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20º Festival de Teatro para Crianças
de Pernambuco ocupa o mês de julho

Hélio o balão que não consegue voar. Foto Ricardo Maciel / Divulgação

Pluft e a menina Maribel Foto Wilson Lima / Divulgação

O 20º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco (FTCPE) começa neste final de semana. No sábado, 6 de julho, às 16h30, o Teatro de Santa Isabel recebe Brincando no Escuro, da Maktub Teatro e Outras Invencionices, de Caruaru. O espetáculo, com texto de Carlos Antonholi e direção da premiada atriz caruaruense Maria Alves, homenageada do Festival, promete encantar o público com uma narrativa envolvente, que o título já dá pistas. 

No domingo, 7 de julho, também às 16h30, o Teatro de Santa Isabel será a vez de Hélio, o Balão que não Consegue Voar, uma produção do Coletivo de Artistas, do Recife. Escrita por Cleyton Cabral, a peça estreou este ano no Palco Giratório e traz uma história sobre amizade e superação.

Hélio é um balão diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que vive em uma loja de festas. Hélio pertence a uma rara categoria de balões que não voam. A obra busca utilizar de leveza e sensibilidade para explorar os desafios que Hélio enfrenta no convívio social, destacando suas potencialidades e habilidades que vão além da capacidade de voar. A montagem busca proporcionar uma experiência visual e emocionalmente rica para o público, utilizando técnicas do teatro de formas animadas.

Paralelamente, o clássico Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado, será apresentado pela Cênicas Cia. de Repertório, do Recife, no Teatro Luiz Mendonça, localizado no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem. As apresentações ocorrem no sábado (6) e domingo (7), às 16h30. É uma oportunidade para as novas gerações conhecerem uma das obras mais queridas do teatro infantil brasileiro.

O Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco, que se estende até o dia 28 de julho, é uma realização da Métron Produções, de Edivane Bactista e Ruy Aguiar, com a parceria dos grupos teatrais e artistas de Pernambuco. O evento conta com o apoio cultural da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife.

Este ano, o tema escolhido pelos curadores Marcondes Lima, Ruy Aguiar e Williams Sant’Anna é “Magia e Encantamento”, na perspectiva de transportar o público para um mundo de sonhos e fantasia.

A programação do festival inclui 15 montagens teatrais criadas exclusivamente para a infância, entre obras clássicas e textos de novos autores, interpretadas por companhias de Olinda, Recife, Paulista, Moreno e Caruaru. Serão ao todo 18 sessões, às 16h ou 16h30, com ingressos que variam entre R$ 30 e R$ 80, à venda no site do Festival https://www.teatroparacrianca.com.br. No site, também estão acessíveis todas as informações sobre os espetáculos, incluindo sinopses, horários e a programação completa.

Maria Alves é a homenageada do 20º FTCPE

Nesta edição, o FTCPE presta uma homenagem especial à atriz Maria Alves, que desenvolve um trabalho em defesa da infância e juventude há 40 anos por meio do teatro e da educação. Atuando há 30 anos como professora de teatro no Colégio Diocesano de Caruaru, Maria Alves produziu 23 espetáculos para as infâncias com o Grupo Estudantil de Teatro Ená Iomerê. Sua pesquisa de mestrado virou livro em 2019: Arte e seu Ensino: Sentidos Atribuídos pelas Vozes das Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, editado e lançado pelo SESC de Pernambuco. Maria Alves é encenadora, arte-educadora, professora de teatro, produtora cultural, pedagoga e mestra em Educação Contemporânea pela Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste. Em 2016, fundou a Maktub Teatro e Outras Invencionices.

Serviço: 
20º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco
Quando: De 6 a 28 de julho (sábados e domingos) 
Onde: Teatro de Santa Isabel, Teatro Luiz Mendonça, Teatro do Parque (16h30) e Teatro Barreto Júnior (16h) 
Quanto: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia); R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia) 
Meia entrada: Para crianças a partir de 2 anos, autistas e acompanhantes, estudantes, professores, doadores regulares de sangue ou de medula óssea e idosos com apresentação da carteira. 
Venda de ingressos: Antecipados pelo site https://www.teatroparacrianca.com.br e nos dias das apresentações nas bilheterias dos teatros a partir das 15h (sujeito à lotação).

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Com os pés nos anos 1990

Severino Florêncio como a impiedosa Dorotéia. Foto: Rodrigo Moreira/Divulgação

Há 27 anos, 37 meses e não sei quantos dias, Madalena vive um aperreio de vida. Tem uma mãe que, vamos combinar, ninguém merece. Dorotéia faz questão de mostrar que quem manda, não só na casa, mas em Madalena, é ela. Esse é o mote da montagem Dorotéia vai à guerra, do Grupo de Teatro Arte Em Cena, de Caruaru, apresentada no segundo dia da V Mostra Capiba. Na realidade, Severino Florêncio (Dorotéia) e Welba Sionara (Madalena) já tem intimidade com o texto há vários anos. Severino montou a peça em 1993 ao lado da atriz Maria Alves e ficou em cartaz por dez anos. Welba integrava a equipe técnica da montagem. Foi um grande sucesso na década de 1990, abocanhou prêmios em vários festivais – Severino nem tem certeza de quantos, acha que foram 32.

Remontar um desses grandes sucessos, uma peça em cartaz por tantos anos, levanta muitos questionamentos e dispara desafios. Para Welba, porque viu Maria Alves atuar, mas tem que criar a sua própria Madalena. Mas principalmente para Severino, que segundo o próprio diretor (das duas montagens) Gilberto Brito, tem no personagem um divisor de águas na sua carreira. Então porque voltar? Porque não se debruçar sobre um texto novo, encarar um personagem que fosse acrescentá-lo ainda mais, um processo diferente?

São só provocações…e, como mesmo diz Dorotéia, “a verdade tem muitas variantes”. Fato é que o tema e as discussões que podem ser geradas a partir do texto continuam pertinentes. São as relações de poder e dominação que permeiam as relações e de que forma elas podem ser superadas. Se Severino domina perfeitamente as nuances da sua Dorotéia, tão cruel, mimada, Welba deixa transparecer que a sua interpretação ainda pode crescer – o espetáculo estreou em março. Em muitos momentos, texto e emoção ainda estão em descompasso: o “mamãe” precisa soar mais natural, mais engendrado na atriz.

Parece também não estar bem resolvido o tom da comédia. Há ironia no texto, claro que sim, mas em alguns momentos a dúvida parece pairar: é um drama ou uma comédia? É um drama que se transformou em comédia? É aí o público não consegue, quando deveria, embarcar no riso. Acha muito absurda toda aquela situação ali encenada, tem pena de Madalena, raiva da mãe, raiva de Madalena por não conseguir se libertar, mas não consegue se divertir com o humor negro de Dorotéia ou se sentir vingado quando Madalena parece assumir o controle.

A cena se passa numa casa antiga, sob as vistas dos santos na parede, dentro de um quarto. Um baú, uma cadeira e uma cama são os principais elementos de cena. Mas a encenação é mesmo muito baseada na construção dos atores. E fica a impressão de que a montagem – não vi a anterior, é bom que se diga – caminha nos trilhos e moldes da década passada. Não vou usar de ironias ou eufemismos, como propõe Dorotéia. Saí do teatro com vontade de ver um ator tão competente quanto Severino, tão engajado na luta pelo teatro no interior, se arriscar ainda mais – se retirando da sua própria zona de conforto e, certamente, nos deixando desconcertados.

Montagem ganhou mais de 30 prêmios na década de 1990

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