMA
ColetivA Ocupação – São Paulo/SP
Quinze corpos insurgentes deslocam para a cena a experiência que tiveram dentro das escolas ocupadas entre 2015 e 2016, criando uma narrativa coletiva e comum a partir da perspectiva de quem viveu intensamente o dia a dia dentro do movimento.
11 e 12/7 – 19h – Escola Municipal Darcy Ribeiro
Dramaturgia: ColetivA Ocupação
Direção: Martha Kiss Perrone
Criação e performance: Abraão Santos, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Fachinetto, Beatriz Camelo, Gabriela Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Marcela Jesus, Matheus Maciel, Mel Oliveira, Mayara Baptista, Pedro Veríssimo, André Dias Oliveira e Heitor de Andrade
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 90 minutos

Tom na Fazenda. Foto:  José Limongi

TOM NA FAZENDA
ABGV Produções Artísticas – Rio de Janeiro/RJ
O publicitário Tom é envolvido numa trama de mentiras quando vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay.
6 e 7/7 – 19h – Teatro Municipal Paulo Moura
Texto: Michel Marc Bouchard
Tradução: Armando Babaioff
Direção: Rodrigo Portella
Elenco: Armando Babaioff, Analu Prestes, Gustavo Vaz e Camila Nhary
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 120 minutos

tReT. Foto:  Maurício Pokemon

tReta
Original Bomber Crew – Teresina/PI
É um conflito, uma explosão, um ato premeditado para envolver o outro, onde o público se arrisca para fazer a selfie do dia. A treta do Palácio do Planalto, a do vizinho, a da batalha de breaking. A treta do Dirceu com as outras quebradas e a nossa própria treta…
8 e 9/7 – 23h – Swift – Graneleiro
Concepção: Allexandre Santos e Cesar Costa
Direção: Allexandre Santos
Criação e performance: Allexandre Santos, Carlos Adriano (Nenem), Cesar Costa, Javé Montuchô, Malcom Jefferson, Maurício Pokemon e Phillip Marinho
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 50 minutos

Violento – Melanina Digital. Foto: Pablo Bernardo

violento.
Preto Amparo, Alexandre de Sena e Grazi Medrado – Belo Horizonte/MG
violento. adjetivo. 1. que ocorre com uma força extrema ou uma enorme intensidade. 2. em que se emprega força bruta; brutal, feroz. 3. que possui grande força, grande poder de ataque ou de destruição. 4. falta de moderação, excessivamente enfático; veemente. 5. que apresenta agitação intensa; agitado, revolto, tumultuoso. 6. que perde facilmente o controle sobre si mesmo; irascível, colérico. 7. que contraria o direito e a justiça. 8. diz-se da morte causada pela força ou por acidente.
9 e 10/7 – 21h30 – Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto
Dramaturgia: Alexandre de Sena e Preto Amparo
Direção: Alexandre de Sena
Elenco: Preto Amparo
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 50 minutos

 

NACIONAL PARA TODOS OS PÚBLICOS

Inimigos. Foto: Mariana Chama 

INIMIGOS
Cia. De Feitos – São Paulo/SP
Em algum lugar … há dois buracos. Neles, dois soldados. Eles são inimigos. A guerra os colocou em lados opostos. E assim brincam de inimigos conforme ensinou o manual (que diz tudo sobre o inimigo). Os inimigos são exatamente iguais… Então, por que lutam?
8 e 9/7 – 15h – Teatro Waldemar de Oliveira Verdi – Sesi
Dramaturgia e direção: Carlos Canhameiro
Elenco: Artur Kon, Carla Massa, Giscard Luccas, Paula Mirhan, Paula Serra e Rui Barossi
Classificação indicativa: livre
Duração: 55 minutos

Mary e os Monstros Marinhos. Foto: Tuca Fanchin

MARY E OS MONSTROS MARINHOS
Companhia Delas de Teatro – São Paulo/SP
Em cena, a história de Mary Anning, famosa paleontóloga que viveu na Inglaterra no início do século XIX. Mas nessa fábula, a cientista vem de família pobre, começou a trabalhar aos 12 anos, sobreviveu a tempestades e deslizamentos de terra para fazer grandes descobertas.
11 e 12/7 – 15h – Teatro Waldemar de Oliveira Verdi – Sesi
Dramaturgia original: Rhena de Faria, Cecília Magalhães, Julia lanina e Thaís Medeiros
Direção: Rhena de Faria
Elenco: Cecília Magalhães, Julia Lanina e Thaís Medeiros
Classificação indicativa: livre
Duração: 60 minutos

Nerina – A Ovelha Negra. Foto: Cacá Diniz

NERINA – A OVELHA NEGRA
Maracujá Laboratório de Artes – São Paulo/SP
Baseado no livro do cartunista Michele Iacocca, a opereta com bonecos e atores conta a história de Nerina, uma ovelha que é expulsa do rebanho por ter a cor diferente das outras.
6 e 7/7 – 15h – Teatro Waldemar de Oliveira Verdi – Sesi
Dramaturgia: baseada no livro ilustrado original de Michele Iacocca
Adaptação, concepção e direção: Sidnei Caria
Elenco: Camila Ivo, Lucas Luciano, Piva Silva, Sidnei Caria, Silas Caria e Yasmin Olí
Classificação indicativa: livre
Duração: 50 minutos

Cegos. Foto: Eduardo Bernardino

CEGOS
Desvio Coletivo – São Paulo/SP
Homens e mulheres, em trajes sociais e de olhos vendados caminham lentamente interferindo de forma poética no fluxo cotidiano da cidade. O trabalho propõe uma reflexão acerca do modo de vida da sociedade contemporânea.
11/7 – 13h – Mercado Municipal / ruas do centro
12/7 – 15h – Represa Municipal – Lago 2 (em frente ao AME)
Concepção: Marcelo Denny e Marcos Bulhões
Direção artística da performance: Marcos Bulhões e Priscilla Toscano
Classificação indicativa: livre
Duração: 180 minutos

Entre Ladeiras. Foto: Pedro Ivo

-entre-ladeiras
Núcleo Aqui Mesmo – São Paulo/SP
Da invisibilidade à visibilidade, uma constelação de corpos se configura percorrendo, permanecendo, sinalizando e preenchendo o espaço. A performance de dança site specific foi originalmente criada e apresentada na Ladeira da Memória, no centro de São Paulo.
5/7 – 17h – Praça Rui Barbosa
6/7 – 11h – Praça Rui Barbosa
Concepção e direção geral: Carmen Morais
Bailarinos-performers:
Amanda Correa, Arthur Sebast, Carmen Morais, Fabíola Camargo, Felipe Cirilo e Thais Ushirobira
Classificação indicativa: livre
Duração: 50 minutos

Mão – Translação da Casa pela Paisagem. Foto: Renato Mangolin

MÃO – Translação da Casa pela Paisagem
Coletivo Mão – Rio de Janeiro/RJ
A performance expõe a construção, ao vivo, de uma estrutura de 8 metros de altura, de ferro e madeira. Movimentos ordinários como aparafusar, carregar e encaixar, se misturam aos equilíbrios em pêndulo, às escorregadas acrobáticas em uma enorme rampa de madeira.
6/7 – 16h30 – Parque Ecológico Danilo Santos de Miranda
7/7 – 16h30 – Zoológico Municipal (Bosque)
Direção: Renato Linhares
Elenco: Adelly Constantini, Camila Moura, Carolina Cony, Daniel Elias, Daniel Poittevin, Fábio Freitas e Bartolo.
Classificação indicativa: livre
Duração: 60 minutos

Os Minutos que se Vão com o Tempo. Foto: Christiane Forcinito

OS MINUTOS QUE SE VÃO COM O TEMPO
Zózima Trupe – São Paulo/SP
O espetáculo é um caminho que se propõe a acompanhar os passageiros em seus variados destinos. Uma jornada de trajetos afetivos e geográficos, proposto por figuras que alteram as bordas do cotidiano no transporte coletivo, local onde é encenada a peça.
8/7 – 16h – Terminal Rodoviário Urbano
Linha 416 – Vida Nova Fraternidade (Plataforma 07 – Pista da direita)
9/7 – 16h – Terminal Rodoviário Urbano
Linha 202 – Nato Vetorazzo (Plataforma 12 – Pista do meio)
Dramaturgia (em processo colaborativo): Cláudia Barral
Direção: Anderson Maurício
Artistas pesquisadores: Anderson Maurício, Cleide Amorim, Junior Docini, Maria de Alencar, Priscila Reis, Tatiana Nunes Muniz e Tatiane Lustoza
Classificação indicativa: livre
Duração: 120 minutos

Serviço

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – FIT RIO PRETO
De 4 a 13 de julho – São José do Rio Preto – SP/ Brasil.
Realização: Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto e Sesc São Paulo.
Programação completa no site fitriopreto.com.br.

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Do Janeiro para São José do Rio Preto

Paula de Renor (dir), ao lado de Paulo de Castro e Carla Valença

Paula de Renor (dir), ao lado de Paulo de Castro e Carla Valença

No início do ano, saiu a notícia de que o Sesc paulista não iria mais apoiar o Festival de São José do Rio Preto e que a mostra ainda não tinha quitado débitos com companhias que participaram da edição anterior do festival. No meio desse clima de incertezas e crise, a atriz e produtora Paula de Renor, uma das responsáveis pelo Janeiro de Grandes Espetáculos, foi convidada para ser uma das curadoras do festival. Assumiu a tarefa ao lado de Cesar Augusto (do Tempo Festival/RJ), Antonio do Valle (São Paulo) e Manoel Neves (São José do Rio Preto).

“Trabalhamos a partir dos conceitos de ampliação e aproximação. Queríamos abrir horizontes, avançar geograficamente”, afirmou. “O festival não perde nenhuma das suas características. Há uma diversidade grande na programação, desde os espetáculos mais experimentais, de novos dramaturgos, mas também grupos mais antigos”, complementou Paula.

De Pernambuco, apenas um espetáculo está na programação: De Íris ao arco-íris, infantil com direção de Jorge de Paula que trata de morte e renovação através do teatro de animação e de bonecos. Ao todo, a edição 2014 do FIT, que será realizada entre 21 e 30 de agosto, terá 46 espetáculos, envolvendo 45 companhias de teatro, de nove estados diferentes e nove países. O festival é realizado pela Prefeitura de São José do Rio Preto e, este ano, todos os ingressos serão gratuitos.

De Íris ao arco-íris é única pernambucana na programação. Foto: Angélica Gouveia

De Íris ao arco-íris é única pernambucana na programação. Foto: Angélica Gouveia

Confira a programação:

Espetáculos nacionais – Teatro Adulto
As Estrelas cadentes do meu Céu são feitas de Bombas do Inimigo – Cia. Provisório Definitivo – São Paulo
Adágio – Artesanal Cia de Teatro – Rio de Janeiro
As Três Irmãs – Traço Cia de Teatro – Florianópolis (SC)
Uma História Oficial – Cortejo Cia de Teatro – Três Rios (RJ)
Calango deu! Os causos da Dona Zaninha – Cia. Caititu – Rio de Janeiro
Sinfonia Sonho – Teatro Inominável – Rio de Janeiro
Cucaracha – Cia. Teatro Independente – Rio de Janeiro
Sobre Anjos & Grilos – O Universo de Mario Quintana – Companhia de Solos & Bem Acompanhados – Porto Alegre (RS)
Elefante – Probastica Cia de Teatro – Rio de Janeiro
Essa Criança (Espetáculo Convidado) – Cia Brasileira de Teatro – Curitiba (PR)

Esta criança, da Cia Brasileira de Teatro, vai participar do FIT. Foto: Sandra Delgado

Esta criança, da Cia Brasileira de Teatro, vai participar do FIT. Foto: Sandra Delgado

Espetáculos nacionais – Teatro para Infância e Juventude
O Sapato que Sabia Andar – Mariza Basso Formas Animadas – Bauru (SP)
Meu Pai é um Homem Pássaro – Cia. Simples – São Paulo
Cocô de Passarinho – Cia. Noz de Teatro, Dança e Animação – São Paulo
Cabeça de Vento – Pandorga Cia. de Teatro – Rio de Janeiro
De Íris ao arco-íris – Produtores Independentes – Recife (PE)

Espetáculos de rua
Na boca do Lixo – Cia. Talagadá – Teatro de Formas animadas – Itapira (SP)
Do Fundo do Mar – Cia. Fios de Sombra – Campinas (SP)
Águas de L´Avar – Teatro de la Plaza e Teatro por um Triz – São Paulo
Sandwalk with me – Improvável Produções – Rio de Janeiro
Dentro é lugar longe – Trupe Sinhá Zózima – Santo André (SP)

Espetáculos temáticos: Diversidade
Vampiras Lésbicas de Sodoma – Treco Produções Cinematográficas Ltda – Rio de Janeiro
Joelma – Território Sirius Teatro – Salvador (BA)
BR-TRANS – Coletivo Artístico as Travestidas – Fortaleza (CE)

São José do Rio Preto
Pazsado – Uma Fotografia – Jeff Telles
Veludinho – Cia. Livre de Teatro
Plástico Bolha – Cia. dos Pés
Cana.ã – Núcleo Arcênico de Criações
Condenada – G.A.L.
Por quê? – Cia. Cênica
O Tartufo – Cia. da Boca
Oroboro – Grupo Mon’onírico
Os Meninos e as Pedras – Cia. Girasonhos
Auto da Anunciação – Cia. Cênica
Pequeno Animal Selvagem – Os Cogitadores

Internacionais
Ventimilla Leghe – Teatro Potlach – Itália
Saxophonssimo – Misfits – França
Smashed – Gandini Jugling – Inglaterra
La Chica de la Agencia de Viajes nos dijo que había piscina en el apartamento – El Conde de Torrefiel – Espanha
Bestiario – La Llave Maestra – Chile/Espanha
Sueños de Gigante – La Gran Marcha de los Muñecones – Peru
Fuera – Maria Peligro – Argentina/Bélgica
La idea fija – Pablo Rotemberg – Argentina
Historia de Amor – Teatro Cinema – Chile
El Rumor del Incendio – Lagartijas Tiradas Al Sol – México

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De janeiro a janeiro, tem festival!

Essa febre que não passa (foto) e Aquilo que meu olhar guardou para você estarão no Festival de Curitiba. Foto: Ivana Moura

Duas montagens pernambucanas – Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro, e Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth – estão na programação da mostra oficial do Festival de Teatro de Curitiba. Depois do Janeiro de Grandes Espetáculos e do hiato no mundo das artes – para tudo que não é música e folia carnavalesca, claro – é Curitiba quem abre o calendário de festivais de teatro no país.

De janeiro a janeiro, tem festival em vários lugares do Brasil, com enfoques e objetivos diferentes, mas sempre proporcionando a circulação dos espetáculos e, geralmente, o acesso do público a montagens que dificilmente conseguiriam ser vistas sem o suporte de um festival – já que não há patrocínio para todas as peças e bilheteria definitivamente não garante a possibilidade dos grupos viajarem.

Conversamos com diretores e curadores dos principais festivais do país – Festival de Curitiba, Porto Alegre em Cena, Londrina, Festival de São José do Rio Preto, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac), Cena Contemporânea e Tempo_Festival. Procuramos saber quais as propostas para este ano e, mais ainda, tentamos revelar os méritos de cada um deles para, de alguma forma, contribuir para que os nossos próprios festivais (ao menos os três maiores) – Janeiro de Grandes Espetáculos, Palco Giratório e Festival Recife do Teatro Nacional (esses também foram ouvidos, obviamente) – consigam avançar (ou também servir de espelho) em diversos aspectos.

Curitiba, por exemplo, recebe muitas críticas de que prioriza e incentiva na cidade a proliferação do teatro comercial. Apesar disso, o festival que já vai para a 21ª edição é, indiscutivelmente, um dos mais bem-sucedidos do Brasil. Consegue reunir produções de qualidade na cena nacional, inclusive muitas estreias acontecem lá, e ainda fomentar o experimentalismo, graças à mostra paralela intitulada Fringe, que foi inspirada no Festival Internacional de Edimburgo, na Escócia. Este ano, o Fringe deve ter 368 espetáculos. O grupo Magiluth, que nunca participou do festival, além de estar na mostra oficial, apresenta outros dois espetáculos: 1 Torto e O canto de Gregório, numa mostra dentro do Fringe organizada pela Companhia Brasileira de Teatro, que será realizada no Teatro HSBC.

Los pájaros muertos abre festival no Paraná

A mostra oficial do festival, que acontece entre 27 de março e 8 de abril, terá 29 espetáculos de seis estados brasileiros – São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco -, além de dois internacionais – da Espanha e da Inglaterra. “Apesar dessas atrações, não queremos ser um festival internacional. O nosso grande mote é a produção nacional e mantemos esse foco”, explica Leandro Knopfholz, um dos criadores e diretor geral do evento.

A abertura da mostra será com a peça espanhola Los pájaros muertos; mas o festival tem ainda duas remontagens da companhia carioca Os Fodidos Privilegiados – O casamento e Escravas do amor -, as duas textos de Nelson Rodrigues; a estreia de Eclipse, do grupo Galpão; e de Licht & Licht, da Cia de Ópera Seca; e ainda montagens como Gargólios, de Gerald Thomas; O idiota, de Cibele Forjaz; e O libertino, de Jô Soares.

Recorte holandês no Rio de Janeiro

Qual o teatro feito na Holanda? Você já se fez essa pergunta? Os diretores e curadores Márcia Dias, Bia Junqueira e César Augusto, do Tempo_Festival das Artes – Festival Internacional de Artes Cênicas do Rio de Janeiro, já. Tanto que um recorte dessa cena teatral poderá ser visto entre 5 e 12 de outubro no chamado 2° Tempo do festival. “O festival é realizado em três tempos: o primeiro é dedicado ao pensamento – trazemos artistas internacionais para fazer residência, debates, encontros com filosófos, pessoas de outros segmentos. Já o segundo é aquele dedicado à programação artística propriamente dita. E há ainda o Tempo_Contínuo, que é o site, um suporte permanente”, conta Márcia.

Para quem duvida sobre o quanto o teatro na Holanda é profícuo, Márcia Dias responde: “Estou com material de mais de 60 espetáculos, entre teatro e dança, para que possamos fazer a curadoria”. Ano passado, o Tempo fez um recorte da cena argentina – inclusive co-produziu (com o Festival Internacional Santiago a Mil, o Festival d’Automne de Paris e a Maison des Arts et de la Culture de Créteil, na França), O vento num violino, do Teatro Timbre 4, que esteve pela primeira vez no Recife no último Janeiro de Grandes Espetáculos.

Espetáculo do grupo argentino Timbre 4 foi co-produzido por festival carioca

Londrina tem o festival de teatro mais antigo do Brasil

O festival de teatro mais antigo do Brasil é o Festival Internacional de Londrina – Filo. São 44 anos (a mostra só não foi realizada uma única vez e, por isso, o festival vai para a sua 43ª edição) e a programação inclui não só teatro, mas dança, circo, música. “Tentamos montar uma programação diversificada. E conseguimos uma média de 80, 90 e até 100 mil pessoas por edição”, conta o diretor da mostra, Luiz Bertipaglia.

A relação do Filo com a cidade, explica Bertipaglia, é bastante especial. “O festival tem 44 anos e a cidade 77. O festival foi crescendo com Londrina. As pessoas entendem que o festival faz parte da história da cidade”. Outra facilidade com relação à público é que Londrina não é tão grande – tem cerca de 600 mil habitantes e aí as ações conseguem ser mais efetivas junto ao espectador.

Segundo o diretor, a cena teatral londrinense foi impulsionada pelo Filo. “Muitas companhias foram criadas em função do festival. E acho que foi fundamental também para a criação, em 1998, do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual”.

Grupo belga vai encenar texto de Alejandro Jodorowsky no Filo

As inscrições para os grupos nacionais no Filo terminaram no dia 9 de fevereiro. A curadoria dos internacionais é feita pelo próprio Luiz Bertipaglia. Em primeira mão, o diretor nos confirmou a apresentação de The ventriloquist’s school, do grupo belga Poit Zero (um texto de Alejandro Jodorowsky), e Translunar paradise, montagem do grupo da Inglaterra Theatre Ad Infinitum (uma história sobre vida, morte e amor eterno que começa depois que a esposa de William morre e ele vai para uma ilha da fantasia, das suas memórias passadas). O festival será realizado entre 8 e 30 de junho.

Teatro africano no Distrito Federal

Geralmente o festival Cena Contemporânea, de Brasília, é realizado em agosto ou setembro. Esse ano, no entanto, será um pouco mais cedo: de 17 a 29 de julho. Guilherme Reis, coordenador do festival, diz que a mudança é por conta de um convite da Universidade de Brasília (UnB), que está completando 50 anos. “Vamos fazer uma edição especial, voltada para América Latina e África. Em 1987 e 1989, a UnB realizou o Festival Latino Americano. Por isso essa ação”, explica Reis que garante que terá liberdade para realizar suas escolhas, de forma independente da universidade.

El rumor del incendio, do México, estará no Cena Contemporânea

“Tenho uma oferta grande de espetáculos africanos e algumas co-produções que passam também por Portugal, Canadá e Espanha”. A grade de programação ainda não está fechada, mas o coordenador adianta que devem ser 12 ou 13 espetáculos internacionais, sendo seis ou sete latino-americanos e o restante de espetáculos africanos, além da produção nacional com a presença de montagens de diretores como Henrique Dias e Cibele Forjaz. Dos internacionais, estão confirmados The butcher brothers, da África do Sul, e El rumor del incendio, do México.

O Cena é um festival privado que nasceu em 1995, mas está indo para a 13ª edição. “Em alguns anos, não conseguimos realizar. Mas desde 2003 não paramos mais. Brasília tem uma situação atípica com relação a apoio. Pela primeira vez, ano passado, recebemos incentivo do Distrito Federal”, conta Reis. Um dos méritos do Cena é envolver a cidade – mesmo quem não vai ao teatro, não fica ileso ao Ponto de Encontro, um espaço montado na Praça do Museu Nacional da República, que abriga apresentações musicais.

Teatro de dois em dois anos

O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FitBH), em Minas Gerais, acontece de dois em dois anos. “Essa já era a proposta desde que ele foi criado, em 1994. Era para ter fôlego mesmo, para fazer sempre um grande festival”, explica Marcelo Bones, diretor do evento que, ao lado da diretora Yara de Novaes e da atriz Grace Passô, fará a curadoria da mostra. O evento está marcado para acontecer entre 12 e 24 de junho. A grade de programação ainda não está fechada, mas já há algumas definições. Bones adianta que devem ser 12 espetáculos internacionais, 15 nacionais e ainda 10 montagens de Belo Horizonte – que ocupam não só os palcos dos teatros, mas também as ruas.

“Vamos trabalhar a partir de três conceitos: o teatro e a cidade; o teatro e outras linguagens artísticas; e a cooperação e o intercâmbio entre criadores”, explica Marcelo Bones. O festival, que vai para a 11ª edição, é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte – responsável por 60% dos custos do evento. “Apesar de depender da agenda política, é um evento consolidado, importante para a cidade. Todas as pessoas sabem que o evento está acontecendo, gera movimentação”, diz o diretor.

Expandindo fronteiras

Where were you on January 8th? integrou programação do festival em São José do Rio Preto ano passado

O teatro contemporâneo é sempre o mote do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (Fit). Cerca de 40 companhias participam da programação que, este ano, vai de 4 a 14 de julho. Para se ter uma ideia, o festival recebeu 570 inscrições de grupos interessados em participar – desses, seis são pernambucanos. A curadoria é formada por Kil Abreu (que, durante quatro anos, foi curador do Festival Recife do Teatro Nacional), Sérgio Luis Venitt de Oliveira, Beth Lopes e Natália Noli Sasso. “Como festival internacional, estamos indo para a 12ª edição, mas o festival já tem 43 anos. Só na época da ditadura militar é que a programação não aconteceu uns dois ou três anos”, conta Marcelo Zamora, diretor do Fit.

“A gente achava que o festival precisava do recorte internacional”, complementa Zamora. O festival é realizado pela prefeitura, embora, o órgão seja responsável por apenas 10% do orçamento. “Somos um festival que vai atrás de propostas mais radicais, conceituais, com riscos maiores. E isso é sempre uma provocação para o nosso público”, diz o diretor. 60% da programação do festival em São José do Rio Preto, em São Paulo, é gratuita.

Relacionamento internacional

Em 18 anos, o festival Porto Alegre em Cena conseguiu estabelecer uma relação invejável com grupos internacionais. Muitas companhias vêm ao Brasil apenas para se apresentar lá. Ano passado, por exemplo, o diretor Bob Wilson só passou por Porto Alegre com A última gravação de Krapp, em que ele mesmo está em cena. “O trabalho sério e de respeito aos grupos ampliou muito os contatos do festival. É um meio onde as informações circulam. Então hoje conversamos com o mundo inteiro e, quando há um cenário propício, convidamos esses grupos”, diz Luciano Alabarse, que além de diretor é muito da alma do festival de Porto Alegre.

Bob Wilson era o diretor e o ator de A última gravação de Krapp, espetáculo apresentado no último POA em Cena. Foto: Mariano Czarnobai/Divulgação

Apesar de toda dedicação de Alabarse, a mostra não é privada, mas realizada pela Secretaria de Cultura da cidade. “A equação da qualidade é um grande desafio. Harmonizar a burocracia pública com a agilidade requerida por um festival internacional de grande porte é difícil. Há momentos em que penso em pegar em armas”, brinca Alabarse. “Importante é que não haja concessões artísticas. O festival não flerta com sucessos televisivos, celebridades duvidosas, peças de apelo comercial. O que está em jogo é a discussão cênica que faz diferença. Essa postura estabelece limites”, complementa.

Como um festival que já tem uma carreira consolidada, as negociações para que os grupos participem do POA em Cena podem durar anos. “Em 2012, o Berliner Ensemble vai visitar Porto Alegre pela primeira vez. O compositor inglês Michael Nyman, da mesma forma. E o Fuerza Bruta, sucesso mundial, vai aterrisar nos pampas. Essas são atrações já confirmadas”, adianta Luciano Alabarse.

O mais jovenzinho entre os festivais

O Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac) só teve quatro edições e, ao que parece, um longo percurso pela frente. A data da próxima edição já está marcada: será de 28 de setembro a 6 de outubro. “Como nos anos anteriores, não direcionaremos a seleção em torno de um conceito pré-definido. Adotamos um caráter mais panorâmico, buscando alcançar uma mostra caracterizada pela diversidade e levando espetáculos que, de alguma forma consideramos, significativos, seja pela proposta de inovação na linguagem, aposta em um processo artístico ou experimentação, ou pelo ineditismo de grupos ou artistas importantes”, explica Ricardo Libório, coordenador do Fiac.

Um dos desafios do festival, aliás, não só dele, mas de praticamente todos no Brasil, é a formação de plateia. “Estamos amadurecendo algumas ações, que vão desde a ampliação do número de sessões por espetáculos, o fortalecimento de nossa coordenação de formação de platéias e a busca de parcerias estratégicas com a Secretaria de Educação, além de buscar modelos de promoção focada em grupos específicos que tenham potencial de ampliar o público ‘consumidor’ de teatro, para beneficiar não apenas o alcance do Festival em si, mas a atividade teatral em Salvador ao longo de todo o ano”, finaliza. A grade do festival ainda não foi definida.

OS PERNAMBUCANOS

Janeiro de Grandes Espetáculos faz escala em Portugal

O próximo Janeiro de Grandes Espetáculos pode ser aberto por uma montagem idealizada na ponte áerea Recife – Portugal. A ideia é que cinco atores daqui façam um intercâmbio com o Centro Póvoa de Lanhoso, que fica na vila de mesmo nome no distrito de Braga. O projeto é de Paulo de Castro, um dos produtores do festival, ao lado de Paula de Renor e Carla Valença. “Ainda estamos fechando os detalhes; porque devemos lançar uma seleção para essa escolha. Queremos proporcionar essa vivência com um centro internacional”, explica Paula de Renor.

Curadores do Janeiro pensam em estruturar intercâmbios e parcerias

Desde 2011, o Janeiro de Grandes Espetáculos é um dos integrantes do Núcleo de Festivais Internacionais do Brasil. “Aqui em Pernambuco, somos o único festival internacional. E o que queremos realizando parcerias é melhorar a programação e ainda trabalhar o público para essas montagens, porque as pessoas ainda têm receio da qualidade; talvez pela língua, embora as montagens tenham legenda sempre que preciso”, comenta Paula.

Realmente, não são todas as montagens internacionais que empolgam o público mesmo – ao contrário da programação das peças locais. É delas, independente de quantos meses ficaram em cartaz durante o ano anterior, o maior público do festival. “Esse é realmente o nosso foco. Dar visibilidade à produção local e possibilitar melhorias na cadeia do teatro para o resto do ano”, complementa Paula.

Além do intercâmbio com Portugal, provavelmente começam aqui as comemorações dos 20 anos da companhia Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, no Janeiro do próximo ano. “Queríamos fazer uma residência com atores daqui e talvez com outros grupos. O Teatro Timbre 4, por exemplo, da Argentina, quer voltar com outros dois espetáculos. Achamos que talvez o formato de vivência seja mais interessante do que a oficina”, diz a produtora.

Espetáculo de Petrolina abre o Palco Giratório em maio

É do Sesc o festival que proporciona a maior circulação de espetáculos no país – o Palco Giratório. Em Pernambuco, além de promover a exibição de montagens em vários locais do estado, em maio, Recife recebe uma edição especial do Palco Giratório. Será praticamente um mês inteiro de programação – incluindo os espetáculos que estão circulando nacionalmente e ainda montagens convidadas, entre elas espetáculos internacionais. Este ano, o Palco Giratório no Recife será aberto no dia 4 de maio, com o espetáculo Eu vim da Ilha, da Companhia de Dança do Sesc Petrolina, no Teatro Barreto Júnior, que ganhou o Prêmio Apacepe 2012 de melhor espetáculo de dança pelo júri oficial – por conta da apresentação no Janeiro de Grandes Espetáculos.

Dois motes especiais: 15 anos e Nelson Rodrigues

Este ano, o Festival Recife do Teatro Nacional vai comemorar 15 primaveras. Como “adolescente” está no momento de repensar o seu papel para a cidade. “Sou positivo, otimista. Espero um festival muito bom. Nas conversas internas, a ideia é que a gente proponha que o mote para o festival seja essa data: os 15 anos”, explica Vavá Schön-Paulino, coordenador da mostra, promovida pela Prefeitura do Recife. Um dos desafios é agregar público; fazer parte do calendário não só para os artistas, mas para a cidade.

Segundo Vavá, Nelson Rodrigues não será o homenageado do festival – porque já foi uma vez, mas os eventos especiais devem lembrar a efeméride dos 100 anos de nascimento do dramaturgo pernambucano. “Tudo ainda vai ser conversado, mas existe sim a possibilidade de termos algum espetáculo de Nelson na grade”, complementa. A data do festival ainda não está fechada, mas deve ser provavelmente entre 15 e 30 de novembro.

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