Olé, olé, olá, Severino, Severino
Critica do espetáculo Estudo Nº1: Morte e Vida,
do Grupo Magiluth

Estudo-N°1- Morte e Vida. Foto: Vitor Pessoa  / Divulgação

Estudo-N°1- Morte e Vida. Mário Sergio e Parmera, Erivaldo no chão. Fotos: Vitor Pessoa  / Divulgação

A montagem do Grupo Magiluth, com direção de Luiz Fernando Marques, o Lubi, explora muitas camadas. 

Giordano Castro, em primeiro plano na peça-palestra

Busco dialogar com o Estudo Nº1: Morte e Vida, espetáculo do pernambucano Grupo Magiluth. Esse desejo de interlocução traça um movimento contrário ao predomínio de intolerância, condenações e cancelamentos desses tempos. Minha vontade é sintonizar com as possibilidades de trocas, perseguindo delicadezas e ludicidade, mesmo para tratar de concretos de durezas, de barbarismos. Esperançando ampliar o círculo. Esse texto que me atravessa, é passado pelo rio Capibaribe, imagino que por outros rios: Tietê, Sena, Tejo, até o Riacho do Ipiranga (onde, conta a História oficial, foi gritada a independência do Brasil) e carrega muito da hidrografia soterrada. É um ensaio ansioso, repleto de incômodos, como o que sinto há semanas no braço direito de tendinite e outras dores de viver mais difíceis de traduzir.

O Grupo Magiluth – com seus atores Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral, Lucas Torres e Pedro Wagner – é uma trupe de homens, rapazes, meninos que fazem arte, que performam, que jogam cenicamente, posicionados (e movendo-se) de lugares para problematizar as masculinidades, o patriarcado, as questões estruturais que escamam de seus corpos, descontruindo. Observo esse universo, não o capto em sua plenitude movente, não só por ser mulher, mas por toda experiência interseccional de identidade. Somos subjetividades não totalmente decifráveis. E a arte faz um mergulho em águas profundas, oferece e desfaz os sentidos em sequência, em paralelo ou de maneira aleatória.

Os artistas do Magiluth, seu diretor Luiz Fernando Marques, o Lubi, e o assistente de direção e diretor musical Rodrigo Mercadante, essa turma toda cria, de modo arbitrário, os recursos expressivos a partir da peça-poema Morte e Vida Severina – Um Auto de Natal, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) para compor um caleidoscópio das ruínas contemporâneas.

A palavra arbitrariedade vem determinada para falar de escolhas que não seguem réguas, testa outras possibilidades. Tem a ver com impacto da sonoridade da língua no corpo, na caixa preta, nas distorções de vozes da tecnologia digital. Convoca materialidade e seu oposto. Saussure sussurrando. Imagem acústica, representação da palavra. A partir das pontes do Recife desafia regras para desestabilizar certezas – de ideias, de soberanias, das cenas.

Percebo o trabalho do Magiluth erguido feito um ensaio como estimou o filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão Theodor W. Adorno: um jogo aberto de linhas temáticas que se cruzam a partir da ideia de migração, que expõe tensões e contradições do real. Tudo isso encarado de frente, sem o impulso de sublimação. Perguntas e provocações são expostas, num caldeirão que ferve naquele território.

E agora me vem fortemente a imagem da intensa Elis Regina (1945 – 1982), uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, cantando Aprendendo a jogar, uma música de Guilherme Arantes. [Dig dig dig dig dig dagá ah ah Dig dig dig dig dig dagá ah ah (…) Vivendo e aprendendo a jogar … / Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas, aprendendo a jogar (…) Água mole em pedra dura / Mais vale que dois voando (…)]. No show Saudade do Brasil, de 1980, Elis usava uma camiseta preta, com a imagem da bandeira do Brasil ao centro, escrito “Elis Regina”, no lugar de “ordem e progresso”. Como acontece com frequência nos regimes autoritários, a Ditadura Militar proibiu a intérprete de usar o figurino, numa demonstração feérica de Censura. Eita danou-se. Estou fazendo a minha dramaturgia. Tem vídeo na internet da cantora, que morreu há 40 anos num 19 de janeiro.

Parmera em primeiro plano e Má´rio Sergio ao fundo

Ao se arriscar, Estudo Nº1: Morte e Vida rejeita as formas bem-acabadas, dá um passo além em alguma direção, mas reaproveita antropofagicamente outros processos / estratégias de montagens anteriores da trupe e os atritos do real. O contato com o objeto disparador – a peça-poema de João Cabral – ganha diversas tessituras, amarrações, entradas, desenvolvendo uma rede que aponta para outras ressonâncias, ampliando alcances da obra cabralina.

Dito de outro jeito, a peça é uma transpiração de vitalidade cênica de artistas que sobreviveram / sobrevivem “agarrados a caixas de isopor” neste país afundado em tantas desgraças. É grito por dignidade, que segue de mãos dadas com poemas de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina e outros como O Rio (ou Relação da Viagem que faz o Capibaribe de Sua Nascente À Cidade do Recife) e O Cão Sem Plumas. É forte nos nexos com o real – de que somos muitos Severinos –, da uberização dos trabalhadores às consequências palpáveis do Antropoceno, essas ações destrutivas cometidas contra o planeta Terra.

O abraço com João Cabral é fato e ficção. Está no tom crítico nos vínculos aos problemas sociais, no mergulho no contexto humano e geográfico do Nordeste brasileiro, que espelha em estilhaços outros nordestes do mundo. As palavras que ressaltam o cotidiano de quem se vira com o mínimo compõem quadros inspirados e inspiradores. O inabalável trabalho artesanal cabralino é destacado pelo Magiluth em idas e vindas de significâncias. A abdicação do sentimentalismo lírico é valorizada pelo grupo.

A experiência de assistir ao espetáculo está plena de pequenos abalos sísmicos e da constatação no que se transformou o humano, do alto de sua arrogância. E vem numa construção de imagens de intensa plasticidade, sejam elas para os olhos, ouvidos ou outros sentidos.

Foto: Vitor Pessoa  / Divulgação

Publicado em 1955, Morte e Vida Severina é um poema de gênero lírico que traça o percurso de Severino, um migrante nordestino que sai do Serra da Costela, (local fictício, mas com características idênticas ao sertão pernambucano) em busca de uma vida menos “Severina” no Recife capital. Na seca região “magra e ossuda” onde a personagem morava, morre-se de “morte Severina”: “que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte; de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida)”.

Sabemos que migrações existem desde sempre. Nas melhores hipóteses, por curiosidade, pela aventura, pela descoberta. Há outras, não tão prazenteiras. Situações de seca ou alterações climáticas graves e ausência de políticas públicas de enfrentamento dessas situações, a exclusão social e a falta de condições para a sobrevivência. As migrações, que são também movimentos, revelam múltiplas “geometrias do poder”. A montagem do Magiluth obliqua que as mobilidades dos sujeitos contemporâneos são desiguais e faz cintilar palavras como injustiça, miséria, fome, política, violência, fronteiras materiais e simbólicas, poder, uberização.

Pensado em fragmentos, que reflete de maneira multifacetada um painel de forma espiralar (salve Leda Maria Martins),– do cruzamento de ciclos do passado, presente e futuro – esse Ensaio nº 1 desmantela a obviedade do que se pode se entender como Severino, Morte e Vida, Nordeste, nordestino, artista nordestino, João Cabral de Melo Neto. De novo o farol de Adorno: para o filósofo o ensaio se situa na fronteira entre a filosofia e a arte. Rigor e representação não-idêntica, revelando na porosidade as contradições.

Em estudo publicado em 1950, que pensava a pintura de Joan Miró, João Cabral já disse que desaprender é fundamental, sair do automatismo da tradição. Quebrar com procedimentos e hierarquias de valor na arte e na vida. Desaprendo frente à cena do Magiluth.

No campo do poema, João Cabral traça uma constelação de elementos heterogêneos. Ao estudar a obra do poeta pernambucano, o filósofo Benedito Nunes detecta que nesta máquina do mundo, que é o poema, Melo Neto trabalha à maneira de um tear que tece num sentido e destece noutro os fios de diversas tramas complicadas. Em O dorso do tigre (1969) Nunes aponta que Cabral fabrica e destrói, agrega e desagrega, mediante operações diferentes, as várias peças da realidade social e humana. Enxergo essas ações cabralinas no palco.

Acompanhemos o curso do rio, o discurso-rio do Marigluth.

Os microfones, as projeções, o Magiluth joga com a ideia de peça-palestra

A bandeira de Kiribati e as mãos levantadas num pedido de socorro em referência a outro espetáculo do grupo

Na peça são explorados quatro marcos estilísticos: Metateatro, Épico, Documental e pós-contemporâneo, em acúmulos e partículas. Nessa dança estética, a correnteza traz memória de outras obras magiluthianas: Viúva, porém honesta; O ano que sonhamos perigosamente; Dinamarca; Aquilo que meu olhar guardou para você; 1 Torto. São muitas camadas, numa polifonia que aponta para dentro, como a cena do modo de viver hygge (um bem-estar tão acolhedor dos privilegiados) ou o foco de luz, uma reivindicação de Mário Sergio em outra encenação que agora chega tranquilo.

A polifonia aponta para Kiribati (ou Quiribati), na real um arquipélago no Pacífico Central, com quase 120.000 habitantes. Assinala também os Severinos-Thiagos, Severinos-Galos, Severinas-Pretas. Dos rios que correm dentro de cada um de nós. De Kiribati, já em 1989, um relatório da ONU alertou, que esse seria o primeiro país a ser devorado, em decorrência da elevação do nível dos mares, ou seja pela mudança climática. Existem outras correspondências com o Severino saído da seca, como a escassez de água potável.

Um humor carregado da gozação pernambucana (irônico, sagaz, malicioso, diria autoimune, cruel, que manga inclusive de nossa impotência; talvez Roger de Renor possa traduzir melhor essa especificidade de humor), abarca o palco, em fluxos, mirando efeitos variados: gerar reflexões e críticas sociais, produzir jogos num cruzamento dos procedimentos cênicos das peças contemporâneas, desafiar qualquer método absolutista.

Quando navega nas águas épicas traça um paralelo ente a palavra fome como necessidade de comer e o estado de morrer de fome, defendido como um assassinato. O tom mais político lembra da montagem de Morte e Vida Severina, pelo TUCA, em 1965, que ganhou prêmio no festival de Nancy, na França. Esquadrinha que os privilégios de hoje são consequência da usurpação de antes.

Punk rock, hardcore, sabe onde é que faz?
Lá no alto José do Pinho. É do caralho!
Tem Devotos, 3° Mundo que botam pra fuder
Todo sentimento obtido em seu viver…

Quando chegar ao Recife essa cena deve explodir. O cenário é… Em 1988, Cannibal, Neilton e Celo Brown, formaram a banda de punk rock e hard-core Devotos do Ódio (tempos depois o ódio do nome foi suprimido), no Alto José do Pinho, bairro da zona norte do Recife. A atuação do grupo foi fundamental para a mudança do perfil do morro. Com a assinatura de contrato com a Gravadora BMG, e o lançamento do disco Agora tá valendo, de 1997, a banda chega ao sucesso. Mais de 20 anos depois, o Grupo Magiluth constata que os direitos e lucros desse disco estão reservados à gravadora Sony Music, que em 2004 comprou a BMG. O Magiluth assinala: “Nem tudo o que o trabalhador produz a ele pertence.”

É tudo muito engenhoso. A trupe convoca Marx, sem citar o Karl, expõe os paradoxos e contradições do capitalismo com os jogos do próprio teatro. Somos atingidos, alguns de nós, pela ave-bala. O ouro-azul do jeans vem problematizar a noção de independência econômica, de autonomia financeira.

O polo industrial de jeans, em Toritama, é uma espécie de China com um carnaval no meio. Esse ouro-azul está na roupa dos rapazes, e está repleto dos questionamentos levantados pelo documentário Estou me guardando para quando o Carnaval chegar, de Marcelo Gomes. O filme não é uma apologia ao empreendedorismo, ou não somente, nem um réquiem saudosista de uma Toritama mais rural. Seus produtores de jeans batem no peito com orgulho que são “donos do próprio tempo”, mesmo trabalhando 12 horas ou mais por dia. É… são muitas dobras.

Em uma potência assombrosa, o ouro-azul se congrega com os entregadores de aplicativo, entre eles Thiago Dias, que trabalhava 12 horas por dia e morreu durante uma entrega aos 33 anos, vítima de AVC. Fato que se conecta com as Ligas Camponesas e os assassinatos de seus líderes.

Essa cena do canavial, que cruza Michael Jackson com maracatu rural, vale muitas teses

Michael Jackson do Canavial, um vídeo que pode ser encontrado no Youtube, fornece rico material da cultura que se movimenta, sem abandonar totalmente a tradição, mas utilizando as possiblidades do presente. O Magiluth confronta o caboclo de lança com o vídeo, em que a voz do astro do pop anima o trabalhador rural a seguir seus passos na dança. Ele canta que “Billie Jean is not my lover”, ela é apenas uma garota e o menino não é seu filho. Mais uma questão das mulheres não reconhecidas, e essa e uma problemática muito complexa, que apenas pontuo.

O Estudo Nº1: Morte e Vida utiliza as tecnologias, as projeções, justaposições. Quebras de fronteiras se alimentam das práticas teatrais, subverte, testa combinações. É interessante saber que numa entrevista 1998, João Cabral disse que “gostaria de ter sido cineasta”. Sua composição poética aproxima-se das teorias da montagem do cineasta Eisenstein ou do teatrólogo Bertolt Brecht.

O Magiluth expõe dados de pesquisa da internet sobre refugiados e migrantes que tentam fugir de guerras e tentar asilo oficial em países europeus. Em botes e em embarcações superlotadas e sem as mínimos condições de segurança, esses humanos arriscam as próprias vidas (muitos barcos afundaram) sem nenhuma garantia de asilo oficial. Para outros, a travessia é um negócio altamente lucrativo, que pode render por embarcação US$ 1 milhão. São muitos tentáculos do capitalismo, em que a vida importa pouco. Ponte com Brecht.

Deslocamento é uma questão discutida na peça

Em uma cena, depois de anunciar que Kiribati sumiu do mapa, afundou e de já ter citado um trecho do poema O Rio (Para os bichos e rios / nascer já é caminhar), Giordano propõe um jogo a Mário Sergio e Parmera. Os dois, como representantes das duas maiores potências, terão que chegar a um acordo para salvar o mundo. É um diálogo surreal, em que nenhuma parte cede, e a conversa vai ficando cada vez mais insana, com proposta de matar populações inteiras de uma determinada região. Em um jogo de afrontamento direto, o coletivo expõe o esfacelamento da ética, as engrenagens de manutenção de poder e a guerra como saída para o impasse defendida sempre pelos capitalistas.

Todos os dias temos notícias de demonstrações de desumanidades. Em 24 de janeiro o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi assassinado a pauladas por um grupo de homens, na barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Moïse teria ido cobrar o pagamento de diárias atrasadas no quiosque em trabalhava por comissão. No dia 19 de janeiro, o fotógrafo suíço René Robert morreu aos 84 anos de hipotermia, após longa exposição ao frio intenso. Ele desmaiou em uma rua de Paris e ficou sem ajuda por nove horas. Esses dois fatos não são citados na cena do Magiluth. Mas ecoa no ar como espirito desse tempo, sim. 

A humanidade está doente, não há dúvidas. Intolerância, racismo e xenofobia são sintomas dessa deterioração.

Mas apesar de todo esse quadro difícil, Estudo Nº1: Morte e Vida aponta para / e aposta na vida. No seu desejo de convívio, o grupo convoca o espectador a atuar no jogo cênico no entusiasmado grito dos grevistas. Severino está sinalizando alguma saída. Olé, olé, olá, Severino, Severino.

Depois de tantas palavras, o espetáculo prossegue reverberando de afetos.

 

* Assisti ao espetáculo Estudo Nº1: Morte e Vida na estreia, dia 28 de janeiro e no domingo, dia 30 de janeiro.
** Nessas duas sessões, o diretor-assistente/ diretor musical Rodrigo Mercadante substituiu Lucas, que estava positivado com Covid-19 naquela semana. 

Ficha técnica:
Criação e realização: Grupo Magiluth
Direção: Luiz Fernando Marques
Assistente de direção e direção musical: Rodrigo Mercadante
Dramaturgia: Grupo Magiluth
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral
Produção: Grupo Magiluth e Amanda Dias Leite
Produção local: Roberto Brandão

Estudo Nº 1: Morte e Vida, com o grupo Magiluth
Quando: De 28 de janeiro a 6 de março de 2022, sextas e sábados às 21h, domingos, às 18h
Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga – São Paulo SP)
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos

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Suspense de Stephen King no palco do Porto Seguro

Mel Lisboa, Marcello Airoldi no espetáculo Misery. Foto: Divulgação

O suspense é adaptado do romance Misery – Louca Obsessão, do autor norte-americano Stephen King

A direção é assinada por Eric Lenate 

Misery Chastain é uma personagem criada pelo famoso escritor Paul Sheldon (Marcello Airoldi). Quando sofre um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira Annie Wilkes (Mel Lisboa). Ela é uma leitora voraz da obra de Sheldon e se autointitula principal fã do autor. Quando descobre o desfecho trágico da personagem Misery, ela fica revoltada e o submete a uma série de torturas e ameaças.

O romance Misery – Louca Obsessão, escrito nos anos 1980 pelo autor norte-americano Stephen King, ganha nova montagem brasileira com direção de Eric Lenate tradução e adaptação de Claudia Souto e Wendell Bendelack, produção e realização de Bruna Dornellas e Wesley Telles, da WB Produções. Misery estreia nesta sexta-feira, 4 de fevereiro, onde fica em cartaz até 27 de março no Teatro Porto Seguro, em São Paulo.

O encenador Eric Lenate aponta como diferencial de sua montagem o tratamento dado à enfermeira Annie Wilkes, que, na sua opinião, sempre foi exposta no teatro e no cinema de forma estereotipada, como louca e histérica, enquanto Paul ocupava sempre o papel de vítima. “Procuramos nesta montagem trazer uma Annie mais esférica, olhar para dentro dela e ampliar as possíveis leituras desta obra para além daquela que coloca o gênero feminino no lugar da instabilidade trágica que precisa ser comandada pelo masculino” assinala o diretor.

Lenate, que também assina a arquitetura cênica e os adereços, optou por um cenário circular, que camufla alguns elementos quando mostra outros, uma estratégia cênica que provoca uma ilusão de ótica no público, com o ajuda do desenho de luz de Aline Santini.

Misery foi montada no Brasil em 1994, sob o título de Obsessão, dirigida por Eric Nielsen e tinha como o casal protagonista Débora Duarte e Edwin Luisi. Em 2005, Marisa Orth e Luís Gustavo interpretarem a peça sob direção do espanhol Ricard Reguant.

Entre as versões internacionais, destacam-se a montagem da Broadway protagonizada por Bruce Willis e Laurie Metcalf em 2015 (por sua interpretação, Laurie foi nomeada para o Tony Award de Melhor Atriz de Teatro) e a versão mexicana de 2011, com o ator Demián Alcázar e Itatí Cantoral. Ao todo, Misery já foi montado para o teatro em dez países.

Uma filmagem de 1990 tornou-se uma das adaptações mais conhecidas a partir da obra de King e consagrou-se como sua terceira maior bilheteria no cinema, atrás de The Green Mile e 1408. Kathy Bates ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação. Na obra cinematográfica James Caan interpreta Paul Sheldon e a direção é assinada por Rob Reiner.

FICHA TÉCNICA
Texto Original: Stephen King.
Dramaturgia: William Goldman.
Tradução/Adaptação: Claudia Souto e Wendell Bendelack.
Elenco: Mel Lisboa, Marcello Airoldi e Alexandre Galindo.
Direção Artística: Eric Lenate.
Direção De Produção: Bruna Dornellas e Wesley Telles.
Desenho De Luz: Aline Santini.
Arquitetura Cênica e Adereços: Eric Lenate.
Figurinos: Leopoldo Pacheco e Carol Badra.
Visagismo: Leopoldo Pacheco.
Assistente de Figurino e Visagismo: Bruna Recchia.
Trilha Sonora, Sonoplastia e Engenharia De Som: L. P. Daniel.
Direção Audiovisual: Júlia Rufino.
Assistente de Iluminação: Vinicius Andrade
Direção de arte projeções: Sylvain Barré
Fotos: Leekyung Kim.
Criação da Arte: Leticia Andrade.
Assistência de Direção: Mariana Leme.
Produtor Assistente: Tiago Higa
Assistência de Desenho de Luz e Operação Técnica: Clara Caramez.
Assistência de Engenharia de Som e Operação Técnica: Rodrigo Florentino.
Assistência de Vídeos e Operação Técnica: Vj Alexandre Gonzalez.
Direção Cenotécnica: Evas Carretero e Rafael Boesi.
Serralheria: José da Hora.
Designer Gráfico: JLStudio.
Mídias Sociais:  Agência Taga.
Coordenação Administrativa: Letícia Napole.
Assessoria Jurídica: PMBM Advocacia.
Assessoria Contábil: Leucimar Martins.
Gestão de Patrocínio: Mina Cultural Consultoria.
Marketing Cultural e Assessoria de Mídia: R+Marketing.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Pombo Correio.
Apresentado Por: Ministério do Turismo.
Patrocínio: ArcelorMittal e Porto Seguro.
Produtor Associado: WB Entretenimento
Realização: WB Produções.
* Misery é patrocinado pela ArcelorMittal e Porto Seguro através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo.

MISERY
Quando: De 4 de fevereiro a 27 de março (sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h). As sessões aos domingos contam com intérprete de Libras
Onde: Teatro Porto Seguro – Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo. Telefone (11) 3366.8700
Ingressos: Plateia: R$ 80 / Frisas e balcão: R$ 60
Classificação: 14 anos
Duração: 120 minutos
Gênero: Suspense
Bilheteria: Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.
Clientes Cartão Porto Seguro têm 50% de desconto.
Clientes Porto Seguro têm 30% de desconto.
Vendas: www.sympla.com.br/teatroportoseguro
** Para acessar o Teatro Porto Seguro, será necessário apresentar o comprovante de vacinação contra a Covid-19 original ou digital (disponível nas plataformas ConectSUS, e-SaúdeSP e Poupatempo), conforme os protocolos das autoridades sanitárias. Além disso, é obrigatório o uso de máscaras antes, durante e após o espetáculo.

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RecorDança reconecta sua própria história

Acervo RecorDança comemora 18 anos com ações pedagógicas e lançamento do novo site. Foto: Ju Brainer

Dor de Pierrot . Foto: Ju Brainer / Divulgação

Gardenia em Dor de Pierrot . Foto: Ju Brainer / Divulgação

Exposição 10 anos Acervo RecorDança,  no Espaço Cultural dos Correios

Exposição 10 anos Acervo RecorDança no Espaço Cultural dos Correios

Quatro pesquisadoras do RecorDança

As escolhas podem definir os trajetos, o luzir no mundo, os destinos. O Coletivo pernambucano RecorDança sabe bem disso e compartilha seu baú de experiências e aponta suas escalações para os próximos tempos. O projeto Reconectando a própria história – Acervo RecorDança foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020 e nesta quinta-feira, 3 de fevereiro, às 19h, o grupo apresenta em seu perfil do Instagram @acervorecordanca o primeiro de quatro encontros on-line, que traçam pedagogicamente a memória e a difusão da dança. As lives mostram as seleções curatoriais, metodologias de trabalho e concepção de criação do site. As escolhas curatoriais descentradas, as metodologias de trabalho e a concepção de criação da plataforma virtual estão na pauta da live de estreia do projeto.

A agenda celebra os 18 anos do grupo, criado para trabalhar o conhecimento, a preservação e difusão da memória da dança em Pernambuco. O RecorDança é conduzido por sete pesquisadoras da área: Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer, Liana Gesteira, Roberta Ramos, Taína Veríssimo e Valéria Vicente. Para as pesquisadoras, a agenda com a memória é, entre outras coisas, um exercício de construção de consciências: de si, do seu entorno, do seu tempo histórico, do seu fazer, de toda uma rede. E que o projeto marca de forma positiva e contundente a posição das danças pernambucanas no cenário estadual e nacional, com todas as suas diversidades, divergências, complexidades e polifonias.

A ação Residência artística Danças, memórias e pandemia: caminhos de curar ocorre nos dias 9 e 10 (quarta e quinta-feira), via Zoom, e busca trocar experiências com artistas e grupos interessados em curadorias e a dar visibilidade a produções artísticas realizadas durante a pandemia. Quinze vagas estão disponibilizadas a partir deste dia 3, que podem ser feitas gratuitamente na plataforma Sympla. 

O  resultado da residência Danças, memórias e pandemia: caminhos de curar será transmitido no  perfil do Instagram do RecorDança em uma outra live, no dia 11, às 19h. Na ocasião, o grupo anuncia a atividade Ocupe RecorDança: Danças, memórias e pandemia, de ocupação das mídias sociais do Acervo RecorDança, programada para acontecer entre os dias 14 e 18 de fevereiro.

O arremate do projeto será no dia 23 de fevereiro, às 18h, com o lançamento do novo site do Acervo RecorDança www.acervorecordanca.com. A plataforma conecta, por links, documentos, fotos, programas, vídeos, áudios, entrevistas, pesquisas, reflexões e informações das diferentes etapas do acervo. O site também poderá ser acessado por celular, além de oferecer ferramentas de acessibilidade para pessoas com baixa visão e daltonismo, através de recursos de alto contraste e dimensão das fontes.

Informações atualizadas sobre cada ação podem ser encontradas também nos perfis do Acervo RecorDança no Instagram (@acervorecordanca) e no Facebook (acervo.recordanca).

SERVIÇO:
Rumos Itaú Cultural 2019-2020
Reconectando a própria história – Acervo RecorDança
 
Live Reconectando a própria história
Dia 3 de fevereiro (quinta-feira), às 19h
Em: @acervorecordanca
Encontro Residência artística Danças, memórias e pandemia: caminhos de curar
Dias 9 e 10 de fevereiro (quarta e quinta-feira)
Das 14h30 às 18h30
Em: Zoom
Inscrições gratuitas pelo Sympla
15 vagas

Live Danças, memórias e pandemia: caminhos de curar
Dia 11 de fevereiro (sexta-feira), às 19h
Em: @acervorecordanca
OCUPE RecorDança: Danças, memórias e pandemia 
De: 14 a 18 de fevereiro

Lançamento do novo site do Acervo RecorDança
Dia: 23 de fevereiro, às 18h
Em www.acervorecordanca.com

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Morte e Vida Severina na visão do Magiluth

Estudo1 Morte e vida. Foto: Vitor Pessoa / Divulgação

Pernambuco é um celeiro de escritores e poetas, com obras importantes para a literatura brasileira. João Cabral de Melo Neto (1920-1999) é um dos grandes, adverte de cara o ator Giordano Castro ao ser perguntado sobre a escolha do texto. O centenário do poeta pernambucano ocorreu em 2020 no auge do isolamento social. Se o mundo não tivesse parado, a montagem do Grupo Magiluth inspirada em Morte e Vida Severina – Um Auto de Natal teria estreado para celebrar os 100 anos do autor de O Cão Sem Plumas. Muita coisa pifou com a pandemia da Covid-19. O trabalho do Magiluth, que primeiro seria um espetáculo de rua, ganhou outras feições durante esse percurso. Chega ao palco do Teatro Ipiranga, em São Paulo, como Estudo Nº1: Morte e Vida.

Com encenação de Luiz Fernando Marques, Lubi, parceiro da trupe pernambucana desde 2012 e diretor dos espetáculos Aquilo que meu olhar guardou para você e Apenas o Fim do Mundo, esse último juntamente com Giovana Soar, essa quase “peça-palestra”, vale-se do livro como disparador para discussões das migrações contemporâneas, a questão climática, da seca, e a repercussão na vida de pessoas de várias partes do planeta. Perpassada pela política, a montagem expande a figura do Severino para fluxos mundiais de deslocamentos.

O estudo do título expõe elementos que muitas vezes ficam ocultos nas encenações, como os sistemas de som e luz. A direção musical é de Rodrigo Mercadante, que reforça a ideia dos ciclos de vida e morte da peça em sua trilha, com sonoridades originais e músicas de artistas do punk e do hardcore de Pernambuco.

O retirante Severino, protagonista da peça cabralina, se apresenta como sujeito individual e coletivo. Ao investigar as migrações forçadas, o Estudo Nº1: Morte e Vida cavouca as perspectivas geográficas, simbólicas e humanas dos impulsos que se deslocam.

Entrevista || Giordano Castro 

Por que João Cabral?

É importante levar em consideração que Pernambuco é um estado com muitos escritores, muitos poetas que têm uma obra importantíssima para a literatura brasileira. E de um caráter estético muito inovador e peculiar. Cada um tem uma identidade muito forte. Dentre eles, João Cabral é um dos que chama bastante atenção para a gente por causa da questão do rebuscamento da própria escrita. Algo que ele levava com muito cuidado e muita atenção. Ele é conhecido por ser um poeta que lapidava muito os seus trabalhos e que ainda assim conseguia manter uma dureza naquilo ele falava.

Para nós, Morte e Vida Severina – apesar de ser uma obra que João Cabral não era muito carinhoso por ela – guarda uma célula muito potente de apontamentos de caminhos para abrir discussões. É como se dentro daquele poema-peça ele abrisse muitas questões. Ele não fala apenas sobre um homem que se vê na necessidade de migrar por problemas naturais e da seca, o que não seria pouca coisa, mas ele coloca questões sobre o trabalho, sobre o próprio homem, sobre a característica desse homem, sobre a terra, sobre a reforma agrária. Enfim, são muitos apontamentos e talvez esse trabalho tenha chamado a atenção da gente por causa disso. E dentro do Magiluth cada um foi atravessado por algo diferente, então acaba sendo uma poesia muito plural de abordagem. E a própria palavra, a forma como ele, João Cabral, como escolhe as palavras dentro do seu poema e como aquelas palavras têm uma maneira de organizar aquela poesia. A escolha foi por uma questão estética mesmo e também por uma questão política.

As migrações e travessias são marcas de cada tempo, que traduzem colonizações e buscas por territórios. Como o Magiluth atualiza esses movimentos nesta montagem?

As questões de migração e de travessia como você fala, de fato, são coisas que continuam acontecendo. Desde a ideia da existência humana até os dias de hoje a necessidade de migrar se faz. A gente sempre entende isso como um movimento político. Nas migrações hoje temos encontros com outros Severinos. O Severino que João Cabral aborda, nordestino, ganha ares mundiais. A gente entende hoje que os Severinos não são somente outros sotaques, mas outras línguas. As questões climáticas que fizeram com que o Severino do Morte e Vida saísse da sua região, hoje atinge e vai continuar atingindo e piorando para cada vez mais outras pessoas. Serão outros Severinos saindo de Quiribati, que vão começar a sair das cidades mais baixas do mundo depois do aquecimento global, com o derretimento das geleiras e o aumento dos oceanos. Serão Severinos americanos, italianos, recifenses. E essas questões climáticas, elas estão – hoje e ontem – absolutamente ligadas às questões políticas – como o homem politicamente usa a natureza, como como tudo isso interfere em ganhos, na estrutura, está tudo interligado

O que essa pandemia trouxe para o trabalho de vocês?
A pandemia, o que a gente consegue falar em muitas camadas. Ela foi desesperadora no começo, forçar o Magiluth a uma série de situações, parar as atividades e tudo mais. Depois ela foi uma descoberta para gente, o que gerou os três trabalhos online – (uma trilogia de experimentos sensoriais em confinamento, composta pelas obras Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias possíveis e Virá)

Mais especificamente falando do Estudo Nº1: Morte e Vida, a pandemia deu um molde poético para o trabalho. O trabalho começou a ser pensado no final de 2019, passou por muitas possibilidades. Esse espetáculo já foi pensado, por exemplo no princípio, de um espetáculo de rua; depois foi pensado para se fazer no palco; depois ele virou o estudo. E a cada retomada por causa da pandemia, a gente também se encontrava com uma nova proposta poética. E aí eu acho que o resultado é uma soma de todos os momentos. Eu acho que a gente conseguiu amontoar todos eles.

Ficha Técnica
Criação e realização: Grupo Magiluth
Direção: Luiz Fernando Marques
Assistente de direção e direção musical: Rodrigo Mercadante
Dramaturgia: Grupo Magiluth
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral
Produção: Grupo Magiluth e Amanda Dias Leite
Produção local: Roberto Brandão

Estudo Nº 1: Morte e Vida, com o Grupo Magiluth
Quando: De 28 de janeiro a 6 de março de 2022, sextas e sábados às 21h, domingos, às 18h
Onde: Sesc Ipiranga )Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga – São Paulo SP)
Quanto: R$ 40(inteira) e R$ 20 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos

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Travessias – Como Permanecemos Vivas?
na programação do Itaú Cultural

Lu Favoreto. Foto Luciana Canton / Divulgação

Como já disse Lygia Clark, a arte é uma reserva ecológica das espécies invisíveis que habitam nosso corpo-bicho. Uma nascente inesgotável para os enfrentamentos.

Desde o começo da pandemia da Covid-19, os artistas foram forjados a se reinventar, criar outras possibilidades de existência. O projeto Travessias – Como Permanecemos Vivas? (primeiro Palco Virtual de Cênicas de 2022, do Itaú Cultural) investiga como as linguagens artísticas operaram como instrumento de cura do indivíduo e da sociedade durante a pandemia. A cura vista de forma ampla, como força de transformação e autoconhecimento, ressignifição, comunicação, empatia, expressão e imaginação.

O programa Travessias bate o tambor para questões bem urgentes, sobre a sobrevivência cultural durante a pandemia, numa pauta híbrida e multifacetada. Nos dias 22 e 23, e 29 e 30 (sábados e domingos), oito artistas de diferentes linguagens apresentam performances híbridas – entre gravações e momentos ao vivo – sobre como a arte revitalizou e transformou os artistas nos últimos anos. São eles: o artista visual Denilson Baniwa (AM), a artista da dança Lu Favoreto (PR/SP), a cantora Filipe Catto (RS), o autor João Silvério Trevisan (SP), o artista da dança Eduardo O. (BA), a dramaturga Onisajé (BA), a artista Marta Aurélia e a indígena multiartista Zahy Guajajara (MA). A transmissão é on-line é realizada em dois finais de semana, com performances e trocas ao vivo

O evento idealizado pelo ator, produtor e diretor Aury Porto e realizado pelo IC é gratuito, transmitido pela plataforma Duas performances são exibidas por dia, seguidas de uma conversa entre artistas e plateia. Os bate-papos são mediados pela dramaturga e psicanalista Cláudia Barral e por Aury Porto. Os ingressos devem ser reservados pela Sympla. Mais informações no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

Denilson Baniwa. Foto Denilson Baniwa

João Silvério Trevisan. Foto Divulgação

Onisajé. foto Fabíola Nansurê

Edu-O. Foto Nei Lima

Denilson Baniwa é um artista amazonense, de Mariuá, Rio Negro, que desbravou caminhos para o protagonismo dos indígenas no território nacional. Artista antropófago, Denilson Baniwa apropria-se de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Lu Favoreto, artista da dança paranaense radicada em São Paulo, onde dirige a Cia. Oito Nova Dança. Atua como intérprete, coreógrafa, professora e orientadora corporal nas artes cênicas. O trabalho de cada um dos artista abre a programação no dia 22 (sábado), às 20h.

A cantora gaúcha Filipe Catto e a dramaturga baiana Onisajé são as convidadas do domingo, 23, às 19h. “Os conservadores estão tapando o sol com a peneira. Continuaremos aqui. Continuaremos nascendo e vivendo e criando. A sensibilidade das pessoas LGBTQIA+ sempre foi o que moveu o mundo das artes.”, já disse Catto em entrevista, ela que é uma artista trans não binária, compositora, artista visual, performer, produtora musical e designer que trabalha um cruzamento entre música e imagem.

Fernanda Júlia Onisajé só nasceu carioca mas é baiana por opção, encenadora-fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). Mestre e doutora em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Onisajé é dramaturga e pesquisadora das religiões de matrizes afro-brasileiras com foco nas religiões de matriz africana.

O cruzo da segunda semana do Travessias (sábado, 29, a partir das 20h) reúne performances do artista baiano da dança e do teatro Eduardo O. e do romancista, contista, ensaísta, roteirista, diretor de cinema e dramaturgo João Silvério Trevisan, de São Paulo. Edu O. dirige o Grupo X de Improvisação em Dança e é co-fundador do Coletivo Carrinho de Mão. Trevisan é autor de vários livros, entre eles A idade de ouro do Brasil e Devassos no Paraíso – este, um estudo pioneiro sobre a homoafetividade no Brasil.

A cantora cearense Marta Aurélia e da multiartista maranhense Zahy Guajajara fecham a programação no dia 30. Marta Aurélia estuda a relação estreita entre vida e arte. Zahy compartilha os conhecimentos ancestrais, adquiridos em uma trajetória iniciada na aldeia Colônia, que fica na reserva indígena Cana Brava, onde nasceu.

SERVIÇO:
Palco Virtual – Cênicas
Travessias – Como Permanecemos Vivas?

22 de janeiro (sábado) às 20h
Denilson Baniwa e Lu Favoreto

23 de janeiro (domingo) às 19h
Filipe Catto e Onisajé

29 de janeiro (sábado) às 20h
Edu O. e João Silvério Trevisan

30 de janeiro (domingo) às 19h
Marta Aurélia + Zahy Guajajara

Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br

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