Para percorrer as nervuras do mundo, palestra não acadêmica com Rabih Mroue

Estreia mundial de Antes de cair procure o amparo da sua bengala, do libanês Rabih Mroue ocorre nesta segunda-feira (23), às 19h, em apresentação única e gratuita via YouTube da Complexo Sul. Foto: Bobby Rogers

O trabalho que o diretor de teatro, performer, dramaturgo e artista visual Rabih Mroué desenvolve é simplesmente apaixonante. Se pensarmos em temática ampla, ele vasculha vida e morte. Para quem cresceu atravessado pela experiência da Guerra Civil Libanesa (1975-1990), ele tem muito a questionar. E o artista nos envolve com perguntas ampliadas sobre a representação, o poder das imagens e a natureza subjetiva da história. A política contemporânea do Oriente Médio pulsa nas suas obras, que ardem de dúvidas sobre o estado da humanidade. Suas investigações sobre o estatuto das imagens e sua influência na percepção já levaram esse libanês radicado Beirute a muitos lugares do mundo. Inclusive ao Brasil. Mroué participou da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, em 2017, com três peça Revolução em pixels (2012), Cavalgando nuvens (2013) e Tão pouco tempo (2016).

Rabih Mroué já disse que considera o teatro e as artes como a filosofia, que, talvez, não possam mudar o mundo, mas podem fabricar novas inquietações, inspirações, estímulos a novos debates. A palestra não acadêmica Antes de cair procure o amparo da sua bengala versa sobre arte e esfera pública, o que inclui um instigante diálogo sobre legitimação da arte e dos artistas e esgarça ainda mais os limites entre ficção e realidade. Quais são as fronteiras entre arte e vida quando estas se encontram fora da instituição da arte? Como um objeto de arte perde a sua definição enquanto arte, e se torna um objeto-ameaça? São instigações que desencadeiam e se entrelaçam com outras histórias, como os panfletos de aviso jogados por aviões de guerra estadunidenses em diferentes ocasiões, como os bombardeios a Hiroshima e Nagasaki (1945), a Guerra do Iraque (2003-2011) e a Guerra Civil Libanesa (1975-1990).

Com estreia internacional na Complexo Sul 2020, nesta segunda-feira, 23/11, no canal YouTube do Complexo Duplo (youtube.com/complexoduplo), Antes de cair procure o amparo da sua bengala teve como disparador um incidente que envolveu a polícia de Salzburgo, acionada para deter uma suposta ameaça aos cidadãos numa exposição de Mroué numa galeria na Áustria. A apresentação online ao vivo é em inglês com legendas em português e não ficará gravada. Após a apresentação, segue uma conversa com o artista, com tradução consecutiva, tendo como provocador o crítico de teatro e professor de filosofia Patrick Pessoa e mediação de Daniele Avila Small.

Nesta segunda edição da Complexo Sul, toda online, a reflexão e a experimentação da linguagem da palestra-performance norteiam as atividades deste ano de 2020, em novembro e dezembro.

A primeira parte da programação, ocorreu de 2 a 17 de novembro, no Palco Virtual do Itaú Cultural. A segunda parte da programação segue até 18 de dezembro, no canal do YouTube do Complexo Duplo. Esta edição da Complexo Sul conta com o Itaú Cultural, o Goethe Institut e o Consulado Geral da República Federal da Alemanha no Rio de Janeiro como realizadores.

OUTRAS AÇÕES – OFICINAS

Plataforma de intercâmbio internacional para artistas da cena, a Complexo Sul aposta na incrementação da tarefa criativa na perspectiva de que encenação, dramaturgia e pensamento crítico constituem faces de um mesmo trabalho, intrincados e interdependentes. Do Rio de Janeiro, os diretores artísticos do Complexo Duplo, Felipe Vidal e Daniele Avila Small, associados ao curador e produtor Paulo Mattos, investem em inscrever o Brasil no circuito de ações latino-americanas, para reforçar o diálogo da cultura teatral no continente.

As inscrições para os laboratórios criativos da Complexo Sul 2020 foram prorrogadas e podem ser feitas até o dia 25/11. Cada participante pode se inscrever em apenas um dos laboratórios. Os laboratórios conduzidos por Daniele Avila Small e Felipe Vidal serão realizados em português. A oficina de Andrés Castañeda, em espanhol. Em todos eles, haverá uma monitora presente para colaborar com o intercâmbio entre falantes de português e espanhol. Candidaturas podem ser feitas no site Complexo Sul – Plataforma de Intercâmbio Internacional, complexosul.com.br

Andrés Castañeda, do Mapa Teatro Laboratório de Artistas, da Colômbia. Foto: Reprodução do Facebook

SITIO SPECIFIC, UNA PUESTA ON-LINE
OFICINA ONLINE COM ANDRÉS CASTAÑEDA
Segundas e quartas das 15h às 18h, pelo Zoom
De 07.12.20 a 16.12.20

O artista interdisciplinar, ator, performer e diretor Andrés Castañeda, mestre em Teatro e Artes Vivas pela Universidade Nacional da Colômbia e integrante do Mapa Teatro Laboratório de Artistas, vai investir no site site-specific. Pode ser casa, escritório, rua, automóvel, edifício. O termo se refere a um tipo de trabalho especificamente desenhado para um lugar em particular, no qual se pretende uma interação única com o espaço. O laboratório se propõe a investigar as casas como ambientes de confinamento durante pandemia, numa condição de site specific (o banheiro, a cozinha, o quarto, a janela), para desta vez colocar estes lugares no plano da construção e da criação-poética. O trabalho será desenvolvido a partir dos textos: Espécies de espaços, de George Perec, Corpos dóceis, de Michel Foucault e O livro das passagens, de Walter Benjamin. A oficina será realizada em espanhol, com a presença de uma monitora para colaborar com o intercâmbio entre falantes de português e espanhol
Carga horária: 12 horas
Número máximo de participantes: 10
As inscrições devem ser feitas até o dia 25 de novembro pelo formulário https://forms.gle/W9vXSbypEcXEon327

Daniele Avila Small. Foto: Reprodução do Instagram

MUSEU, TEATRO E HISTÓRIA
LABORATÓRIO CRIATIVO ONLINE COM DANIELE AVILA SMALL
Encontros coletivos às terças e sextas das 10h às 12h, pelo Zoom
De 01.12.20 a 18.12.20
A crítica, pesquisadora e curadora de teatro Daniele Avila Small, Doutora em Artes Cênicas pela UNIRIO, vai ministrar o laboratório, que busca é reunir artistas de teatro para experimentar a criação na linguagem da palestra-performance, tendo como tema as relações possíveis entre teatro e história em museus. Cada participante vai criar, ao longo dos encontros, uma palestra-performance online de curta duração que aborde alguma questão relativa ao tema proposto, exercitando uma espécie de crítica historiográfica das narrativas que aparecem em museus, sítios históricos ou monumentos, bem como as teatralidades dos seus dispositivos de apresentação. O laboratório será realizado em português, com a presença de uma monitora para colaborar com o intercâmbio entre falantes de português e espanhol.
O trabalho é um desdobramento das pesquisas iniciadas com a peça Há mais futuro que passado – Um documentário de ficção, projeto idealizado por Clarisse Zarvos e Daniele Avila Small, e que tem uma filmagem disponível neste link, com opção de legendas em inglês: https://vimeo.com/210527894
Número máximo de participantes: 20
As inscrições devem ser feitas até o dia 25 de novembro pelo formulário https://forms.gle/oFnzYYJbKcHmm7eW7[/caption]

Felipe Vidal. Foto: Reprodução do Instagram

OUTROS MUNDOS
LABORATÓRIO CRIATIVO COM FELIPE VIDAL
Encontros coletivos às terças e quintas das 18h às 20h, pelo Zoom
De 01.12.20 a 17.12.20

O diretor de teatro, ator, dramaturgo, tradutor e preparador de elenco de cinema e TV Felipe Vidal vai conduzir esse laboratório para dialogar com as canções do lado B do álbum Dois da Legião Urbana, continuando a pesquisa para a obra Dois (mundos) do Complexo Duplo. A ideia é que cada participante crie, ao longo dos encontros, uma palestra-performance online de curta duração que dialogue com uma das canções do álbum. Ao final, cada integrante deverá fazer uma apresentação de até vinte minutos. Como a equipe inicial de criação de Dois (mundos) parte do elenco de Cabeça (Um documentário cênico), que é formado só por homens, esta convocatória busca parceiras criadoras mulheres, atrizes e criadoras de teatro e cinema do Brasil e de toda a América Latina. O laboratório será realizado em português, com a presença de uma monitora para colaborar com o intercâmbio entre falantes de português e espanhol.

Link para o primeiro episódio do Lado A de Dois (mundos), Daniel da cova dos leões:
https://www.youtube.com/watch?v=mn8zwrsPm7g

Esse trabalho é também um desdobramento das pesquisas iniciadas com Cabeça (um documentário cênico), espetáculo do Complexo Duplo de 2016 e que tem uma filmagem disponível neste link: https://www.youtube.com/watch?v=7uqaNUpxO6Q

Número máximo de participantes: 18
As inscrições devem ser feitas até o dia 25 de novembro pelo formulário https://forms.gle/mzZDotmYJdLYKgQx8

Postado com as tags: , , , ,

É urgente entender as Histórias de Nossa América

Maria Bonita é ficcionalizada pela dramaturga Dione Carlos e ganha leitura com direção de Malú Bazán

O diálogo histórico, social e político das Crônicas de Nuestra América,- escrita por Augusto Boal quando exilado pelo regime militar brasileiro nos anos 1970 – com os dias de hoje são disparadores que acendem reflexões inadiáveis dos atuais processos políticos novamente conturbados com anúncios e atos da repressão. O texto funciona como bússola para o projeto Histórias de nossas Américas, do Coletivo Labirinto, núcleo de pesquisa e criação cênica de São Paulo, que investiga a relação dos sujeitos com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea.

Essas pequenas histórias da verve mordaz e bem-humorada de Boal foram escritas entre 1971 e 1976, no exílio forçado do dramaturgo em Buenos Aires, publicadas pelo jornal O PASQUIM, e lançadas em conjunto em 1977. Documento da época obscura das ditaduras, a escritura de Augusto Boal entra em diálogo com uma tendência do teatro contemporâneo de trazer a política do cotidiano para a arte. No programa Histórias de nossas Américas, do Labirinto, pulsa questões sobre as causas que desorientam pessoas e as conduzem a oprimir o outro e a si próprias.

Nesse conjunto de ações continuadas do Coletivo , o projeto Histórias de Nossa América inclui a montagem de dois espetáculos inéditos, a circulação de seu repertório por escolas públicas, um laboratório permanente de pesquisa aberto ao público, a criação e lançamento do site, a primeira edição da Revista impressa O Labirinto e um Ciclo de Leituras Encenadas de dramaturgia latino-americana. A programação começa nesta quarta-feira, 18/11, com a leitura interpretada de Bonita, texto de Dione Carlos, com direção de Malú Bazán, sobre a mulher mais famosa do Cangaço.

O Ciclo de Leituras destaca nove textos de nove países latino-americanos, escritos nos últimos 10 anos e que carregam relações entre os processos estéticos e políticos de cada região. São textos de autores do Uruguai, Peru, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Equador, Cuba e Brasil, que traçam um breve retrato da produção dramatúrgica contemporânea na América Latina.

São 9 encontros semanais, em três fases (novembro, janeiro e fevereiro). Cada leitura dramatizada conta com uma direção diferente, potencializando essas dramaturgias em diálogo com a perspectiva estética dos encenadores convidados. Ao final de cada leitura, o Coletivo promove uma reflexão com o público sobre os dispositivos e procedimentos utilizados, temáticas e abordagens.

Os encontros ocorrem às quartas-feiras, às 20h, por uma plataforma de vídeo-chamada. A entrada é gratuita. Para participar, basta preencher breve inscrição (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScd_5haIRjAFwHDeMW1V43oVT6Pw2hZmD5M61A01Mz0-1jRdA/viewform), disponibilizada nas redes sociais do Coletivo Labirinto (@coletivo.labirinto) no início de cada semana de evento.

A realização desse Ciclo de Leituras Encenadas também envolve a tradução de oito textos teatrais de língua espanhola para a portuguesa, realizada pelos integrantes do Coletivo Labirinto, com revisão da encenadora e tradutora Malú Bazán. Essa compilação é a base para a formação de um acervo digital permanente, que será disponibilizado gratuitamente no site do Coletivo.

O projeto Histórias de Nossa América foi selecionado pela 35ª. Edição do Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo, que começa com o Ciclo De Leituras Encenadas e prevê para o primeiro semestre de 2021 a montagem do espetáculo Onde Vivem Os Bárbaros.

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 01 – NOVEMBRO DE 2020

18/11 – BONITA, de Dione Carlos – Brasil (2015); direção: Malú Bazán
A vida de Maria Bonita (1911-1938), sua relação com a sexualidade, a violência e o companheiro Lampião norteiam a trama e apresenta a participação das mulheres no Cangaço.

25/11 – EU QUIS GRITAR, de Tânia Cárdenas Paulsen – Colômbia (2017); direção: Érica Montanheiro
Nina e seu marido. A deterioração da relação do casal e a metamorfose de Nina, depois de  passar por zonas de extrema violência, ela vai se transformando em uma mulher que, pouco a pouco, devora seu esposo.

02/12 – A VIDA EXTRAORDINÁRIA, de Mariano Tenconi Blanco – Argentina (2018); direção: Lavínia Pannunzio
Aurora e Blanca são amigas de uma vida toda. Sem grandes conquistas, histórias trágicas ou aventuras inesquecíveis, Aurora é professora, tem um filho, um amante, um marido. E escreve poesia. Blanca é costureira, mora com a mãe, tem um namorado, depois outro, depois outro, sofre sempre. E também escreve poesia. 

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 02 – JANEIRO DE 2021

20/01 – IF – FESTEJAM A MENTIRA, de Gabriel Calderón – Uruguai (2018); direção: Carlos Canhameiro
Uma família perde o avô e terá dificuldades para lhe dar um enterro decente. Os sobreviventes, carregam a herança de erros e problemas não resolvidos, a acumulação histórica de tudo que é negativo e de tudo que é positivo.

27/01 – SOPA DE TARTARUGA, de Ana Melo – Venezuela (2017); direção: Rudifran Pompeu
Oito venezuelanos se encontram uma noite em um bistrô parisiense. Cada um deles personifica a Venezuela e a carrega como um casco de tartaruga. Mas algo que não esperavam acontece naquela noite. A obra é sobre a migração venezuelana e suas contradições, esperanças e frustrações.

03/02 – A REPÚBLICA ANÁLOGA, de Aristides Vargas – Equador (2010); direção: Dagoberto Feliz
Comédia que foca um grupo de intelectuais que, contrários à realidade que vivem em seu país, decidem formar uma nova república. Esse grande projeto será constantemente prejudicado por pequenos acidentes, entre cômicos e patéticos, que os farão enfrentar a realidade e as dificuldades para construir o país com o qual sempre sonharam.

CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – FASE 03 – FEVEREIRO DE 2021

24/02 – SÊMEN, de Yunior García Aguilera – Cuba (2012); direção: Joana Dória
Parte do decálogo As 10 Pragas, a trama de Sêmen gira ao redor de uma família disfuncional – uma mãe que já não está mais, um pai anacrônico e duas filhas que veem o assassinato e a prostituição como formas para tentar sair do país. 

03/03 – LAPEL DUVIDE, de Vanessa Vizcarra – Peru (2017); direção: Rubens Velloso
Toda vez que olha para o vazio, Lapel sente vontade de se lançar. É sua condição de nascência. Ele não se sente atraído pela morte, mas pela queda. Ele busca evitar todos os acidentes, mas está cada vez mais difícil. Lapel vive em uma cidade sob um regime político autoritário, com a população insatisfeita, entretanto é difícil rebelar-se.

10/03 – VIENEN POR MI, de Claudia Rodriguez – Chile (2018); direção: Janaína Leite
Com o objetivo é incentivar a biografia de travestis, transgêneros e transexuais, fazendo disso uma ferramenta política para quem ainda não disse nada, a peça é fruto de um devir da artista transgênere Claudia Rodriguez. Vienen Por Mi é um texto de poesia e denúncia, que traz um convite para perturbar a autoridade vigente de forma rude e coreográfica. É um ensaio inesgotável entre arqueologia, maquiagem e filosofia travesti, para propor metáforas que produzem pontes entre imagens e textos de xamãs, deusas, virgens, santas e loucas, num único corpo. Com: Fábia Mirassos.

FICHA TÉCNICA – CICLO DE LEITURAS ENCENADAS – HISTÓRIAS DE NOSSA AMÉRICA

ELENCO: Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez, Fábia Mirassos, Jhonny Salaberg, Marina Vieira, Ton Ribeiro e Wallyson Mota
DIRETORES CONVIDADOS: Malú Bazan, Érica Montanheiro, Lavínia Pannunzio, Carlos Canhameiro, Rudifran Pompeu, Dagoberto Feliz, Joana Dória, Rubens Velloso e Janaína Leite
AUTORES: Dione Carlos (Brasil), Tânia Cárdenas Paulsen (Colômbia), Mariano Tenconi Blanco (Argentina), Gabriel Calderón (Uruguai), Ana Melo (Venezuela), Aristides Vargas (Equador), Yunior García Aguilera (Cuba), Vanessa Vizcarra (Peru) e Claudia Rodriguez (Chile).
TRADUÇÃO: Coletivo Labirinto e Malú Bazán

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Carne da palavra para saudar a arte

As atrizes Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella e Mariana Ximenes estão no espetáculo Cara Palavra, que cumpre a última semana da temporada, com transmissão on-line do Teatro Porto Seguro 

“Se o tempo fosse remédio / Nenhum mal existiria” cravou Emily Dickinson no poema que tensiona a lírica para falar do tempo e seus efeitos. Uma poética cênica que busca traduzir estados provocados pela passagem das horas, que mergulha nas questões atuais e cotidianas deste mundo pandêmico, da suspensão do “normal”, da subversão de um modo de viver são experimentados no trabalho Cara Palavra protagonizado pelas atrizes Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella e Mariana Ximenes.

Com dramaturgia e direção de Pedro Brício, a peça é costurada com trechos de músicas, vídeos, cenas de ficção e textos biográficos. A poesia feminina contemporânea pulsa das obras de autoras como Ana Martins Marques, Angélica Freitas, Conceição Evaristo, Viviane Mosé, Ryane Leão e Natasha Felix. A cada sessão, as atrizes recebem uma escritora em participação especial. As convidadas do último fim de semana são Viviane Mosé (dia 14/11) e Conceição Evaristo (dia 15/11).

Chamado pelos artistas-criadores de sarau poético performático, o espetáculo investe na potência da palavra como forma de expressão intelectual e emocional, de confissão íntima e de atuação no mundo, Cara Palavra tem inserções sonoras de Chuck Hipolitho e Thiago Guerra.

Os temas escolhidos são os que tocam cada atriz, a percepção de cada uma sobre a vida. Elas falam sobre o cotidiano, o amor, a arte, a solidão e a reinvenção em tempos de Covid-19, reflexões sobre distopia, questionamento do universo político, divagações sobre a feminilidade e  valorização da palavra neste momento em que a Arte e a Cultura vêm sendo vilipendiadas pelos poderosos de plantão. 

Nesse formato híbrido, há imagens previamente gravadas, como uma sequência com Bianca Comparato rodada no deserto californiano, que se misturam às cenas ao vivo. Elas atuam de dentro dos seus apartamentos e do Teatro Porto Seguro.  No teatro, fica somente Débora Falabella, que interage com as outras atrizes através de entradas virtuais: Andreia no Rio de Janeiro, Mariana em São Paulo e Bianca na Califórnia, nos Estados Unidos. Os músicos Chuck Hipolitho e Thiago Guerra também se apresentam de seus apartamentos. 

Projeto

As atrizes desejavam realizar algo juntas. O músico Chuck Hipolitho propôs uma junção de música e palavra. O projeto Cara Palavra, que surgiu antes da quarentena, foi formatado no fim de abril, para o Instagram @cara.palavra, com a participação de Gustavo Giglio e Gianluca Misiti. Juntos eles produziram vídeos postados semanalmente, com textos variados de poesias de autoras brasileiras, letras de música, discursos políticos.

Mariana Ximenes. Bianca Comparato, Andréia Horta e Débora Falabella

Ficha Técnica:

Elenco: Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella e Mariana Ximenes.
Dramaturgia e direção: Pedro Brício.
Interlocução artística: Christiane Jatahy.
Produção de Imagem: Gianluca Misiti e Gustavo Giglio.
Direção de fotografia: Azul Serra.
Direção de Palco: Jimmy Wong.
Produção de live, vídeo e sonoplastia: Rodrigo Gava.
Técnico de som e sonoplastia: Danilo Cruvinel.
Trilha sonora original: Chuck Hipolitho e Thiago Guerra.
Pesquisa e co-criação de vídeos: Luli (Fru) Carvalho.
Direção de arte: André Cortez e Stéphanie Fretin.
Colaboração em direção de arte: Luli (Fru) Carvalho.
Comunicação e design: Gustavo Giglio.
Produção: Corpo Rastreado.
Criação do espetáculo: Andreia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella, Mariana Ximenes e Pedro Brício. Idealização do projeto original: Andreia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella, Mariana Ximenes, Chuck Hipolitho, Gianluca Misiti, Gustavo Giglio e Thiago Guerra.

CARA PALAVRA
Até 15 novembro – Sábado e domingo às 20h.
Dia 14/11, sábado, às 20h – Participação especial de Viviane Mosé.
Dia 15/11, domingo, às 20h – Participação especial de Conceição Evaristo.
Ingressos: A partir de R$20.
Classificação: 16 anos.
Duração: 60 minutos.
TEATRO PORTO SEGURO
Vendas exclusivamente on-line no site: http://www.tudus.com.br
Dúvidas: contato@teatroportoseguro.com.br
Atendimento pelo telefone (11) 3226.7300 de sexta a domingo das 14h às 20h.
Cliente Porto Seguro: Na compra de um ingresso antecipado (até um dia antes) receberá um link extra de acesso para convidar alguém.
Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).
Teatro Porto Seguro nas redes sociais:
Facebook: facebook.com/teatroporto
Instagram: @teatroporto
Assessoria de Imprensa Teatro Porto Seguro: Adriana Balsanelli

Postado com as tags: , , , , , ,

Em cena o pensamento preto, no festival Dona Ruth

Naruna Costa, no Dona Ruth Festival de Teatro Negro. Foto: José Holanda / Divulgação

Jhow Carvalho Foto: Minas Produções / 

Dona Ruth: Festival de Teatro Negro em São Paulo é uma festa cênica dedicada exclusivamente ao teatro negro produzido na capital paulista e celebra permanentemente a memória da atriz Ruth de Souza (1921-2019). A programação é online, em respeito às exigências de isolamento devido à pandemia do novo Coronavírus. Em atividade desde o último dia 7, a nova edição do festival segue até o dia 28 de novembro e conta com cerca de 25 atividades gratuitas, como giras de conversa em ações afirmativas, um quilombo artístico pedagógico, espetáculos, experimentos cênicos online, performances e shows.

Os trabalhos são transmitidos ao vivo pelo canal do Dona Ruth:FTNsp no Youtube, sempre às sextas e sábados, e com Reprises às segundas e quintas-feiras, diretamente do Centro de Culturas Negras do Jabaquara Mãe Sylvia de Oxalá e dos teatros Cacilda Becker e Alfredo Mesquita. Todas as atrações artísticas do festival tem recursos de acessibilidade com tradução e interpretação para libras.

A pulsação desta sexta-feira vibra com o espetáculo Canto ao Pé do Ouvido, concebido e com atuação da atriz e diretora Naruna Costa. É um experimento cênico com texto de Marcelino Freire. Apresenta uma mulher, cantora, compositora, preta, que sacoleja os sons de seus pensamentos-ventos-sopros. São ideias que exigem respeito. A direção musical/ sonoplastia é assinada por Dani Nega.

Os que vieram antes de nós são lembrados e saudados na Gira de Conversa Ruth de Souza: A Memória como Fundamento do Teatro, com Jhow Carvalho e Eliane Weinfurter. Nesse debate ao vivo, eles falam das inquietações que atravessam o tempo, inspirados em artistas negras e negros decisivos para o surgimento de espaços próprios de criação e de disputa de imaginários. Subjetividades, presenças e qualidades expressivas de pessoas negras nas artes cênicas, no cinema e na teledramaturgia instigam a discussão.  

Tem muita história instigante neste festival, como a Performance Retrospectiva Preta 2020, em que Grace Passô e Novíssimo Edgar acionam memórias pretas para narram “coisas” que aconteceram durante esse giro da Terra em torno do Sol. A dramaturgia é de Dione Carlos em parceria com os dois atores. Também na pauta o espetáculo Preta Rainha, escrito por Jé de Oliveira, dirigido por Flávio Rodrigues e protagonizada por Aysha Nascimento. A peça ataca a construção violenta das políticas de embranquecimento brasileiro, o epistemicídio através das políticas de miscigenação e a objetificação e coisificação do corpo da mulher negra.

O show Slam Blues – Vocigrafias da atriz-MC Roberta Estrela D’Alva junta a palavra, a música, o improviso e o “spoken-word”, numa viagem musical em que a poesia se abraça o teatro e o hip-hop e se une ao blues.

A Estrangeira, com dramaturgia, direção e sonoplastia de Daniel Veiga e atuação de Fabiana Neves, mostra a dificuldade de uma mulher que está soterrada numa terra estranha após um ataque aéreo. Com o marido soterrado sob ela, e grávida de oito meses, ela não sabe como pedir ajuda, pois não fala a língua do povo dessa terra.

O espetáculo Auto do Negrinho propõe uma reflexão sobre o genocídio da juventude negra nos tempos de hoje, misturando características da literatura de cordel com a sonoridade da congada. A peça conta a história de Negrinho do Pastoreio, uma criança escravizada no Sul do Brasil. Com os atores Cleydson Catarina, Augusto Iúna, Fábio Santos.

Mijiba, A boneca guerreira discute de forma lúdica os problemas enfrentados pelas mulheres negras na sociedade, a partir da encomenda encontrada por dois palhaços carteiros. Com Valmir Cruz e Dede Ferreira e a musicista Girlei Miranda e direção de Paula Klein. Outra para o público infantil apresenta três colhedores de contos que peregrinam pelo continente africano resgatando memórias e alegrando as pessoas no espetáculo Contando África em Contos. Eles narram histórias vividas na Etiópia, Gana e Angola e propõe uma reflexão do que foi e do que é a África e toda sua influência pelo mundo. Com Jefferson Brito e Rita Teles.

O papo é reto nas giras de conversa.

Em Tiranias da Subjetividade, Leda Maria Martins e Rosane Borges reforçam a criticidade para pensar e repensar formas, técnicas, conteúdos e referências para as criações artística das pessoas negras. Elas nos convidam a pensar sobre as armadilhas que, no contexto de uma sociedade racista e capitalista, atravessam os processos criativos.

Já Adriana Paixão e Deise de Brito investigam os problemas antigos e as novas problemáticas que tensionam as concepções histórico-político-conceituais do Teatro Negro, atravessados pelas lutas de raça, gênero, classe, território e as construções conceituais e as produções artísticas na gira de conversa Teatros Negros e as Presenças Negras na Cena.

Ellen de Paula e Gabriel Cândido, os idealizadores do  festival, convocam para uma experimentação coletiva nesse momento em que muitos paradigmas estão sendo questionados e inclusive os próprios fundamentos do teatro enquanto arte de presença e de encontro.

Com o festival eles buscam dar outras relevâncias ao pensamento preto sobre as complexidades em movimento, a intensa produção de imagens que se retroalimentam como construtora de narrativas e imaginários hegemônicos. É um reforço para valorizar imagem do corpo negro, ampliar os espaços de articulação artísticos, pedagógicos e políticos em que predomine a humanidade de uma mudo mais justo.

A programação começou com a performance em celebração aos 45 anos do Teatro Popular Solano Trindade e dos 20 anos da Invasores Cia Experimental de Teatro Negro de Elis Trindade e Dirce Thomaz, no dia 7 de novembro. E já teve conversa com Zezé Motta, no encontro inaugural do Quilombo Artístico Pedagógico – Poéticas Cênicas. E Linn da Quebrada com o show Acusticuzinho.

Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo
de 7 a 28 de novembro.
Edição online.  Pelo canal do Dona Ruth:FTNsp no Youtube
Informações @donaruth.ftnsp

13 de novembro:

    • 19h Gira Ruth de Souza: a memória como fundamento do Teatro, com Eliane Weinfurter e Jhow Carvalho. REPRISE: 16/11 às 14h.
      Transmissão do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: Livre.
      90min.
    • 21h Canto ao pé do ouvido, com Naruna Costa. REPRISE: 19/11 às 20h.
      Transmissão direta do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: Livre
      40min

 14 de novembro:

    • 10h Quilombo Artístico – Pedagógico módulo Direção, com Luh Maza.
    • 14h Espetáculo Infantil Mjiba, a boneca Guerreira, com Trupe Liuds. REPRISE: 19/11 às 10h.
      Local: Transmissão do Teatro Alfredo Mesquita pelo Youtube/Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo

      Classificação: Livre
      50min
    • 21h Experimento Cênico A estrangeira de Daniel Veiga e com Fabiana Neves. REPRISE: 16/11 às 20h.
      Local: Transmissão direta do Teatro Alfredo Mesquita pelo
      Youtube/Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo
      Classificação: 14 anos
      40min

20 de novembro:

    • 19h Gira de Conversa Tiranias da Subjetividade, com Leda Maria Martins e Rosane Borges. REPRISE: 23/11 às 14h.Local: Transmissão direta do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: Livre.
      90min.
    • 21h Espetáculo Auto do Negrinho, com Terreiro Encantado. REPRISE: 23/11 às 20h.Local: Transmissão direta do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: 12 anos
      60min

21 de novembro: 

    • 10h Quilombo Artístico – Pedagógico módulo Performance com Ana Musidora.
    • 21h Espetáculo Preta Rainha, com Aysha Nascimento. REPRISE: 26/11 às 20h.
      Local: Transmissão direta do Teatro Alfredo Mesquita
      Classificação: 14 anos
      40min

27 de novembro:

    • 19h Gira de Conversa Teatros Negros e as Presenças Negras na Cena, com Adriana Paixão e Deise Brito. REPRISE: 29/11 às14h.
      Local: Transmissão direta do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: Livre.
      90min.
    • 21h Espetáculo Slam Blues – Vocigrafias, com Roberta Estrela D’Alva. REPRISE: 29/11 às 21h.
      Local: Transmissão direta do Teatro Cacilda Becker
      Classificação: Livre
      60min

28 de novembro

    • 10h Quilombo Artístico-Pedagógico módulo Dramaturgia com Dione Carlos.
    • 14h Espetáculo Infantil Contando África em Contos, com Cia Colhendo Contos e Diáspora Negra. REPRISE: 29/11 às 10h.
      Local: Transmissão direta do Teatro Alfredo Mesquita
      Classificação: Livre
      45min
    • 19h Encerramento Vídeo Aquariane + CultNe.
    • 21h Performance Retrospectiva Preta 2020, com Grace Passô e Novíssimo Edgar. REPRISE: 29/11 às 19hLocal: Transmissão direta do Teatro Alfredo Mesquita
      Classificação: 16 Anos
      60 minutos.
Postado com as tags: , , , , ,

Crise e Insurreição, uma mostra de experimentos cênicos do Grupo XIX de Teatro

Feminino Abjeto 1. Foto: Laio Rocha / Divulgação

Plantar Cavalos. Foto: Giorgio D’Onofrio / Divulgação

Memórias de Cabeceira. Foto: Eduardo Figueiredo / Divulgação

O Projeto XIX Ano 19: Crise e Insurreição é uma mostra com os experimentos cênicos criados nos núcleos de pesquisa do Grupo XIX de Teatro, de São Paulo, orientados por Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya. A trupe completa 19 anos neste estranho ano de 2020. Com a pandemia da Covid-19, o coletivo comemora com apresentações online, grátis, entre os dias 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom. Cada espetáculo faz duas apresentações.

Participam da mostra os espetáculos Acorda, Alice! Através Da Tela, com direção geral de Juliana Sanches; Memórias de Cabeceira, com direção de Rodolfo Amorim; Plantar Cavalos Para Colher Sementes, com direção, concepção e pesquisa de Ronaldo Serruya; Feminino Abjeto 1, com direção e concepção de Janaina Leite; Feminino Abjeto 2, também com direção de Janaina Leite. Além da Mostra Abjeta III, com vários trabalhos estreados em ou processo, entre eles Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi, um percurso irônicopelo mito do amor romântico.

Desde sua criação, o Grupo XIX de Teatro faz investigações importantes e ousa avançar nas possibilidades da cena como exercício estético e micropolítico. O espaço histórico da cidade de São Paulo guiou algumas produções, como o premiado Hysteria, que explora as complexas relações sociais da mulher brasileira na virada do século XIX. Uma viagem no tempo para questionar os mecanismos do poder. Hygiene, que trata dos trabalhadores que habitavam os cortiços do Rio no século XIX segue a mesma pisada.

Outras peças que são resultado da pesquisa autoral do grupo são Arrufos, Marcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo, Estrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine) e Teorema 21.

Com a pesquisa sobre habitação e moradia no Brasil a turma chegou à Vila Operária Maria Zélia. Da primeira residência até hoje, foram muitas ações, uma troca permanente com a comunidade e a inserção definitiva da Vila Maria Zélia no mapa cultural da cidade de são Paulo.

A criação colaborativa, o uso de espaços não-convencionais e a relação próxima ao público são marcas dessa trajetória. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas.

MOSTRA DE EXPERIMENTOS CÊNICOS

De 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom.
Ingressoshttps://www.sympla.com.br/grupoxixdeteatro

Acorda Alice. Foto Anoca Freitas / Divulgação

ACORDA, ALICE! ATAVÉS DA TELA!
Dias 12 e 14 de novembro – Quinta-feira, às 21h, e Sábado, às 19h

O tempo atravessa o encontro dessas mulheres, das que chegam e das que já estavam lá. A passagem das horas gera insegurança. Como o tempo marcou a carne de cada uma delas? O espetáculo percorre os ciclos femininos, da menina, adolescente, adulta e anciã. Com o apoio uma das outras, elas seguem fazendo perguntas, numa dança de cumplicidade e sororidade em que a experiência de estarem juntas, valorizando cada uma delas é o que mais importa.

Ficha Técnica
Dramaturgismo: Juliana Sanches.
Texto: Acorda Coletivo.
Montagem audiovisual, edição e finalização: Val Hidalgo.
Direção Geral: Juliana Sanches.
Assistência de Direção Audiovisual: Alice Stamato.
Figurino: Juliana Sanches e Acorda Coletivo.
Iluminação: Acorda Coletivo.
Elenco: Alice Stamato, Cacau Fonseca, Carol Andrade, Ericka Leal, Jaqueline Beatriz, Joice Tavares, Juliana Roberta, Larissa Alves, Leticia Stamatopoulos, Lídia Engelberg, Lidi Seabra, Ligia Fonseca, Mahê Machado, Mariela Lamberti, Priscilla Nina, Rebecca Leão, Renata Dalmora, Rita Damasceno, Samira Aguiar e Victória de Paula.
Atrizes que estiveram no processo: Lorena Barreto, Paloma Dantas e Vanusa Di Santi.
Produção: Acorda Coletivo.
Realização: Acorda Coletivo.
Fotos: Anoca Freitas, Gabriela Burdmann, Giorgio D’Onofrio e Marília Apolônio.
Classificação: 14 anos.
Duração: 50 minutos.

MEMÓRIAS DE CABECEIRA
Dias 13 e 15 de novembro – Sexta e domingo, às 20h

Memórias de Cabeceira. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

A memória dos atores sobre seus avós conduz essa experiência cênica, que propõe vasculhar os espaços de saudade também do público. Os atores investigam suas lembranças preciosas dos avós, desses netos-atores que visitam arquivos de um passado que aciona espaço/tempo de afeto comum a muitos de nós.

Ficha Técnica:
Direção: Rodolfo Amorim.
Elenco: Bruno Canabarro, Cleuber Gonçalves, Natália Ribeiro e Vinícius Titae.
Dramaturgia, Figurinos e Cenografia: Coletivo Analógico de Teatro.
Duração: 50 minutos.
Classificação: Livre.

PLANTAR CAVALOS PARA COLHER SEMENTES
Dias 14 e 15 de outubro – Sábado, às 21h30, e Domingo, às 18h

Plantar Cavalos. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

Plantar Cavalos Para Colher Sementes é uma peça-manifesto de caráter performativo livremente inspirada no manifesto Falo Por Minha Diferença, do ativista chileno Pedro Lemebel. É a denúncia de um corpo que está morrendo, e que precisa gritar para se manter vivo. O trabalho dirigido por Ronaldo Serruya promove uma espécie de confronto para abalar a perversa estrutura que engendra discursos e mecanismos racistas, homofóbicos, misóginos e transfóbicos, e tensionar em nós o que é reprodução da norma e incapacidade de desprogramar o previsto.

Ficha técnica:
Direção, concepção e pesquisa: Ronaldo Serruya.
Assistente de direção: Bruno Canabarro.
Manifestantes: Ailton Barros, Ana Vitória Prudente, Be Gonzales, Camila Couto, Carlos Jordão, Gabi Costa, Ericka Leal, Mateus Menezes, Patrícia Cretti, Tatiana Ribeiro.
Iluminação: Dimitri Luppi Slavov.
Fotos e vídeos: Jonatas Marques.
Produção: Gabi Costa, Mateus Menezes e Tatiana Ribeiro.
Realização: Grupo XIX de Teatro.
Agradecimento especial: Vana Medeiros.
Classificação: 16 anos.
Duração: 50 minutos.

FEMININO ABJETO 1 + bate-papo com diretora e performers
Dia 20 de novembro – Sexta-feira, às 20h

Feminino Abjeto. Foto Jonatas Marques / Divulgação

O conceito de “abjeção” proposto por Julia Kristeva para investigar as representações do feminino e a a obra da artista espanhola Angélica Liddell são as inspirações do trabalho, orientado por Janaina Leite. Performado por mulheres e duas pessoas não-binárias, o espetáculo, tomou por eixo principal a figura de uma mãe “mais arcaica que real”, como campo de recusa, mas também identificação em relação a certa “transmissão da feminidade”. O espetáculo estreou em 2017.

Ficha Técnica:
Direção e concepção: Janaina Leite.
Performers/autorXs: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Flo Rido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oli Lagua, Ramilla Souza e Sol Faganello.
Assistência de direção: Tatiana Caltabiano.
Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro.
Preparação Stiletto: Kaval.
Preparação Haka: Allan Melo.
Iluminação: Afonso Alves Costa.
Operação de som: Marina Meyer.
Fotografia: Laio Rocha.
Câmera: Roberto Setton, Camila Couto e Vinicius Vitti.
Edição: Sol Faganello.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

FEMININO ABJETO 2
Dia 22 de novembro – Domingo, às 19h

Feminino Abjeto 2. Foto: André Cherri / Divulgação

Em 2018, Janaina Leite propôs uma nova investigação a partir da figura da mãe, agora em um núcleo de pesquisa composto por 34 homens e duas pessoas não-binárias. Se o masculino se constrói como “reatividade ao feminino”, como propõe Safiotti, em Feminino Abjeto 2, analisou as relações com as figuras arcaicas de pai e mãe, a fim de encontrar a gênese de uma virilidade que se confunde com violência e autoritarismo. O espetáculo estreou em dezembro do mesmo ano, cumpriu duas temporadas na Vila Maria Zélia, no Teatro de Container da Cia Mungunzá́ (Luz/São Paulo) e se apresentou no Sesc Belenzinho na mostra Dramaturgias 2.

Ficha técnica:
Direção e dramaturgismo: Janaina Leite.
Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, Andrea Sá, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima, Thompson Loiola.
Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza.
Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia.
Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly.
Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo.
Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções).
Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico).
Núcleo de Comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo.
Núcleo de Produção e Projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

MOSTRA ABJETA III
Dia 21 de novembro – Sábado, das 14h às 18h

Feminino Abjeto. Mostra Núcleos de Pesquisa 2017 Foto Jonatas Marques / Divulgação

Já realizada no Teatro de Contêiner e no Teatro Centro da Terra, a Mostra Abjeta junta cenas autorais desdobradas a partir ou em relação à experiência de Feminino Abjeto 1. Entre trabalhos em processo ou já estreados, essa mostra propõe uma versão on-line desses experimentos, revelando a apropriação singular de cada artista a partir das questões originais, mas desdobradas em trabalhos que exploram performance e gênero no teatro.

Ilariê, de Ramilla Souza: Ramilla tem um obsessão pela Xuxa dos anos 90. Ela revisita suas memórias de infância e a construção da própria subjetividade a partir dessa referência.
Duração: 20 minutos.

Chef Psi – Como Comer Como Como, de Maíra Maciel: Chef psi é uma estranha psiquiatra e chef de cozinha que tenta preparar o prato perfeito. Nessa preparação, ela traz memórias e pensamentos sobre o processo de transformação do animal na comida e da comida no corpo das pessoas.
Duração: 35 minutos.

Corpo Errado, de Florido Fogo: Abrir os buracos da corpa para negar a entrada das expectativas cisgêneras koloniais. Imagens de horror, deboches, delírios e monstruosidades para acessar dramaturgias da trans-fisicalidade ancestro/futura e eufórica.
Duração: 40 minutos

Não Ela: O Que é Bom Está Sempre Sendo Destruído, de Oliver Olívia e Lucas Miyazaki: Um retrato de um casal que começou a morar junto ao mesmo tempo em que um deles começou seu processo de transição de gênero: um homem cisgênero que percebe seu então companheiro trans masculino. É a exposição de um texto-depoimento-carta inteiro de autoria do dramaturgo cisgênero. Uma peça sobre transfobia, machismo, misoginia e amor.
Duração: 25 minutos.

Tudo é lindo em nome do amor, com Debora Rebecchi e Bruna Betito

Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi: É uma travessia cênica através do mito do amor romântico. Para essa versão remota, duas atrizes invocam clichês do nosso imaginário amoroso e compartilham com o público uma festa de casamento virtual. A experiência pretende abrir caminhos para questionar papéis de gênero e os modos como fomos ensinados a amar.
Duração: 40 minutos

Salivas, de Emilene Gutierrez: O trabalho parte de uma escavação individual onde a carne-gordura-baba-vísceras tomam o espaço central, pornograficamente explícitos, do processo. É tentativa de tornar corpo uma espécie de subjetividade feminina, buscando encontrar possíveis caminhos/espaços entre a origem e o fim das coisas, dos desejos, dos abismos.
Duração: 35minutos

Postado com as tags: , , , , , ,