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Tempo de insônia e memórias

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Monólogo com Alessandro Moura narra sua histórias de infância e adolescência em Goiás. Foto: Divulgação

Os espetáculos erguidos a partir de material autobiográfico ganham espaço na cena contemporânea de várias formas. Ressalta uma questão bem comum nas artes, a relação, ou como prefere a teórica Erika Fischer-Lichte, a tensão entre realidade e ficção. Histórias pessoais detonam textos e encenações. É o caso do espetáculo O Velho Diário da Insônia, monólogo com texto, encenação e atuação do ator e jornalista Alessandro Moura. Ele trabalha com histórias vividas em sua infância e adolescência em Goiás.

A montagem faz única apresentação nesta terça-feira (11), às 20h, no Espaço O Poste Soluções Luminosas, dentro da programação do Outubro ou Nada – 1º Festival de teatro alternativo do Recife. Costurada com poesias e canções, a encenação experimenta a técnica da tragicomédia, segundo o artista.

Como um jogo de encaixe, o ator monta a obra com fragmentos de lembranças registrados em um diário. No limite, numa noite de insônia, o personagem estica o tempo entre arrependimento e saudade. Segundo Alessandro Moura, o espetáculo é uma celebração ao seu avô Sebastião.

Ao compartilhar histórias pessoais, de seus familiares, o artista torna-se um criador de si mesmo. E, no caso de O Velho Diário da Insônia, reflete e critica a situação de abandono das velhice e o silêncio ensurdecedor dos que ainda não chegaram lá.

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Ator também envereda pela questão da velhice. Foto: Divulgação

FICHA TÉCNICA:
Encenação, texto e interpretação: Alessandro Moura
Supervisão cênica: Márcia Cruz
Projeto gráfico: Nathan Lucas
Desenho de luz: Fábio Calamy
Fotos de divulgação: Mylena Freitas e Richard Matias
Teaser: Aratu Produções
Assessoria de imprensa: Cínthia Carvalho
Apoio: Duo Designer, Aratu Produções, Cia Maravilhas, Mel de Engenho Produções, DouxBike, Os Caras de Pau do Vestibular,
Realização: Alessandro Moura

Serviço:
O Velho Diário da Insônia
Quando: Terça-feira (11), às 20h
Onde: O Poste Soluções Luminosas (Rua da Aurora, 529, Boa Vista)
Quanto: R$ 20
Informações e reservas: ovelhodiariodainsonia@gmail.com

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Outubro ou nada larga com peça Na beira

Nínive Caldas lê manifesto. Reprodução da Internet

Nínive Caldas lê manifesto do 1º Festival Alternativo do Recife. Foto: reprodução da Internet

Espaço entre as Ruas da Aurora e Princesa Isabel vai abrigar outras peças. Foto: Reprodução da internet

Reprodução da internet

Abertura do festival Outubro ou Nada foi na sede d’O Poste. Foto: Reprodução da internet

Um aglomerado de gente alegre na esquina das Ruas da Aurora e Princesa Isabel chamava a atenção no final da tarde/começo da noite de ontem. Entre fotos, conversas e a própria produção do evento, eclodia um movimento que guarda fôlego para dar outros rumos para as artes cênicas de Pernambuco. Ali naquele ponto funciona o Espaço O Poste, que desenvolve uma pesquisa continuada há anos e sobrevive graças à garra de seus integrantes. É mais que simbólico que a abertura do Outubro ou Nada – 1º Festival de Teatro Alternativo do Recife – uma iniciativa que aglutina na programação 35 espetáculos durante todo o mês – tenha ocorrido naquele local.

Mesmo que seja um trabalho de formiguinha, não tem como não chamar atenção para essa maratona com peças montadas por artistas locais, na maioria das vezes no sacrifício. São 24 grupos/ companhias/ coletivos e produtores independentes, chegando a 60 artistas pernambucanos envolvidos para levantar a bola da representatividade do teatro na nossa sociedade contemporânea.

Uma das questões atacadas pelo festival é falta de pautas nos teatros municipais e os problemas desses equipamentos, como é o caso do Teatro do Parque, fechado há anos. Mas o movimento de ocupação de espaços independentes iniciado na cidade há dois, já absorveu as questões estética e política.

Às margens do Rio Capibaribe, com o cenário deslumbrante dessa cidade repleta de contradições sociais, flertando com o Teatro de Santa Isabel, foi lançada também a Revista Trema na sua edição – O GOLPE!.

No texto manifesto, escrito por Márcia Cruz e lido por Nínive Caldas, foram convocados a força e o talento de muitos, inclusive os que vieram antes de nós. “A despeito de todo desprezo dos atuais governantes, de todas as esferas – estadual, municipal e federal – a despeito de toda tentativa perversa de destituir na população o apreço que eles têm ao teatro. Nós estamos aqui e vamos resistir! Va-mos E-XIS-TIR!!”

E o documento compartilhado pelo movimento arremata “O teatro vive em nós! Estamos pulsando nossa arte e exigimos de todos os governantes políticas públicas que garantam a permanência do teatro no cotidiano das cidades, tanto no que toca às pesquisas, quanto aos espaços públicos, e até mesmo às subvenções de sedes e festivais. OUTUBRO OU NADA não é vento! OUTUBRO OU NADA é essencial!”. Está dito. Bem dito.

Plínio Foto: Ivana Moura

Plínio Maciel em pleno domínio de sua história. Foto: Ivana Moura

Participação da plateia. Foto: Ivana Moura

Na Beira segue os passos do biodrama. Foto: Ivana Moura

O Poste não estava lotado em sua capacidade física, mas contava com multiplicadores e detonadores de inspiração. E lá fomos mergulhar nas lembranças de Plínio Maciel. Esse artista com pleno domínio de sua história, um performer convincente e cativante na sua arte. É senhor de uma teatralidade que ganha relevo nos pequenos detalhes, na liberdade e simplicidade de se comunicar com o público, de envolver a plateia.

Sob direção de Rodrigo Dourado, Na Beira também aposta no acaso ao planejar algumas narrativas que serão escolhidas por um e outro espectador nos envelopes pendurados. O contador de causos, narrador e atuador da história desliza com habilidade pelos becos e avenidas largas da revisitação da sua vida.

Na fronteira entre real e ficção

Caldinho e cerveja são oferecidos à plateia e ajudam a quebrar qualquer clima mais formal, chamando à cumplicidade.

O artista leva à cena elementos reais, como roupas da época em que era criança e muitas fotos tiradas do fundo do baú, para revelar situações banais, mas que ganham distinção na voz do bom fabulador. Plínio Maciel borra esses elementos e cria brechas para o público especular sobre verdades e ficções.

Paricicipação da plateia. foto Ivana Moura

Participação da plateia. Foto Ivana Moura

O próprio protagonista carrega aquela verdade dos personagens populares, com os quais podemos esbarrar nas feiras livres, nos interiores do Nordeste do Brasil. E dá um tratamento de leveza, beirando a pilhéria nas situações mais constrangedores. Lembra dos personagens do dramaturgo pernambucano Luiz Marinho.

Nesse solo autobiográfico, a teatralidade do real aflora dos mínimos detalhes, no clima popular, circense, interiorano, quase ingênuo nas alusões às safadezas dos Mazzaropis inventados.

Não há nada de excepcional nessas histórias. Sua tia que gostava de laços de fitas para meninas, resolveu fantasiar Plínio bebê de garotinha e saiu a exibir pelas redondezas de Surubim o seu sobrinho. Bem, mas isso é muito comum, não é mesmo?! Ou as presepadas a que ele se submeteu nos carnavais. Ou mesmo a sua experiência como educador de escola pública. No fundo, tudo é muito estimulante porque transborda de vida.

Programação dos ESPETÁCULOS e RODAS DE DIÁLOGO

Dia 3 – ABERTURA (18h-19h30) com o lançamento da Revista TREMA! Edição “o golpe”
Dia 3 – Na Beira (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 4 – Na Beira (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 5 – A última cólera no corpo de meu negro (19h) /Estreia – Local – Espaço Fiandeiros / 60 lugares
Dia 5 – Pezinho de Galinha (20h30) / Local – Casa do Acre / 60 lugares
Dia 6 – 1 Torto (20h) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares
Dia 7 – Uma Antígona para Lúcia (19h30) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 7 – Histórias Bordadas em Mim (20h30) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 7 – O Diário Quase Ridículo de Aurora (20h30) / Local – Bar Teatro Mamulengo / 80 lugares
Dia 8 – Roda de Diálogo: TEATRO ALTERNATIVO 10h Local: Teatro Joaquim Cardozo (CENTRO CULTURAL BENFICA) + lançamento do livro Teatro Para Crianças no Recife – 60 Anos de História no Século XX (Volume 01)”, de Leidson Ferraz
Dia 8 – Ombela (20h) / Reestreia / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 8 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares
Dia 8 – O palhaço de pijama (20h) / Local – Teatro Joaquim Cardozo / 50 lugares
Dia 8 – 4 X Hilda ou Quarteto Obsceno (20h) / Local – Teatro Joaquim Cardozo / 50 lugares
Dia 9 – Tempo Menino (17h) – Espaço Vila / 50 lugares
Dia 9 – Salobre (18h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 9 – Ombela (19h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 10 – TRILOGIA VERMELHA – pa(IDEIA) – pedagogia da libertação (19h) / Local: Escola PE de Circo (EPC)
Dia 10 – Deu com a pleura (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 11 – O Velho Diário da Insônia (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 12 – Acontece Enquanto Você Não Quer Ver (20h) / Local – Ed. Texas / Espaço Magiluth /50 lugares
Dia 13 – O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros (20h) / Local – Ed. Texas / Espaço Magiluth /50 lugares
Dia 14 – Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés (19h) / Local – Escola PE de Circo / 300 lugares
Dia 14 –Nem Tente (20h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 14 – O Diário Quase Ridículo de Aurora (2030h) / Local – Bar Teatro Mamulengo / 80 pessoas
Dia 15 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares
Dia 15 – Ombela (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 16 – O Palhaço de Pijama (16h) / Local – Galeria Mau Mau (Sala Monstra)
Dia 16 – Aaaaaaah! Histórias de Arrepiar (16h) / Ensaio aberto – espetáculo infantil / Local – Galeria Mau Mau (Sala Monstra)
Dia 16 – (In)Cômodos (18h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 16 – Ombela (19h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 17 – A Receita (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 18 – JR. (19h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 19 – Pezinho de Galinha (20h30) / Local – Casa do Acre
Dia 20 – Ophélia (20h) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares
Dia 21 – A última cólera no corpo de meu negro (19h) / Local – Espaço O Poste / 60 lugares
Dia 21 – Viva La Vida (20h) / Estreia / Local – Escola Pernambucana de Circo / 300 lugares
Dia 21 – A Mulher Monstro (20h30) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares
Dia 22 – RODA DE DIÁLOGO: GESTÃO DE ESPAÇOS ALTERNATIVOS (10h) LOCAL: Teatro Joaquim Cardozo
Dia 22 – O Palhaço de Pijama (18h) / Local – Casarão da Várzea / livre
Dia 22 – Bruffa! (18h) / Local – Casarão da Várzea / livre
Dia 22 – Ombela (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 22 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares
Dia 23 – Ombela (19h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 24 – Na Beira (20h) / Local – Escola PE de Circo / 300 lugares
Dia 25 – Andarte Andarilho (20h) / Local – Espaço Cênicas
Dia 26 – Sistema 25 (19h30) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 25 lugares
Dia 26 – TRILOGIA VERMELHA – h(EU)stória – O tempo em transe (20h) / Local – Espaço Cênicas
Dia 27- TRILOGIA VERMELHA – pa(IDEIA) – Pedagogia da libertação (20h) / Local – Espaço Cênicas
Dia 28 – Alguém para fugir comigo (19h) / Ensaio aberto / Local – Escola PE Circo / 300 lugares
Dia 28 – Luzir é Negro! (20h) / Estreia / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 28 – Santo Genet e as Flores da Argélia (20h) / Local – Espaço Experimental / 60 lugares
Dia 29 – Retomada (19h) / Local – Coletivo Lugar Comum / 60 lugares
Dia 29 – Ombela (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Festa de Encerramento (22h) / Local – Ed. Texas

AÇÕES FORMATIVAS
Oficinas
“O negro e a dramaturgia no Teatro do Oprimido”
Dias 03, 04, 05, 06 e 07 / 8h as 12h / Mediador: Marcílio de Moraes / Valor: Gratuito
“Da pele pra dentro” – Qualidades do movimento (Iniciação ao Teatro)
Dia 05 / 09h as 12h / Mediadora: Naná Sodré / Valor: R$ 10
“Oficina de Interpretação”
Dia 13 /09h as 12h / Mediador: Samuel Santos / Valor: R$ 10
“Oficina de figurino” – Customização e Transformação
Dia 19 / 09h as 12h / Mediadora: Agri Melo / Valor: R$ 10
“Oficina Introdução ao Jogo do Bufão”
Dia 22 / 08h as 18h / Mediadora: Bruna Florie / Valor: Gratuito

ESPAÇOS e ENDEREÇOS
Espaço O Poste Soluções Luminosas – Rua da Aurora, 529, Boa Vista
Espaço Fiandeiros – Rua da Matriz, 46, Boa Vista
Casa do Acre – Rua da Aurora, 1019, 7º andar, Ed. Iemanjá, Santo Amaro
Ed. Texas/Espaço Magiluth – R. Rosário da Boa Vista, 163, Boa Vista
Bar Teatro Mamulengo – Rua da Guia, 211, Bairro do Recife
Teatro Joaquim Cardozo e Atelier 2 – CENTRO CULTURAL BENFICA – Rua Benfica, 157, Madalena
Espaço Cênicas – Av. Marquês de Olinda, 199, Bairro do Recife (Entrada pela rua Vigário Tenório).
Espaço Vila – Rua Radialista Amarílio Nicéas, 76, Santo Amaro
Escola Pernambucana de Circo (EPC) – Avenida José Américo de Almeida, 5, Macaxeira.
Coletivo Lugar Comum – Rua Capitão Lima, 210, Santo Amaro
Casarão da Várzea – Praça da Várzea, s/n, Várzea
Galeria Mau Mau – Sala Monstra – Rua Nicarágua, 173, Espinheiro
Espaço Experimental – Rua Tomazina, 199, Bairro do Recife

CRÉDITOS
GRUPOS, COMPANHIAS, COLETIVOS E PRODUTORES INDEPENDENTES
REALIZAÇÃO
1. Aratu Produções
2. Cênicas Cia. de Repertório
3. Cia. de Teatro e Dança Pós-Contemporânea D’Improvizzo Gang
4. Cia. Experimental de Teatro – Vitória
5. Cia. de Teatro Omoiós
6. Cia. Maravilhas
7. Coletivo 4 no Ato
8. Coletivo Multus
9. Companhia Fiandeiros de Teatro
10. Coletivo Grão Comum
11. Cria do Palco
12. Doce Agri
13. Grupo Cen@off
14. Grupo Magiluth
15. Grupo O Poste Soluções Luminosas
16. Grupo Cênico Calabouço
17. Grupo Teatral Risadinha
18. Experimental
19. Operários de Teatro – OPTE
20. Peso Coletivo
21. S.E.M. Cia. de Teatro
22. Teatro de Fronteira
23. Trema! Plataforma de Teatro
24. Totem
25. Alessandro Moura
26. Bruna Florie
27. Diógenes D. Lima
28. Eric Valença
29. Flávio Renovatto
30. Marcílio de Moraes
31. Nínive Caldas

GRUPO – assessoria de comunicação
Alessandro Moura
Cleyton Cabral
Cícero Belmar
Isabelle Barros
Java Araújo
Júnior Aguiar
Manuel Constantino

GRUPO – ações formativas
Analice Croccia
Breno Fittipaldi
Daniela Travassos
Fred Nascimento
Hilda Torres
Naná Sodré
Ricardo Maciel
Toni Rodrigues

Grupo – ações paralelas
Eric Valença
Márcia Cruz
Nínive Caldas

GRUPO – articulação
Marconi Bispo
Natali Assunção

Assistência de Coordenação
Marconi Bispo

Coordenação Geral
Rodrigo Dourado

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Teatro em casa

A casa da atriz e arte-educadora Márcia Cruz, no bairro da Boa Vista, no Recife, será transformada em “espaço cultural” durante alguns dias da semana. “Quando idealizei isso, pensei na possibilidade de autonomia de fazer a minha arte junto com os meus amigos, dentro da minha casa, na desburocratização de processos. Claro que é fundamental o abraço que as instituições formais dão ao teatro, mas ele também pode ser mais simples, sem tanta burocracia”, conta Márcia.

Márcia Cruz resolveu abrir as portas de sua casa para o teatro

Márcia Cruz

Quando questionada sobre a exposição da sua privacidade, do espaço da sua casa, Márcia confessa que só agora, com os ensaios do projeto Teatro de Quinta, está tomando consciência real da dimensão dos conflitos entre espaço público e privado. “Ontem foi o dia do ensaio geral. Quando os atores foram embora, os móveis fora do lugar, pensei: meu Deus, o que eu fiz?”, brinca. “Mas está feito. Eu achei que tinha me preparado mais para isso. Não! De qualquer forma é invasivo. E considero que esse é um exercício importante para mim”, complementa.

No projeto Teatro de Quinta, a obra de um autor por mês servirá como base para a criação de até três atores. “Nesta primeira etapa vamos trabalhar com autores daqui, porque estão mais próximos. Eu convido, mas também aceito a proposta de autores. São eles que escolhem os atores. Depois disso, os atores tomam conta da criação, que é mediada e provocada por mim e pelo produtor e também ator Plínio Maciel. Porque há conflitos e limitações nesse processo de criação. O meu quarto, por exemplo, não será utilizado”, explica.

Para a estreia do Teatro de quinta, os atores Luciana Pontual, Fábio Calamy e Daniel Barros se debruçaram nos escritos de Cleyton Cabral. “É um projeto cheio de afetos. São atores que admiro e respeito. Inclusive, dedico meu primeiro livro à Luciana. Eles mergulharam no meu blog (cleytudo.blogspot.com) e no recém-lançado livro de contos Tempo nublado no céu da boca para criarem as cenas que veremos hoje. Será surpresa. Não quis assistir ensaios, nem sei quais textos estão trabalhando”, conta Cleyton.

Hoje, as cenas serão apresentadas em duas sessões que já estão com ingressos esgotados: às 20h e às 21h. Mas o projeto continua o mês inteiro, todas as quintas, a priori, somente com a sessão das 20h. As reservas são feitas através do e-mail casa17.maravilhas@gmail.com . Outra proposta de Márcia Cruz é que as programações não tenham preço estipulado dos ingressos, mas que os espectadores possam refletir sobre a questão do valor na obra de arte. “É uma postura política. Qual o valor que você dá ao trabalho do artista. Não estou aqui para julgar ninguém. Quem dá R$ 1 ou R$ 10, mas quero que as pessoas pensem sobre”, complementa.

O autor Cleyton Cabral e os atores Luciana Pontual, Daniel Barros e Fábio Calamy

Lua cheia – Já no dia 14, às 20h, a própria Márcia Cruz dá a largada do segundo projeto que será abrigado em sua casa: Lua cheia de histórias. Uma vez por mês, uma roda de contação de histórias será conduzida por um artista ou grupo; seguindo sempre o calendário da lua cheia. A primeira roda terá como tema o sagrado feminino. Os ingressos também não tem preço fixo e o esquema de reservas de entrada é o mesmo.

Por fim, o projeto Em(Re)Forma vai promover oficinas breves, sempre aos sábados, com duração de até quatro horas. O ator, bailarino e pedagogo Diorge Santos, por exemplo, será responsável pela oficina Corpo e movimento na infância no dia 24, das 8h às 12h; já a contadora de histórias Adélia Oliveira propôs a oficina Papelão de poesia, em que vai explorar o potencial criativo dos participantes através da poesia e da construção de esculturas em papelão, no dia 31, das 14h às 18h. Para cada oficina será cobrado o valor de R$ 50.

Por questão de segurança, o endereço certinho da casa só é informado para quem reserva a entrada através do e-mail.

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Coletivo Angu de Teatro reestreia Essa febre no Rio

Hermila Guedes em Essa febre que não passa. Foto: Ivana Moura

“(…) Hoje fico pensando se não foi um atraso de vida, essa minha vocação para gostar do longe. Tudo, quanto mais distante daquela nossa realidade pobrezinha, mais eu gostava. Imagina, numa ponta de rua do mundo, uma criatura crescendo completamente em desacordo! Tânia, Fátima, Goreti, todas elas sonhavam com altares, maridos, filhos, um emprego no Banco do Brasil, talvez. Você lembra? E eu não tinha com quem falar sobre como foi bonito o começo, o meio e o fim de Dolores Duran.”

Cinco contos embebidos em sensibilidade, amor, perda, força, ternura. Essa febre que não passa, montagem do Coletivo Angu de Teatro a partir do livro homônimo da jornalista Luce Pereira, transpira tudo isso. Com algumas especificidades e primeiras vezes: o elenco é todo feminino e André Brasileiro estreia na direção, sob o olhar sempre atento de Marcondes Lima, diretor das três montagens anteriores do grupo: Angu de sangue, Ópera e Rasif – Mar que arrebenta.

No palco, Ceronha Pontes, Hilda Torres, Márcia Cruz, Mayra Waquim, Nínive Caldas e também Hermila Guedes ou Lili Rocha. Desde o ano passado, quando Hermila precisou gravar novela que Lili divide o papel com ela; e agora como o filme Era ma vez eu, Verônica terá pré-estreia em alguns lugares, Lili entra em cena novamente.

Ceronha Pontes e Nínive Caldas

A peça é formada por vários quadros; esses personagens são ligados de forma muito sutil; existem de forma independente. Uma mulher que perdeu o grande amor e ouve My way no último dia do ano; outra que fez concessões e achou que um gato poderia restaurar laços rompidos; uma tia que nunca viu o mar. É uma peça entrecortada por sensibilidade, em que o voal do cenário mostra e esconde; vai sendo aberto aos pouquinhos; as memórias vão aparecendo, seja em fotos, palavras, gestos. A música é feita ao vivo, com direito até a tango.

Essa febre que não passa reestreia hoje no Rio de Janeiro dentro do projeto Visões Coletivas, no Teatro Glauce Rocha.

Serviço:
Essa febre que não passa
Quando: De quinta a domingo, até 16 de dezembro, às 19h
Onde: Teatro Glauce Rocha (Avenida Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (21) 2220-0259

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Vou aproveitar para postar um texto que escrevi para a revista Continente de novembro sobre o projeto Visões Coletivas, que está levando Essa febre ao Rio:

Seis meses em cena carioca
Grupos nordestinos mostrarão produção recente dentro do projeto Visões coletivas

Texto // Pollyanna Diniz

Há três anos, o Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio de Janeiro, reabria as portas. A programação que dava as boas vindas ao público tinha sotaque pernambucano: eram montagens do Recife, do Cabo de Santo Agostinho, de Caruaru e de Arcoverde. O Coletivo Angu de Teatro estava nessa seara apresentando Angu de sangue, texto de Marcelino Freire.

A companhia pernambucana que completa dez anos em 2013 voltou ao Glauce Rocha no último mês de março para uma curta temporada que provocou muita fila na porta do teatro – a apresentação de Essa febre que não passa, texto da jornalista Luce Pereira. Depois dessas duas experiências, o Angu agora ocupa a casa de espetáculos carioca por um tempo mais prolongado. Serão seis meses de peças de grupos nordestinos dentro de um projeto proposto pela companhia, intitulado Visões coletivas – Nordeste contemporâneo.

“Já pensávamos em fazer um projeto semelhante desde 2008. Mas não tinha ainda um formato ideal. Isso só veio com o edital de ocupação do teatro, lançado pela Funarte”, explica Tadeu Gondim, idealizador do projeto e produtor do Coletivo Angu de Teatro. Na grade de espetáculos, montagens do Recife, de Fortaleza, de Natal, de João Pessoa e ainda de Salvador. “Assim como no resto do país, o teatro de grupo também está fervilhando no Nordeste. E claro que existe a curiosidade do público do Sudeste sobre o que é feito no Nordeste. Ainda há uma visão, para quem não conhece, de que teatro nordestino é cordel e fala de seca”, avalia Gondim.

Do Recife, a programação inclui três montagens do Angu – Angu de sangue (novembro), Essa febre que não passa (dezembro) e Ópera (janeiro) – e o espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas (novembro), da Trupe Ensaia Aqui e Acolá. Já se apresentaram, na abertura do projeto mês passado, os grupos Mão Molenga Teatro de Bonecos, com O fio mágico, e a Cia. Enlassos, com Assim me contaram, assim vou contando…

Grupo Bagaceira de Teatro apresenta repertório em fevereiro. Na foto, A mão na face, que estreou no Recife. Foto: Pollyanna Diniz

No caso de algumas companhias, o público poderá ter uma visão mais ampla da produção, com a apresentação de mais de um espetáculo do repertório. O grupo Bagaceira de Teatro, por exemplo, do Ceará, participa do projeto com quatro montagens: Tá namorando! Tá namorando!, Meire Love, A mão na face e Lesados. Da Paraíba, está na programação Deus da fortuna, do Coletivo Alfenin de teatro; do Rio Grande do Norte, A mar aberto, do Coletivo Atores a Deriva. E ainda Ricardo Guilherme (CE), com Bravíssimo e A comédia de Dante e Moacir; Fábio Vidal (BA) com o espetáculo Sebastião; Felícia de Castro (BA) com Rosário; e Ceronha Pontes (CE) com Camille Claudel. A única exceção na programação é o francês Maurice Durozier, ator do Théâtre du Soleil que mantém uma relação próxima com o Nordeste brasileiro.

“O nosso mote é discutir o teatro contemporâneo feito no Nordeste. E talvez a gente perceba que as questões contemporâneas são muito parecidas, sejam elas tratadas por espetáculos do Nordeste ou do Sudeste. Nos nossos espetáculos, por exemplo, as referências nordestinas estão sempre muito presentes. Mas se dão de outra forma – não necessariamente no tema, na estética. O discurso é contemporâneo”, finaliza Tadeu Gondim.

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Doses fortes, mas em pílulas

Ceronha Pontes em O comedor de ópio. Foto: Ivana Moura

Depois da pré-estreia (com a benção das Yolandas!) no último sábado, o Coletivo Angu de Teatro inicia hoje o projeto de cenas curtas Angu Mix. São três solos – dois de teatro e um de dança: O comedor de ópio, com Ceronha Pontes (ela arrasa muito!); Ela sobre o silêncio, de Helijane Rocha; e Vestido longo, com Márcia Cruz e Ceronha Pontes.

Ceronha emociona ao falar de dor e da tentativa, tantas vezes vã, de amenizar o sofrimento. Aquele cotidiano, que escondemos para baixo do tapete, mas que depois volta com toda força ao menor impulso. Helijane tenta se livrar de amarras e, mesmo quando consegue, ainda tem as marcas que ficaram no corpo; quem sabe tudo fique mais leve depois de um jardim de girassóis? E Márcia e Ceronha falam de abuso, de infância, de rupturas e sentimentos devastados. De meia-calça, mas completamente despida – e nem é de roupa que estamos falando.

O Angu Mix disponibiliza apenas 60 ingressos. Cada um custa R$ 20. Para reservar, é só mandar um e-mail para reservas.angu@gmail.com . As sessões serão hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Coletivo (Rua Tomazina, 199, Bairro do Recife).

Ela sobre o silêncio. Foto: Tadeu Gondim

Ah….falando em Angu, claro que lembramos de festinha! 😉
A entrega dos prêmios Apacepe será no domingo, às 21h, no Teatro Apolo. Quem está organizando é o Coletivo. Os mestres de cerimônia serão personagens das montagens do grupo e, ao final, ainda vai ter festinha com o DJ Pepe Jordão (o mesmo da festinha do Yolanda!!! eba!!). A gente se encontra lá, claro!

Prêmio Apacepe de Teatro e Dança

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