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Teatro de Santa Isabel:
175 Anos de Palco,
Resistência e Memória

Tombado pelo IPHAN em 1949, o TSI é um 14 teatros-monumentos do país. Foto: Andréa Rêgo Barros / PCR

É impactante sua arquitetura neoclássica. Foto: Andréa Rêgo Barros / PCR

Lançamento de livro e apresentação do Grupo Magiluth na celebração de aniversário. Foto: Andréa Rêgo Barros

Em 2025, o Teatro de Santa Isabel completa 175 giros em sua espiral temporal, entrelaçando passado e presente no coração do Recife. Esse corpo arquitetônico respira memórias e performa histórias que se acumulam em camadas, como uma máquina do tempo em movimento, onde cada apresentação deixa seus rastros invisíveis. Inaugurado em 18 de maio de 1850, o edifício neoclássico é um organismo cultural que pulsa, absorve e reflete as vibrações sociais de quase dois séculos.

Concebido pelo Barão da Boa Vista e materializado pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, suas paredes testemunharam momentos da história, desde os debates da Revolução Praieira até os discursos que culminaram na declaração de Joaquim Nabuco: “Aqui vencemos a causa da abolição”. O incêndio de 19 de setembro de 1869, que destruiu quase toda a estrutura do teatro, deixando apenas paredes laterais, alpendre e pórtico, não silenciou sua importância. Em 16 de dezembro de 1876, o teatro ressurgiu para continuar sua missão como palco da efervescência cultural pernambucana.

Desse palco, revoluções saltaram para as ruas. Suas colunas sustentam ideais de liberdade que permeiam gerações. Ao visitá-lo hoje, conectamo-nos diretamente com um capítulo fundamental da história cultural do Brasil, apreciando tanto sua relevância arquitetônica quanto sua contribuição para a formação da identidade pernambucana. Em um país que luta para não esquecer sua memória, esperamos que o Santa Isabel permaneça – resistente, vivo e necessário – como artéria pulsante da cultura que segue reinventando o futuro a partir das lições do passado.

Para a celebração de aniversário, o Santa Isabel recebe no domingo, dia 18 de maio, às 19h, o Grupo Magiluth com o espetáculo Estudo Nº 1: Morte e Vida, uma releitura do poema de João Cabral de Melo Neto. E nesta sexta-feira (16 de maio), às 19h, ocorre o lançamento do livro digital Ponto de Vista: crítica e cena pernambucana, pesquisa minuciosa do jornalista e historiador Leidson Ferraz, que faz uma palestra sobre os primórdios da crítica no Recife.

 

Estudo Nº 1: Morte e Vida

Uma reconfiguração contemporânea do clássico severino

Cena faz alusão à precarização do trabalho, e a Thiago Dias, trabalhador de aplicativo que morreu de exaustão Foto_Vitor Pessoa/ Divulgação

Essa cena do canavial, cruza Michael Jacson com maracatu rural, com Bruno Parmera. Foto_Vitor Pessoa

 

Crises climáticas e migrações são discutidas no espetáculo. Foto_Vitor Pessoa/ Divulgação

Como parte das celebrações de 175 anos, o Teatro de Santa Isabel recebe no domingo, 18 de maio, uma das mais instigantes produções do teatro pernambucano contemporâneo. Estudo Nº 1: Morte e Vida, do Magiluth, sob direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) e assistência de Rodrigo Mercadante, propõe uma releitura radical do clássico Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Os ingressos  para o espetáculo são distribuídos na bilheteria do teatro, a partir das 18h.

A dramaturgia expandida torna-se um “manifesto-palestra” que entretece o texto original com narrativas urgentes do presente, preservando a força poética cabralina, amplificando-a nas discussões atuais, evidenciando como as questões de migração, precarização do trabalho e crise climática permanecem dolorosamente atuais.

Podemos pensar sobre episódios trágicos do mundo real, que, embora não estejam diretamente em cena, chegam por associação, como a brutalidade sofrida por Moïse Mugenyi Kabagambe – refugiado congolês no Brasil, assassinado em 2022 no Rio de Janeiro após cobrar salários atrasados. Ou em um dos  episódios centrais da encenação, que reflete a precarização do trabalho e o desprezo pela vida, a história de Thiago Dias – trabalhador nordestino que sucumbiu em 2020 por exaustão após jornadas extenuantes como entregador de aplicativo em São Paulo.

Essas tragédias estabelecem pontes temporais que apontam a persistência das desigualdades sociais, que vem muito antes da publicação de Morte e Vida Severina (1955).

A força do texto cabralino não fica aprisionada em uma redoma de contemplação, mas, ao contrário, é potencializada ao ecoar em narrativas urgentes do presente. Quando os atores alternam entre os versos e intervenções performativas que incorporam narrativas atuais, criam um campo dialógico onde passado e presente se interpenetram, expondo as estruturas de poder e as continuidades históricas da exploração no contexto das novas configurações das ordens mundiais.

A encenação rompe radicalmente com a ilusão teatral ao expor deliberadamente seus mecanismos de produção. Microfones, mesas técnicas à vista, projeções em painéis desnudos – todos estes elementos compõem um dispositivo metateatral que transforma o espetáculo em uma “oficina” visível de criação.

A estrutura espiral da montagem sobrepõe camadas temporais através de projeções que justapõem imagens de arquivo, recortes digitais e colagens visuais. Esta fragmentação sensorial reflete a própria natureza caótica da experiência contemporânea, criando uma malha de significados que desafia interpretações lineares. O título “Estudo” não é casual: carrega a natureza investigativa de um teatro que se propõe como pesquisa contínua e menos como produto acabado.

Um dos aspectos mais provocativos da montagem é seu questionamento da própria figura do “Severino”. Ao utilizar ferramentas de busca digital para expor representações estereotipadas do nordestino, o espetáculo desnaturaliza imagens cristalizadas no imaginário nacional. O personagem insiste em dizer que não é uma entidade fixa para mostrar-se como um conceito em constante movimento, atravessado por muitas vozes e experiências.

 

Primórdios da crítica teatral no Recife

Leidson Ferraz lança livro digital e faz palestra. Foto: Léo Mota. Capas do livro. Design: Claudio Lira.

Uma investigação sem precedentes sobre os primórdios da crítica teatral pernambucana será apresentada ao público nesta sexta-feira (16 de maio), às 19h, no Teatro de Santa Isabel. Fruto de meticuloso trabalho em vários periódicos dos séculos 19 e 20, o livro Ponto de Vista: crítica e cena pernambucana, de Leidson Ferraz, doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO, inaugura as celebrações pelos 175 anos da casa de espetáculos. A obra desvenda o universo das primeiras publicações críticas sobre teatro na imprensa recifense, reconstruindo o panorama cultural da época através de documentos raros e análises. O acesso ao evento é gratuito.

Durante a palestra, o pesquisador compartilha curiosidades sobre os embates e polêmicas que marcaram a cena teatral pernambucana, desde os críticos anônimos que usavam pseudônimos como “O Kapla” e “O Sentinela” até a profissionalização da crítica no início do século 20. Entre os destaques da pesquisa está o momento de transição dos gêneros teatrais, quando as operetas e o teatro de revista substituíram o teatro romântico e realista, causando reações intensas como a ocorrida em 1869, quando apresentações de óperas-buffa provocaram tumultos no mesmo ano em que o teatro sofreria um devastador incêndio. A publicação, que contou com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB/PE), já está disponível gratuitamente em formato digital no link Livro

 

Entrevista – Romildo Moreira – diretor do Teatro de Santa Isabel

Romildo Moreira. Foto: Pedro Portugal / Divulgação

Aproveitando o momento significativo das comemorações dos 175 anos do Teatro de Santa Isabel, realizamos uma entrevista com Romildo Moreira, atual diretor dessa casa histórica das artes pernambucanas. Com experiência na gestão cultural e conhecimento sobre o legado deste patrimônio, Moreira compartilha reflexões sobre os desafios de preservar e administrar um espaço que testemunhou importantes capítulos da história brasileira desde 1850.

– O Teatro de Santa Isabel é um verdadeiro patrimônio cultural e arquitetônico. Quais aspectos da história e da vocação do teatro o senhor destacaria como fundamentais para sua identidade?

Romildo Moreira – O Teatro Santa Isabel é um patrimônio cultural e arquitetônico, sim. Foi tombado pelo IPHAN em 1949, já ressaltando exatamente esse patrimônio com uma ênfase da cultura local, na cidade do Recife, e patrimônio nacional da arte e da cultura, como depois ele foi eleito a esta condição.

Ele participa dos 14 teatros-monumentos do país e hoje ele é considerado pelo próprio IPHAN como um dos teatros antigos do Brasil, um dos mais bem equipados e com programação permanente.

O tanto que a gente aqui fica recebendo solicitações de pauta o tempo inteiro e já está com a pauta para 2025, por exemplo, lotada até o dia 21 de dezembro. Ou seja, tanto a produção local quanto a produção nacional e até produções internacionais, quando vem para o Nordeste, pensa no Recife e no Teatro de Santa Isabel.

De fato, ele é almejado não só pela produção local, mas, como falei, nacional e internacional.

 – Considerando a importância histórica e a relevância na cena cultural do Recife, como o teatro se posiciona para cumprir seu papel frente aos desafios contemporâneos?

Romildo Moreira – Com relação aos desafios contemporâneos, mesmo o teatro sendo muito antigo, com 175 anos de existência, a gente não faz discriminação de espetáculos contemporâneos, de teatro, dança, circo, ópera etc., desde que não haja nenhum prejuízo físico ou moral para casa, a gente tem todo o prazer em receber essas produções aqui no palco do Teatro Santo Isabel. Isso tem ocorrido frequentemente. Inclusive, a nossa comemoração dos 175 anos do Teatro Santo Isabel é com o Grupo Magiluth, que tem um espetáculo muito contemporâneo, um espetáculo que não tem uma pegada cênica de antigamente, muito pelo contrário, é um espetáculo jovem, atemporal, contemporâneo etc.

Gostaria de entender melhor o que significa “prejuízo físico ou moral para casa”.

Romildo Moreira – Prejuízo físico é que danifique alguma coisa de palco, da plateia, das cadeiras, do gradil que é tombado etc. Então, prejuízo físico seria exatamente danificar algo que caracteriza o patrimônio. E prejuízo moral seria espetáculos de cenas explícitas, de pornografias, de sexo etc.

Só lembrando também que prejuízo moral também seria espetáculos pornográficos. A gente não teria esta condição de recebê-lo pela própria história e relevância do Teatro Santo Isabel.

 O mês de maio reserva uma programação especial para o aniversário do teatro.

Romildo Moreira – Para a celebração dos 175 anos, na programação oficial nossa aqui do Teatro de Santa Isabel, temos o lançamento do livro Ponto de Vista: Crítica e Cena Pernambucana, de Leidson Ferraz,  na sexta-feira, 16/05, (às 19h) e no domingo, 18/05, a apresentação gratuita de Estudo nº1: Morte e Vida, do grupo Magiluth, em comemoração ao aniversário

Quanto à Orquestra Sinfônica do Recife, os concertos (27/05 e 28/05, às 20h) fazem parte da programação mensal. Não está diretamente vinculado ao aniversário do teatro, mas também não deixa de ser uma oportunidade das pessoas estarem aqui nesta semana de comemoração desta data tão importante para um teatro que está permanentemente ativo. Não é verdade?

– O que motivou a escolha dessa programação especial?”

Romildo Moreira – Com relação ao que motivou essa programação que você chama de especial para o aniversário do teatro, é uma coisa muito simples. Primeiro, o lançamento do livro de Leidson Ferraz trata-se de teatro, e nada melhor do que lançar num teatro, como o Teatro de Santa Isabel, porque muita pesquisa ele fez aqui também, no nosso material. E na própria descrição do livro se fala muito no Teatro de Santa Isabel. E quanto ao Grupo Magiluth, a escolha do Grupo Magiluth é porque é um grupo local importantíssimo que faz apresentações aqui esporadicamente por outras questões, por falta de pauta etc., e pela qualidade do grupo, a qualidade dos espetáculos do grupo, inclusive trazendo uma peça baseada em João Cabral, do Melo Neto. Então a pernambucanidade do espetáculo tem tudo a ver também com a pernambucanidade do Teatro de Santa Isabel. Enfim, mas independente dessa coisa bairrista mesmo, é a qualidade artística que o grupo Magiluth tem nos seus espetáculos.

E esta é a razão mais forte que a gente encontra para dizer que este grupo vai entrar nesse aniversário do teatro tranquilamente.

– O teatro possui algum projeto de curadoria específico para contornar questões contemporâneas e potencializar o uso do espaço cultural? Como esse projeto tem influenciado a escolha e a execução dos eventos?”

Romildo Moreira – Bem, não existe uma curadoria para escolhas dos espetáculos a acontecer no Teatro de Santa Isabel. Existe um decreto de número 21-924, de 10 de maio de 2006, que normaliza as pautas que a gente pode oferecer, pode receber aqui. Então, não pode ter excesso de som, som até 95 decibéis, não pode ter abundância de água em cena, não pode ter fogo, não pode ter drone etc., coisas que possam pôr em risco o patrimônio cultural do Teatro de Santa Isabel. Então isso a gente leva em conta quando recebe as propostas de pauta se esse espetáculo pode ser apresentado aqui ou não. Quando não pode ser apresentado aqui, a gente explica o motivo e sugere uma outra casa de espetáculos. Normalmente, a produção local já sabe disso e não traz esse problema para a gente resolver, mas as produções de fora, quando ocorre, a gente explica e eles entendem completamente bem.

Quais são os critérios adotados para escolher as pautas e os eventos executados no teatro ao longo do ano? Há uma linha diretriz definida para a programação?

Gostaria de compreender com mais profundidade como funciona o processo de distribuição de pautas ao longo do ano no Teatro. Poderia descrever, de forma detalhada, o passo a passo desse procedimento? Por exemplo, se uma produtora local tem interesse em reservar uma pauta para maio de 2026, qual seria o período ideal para entrar em contato, e quais os documentos e informações necessários para formalizar a solicitação?

Romildo Moreira – Não há linha definida para a ocupação da pauta, o que há é a não aceitação de eventos artísticos e culturais que não tem perfil para o Teatro de Santa Isabel. Por exemplo: concurso de miss, eventos evangélicos, espetáculo pornográficos…

Se eu, como produtora cultural, precisar de uma pauta, como consigo? Quais os critérios? Não tem critérios?

Romildo Moreira – Se você precisar de uma pauta, é só encaminhar para o nosso e-mail a solicitação de pauta dizendo o que vai ser utilizado nessa pauta, qual é o espetáculo, se é teatro, dança, circo, ópera, como é que ele se porta, mandar fotos, mandar material em geral sobre a peça, para a gente saber o que é etc.

É isso. Se houver alguma impossibilidade de recebê-lo pela data, já é uma coisa óbvia, porque já está ocupado. Ou então porque o espetáculo não se porta dentro do que a gente já falou antes, se é pornográfico, se tem danos físicos ou morais para o teatro.

É isso, não tem outro critério, que a gente não vai fazer censura estética, entendeu?

Há variação também nos valores dos aluguéis e nas condições de contratação nesses casos, ou são uniformes para todos?

Romildo Moreira – O pagamento da pauta do Teatro de Santa Isabel tem uma diferença da produção local para a produção visitante. A produção local paga 10% da bilheteria bruta com o valor mínimo de R$ 2 mil por apresentação. A produção visitante paga 10% da bilheteria bruta com valor mínimo de R$4.000 por cada apresentação. Só isso que difere, é só o valor mesmo, porque a produção local tem esse abatimento de 50% do valor da pauta.

Por fim na questão das pautas, gostaria de saber se existem restrições específicas para espetáculos destinados ao público infantil ou juvenil e como essas particularidades influenciam a distribuição de pautas.

Romildo Moreira – Inclusive, no mês de julho, existe o Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco, da Metro Produções, e o Teatro de Santa Isabel também recebe esse festival. Então, nós temos o maior prazer também de apresentar espetáculo para criança, que é o público do futuro.

– O Teatro de Santa Isabel, com sua longa trajetória, sempre enfrentou desafios de manutenção e sustentabilidade. Quais estratégias e parcerias têm sido implementadas para garantir sua sobrevivência e modernização sem perder sua essência histórica?

Romildo Moreira – Quanto à manutenção e sustentabilidade, existe uma questão bem presente, como o teatro é da Prefeitura do Recife, a Prefeitura, através da Fundação de Cultura e da Secretaria de Cultura, faz a manutenção permanente através de empresas que são licitadas para tal. Então, a gente tem uma empresa que cuida da manutenção do ar-condicionado, outra que cuida da manutenção estrutural, enfim, e por aí vai. São empresas que permanentemente, como por exemplo os elevadores, têm um problema no elevador, então tem a empresa de manutenção do elevador  que vem e conserta na hora e por aí vai. Isso facilita, porque é um órgão público. Se fosse pela bilheteria do teatro, jamais isso ocorreria, porque a gente não teria disponibilidade financeira para tal. Mas, ao contrário, a gente mantém sempre essas questões em dia por conta dessas parcerias que são com a Fundação de Cultura e Secretaria de Cultura para a manutenção de empresas com esta obrigatoriedade.

– Quantos funcionários compõem a equipe que trabalha no teatro e quais têm sido os principais desafios enfrentados na gestão do espaço atualmente?

Romildo Moreira – 49 funcionários

– Qual tem sido o papel do investimento público no fortalecimento e na manutenção do teatro? De que forma esses recursos têm contribuído para a preservação e renovação do espaço?

Romildo Moreira – Reforçando. Acho importante também falar sobre a manutenção do teatro. Todo mês de fevereiro, anualmente, a gente não abre pautas, não abre para atividades artísticas, a gente faz uma manutenção de equipamento, de som, de luz, de toda parte estrutural do teatro, fazendo também alguns reparos de pintura, etc., para manter o teatro sempre bem quisto e bem visto pela sociedade.

– Como o cidadão, de todas as classes sociais, pode ter acesso ao teatro? Existem projetos ou estratégias que promovem a participação popular e a democratização do espaço?

Romildo Moreira – Quando se trata de sociedade, o teatro tem esse cuidado de não ser uma casa distante da população. Por isso que temos muitos espetáculos gratuitos.

A Orquestra Sinfônica do Recife faz quatro concertos aqui no teatro mensalmente, com sessões gratuitas. Além disso, o teatro tem um projeto chamado Santa Isabel em Cena, que tem duas vertentes. A primeira vertente é que, às terças-feiras, a gente recebe uma média de 300 jovens, entre alunos de escolas públicas, escolas privadas e de ONGs que trabalham com essa faixa etária. Essas pessoas vêm aqui para conhecer o teatro e assistem um espetáculo gratuitamente, um espetáculo local.

E a segunda versão desse Santa Isabel em Cena é que acontece aos domingos, uma vez por mês, um espetáculo direcionado mais à terceira idade, que é uma forma também de a gente trazer e manter este público. Na primeira versão é para os novos frequentadores do teatro, com essa juventude, e nessa segunda versão é para a manutenção desse povo que já acostumou vir ao teatro e assistir a um espetáculo, principalmente de música camerística. Enfim, de forma que a gente tem essa preocupação de um público sempre ampliado e renovado nas apresentações do Teatro de Santa Isabel.

Também temos tido o cuidado de negociar com as produções que vêm para cá, para o Teatro de Santa Isabel, de não fazerem preços muito altos, até mesmo porque o pagamento da pauta é muito pequeno, é 10% da bilheteria bruta, de forma que os ingressos aqui não são de preço tão volumosos exatamente para facilitar uma camada mais ampla de pessoas poderem assistir, já que os ingressos não são tão caros.

– Considerando a situação do entorno do teatro, com calçadas em péssimo estado, a presença de moradores de rua e mendicância, há alguma estratégia integrada ou parceria com órgãos públicos para revitalizar a área?

Romildo Moreira – Com relação a essa questão de moradores de rua, quando o teatro fecha, fica invadido, pessoas dormindo aí, a gente não tem como resolver isso aqui. A prefeitura passa toda quarta-feira aqui, oferece abrigo para essas pessoas, umas já foram, outras já tiveram a família inteira abrigada, mas tem gente que não quer. Então, rua é rua, a gente não tem como fazer. Isso não seria com a Secretaria de Cultura nem com a Fundação de Cultura, muito menos com o teatro. Mas a prefeitura, de um modo geral, tem tido uma ação permanente de fazer com que essas pessoas não agridam o espaço etc. Mas é bem complexo em função disso. Tem gente que não quer sair da rua, enfim. Quando chove, principalmente, eles vão para os lugares onde tem abrigo, como tem aqui no Teatro de Santa Isabel, nessa Dantas Barreto, na Guararapes, é o que mais se vê, como se vê também em outras capitais, Rio de Janeiro, São Paulo etc.

– Que mensagem o senhor deixaria para o público e a comunidade?

Romildo Moreira – A mensagem que deixo para o público e o mundo geral é que não temos aqui a preocupação de fazer censura estética com a utilização do teatro de Santa Isabel. Tanto espetáculo, teatro, dança, circo, ópera, música, enfim, temos só a preocupação prevista no decreto, como já falei anteriormente, porque é para a pluralidade de público mesmo.

Enquanto a gente recebe um espetáculo que requer mais um público jovem, o público jovem vem. Quando requer mais um público mais maduro, terceira idade, etc., esse público vem. E é importante saber que, quando eles vêm, eles veem um bom espetáculo aqui quer mais um público mais maduro, terceira idade etc., esse público vem.

E é importante saber que, quando eles vêm, eles veem um bom espetáculo aqui e ficam sempre aguardando novas oportunidades para retornar, porque o Teatro Santa Isabel é a casa do povo do Recife, e o povo do Recife é plural. E essa pluralidade também a gente mantém na programação exatamente para atender todos os desejos e necessidades de uma sociedade tão ampla como é a nossa.

 

 

 

 

 

 

 

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Shakespeare esteja conosco!
O relato de uma substituição plena de afeto
e amor ao teatro*

José Roberto Jardim e Paulo de Pontes no Teatro de Santa Isabel, em 18 de novembro. Foto: Marcos Pastich

Tay Lopez substituindo Paulo de Pontes no dia 19 de novembro. Foto: Arquivo pessoal

Terminou neste domingo, 26 de novembro, a 22ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN). Infelizmente, o Satisfeita, Yolanda? não conseguiu acompanhar de perto a programação, pois não havia recursos para arcar com o trabalho da crítica. É uma pena. Pode ser tema de conversas e reflexões vindouras.

Mas, desde o dia 16, histórias aconteceram: nos palcos e fora deles. Muitas, nem ficamos sabendo, são quase restritas, tiveram como cenário coxias, plateias, bares pós-espetáculo. Mas uma delas, em especial, nós soubemos e achamos que merecia ser registrada.

Sueño é um espetáculo livremente inspirado em Sonho de uma noite de verão, de William Shakespeare, com direção e dramaturgia do pernambucano Newton Moreno, um dos homenageados do FRTN ao lado de André Filho.

A peça de 2h30 de duração, dois atos, estreou em São Paulo em novembro de 2021, na retomada do teatro presencial, nos jardins do Teatro João Caetano. Em agosto deste ano, fez uma temporada no Itaú Cultural.

Um dos destaques do elenco é o pernambucano Paulo de Pontes, que voltou ao Recife há alguns anos, depois de duas décadas morando em São Paulo. Paulinho, como é conhecido, brilha em cena. E havia uma grande expectativa por sua apresentação em casa, no Teatro de Santa Isabel.

Imaginamos que seria uma consagração, merecida. Mas as coisas nem sempre estão no nosso controle. E no dia 18 de novembro, logo depois da primeira cena de Paulo de Pontes, o espetáculo foi interrompido. O ator passou mal e não conseguiu continuar a peça.

Mesmo assim, no dia seguinte, o espetáculo aconteceu: Paulo de Pontes foi substituído por Tay Lopez, ator pernambucano que mora em São Paulo, mas tinha acabado de gravar um filme na Paraíba e estava de férias na cidade. Lopez fez uma leitura encenada do texto.

Diante dessa história cheia de inesperados e de ode ao teatro e a sua efemeridade, pedimos ao ator Tay Lopez que, no calor do momento, na segunda-feira, dia 20 de novembro, escrevesse um relato de experiência. Queríamos ouvir como foi viver tudo isso, deixar essa história registrada e compartilhá-la com outras pessoas.

É esse o texto que postamos aqui.

Obrigada, Tay Lopez, por atender ao convite de Newton Moreno e ao nosso.

Paulo de Pontes está bem.

Infelizmente, não conseguimos registros de imagem profissionais da sessão do dia 19 de novembro, então publicamos fotos amadoras, feitas de celulares por amigos que estavam na plateia.

“Shakespeare esteja conosco! O relato de uma substituição plena de afeto e amor ao teatro” *

Por Tay Lopez

Sábado, 18 de novembro, Festival Recife do Teatro Nacional, importantíssimo festival da cidade, que foi retomado bravamente este ano.

O cenário é o Teatro de Santa Isabel, lugar tão significativo para a cidade e para mim: me recordo quantas histórias vivi nesse teatro!

Peça: Sueño, do consagrado autor e amigo Newton Moreno, homenageado pelo festival juntamente com André Filho.

No foyer do teatro, um encontro festivo. Amigos de longa data, afetos, abraços. Feliz em estar na cidade de férias. Feliz em estar com minha mãe para vermos juntos uma peça que tanto gosto e que eu já tinha visto duas vezes em São Paulo. Há 2 anos, na estreia, retomada do teatro presencial, vi a montagem no Teatro João Caetano. E, há poucos meses, em agosto, revi na sua segunda temporada, no Itaú Cultural.

Espetáculo começa no Santa Isabel. Paulo de Pontes, irmão, amigo, confidente, entra em cena com seu Shakespeare maravilhoso. Plateia na mão.

Todos estavam na expectativa em ver Sueño na cidade, mas o espetáculo é interrompido, pois Paulinho não conseguiu voltar ao palco depois da primeira cena. Ela passou mal e precisou ser atendido por especialistas em um hospital próximo.

Vou ao camarim, procuro informações, me comunico com a família, com amigos e fico sabendo que, graças a Deus, não é nada grave. Volto para casa, durmo. Sonho com Paulinho. Estamos indo fazer um espetáculo juntos em algum lugar.

Acordo, procuro saber notícias sobre a saúde de meu amigo e recebo informações de que tudo está melhor, ele está bem, tinha sido só um susto. Fico aliviado.

Horas depois, o telefone toca. Newton Moreno me convida, sem rodeios, para uma tarefa. Na verdade, uma missão: substituir Paulo de Pontes. Não era um convite para encenar os mesmos personagens de Paulinho, o que seria impossível, mas para fazer uma leitura encenada.

Moreno me deixa muito à vontade para dizer não. Mas como dizer não para amigos tão queridos? Como não aceitar esse desafio? Como não homenagear Paulinho e tranquilizá-lo em saber que o espetáculo, de alguma forma, irá acontecer? Respondo que sim. E que essa decisão, na verdade, tinha que ser mais do grupo do que minha.

Newton fica feliz, agradece e já me manda o texto on-line. Domingo, 19 de novembro, 11h30, começo a ler a dramaturgia de Sueño.

Pouco tempo depois, decido parar. Vou à praia, mergulho no mar e volto. Tomo banho, almoço e sigo para o teatro.

Chegando lá, fui recebido com tanto amor, tanta atenção, que o mínimo que eu poderia fazer era tentar responder à altura. Tanta gente que admiro nesse elenco, nessa equipe.

Tay Lopez, José Roberto Jardim e Sandra Corveloni. Foto: arquivo pessoal

O espetáculo que seria às 16h foi transferido para às 20h.  Ensaiamos as cenas. Alguma ideia de marcação, de intenção, mas de liberdade e improviso.

Newton, como maestro, conduzindo tudo. Sandra Corveloni e José Roberto Jardim me ajudando nas cenas em que estaríamos juntos. Leopoldo Pacheco assessorando com os figurinos. Erica Rodrigues nos movimentos, Gregory Slivar nas intervenções musicais, Simone Evaristo na força puckiana. Almir Martines no olhar amoroso. Michele Boesche com palavras de encorajamento. Todos me passando confiança e acreditando que tudo daria certo.

Fui com serenidade, amor e espírito aberto para que a magia do teatro acontecesse naquela noite. “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que julga nossa vã filosofia”, frase de Shakespeare, primeiro personagem de Paulo de Pontes.

Findado o ensaio, vou ao camarim. Léo Pacheco faz a minha maquiagem. Separamos os figurinos.

Paulinho me manda mensagem. Já está em casa e se recuperando bem. Eu tenho que dizer que ainda nutria esperanças de que ele poderia fazer a peça, mas não.

Fazemos a famosa roda de teatro. Dedicamos a apresentação a Paulinho e jogamos ao etéreo a força que nos guiaria naquela sessão.

Eis que a sala é aberta, o público se acomoda. Terceiro sinal e lá vamos nós. O público é avisado da minha entrada em substituição e do fato de eu estar com o texto na mão.

Primeira entrada. O público, muito generoso, embarca na experiência de ver uma sessão única. Teatro já é único, mas nesse dia, mais do que nunca, seria único para os outros atores que estavam em cena também. Um elemento novo estava ali. Um novo corpo, uma nova voz, um novo ritmo. Sobretudo, a memória da contracena com um jogador tão pleno que é Paulo de Pontes.

Paulinho é gênio! E sei de perto a importância que essas apresentações em Recife tinham para ele. Puxei meu amigo em meus pensamentos e tentei trazê-lo para perto. Sim, estávamos juntos. E assim aconteceu. Primeiro ato, segundo ato, público disponível.

Foi emoção à flor da pele. Que texto belo o de Newton! Tantas camadas.

Foi divertido, na medida do possível. Foi de verdade, com olhos e ouvidos presentes. Foi o que pude fazer. Foi teatro, jogo, “to play or not to play?”. Entre o “ser ou não ser”, escolhemos o ser e fomos. Um só corpo. Como o teatro tem que ser.

Sinto que só agora estou acordando desse grande Sueño. Torço muito para que o espetáculo volte ao Recife, com Paulo de Pontes no lugar que lhe cabe, mas preciso dizer o quanto foi uma experiência inesperada, louca e incrível. Teatro! Evoé!

Registro no palco do Teatro de Santa Isabel. Foto: arquivo pessoal

 

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A Visita da Velha Senhora reacende debate entre ética e sobrevivência

Denise Fraga protagoniza espetáculo de Friedrich Dürrenmatt e divide a cena com mais doze atores, incluindo o pernambucano Tuca Andrada. Foto: Cacá Bernardes

Denise Fraga protagoniza espetáculo de Friedrich Dürrenmatt e divide a cena com mais doze atores, incluindo o pernambucano Tuca Andrada. Foto: Cacá Bernardes

Ao chegar ao Recife em 2016 com a peça Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, Denise Fraga disse, em mais de uma entrevista, que encenou o espetáculo para refletir sobre o incômodo que sentia ao ver pessoas justificando o injustificável e fazendo cara de paisagem para os mais diversos absurdos. É com o mesmo espírito que ela vem novamente ao Recife com o espetáculo A Visita da Velha Senhora, peça de Friedrich Dürrenmatt que se tornou um clássico instantâneo do teatro contemporâneo. A peça terá quatro sessões no Teatro de Santa Isabel, desta quinta (24) até o domingo (27). Junto com A alma boa de Setsuan, que a atriz protagonizou em 2008, Denise diz ter encenado uma trilogia que põe no palco o dilema entre ser ético e sobreviver em um mundo que incentiva a injustiça.

Quem conta essa história é um elenco de 13 pessoas, incluindo, além de Denise, o pernambucano Tuca Andrada. A bilionária Claire Zahanassian chega a Güllen, cidade onde viveu os primeiros anos de sua vida, e a encontra falida. Seu objetivo é colocar a localidade inteira a serviço de seu plano de vingança, propondo doar um bilhão aos seus habitantes se eles matarem Alfred Krank, uma antiga paixão que a abandonou grávida para se casar com outra por interesse. De início, todos acham a oferta um absurdo, mas a ricaça desarma, aos poucos, a resistência da cidade com a frase “eu posso esperar”, instalando-se no hotel da cidade com seu séquito. Previsivelmente, a morte de Krank passa de algo absurdo a necessário.

Como poucas coisas no mundo, o humor pode servir, ao mesmo tempo, como instrumento de cumplicidade e reflexão. É o que parece ser a opinião de Denise, mais uma vez mergulhando no teatro épico. “A peça não só é atual como dá a impressão de ser quase encomendada para os dias de hoje. Dürrenmatt escreve uma série de cenas que demonstram como nossos valores morais vão se adequando ao poder econômico. Ele é genial porque escreveu uma tragédia em timing cômico. A Claire é a encarnação do capital na figura de uma mulher que foi massacrada. O autor não a concebeu como uma vilã absoluta. Ela é simpática, espirituosa, muito carismática e, além disso, a dor dela está em cena. Luiz Vilaça [diretor do espetáculo] inclui a plateia como cidadãos dessa cidade. Quem vê a peça fica dividido, pois fica com raiva mas diz entender o lado dela”.

O pernambucano Tuca Andrada, que interpreta Alfred Krank, volta à cidade com A visita da velha senhora após mais de dez anos longe dos palcos locais. De acordo com o ator, o caráter duvidoso do personagem vai sofrer uma transformação profunda ao longo do espetáculo. “Krank é o único personagem verdadeiramente trágico da peça. Os outros são o que são. Ele percebe a amplitude de seu crime e começa a refletir quando não encontra mais saída. É preciso ter muita atenção ao fazer um personagem como esse, pois ele não é vilão e nem mocinho. Todos nós cometemos erros, todos nós somos vítimas. A situação dele é uma metáfora da sociedade, pois o texto traz uma discussão muito inteligente sobre o que é justiça e a quem ela serve. No Brasil, por exemplo, quem rouba milhões não vai preso, mas um pobre que rouba um pão morre dentro da cadeia. São muitas discussões e recusei outros trabalhos para vivenciar isso, especialmente com um elenco tão bom de 13 pessoas. Não sei quando vou ter essa chance de novo”.

Denise também diz ser questionada pelas pessoas sobre o porquê de ser vista muito mais em trabalhos cômicos. Embora, em A visita da velha senhora, o tema tenha um quê trágico, a atriz afirma que o humor é uma escolha ética, além de estética, para sua carreira. “Acredito no humor e na ironia como trilha para o pensamento. A peça diverte e, ao mesmo tempo, dá voz à nossa angústia. Talvez essa seja uma das maiores funções do teatro hoje: dar a palavra às pessoas. A arte funciona como um espelho para a gente se ver”.

Serviço:
A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt
Quando: Dias 24, 25, 26 e 27 de maio – quinta a sábado, às 20h; domingo, às 18h
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 120 min
Gênero: Comédia Trágica
Ingressos: R$ 70 e R$ 35 (meia) para a plateia e R$ 50 e R$ 25 (meia) para o terceiro piso
Informações: (81) 3355-3323

Ficha Técnica: 
Autor: Friedrich Dürrenmatt
Stage rights by Diogenes Verlag AG Zürich
Tradução: Christine Röhrig
Adaptação: Christine Röhrig, Denise Fraga e Maristela Chelala
Direção Geral: Luiz Villaça
Direção de Produção: José Maria
Elenco: Denise Fraga, Tuca Andrada, Fábio Herford, Romis Ferreira, Eduardo Estrela, Maristela Chelala, Renato Caldas, Beto Matos, David Taiyu, Luiz Ramalho, Fernando Neves, Fábio Nassar e Rafael Faustino
Direção de Arte: Ronaldo Fraga
Direção Musical: Dimi Kireeff
Trilha Sonora Original: Dimi Kireeff e Rafael Faustino
Desenho de Luz: Nadja Naira
Produção Executiva: Marita Prado
Preparação Corporal e Coreografias: Keila Bueno
Direção Vocal: Lucia Gayotto
Preparação Vocal: Andrea Drigo
Visagismo: Simone Batata
Assistente de Direção: André Dib
Assistente de Produção Musical: Nara Guimarães
Engenheiro de Mixagem: Fernando Gressler
Camareira: Cristiane Ferreira
Assistente de Iluminação e Operador de Luz: Robson Lima
Operador de Som: Janice Rodrigues
Cenotécnicos: Jeferson Batista de Santana, Edmilson Ferreira da Silva
Assessoria Financeira: Cristiane Souza
Fotografia: Cacá Bernardes
Making Of: Pedro Villaça e Flávio Torres
Redes Sociais: Nino Villaça
Programação visual: Gustavo Xella
Assessoria de Imprensa BH: Personal Press
Projeto realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Produção Original: SESI São Paulo
Patrocínio Exclusivo: Bradesco
Realização: NIA Teatro, Ministério da Cultura e Governo Federal

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Teatrando! reconta história do Santa Isabel com jogo

Atores jogam com o público no Projeto Teatrando. Foto: Wesley D'Almeida

Atores jogam com o público no Projeto Teatrando!. Foto: Wesley D’Almeida

Terça-feira, 15h. Esse é um horário pouco habitual para a maioria das produções teatrais, mas quem passar pelo Teatro de Santa Isabel neste dia e horário e prestar atenção vai ver um grupo na frente da casa de espetáculos, inaugurada em 1850. Todas esperam pela abertura de suas portas para participar do Proscenium! Teatro Jogo, incluída em um projeto maior, chamado Teatrando!. A ação vai oferecer atividades no local até agosto, incluindo também oficinas, saraus e debates, tudo de graça.

O Proscenium! Teatro Jogo não é propriamente uma visita guiada, mas uma proposta de experiência imersiva e interativa na história do Santa Isabel, baseada na educação patrimonial. A intenção é atingir tanto o público espontâneo quanto grupos previamente agendados, até o limite de 50 pessoas. Na última terça, cerca de 40 alunos de uma escola de Ipojuca estavam lá, junto com mais dois adultos – uma delas era eu.

A recepção pode até parecer uma visita guiada convencional, mas logo uma série de acontecimentos leva todo mundo para dentro do teatro de uma forma inusitada. Em vez de vermos de cara toda a glória do Santa Isabel pela perspectiva de quem chega para assistir a um espetáculo, somos levados para os bastidores, conhecendo o teatro pelo seu avesso. Os personagens históricos e mitológicos que passam a aparecer aqui e ali reforçam a brincadeira, conduzida pelos atores Alexandre Sampaio, Bruna Luiza Barros, Ellis Regina, Kadydja Erlen, Luciana Lemos, Paulo de Pontes e Rafael Dyon.  A direção de Quiercles Santana e Célio Pontes usa as situações reais relacionadas ao teatro como ponto de partida para fazer o público ligar os elos por conta própria.

A construção do teatro pelo engenheiro francês Louis Vauthier e, principalmente, o incêndio sofrido pela casa em 1869, são o centro desse passeio interativo, pois detonam todos os acontecimentos que vêm a seguir. Dos porões até o sótão do teatro, passando pelos camarins, tudo pode estar em cena e guardar uma surpresa. É preciso ter um pouco de fôlego para subir e descer andares inteiros do teatro em cerca de duas horas de ação. Em certo momento, o público é dividido em três grupos diferentes, conduzidos por diferentes personagens, e o conceito de gamificação ganha ainda mais força. Assim como no RPG, cada escolha vai resultar em uma experiência única e somente no final da visita o grupo vai se reunir por inteiro novamente.

Um dos maiores méritos do Proscenium! Teatro Jogo não é apenas mostrar a história do Teatro de Santa Isabel de uma forma criativa, mas levar quem participa a fazer uma reflexão sobre a arte de forma mais ampla. Questões como a ausência de público nas casas de espetáculos ou o valor dado à cultura no Brasil são postas nos textos dos atores e no tipo de interação entre eles e o público, mostrando que esses temas são tão antigos quanto à história desse local. Em um teatro que já viu muitas histórias serem contadas, tanto em seu palco como fora dele, é bom ver que seus fantasmas também rendem uma boa narrativa.

Projeto leva à reflexão sobre arte. Foto: Wesley D'Almeida

Projeto leva à reflexão sobre arte. Foto: Wesley D’Almeida

Além do Proscenium! Teatro Jogo, agendado para todas as terças-feiras até o fim de agosto, o Teatrando! tem outras ramificações. Uma delas se chama Diálogos, com debates abertos ao público toda última terça-feira do mês, sempre às 19h. Os saraus estão previstos para ocorrer quinzenalmente e a convocatória para quem quiser se apresentar por lá está na página do teatro na internet. As oficinas, por sua vez, ainda não começaram. Fato raro nas artes cênicas da cidade, todo o valor captado para essas ações veio da Lei Rouanet, a partir do patrocínio do banco Santander. Quem executou o projeto foi o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), mesma instituição responsável pelo funcionamento do Paço do Frevo. Já as visitas guiadas do Santa Isabel continuam, sem previsão de encerramento, nos mesmos horários: domingos, às 14h, 15h e 16h, com entrada gratuita. 

Serviço:

Proscenium! Teatro Jogo
Quando: Todas as terças-feiras, às 15h, até o fim de agosto
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio)
Quanto: Gratuito, mas é preciso fazer o agendamento por telefone
Informações: (81) 3355-3323 / 3324

Público pode agendar participação gratuitamente. Foto: Wesley D'Almeida

Público pode agendar participação gratuitamente. Foto: Wesley D’Almeida

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Peça reconstrói assassinato de João Pessoa

05022016-Antonio_David_104O dramaturgo e diretor do espetáculo De João Para João não compactua com a ideia de que a professora e poeta Anayde Beiriz tenha sido o pivô do estopim da Revolução de 1930, tese defendida por alguns historiadores. A montagem paraibana que faz única apresentação no Teatro de Santa Isabel, no próximo sábado dia 6 de maio, aponta como a mídia incendiou os ânimos já acirrados entre os adversários paraibanos. A peça é construída levando em conta o ponto de vista do assassino. A ação ocorre na tarde do dia 26 de Julho, na confeitaria Glória, no centro do Recife.

Na versão oficial mais oficial do episódio, João Pessoa, da Aliança Liberal, governante da Paraíba e candidato à vice-presidência da República na chapa de Getúlio Vargas, foi assassinado por questões políticas pelo advogado João Dantas, afilhado do principal dirigente do Partido Republicano da Paraíba, o coronel Zé Pereira. A historiografia transformou João Pessoa em herói, Dantas em vilão e Anayde foi apagada do mapa (ou demonizada) por muito tempo.

Eram muitos interesses nesse jogo de poder dos dois partidos. O grupo de João Dantas é apontado como arcaico na defesa dos  negócios tradicionais de latifundiários e comerciantes do Sertão da Paraíba e de Recife. Grupos que recebiam os benefícios da  política do café-com-leite, do governo federal. Os defensores da Aliança Liberal são tidos como os que anunciavam mudanças.

Mas os conflitos se dão no campo oligárquico, com autoritarismo de lado a lado e esferas pública e privada entrelaçadas. Entre as ações truculentas estão invasões a territórios particulares. Um ataque à fazenda da família de João Dantas, com ameaças de morte. A casa do advoga também é violada pela polícia, que confisca os diários íntimos e poesias do casal, além das fotos de nudez de Anayde  para expor publicamente na delegacia.

Por sua vez, João Dantas publicou no Jornal do Comércio, do Recife, um texto com o título Às Voltas com um Doido, com acusações ao governante João Pessoa. A carta é uma dos principais documentos de inspiração da peça de Tarcísio Pereira, que atua ao lado de Flávio Melo.

No cinema a atitude de Anayde ganhou protagonismo no filme Parayba, mulher macho (1983), da cineasta brasileira Tizuka Yamazaki, que é baseado em documentos históricos e no livro no livro Anayde Beiriz, paixão e morte na revolução de 30, de autoria de José Joffily. Anayde é apresentada como uma jovem de ideias libertárias, inconformada com os costumes da sociedade brasileira na década de 1920. Essa obra deixa a  o confronto político entre a Aliança Liberal e o Partido Republicano, como pano de fundo. Tizuka defende em sua obra que a motivação do assassinato foi essencialmente de ordem passional.

Na entrevista abaixo, Tarcísio Pereira fala sobre a pesquisa realizada para a montagem do espetáculo De João Para João, as opções dramatúrgicas para construir cenicamente esse episódio que teve o Recife como cenário, mudou a história do Brasil e desencadeou a chamada Revolução de 1930.

Entrevista: Tarcísio Pereira, dramaturgo e diretor

Tarcísio Pereira, dramaturgo e diretor

Tarcísio Pereira é autor, diretor e ator da peça De João para João. Foto: Reprodução do Facebook

De João para João. O que propõe o espetáculo?
Recontar uma história que abalou a estrutura política deste país há 87 anos, buscando lançar um novo ângulo de visão em torno de um episódio que divide opiniões até hoje. Colocamos o teatro como plataforma de reflexão em torno de fatos ocasionados pela influência da mídia. Recontamos os últimos instantes de um crime sob o ponto de vista do assassino – colocando em cena, pela primeira vez, o vilão e a vítima que entraram para a história do nosso país, num fato ocorrido na cidade do Recife. Além disso, procuramos desenvolver uma experiência cênica sob o foco de uma tragédia nacional que tem levado a diversas interpretações, utilizando o testemunho pessoal de um homem que mudou a história de um estado brasileiro e que redundou numa tomada de poder no âmbito nacional.

A partir da sua pesquisa, o que o senhor conclui sobre a participação da poeta Anayde Beiriz nesse episódio?
Anayde foi inocente em toda essa história, embora tenha se tornado uma grande mártir como consequência desse assassinato. Essa história teve muitos mártires, começando pelo próprio João Pessoa. Depois, o assassino foi também um mártir, pela forma brutal como foi assassinado na prisão, na época a Casa de Detenção no Recife, quando as forças “revolucionárias” de Getúlio (Vargas) tomaram a Presidência da República. Outro mártir, na sequência, foi João Suassuna, pai do escritor Ariano Suassuna, que era deputado federal e levou um tiro nas costas, numa rua do Rio de Janeiro. Ele tinha governado a Paraíba antes de João Pessoa, eram aliados e acabou virando adversário. Além de outras famílias e lideranças políticas na Paraíba que eram adversários de João Pessoa.
Mas voltando a Anayde, para mim foi a maior vítima – uma mulher que, ao que parece, não tinha muito envolvimento político e que pagou pelo fato de ser a namorada do assassino de João Pessoa. Ela não suportou a pressão na capital paraibana, sendo chamada de “amante” ou “putinha” de João Dantas e teve que se exilar no Recife num instituto de freiras, onde acabou tomando veneno. Hoje, Anayde é uma mulher reverenciada na Paraíba, tem até escola e conjunto residencial com o nome dela. Mas durante uns trintas anos ela foi um tanto amaldiçoada na própria terra, mesmo depois de morta. Para se ter uma ideia, nenhuma criança que nascesse do sexo feminino podia ser batizada com o nome de Anayde.

Em linhas gerais, o que foi publicado no jornal A União, sobre a correspondência íntima entre João Dantas e Anayde?
Há uma confusão sobre esse fato. Na verdade, a correspondência íntima nunca foi publicada no jornal A União. O jornal oficial apenas noticiou que foram encontradas cartas “comprometedoras” de João Dantas, quando invadiram a casa e o escritório dele. E todo esse material ficou exposto numa das dependências do jornal para quem quisesse ver. O jornal apenas divulgou que o mural estava disponível à visitação, mas não chegou a publicar as cartas propriamente.

O que o senhor diria sobre o filme Parahyba Mulher Macho.
Gosto imensamente desse filme da Tizuka Yamasaki. Muito, muito mesmo. Mas falo enquanto realização fílmica, enquanto obra da nossa cinematografia. Do ponto de vista histórico, particularmente de alguns aspectos abordados na película, eu tenho alguns questionamentos, principalmente em relação à figura de Anayde Beiriz, que o filme apresenta de uma maneira como eu não tenho encontrado em toda a pesquisa que fiz. Mas isso é um detalhe e apenas um ponto de vista meu, não falo como um defeito. Além do mais, talvez o filme não tenha tido o propósito de ser tão fiel assim à história, o que é uma opção e não um problema. Mas, no geral, é um filme bonito e emocionante, muito bem feito e que também integrou a minha fonte de pesquisa para realizar o espetáculo De João para João.

                                          “A encenação é mais simples e direta porque                                                                                    teve esse propósito de focar na palavra                                                                                            e na força da interpretação”

Quais os motivos que o senhor atribui à posição histórica de herói que ostenta a figura de João Pessoa?
O assassinato, por si só (pela formal como aconteceu), já foi algo que causou comoção e contribuiu para a construção desse mito. Mas, além disso, a forma como João Pessoa governou a Paraíba, num momento em que os coronéis davam as cartas, acabou colocando-o como aquele administrador que teve coragem de quebrar os velhos vícios da política de caudilhos. Quando João Pessoa veio do Rio para governar a Paraíba, disse que ia dar uma “vassourada”, e realmente fez. Não sei com que intenção, mas realmente foi um administrador de coragem, organizou as finanças do estado em pouco tempo, colocou a folha dos funcionários em dia (que estava com meses de atraso), e passou a cobrar imposto dos coronéis do Sertão, os quais costumavam exportar o algodão pelas fronteiras com Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. João Pessoa criou uma guerra tributária com a presença intensa do Fisco nas fronteiras, cobrando pedágios até de carroça de burro. Com isso, ele ganhou muita popularidade. Depois, ele teve também a coragem de negar apoio ao presidente da República na campanha presidencial, a ponto de figurar como candidato a vice na chapa de Getúlio Vargas. O tal “Nego”, que ganhou tanta repercussão, também contribuiu para essa popularidade. Depois veio o seu assassinato e, no rastro de tudo isso, a figura de herói. Mas era um homem muito difícil também, de temperamento forte e intransigente.

Qual o teor da carta Às Voltas com um Doido, publicada pelo advogado João Duarte Dantas, no Jornal do Comercio, do Recife?
É uma carta muito, muito violenta. Escrita com muito ódio por quem se sentia perseguido pelo governo. João Dantas traz muitas denúncias nessa carta, questionando a fortuna de João Pessoa e acusando-o, inclusive, de ter tentado matar o pai por duas vezes. Como bem diz o título do artigo publicado (que na verdade era uma carta ao governante paraibano), ele trata João Pessoa como “Doido”. Imagino que João Pessoa deve ter sofrido horrores quando leu esse texto no jornal do Comércio. Por coincidência, dias depois veio a invasão da casa de João Dantas, num momento que este se encontrava em Olinda e se aproveitaram da ausência dele. E depois dessa invasão, veio o crime. Ou seja: uma retaliação atrás da outra, que culminou numa grande tragédia.

Afinal, o assassinato de João Pessoa foi um crime político? Por quê?
Creio que a motivação foi pessoal, por conta da invasão da casa dele. Mas tudo isso tendo a política como pano de fundo. João Pessoa estava no meio de uma guerra com o coronel Zé Pereira, do município de Princesa Isabel, e João Dantas vinha atuando em favor de Zé Pereira, de quem era aliado. Ou seja: João Dantas, pelos jornais, atacava o governo o tempo inteiro devido às medidas duras de João Pessoa, e os artigos dele sempre faz referências à “Guerra de Princesa”. Isso levou a uma situação que extrapolou a seara política e entrou no campo pessoal. Então esse crime foi político e pessoal ao mesmo tempo, uma mistura das duas coisas.

                                       “Outro mártir, na sequência, foi João Suassuna,                                                                              pai do escritor Ariano Suassuna, que era deputado                                                                        federal e levou um tiro nas costas, numa rua do Rio de Janeiro”

Como o senhor situa a encenação? Utiliza os procedimentos convencionais?
Temos uma linguagem que vai da estética convencional ao experimentalismo cênico. Utilizamos elementos que dialogam com a simbologia e aquela forma tradicional do gabinete. Aliás, diria que este último fator tem mais predominância, isso em virtude da própria narrativa e do nosso cuidado com o público alvo. O texto é como um roteiro cinematográfico, que joga com a ação presente e a fantasia numa fusão de tempos alternados. Mas a encenação é mais simples e direta porque teve esse propósito de focar na palavra e na força da interpretação, pois estamos tratando de uma história real que geralmente atrai um público curioso por aquela história e não para ver uma experiência cênica. De toda forma, é um espetáculo que tem agradado aos dois tipos de público.

Quais os principais trunfos da montagem?
Talvez eu seja suspeito para apontar dois trunfos que passam diretamente pelo meu trabalho, mas é como posso avaliar. O primeiro deles está na dramaturgia, por ser um texto de cunho histórico, detalhadamente pesquisado, como uma força dramática que se sustenta do início ao fim, segurando o fôlego dos espectadores. O outro trunfo está na interpretação, são apenas dois atores em cena que não deixam a peteca cair em nenhum momento. E não sou eu que digo, é o público e a crítica que têm nos visto. Atores e texto são os dois grandes trunfos desse espetáculo.

Que aproximações que o senhor faz entre o clima da década de 1930 e os dias atuais?
Tudo a ver. Guardadas, claro, as diferenças entre os acontecimentos, mas o código dramático é o mesmo, o que mostra que a história sempre se repete com capítulos novos. Hoje temos uma situação política instável no Brasil, de muito descrédito e em que se questiona lisuras e procedimentos administrativos. Tínhamos uma presidente que foi banida do poder e um atual administrador que é tido por muitos como golpista ou usurpador, essas coisas… A política de 1930 passava por questionamentos como esses. Houve um presidente que foi banido do poder (Washington Luís), e um que havia sido eleito e não chegou a assumir (Júlio Prestes), quando Getúlio assumiu no lugar dele, embora tenha sido o segundo colocado nas urnas… E essas mudanças aconteceram por causa da morte de João Pessoa. Como João Pessoa tinha sido o vice na chapa de Getúlio, usaram o cadáver dele para comover o Brasil e Getúlio tomou a faixa presidencial. Além disso, todo um clima de instabilidade econômica e mudanças nas leis ocorreram naquele momento. Então o sentimento coletivo é o mesmo dos dias de hoje.

Peça trata de

Qual o papel da imprensa nisso tudo?
Tudo aconteceu por causa da imprensa, é como eu interpreto. Havia uma guerra de mídias entre órgãos de comunicação que pertenciam a facções diferentes. O jornal A União, na capital paraibana, atacava a honra pessoal de João Dantas e este, para não deixar por menos, respondia num jornal pernambucano que era ligado aos Pessoa de Queiroz (por sinal primos de João Pessoa, que mesmo sendo primos eram inimigos dele). Então essa guerra extrapolava os limites da ética, o que era bem comum naquela ocasião. A peça reproduz muitos trechos das notas e artigos publicados na época, um contra o outro, o que ajuda o espectador a tirar uma conclusão sobre as razões dessa tragédia.

O que o senhor diria para atrair um possível espectador para sair de casa e ir até o Teatro de Santa Isabel no dia 6 de maio?
Antes de falar para esse espectador, eu digo o que nós, do grupo, temos conversado sobre o tipo de reação do público recifense. A gente quer ter esse termômetro aqui por uma razão simples: toda a história se passa no Recife; Recife foi o cenário da tragédia política. O núcleo central da ação está na Confeitaria Glória, local em que o crime aconteceu e que ficava na Rua Nova, centro da capital pernambucana. Eu diria isso para o espectador da cidade: nosso espetáculo traz um fato histórico do Recife e não apenas da Paraíba. Os personagens são dois paraibanos, mas o episódio foi no Recife e a cidade está devidamente retratada no espetáculo, concebido e desenvolvido com uma pesquisa rica de detalhes sobre aquele período, o que certamente vai revelar muita coisa que o pernambucano ainda não sabe, principalmente as novas gerações.

SERVIÇO

De João Para João
Quando: 06/05/17, Sábado, às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Ingressos: Inteira R$ 40,00 e meia-entrada R$ 20,00.

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