Transborda integra o Cena Expandida

Transborda encerra com apresentação do Barbarize e Mun-há. Foto: Divulgação

Fabiana Pirro apresentou Cara de Pau. Foto: Divulgação

Coletiva fez performances no centro do Recife e Morro da Conceição. Foto: Divulgação

O Transborda surgiu da urgência de trazer uma ação integrada entre as unidades do Sesc Pernambuco, promovendo um diálogo efetivo sobre questões que vazam a cena, sinaliza Ariele Mendes, técnica de Artes Cênicas do Sesc-PE e uma das curadoras do programa. O projeto está estruturado em três eixos: acessibilidade, mediação e sustentabilidade. Só na cidade do Recife são desenvolvidas duas edições do Transborda, e cada uma delas, com recortes bem diferenciados e característicos.

Neste ano, o Transborda integrou três Unidades do Sesc: Piedade, Casa Amarela e Santo Amaro. Em Jaboatão (Sesc Piedade), a ação ocorreu de 28 de agosto a 03 de setembro, e promoveu um forte diálogo com a Colônia de pescadoras de Barra de Jangada e com espaços culturais independentes, lançando um olhar sobre as águas e os elementos naturais da cidade. Tudo isto pelo viés da dança, performance e música.

As ações que integram o Cena Expandida foram tocadas pelo Transborda de Casa Amarela e Santo Amaro. Em Casa Amarela, o recorte temático escolhidos foi Altos e Baixos. Entre 5 e 11 de setembro foram realizadas intervenções, performances e espetáculos nas praças, ruas e centros culturais. Entre as atrações da programação participaram as Violetas da Aurora, que ocuparam a Praça do Sebo, a Coletiva, com performances na Rua Nova, Praça do Diário e Morro da Conceição e A Escola Pernambucana de Circo, que se apresentou no Centro Social Dom João da Costa. No dia 10 o projeto chegou ao Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, com apresentações de Fabiana Pirro (com o espetáculo Cara de Pau), a Ciranda Sant’anna e o Bloco Afro Daruê Malungo. E também no Daruê, o Coletivo D(Elas) em Cena realiza a performance O que você deseja?

Cavalo, da Qualquer um dos dois, de Petrolina. Foto: Divulgação

Já em Santo Amaro as ações se instalaram a partir das premissas: ancestralidade, corpo e território. Na programação, já foram exibidos Cavalo, da Qualquer um dos dois, de Petrolina, e Ser Rizoma, de Lane Luna Luz. A Praça do Campo Santo recebeu uma programação intensa, com apresentações de Lippe Dj, do Afoxé Afefé Lagbará, Bione e o espetáculo Deslenhar do Coletivo Miçanga.

Também passaram pela programação Na Bagagem Poesia e O Dia em que a Morte Sambou.

Grupo Totem mostrou seu trabalho mais recente, ITAÊOTÁ. Foto Divulgação

O Grupo Totem exibiu ITAÊOTÁ, com encenação de Fred Nascimento, trabalho conduzido pelo conceito de descolonização, tendo como referência os modos de resistir e existir de povos indígenas e africanos, para a construção de um futuro ancestral. Em ITAÊOTÁ, a ideia é mostrar uma maior comunhão, chamando as pessoas para a autoresponsabilidade em relação ao momento difícil que vivemos, propor esta mudança prática entre todas as nossas relações.

O Transborda finaliza neste sábado, em festa, com o Baile Barbarize e performance de Mun-há.

Vale ressaltar que esta programação é fruto celebrativo de relações que são construídas pelas equipes do Sesc e suas lideranças (em Piedade de Isis Agra, em Casa Amarela, Breno Fittipaldi e em Santo Amaro, Ailma Andrade) com espaços e coletivos no decorrer do ano.

 Neste ano o Transborda integra o projeto Hub PE Criativo, uma realização do Sesc e Sebrae em Pernambuco. Este projeto conduz ações disparadoras de processos junto a sete territórios de atuação (Recife, Goiana, Jaboatão dos Guararapes, Arcoverde, Petrolina, Triunfo e Garanhuns), e visa estimular ações que desencadeiem formação e fomento para a cadeia produtiva da cultura. 

Entrevista: Ariele Mendes – técnica de Artes Cênicas do Sesc-PE

Ariele Mendes é técnica de Artes cênica do Sesc. Foto: Divulgação

– Quais as características específicas do Transborda? Pergunto isso porque o Sesc-PE tem vários festivais. E no Recife e em Pernambuco também existe uma fartura nesse quesito. 

O Transborda surgiu da urgência de trazer uma ação integrada entre as unidades do Sesc Pernambuco, promovendo um diálogo efetivo sobre questões que transbordam a cena. Para além de abordagens estéticas, mas também sobre elas. O encontro entre os supervisores de cada território friccionava os temas urgentes para discussão, tomando como base as territorialidades de cada unidade envolvida. Este é um projeto feito a várias mãos, que conta em sua natureza, desde o princípio, com discussões coletivas, mas sempre priorizando respeitar a identidade de cada território. 

Não tardou para se chegar nas perguntas latentes que atravessam o fazer artístico: Qual a dimensão da cadeia produtiva da cultura? Quais os possíveis caminhos para a sustentabilidade do artista? Como fortalecer as redes, pontos de cultura e as articulações comunitárias a partir da ação deste projeto? Como buscar formas mais assertivas de chegar ao nosso público? 

Hoje o projeto se estrutura em três eixos basilares de abordagem: acessibilidade, mediação e sustentabilidade. 

Para efetivar estes pilares, foram desenvolvidas, junto às Unidades, um profundo estudo sobre os territórios, investigando fatores como os pontos de cultura e coletivos artísticos existentes nas cidades. Também foi feita uma pesquisa com os agentes culturais para mapear seus contextos e as percepções que tinham sobre seu próprio fazer, além de efetivar uma profunda busca sobre a territorialidade de cada lugar em que o projeto era desenvolvido. 

Assim, o diferencial do Transborda, as linguagens da cena é exatamente o seu escopo estrutural: a busca para o fortalecimento do trabalho de redes internas e externas ao Sesc, as perguntas motoras que o estimulam e a organicidade com que este processo é desenvolvido. Trata-se de uma ação que traz o artista para a cena, mas também o convida a pensar junto sobre a sua trajetória pelo viés dos meios de produção que o levaram àquele lugar. 

– Quais as motivações do Sesc em realizar esse Festival? 

Entendemos que o Transborda, mais do que um Festival, se trata de um movimento, uma pesquisa contínua. Os recortes curatoriais são flutuantes, se renovam a cada instante. 

Na pandemia foi necessário se reinventar, buscar estratégias, continuar o diálogo com os fazedores da cultura, para resistir e seguir existindo.

Hoje, mais do que nunca, sintonizar no radar os possíveis caminhos que tragam respostas para as perguntas propulsoras do projeto seguem urgentes. E em cada território, novas inquietações e disparadores surgirão a cada ano. E assim será a cada edição. Trata-se de um movimento contínuo e constante, que precisa de estruturação. 

Longe de mim achar que temos respostas prontas, e que bastamos para solucionar uma questão tão intrigante que é a incessante busca pela sustentabilidade da cadeia produtiva da Cultura. Somos uma pequena parte de algo muito grande e diversificado – isto fica claro, por exemplo, quando percebemos que só na cidade de Recife desenvolvemos duas edições do Transborda, e cada uma delas, com recortes bem diferenciados e característicos –

mas nosso papel é de propor ações, instigar reflexões, mediar processos e garantir o acesso e a diversidade em nossas programações. As mudanças só serão consolidadas a partir da inteiração e atravessamento de cada agente deste ecossistema, se percebendo parte de um todo e expandindo sua atuação de maneira consciente na mobilização e articulação de cada iniciativa, para buscar possibilidades junto ao poder público, às instituições e à sociedade civil.

 – Qual a posição do Transborda no mapa da cidade (e do país) no que se refere à formação de público, a balançar as estruturas, a honrar a tradição nas artes cênicas ou traçar pontes com o contemporâneo? 

Neste ano o Transborda integra o projeto Hub PE Criativo, uma realização do Sesc e Sebrae em Pernambuco. Este projeto conduz ações disparadoras de processos junto a sete territórios de atuação (Recife, Goiana, Jaboatão dos Guararapes, Arcoverde, Petrolina, Triunfo e Garanhuns), e visa estimular ações que desencadeiem formação e fomento para a cadeia produtiva da cultura. Esta iniciativa busca estratégias para a sustentabilidade dos agentes culturais durante todo o ano, e surge com muita força junto ao Transborda, por instigar processos de reflexões e inquietações que já se faziam presentes, mas agora ganham uma perspectiva concreta. 

As ações desenvolvidas em setembro dizem respeito ao período do Festival Transborda, onde realizamos apresentações e oficinas, mas as atividades do Hub PE Criativo seguem até 2023, com feiras, roteiros de turismo criativo, formações artísticas e de empreendedorismo, palestras, desfile e exposições artísticas. O público-alvo passa a ser, além da comunidade, os agentes do setor cultural e da rede de serviços ligado a ele (hotelaria, transporte, turismo, alimentação, etc.), visando o mapeamento e a qualificação profissional numa perspectiva ampliada, considerando a cena, o festival e os desdobramentos de impacto da ação que transbordam a cena. 

A sustentabilidade é um fator que sempre foi uma questão para o setor cultural. É de extrema importância nos questionarmos sobre caminhos possíveis e lançarmos a provocação para artistas e a sociedade civil sobre a importância da cultura na estruturação do país, tanto do ponto de vista simbólico e educativo, quanto sobre o fator econômico, pois o movimento que geramos vai além de impactos diretos, reverberando e fortalecendo outros setores da economia também.  

 – Quais as estratégias do Sesc para as artes da cena do Recife e de Pernambuco? O que é prioritário e urgente? 

O Sesc Pernambuco é uma Instituição referência na formação, fruição fomento e difusão das artes cênicas. Projetos como as Escolas Sesc de Teatro e Dança garantem uma ação sistemática de sensibilização e experimentação artística, impulsionando o surgimento de novos artistas/coletivos em todo o estado. Já os projetos especiais, como as Aldeias, o Transborda, as mostras de artes, movimentam a cadeia produtiva, promovem encontros, intercâmbios e parcerias. Particularmente, em minha trajetória, fui uma das pessoas impactadas diretamente pela ação do Sesc a partir dos anos 2001, quando iniciei meus estudos em teatro na Unidade do Sesc de Piedade. Lá pude experienciar processos nos cursos livres, no Curso de Interpretação para Teatro (CIT), no Núcleo de pesquisa e no Grupo artístico. Também Piedade foi meu campo de estágio, e onde me formei gestora, participando ativamente das produções e curadorias de projetos como Aldeia Yapoatan, Congresso Internacional Sesc de Arte/Educação, Mostra Na Onda da Dança, Projetos Aplausos, Mostra de Formas Animadas, entres muitas outras iniciativas. Por isto, compreendo que é preciso olhar sempre com muito carinho e respeito a história do que já foi construído, fortalecendo toda a tecitura que estrutura estas ações e trabalhar a partir delas, com proposições que visem atender as necessidades de hoje. 

Atualmente, o Sesc Pernambuco possui 24 Unidades Operacionais localizadas em todo o estado. Destas, 17 atuam com ações de artes cênicas, sendo 10 delas sedes da escola sistemática de teatro, 9 de dança e 1 com o viés de circo social que está prevista para iniciar suas atividades no 2° semestre de 2022. O que posso dizer é que a diversidade é a nossa grande potência e também um desafio. O respeito aos territórios deve estar sempre na ponta da lança de nossa ação. Para isto, é necessário o mapeamento e diálogo contínuo com a comunidade, com a classe artística e com os espaços e agentes culturais/sociais, para a partir deles, entender qual será o formato e as linhas de ações propostas para cada cidade/localidade. Mas existem diretrizes que acredito que precisamos fortalecer em todos os espaços: 

– Um olhar pedagógico: toda ação de cultura é formação, ainda que em formato de fruição. Durante todo o ano, as atividades desenvolvidas devem dialogar umas com as outras, em um processo de retroalimentação continuado. Em algumas Unidades, isto já acontece de maneira muito orgânica, e faz toda diferença. Em outras, é preciso estruturar mais este direcionamento. 

– Percebo a urgente necessidade de considerar com mais amplitude o espaço da linguagem de circo em todo regional. Temos uma presença majoritária da dança e do teatro em nossas programações, o que entendo ser natural, tendo em vista que temos as escolas consolidadas há bastante tempo. Sei que existem muitas especificidades, tanto técnicas, de estrutura, quanto a realidade dos circos tradicionais, que possuem características bem próprias, mas percebo a necessidade de um diálogo aberto, reconhecendo que precisamos nos adaptar, buscar estratégias mais acessíveis para ampliar oportunidades. 

– O Sesc também é um importante agente cultural, com quadro técnico especializado, com pesquisas e experimentações aprofundadas. Olho para nosso corpo de professores e supervisores, para os alunos/atores/bailarinos que fazem parte ou passaram pelo Sesc, e enxergo o quanto promovemos iniciativas importantes e quanto temos pessoas dedicadas, competentes e comprometidas. Cada processo desenvolvido em sala de aula tem uma importância fundamental, inclusive, para realimentar a classe cultural das cidades. Temos trabalhos de bastante qualidade e relevância. Fortalecer essa rede, promovendo encontros e intercâmbios entre as Unidades é uma diretriz que propomos porque sei o quanto essas trocas instigam e inspiram, reoxigenando as ações diárias. Também ressalto o processo de coletivos artísticos que se formam, oriundos destas experiências e que, com o tempo, se tornaram independentes e tem grande representatividade e atuação em suas cidades. Digo isto pois acredito que esta diretriz não diz respeito apenas ao Sesc, mas ao surgimento de novos coletivos. 

– Penso que as nossas programações devem focar, de maneira prioritária, nas produções locais, promovendo um encontro entre os coletivos, estimulando o setor das regiões e valorizando as produções, por exemplo, do interior, onde encontramos obras de bastante qualidade. No entanto, não pretendemos fechar as portas para as produções oriundas de outros lugares. Estas virão para dialogar, trocar, aprender e ensinar, mas precisam fazer sentido nos contextos em que irão atuar. Reconhecemos sua extrema importância para trazer provocações, inspirar e desestruturar possíveis paradigmas. 

Por fim, entendo que políticas estruturantes precisam de tempo para maturar e se efetivar. Cada passo, cada provocação, talvez só reverbere daqui há anos… É preciso paciência para alimentar diariamente o processo e muita humildade para ouvir e aprender. Para conduzir processos, é necessário escuta e observação, para então, mediar, colaborar e propor. 

 – Neste ano, com previsão para os seguintes, o Transborda integra a Cena Expandida com mais quatro festivais. O que as artes da cena (e seu público) da cidade do Recife do Recife e de Pernambuco ganham com essa ação? 

A inserção do Transborda na Cena Expandida faz todo sentido para a ação do projeto, pois se trata de uma articulação entre festivais que buscaram trabalhar em rede para se fortalecer, tal qual foi o primeiro estímulo para o surgimento do Transborda, mas em instâncias institucionais. 

O público terá acesso no mês de setembro à uma vasta programação, organizada de maneira estratégica para que seja possível acompanhá-la de forma mais integral possível, pois as datas e horários foram pensados, evitando o choque entre as programações. Também, pela diversidade de contextos e perfis de cada festival, chegamos a públicos variados: conseguimos trazer a produção local, dar espaços de compartilhamento para os experimentos cênicos desenvolvidos pelas escolas de artes, contamos com programações de projeção nacional e internacional, evidenciamos a rica produção desenvolvida pelos grupos do interior do estado e oportunizamos processos de residências e experimentos a partir de mediadores de renome nacional e internacional. O Cena Expandida é um presente para o público, para os artistas e todos aqueles que compõe o organismo vivo da Cultura. 

– Qual a pergunta que não quer calar? Tem resposta? 

Como podemos multiplicar iniciativas como esta, articulando ações em cadeia, como forma de resistência e cumplicidade? A resposta não possa dar sozinha. Precisamos estar juntos na caminhada, traçando novas rotas, nos organizando de maneira estratégica para seguir em frente, articulando o discurso em conjunto, sem perder nossa essência e identidade.

 

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Festival Estudantil garimpa artistas
e investe na formação de público
*Ação Cena Expandida*

A Praieira, do Pantomima Grupo de Dança do Recife. Foto: Divulgação

Veredas da Salvação tem adaptação e direção de Rodrigo Hermínio. Foto: Divulgação

O Festival Estudantil de Teatro e Dança (Feted) funciona como um laboratório estético, uma porta de entrada artística na perspectiva de renovar quadros da cena na cidade do Recife. Essa partilha do sensível atua na base também para a formação de novos púbicos.

A sua 19ª edição acontece de 8 a 18 de setembro, no Teatro Apolo, região central do Recife, com trabalhos de alunos das escolas públicas e privadas inscritas no edital.

Retrato de Família abre a programação. Com texto de Nelson Rodrigues, a livre adaptação das peças Senhora dos Afogados, Toda Nudez Será Castigada e Álbum de Família discute as hipocrisias da sociedade. Já Vereda Da Salvação, clássico brasileiro de Jorge Andrade, mergulha no debate sobre fanatismo religioso e posse de terra.

Versões de Molière, Gil Vicente e Ariano Suassuna, respectivamente, Médico à Força, Auto da Barca do Inferno e A Farsa da Boa Preguiça, estão no repertório do programa.

Uma empresa de cupidos, mas com alguns funcionários atrapalhados movimentam a peça Departamento de Emergências Amorosas.

Fred Nascimento dirige peça de Samuel Beckett, em Fim de Jogo – Desmontagem para grupo da Escola Municipal de Arte João Pernambuco. A programação completa está no final do post.

Fim do Jogo, encenação da Escola João Pernambuco, dirigida por Fred Nascimento. Foto: Divulgação

As peças de dança estão concentradas no dia 18 de setembro, com participações do Ballet COMPAZ,  Pantomima Grupo de Dança , Grupo Celeiro do Passo, Studio oito de Danças, Colégio Equipe e Grupo Soma.

Criado em 2003 pelo produtor cultural Pedro Portugal, o Feted busca dar visibilidade e incentivar novos talentos. Alguns integrantes de grupos consolidados na cidade do Recife já passaram pelo festival, a exemplo do Magiluth, Trupe Ensaia Aqui e Acolá, Grupo Teatral Ariano Suassuna e a Trupe Mulungu Teatro de Bonecos e Atores.

Duas mulheres da cultura pernambucana são as homenageadas neste ano: a professora, diretora teatral, atriz e produtora cultural Albanita Almeida e a professora, coreógrafa e diretora artística Viviane Lira.

O Feted – Festival Estudantil de Teatro e Dança integra a Cena Expandida, articulação que junta cinco festivais no mês de setembro: o Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena, o Feteag- Festival de Teatro de Agreste, o Reside – Festival Internacional de Teatro de PE, e o Transborda – as linguagens da cena, do SESC PE.  Atualizações sobre a iniciativa podem ser conferidas nas redes sociais @cenaexpandidarec.

19º FESTIVAL ESTUDANTIL DE TEATRO E DANÇA (FETED)
Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife. Telefone: 3355 3321).
Ingressos: R$ 20,00 (deste valor, R$ 12,00 são direcionados a cada grupo, como forma de incentivo à produção).

Retratos de Família abre a programação do festival. Foto Divulgação

PROGRAMAÇÃO – TEATRO

Dia 8 de setembro de 2022 (quinta-feira), 19h
RETRATOS DE FAMILIA (Espaço Cênicas – Recife-PE)
Texto: Livre adaptação de três obras clássicas de Nelson Rodrigues: Senhora dos Afogados, Toda Nudez Será Castigada e Álbum
de Família.
Direção Antônio Rodrigues

Dia 9 de setembro de 2022 (sexta-feira), 19h
DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIAS AMOROSAS (SESC/Cine Teatro
Samuel Campelo- Jaboatão dos Guararapes-PE)
Texto: O Grupo.
Direção Anderson Damião

Dia 10 de setembro de 2022 (sábado), 16h
BOI ESTRELADO (Grupo Teatral Ariano Suassuna – Igarassu-PE)
Texto: Albanita Almeida.
Direção André Ramos

Dia 10 de setembro de 2022 (sábado), 19h
VEREDA DA SALVAÇÃO (Desvendando o Teatro – Teatro do Amanhã – Recife-PE)
Texto: Jorge Andrade / Adaptação: Rodrigo Hermínio.
Direção Rodrigo Hermínio

Dia 11 de setembro de 2022 (domingo), 16h
MÉDICO À FORÇA (Grupo Teatral AchylesCoqueijo – GTAC – Recife-PE)
Texto: Molière adaptação: Fabio Siqueira.
Direção: Marcos Santos

Dia 11 de setembro de 2022 (domingo), 19h
NARRATIVAS DE UMA HISTÓRIA DE FÉ (Desvendando o Teatro – Teatro do Amanhã – Recife-PE)
Texto: Coletivo.
Dramaturgismo/Direção: Rodrigo Hermínio

Dia 13 de setembro de 2022 (terça-feira-feira), 19h
QUEBRANTO DE UMA LUA CHEIA (Escola Estadual Cônego Jonas Taurino – Recife-PE)
Texto e direção: Sérgio Neves Barbosa

Dia 14 de setembro de 2022 (quarta-feira), 19h
AUTO DA BARCA DO INFERNO (Espaço Cênicas- Recife-PE)
Texto: Livre adaptação da obra de Gil Vicente.
Direção: Antônio Rodrigues

Dia 15 de setembro de 2022 (quinta-feira), 19h
A FARSA DA BOA PREGUIÇA (SESC Casa Amarela – Recife-PE)
Texto: Ariano Suassuna
Direção: Adriana Madasil / Iná Paz

Dia 16 de setembro de 2022 (sexta-feira), 19h
CORDEL ESTRADEIRO, UMA VIAGEM IMPRESSIONANTE AO SERTÃO (Escola Mun. Maria De Lourdes Dubeux Dourado Recife – Ipojuca-PE)
Texto e Direção: Márcio Silva Lima

Dia 17 de setembro de 2022 (sábado), 16h
UM SONHO ENCANTADO (Organização de Auxilio Fraterno – OAF –Recife-PE)
Texto e direção: Marcelinho Maracá

Dia 17 de setembro de 2022 (sábado), 19h
FIM DE JOGO – DESMONTAGEM (Escola Municipal de Arte João Pernambuco -Recife-PE)
Texto: Samuel Beckett.
Direção: Fred Nascimento

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 16h
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS (Espaço Cultural Socorro Raposo – Recife-PE)
Texto e Direção: Sissi Loreto

PROGRAMAÇÃO – DANÇA
Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19h
DANÇA DAS BONECAS (Ballet COMPAZ – Recife-PE)
Coreografa: Liliane Freitas

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:05h
A PRAIEIRA (Pantomima Grupo de Dança Recife-PE)
Coreografas: Taynanda Carvalho e Viviane Lira

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:10h
CocoDub (Pantomima Grupo de Dança) – Recife-PE)
Coreografas: Taynanda Carvalho e Viviane Lira

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:15h
CAMARÁ: TERRA DE BRINCANTE (Grupo Celeiro do Passo – CCVA – Recife-PE- Recife-PE)
Coreografo: Anderson Henry

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:20h
FERVENDO/ ANDANDO NO PASSO DO FREVO (Studio oito de Danças – Recife-PE)
Coreografa: Liliane Freitas

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:25h
ENCONTRO (Colégio Equipe Recife-PE)
Coreografas: Taynanda Carvalho e Viviane Lira

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:30h
CHORINHO (Grupo Soma)
Coreografas: Brenda Schettini;

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:35h
WE CAN DO IT (Grupo Soma)
Coreografas: Sabrina Arruda

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:40h
CORRA (Grupo Soma)
Coreografas: Sabrina Arruda

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:45h
VALSA DAS HORAS (Grupo Soma)
Coreografas: Juliana Siqueira

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:50h
REVOLUTION (Grupo Soma)
Coreografas: Sabrina Arruda

Dia 18 de setembro de 2022 (domingo), 19:55h
MIRLITONS (Grupo Soma)
Coreografas: Juliana Siqueira

Programação da Cena Expandida

Feted – 8 a 18 de setembro (@feted.pe)
Transborda – 8 a 18 de setembro (@sescpe e sescpe.org.br)
Cena Cumplicidades – 10 a 30 de setembro (@ccumplicidades e cenacumplicidades.com.br)
Feteag – 20 a 30 de setembro (@feteag e feteag.com.br)
Reside – 22 a 28 de setembro (@residefestivalbr e residefestival.com.br)

 

Entrevista: Pedro Portugal

Pedro Portugal, produtor do Feted – Festival Estudantil de Teatro e Dança. Foto: Divulgação

– Pedro, o que te motiva, o te move a tocar o Festival Estudantil de Teatro e Dança?

Eu comecei a mexer com teatro em 1981 com Marcus Siqueira (criador do Grupo de Teatro Hermilo Borba Filho). Trabalhamos um ano juntos. Depois eu fui fazer CFA (Curso de Formação do Ator) no Teatro Joaquim Cardozo. E virei produtor em 1989. Trabalhei com Enéas (Alvarez) muitos anos no TEBO. Nos últimos anos do TEBO Enéas estava muito obeso e não podia subir as escadas. No Teatro do Forte das Cinco Pontas tinha que subir as escadas. E Sonia Medeiros fazia anos que não aparecia lá. Então, os últimos cinco anos do TEBO quem fez fui eu. Praticamente eu que fazia; Enéas dava as coordenadas, mas quem botava para moer era eu. Então, qual o motivo? O motivo era aquele que Enéas tinha: de descobrir novos talentos, de descobrir gente nova na cidade, mexer com o público, mexer com a cidade e realmente isso nós estamos conseguindo. Para você ter uma ideia, nessa nova geração, o festival este ano faz 20 anos. É a 19ª edição porque teve um ano que não aconteceu por causa da pandemia. Ano passado nós fizemos online. Então o festival tem 20 anos e a geração que está aí dessa época, 90% que trabalha com teatro passaram pelo festival estudantil. Ou como técnico, como ator, como diretor, como autor. Você não faz ideia da minha emoção quando vejo um espetáculo de um amigo, não sei porque é tanta gente que passou no festival que não sei… não me lembro de todos, claro… Praticamente 400 que passam pelo teatro por ano, tem anos que é mais. Teve um ano que só de dança foram 36 coreografias. Tinha coreografias com mais de 30 meninas e meninos. Então, faz as contas de 18 edições … multiplica por isso. Então, esse é o motivo para continuar fazendo. Eu não sei se vou continuar fazendo, eu estou ficando cansado. Tenho 65 anos e estou ficando cansado. E trabalhar sem dinheiro é muito complicado. Todo ano eu tenho que ir atrás de um amigo “ohhh meu amigo, faça a arte para mim. Oh, companheiro faça isso, oh amigo faça isso”. Aí sempre dou um agrado, mas não é o preço justo, porque a gente não tem dinheiro. A minha motivação é ver as pessoas passando na rua e muitas pessoas falando comigo: “Pedro, eu faço teatro por sua causa!”, “Pedro, eu comecei a fazer teatro com você”. Rapaz, você não faz nem ideia. Então essa é a minha motivação.  

– Você “herdou” esse festival de Enéas Alvarez, é isso? Como foi isso?

Olha, realmente, eu não herdei o festival de Enéas, não. O festival é em cima de ideias de Enéas, o TEBO. O TEBO começou como festival estudantil de teatro na Casa da Cultura e eu participei desde o primeiro ano. Eu trabalhava na Casa da Cultura. Foi lá que conheci Marcus Siqueira; nós trabalhamos mais de um ano juntos. E comecei a me envolver com o festival. Aí Enéas ficou muito chateado com o festival, porque não dava dinheiro e as pessoas ainda falavam mal do festival. Ele não ganhava dinheiro e ainda era esculhambado. Enéas iria terminar no 13º. E dona Clea Krause (primeira-dama do Recife de 1979-1982  e de 1985-1988), que faleceu, a mãe de Priscila Krause, essa mulher gostava muito de teatro. Mas isso é outra coisa. Então dona Clea disse a Enéas: “Rapaz, termina com 15”. Aí ele fez 15 anos de festival e aí o festival parou por sete, oito anos, eu não me lembro agora não. Não tenho isso na cabeça, não. O festival passou mais de sete anos parado. Aí eu conversei com alguns amigos para a gente fazer o festival e um produtor quis fazer comigo e nós fomos atrás de algumas pessoas. Fomos atrás do Sesc, formos na Fundarpe – e não vou dizer o nome das pessoas por ética – e as algumas disseram “ah isso já passou, o tempo não é mais disso, não”; “Pedro, isso é uma viagem sua”. E o produtor cultural que estava pensando em fazer comigo, também desistiu. Aí eu disse: “sabe de uma coisa, vou fazer esse negócio sozinho”. Então, é ideia do TEBO sim, mas é uma coisa em outro formato, no meu estilo, não mais do TEBO. Agora tem teatro e dança.

– Seu festival está num lugar estratégico para a formação de público, pois a mostra de vem de produções de escolas públicas e particulares, cursos livres de teatro e dança, ONGs e universidades. Que análise você faz desse papel de formador de público?

Acho o teatro Apolo um teatro legal; no centro da cidade, um teatro pequeno, que se você botar 100 pessoas tem um público legal. A gente fez todos os anos lá. Teve um ano que a gente fez a dança no Barreto Júnior. Já teve anos que a gente fez a dança no teatro do Chocolate. Mas não foi legal. Já fizemos no teatro do Parque também, a parte da dança, quando eram muitas meninas dançando. Teve ano que eram mais de 36 coreografias. E eram em dois dias. O Apolo é um lugar estratégico e o teatro é bem equipado, dá pra fazer os nossos trabalhos.

O Festival estudantil trabalha com ONGs, cursos de teatro, escolas públicas e privadas. Como é que a gente consegue formar público? Trazendo os pais para ver os filhos. Para fazer pessoas que nunca foram ao teatro sair de casa só se for para ver a família. Então a gente tira os pais de casa, tira a família inteira; vai primos, vai vizinhos, vai colegas, vai amigos. Isso é a nossa estratégia de formar público. E até os atores. Claro, 90% ou mais não serão atores, até porque não tem campo para todo mundo. É feito jogador de futebol. Eu mesmo gosto de futebol. Jogador de futebol, minha filha, é um milhão para sair sete ou oito jogadores. É feito o teatro. Como eu disse, 300, 400 passam pelo Festival Estudantil –atores, bailarinos e técnicos –,mas a maioria não será nem uma coisa nem outra.  Mas pelo menos leem um texto de teatro, vão ao teatro ver os espetáculos, sabem o que é o teatro. E outra coisa: abre a cabeça das pessoas. E é nossa ideia de as escolas chamarem arte-educadores para montar espetáculos nas escolas. Isso aconteceu durante um tempo, algumas escolas montaram espetáculos para o festival. Vinham para o festival estudantil, depois iam para o Feteag de Caruaru, iam para Vitória, iam para os festivais de estudante, que Pernambuco tem muito festival de estudante. O Feteag praticamente já não faz mais com escolas, só em Caruaru mesmo, mas não tem mais aquele festival grande, de competição, não existe mais. O Feteag se voltou para o lado profissional e até um lado mais internacional. Então era nossa ideia, mas o tempo vai mudando e a gente vai tentando adequar. Mas uma coisa é certa, as pessoas que passam pelo teatro e pela dança serão outras pessoas no futuro. Isso eu tenho certeza.

– Como você interpreta a política públicas para as artes da cena do Recife e de Pernambuco? O que é prioritário e urgente.

Eu vou ser muito sincero. Eu não tenho partido político. Eu voto em pessoas, geralmente de esquerda. Porque acho que a esquerda é mais ligada à cultura. Mas não tenho partido. Tenho as minhas convicções, gosto de estudar o candidato para votar nele.

Nós tivemos um boom muito grande na cidade do Recife na era PT de João Paulo. João da Costa começou a desmontar tudo. Então você vê que são as pessoas. PT de João Paulo e PT de João da Costa, entendeu. João da Costa acabou com o SIC municipal e outras coisas que não quero comentar aqui. O que é que falta? Faltam políticas sérias na cidade. Mas o político geralmente não investe em cultura. Por que não investe em cultura? Porque a pessoa quanto mais analfabeta melhor para eles. Dá para ver a porcentagem da pessoa que vota na direita e na esquerda. Na área da cultura as pessoas são mais antenadas. E eles não querem isso. O político em si quer as pessoas quanto mais – não são todos, claro, tem as exceções – mas a maioria deles, quanto mais burra melhor para eles, porque fica feito manada. Quem lê um livro, quem vai ao teatro, vai ao cinema, vai a uma dança, quem vai ver espetáculo de ópera ou até mesmo vai a um show, já tem outra cabeça e isso eles não querem. O que a gente precisa é de político na câmara ligado à arte. Sem política a gente não chega em canto nenhum. As pessoas que entram, tem uns que tem umas ideias boas, boa-vontade, mas esbarra. A arte é sempre última coisa que o político olha.

– Fale brevemente do cardápio dessa edição, os trabalhos. E como foi viabilizada a edição.

Nesta edição temos 12 espetáculos de teatro e 10 coreografias. Então é um cardápio bem legal de espetáculos de todas as linhas que você possa imaginar. Os textos são muito interessantes. Vou dizer feito um amigo meu dizia: o espetáculo em si pode não ser a oitava maravilha do mundo, mas só você escutar o texto já sai do teatro mais culto um pouquinho. Ultimamente temos espetáculos muito interessantes. Tem gente do Sesc, da Cênicas que é Toni Rodrigues que faz trabalhos muito legais. E tem coreografias muito boas. A dança é sempre um ponto alto no festival. Tem muitas escolas de dança boas que estão participando com a gente.

– Você sempre fala que faz o festival “na raça”. Isso é motivo de orgulho ou preocupação.

É verdade. São 20 anos de festival, mas 19 edições. A gente ganhou patrocínio: três Funcutura, três SIC municipal (teve um que a gente ganhou, mas o dinheiro não foi entregue, mexerem em tudo, acabaram com o SIC. Como é que se acaba com um edital depois de estar na rua, depois da comissão julgadora julgar os projetos, tudinho e não pagar as pessoas?!). Eu soube que meu projeto tinha sido classificado. Tinha já uma pessoa captando o dinheiro … é muito complicado. Em dois anos ou três – não me lembro direito – a prefeitura deu um dinheiro que chama do balcão. Foi na época de João Paulo – que foi muito bom para a cultura  – e arrumaram um patrocínio para a gente. Não era um patrocínio grande, mas dava para a gente fazer alguma coisa. Mas o resto dos anos, nós fazemos com o dinheiro da bilheteria e com as inscrições.

Dizem “Pedro, teu festival não passa no Funcultura porque cobra ingresso”.  Minha gente se não cobrasse ingresso o festival tinha acabado. Outra coisa. Esse ano o ingresso é R$ 20, mas desses R$ 20, R$ 12 é para as escolas, para ajudar num figurino, num adereço, num ônibus, para se mexer. Então para nós sobra R$ 8 este ano, porque ano passado era R$ 6. Nós vivemos muito em cima do ingresso. Dá para pagar uma parte das contas. A gente podia oferecer cursos e várias outras coisas, mas como fazer isso sem dinheiro? A gente não tem dinheiro nem para pagar decentemente uma pessoa que faça a arte. Tem horas que fico morrendo de vergonha. Ontem eu estava falando como o menino que faz a programação visual, Douglas Duan, – gente da melhor qualidade e a programação visual dele é linda. Eu disse a ele, “Duan, é tão chato pedir todo ano a você”. A gente dá um trocado ao cara.

Agora a preocupação é que tenha um ano ruim de público e a gente tenha que pagar do nosso bolso. Houve ano que paguei do meu bolso sim. Porque a gente viajou em coisas. Foi prometido dinheiro… Instituições prometeram e a gente botou a logomarca nos cartazes e no fim não deram dinheiro, não. Este ano nós temos o apoio da Prefeitura do Recife, pela Secretaria de cultura e Fundação de Cultura.

– Neste ano, com previsão para os seguintes, o festival estudantil integra o Cena Expandida com mais quatro festivais. O que as artes da cena (e seu público) da cidade do Recife e de Pernambuco ganham com essa ação?

A Cena Expandida, como é um piloto, vamos ver no que vai dar. Eu, Paula (de Renor), Fábio (Pascoal) e Arnaldo (Siqueira) principalmente os quatro – o Transborda é do Sesc – estamos com muita esperança de ser uma coisa muito legal. E vão chegar mais festivais, que já estiveram conosco, mas por causa do tempo não ficaram este ano. Acho que vai ser uma coisa muito interessante essa Cena Expandida. Daqui a um ano ou dois, um mês vai ser pouco para abrigar tanto festival. É aquela história, unidos somos fortes.

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Cena Expandida em Pernambuco
Uma ação articulada com cinco festivais

Participam os festivais Transborda, do Sesc-PE; FETEAG de Fábio Pascoal, Reside de Paula de Renor, Feted de Pedro Portugal e Cena Cumplicidades, de Arnaldo Siqueira, que juntam projetos com perfis diferentes para potencializar os cinco programas. Foto: Divulgação

A força de cinco festivais de artes cênicas de Pernambuco forma uma constelação. Cena Expandida é articulação inédita que junta o Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena, o Festival de Teatro do Agreste (Feteag), o Festival Estudantil de Teatro e Dança (Feted), o Reside – Festival Internacional de Teatro de PE e o Transborda – As linguagens da cena para movimentar os palcos do Recife e Caruaru no mês de setembro. A programação ocorre entre os dias 8 e 30 de setembro, com mais de 60 atividades, como exibições artísticas e de formação.

O objetivo é vivo e urgente: fortalecer o circuito das artes cênicas, chamar a atenção do público e contribuir para a formação de novas plateias e pressionar o poder publico para os reajustes de políticas públicas para a área.

Essa primeira edição da Cena Expandida chega como um projeto piloto, mas que mantém as características individuais dos participantes, suas programações e recortes curatoriais independentes. Os cinco firmaram uma cooperação em torno de um calendário para o mês de setembro.

O projeto é ambicioso e pretende nos próximos anos oferecer um cardápio de atrações que reforce o Recife e outras cidades participantes como destinos para a fruição cultural. “O movimento para criar um circuito que trace um diálogo entre as programações desses festivais começou em 2018”, conta a atriz e produtora Paula de Renor, do Reside.

Os impactos da pandemia e os desinvestimentos por parte do governo federal para a cultura, para ser mais exata, todos os cortes para a área criaram dificuldades que esses produtores buscam encarar coletivamente. Arnaldo Siqueira, do Cena Cumplicidades avalia que o “cenário de crise se instaurou em 2019 e que piorou a partir de 2020”. Foi um destampar de mazelas com a demonização da produção cultural.

Muito trabalho para reverter esse quadro e o compartilhamento de expertises, a reconstrução das redes são trunfos dessa turma para fortalecer a cena e atrair novos públicos nesse retorno à presencialidade.  

O negócio é unir forças desses festivais pernambucanos já consolidados e reconhecidos nacionalmente, destacou o produtor Fabio Pascoal, do Feteag na coletiva de imprensa virtual realizada nesta quarta-feira (31/08). Pedro Portugal, do Feted, aposta que o diálogo é enriquecedor e que esse corredor de festivais em fluxo deve contribuir para o desenvolvimento da cadeia cultural. Ele mesmo transferiu seu festival de agosto para setembro por reconhecer a importância da iniciativa.

Os integrantes da ação reforçam que a Cena Expandida não é um festival, mas sim um calendário que ocupa o mês de setembro e une cinco iniciativas já consolidadas. A programação tem início no dia 8 de setembro, com atividades do Feted – Festival Estudantil de Teatro e Dança e do Transborda – as linguagens da cena. As peças artísticas do Cena Cumplicidades iniciam no dia 10. O Feteag exibe os trabalhos a partir do dia 20, e o Reside, a partir de 22.

As atrações vão ocupara vários espaços da cidade do Recife, como a unidade do Sesc em Santo Amaro, os teatros do Parque, de Santa Isabel, Hermilo Borba Filho, Apolo, Luiz Mendonça, Barreto Júnior, Muafro, Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, praças e parques.

Além do investimento e articulação do Cena Cumplicidades, Feteag, Feted, Reside e do Transborda, a Cena Expandida conta com apoio da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

SERVIÇO

Cena Expandida – de 8 a 30 de setembro (@cenaexpandidarec)

Feted – 8 a 18 de setembro (@feted.pe)

Transborda – 8 a 18 de setembro (@sescpe e sescpe.org.br)

Cena Cumplicidades – 10 a 30 de setembro (@ccumplicidades e cenacumplicidades.com.br)

Feteag – 20 a 30 de setembro (@feteag e feteag.com.br)

Reside – 22 a 28 de setembro (@residefestivalbr e residefestival.com.br)

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O Monstro de Olhos Azuis
Ocupação Tônia Carrero no Itaú Cultural

Tônia Carrero. Foto: Acervo Da Família / Divulgação

Tônia Carrero foi uma mulher de atitude, além de ostentar uma beleza estonteante. Depois de trilhar muitos caminhos e vencer jornadas, comentou que fez da vida o que sempre quis. Nascida Maria Antonietta de Farias Portocarrero, filha do militar Hermenegildo, e da dona de casa conservadora Zilda, ela foi incentivada pelo pai no universo das artes. Mesmo com a reprovação da mãe, Tônia seguiu sua vocação.

A atriz brilhou em todos os terrenos que pisou – teatro, cinema, televisão – e também como empresária teatral. A carioca Tônia Carrero (1922 – 2018), que, se viva, completaria 100 anos no dia 23 de agosto, é a estrela da nova Ocupação no Itaú Cultural.

A Ocupação Tônia Carrero está em cartaz de 13 de agosto até 6 de novembro com exposição e outras celebrações em sinergia durante este período, com mostra de filmes na plataforma de cinema brasileiro Itaú Cultural Play, encenação de Navalha na Carne, com Luisa Thiré no papel da prostituta Neusa Sueli interpretada por sua avó na década de 1960; leitura dramática das memórias da atriz em seu livro O Monstro de Olhos Azuis, na atuação de seus netos Luisa, Carlos Arthur, João e Miguel, e uma série de quatro episódios do teleteatro, Tônia, um corpo político, sob direção de Fabiano Dadado de Freitas.

Também fazem parte do rito de celebração um Almanaque – disponível no formato impresso e on-line –, o site e a playlist da Ocupação no Spotify, além de ações educativas diversas, presencial e virtual.

Tônia e Paulo Autran em Um Deus Dormiu Lá em Casa, de 1949. Estreia profissional dos dois. Foto: Acervo da Família / Divulgação

Tônia e Autran em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de  1959. Foto: Acervo da Família

No filme É Proibido Beijar, de 1954, de De Ugo Lombardi. Foto: Acervo da Família

Tônia e seu filho, o ator Cecil, em A Divina Sarah, de 1984. Foto Acervo da Familia

Mais de 230 peças fazem parte da exposição, que mergulha na vida, obra e processo de criação da homenageada. Compõem o painel fotografias, audiovisuais, trechos de filmes, roteiros originais, documentos, jornais, bilhetes, cadernos de anotações da atriz, cartazes de filmes e peças, entre outros. O material vem de fontes como o próprio baú de sua família, os arquivos da Cinemateca, TV Cultura, Instituto Moreira Salles, Museu da TV, Centro Cultural São Paulo, Arquivo Nacional e a coleção de figurinos de Marcelo Del Cima.

A visita ao universo de Tônia Carrero inclui o núcleo Navalha na Carne, um dos seus papéis mais emblemáticos. Com texto de Plínio Marcos e direção de Fauzi Arap, ela estreou esta peça em 1967, plena ditadura militar, ao lado de Emiliano Queiroz e Nelson Xavier. Seu papel, o da prostituta Neusa Sueli, exigiu que engordasse e falasse palavrões. Ganhou o Prêmio Molière de Melhor Atriz por esse trabalho e expressou seu posicionamento político ao tomar frente do processo de liberação da peça, inicialmente proibida pela censura da época.

Tônia, Emiliano Queiroz e Nelson Xavier, em Navalha na Carne (1968), de Plínio Marcos. Foto: Reprodução

Marcha contra a censura realizada em 1968 no Rio de Janeiro; Tônia é a segunda mulher, da esquerda 

Sua postura foi de defesa pela liberdade de expressão e pelas peças em que acreditava. Uma foto icônica, presente na mostra, Tônia aparece em frente à passeata da greve dos artistas contra a censura e a ditadura, ao lado das atrizes Eva Todor, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell, em 1968, no Rio de Janeiro.

O percurso da artista no mundo das artes começou pelo cinema e o teatro. Tônia se formou em educação física, casou-se com o artista visual e diretor de cinema Carlos Thiré, com quem teve o único filho, Cecil. Foi estudar na França com Jean-Louis Barrault que a desincentivou de ser atriz. Tinha 25 anos quando voltou ao Brasil e estreou no cinema com Querida Suzana, de Alberto Pieralise, ao lado de Anselmo Duarte e Nicette Bruno. Na sequência foi dirigida por Fernando de Barros em Caminhos do Sul (1949) e Perdida pela Paixão (1950).

A televisão entrou em sua vida no final da década de 1960, pelas mãos de Vicente Sesso para fazer, na extinta Excelsior, a telenovela Sangue do Meu Sangue, ao lado de Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco, com direção de Sergio Britto.

Atriz, produtora e empresária, ela foi responsável do então aspirante a advogado Paulo Autran se tornar um reconhecido ator. Tônia participou de 19 filmes. fez 15 telenovelas, entre a Tupi, SBT e Globo, recebeu nove prêmios, encenou 25 peças com Paulo Autran e sete com seu filho. Na Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), encenou outras 17. No total, a atriz participou de 54 montagens diferentes. Tônia morreu em 2018, aos 95 anos.

A exposição tem pesquisa, concepção, curadoria e realização da equipe Itaú Cultural, formada pelos núcleos de Artes Cênicas e da Enciclopédia. A cocuradoria é de Luisa Thiré e o projeto expográfico de Kleber Montanheiro.

SERVIÇO:

Ocupação Tônia Carrero
De 13 de agosto a 6 de novembro de 2022
Terças-feiras a sábado das 11h às 20h
Domingos e feriados das 11h às 19h

Pesquisa, concepção, curadoria e realização: Itaú Cultural
Cocuradoria: Luisa Thiré
Projeto expográfico: Kleber Montanheiro

Programação Cênica

Navalha na Carne – Uma homenagem a Tônia Carrero
Com Luisa Thiré, Alex Nader e Ranieri Gonzalez
Dia 23 (terça-feira), às 20h
Sala Itaú Cultural
Capacidade: 224
Duração: 1h
Classificação Indicativa: 16 anos (violência psicológica, violência física, discriminação, vocabulário chulo)
Distribuição de ingressos: INTI. Consulte o site a partir de 17 de agosto, quando serão abertas as reservas

O Monstro de Olhos Azuis – Memórias de Tônia Carrero
Com Luisa, Carlos Arthur, João e Miguel Thiré
De 25 a 27 (quinta-feira a sábado), às 20h
Dia 28 (domingo), às 19h
Sala Itaú Cultural
Capacidade: 224
Duração: 1h
Classificação Indicativa: 12 anos (vocabulário culto)
Distribuição de ingressos: INTI. Consulte o site a partir de 17 de agosto, quando serão abertas as reservas

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Cultura lésbica no Itaú Cultural

 

Equipe de Cavalos Pretos São Imensos, da esquerda para a direita, em pé, as atrizes: Fernanda Gomes, Valquiria Rosa, Rebeka Teixeira, Martinha Soares e Rosangela Roma, da esquerda para a direita, sentadas, a encenadora Thais Dias e a dramaturga Bárbara Esmenia.. Foto: Divulgação

Dodi Leal em Traved. Foto: Gau Saraiva / Divulgação

As mudanças de mentalidades, de imaginários, de posturas e comportamentos sociais são operadas também através de ações positivas. Da valorização do modo de existir do outro. Uma crítica firme ao androcentrismo é necessária para o fortalecimento da chamada diversidade sexual no combate da exclusão social.

Em sua 9ª edição, o programa Todos os Gêneros: Mostra de Arte e Diversidade investe na desconstrução da heterossexualidade obrigatória e no respeito inegociável a todas as corpas. A montagem deste ano está voltada para o universo artístico e para pautas reflexivas em torno da cultura lésbica.

Realizado pelo Itaú Cultural de 27 a 31 de julho (quarta-feira a domingo), a atividade de cinco dias, reflete sobre a lesbianidade em debates, shows, performances, peça de teatro, poesia e mostra audiovisual, numa programação híbrida – presencial e online. As mulheres convidadas desenvolvem alguma ação artística com esse recorte ou ocupa esse lugar de fala.

Portanto as atrações se colocam em combate a conotações pejorativas ou desqualificações vinculadas à cultura lésbica. Assumem discursos e ações que valorizem a lesbianidade e outros existires fora da heteronormatividade. Mulheres de todo o mundo, uni-vos !

 Presencial e online

A compositora, atriz, MC e ativista do movimento negro e LGBTQI+ Dani Nega apresenta show de lançamento da música e videoclipe oficial da autoral, Sai Boy, com participação da cantora Ellen Oléria e de uma banda formada por jovens músicos da cena musical preta. Em Sai Boy, ela rebate a ideia heteronormativa de que mulheres são lésbicas por falta de homens. (Oh! Mulher, dá uma pena!) Na apresentação ela também fala do racismo, violência urbana e apropriação cultural. Quarta-feira,  dia 27, às 20h.

 

Indígena do povo Boe Bororo, paulista Katú Mirim é rapper, cantora, compositora, atriz, ativista e fundadora do coletivo Tibira. Pela perspectiva indígena ao som do rap e do rock, ela questiona  a demarcação de terras, a presença do indígena no contexto urbano, e como é tratado o grupo indígena LGBTQI+ no país. Apresentação na quinta,20h

A palestra-performance em VR (realidade virtual) TRAVED faz três sessões na sexta-feira: às 17h, 19h e 21h. A performer e professora de artes cênicas Dodi Leal examina cenicamente o estatuto das biotecnologias no teatro junto com uma reflexão sobre a sua transição de gênero em analogia a um acidente de bicicleta que sofreu em 2015.

O Sarau das Pretas, com as poetas Débora Garcia, Elizandra Souza e Jô Freitas, acompanhadas pelos percussionistas Taisson Ziggy e Fernando Coelho está marcado para sábado.

Já cantora Zélia Duncan faz show intimista no domingo, dia 31, com repertório dos sucessos da carreira como CatedralLá Vou EuSentidos e Enquanto Durmo.

O espetáculo Cavalos Pretos São Imensos tem sessões de sexta a domingo, na Sala Multiuso. Uma figura em situação de cárcere sonha com o seu filho e se projeto como um imenso cavalo preto, nas estratégias coletivas de sobrevivência

As atividades virtuais incluem mesas e mostras audiovisuais.  Criando melhores mundos: sapas, suas literaturas e os afetos; Criando mulheres mundos: o gênero e os seus atravessamentos nos processos criativos e (Re)Existência ou Insistência? Pontuações sobre a presença das mulheres nas áreas técnicas são as três mesas programadas.

No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br, tem programação audiovisual das 19h do dia 27 de julho às 23h59 de 28 de agosto, com a Mostra Coletivo Incendiárias. Dedicado à pesquisa e experimentação entre as linguagens do teatro, da performance e do audiovisual, o grupo exibe seis produções realizadas especialmente para Todos os Gêneros, a convite do Itaú Cultural, de artistas do Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Uma publicação feita especialmente para a mostra está disponível em formato digital e físico – oferecida no prédio da instituição. Contém artigos sobre música e literatura, além da diversidade de terminologias utilizadas na identidade das mulheres homoafetivas, suas representatividades e autoestima.

Afinado com a programação do Todos os Gêneros: Mostra de Arte e Diversidade, a plataforma de streaming do cinema brasileiro Itaú Cultural Play subirá em seu catálogo, no dia 29 de julho, uma mostra de filmes. As produções selecionadas ficam em cartaz por um ano. São elas Cassandra Rios: a Safo de Perdizes; Trópico de Capricórnio; Tea for Two; Minha História é Outra; Fragmentos; A Felicidade Delas e À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente. O acesso é gratuito em itauculturalplay.com.br e nos dispositivos móveis IOS e Android.

CONVERSAS/MESAS (online)

28 de julho, quinta-feira, 16h

MESA 1 – Criando melhores mundos: sapas, suas literaturas e os afetos
Com Natália Borges Polesso (RS) e Yakecan Potyguara (CE).
Mediação: Renata Pimentel (PE)
Duração total: 90 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos (conteúdo sensível e estigma/preconceito)
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações: www.itaucultural.org.br
Sinopse:
Esta mesa aborda a presença lésbica na literatura.

29 de julho, quinta-feira, 16h

MESA 2 – Criando mulheres mundos: o gênero e os seus atravessamentos nos processos criativos
Com Dani Nega (SP), Bárbara Esmenia (SP) e Katú Mirim (SP).
Mediação: Elizandra Souza (SP)
Duração total: 90 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos (conteúdo sensível e estigma/preconceito)
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações: www.itaucultural.org.br
Sinopse:
O encontro reflete sobre os processos criativos realizados por mulheres.

30 de julho, sábado, 16h

MESA 3 – (Re)Existência ou Insistência? Pontuações sobre a presença das mulheres nas áreas técnicas
Com Aline Santini (SP), Camila Pedrassoli e Juliana Furtado (RN) e Luciana Raposo (PE).
Mediação: Dodi Leal (SP)
Duração total: 90 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos (conteúdo sensível e estigma/preconceito)
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações: www.itaucultural.org.br
Sinopse:
A presença de mulheres nas áreas técnicas é o tema da mesa final do encontro.

SHOWS / ESPETÁCULOS (presenciais)

27 de julho, quarta-feira, 20h

Show de Dani Nega, com participação especial de Ellen Oléria
Local: Sala Itaú Cultural (Piso térreo do Itaú Cultural)
Capacidade:  224 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: Livre
Inscrições pela plataforma INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br)
Sinopse:
Show de lançamento do novo trabalho solo autoral de Dani Nega. Participação especial da cantora e compositora Ellen Oléria. Embalado pela mistura da música eletrônica contemporânea com as sonoridades pretas, como o funk/soul e o R&B, interpretada por uma nova banda formada de jovens músicos da cena musical preta, o show traz elementos autobiográficos da rapper que aborda, do seu ponto de vista singular, temas como racismo, violência urbana e apropriação cultural. Um retrato de seu dia a dia na cidade, trabalhando, criando e vivendo afetos como mulher negra e lésbica é contado e cantado através das linguagens do Spoken Word, das tradições poéticas vindas das cenas dos Slams e do Rap.

28 de julho, quinta-feira, 20h

Katú Mirim. Foto: Divulgação

Show de Katú Mirim
Local: Sala Itaú Cultural (Piso térreo do Itaú Cultural)
Capacidade:  224 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Inscrições pela plataforma INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br)
Sinopse:
Apresentação musical de Katú Mirim dentro da mostra Todos os Gêneros na Sala Itaú Cultural

29 de julho, sexta-feira, 17h, 19h e 21h

Espetáculo TRAVED, com Dodi Leal
Local: Sala Itaú Cultural (Piso térreo do Itaú Cultural)
Capacidade: 15 lugares por sessão
Duração: 40 minutos
Classificação indicativa: melhor aproveitado a partir de 14 anos
A reserva de ingressos será feita presencialmente, uma hora antes de cada sessão.
Sinopse:
Apresentada pela performer e professora de artes cênicas Dodi Leal, sob direção de Robson Catalunha, consiste numa palestra-performance em VR (realidade virtual) que interroga cenicamente o estatuto das biotecnologias da cena teatral atual.
Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Robson Catalunha
Atuação e dramaturgia: Dodi Leal
Captação de vídeo em 360°: André Stefano
Edição de vídeo: Rodrigo Rímoli
Fotos e teaser: Gau Saraiva

29 e 30 de julho, sexta-feira e sábado, às 21h, e 31 de julho, domingo, às 20h
 
Espetáculo Cavalos Pretos São Imensos
Local: Sala Multiúso
Capacidade: 70 lugares
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa:  12 anos (ato violento e descrição de violência)
Inscrições pela plataforma INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br)
Sinopse:
Nininha está em situação de cárcere. Mas, como um dia sonhou seu filho Nino, sabe que pode ser um imenso cavalo preto quando bem queira. Assim como as outras companheiras de cela, todas são possíveis “cavalos pretos imensos” em seus sonhos individuais e estratégias coletivas de sobrevivência ao encarceramento. Contudo, não há fantasias, não há romantismo. O que há é o cárcere brasileiro.
Ficha técnica:
Encenação: Thais Dias
Dramaturgia: Bárbara Esmenia
Elenco: Fernanda Gomes, Martinha Soares, Rebeka Teixeira, Rosangela Roma, Valquíria Rosa
Cenografia: Carolina Gracindo e Helena Menezes
Iluminação e operação de luz: Carolina Gracindo
Sonoplastia e operação de som: Helena Menezes
Figurinos: Duda Viana e Ouroboros Produções Artísticas
Preparação corporal: Verônica Santos
Preparação vocal: Lilian de Lima
Fotografias: Daisy Serena

30 de julho, sábado, às 19h

Escritora, MC e slammer Jô Freitas participa do Sarau das Pretas. Foto: Rafael Salvador  Divulgação

Sarau das Pretas
Com as poetas Débora Garcia, Elizandra Souza e Jô Freitas, e os percussionistas Taisson Ziggy e Fernando Coelho
Local:  Sala Itaú Cultural (Piso térreo)
Capacidade: 224 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: Livre
Inscrições pela plataforma INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br)
Sinopse:
Idealizado pela poeta Débora Garcia em março de 2016, o Sarau das Pretas apresenta uma trajetória sólida e promissora, e segue como uma importante referência artística e literária na cidade de São Paulo. O sarau artístico-literário é protagonizado por Débora, ao lado de Elizandra Souza, Jô Freitas e Taisson Ziggy, artistas negras com atuação marcante no cenário cultural periférico da cidade de São Paulo.
Ficha técnica:
Poetas (Sarau das Pretas): Débora Garcia, Elizandra Souza, Jô Freitas e Taisson Ziggy
Produção: Admiro Pedro Soto e Lourdes Aparecida da Silva

31 de julho, domingo, às 19h

Zélia Ducan. Foto: Divulgação

Show de Zélia Duncan, em voz e violão
Local: Sala Itaú Cultural (Piso térreo)
Capacidade:  224 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Inscrições pela plataforma INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br)
Sinopse:
No palco com seu violão e quase na sua intimidade, Zélia Duncan apresenta seus maiores sucessos como Catedral, Lá Vou Eu, Sentidos, Enquanto Durmo, além de canções de seu repertório afetivo e de sua trajetória.

MOSTRA COLETIVO INCENDIÁRIAS (online)
De 27 de julho, quinta-feira, às 19h, até 28 de agosto, às 23h59
A convite do Itaú Cultural, o Coletivo Incendiárias criou seis vídeos inéditos, inspirados na cultura lésbica, recorte curatorial que norteia a 9ª edição de Todos os Gêneros: Mostra de arte e diversidade.
No site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br
SINOPSES:
Lixo
Com Luiza Braga (PA)
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos
Descritor: Linguagem Imprópria, medo
Descarte, mau uso, lixo. Os comportamentos pautados pelo modelo patriarcal de relação são reproduzidos entre mulheres. Descartar pessoas, não permitir que o afeto se estabeleça, não se expor. Não dizer para não se responsabilizar. Mas na trajetória de encontro consigo mesma, ela se questiona, se revê e parte em busca de um novo jeito de existir sapatão.

Lua Cheia
Com Chris Ubach (RJ)
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (linguagem imprópria, medo)
Ser homem, ser mulher. Quando uma corpa não se encaixa em nenhum lugar, pra onde ela vai? Onde ela cabe? A mulher-bicho que nasceu sem ser aceita, ficou feroz e aprendeu a ocupar sua existência. Sapatão, bicho solto. Livre.

Tu
Com Tay O`Hanna (SP)
Classificação indicativa: para maiores de 14 anos (linguagem imprópria, nudez, conteúdo sexual)
Existir. Resistindo. Uma corpa preta e a busca incessante pelo direito de existir mulher, homem, mulher e homem. E todas as outras formas que cabem na imaginação, no desejo, no corpo e na luta. Uma corpa que se transforma e existe da maneira que quiser. A cada dia, uma nova existência.

Nós 4
Com Angela Ribeiro (SP)
Classificação indicativa: para maiores de 14 anos (linguagem imprópria, conteúdo sexual, drogas lícitas)
Mãe de dois. Um pai. Uma segunda mãe. Como uma mulher que descobre o amor por outra mulher enfrenta as dificuldades das instituições: escola, família, estado. Duas mães, duas crianças e um pai distante. O amor entre essas mulheres transgride e transforma.

Vem
Com Monalisa Eleno (SP)
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (temas sensíveis, linguagem imprópria, drogas lícitas)
Medo. Medo dos próprios desejos, medo do corpo que deseja corpos femininos. Quantas são as amarras que uma mulher precisa romper para viver seus desejos verdadeiramente? Devorar o mundo para se encher de si, esse é o caminho.

A Mulher que Sou
Com Áurea Maranhão (MA)
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (temas sensíveis, linguagem imprópria)
As corpas femininas, desde a primeira infância, são violentadas, condicionadas, impedidas de ocupar o espaço com o tamanho e a intensidade que têm. Ao se tornar mulher, a menina deixada para trás leva consigo os desejos secretos que só as meninas compartilham entre si. O toque, as primeiras descobertas, os primeiros desejos. Ao se tornar mulher, voltar a ser menina pode ser libertador.

FICHA TÉCNICA:
Realização: Coletivo Incendiárias
Direção e Dramaturgia: Chris Ubach
Produção e Idealização: Luiza Braga
Performers: Tay O`hanna, Luiza Braga, Áurea Maranhão, Ângela Ribeiro, Monalisa Eleno e Chris Ubach
Direção de fotografia: Caio Oviedo
Locação: Galeria DoisOito
Edição e Finalização: Luiza Braga
Trilha sonora: Armando Mendonça F. e Thales Branche
Produção e gravação: Armando de Mendonça F. em Estúdio Casa (Belém-PA)
Finalização de áudio: Armando de Mendonça F. em Estúdio Casa (Belém-PA)
Trilha Sonora performance EU – TU: Marcozi dos Santos
Ilustrações performance EU – TU: Teukiwi

MOSTRA NA ITAÚ CULTURAL PLAY (online)
De 29 de julho de 2022 a 29 de julho de 2023
Paralelamente a esta programação, no dia 29 de julho a plataforma de streaming do cinema brasileiro Itaú Cultural Play subirá em seu catálogo uma mostra de filmes em sinergia com Todos os Gêneros. Ela ficará em cartaz por um ano com as produções Cassandra Rios: a Safo de Perdizes, Trópico de Capricórnio, Tea for Two, Minha História é Outra, Fragmentos, A Felicidade Delas e À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente.

SERVIÇO
Todos os Gêneros: Mostra de Arte e Diversidade – 9ª edição
De 27 a 31 de julho (quinta-feira a domingo)
Programação presencial e virtual gratuitas (completa no material anexado).
Mais informação em www.itaucultural.org.br

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