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Correspondência de artista, Brasil de hoje, teatro documental e urgente

Espetáculo Cartas foi montado com o apoio do Aprendiz em Cena. Foto: Coletivo Caverna

Intensos 11 anos, entre 1965 e 1976. O Brasil enfrentava os primeiros tempos de uma ditadura militar, enquanto os escritores, dramaturgos, homens de artes, Hermilo Borba Filho e Osman Lins se relacionaram por meio de cartas. Uma troca que não acontecia de maneira esporádica: às vezes, era só o tempo de chegar uma, que a devida resposta já era prontamente escrita e enviada. Desde que tomou conhecimento da existência dessas cartas, Luiz Manuel, que estreou como diretor justamente com A Rã, espetáculo baseado no conto homônimo de Hermilo Borba Filho, idealizou levá-las ao palco. Cartas estreia neste sábado (27), encerrando a 17ª edição da Semana Hermilo Borba Filho, que este ano também homenageou Osman.

O projeto foi montado com o suporte de “O Aprendiz em Cena”, projeto que oportuniza o trabalho de um diretor iniciante com um elenco já mais experiente. Fabiana Pirro, Paulo de Pontes e Claudio Lira conduzem o espectador por uma dramaturgia construída como se fosse realmente uma carta. Além das conversas entre Hermilo e Osman, a obra Guerra sem Testemunhas, de Osman, também serve como base para o texto; “Lendo a correspondência, eu me fascinei sobre o quanto eles trocavam com relação à vida profissional. Editamos as cartas, escolhemos alguns trechos, mas são as palavras dos dois, além dessa adaptação de Guerra sem Testemunhas, que fala sobre a guerra que é escrever, o quanto ele escreve em guerra com si mesmo, com a sociedade, com o editor”, explica Luiz Manuel.

Osman foi aluno de Hermilo no Recife, mas pela correspondência profícua os dois realmente se tornariam amigos, testemunhas íntimas das trajetórias literárias um do outro. De acordo com Nelson Luís Barbosa, que estudou esses escritos, “(…) as cartas foram exclusivamente um espaço de discussão de questões relacionadas essencialmente aos projetos literários de cada um, seus embates com o mercado editorial e a dificuldade de conseguir editores conscienciosos que efetivamente respeitassem as obras e pagassem justamente por elas”, explica em artigo.

Apesar da centralidade das discussões sobre as próprias obras, há também menções à situação política do país e às vidas pessoais dos dois. Eles falam, por exemplo, sobre suas separações, os  novos casamentos, a relação com os filhos. “Cada carta que lia, eu me emocionava. Quanta intimidade. Eu tinha a sensação de estar invadindo a vida deles. Por mais que nas cartas eles falem muito do trabalho, das angústias, dos editores, o pouco que eles falam da intimidade é muito pesado, muito significativo”, conta Fabiana Pirro.

No elenco, Claudio Lira, Fabiana Pirro e Paulo de Pontes. A direção é de Luiz Manuel

Além disso, mesmo que as correspondências tenham se dado nas décadas de 1960 e 1970, as similaridades com o país de hoje são incontestáveis. “É o Brasil de agora, do fascismo, da censura, a falta de dinheiro, a falta de espaço para os artistas. Caminhamos ou estamos andando para trás? E por serem pessoas políticas no caráter, na forma de vida, de encarar o ofício, eles nos encantam. Eu sou muito apaixonada por Hermilo, já era. Ele diz que enquanto tiver máquina e papel, vai continuar protestando. E Cartas é nosso manifesto político para esse tempo”, complementa a atriz.

A encenação utiliza dispositivos do audiovisual e dialoga com montagens de grupos como Agrupación Señor Serrano (coletivo espanhol que apresentou Uma casa na Ásia no Janeiro de Grandes Espetáculos em 2016), o colombiano Mapa Teatro e o potiguar Carmin. “Na realidade, fui buscar referências do teatro ibero-americano desde os anos 2000. Chegamos a trocar e-mails com os integrantes do Agrupación”, revela Luiz. No espetáculo, os atores se filmam em cena, há projeção de imagens e vídeos pré-gravados. O grupo também enviou uma carta, escrita pelo próprio coletivo para algumas pessoas, e vai ler respostas escolhidas.

Cartas, que tem a assinatura do Coletivo Caverna, faz duas sessões encerrando a Semana Hermilo; e uma curtíssima temporada com mais duas sessões em dois domingos de agosto, 11 e 18.

Ficha técnica
Dramaturgia: Dramaturgia coletiva, a partir das correspondências entre Hermilo Borba Filho e Osman Lins e do livro Guerra sem Testemunhas, de Osman Lins
Direção: Luiz Manuel
Elenco: Fabiana Pirro, Claudio Lira e Paulo de Pontes
Assistente de direção: Gabriel de Godoy
Iluminação: João Guilherme e Alexandre Salomão
Trilha Sonora/Desenho de som: Lara Bione
Figurinos: Giselle Cribari
Assistente de figurino: Fabiana Pirro
Identidade visual: Aurora Jamelo
Assessoria de imprensa: Tatiana Diniz
Direção de Produção: Naruna Freitas

Serviço
Cartas
Quando: 27 e 28 de julho, sábado e domingo, às 20h (encerrando a 17ª edição da Semana Hermilo), e nos dias 11 e 18 de agosto, às 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142, Recife)
Quanto: As sessões dos dias 27 e 28 têm ingressos gratuitos; as senhas serão distribuídas com uma hora de antecedência. Para as sessões dos dias 11 e 18 de agosto, os ingressos custam R$ 30 e R$ 15
Informações: (81) 3355-3321

 

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Mostra Capiba chega à décima edição

Pedro Vilela em Altíssimo . Foto: Divulgação

Pedro Vilela em Altíssimo . Foto: Divulgação

Com a mudança do nome de Mostra Capiba de Teatro para Mostra Capiba de Artes, a iniciativa desenvolvida pelo Sesc de Casa Amarela chega à 10ª edição incluindo atrações de dança e circo. Altíssimo, do Trema! Plataforma de Teatro, solo com o ator Pedro Vilela, abre a programação nesta quinta-feira. A peça escrita por Alexandre Dal Farra questiona a mercantilização da fé, a partir da reflexão sobre o poder crescente das religiões neopentecostais. As apresentações de espetáculos seguem até 18 de novembro.

Com apenas 15 segundos de propaganda eleitoral gratuita, um político brasileiro ganhou visibilidade numa guerra de marketing de grandes partidos. Ele é o personagem de Meu Nome é Enéas – o último pronunciamento, com roteiro e atuação de Márcio Fecher.

O multiartista Valmir Chagas participa da mostra com as lembranças e delírios de um artista do picadeiro, que relembra suas aventuras mambembes, no musical Saudosiar… A Noite Insone de Um Palhaço.

A atriz Augusta Ferraz interpreta, canta e dialoga com a plateia em MEDEAponto. A tragédia de Eurípides ganhou versão da poeta portuguesa Sophia de Melo Breyner Andresen e é a base da cena desenvolvida pela intérprete.

E o ator Plínio Maciel, do Teatro de Fronteira  exibe Na Beira, um resgate de suas memórias familiares, desde Surubim, onde nasceu.

Fabiana Pirro como a Palhaça Uruba. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Fabiana Pirro como a Palhaça Uruba. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Quatro performances circenses estão agendadas: Uruba e Lilão, com Fabiana Pirro; Dona Pequena e os Rolamentos, com Ana Nogueira; Dança, Maroca, com Mayra Waquim e Sema e os Contatos Imediatos, com Silvia Góes.

Na área de dança, Gardênia Coleto apresenta Dor de Pierrot – 80 aos pedações, em que reconstrói a obra do bailarino Bernot Sanches. Já Na Malandragem do Feminino, dirigido por Daniela Santos e criado por Rebeca Gondim, discute questões de gênero e sexualidade.

Vai ter oficina com o pesquisador Junior Aguiar chamada O Solo do Ator: o que você tem a dizer?. Além da mesa O clown solo: a busca do palhaço no espaço das sensações, com as atrizes e palhaças Juliana Almeida e Lívia Falcão e mediação de Ana Nogueira. E da roda de diálogo com a dançarina Gardênia Coleto e a diretora artística Daniela Santos sobre Dança: as peculiaridades do corpo que se move sozinho na cena, com mediação de Ailce Moreira.

PROGRAMAÇÃO

Oficina

15 a 17/11 O Solo do Ator: o que você tem a dizer?– das 9h às 13h
Inscrições: R$ 10 (comerciários e dependentes) e R$ 20 (público em geral)

Espetáculos

Teatro

09/11 – Altíssimo – Trema! Plataforma de Teatro (PE) – 20h

10/11 – Meu Nome é Enéas: o último pronunciamento – Gota Serena (PE) – 20h

11/11 – Saudosiar… A Noite Insone de um Palhaço – Paulo de Castro Prod. – 20h

16/11 – MEDEAponto – Pharkas Serthanejaz – 20h

17/11 – Na Beira – Teatro de Fronteira – 20h

18/11 – Eu no Controle – Cia. Do Abajur – 20h

Ingresso: R$ 10 (comerciários e dependentes) e R$ 20 (público em geral)
Local: Teatro Capiba

Mostra de Solos

Dança e Circo

14/11 – a partir das 15h, na área externa do Sesc Casa Amarela
Dança – Dor de Pierrot – 80 aos pedaços – Gardênia Coleto (PE)
Dança – Na Malandragem do Feminino – Rebeca Gondim (PE)
Circo – Uruba e Lilão – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Dona Pequena e os Rolamentos – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Dança, Maroca – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Sema e os Contatos Imediatos – Violetas da Aurora (PE)
Entrada gratuita

Teatro

14/11 – a partir das 15h
O Teatro é Necessário? – Curso de Iniciação de Teatro Sesc Casa Amarela*
*o espetáculo será realizado no Cineclube Coliseu

Mesas redondas

15/11 – O clown solo: a busca do palhaço no espaço das sensações (com as atrizes e palhaças Juliana Almeida e Lívia Falcão e mediação de Ana Nogueira) – 15h às 17h

18/11 –  Dança: as peculiaridades do corpo que se move sozinho na cena, com a dançarina Gardênia Coleto e a diretora artística Daniela Santos e mediação de Alice Moreira.  – 15h às 17h

SERVIÇO
Mostra Capiba de Artes
Onde: Teatro Capiba, Sesc Casa Amarela, (Avenida Norte, 4490, Mangabeira)
Quando: De 6 a 18 de novembro
Quanto: R$ 10 (meia, comerciário e dependente) e R$ 20 (público em geral)
Informações: (81) 3267-4400

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Outubro ou Nada chega à segunda edição

Alguém para fugir comigo. Foto: Kleber Santana/Divulgação

Alguém para fugir comigo. Foto: Kleber Santana/ Divulgação

A constatação é geral. Esse período é de grave crise política, econômica, social, existencial. Os artistas estão na mira do conservadorismo. Retração de incentivos para a área cultural e medidas para embaralhar ideologias. Tempos difíceis. Mas o quadro não pode paralisar os sonhos. A mostra Outubro ou Nada junta a força de grupos teatrais independentes de Pernambuco e realiza sua segunda versão. Durante 10 dez dias, de 5 a 14 de outubro, com 30 apresentações. O programa homenageia o ator, diretor e dramaturgo pernambucano Henrique Celibi, que morreu em maio deste ano.

Sem uma seleção de exclusão, a programação foi montada, aceitando os grupos que se prontificaram a participar. Três estreias estão agendadas: Solo de Guerra com Cleyton Cabral, Descomeço, do Coletivo Ocaso e As lebres são maiores que os ursos, do Coletivo Despudorado.

Entre os destaques estão Alguém pra fugir comigo, do Coletivo Resta 1 de Teatro, vencedor de cinco prêmios Apacepe no Janeiro de Grandes Espetáculos deste ano, a montagem de teatro de objetos O mascate, a pé-rapada e os forasteiros, de Diógenes D. Lima e a leitura dramatizada Electra no Circo, de Hermilo Borba Filho, com as Violetas da Aurora.

Neste ano, a mostra chega a três espaços culturais de Olinda (Casa Azul, Com Domínio.Art e
Solar da Marquesa). E também vai mais longe no Recife, com apresentações no Galpão CITTA na Várzea, Centro de Capoeira São Salomão, também na Várzea, Recife e Escola Pernambucana de Circo (EPC) na Macaxeira.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Dia 5 – ABERTURA RECIFE (19h)
19h – Haverá um maldito aqui dentro – Coletivo Loucura Roubada, no Espaço O Poste

Dia 5 – ABERTURA OLINDA: Solar da Marquesa
21h – Performance A chegada de Godot – Coletivo Caverna
21h30 – Risoflora – A história de uma Drag Queen – Emanuel David D’ Lúcard (será cobrado ingresso para ter acesso a este espetáculo)
22h30 – Exibição do documentário Henrique, o que faz Celibi – Luis Bringel, Brunna Martins e Sandri Rodrigues
23h – Festa de lançamento da 2ª Mostra Outubro ou Nada

Dia
19h – Descomeço – Coletivo Ocaso, no Com Domínio.Art (Estreia)
20h – Morreu! Antes ela do que eu – Álcio Lins, no Espaço O Poste (Terá intérprete de Libras)
19h – Senhora de Engenho – Entre a Cruz e a Torá – Cia. Popular de Teatro de Camaragibe, no Solar da Marquesa

Dia 7
10h – Territoré – Totem, no Parque 13 de Maio
18h – Alguém para fugir comigo – Resta 1 Coletivo de Teatro, na Casa Azul
18h – As Violetas de Aurora – Violetas da Aurora, no Com Domínio.Art
18h – (In)Cômodos – Coletivo 4 no Ato, no Espaço Fiandeiros
20h – A podridão que há em mim – Grupo São Gens de Teatro, no Espaço Cênicas
20h – Assombros – Vivaz Cia. De Artes, no Solar da Marquesa

Ana Nogueira e Fbiana Pirro estão na leitura dramatizada de Electra no Circo

Ana Nogueira e Fabiana Pirro estão na leitura dramatizada de Electra no Circo

Dia 8
16h – Domingo Alegre no Circo – Escola Pernambucana de Circo, na Escola Pernambucana de Circo
17h – Electra no Circo – Violetas da Aurora, na Casa Azul
17h – As lebres são maiores que os ursos – Coletivo Despudorado, no Espaço Fiandeiros (Estreia)
18h – A Partida – Claudia Soares, no Espaço O Poste
18h – Café – Cia. de Teatro Pós-Contemporânea d’Improvizzo Gang (DIG), no Espaço Cênicas
19h – Viva La vida – Multus coletivo, no Espaço São Salomão

Dia 9 
Mostra pedagógica // 20h – O casamento do pequeno burguês – Escola de Teatro Fiandeiros, no Espaço Fiandeiros

Dia 10
Mostra pedagógica // 19h – Seres – O Poste Soluções Luminosas, no Espaço O Poste

Dia 11
Mostra pedagógica // 20h – Pequenos Grandes Trabalhos – Cênicas Cia. de Repertório, no Espaço Cênicas

19h – Caravana de Palhaços – Caravana de Palhaços, no Com Domínio.Art (Estreia)
20h – O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros – AGM Produções, no Solar da Marquesa
20h – Flúvio e o Mar – Vivaz Cia. De Artes, no Espaço O Poste (Leitura Dramatizada)

Dia 12
20h – Triz – Nínive Caldas, Lili Rocha e Eric Valença, no Espaço O Poste (Experimento Cênico)

Dia 13 
20h – Assombros – Vivaz Cia. De Artes, no Solar da Marquesa

Dia 14
20h – Solo de Guerra – Cleyton Cabral, no Espaço O Poste (Estreia)
20h – O velho diário da insônia – Grupo Independente de Teatro Alternativo (GITA), no Solar da Marquesa
20h – Que muito amou – Cênicas Cia. de Repertório, no Espaço Cênicas
21h – O que acontece – Eric Valença e Tati Azevedo, no Com Domínio.Art (Experimento Cênico)
22h – Festa de encerramento, no Com Domínio.Art

SERVIÇO
2° Outubro ou Nada – Mostra de Teatro Alternativo do Recife
De 5 a 14 de outubro de 2017
Ingressos: De entrada franca até R$ 40 (inteira)
Informações: www.facebook.com/mostraoutubroounada

Endereços
Casa Azul – Rua 13 de maio, 121, Carmo, Olinda
Com Domínio.Art – Rua do Sol, 82, Carmo, Olinda
Solar da Marquesa – Rua Joaquim Nabuco, 5, Varadouro, Olinda
Espaço  O  Poste – Rua da Aurora, 529, Boa Vista
Galpão CITTA/Centro de Investigação Teatral Trupe Artemanha – Rua João Francisco Lisboa, 37, Várzea, Recife-PE
Espaço  Fiandeiros  – Rua da Matriz, 46, Boa Vista
Pátio Criativo – Rua das Águas Verdes, Casarão 52, Pátio de São Pedro – Santo Antônio
Espaço  Cênicas – Av. Marquês de Olinda, 199, Bairro do Recife (Entrada pela rua Vigário Tenório)
Centro de Capoeira São Salomão – Rua Dr. Corrêa da Silva, 267 – Várzea, Recife – PE
Escola Pernambucana de Circo (EPC) –  Avenida José Américo de Almeida, 5, Macaxeira

Ingressos:
De entrada franca até R$ 40 (inteira)

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Saga de Bernarda Soledade

Fabiana Pirro e Sílvia Góes nos papéis de Beranrda e Inês. Foto: Roberta Guimarães

Fabiana Pirro e Sílvia Góes nos papéis de Bernarda e Inês. Foto: Roberta Guimarães / Divulgação

Conflito por terras e pelos corpos femininos. Ato sexual enquanto relação de poder e conquista. Dupla moral: honra da mulher conectada à virgindade e a do homem à virilidade. A história de Bernarda Soledade – A Tigre do Sertão, de Raimundo Carrero, trafega por essas áreas de disputas. No espaço de predomínio patriarcal, o discurso e as ações são machistas e até os subjugados usam, para pensar a dominação, as ferramentas dos dominadores. Nesse cenário, a mulher será enquadrada a uma moral masculina que desvaloriza àquelas que transgridem essa norma.

Primeiro romance de Carrero, publicado em 1975, Bernarda Soledade, a Tigre do Sertão, tem nova leitura dramática neste sábado (27), às 18h, em Olinda, no sebo Casa Azul, do escritor Samarone Lima, recém-inaugurado na rua 13 de Maio (vizinho ao MAC e Casa do Cachorro Preto). A trama da família Soledade, ganha dramatização com os atores Fabiana Pirro (Bernarda), Sílvia Góes (Inês), Ana Nogueira (Gabriela), Cláudio Ferrario (Narrador e Coronel Pedro Militão), Diógenes D. Lima (Anrique Soledade) e Edjalma Freitas (Pedro Lucas), e percussão de Luca Teixeira.

Essa ação faz parte do Circuito de Leituras Teatrais Dramatizadas da Literatura Pernambucana do Centro Cultural Raimundo Carrero. Depois da apresentação está marcada uma conversa entre o autor de Somos Pedras Que Se Consomem,  O Amor Não Tem Bons Sentimentos e A Minha Alma É Irmã de Deus e o escritor Samarone Lima. Literatura, concepção, inspiração, teatro e vida, estão na pauta desse bate-papo de criadores, que terá como eixo propulsor Bernarda Soledade, publicado há mais de quarenta anos.

faz . Foto: Nina Xará França

Cláudio Ferrario faz o Narrador e o Coronel Pedro Militão. Foto: Nina Xará França / Divulgação

Bernarda Soledade está no centro dessa história de lutas reais e simbólicas no Sertão nordestino. A filha primogênita do Coronel Pedro Militão executa sua gana de expansão territorial da fazenda Puxinãnã . Para isso confisca terras circunvizinhas, expulsa seus proprietários e semeia inimigos.

Mas a domadora de cavalos imponente nutre a vontade de gerar em seu ventre o herdeiro de Puxinãnã. E para isso escolhe o Tio Anrique. Mas nesse encontro, cada um tinha uma meta. Ele almejava se vingar da sobrinha que usurpou suas terras. Ela ansiava por um filho que herdasse a bravura do tio.

Pedro Lucas, um ex-namorado de Inês, a filha caçula do Coronel Pedro Militão, também é motivado pela revanche por ter sido expulso junto com sua família e pela morte do pai. Seu objetivo é “desonrar” Inês publicamente. 

Anrique e Pedro Lucas enxergam a relação sexual como um ato de posse do corpo feminino e de desforra. Gabriela Soledade, a mãe de Bernarda e Inês, é apresentada como uma viúva perturbada emocionalmente. 

Bernarda Soledade – A Tigre do Sertão é uma ótima provocação para debater identidade, poder, quebra de papeis e internalização do discurso dominante.

Ana Nogueira como . Foto: Roberta Guimarães

Ana Nogueira como Gabriela . Foto: Roberta Guimarães / Divulgação

Ficha Técnica
Direção: Coletiva (o grupo)
Produção: Fabiana Pirro e Ana Nogueira
Adaptação: Raimundo Carrero, Fabiana Pirro, Ana Nogueira e Sílvia Góes
Percussão: Luca Teixeira
Patrocínio: Copergás.

Serviço
Onde: Sebo Casa Azul (Rua 13 de Maio, 121 – Carmo/Olinda)
Quando: Sábado (27), às 18h
Entrada franca

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Expedição de palhaços

Ana Nogueira é convidada especial no Cabaré de Quinta. Foto: Sayonara Freire.

Ana Nogueira é convidada especial no Cabaré de Quinta. Foto: Daniela Nader / Divulgação

Sabemos que esses tempos estão difíceis. A política no Brasil, o Fora Temer que ainda não se concretizou, a ameaça Trump constante. Mas precisamos de combustível para seguir em frente. Um dos melhores e mais eficientes é a alegria. Uma boa gargalhada tem efeitos milagrosos sobre desarranjos gerais em qualquer pessoa. Duvida? Então o desafio está feito. Hoje (18/05), Caravana de Palhaços apresenta o seu Cabaré de Quinta, no Bar do Mamulengo. A noite de Palhaçaria voltada para o público adulto reúne um bando de figuras engraçadas, perspicazes, provocadoras. Gambiarra (Dú Yândi), Gertrudes (Márcia Cruz), Boris Trindade Júnior (Tapioca), Marimbondo (Johann Brehmer), Meia (Anaíra Mahin), Silpatia (Silvia Rangel), Uruba (Fabiana Pirro), Vareta (Natália Lua) e a convidada Dona Pequena (Ana Nogueira). A palhaça Gertrudes assume a função de mestre de cerimônias. A noite segue depois dos números com o comando da DJ Suca (Suenne Sotero).

Nesta noite destinada para o riso, a política não poderia estar de fora. “A gente não é palhaço partidário; mas num dia como hoje, tudo se volta para a política. Esse povo quer fazer a gente de bobo”, pontua Fabiana Pirro. “Tudo deságua na política. Nossa indignação, a vontade gritar… Cabaré de Quinta é um ato político, pois nosso trabalho é na força e na vontade”, acredita. “Mas também tem uma picardia, tem um fogo de cabaré adulto dentro de um bar”, acrescenta Pirro.

Cada palhaço vai apresentar seus números, pois como afirmam os organizadores, não se trata de um espetáculo, mas cenas de palhaço em constante experimentação, números inacabados e reconstruídos a cada nova apresentação com púbico.

Participantes da primeira versão do Cabaré de Quinta. Montagem sobre fotos de Lana Pinho e Sayonara Freire

Participantes da primeira versão do Cabaré de Quinta. Montagem sobre fotos de Lana Pinho e Sayonara Freire

Esse conglomerado de palhaçaria começou com a Caravana de Palhaços (SP/PE) – projeto da Cia. Circo Caravana Tapioca de Giulia Cooper e Anderson Machado, com apoio do Funcultura/Fundarpe  – direcionada para o aperfeiçoamento de circenses e atores com experiência na área. Dividido em módulos, o programa trouxe no ano passado artistas tarimbados do setor para as oficinas. Muitas coisas ficaram desse programa, inclusive a instigação para o intercâmbio, compartilhamento. E principalmente a criação de números circenses voltados para o mercado, o que garante a sustentabilidade de cada artista – para passar o chapéu e saber que suas criações são verdadeiros tesouros.

O coletivo de 15 palhaços faz apresentações em praças, eventos fechados, salas de teatro e espaços culturais. Nessa peleja com o público, os repertórios dos mais diversos naipes são enriquecidos e aplicados nas diversas dramaturgias e espaços. Borica e Márcia Cruz têm várias criações. Dú Yândi leva a experiência do trabalho em sinais de trânsito. Cada um tem a sua característica.

Fabiana Pirro, por exemplo, conta que sua Uruba é selvagem em todos sentidos. “Ela é o que eu queria ser: ingênua e braba e doce. E vai fazer um número com seu bichinho de estimação, mas é surpresa”.

Dona Pequena, a palhaça de Ana Nogueira, exibe o solo Rolamentos, que ela inventou em 2010 e a cada sessão exibe um dado novo. “Estou investigando as possibilidades desse número. Depende da plateia. Espero que hoje, com essa euforia que estamos vivendo desde ontem, tenhamos novidades com os rolamentos de Dona Pequena”

Ficha Técnica

Cabaré de Quinta, com a Caravana de Palhaços
Elenco:
Anaíra Mahin (Meia)
Boris Trindade Jr° (Tapioca)
Dú Yând (Gambiarra)
Fabiana Pirro (Uruba)
Johann Brehmen (Maribondo)
Márcia Cruz (Gertrudes)
Silvia Rangel (Silpatia)
Wagner Montenegro (apoio)
Suenne Sotero (som)

Convidadas:
Ana Nogueira (Dona Pequena)
DJ Suca (Suenne Sotero)

Serviço

Cabaré de Quinta, com a DJ SUCA
Onde: Bar do Mamulengo – (Praça do Arsenal)
Quando: Quinta, 18 maio, 20h
Quanto: R$ 20 e R$ 10

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