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Delírio perplexo no Km 23, Brasil
Crítica a partir do espetáculo
Neste mundo louco, nesta noite brilhante

Yara de Novaes e Débora Falabella em cena do espetáculo Neste mundo louco, nesta noite brilhante. Foto: Sérgio Silva / Divulgação  

Quando assisti ao espetáculo Neste mundo louco, nesta noite brilhante pela primeira vez em 2019, no Sesc Consolação em São Paulo, vivenciei um episódio de medo e insegurança nas ruas da cidade. Descendo, depois da sessão, pela Rua Dona Veridiana sem estrelas e sem luar, ao lado de uma amiga, fomos surpreendidas por um homem que caminhava na nossa direção e que despertou os piores sentimentos de pavor e vulnerabilidade. O que havia visto no palco com Débora Falabella e Yara de Novaes ainda reverberava intensamente em mim, e os dados alarmantes de violência contra as mulheres acionavam mecanismos estranhos. Minha amiga correu por uma rua lateral, enquanto eu, não sei exatamente porquê, fui em direção ao sujeito. Tudo parecia muito rápido. Minha amiga encontrou uma viatura da polícia que se prontificou a nos deixar perto de casa, depois de nos fichar. Eu me recusei, não querendo estar nas fichas da polícia. Minha amiga ficou possessa comigo e seguimos a pé, com a amizade quase se rompendo ali, ou perdendo um pouco do romantismo.

Esse incidente ocorreu antes da pandemia de Covid-19, que paralisou o planeta e alimentou a utopia de que a humanidade iria aprender com os milhões de mortes; mas qual o quê! Também foi antes da operação policial realizada em 2022 na Praça Princesa Isabel, onde estava concentrada a Cracolândia naquela época. Após a ação, os usuários de crack se dispersaram para outras ruas da região central de São Paulo, como a Rua Helvétia, a Alameda Dino Bueno e outras dos bairros de Santa Cecília, Campos Elísios, República e adjacências.

A montagem de Neste mundo louco, nesta noite brilhante, agora em cartaz no Teatro Firjan SESI Centro, no Rio de Janeiro, até 18 de agosto, foi muito bem recebida em todas as temporadas e por onde esteve em cartaz. Um casal de amigos da área de produção de orgânicos que passava a semana no Rio de Janeiro, a quem indiquei o espetáculo, retornou entusiasmado: “Gratidão amiga, a peça é estupenda”. Fui buscar aquelas imagens e sensações ainda acesas, que tanto me impactaram.

Muitas produções teatrais têm trabalhado com a temática da violência contra a mulher no palco, e há diversas formas de representar uma questão tão dura, tão real, tão abominável. O que pode fazer a diferença é a linguagem, esse treco que faz amarrações incríveis para mergulhar em assuntos complexos sem querer apresentar soluções mágicas. No caso desta peça, a estética não realista e poética vem associada a um humor ácido.

A violação de uma mulher é uma barbárie que continua sendo praticada, sem que os homens no poder, ou os que se autointitulam de bem, se sintam realmente atravessados como se fosse na própria carne. Nenhum homem sabe de verdade o que é sentir no corpo o irreparável do estupro. Os dados são alarmantes e as taxas crescem.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, houve 61.243 casos de estupro no Brasil em 2023, um aumento de 9,2% em relação a 2022. Isso significa que, em média, uma mulher é estuprada no país a cada 9 minutos. Nove minutos; repito! Além disso, o Brasil registrou 1.427 casos de feminicídio em 2023, um aumento de 8,2% em relação ao ano anterior. Esses números chocantes evidenciam a urgência de se discutir e enfrentar a violência contra a mulher em todas as suas formas.

As raízes dessa violência se entrelaçam com as estruturas patriarcais que permeiam nossa sociedade, perpetuando a dominação masculina. O patriarcado é um emaranhado complexo de relações de poder que se infiltra em todas as esferas da vida, desde as interações mais íntimas até as instituições que moldam nossa existência compartilhada.

Essa lógica perversa de dominação não se limita a aspectos isolados, mas se alastra, contaminando a política, a economia, a cultura e até mesmo nossa psique. É ela que sustenta a cultura do estupro, que normaliza a violência sexual e culpa a vítima por sua própria violação. É ela que mantém a violência de gênero como uma sombra constante, um fantasma que assombra a vida de milhões de mulheres.

O patriarcado se adapta e se reinventa, encontrando novas formas de se manifestar em um mundo em constante mudança. Seja através de microagressões cotidianas, da desigualdade salarial, da sub-representação feminina nos espaços de poder ou da violência física e sexual, o patriarcado se faz presente, limitando e oprimindo as mulheres.

A dramaturgia é de Silvia Gomez. Foto: Joao Caldas Fº / Divulgação

Um dos pontos de inspiração da dramaturgia da montagem foi um episódio real ocorrido no Piauí em 2015, quando quatro meninas foram estupradas e jogadas de um abismo. No entanto, a peça não se limita a esse evento trágico. Muitas linhas se cruzam e muitas histórias se acumulam, dialogando em camadas na trama tecida por Silvia Gomez.

A dramaturga – autora de peças como O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade, O Amor e Outros Estranhos Rumores, Marte, Você Está aí? e Mantenha Fora do Alcance do Bebê –, constrói uma narrativa com palavras afiadas que penetram nas camadas mais subterrâneas da sociedade, expondo as entranhas de um sistema que normaliza o inaceitável. 

Gomez encontra no delírio a chave para destrancar as portas da perplexidade e do horror. Sua escrita carrega uma qualidade cirúrgica, trabalhada com precisão para expor as estruturas mais profundas e as vísceras de uma sociedade que normalizou a violência a tal ponto que chegou à indiferença, corroendo nossa humanidade.

Na encenação de Gabriel Fontes Paiva, o tema delicado e difícil do estupro coletivo é tratado com sensibilidade. Débora Falabella interpreta a garota violentada que, em meio ao turbilhão do trauma, busca desesperadamente um fio de sentido para não sucumbir. Yara de Novaes, como a vigia testemunha do quilômetro 23, cenário do crime, encarna a impotência e o atordoamento diante da barbárie, oscilando entre a empatia e a descrença. Juntas, elas traçam uma cumplicidade cênica desconcertante, que anos de convívio artístico no teatro de grupo proporciona. 

Trago algumas reflexões sobre performance, trauma e representação. No livro The Body in Pain: The Making and Unmaking of the World (1985), Elaine Scarry explora como a dor física, especialmente a dor extrema como a da tortura, resiste à representação linguística. Scarry argumenta que a dor destrói a linguagem convencional, tornando-a fragmentária e incoerente.

Outro autor que aborda questões semelhantes é o teórico de performance e trauma Patrick Duggan. Na publicação Trauma-Tragedy: Symptoms of Contemporary Performance (2012), Duggan investiga como as performances contemporâneas lidam com o trauma. Ele sugere que a performance pode servir como um meio de “testemunhar” o trauma, não através da representação direta, mas através da evocação de seus efeitos e sintomas, muitas vezes através de meios não verbais como o corpo, o som e a imagem, criando “efeitos de presença” do trauma.

Já a teórica da performance Diana Taylor, em seu livro The Archive and the Repertoire: Performing Cultural Memory in the Americas (2003), investe na relação entre performance e memória traumática. Taylor sugere que a performance, como um “repertório” de memória corporificada, pode transmitir experiências traumáticas de maneiras que escapam ao discurso verbal e à documentação escrita.

A peça é uma montagem do Grupo 3 de Teatro com direção de Gabriel Fontes Paiva. Foto: João Caldas Fº

Neste mundo louco, nesta noite brilhante tem a capacidade de “testemunhar o “intestemunhável”, ou seja, tocar em experiências traumáticas que desafiam a representação.

O cenário de André Cortez funciona como uma metáfora visual para o não-lugar da violência, esse espaço de suspensão onde a realidade se desintegra. É um território onírico, onde os pesadelos ganham forma e a linha entre o real e o surreal se dissolve. As projeções de vídeo são como fragmentos de memória, ecos deformados de um trauma que se recusa a ser esquecido. Elas sugerem a natureza intrusiva e repetitiva das memórias traumáticas, que voltam incessantemente, muitas vezes de forma despedaçada. A iluminação cria uma atmosfera de claustrofobia, como se o palco fosse a própria mente aprisionada no labirinto do trauma.

A trilha sonora, composta por Lucas Santana e Fábio Pinczowisk, adiciona mais uma camada à narrativa. Durante as apresentações no Sesc Consolação, a banda boliviana Las Majas a executava ao vivo, criando uma atmosfera única. Nessa temporada no Teatro Firjan SESI Centro, a trilha é gravada,  mantendo sua força e impacto.

O Grupo 3 de Teatro – que já montou espetáculos como Contrações (2013), com direção de Grace Passô, e Love, Love, Love (2017), dirigido por Eric Lenate -, utiliza a poética do desconforto como estratégia estética. Essa poética visa desestabilizar o público, tirá-lo da zona de conforto das certezas e confrontá-lo com o incômodo, o mal-estar. É uma linguagem que se recusa a ser complacente, que escolhe a vertigem do estranhamento como forma de provocar reflexão.

Ao abraçar o desconforto, o Grupo 3 de Teatro nos convida a encarar as sombras dentro de nós mesmos, a questionar as estruturas que sustentam a violência e a reconhecer nossa própria cumplicidade silenciosa. 

É difícil transmitir a intensidade e a complexidade das experiências encarnadas pelas atrizes. Ao longo da peça, as atrizes Débora Falabella e Yara de Novaes utilizam uma linguagem corporal descontínua para evocar os estados internos da mulher violentada e da testemunha solidária. Os movimentos convulsivos, os gritos sufocados, os silêncios carregados – todos esses elementos evocam o impacto da violência. 

Ao mesmo tempo, a estrutura não linear e onírica da cena, com suas transições abruptas e justaposições insólitas, reflete a natureza descontínua e desorientadora da memória traumática. Não há uma narrativa clara de causa e efeito, nenhuma resolução fácil – em vez disso, somos imersos em um espaço psicológico onde o tempo é distorcido, as identidades são fluidas e as fronteiras entre o real e o imaginado são borradas.

Esse reconhecimento, esse ato de “testemunho secundário”, implica o público. Ao sermos confrontados com a realidade crua da violência e suas consequências devastadoras, não podemos mais manter uma distância segura. Somos chamados a sentir, a nos envolver em um nível profundamente político.

Assim, Neste mundo louco, nesta noite brilhante se mostra como um ato de resistência contra o silêncio e a invisibilidade que muitas vezes cercam a violência sexual, lembrando que essa ferida coletiva requer um engajamento coletivo.

Ficha técnica:
Elenco: Débora Falabella e Yara de Novaes
Texto: Silvia Gomez
Direção: Gabriel Fontes Paiva
Cenografia: André Cortez
Vídeo-cenário: Luiz Duva
Figurino: Fabio Namatame
Iluminação: Gabriel Fontes Paiva e André Prado
Trilha sonora original: Lucas Santtana e Fábio Pinczowisk

Serviço:
Neste mundo louco, nesta noite brilhante
Quando: Quinta e Sexta às 19h, Sábado e Domingo às 18h. De 28 de Julho a 18 de Agosto
Onde: Teatro Firjan SESI Centro. – Avenida Graça Aranha, 1, Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Quanto: Ingressos entre R$ 20,00 e R$ 40,00

 

Este texto integra o projeto arquipélago de fomento à crítica, com apoio da Corpo Rastreado.

 

 

 

 

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Chet Baker, Apenas um Sopro,
faz apresentações em São Paulo

O músico Paulo Miklos estreou no teatro com o espetáculo Chet Baker, Apenas Um Sopro, em 2016. Foto Victor Iemini / Divulgação

Os gênios não são perfeitos. A trajetória do trompetista norte-americano Chet Baker sinaliza para essa conjectura. Do jovem cobiçado por mulheres e homens, comparado em beleza a James Dean, – o ator de Juventude Transviada –, à decrepitude em vida são 58 anos e uma mistura explosiva de jazz, drogas, estrelato, violência. Esse arco começa em 23 de dezembro de 1929, em Yale, Oklahoma, EUA, e encerra com uma “queda” fatal de um quarto de hotel em Amsterdã em 13 de maio de 1988.

Como pessoa, o músico foi se tornando um caco pelo consumo de heroína e por todos os malabarismos feitos para consumir a droga. A partir de uma suposta briga com viciados, Baker perdeu os dentes e a embocadura para atingir notas mais altas no seu trompete ficou prejudicada.

Paulo Miklos, vocalista da Banda Titãs, encarna esse grande do jazz, um branco que pode ser comparado a figuras como Miles e Coltrane, no espetáculo Chet Baker, Apenas Um Sopro. A peça já fez várias temporadas e vem de um novo circuito por Salvador, Vitória, Curitiba e Porto Alegre. Agora, faz apresentações em São Paulo até 25 de agosto, no Teatro da Faap.

Com direção de José Roberto Jardim e dramaturgia de Sérgio Roveri, o espetáculo é livremente inspirado na vida do lendário trompetista norte-americano Chet Henry Baker Jr. (1929-1988) e tem no elenco Anna Toledo, Jonathas Joba, Piero Damiani e Ladislau Kardos.

Apontado como precursor da bossa nova, por seu cantar com voz aveludada e suavidade no tocar, o músico tinha um temperamento difícil. Muitos livros tentam desvendar a personalidade de Baker. No Fundo de um Sonho – A Longa Noite de Chet Baker, de James Gavin, e a novela policial No Rastro de Chet Baker, de Bill Moody, mostram que, irresponsável e encrenqueiro, Chet foi preso várias vezes preso por porte de drogas.

Baker gravou mais de 150 discos. Casado três vezes, teve 4 filhos e muitas amantes. Suas grandes paixões foram a música e a heroína.

Encenação

A droga que tanto maltratou Baker está no centro do episódio em que o artista foi violentamente espancado em uma rua de São Francisco. Há versões que a agressão foi motivada por dívidas com traficantes, briga entre viciados ou até envolvimento da política. O resultado é que com os lábios rachados, e a perda de alguns dentes, Chet Baker interrompeu a carreira.

A trama mostra Chet Baker na primeira sessão de gravação após o acidente. A insegurança paira no ar e é compartilhada pelos outros quatro companheiros de estúdio: um contrabaixista, um baterista, um pianista e uma cantora.

A ações ocorrem em um estúdio de gravação, com cenário do Grupo Academia de Palhaços, figurinos do estilista João Pimenta, iluminação de Aline Santini e direção musical de Piero Damiani.

Ficha Técnica
Dramaturgia: Sergio Roveri
Direção: José Roberto Jardim
Elenco: Paulo Miklos, Anna Toledo, Jonathas Joba, Piero Damiani e Ladislau Kardos
Idealizador: Fábio Santana
Diretora de Produção: Renata Galvão
Produção Geral: Taís Somaio
Produção Executiva: Marina Aleixo
Direção Musical: Piero Damiani
Figurinista: João Pimenta 
Cenografia: ultraVioleta_s
Desenho de Luz: Aline Santini
Desenho e Operação de Som: Rafael Thomazini
Técnico de Palco: Rogério Febraio
Assistente de luz e operação: Michelle Bezerra
Visagista: Fabio Namatame
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Serviço:
Chet Baker, Apenas Um Sopro
Onde:
Teatro Faap (Rua Alagoas, 903, Higienópolis)
Quando: 22, 23, 24 e 25 de agosto, de quinta a sábado, às 21h, e no domingo, às 18h
Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)
Classificação: 14 anos
Duração: 1h20
Capacidade: 500 lugares
Informações: (11) 97185-9332

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Vamos ao teatro?
Agendo-me em São Paulo

Terror e Miséria no Terceiro Milênio, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, (em cima, à esquerda) segue no Sesc Bom Retiro. Stabat Mater, da Janaina Leite (foto maior) , está no porão do CCSP. Yolanda já viu os dois espetáculos e ficou bem empolgada com as provocações. Oroboro, do Grupo XPTO (foto de objetos animados) em cartaz com entrada gratuita, no Sesc Interlagos, está na lista de desejos. Fotos: Divulgação

As temporadas teatrais em São Paulo estão cada vez mais aceleradas; então, a pessoa (né, Silvia Sabadell?) tem que correr. Ofertas à mancheia (como registrou Castro Alves!), para tudo que é estilo. Bem, tenho minhas prioridades e preferências. Os mais experimentais, os posicionados politicamente pela liberdade e pela luta contra a barbárie desses tempos bicudos (posso dizer isso, que tem outras camadas), os que valorizam o humor e a ironia, que move toda a estrutura da sociedade (salve, salve Angela Davis).

Então correndo para ver essa cena ofertada com tanta garra. E.L.A, da cearense Jéssica Teixeira, no Sesc Pompéia; As Mil e Uma Noites da Cia carioca Teatro Voador Não Identificado; Buraquinhos ou o Vento É Inimigo do Picumã, com direção da Naruna Costa, no Itaú Cultural (consegui!!); As Comadres, com supervisão artística de Ariane Mnouchkine, Théâtre du Soleil; O Caso Severina, com a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes no Espaço do Folias; Espaço Arcabouço, espetáculo de circo de Porto Alegre, no Centro Cultural Tendal da Lapa. E Oroboro, do Grupo XPTO, uma encenação sem palavras para seguir viagem na contundência das imagens. 

Das peças já assistidas, recomendo-me seis: Stabat Mater, da Janaína Leite, com participação da sua mãe, no porão do Centro Cultural São Paulo; Terror e Miséria no Terceiro Milênio do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, no Sesc Bom Retiro; a temporada popular do musical Elza, no Teatro Sérgio Cardoso; Mãe Coragem, com Bete Coelho no papel título e direção de Daniela Thomas, no Sesc Pompeia; Terrenal, no Teatro Raul Cortez. E As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão, com texto do Newton Moreno e um elenco de atrizes arretadas. Temporadas curtas. E potentes. E todas as montagens falam de hoje, de nossas desditas. Pode pegar numa quina aquela dor do que ainda resta de humano em nós.

Do espetáculo Stabat Mater, só sei que ninguém vai sair imune. É o espetáculo mais pedreira desta temporada paulista que eu assisti e ainda está em cartaz. Quer dizer outros foram, outros virão (espero), mas neste julho friorento de São Paulo, a cena mais soco na moleira e na alma do diacho é a da Janaina Leite. É bom avisar que é preciso ânimo para encarar uma atriz repleta de coragem que questiona as próprias certezas. É dança sensual pole dance de cérebros grávidos diante da aridez do real expandido. Um exercício potente sobre traumas e ainda no século 21 tabus sobre o feminino. A peça abriu a edição de número 5 da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo e viva.

Olha lá o que pretendo ver

Com o espetáculo E.L.A, a atriz cearense Jéssica Teixeira instiga a aceitação das diferenças, busca driblar os clichês e padrões de beleza impostos pela mídia e encoraja um olhar mais sensível para a diversidade na construção do ser político contemporâneo. Foto: Carol Veras / Divulgação

E.L.A

A cearense Jéssica Teixeira é portadora de uma síndrome que encurtou seu tronco. O primeiro solo da atriz apresenta uma investigação cênica do seu corpo inquieto, estranho e disforme, numa tentativa de desestabilizar e potencializar outros corpos e olhares. A artista traça um histórico das representações do corpo, composição química e das noções de beleza. O espetáculo perpassa por ramos de saúde, política, feminilidade, acessibilidade e estética. Dirigida por Diego Landim, E.L.A envolve colagens e textos autobiográficos de Jéssica. A montagem de Fortaleza (Ceará) mescla dramaturgia, artes plásticas e vídeo.éssica Teixeira também investiu na leitura do livro “O Corpo Impossível”, de Eliane Robert Moraes, como disparador de dispositivos dramatúrgicos para a expansão da cena.
Ficha Técnica
Direção: Diego Landin.
Elenco: Jéssica Teixeira.
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h30; domingo às 18h30. Até 14/07
Onde: Sesc Pompeia – espaço cênico
Quanto: R$ 6 até R$ 20
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 3871-7700

Cena de As Mil e Uma Noites, adaptação do clássico da literatura encenada pelos cariocas da Cia Teatro Voador Não Identificado. Com três horas de duração, a montagem tem cinco atrizes como Sherazade: Adassa Martins, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Julia Bernat e Larissa Siqueira. Foto:  Renato Mangolin / Divulgação

As Mil e Uma Noites

Foi como ser fabulante que a princesa Sherazade escapou da morte. A cada noite, uma história, que deixava o rei encantado e curioso e adiava o final trágico da mocinha. O clássico da literatura As Mil e Uma Noites tem encenação carioca da Cia Teatro Voador Não Identificado, que mistura episódios inspirados nos contos de Sherazade com relatos reais de refugiados árabes colhidos em entrevistas e interpretados pelos atores. Nas narrativas há referências à Primavera Árabe, onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio a partir do começo desta década e que levou, entre outras coisas, à queda do ditador Hosni Mubarak no Egito. E lógico que a política brasileira é lembrada.Uma especificidade da peça é que cada apresentação é única, nenhuma delas é repetida nas encenações seguintes, com exceção do prólogo. 
Ficha Técnica
Concepção e Direção: Leandro Romano
Dramaturgia: Gabriela Giffoni e Luiz Antonio Ribeiro
Elenco: Adassa Martins, Bernardo Marinho, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Gabriel Vaz, João Rodrigo Ostrower, Julia Bernat, Larissa Siqueira, Pedro Henrique Müller e Romulo Galvão
Duração aproximada: 180 minutos
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 20h; domingo às 17h. Até 14/07
Onde: Sesc Avenida Paulista; Arte II (13º andar)
Quanto: R$ 6 até R$ 20
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 3871-7700

Um jovem negro de 12 anos da periferia de São Paulo sai de casa para comprar pão. Encarado como suspeito, ele corre o mundo para não ser baleado pela polícia. Foto: Alexandra Nohvais / Divulgação. Com direção de Naruna Costa e Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg, no elenco

Buraquinhos ou o Vento É Inimigo do Picumã

A peça ostenta com uma poética trilhada em cima do genocídio e etnocentrismo da população negra. Foi contemplada com prêmio de montagem na Mostra CCSP de Pequenos Formatos Cênicos do ano passado. Com uma narrativa em primeira pessoa, abraçado ao universo do realismo fantástico, o espetáculo apresenta um garoto negro de periferia – personagem nascido e criado em Guaianases, zona leste de São Paulo – que, no primeiro dia do ano, recebe um bascolejo de um policial quando chega à padaria. Ciente do que acontece com gente preta e pobre diante dessas autoridades, o miúdo começa a correr e sai numa viagem sem rumo certo, passando por países da América Latina e da África, buscando sempre dispositivos de sobrevivência para continuar existindo.
Ficha Técnica
Idealização, coordenação e dramaturgia: Jhonny Salaberg
Direção: Naruna Costa
Elenco: Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg
Serviço
Quando: Quinta e sexta, 19h. Até 12/07
Onde: Itaú Cultural – sala multiuso (Avenida Paulista, 149 – Bela Vista – São Paulo)
Quanto: Grátis
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 2168-1777

20 atrizes brasileiras revezando-se em 15 papéis — o espetáculo é uma adaptação musical de René Richard Cyr de uma peça canadense.

As Comadres
Com supervisão artística de Ariane Mnouchkine, Théâtre du Soleil, companhia francesa fundada em 1964, o musical As Comadres é uma versão Versão de uma comédia que chocou o Québec nos anos 1960. A protagonista Germana Louzan é uma dona de casa suburbana. Ao ganhar um milhão de selos promocionais, trocáveis por uma variedade de produtos, ela decide chamar 14 “comadres” para ajudá-la a colar os adesivos para mobiliar sua casa. Linda, Mariângela, Branca, Romilda, Lisa, Rosa, Ivete, Lisete, Angelina, Teresa, Pietra, Gabriela, Olivina e Ginete são as amigas, mulheres trabalhadoras, eu cuidam de maridos e filhos, e eu juntas colando selos vão desfiando um rosário de desejos, anseios, frustrações, medos, inveja. O encontro vira um angu e as mulheres passam a cobiçar a sorte da protagonista.
Ficha Técnica
Supervisão artística: Ariane Mnouchkine.
Texto original: Michel Tremblay.
Versão musical original: René Richard Cyr.
Músicas originais: Daniel Bélanger.
Direção musical: Wladimir Pinheiro.
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h. Domingo: 18h. Até 28/7
Onde: Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
Quanto: R$ 12 a R$ 40.
Telefone: 3234-3000

Inspirada em faros reais, ocorridos no Agreste pernambucano, em 2005, a peça O Caso Severina narra a incrível história de uma agricultora, de 44 anos, que mandou matar o próprio pai. Foto: 

O caso Severina

Uma mulher, de 44 anos manda matar o próprio pai. “Por que uma agricultora, mãe de cinco filhos, contrata dois matadores de aluguel para matar o genitor, com seu próprio facão?” Essa é a pergunta que a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes se fez ao iniciar o processo de construção da peça O Caso Severina. Inspirada em história real, ocorrida na Região do Agreste de Pernambuco, em 2005, a Fraternal realizou um extenso trabalho de pesquisa, que durou oito meses e utilizou tanto o material publicado pela mídia quanto os autos do processo, dentro de um projeto da Companhia intitulado Do Fato ao Ato. A direção é assinada por Ednaldo Freire e texto de Alex Moletta, e no elenco estão Mirtes Nogueira, Aiman Hammoud, Maria Siqueira, Giovana Arruda, Carlos Mira.
FICHA TÉCNICA
O Caso Severina

Concepção, Criação e Produção: Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes
Apoio: Prêmio Cleyde Yáconisda Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo
Direção: Ednaldo Freire
Dramaturgia: Alex Moletta
Elenco: Mirtes Nogueira, Aiman Hammoud , Maria Siqueira, Giovana Arruda, Carlos Mira.
Cenografia, figurinos e Adereços: Luiz Augusto dos Santos
Música: Luiz Carlos Bahia
Trilha e Direção Musical: Luiã Borges e Luiz Carlos Bahia
Iluminação e Operação de Luz: Marco Vasconcellos
Operação de Som: Ian Noppeney
Cenotécnico: Edson Freire
Design Gráfico e Audiovisual: Alex Moletta
Costureira: Célia Márcia Makarovsky
Duração:70 minutos
Recomendação etária:16 anos

Serviço
Temporada:05/07/2019 a 18/08/2019, de sexta a domingo
Horário:Sextas e sábados, 21h; domingos, 19h
Espaço do Folias: Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília,
telefone: (11) 3361-2223.
Capacidade:99 lugares
Ingressos:R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00
Ingressos antecipados:http://galpaodofolias.eventbrite.com
Estacionamento conveniado
Wi-Fi Público
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
Aceita cartões de débito e crédito
Café do Folias
, no piso superior

Gabriel Martins propõe um diálogo entre o malabarismo, a dança e a performance, buscando instaurar um espaço no qual corpos e objetos se relacionam. O espetáculo trabalha com o conceito de Corpo Desvelado, no qual se coloca em vulnerabilidade e com toda a exposição dos procedimentos em cena. Foto: Rafael da Silva / Divulgação

ESPAÇO ARCABOUÇO (Circo adulto)

Espaço Arcabouço é um espetáculo de circo contemporâneo fincado principalmente no malabarismo. O trabalho é construído em diálogo com a dança e a performance, buscando instaurar, assim, um “espaço” no qual as relações entre corpo(s) e objeto(s) são mais que possibilidades. O público, disposto ao redor da cena, em arena, compartilha de perto a exposição deste “arcabouço”: o corpo exposto em estado de vulnerabilidade. A proposta é se entregar ao risco e as oposições presentes no malabarismo, oscilando entre a virtuose do malabarismo tradicional, até a mais simples tarefa de manipulação. As luzes, o som, a estrutura de malabarismo de rebote, os objetos cênicos e todas as necessidades que surgem ao longo do espetáculo, são manipulados e resolvidos pelo artista de maneira desvelada, tornando o espectador testemunha dos acontecimentos. Espaço Arcabouço foi contemplado com prêmio Açorianos de Dança de Porto Alegre – 2015 – na categoria de melhor iluminação. O projeto também foi vencedor em 2014 do Prêmio Caixa Carequinha de Estímulo ao Circo da Funarte. O espetáculo foi contemplado com o Prêmio FUNARTE para circulação de espetáculos circenses (2018).
FICHA TÉCNICA
Concepção, direção e atuação: Gabriel Martins
Orientação cênica: Paola Vasconcelos
Iluminação: Mirco Zanini
Cenário: Luís Cocolichio
Figurino: Ana Carolina Klacewicz e Thayse Martns
Produção: Consoante Cultural
Distribuição: Michele Rolim
Classificação: LIVRE

Serviço
Quando: Sexta e sábado, 20h. Até 12 e 13/7 Após a sessão de sábado haverá bate papo com o artista.
Onde: Centro Cultural Tendal da Lapa (R. Constança, 72 – Lapa, São Paulo).
Quanto: R$ 20/ R$ 10 .
Telefone: 3862-1837 / (51) 98145-8419
Duração: 50 minutos

a atriz trans cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016), que viveu no Brasil por mais de 40 anos. Márcia Dailyn é a protagonista, que faz confissões e relembra sua trajetória pessoal e profissional para o repórter, representado por Raphael Garcia. Foto: Aannelize Tozetto/ Divulgação

Entrevista com Phedra

O escritor João Silvério Trevisan definiu a atriz trans cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016), como “uma muralha de resistência ao preconceito”. A diva da praça Roosevelt, de sotaque carregado e artista multifacetada viveu no Brasil por mais de 40 anos. Atuou na companhia de teatro Os Satyros, em muitas criações do diretor Rodolfo García Vázquez. Integrou o elenco de peças como  A Filosofia na Alcova, A Vida na Praça Roosevelt, Transex, Divinas Palavras, Liz, Hipóteses para o Amor e a Verdade e Cabaret Stravaganza. Foi personagem do documentário Cuba Libre”, primeira produção cinematográfica da companhia Os Satyros. A atriz Márcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, interpreta Phedra, na peça que o jornalista Miguel Arcanjo escreveu. Entrevista com Phedra é a primeira incursão de Arcanjo na dramaturgia. Na peça a atriz relembra seu percurso pelos palcos do teatro de revista da América Latina. O cenário que reproduz a sala de seu apartamento na praça Roosevelt, em que é entrevistada por Raphael Garcia, que faz o papel do jornalista.

Texto: Miguel Arcanjo Prado.
Direção: Juan Manuel Tellategui e Robson Catalunha.
Elenco: Márcia Dailyn e Raphael Garcia.
Direção de produção: Gustavo Ferreira.
Realização: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez – Os Satyros.
Figurino e visagismo: Walério Araújo.
Cenografia: Robson Catalunha.
Iluminação: Diego Ribeiro e Rodolfo García Vázquez.
Sonoplastia: Juan Manuel Tellategui.
Arte visual: Henrique Mello.
Cenotécnico: Carlos Orelha.
Acessórios: Lavish by Tricia Milaneze.
Perucas: Divina Núbia.
Castanholas: Sissy Girl e Bene Reis.
Palco dos Bonecos: Luís Maurício.
Fotografia: Annelize Tozetto, Bob Sousa, Bruno Poletti, Edson Lopes Jr. e Felipe Margarido.
Vídeo: Laysa Alencar.
Operadores: Dennys Leite e Laysa Alencar.
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes.
Apoio: A Casa do Porco, Bar da Dona Onça e Hot Pork – Janaina Rueda e Jeerson Rueda; Frango com Tudo – Rede Biroska – Lilian Gonçalves, Consulado General de Cuba em São Paulo e Consulado General de Argentina em São Paulo e Translúdica.
Agradecimentos: Livia La Gatto, Ferdinando Martins, Guttervil Guttervil, Lauanda Varone, Neiva Varone e Irlane Galvão.

Serviço
Onde: Espaço dos Satyros I Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação – São Paulo
Quanto: R$ 40 (meiaentrada, R$ 20).
Quando: Segunda – 21h. Até 02/09
Telefone: 3255-0994
Capacidade: 50 assentos
Duração: 50 minutos.
Classificação: 14 anos.

Grupo XPTO em ação. Oroboro, uma alegoria sobre o caráter cíclico da existência. Foto: Divulgação

Oroboro

Personagens do mundo real estão sujeitos à ação de entidades mitológicas em Oroboro. um náufrago à deriva que, na iminência de sua morte, se vê diante do dilema de se deixar devorar por urubus ou atirar-se ao mar. Ele prefere arriscar a sorte no caminho do desconhecido e mergulha nas águas profundas do oceano. Numa ilha próxima, uma enorme serpente deixa um estranho ovo que provoca a curiosidade e a ambição dos habitantes do lugar. Humor, mistério, trapaças, lutas pelo poder, revolta, aniquilação são alguns dos temas abordados de forma simbólica em Oroboro, uma alegoria sobre o caráter cíclico da existência. A montagem emprega a linguagem de teatro de bonecos e formas animadas. A narrativa é desenvolvida sem a utilização da palavra, sendo conduzida tanto pela música executada ao vivo, como pela ação dos atores que manipulam os bonecos e objetos, emitindo ruídos guturais que funcionam como vozes dos personagens. Recentemente o grupo de teatro XPTO participou do festival The Ishara Puppet Theatre Trust, na Índia, sendo o único representante latino-americano no programa.
Ficha Técnica
Direção, cenografia, bonecos e iluminação: Osvaldo Gabrieli
Direção musical e músico: Beto Firmino
Elenco: Bruno Caetano, João Bernardes, Ozamir Araújo e Tay Lopes
Serviço
Quando: Domingo, 15h. Até 28/07
Onde: SESC Interlagos (Avenida Manuel Alves Soares, 1100 – Parque Colonial – São Paulo)
Quanto: Grátis. Distribuição gratuita 1 hora antes do início da sessão.
Classificação indicativa: 8 anos
Capacidade 362 assentos
Telefone: 5662-9500

Eu já vi… Se eu fosse você… também iria assistir

Musical expõe os altos e baixos da trajetória de cantora Elza Soares. Aos 12 anos, casou-se praticamente obrigada pelo pai. Aos 13 teve o primeiro filho. Aos 21 anos, já com cinco rebentos, ficou viúva. Consagrou-se como cantora. Com o jogador Mané Garrincha (1933-1983) conheceu uma vida de amor e sofrimento. Hoje ela é referência absoluta de determinação, talento, perseverança, luta. Foto: Divulgação

Elza

Elza Soares foi ficando cada vez mais múltipla com o passar do tempo. Para dar conta desse mosaico de força, o musical  Elza explora os principais episódios da vida da artista, que como poucos soube levantar a cabeça e dar a volta por cima nos momentos difíceis. Com texto de Vinícius Calderoni e direção de Duda Maia, conta como elenco formado por Larissa Luz, Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacorte e Verônica Bonm. Todas fazem o papel da cantora na peça. As atrizes também incorporam / narram / comentam os homens importantes da trajetória de Elza, como o compositor e apresentador Ary Barroso (1903-1964), e o jogador de futebol Mané Garrincha (1933-1983), com quem ela foi casada. É uma história densa, mas carrega o DNA da guerreira.

Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h. Domingo: 18h. Até 28/7
Onde: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo
Quanto: R$ 30 até R$ 150.
Telefone: 3288-0136 Capacidade 835 assentos

Bete Coelho em cena de Mãe Coragem, adaptação de Brecht, dirigida por Daniela Thomas – Jennifer Glass/Divulgação

Mãe Coragem

A comerciante Anna Fierling vende mercadorias aos soldados da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Portanto, ela também lucra com os sofrimentos, as mortes, a barbárie. Traduzido diretamente do alemão, a adaptação de Daniela Thomas para Mãe Coragem e Seus Filhos, o texto de Bertolt Brecht propõe uma reflexão pungente sobre o lugar da moral em tempos de guerras do guerras do passado e de outras guerras do presente.  A Mãe Coragem do título chega à conclusão que não é ela quem lucra com a guerra quando perde os três filhos, Eilif, Queijinho e Kattrin, em batalhas como as mães dos jovens negros ue tem seus filhos subtraídos em A tragédia se desenrola no ginásio e o público assiste das arquibancadas o elenco charfurdar na lama que traça ligações com Mariana e Brumadinho.

FICHA TÉCNICA
Texto – Bertolt Brecht
Música original – Paul Dessau
Tradução – Marcos Renaux
Direção – Daniela Thomas
Assistência de direção – Gabriel Fernandes
Direção musical e arranjos – Felipe Antunes
Cenário – Daniela Thomas e Felipe Tassara
Figurino – Cassio Brasil
Iluminador – Beto Bruel
Desenho de som – Gustavo Breier
Elenco: Bete Coelho, Luiza Curvo, Amanda Lyra, Carlota Joaquina, Luisa Renaux, Ricardo Bittencourt,
Murilo Grossi, Roberto Audio, Rodrigo Penna, Wilson Feitosa, Cacá Toledo, Murillo Carraro
Músicos: Juliana Perdigão/ Gui Augusto , Felipe Antunes, Allan Abbadia/Ednaldo Santos, Wilson Feitosa
Murilo Grossi, Cacá Toledo
Produtora de figurino – Patricia Sayuri Sato
Assistentes cenografia – Iara Ito e Tania Menecucci
Assistente figurino – Daniela Tocci
Assistente e operadora de luz – Sarah Salgado
Engenheiro de Som, Gravações e Mixagem – Gustavo Breier
Direção de palco – Murillo Carraro
Contrarregras – Theo Moraes e Davi Puga
Camareira – Lili Santa Rosa
Aderecistas – Jesus (Walkir Pedroso) e Bosco Bedeschi
Costureiras – Yrondi Moço Rillo, Salete Paiva e Lili Santa Rosa
Harmonização das partituras originais – Kezo Nogueira e Felipe Antunes
Estagiários – Alice Tassara, Annick Matalon, Maria Pini Piva e Thomas Carvalho
Diretor técnico – Nietzsche
Arquitetura – Alvaro Razuk
Equipe de Arquitetura – Daniel Winnik, Ligia Zilbersztejn, Tabata Sung e Anselmo Turazzi
Assessoria Jurídica: Olivieri Advogados (pro bono) / NBPF Advogados
Assessoria de imprensa – Pombo Correio
Arte gráfica – Celso Longo e Daniel Trench
Fotógrafa – Jennifer Glass
Assistentes de produção – Diogo Pasquim, Theo Moraes e Davi Puga
Produtor executivo – Arlindo Hartz
Direção de produção – Luís Henrique Luque Daltrozo
SERVIÇO
Serviço
Quando: Terça a sábado, 20h30. Domingo: 18h30. Até 21/7
Onde: Sesc Pompeia – ginásio primavera Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo
Quanto: R$ 12 até R$ 40.
Telefone: 3871-7700
Classificação: 12 anos
Duração: 150 minutos

AS cangaceiras

As Cangaceiras,Guerreiras do Sertão

Newton Moreno conta que um grupo de mulheres se rebelam contra mecanismos de opressão que encontravam dentro do próprio Cangaço. As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão é uma fábula inspirada nas mulheres que seguiam os bandos nordestinos. O musical busca refletir sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.
Ficha técnica
Elenco: Amanda Acosta, Marco França, Vera Zimmermann, Carol Badra, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcelo Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Carol Costa, Badu Morais, Eduardo Leão e mais 5 músicos
Dramaturgia: Newton Moreno
Direção: Sergio Módena
Produção: Rodrigo Velloni
Direção Musical: Fernanda Maia
Canções Originais de Fernanda Maia e Newton Moreno
Coreografia: Erica Rodrigues
Figurino: Fabio Namatame
Cenário: Marcio Medina
Iluminação: Domingos Quintiliano
Assistente de Dramaturgia: Almir Martines
Diretora Assistente: Lorena Morais
Designer Gráfico: Ricardo Cammarota
Fotografia: Priscila Prade
Produção Executiva: Swan Prado e Luana Fioli
Assistente de Produção: Adriana Souza e Bruno Gonçalves
Administração Financeira: Vanessa Velloni
Realização: Velloni
Produções Artísticas e Sesi-SP.

Serviço
Quando: Quinta a sábado, 20h. Domingo: 19h. Até 04/8
Onde: Centro Cultural Fiesp – teatro Sesi São Paulo (Avenida Paulista, 1313 – Bela Vista – São Paulo
Quanto: Grátis.
Telefone: 3322-0050
Capacidade 456

terrenal leekyung kim

Terrenal

Uma das histórias mais famosas de todos os tempos: o conflito bíblico entre os irmãos Caim e Abel. Esse mito é vertido para um paraíso às avessas. Em um loteamento, Caim (Dagoberto Feliz) produz pimentões e vive apegado à terra e ao acúmulo de bens, enquanto Abel (Sergio Siviero) trabalha apenas aos domingos, o “dia santo”, vendendo iscas aos pescadores da região. Sem se entenderem, os irmãos não conseguem decidir sobre o que fazer com o terreno, até que Tata (Celso Frateschi), o pai que os abandonou ainda crianças, reaparece justamente na data que marca 20 anos de seu desaparecimento. A montagem levanta questões contemporâneas sobre justiça, divisão de riquezas e aceitação de visões de mundo distintas. Com recursos circenses e trilha sonora ao vivo, executada por Demian Pinto, o episódio do livro do Gênesis narra o fratricídio considerado o primeiro assassinato do mundo.

Texto: Mauricio Kartun
Direção de Marco Antonio Rodrigues
Duração 90 minutos.
Classificação é 16 anos.
Serviço
Quando: Quinta 21h. Até Até 25/07

Onde: Teatro Raul Cortez (Rua Doutor Plínio Barreto, 285 – Bela Vista – São Paulo)
Quanto: R$ 50 e R$ 25.
Telefone: 3254-1631
Capacidade :513 assentos

Janaína Leite e Amália Fontes Leite

Stabat Mater

A maternidade e a imagens construídas da Virgem Maria são um pretexto para um mergulho profundo, desafiador, inquietante e original da artista Janaina Leite. Na companhia da sua mãe em cena, Janaina verticaliza sua investigação sobre o real no teatro, investe na categoria do obsceno e explode pornografia… Com um pedido de desculpas do apagamento da mãe no solo anterior, Conversas Com Meu Pai, Stabat Mater é daqueles raros espetáculos em criatividade, rigor de pesquisa, ousadia, coragem, autoria, comungam na mesma cena para dizer porque o teatro é uma arte tão potente. Mas tudo o que se disser sobre essa encenação será pouco. Aviso aos puritanos: a peça contém cenas de nudez e sexo.
Ficha técnica
Concepção, direção, dramaturgia: Janaina Leite
Performance: Janaina Leite, Amália Fontes Leite e Priapo
Dramaturgismo e assistência de direção: Lara Duarte e Ramilla Souza
Direção de arte, cenário e figurino: Melina Schleder.
SERVIÇO
Quando: Sexta e sábado 21h domingo 20h. Sessão extra: quinta-feira 18/07. Até Até 21/07
Onde: CCSP – espaço cênico Ademar Guerra (Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade – São Paulo)
Quanto: R$ 20 e R$ 10.
Telefone: 3397-4002
Capacidade 100 assentos
Indicação: 18 anos

Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva. Foto: Sérgio Silva

Terror e Miséria no Terceiro Milênio

Nove atores e dois DJs ensaiam. Sentados em dois bancos, refletem e criam. O disparador é o texto Terror e Miséria no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht; e a matéria bruta, a realidade brasileira. Desses dois tempos de barbárie – ascensão do fascismo no mundo, os artistas improvisam recortes e samples com os embates de visões de mundo. Para erguer a peça Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias foi realizado o encontro entre integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e artistas parceiros. A diretora Claudia Schapira diz que a os choques desses tempos e o conflito da diversidade foram levados para dentro da cena. E aí o grupo evidencia que essas segregações também são construções perversas do capitalismo e seus mecanismos de privilégios. A montagem acompanha a estrutura episódica do texto original e arquitetada uma dramaturgia fragmentada, entremeada de comentários, em que os atores constroem e desconstroem imagens e narrativas, que se desmantelam diariamente. Mas lançam utopias para o futuro.
Ficha técnica
Direção: Claudia Schapira
Atores mcs: Fernanda D’Umbra, Georgette Fadel, Jairo Pereira, Luaa Gabanini, Lucienne Guedes, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Sérgio Siviero e Vinícius Meloni.
Atores DJs: Dani Nega e Eugênio Lima
Inserções de poemas: Jairo pereira e Roberta Estrela D’Alva
Direção Musical: Eugênio Lima, Roberta Estrela D’Alva e Dani Nega
Direção de Movimento e Coreografias: Luaa Gabanini
Assistência de Direção: Maria Eugenia Portolano
Vídeo-intervenção: Bianca Turner
Cenário: Bianca Turner e Claudia Schapira
Figurino: Claudia Schapira
Figurinista assistente: Isabela Lourenço
Kempô e Treinamento de Luta: Ciro Godói
Danças Urbanas: Flip Couto
Preparação Vocal: Andrea Drigo
Técnicas de spoken word: Roberta Estrela D’Alva
Iluminação: Carol Autran
Engenharia de Som: Eugênio Lima e Viviane Barbosa
Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa
Cenotécnico: Wanderley Wagner da Silva
Design gráfico: Murilo Thaveira
Estagiárias: Isa Coser, Junaída Mendes, Maitê Arouca
Direção de Produção: Mariza Dantas
Produção Executiva: Victória Martinez, Jessica Rodrigues
e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Serviço
Quando: Sexta e sábado 21h, domingo 18h. Até Até 28/07
Onde: Sesc Bom Retiro Alameda Nothmann, 185 – Campos Elíseos – São Paulo
Quanto: R$ 6 a R$ 20.
Telefone: 3332-3600
Capacidade 250 assentos
Capacidade: 250 lugares.
Duração: 90 minutos.
Recomendação: 14 anos

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