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Festival Reside Amaro
Uma experiência artística inovadora no Recife

Vizinhos no bairro de Santo Amaro participam de ações artísticas. Foto: Rogério Alves

O Festival Reside Amaro, que ocorre nestes dias 7, 8 e 9 de fevereiro de 2025, é mais que um evento no calendário cultural do Recife; é um manifesto vivo, uma declaração ousada sobre o potencial transformador da arte quando esta pulsa organicamente com o tecido social de uma comunidade.

Paula de Renor, uma produtora cultural com uma visão ousada, sempre sonhou em realizar um festival teatral inovador, diferente dos modelos tradicionais. A inspiração que faltava surgiu quando ela conheceu o trabalho do Teatro Bombón e o conceito de “teatro vecinal” (teatro de vizinhança) da artista argentina Monina Bonelli. Com essa nova perspectiva, Paula uniu forças com Bonelli e o curador Celso Curi para dar vida ao Reside Amaro, um projeto que leva o teatro para o coração do bairro de Santo Amaro, no Recife. Essa proposta única transforma a comunidade no centro pulsante da experiência teatral, promovendo uma colaboração íntima entre artistas e moradores locais para criar performances autênticas e envolventes.

A escolha de Santo Amaro como palco para esta experiência não foi aleatória. O bairro, com sua rica vivência histórica e cultural, serve como um microcosmo perfeito do Recife e, por extensão, do Brasil urbano contemporâneo.

“Santo Amaro é um paradoxo vivo,” aponta Roger de Renor, produtor e ativista cultural e vizinho inspirador. Neste território, casarões coloniais expõem a luta pelo espaço urbano com prédios altíssimos. Comunidades de pescadores, cujas tradições remontam a séculos, convivem lado a lado com startups de tecnologia de ponta.

Esta complexidade sociocultural de Santo Amaro serve como um terreno fértil para o tipo de narrativas plurais que o Reside Amaro busca explorar.

Monina Bonelli_Paula de Renor_Celso Curi._Foto Rogério Alves

O Reside Amaro destaca-se por sua natureza site-specific, onde cada apresentação é cuidadosamente elaborada para se integrar e dialogar com o ambiente específico em que ocorre. Esta técnica transforma espaços cotidianos – desde casas particulares até bares locais – em cenários teatrais singulares, criando uma experiência imersiva tanto para os artistas quanto para o público.

O aspecto comunitário do festival é igualmente central. Ao envolver ativamente os moradores de Santo Amaro no processo criativo, o Reside Amaro opera essa via de mão dupla: traz o teatro para a comunidade, mas também traz a comunidade para o teatro. Esta abordagem resulta em performances que são autênticas reflexões das histórias, culturas e experiências locais.

A maioria das performances é criação original, desenvolvida especificamente para o festival. Outra característica marcante do Reside Amaro é seu caráter processual. Muitas das ações e performances começaram a ser desenvolvidas apenas nas últimas semanas antes do festival. Este curto período de gestação confere às apresentações um frescor e uma espontaneidade raramente vistos em produções teatrais tradicionais. 

“É fascinante ver como as técnicas de teatro comunitário desenvolvidas em Buenos Aires se adaptam e ganham novos significados no contexto de Recife”, observa Monina Bonelli. “Há um diálogo intercultural acontecendo aqui que é verdadeiramente enriquecedor”.

Espetáculos internacionais Rainha, com Maiamar Abrodos e Da Melhor Maneira com Federico Liss e David Rubinstein. Foto: Divulgação

O festival apresenta duas peças argentinas em espanhol com legendas em português. Rainha (Reina en el Gondo), dirigida e escrita por Natalia Villamil e estrelada por Maiamar Abrodos, retrata a vida de uma mulher transgênero idosa no Gondolín, um hotel-refúgio em Buenos Aires, explorando suas memórias e reflexões sobre identidade. Já Da Melhor Maneira (De la mejor manera) é uma obra de Jorge Eiro, Federico Liss e David Rubinstein, dirigida por Eiro e atuada por Liss e Rubinstein. Esta peça acompanha dois irmãos que retornam ao bar da família durante o velório do pai, enfrentando o vazio deixado por sua perda e o desafio de seguir em frente diante de um “abismo silencioso”.

Além das performances, o Reside Amaro tem um forte componente educacional. Alunos do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Santo Amaro estão ativamente envolvidos em todas as etapas do festival, desde a concepção até a execução. Esta iniciativa aprimora o aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de uma nova geração de artistas.

Com mais de 70 apresentações distribuídas ao longo de três dias, o festival oferece uma programação diversificada e acessível. Todas as apresentações são gratuitas, com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão. O evento também prioriza a acessibilidade, oferecendo tradução em Libras para várias performances e garantindo que os espaços sejam acessíveis para pessoas com deficiência.

PROGRAMAÇÃO

CASA 1 (Rua Capitão Lima) CENTRAL DE INFORMAÇÕES

Casa 2 Rua (Rua Capitão Lima) LENE CONVIDA
Performance participativa onde Lene estreia um programa de entrevistas intimista. Recebe personalidades para conversas sinceras e inspiradoras sobre Pernambuco.
Dramaturgia/Direção: Giordano Castro, Mateus Condé.
Atuação: Lene Maria.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 3 (Rua Capitão Lima) COMUNHÃO MUSICAL
Espetáculo musical que une diferentes gerações e histórias de vida. Performances de um padre, uma cozinheira e um cantor profissional.
Direção musical: Douglas Duan.
Vozes: Padre Caetano, Alê Maria, Carlinhos Monteverde.
07/02: 19h, 08-09/02: 18h.

Casa 4 (Rua da Piedade) ÁLBUM DOS VIZINHOS
Projeção de retratos que capturam a essência dos moradores da vila. Transformação de memórias em arte, reforçando laços comunitários.
Fotos: Rogério Alves. Coordenação: Ingredy Barbosa.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h. Fluxo contínuo.

Casa 5 (Rua Capitão Lima) SOM NA RURAL
Festa itinerante que transforma as ruas em palco de celebração. Picadeiro sonoro que constrói novas histórias e memórias.
comunicação: Roger de Renor. DJ: Dj Vibra.
07/02: 22h-23h.

Casa 6 (Travessa do Ferreira) HEY, HEY, HEY! ROBERTO É O NOSSO REI!
Karaokê em homenagem a Roberto Carlos, realizando o sonho de João Paulo. Inclui mural no Beco do Roberto, multiplicando a presença do Rei.
Artista vizinho: João Paulo Silva. Artista ativador: Douglas Duan.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 7 (Rua da Piedade) ALTA VIGILÂNCIA
Instalação dramatúrgica que explora a cultura da fofoca em Pernambuco. Narradoras compartilham histórias bisbilhotadas na rua Piedade.
Dramaturgia: Newton Moreno. Narradoras: Amanda Menelau, Márcia Luz.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30.

Casa 8 (Rua da Piedade) CASINHA DE ROGÊ
Instalação/performance que convida à intimidade da casa de Roger de Renor. Reflexões sobre cidades horizontais, utopias e memória. Performance: Roger de Renor.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 9 (Rua da Piedade) INDO PARA LÁ
Performance documental sobre uma travessia imaginária de barco. Explora conversas, histórias e imagens que permanecem na memória. Direção: Quiercles Santana. Atuação: Clau Barros, Dorgival Fraga. Duração: 30min. Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 10 (Rua da Piedade) PRONTA PRA GUERRA; PULANDO FOGUEIRAS E DECORANDO O TEXTO COM FUXICOS
Performance inspirada na vida de Joana d’Arc e Ivete Alves de Mesquita. Explora a luta pela existência através de costura, fuxicos e memórias.
Dramaturgia/Encenação: Anderson Leite.
Atuação: Augusta Ferraz.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 11 (Rua da Piedade) NO FRIGIR DOS OVOS TUDO TEM SOM
Performance documental que explora os sons e aromas da cozinha. Inspirada na vida de Geraldo Maximiano de Lima, o Rei do Omelete.
Direção: Quiercles Santana. Atuação: Djalma Albuquerque, Anne Andrade, Lua Alves.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 12 (Rua Capitão Lima) SABOR DO DESTINO
Audioguia e experiência sensorial baseada na vida de Detinha. Percurso sonoro guiado pelos sabores, com participantes de olhos vendados.
Dramaturgia/Direção: Júnior Sampaio.
Narração: Fabiana Pirro.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 13 ((Rua Capitão Lima) RITO DE PASSAGEM
Performance em movimento conduzida por HBlynda até a casa de Reina. Compartilha desafios enfrentados na jornada de reafirmação de identidade.
Criação/Performance: HBlynda Morais.
Duração: 30min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h.

Casa 14 (Rua Capitão Lima) AMARO
Exibição do curta-metragem desenvolvido durante a residência do festival. Retrata um dia na vida de Amaro, homem emocionalmente contido.
Roteiro/Direção: Diogo Cabral.
09/02: 19h-21h. Fluxo contínuo.

Casa 15 (Rua Capitão Lima) RECEITA PARA CONTAR HISTÓRIAS
Performance documental sobre histórias familiares e receitas. Mistura memórias do Maranhão a Pernambuco através do doce de banana.
Dramaturgia/Direção: João Pedro Pinheiro, Larissa Pinheiro. Com: Lannje Falcão, Aurian Falcão.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 16 (Rua Capitão Lima, 410) UMA DOR MENOR
Teatro documental sobre impasses de um enterro familiar. Explora o conflito entre luto pessoal e cerimônia pública de um político.
Dramaturgia/Atuação: Ivana Moura.
Direção: Luiz Felipe Botelho.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h e 20h30.

Casa 17 (Rua Capitão Lima, 408) RAINHA
Peça argentina sobre a vida de uma mulher transgênero idosa. Explora memórias e reflexões sobre identidade no hotel Gondolín.
Dramaturgia/Direção: Natalia Villamil. Atuação: Maiamar Abrodos.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h30.

Casa 18 (Rua Capitão Lima – auditório da TV Jornal) NOS BASTIDORES DOS PROGRAMAS DE AUDITÓRIO: CONHEÇA A HISTÓRIA DA TV JORNAL
Vídeo que relembra 65 anos da TV Jornal pernambucana. Destaca programas de auditório e participações importantes.
Criação/Produção: TV Jornal.
Duração: 5min. Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 19h, 19h15, 19h30 e 19h45.

Casa 19 (Rua Capitão Lima) CASAR, PARA QUE?
Quadrilha que desafia superstições sobre casamento. Celebra o casamento de dona Neta e Luiz com pompa e circunstância.
Direção/Coreografia: Mônica Lira. Casal: Erivonete Barbosa, Luiz Elias.
08/02: 21h30-23h.

Casa 20 (Rua Capitão Lima – na rua) BOI MARINHO
Cortejo que mistura tradições populares, com destaque para o Cavalo Marinho. Ativação com alunos da Escola Sylvio Rabello e vizinhos.
Mestre/Direção: Helder Vasconcelos. Contra mestra: Laura Tamiana.
09/02: 18h-18h40.

Casa 21 (Rua Capitão Lima – Restaurante Casa Capitão) DA MELHOR MANEIRA
Peça argentina sobre dois irmãos lidando com a perda do pai. Explora o luto e o desafio de seguir em frente após uma perda.
Dramaturgia: Jorge Eiro, Federico Liss, David Rubinstein. Direção: Jorge Eiro.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 20h.

FICHA TÉCNICA

Idealização
Monina Bonelli

Criação
Monina Bonelli e Celso Curi

Artista criador convidado
Quiercles Santana

Curadores
Paula de Renor e Celso Curi

Vizinho inspirador
Roger de Renor

Vizinha embaixadora
Ingredy Barbosa

Assistente de criação
Márcio Allan

Artistas convidados
Álefe Passarin, Amanda Menelau, Anderson Leite, Augusta Ferraz, Bailarinos da Quadrilha Evolução (Damas – Giovanna Seabra Paiva Carneiro, ⁠Hellen Cavalcante, Perollah Hair, Rayssa Gomes de Vasconcelos, Thadgya Dos Santos Silva e Thais Maely Sidronio. Cavalheiros – Adones Vasconcelos, Aleson Willam Souza, Anthony Matheus de Aquino, Lourival Rodrigues, Rodrigo de Oliveira e ⁠Wladiel Queiroz), Boris Trindade Júnior (palhaço Tapioca), Carlinhos Lua, Carlinhos Monteverde, Carlos Santos, Clau Barros, David Rubinstein, Dj Vibra, Douglas Duan, Fabiana Pirro, Federico Liss, Giordano Castro, HBlynda Morais, Helder Vasconcelos e o Boi Marinho, Ivana Moura, Jeison Wallace, Jerlane Silva (palhaça Bilack), João Pedro Pinheiro, Jorge Eiro, Júlio Brito, Júnior Sampaio, Jurema Fox, Kleber Santana, Larissa Pinheiro, Luiz Felipe Botelho, Maiamar Abrodos, Mônica Lira, Natalia Villamil, Newton Moreno, Pinho Fidelis, Rafael Chamié e Roger de Renor.

Vizinhos artistas
Alê Maria, Alice Barbosa, Aurian Falcão, Dorgival Fraga (Paizinho), Erivonete Barbosa (dona Neta), Everton de Holanda Júnior, Geraldo Maximiano de Lima (Rei do Omelete), Ivete Alves de Mesquita, Joana d’Arc Dantas Mesquita, João Paulo Silva, Lannje Falcão, Lene Maria, Ligia Vieira, Luiz Elias, Maria José (dona Detinha), Maria Laura (Laurinha), Padre Caetano e Thiago Santos.

Artistas Residentes
Alunos do CIT / Sesc Santo Amaro – Anne Andrade, Bibi Santos, Caví Baso, Diogo Cabral, Djalma Albuquerque, Fanny França, Lua Alves, Márcio Allan e Mateus Condé.

Beco do Roberto
Produção: Arte da Imagem Produções
Apoio: Gabinete de Inovação Urbana

Fotos álbum dos vizinhos
Rogério Alves

Fotos registro
Gianny Melo

Fotos e vídeos making of
Ivo Barreto e Wesley Kawaai

Comunicação comunitária
Djalma Albuquerque

Designer
Clara Negreiros

Assessoria de imprensa
Márcio Bastos

Gestão de redes sociais
Cognos Comunicação – Luiza Maia e Tiago Barbosa

WebDesigner / Front-End
Sandro Araújo (SandroWeb)

Acessibilidade comunicacional
CENTRAE

Coordenador de produção
Ivo Barreto

Produção
Remo Produções Artísticas
Paula de Renor e Wesley Kawaai

Assistente de produção
Elias Vilar

Coordenador técnico
Eron Villar

Assistente técnico
Caví Baso

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Uma jornada encantadora inspirada em Lorca
Crítica de Quatro Luas

Quatro Luas, entre o humor, a magia e leves reflexões existenciais. Foto: Ivana Moura

O espetáculo Quatro Luas, apresentado pelo coletivo O Bando de Olinda (PE) no Teatro Marco Camarotti, em Recife, como parte da programação do Palco Giratório 2024, é uma experiência teatral envolvente que celebra a poesia, a imaginação e a infância em peça inspirada na obra de Federico Garcia Lorca, um dos mais importantes escritores espanhóis do século XX. Conhecido principalmente por suas obras voltadas para o público adulto, como Romancero Gitano e Bodas de Sangue, Lorca também dedicou parte de sua produção literária às crianças, com destaque para Os Encontros de um Caracol Aventureiro, uma coleção de poemas que explora o mundo através dos olhos de um pequeno caracol, e Os Títeres de Porrete, uma peça de teatro que aborda temas como a liberdade e a opressão de forma lúdica e acessível aos pequenos.

Desde o primeiro momento, o público é cativado pela atmosfera mágica criada pela trupe de atores que, representando ciganos, canta, toca e dança nos corredores e hall do teatro. Essa introdução serve como um convite para adentrar o universo onírico proposto pelo espetáculo, preparando os espectadores para a jornada que está por vir.

Ao entrar na sala de espetáculos, somos recebidos por uma cenografia e uma iluminação que transportam a plateia para um mundo de sonhos e descobertas. A história acompanha o protagonista Federico, um pequeno boneco manipulado pelo elenco com destreza e sincronia, em sua busca pela Lua Cheia. A jornada de Federico é repleta de encontros fantásticos com animais falantes, exércitos de formigas e as quatro fases da Lua personificadas.

Vários bichos falantes ocupam a cena, como a Gata Azul. Foto: Ivana Moura

O texto de Claudio Lira, responsável também pela direção, é rico em referências à obra de Lorca, a linguagem poética e as metáforas utilizadas oferecem diferentes camadas de leitura, cativando tanto as crianças quanto os adultos. Os diálogos são bem construídos, com momentos de humor leve e inteligente, como no encontro com as duas Rãs, uma que não enxergava muito bem e outra que não escutava muito bem, criando situações divertidas e reflexões filosóficas sobre a finitude.

O elenco, formado por Brunna Martins, Célia Regina, Douglas Duan e Matheus Carlos, demonstra versatilidade ao transitar entre a manipulação de bonecos, as falas, as canções e a interação com a plateia. A cumplicidade entre os atores e o público é evidente, criando uma atmosfera de encantamento compartilhado. Momentos como o conselho da Mariposa para o Menino ir dançar e viver a vida, ou a frescura da Gata Azul, arrancam risadas e reflexões.

A trilha sonora original de Douglas Duan tem canções executadas ao vivo por Arnaldo do Monte (percussão) e Zé Freire (violão), e estão perfeitamente integradas à narrativa, amplificando a carga emotiva das cenas e marcando as nuances da peça. A música se torna um elemento fundamental para a imersão do público no universo poético criado em cena.

A direção de Claudio Lira é sensível e precisa, explorando de forma inteligente os recursos do teatro de bonecos e a linguagem do teatro animado. O ritmo da peça é bem conduzido, com momentos de introspecção e poesia alternados com outros de dinamismo e interação com a plateia. O espetáculo consegue dosar de forma equilibrada os momentos de apelo emocional, as frases de efeito existencial e os achados poéticos, mantendo o público envolvido do início ao fim.

Quatro Luas é um espetáculo que celebra a força da palavra, a magia do teatro de bonecos e o talento de seus criadores. Ao se inspirar no universo lorquiano e, mais especificamente, em suas obras voltadas para a infância, a peça oferece uma experiência teatral encantadora, que convida o público a se reconectar com a criança interior e a redescobrir o poder transformador da imaginação.

FICHA TECNICA:

Dramaturgia e Encenação: Claudio Lira
Elenco: Brunna Martins, Célia Regina, Douglas Duan e Matheus Carlos
Músicos: Zé Freire (Violão) e Arnaldo do Monte (Percussão)
Dramaturgia Sonora, Direção Musical e Preparação Vocal: Douglas Duan
Iluminação: Eron Villar
Direção de Arte: Claudio Lira e Célia Regina
Criação e confecção dos bonecos e adereços: Romualdo Freitas e Célia Regina
Criação e confecção das Luas: Romualdo Freitas, Célia Regina e Adriano Freitas
Confecção da Árvore: Douglas Duan
Registro de Fotos e Vídeos: Colibri Audio Visual/Morgana Narjara
Produção: Claudio Lira e o Grupo
Realização: O Bando Coletivo de teatro.

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Ópera-repente desafia os coronéis

Espetáculo leva ao palco a sonoridade da cantoria de viola do Nordeste brasileiro. Foto: Allan Oliveira

Espetáculo leva ao palco a sonoridade da cantoria de viola do Nordeste brasileiro. Foto: Allan Oliveira

A Ópera do Sol – Uma Odisséia Nordestina no Sertão Pernambucano – Ópera-repente, do dramaturgo Adriano Marcena, é um projeto ambicioso. Desde que foi publicado em livro, há quase 20 anos (Prefeitura da Cidade do Recife, Conselho Municipal de Cultura,1998). Escrito em mais de 18 gêneros ou modalidades da cantoria de viola, o famoso repente do Nordeste brasileiro, o texto prevê a condenação dos poderosos que tentaram ludibriar São José e a população pobre de agricultores do Sertão pernambucano. A peça chega à cena em adaptação do diretor Carlos Carvalho e estreia nesta sexta-feira (21/07), às 20h, no Teatro Apolo.

A temática envereda por assuntos irresolvíveis e que deixa esse Brasil bem fraturado: concentração latifundiária, violência e injustiças sociais. A trama é baseada em história já explorada por muitos artistas populares.

Para garantir uma boa safra, os donos da terra fazem um acordo com São José. O santo promete mandar chuva em abundância, mas em contrapartida, os poderosos devem dividir o excedente do plantio com a população. Os latifundiários viram as costas para o povo e para São José. O castigo divino chega com uma prolongada seca.

Os coronéis do lugar ameaçam os interlocutores do santo, tentam o suborno para evitar que o Sol chegue em toda sua fúria. Mas não há dinheiro que vença as forças da natureza. E os mandatários tentam se vingar de todo jeito e as mulheres são vítimas de violência. O povo se apega à religiosidade para enfrentar os desmandos políticos, econômicos e socioculturais.

No elenco dessa peleja nordestina estão os atores Beto Nery, Douglas Duan, Hermínia Célia Regina Rodrigues, Katyuscia, Miguel Taveira, Thalita Gadêlha, Eduardo Japiassú e Angelis Nardeli Brito.

Serviço:
A Ópera do Sol
Estreia:21/07/2017 (sexta-feira), às 20h
Temporada:sexta-feira a domingo (até 30/07/2017), sempre às 20h
Local:Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Ingressos:R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
Classificação:12 anos

Elenco:
Beto Nery,
Douglas Duan,
Hermínia Mendes,
Célia Regina Rodrigues,
Katyuscia,
Miguel Taveira,
Thalita Gadêlha,
Eduardo Japiassú,
Angelis Nardeli,
Brito,

Texto: Adriano Marcena
Diretor: Carlos Carvalho
Assistente de Direção: Taveira Junior
Diretor Musical: Sandi Maia
Assistente de Direção Musical: Pita Cavalcanti
Gerência de Produção: Galharufas Produções (Taveira Belo Ltda.)
Produção Executiva: Taveira Junior
1º Assistente de Produção: José Antonio Taveira Belo
2º Assistente de Produção: Thalita Gadêlha
Preparador e Arranjador Vocal: Douglas Duan
Preparador Corporal: Raimundo Branco
Administração/ Elaboração do Projeto de Montagem: José Antonio Taveira Belo
Pesquisa Musical: Sandi Maia
Músicas: Adriano Marcena
Arranjos Musicais: Sandi Maia e Pita Cavalcanti
Músicos: Júnior Xanfer: Viola de 12 cordas; Samuel Lira: Flauta Transversal;Pedro Santana: Pandeiro e percussão; Pita Cavalcanti: Violão nylon; Sandi Maia: Piano, Violão nylon e Regência.
Plano de Iluminação: Jathyles Miranda
Figurinos e Adereços: Marcondes Lima
Cenários: Cláudio Lira
Gravuras: Carlos Carvalho
Assessoria de Imprensa: Gianfrancesco Mello
Programação Visual: Cláudio Lira
Execução de Iluminação: Jathyles Miranda
Gravação da Trilha Incidental – Coro e Vozes: Estúdio Via Brasil
Engenheiro de Som: Stephan Hitzelberqer
Execução de Sonoplastia: Danilo Augusto
Plano de Maquiagem: Carlos Carvalho
Execução de Figurinos: Maria Lima
Execução de iluminação: Jathyles Miranda
Execução de Sonoplastia: André Almeida
Execução de Cenários: Coletivo Caverna, Charles de Lima, Evandro de Mesquita eLuiz Manuel
Camareira: Beta Galdino
Contrarregra: Gaguinho
 

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Angelicus Prostitutus vai ao shopping dos endinheirados

 

 Angelicus Prostitutus. Foto: Ivana Moura

Marcelino Dias e Lucrécia Forcioni em Angelicus Prostitutus. Fotos: Ivana Moura

A hipocrisia é uma praga. Os humanos se vendem por cargos, ascensão social, sexo e dão um jeitinho de legitimar suas ações degradantes. Com visual colorido, Angelicus Prostitutus amplia a escala dessas corrupções para provocar cócegas na plateia. A peça detona seu arsenal de comicidade em 3 de fevereiro, no Teatro RioMar (shopping recifense dos endinheirados).

Na peça, o cidadão comum Angelicus – quando recebe uma pressão a mais da vida – mata, rouba e mente. Vai a julgamento, mas os juízes são mais confiáveis: Nossa Senhora e Demônio. Humor na veia extraído do jogo teatral que provoca o riso crítico.                                                                                                                                                                                                            100 palavras

Angelicus Foto: Ivana Moura

Célia Regina observa performance de Nossa Senhora (Mauricio Azevedo) e do Demônio (Douglas Duan)

Angelicus Foto: Ivana Moura

Carlos Lira no papel do Padre na peça dirigida por Rudimar Constâncio

FICHA TÉCNICA
Elenco:
Marcelino Dias: Angelicus e Coro
Carlos Lira: Padre e Coro
Célia Regina: Mulher de Prendas Domésticas e Coro
Douglas Duan: Palhaço e Coro
Lucrécia Forcioni: Terezinha e Coro
Bruna Bastos: Prostituta e Coro
Luciana Lemos: Prostituta e Coro
Edes di Oliveira: Policial e Coro
Marinho Falcão: Policial e Coro
Mauricio Azevedo: Cidão e Coro
Gabriela Fernandes: Jornaleiro e Coro
Gabriel Conolly: Músico e Coro
Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Assistência de Direção: Almir Martins
Direção de Arte (figurinos, cenários, adereços e maquiagem): Célio Pontes
Assistente de Direção de Arte: Manuel Carlos
Músicas e Arranjos: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Direção musical: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e Operação de Luz: Luciana Raposo
Preparação Corporal e Coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da Voz para a cena: Leila Freitas
Preparação Circense: Boris Trindade Júnior
Preparação da Voz para o canto: Douglas Duan
Preparação Percussiva: Charly Du Q
Contrarregragem e Cenotécnica: Elias Vilar e Clovis Júnior
Vídeo Maker: Almir Martins
Direção de Produção: Ana Júlia da Silva
Produção Executiva: Lucrécia Forcioni
Confecção de Adereços: Manuel Carlos, Jerônimo Barbosa
Confecção de Figurinos: Manuel Carlos, Helena Beltrão, Irani Galdino
Confecção de Máscaras: Douglas Duan e Célia Regina
Confecção de Materiais de Iluminação: Luciana Raposo
Execução de Cenários: Manuel Carlos.
Programação Visual: Claudio Lira
Fotos e Filmagem: Maker Mídia
Direção Geral: Rudimar Constâncio
Realização: Sesc Piedade

Realização: Opus, Ministério da Cultura e Governo Federal

SERVIÇO
Angelicus Prostitutus
Quando: Dia 3 de fevereiro (sexta), às 21h
Onde:</strong> Teatro RioMar: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping
www.teatroriomarrecife.com.br

Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos

Ingressos:
Balcão: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Plateia Alta: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
Plateia Baixa: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia)

Canais de vendas oficiais: bilheteria do Teatro RioMar Recife (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h)
Vendas online: www.ingressorapido.com.br
Televendas: 4003-1212

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Para rir dos desejos pecaminosos

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto:

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto: Markermídia/ Divulgação

Os desejos humanos podem ser coisas medonhas. Tem potência para elevar ou arrasar com as criaturas. O espetáculo Angelicus Prostitutus, com texto de Hamilton Saraiva e direção de Rudimar Constâncio, explora os desejos pecaminosos, sob a ótica cristã. A humanidade corrompida pelas prostituições, no plural, é triturada pelas linguagens de comédia, da farsa, do circo, entre outras.

A prostituição abre um leque bem maior que o sexual. Há muitas outras maneiras. A depravação pode se inserir nas relações ideológicas; a imoralidade, na igreja; a devassidão, na família; a promiscuidade, no estado; o vício, na escola ou a perdição na polícia. Mas todos esses julgamentos são feitos a partir do riso.

Angelicus é um homem comum, mas daqueles que têm propensão a cometer erros. Não titubeia em mentir ou roubar e pode cometer até assassinatos. O personagem é julgado por Nossa Senhora e pelo Demônio, depois que morre. E os companheiros da vida pregressa assumem os papeis de   testemunhas e acusadores.

O espetáculo cumpre curta temporada no no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, nesta quinta-feira (7) e nos dias 14 e 21 de abril, às 20h. A montagem é do o grupo Matraca, do Sesc Piedade, e leva à cena 12 personagens, entre padre, policial, prostituta, jornaleiro, músico.

A arrecadação da bilheteria dessas apresentações será utilizada para custear a viagem do grupo ainda este ano para Portugal. A montagem foi convidada para compor a programação do ENTREtanto MIT Valongo – Mostra Internacional de Teatro. E já tem agenda para o festival Porto Alegre Em Cena.

Ficha técnica

Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Elenco: Marcelino Dias, Carlos Lira, Célia Regina, Douglas Duan, Lucrécia Forcioni, Bruna Bastos, Luciana Lemos, Luiz Gutemberg, Marinho Falcão, Mauricio Azevedo, Gabriela Fernandes e Gabriel Conolly
Assistência de Direção: Almir Martins
Direção de Arte (figurinos, cenários, adereços e maquiagem): Célio Pontes
Assistente de Direção de Arte: Manuel Carlos
Músicas e Arranjos: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Direção musical: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e Operação de Luz: Luciana Raposo
Preparação Corporal e Coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da Voz para a cena: Leila Freitas
Preparação Circense: Boris Trindade Júnior
Preparação da Voz para o canto: Douglas Duan
Preparação Percussiva: Charly Du Q
Contrarragragem e Cenotécnica: Elias Vilar e Clovis Júnior
Direção de Produção: Ana Júlia da Silva
Produção Executiva: Lucrécia Forcioni
Confecção de Adereços: Manuel Carlos, Jerônimo Barbosa
Confecção de Figurinos: Manuel Carlos, Helena Beltrão e Irani Galdino
Confecção de Máscaras: Douglas Duan e Célia Regina
Confecção de Materiais de Iluminação: Luciana Raposo
Execução de Cenários: Manuel Carlos.
Programação Visual: Claudio Lira
Fotos e Filmagem: Makermídia
Direção Geral: Rudimar Constâncio
Realização: Sesc Piedade

SERVIÇO

Angelicus Prostitutus
Quando: Dias: 7, 14 e 21 de abril, às 20h
Onde: Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu, Boa Viagem
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

 

 

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