Mais uma edição do Todos verão teatro

Espetáculo Chico Cobra e Lazarino. Foto: Jô Albuquerque

Espetáculo Chico Cobra e Lazarino. Foto: Jô Albuquerque / Divulgação

Para fazer teatro em Pernambucano é preciso muita criatividade, jogo de corpo e sangue frio para lidar com a realidade adversa. Os realizadores da 17ª edição do Todos Verão Teatro tiveram que fazer alguns malabarismos para garantir a versão deste ano. Prevista para ocorrer em março, no Teatro Barreto Júnior o festival foi suspenso porque aquele teatro no Pina (fechado desde 2014) ainda está com problemas no sistema de ar-condicionado. Organizado pela Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape), o evento começa nesta sexta-feira (8) e terá como palcos os Teatro Apolo e Arraial. E este ano, pela primeira vez, imprime um caráter competitivo à mostra. Treze espetáculos, entre eles 11 de Pernambuco e os outros dois da Paraíba e do Ceará fazem parte da programação. A peça caruaruense Chico Cobra e Lazarino abre a maratona, às 20h, no  Apolo.

Em Chico Cobra e Lazarino, o farmacêutico, Francisco Carneiro é um homem sensível, apaixonado por pastoril e pela literatura de cordel. Mas ao ser rejeitado, resolve se vingar de toda cidade de Coité. Ao ingerir um chá alucinógeno da casca de jurema, passa a se autointitular “Chico Cobra o perverso”. Sua revanche é ameaçada quando ele esbarra com Lazarino, o vendedor de bodes e rezador. Os planos dos dois ganham outras direções.

Dama da Noite, com ... Foto Divulgação

Dama da Noite, com Marcelo Francisco. Foto Divulgação

Além da encenação caruaruense, o programa conta com a encenação Anarquia Mística, do Grupo Experieus (PB), baseada nos poemas do paraibano Raniel Quintans; Haru, a Primavera do Aprendiz, do ilusionista Rapha Santacruz e Dama da Noite, da Cia. de Teatro Popular de Garanhuns, inspirado no conto A Dama da Noite do livro Os Dragões não Conhecem o Paraíso, de Caio Fernando Abreu.

José Brito e .... em Matueus e Catirina. Foto: Emanuel David dLucard

José Brito e Ivan Leite em Matueus e Catirina. Foto: Emanuel David D’Lúcard

Na comédia 25 anos de Munganga, o casal Mateus e Catirina é interpretado pelos atores Ivan Leite e José Brito. Os conflitos do casal passam por coisinhas miúdas do cotidiano como toalha molhada, escova de dente, sogra, peças íntimas, roupas espalhadas pela casa, entre outras situações. O texto é assinado pelos atores e a direção é de Alberto Braynner.

As montagens irão disputar prêmios nas categorias adultas e infantis: Melhor espetáculo; melhor direção; melhor ator; melhor atriz; melhor ator coadjuvante; melhor atriz coadjuvante; ator revelação; atriz revelação; melhor cenário; melhor figurino; melhor sonoplastia; melhor iluminação e melhor maquiagem. O troféu Socorro Raposo, leva o nome da primeira atriz a interpretar a Compadecida, de Ariano Suassuna.

O Todos Verão Teatro Primeiro é o primeiro projeto de popularização dessa arte em Pernambuco e nesta temporada inicia as comemorações dos 40 anos da FETEAPE – Federação de Teatro de Pernambuco. Participaram da organização desse Movimento Teatral de Pernambuco alguns nomes que já viraram história como Waldemar de Oliveira, Diná de Oliveira, João Ferreira, Argemiro Pascoal, Zara Santiago, José Francisco Filho, Marcus Siqueira, Valdir Coutinho entre outros

Já foram presidentes da Feteape José Francisco Filho, Marcus Siqueira, Celso Muniz, Conceição Acioli, Paulo de Castro, Zélia Sales, José Manuel, Tereza Amaral, Willians Santanna, Didha Pereira, Feliciano Felix, Romualdo Freitas, Zácaras Garcias, Roberto Carlos, Sebastião Costa e atualmente Roberto Xavier.

José Francisco Filho, o homenageado deste ano. Foto: Facebook

José Francisco Filho, o homenageado deste ano. Foto: Facebook

O produtor, diretor, iluminador e professor José Francisco Filho, presidente fundador da FETEAPE é o homenageado desta edição. É um versátil.

Desde o final da década de 1960 experimenta clássicos e textos contemporâneos e também se debruça sobre o teatro para a infância e a juventude. Entre os espetáculos que dirigiu estão Torturas de um Coração ou Em Boca Fechada Não Entra Mosquito, texto de Ariano Suassuna e A Revolta dos Brinquedos, de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga, ambos em 1972; Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, em 1973; Os Escolhidos, de Hilda Hilst (1974); A Barca d’Ajuda, de Benjamin Santos(1975). Em 1979 estreia Cordélia Brasil, de Antônio Bivar, com a atriz-produtora Suzana Costa. Também levam sua assinatura as montagens Viva a Rainha do Rádio, de Bóris Trindade, em 1988 e Salto Alto, de Mario Prata, em 1990, com a atriz-produtora Paula de Renor. Em 2008 encena Anjos de Fogo e Gelo, texto de Moisés Neto, inspirado na vida dos poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, e Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, pela Trupe do Barulho. Um currículo de respeito.

Programação

Teatro Apolo – Abertura

Dia 8/4 (Sexta-Feira) – 20h – Adulto
Chico Cobra e Lazarino – Assartic – Caruaru/Pe
Direção: Jô Albuquerque
Autor: Racine Santos
Elenco: Nelson Lima e Lamartine Duarte

Teatro Arraial Ariano Suassuna

Dia 9/4 (Sábado) – 16h – Infantil
Aruá, O Boi Encantado – Garanhuns/Pe

Dia 9/4 (Sábado) – 20h – Adulto
Anarquia Mística – Paraíba/Pb

Dia 10/4 (Domingo) – 16h – Infantil (Espetáculo Convidado)
Haru – A Primavera Do Aprendiz – Recife/Pe

Dia 10/4 (Domingo) – 20h – Adulto
Muganga – 25 Anos Mateus E Catirina – Recife/Pe

Casa  Da Cultura – Sede Da Feteape –  Oficinas Gratuitas
Dias 13 E 14/4 (Quarta e Quinta-Feira) – 15h – Oficina De Maquiagem Artística, Com André Neri

Teatro Apolo

Dia 13/4 (Quarta-Feira) – 20h – Adulto
O Misterioso Encantado – Jaboatão/Pe

Dia 14/4 (Quinta-Feira) – 20h – Adulto
Engenho Banguê – Cia. Yakecam – Recife/Pe

Dia 15/4 (Sexta-Feira) – 20h – Adulto
O Melhor Presente – Recife/Pe

Teatro Arraial Ariano Suassuna

Dia 16/4 (Sábado) – 16h – Infantil
A Menina Que Buscava O Sol – Vitória De Santo Antão/Pe

Dia 16/4 (Sábado) – 20h –  Adulto
A Dama Da Noite – Garanhuns/Pe
Cia. de Teatro Popular de Garanhuns
Texto: Caio Fernando Abreu
Direção: Pacheco Neto
Direção musical: Alexandre Revoredo
Elenco: Marcelo Francisco

Dia 17/4 (Domingo) – 10h – Infantil
A Bicharada – Jaboatão Dos Guararapes/Pe

Dia 17/4 (Domingo) – 16h – Infantil
Por Que Eu Não Posso Ser O Que Eu Quero Ser? Por Quê? – Olinda/Pe

Dia 17/4 (Domingo) – 20h – Adulto
Os Anjos De Augusto – Aracati/Ceará

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Para rir dos desejos pecaminosos

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto:

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto: Markermídia/ Divulgação

Os desejos humanos podem ser coisas medonhas. Tem potência para elevar ou arrasar com as criaturas. O espetáculo Angelicus Prostitutus, com texto de Hamilton Saraiva e direção de Rudimar Constâncio, explora os desejos pecaminosos, sob a ótica cristã. A humanidade corrompida pelas prostituições, no plural, é triturada pelas linguagens de comédia, da farsa, do circo, entre outras.

A prostituição abre um leque bem maior que o sexual. Há muitas outras maneiras. A depravação pode se inserir nas relações ideológicas; a imoralidade, na igreja; a devassidão, na família; a promiscuidade, no estado; o vício, na escola ou a perdição na polícia. Mas todos esses julgamentos são feitos a partir do riso.

Angelicus é um homem comum, mas daqueles que têm propensão a cometer erros. Não titubeia em mentir ou roubar e pode cometer até assassinatos. O personagem é julgado por Nossa Senhora e pelo Demônio, depois que morre. E os companheiros da vida pregressa assumem os papeis de   testemunhas e acusadores.

O espetáculo cumpre curta temporada no no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, nesta quinta-feira (7) e nos dias 14 e 21 de abril, às 20h. A montagem é do o grupo Matraca, do Sesc Piedade, e leva à cena 12 personagens, entre padre, policial, prostituta, jornaleiro, músico.

A arrecadação da bilheteria dessas apresentações será utilizada para custear a viagem do grupo ainda este ano para Portugal. A montagem foi convidada para compor a programação do ENTREtanto MIT Valongo – Mostra Internacional de Teatro. E já tem agenda para o festival Porto Alegre Em Cena.

Ficha técnica

Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Elenco: Marcelino Dias, Carlos Lira, Célia Regina, Douglas Duan, Lucrécia Forcioni, Bruna Bastos, Luciana Lemos, Luiz Gutemberg, Marinho Falcão, Mauricio Azevedo, Gabriela Fernandes e Gabriel Conolly
Assistência de Direção: Almir Martins
Direção de Arte (figurinos, cenários, adereços e maquiagem): Célio Pontes
Assistente de Direção de Arte: Manuel Carlos
Músicas e Arranjos: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Direção musical: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e Operação de Luz: Luciana Raposo
Preparação Corporal e Coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da Voz para a cena: Leila Freitas
Preparação Circense: Boris Trindade Júnior
Preparação da Voz para o canto: Douglas Duan
Preparação Percussiva: Charly Du Q
Contrarragragem e Cenotécnica: Elias Vilar e Clovis Júnior
Direção de Produção: Ana Júlia da Silva
Produção Executiva: Lucrécia Forcioni
Confecção de Adereços: Manuel Carlos, Jerônimo Barbosa
Confecção de Figurinos: Manuel Carlos, Helena Beltrão e Irani Galdino
Confecção de Máscaras: Douglas Duan e Célia Regina
Confecção de Materiais de Iluminação: Luciana Raposo
Execução de Cenários: Manuel Carlos.
Programação Visual: Claudio Lira
Fotos e Filmagem: Makermídia
Direção Geral: Rudimar Constâncio
Realização: Sesc Piedade

SERVIÇO

Angelicus Prostitutus
Quando: Dias: 7, 14 e 21 de abril, às 20h
Onde: Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu, Boa Viagem
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

 

 

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Circuito Tapioca

Borica faz itinerancia pela Região Metropolitna do Recife. Foto: Clã de Comunicadores

Borica faz itinerância pela Região Metropolitna do Recife. Foto: Clã de Comunicadores

Mês movimentado nas artes cênicas vem se configurando esse abril de 2016. Mostras, articulações, festivais, curtas temporadas. E o espetáculo Tapioca faz sua itinerância pela Região Metropolitana do Recife. O solo de Bóris Trindade Júnior – Borica, tem direção de José Manoel Sobrinho e é patrocinado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura.

Árdua e nômade é a vida de um artista do picadeiro. Com persistência, suor e técnica, os circenses transformam os encontros com o público em algo lúdico. Os números clássicos de palhaços, de mágicos, de trapézio e arame e as experiências de Borica na carreira são revisitadas e formam as cenas. Mas o criador de Tapioca também aproveita para travar um debate político-social sobre ausência dos espaços urbanos para os circos.

E o público acompanha as peripécias de Tapioca, um palhaço que, descobriu muito cedo que a vida é um malabarismo entre prazer e as desventuras mambembes. Ele reflete – entre uma palhaçada e um número de equilíbrio – sobre mobilidade urbana, especulação imobiliária, a falta de políticas públicas voltados para o circo.

Ele vai circular, a partir de amanhã, pelos municípios de Igarassu, Paulista e Olinda, na zona norte; Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, na zona sul; São Lourenço da Mata, na zona leste, além do Recife. Serão ao todo oito apresentações

Tapioca

Tapioca tem direção de José Manoel Sobrinho

FICHA TÉCNICA
Realização: Cia. Brincantes de Circo
Direção: José Manoel Sobrinho
Atuação: Bóris Trindade Júnior (Borica)
Patner: Cláudio Siqueira
Dramaturgia: Naruna Freitas
Direção de arte: Pedro Gilberto
Iluminação: Beto Trindade
Execução de luz: Fita
Trilha Sonora: Sônia Guimarães
Execução de Som: Eli Dias
Dir de Movimento: Mônica Lira e Rogério Alves
Programação Visual: Wilton de Souza
Produção Executiva: Bóris Trindade Júnior (Borica)
Assis de produção: Jerlâne Silva
Produção Local: LUINAR Produções

SERVIÇO

Recife 07 E 08/04, às 19h30
Teatro Capiba – Sesc Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190 – Casa Amarela
Contato: 81.3267-4400

Jaboatão Dos Guararapes – 09/04, às 19h30
Cine Teatro Samuel Campelo Jaboatão Centro
Contato: 81.98668-2827

Igarassu – 13/04, às 19h30
Centro De Artes Mestre Narciso Félix De Araújo
Rua Joaquim Nabuco, S/N, Sítio Histórico

Paulista- 14/04, às 19h30
Auditório do Senac
Avenida Vice Prefeito José Rodrigues Costa Filho, 30
Jardim Paulista, Paulista – PE

SESC Ler São Lourenço Da Mata – 15/04, às 19h30
Avenida das Pêras, 56 – Tiúma
Contato: 81.3525-9033

Cabo de Santo Agostinho – 19/04, às 19h30
Escola Municipal Professor Antônio Benedito A Rocha
Av. Doutor Geraldo Nogueira Campos, 145, Garapu. Cabo de Santo Agostinho
Contato: 81.3524-9111

Olinda– 23/04, às 19h30
Galpão dos Sonhos
Rua Duarte Coelho, 261 – Santa Tereza

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Trema! Festival de Teatro divulga programação

Jacy, do Grupo Carmin, abre o festival no Teatro Apolo. Foto: Nityama Macrini

Jacy, do Grupo Carmin, abre o festival no Teatro Apolo. Foto: Nityama Macrini

A importância de um festival de teatro não pode ser medida por sua duração ou pela quantidade de atrações. A proposta da curadoria, quando refletida na programação, é o que de fato mais importa. É nesse lugar que o Trema! Festival de Teatro se estabelece na capital pernambucana. Até então, o festival, que levava a assinatura do Magiluth, se voltava para o teatro de grupo. Agora, sob o comando da Trema! Plataforma de Teatro, tendo na coordenação Pedro Vilela, Mariana Rusu e Thiago Liberdade, a proposta foi ampliada, podendo incluir solos. Na realidade, a principal marca do festival continua: agregar montagens que tenham a pesquisa e a experimentação cênica como pressuposto.

Para fazer um breve retrospecto, pelo Trema!, já vimos no Recife o Teatro Kunyn, de São Paulo, a Cia Hiato, também de São Paulo, o Teatro Inominável, do Rio de Janeiro, o Grupo Espanca, de Belo Horizonte, o coletivo As Travestidas, de Fortaleza. São espetáculos de grupos que, com os seus trabalhos, têm muito a dizer sobre a realidade que vivemos e sobre os próprios procedimentos teatrais contemporâneos.

Nesta quarta edição, o Grupo Carmin, de Natal, abre a programação com a delicada Jacy, montagem de teatro-documentário que já foi vista em Garanhuns, no Festival de Inverno, mas ainda não havia chegado ao Recife. Jacy vem de uma recente temporada de sucesso no Rio de Janeiro, de uma passagem pelo Itaú Cultural (com lotação esgotada), em São Paulo, e começa agora a percorrer o Brasil pelo Palco Giratório.

De Belo Horizonte, o festival traz o grupo Primeira Campainha, com dois espetáculos do seu repertório: Isso é para Dor e Sobre Dinossauros, Galinhas e Dragões. Depois dos espetáculos, o grupo vai conversar sobre o processo criativo que norteou as montagens. A vinda da Primeira Campainha está sendo financiada pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2014 em parceria com o festival.

O coletivo As Travestidas volta ao Recife com o mais recente espetáculo, Quem tem medo de travesti. A montagem faz parte da pesquisa continuada sobre o universo trans no Brasil. Recentemente, foi vista no Festival de Teatro de Curitiba. O coletivo também comanda a festa Cabaré das Travestidas, que vai acontecer no Roda Cultural, no Bairro do Recife. A festa promete improviso, dublagem, talk show e a participação de DJ´s.

Grace Passô apresenta trabalho solo. Foto: Kelly Knevels

Grace Passô apresenta trabalho solo. Foto: Kelly Knevels

Por fim, uma das artistas mais interessantes da sua geração, Grace Passô, apresenta o solo Vaga carne. Depois de dez anos no Espanca, grupo que ajudou a fundar, Grace tem dirigido muitos espetáculos e participado de outros como atriz, como Krum, da Companhia Brasileira de Teatro. O solo Vaga carne, que tem direção, texto e atuação de Grace, integra o projeto Grãos da imagem, que reúne peças em torno de temas identitários.

Do Recife, a programação contará com as estreias de Retomada, do Grupo Totem, importante grupo de performance no cenário nacional, e pa(IDEIA), do Coletivo Grão Comum, um trabalho sobre Paulo Freire. Ainda estão na grade Soledad – A terra é fogo sob nossos pés (Confira a crítica), com Hilda Torres, e Vento Forte para Água e Sabão, musical para infância e juventude do Grupo Fiandeiros de Teatro, com texto de Giordano Castro e Amanda Torres.

Durante o festival, os produtores aproveitam para lançar a sexta edição da Trema! Revista, projeto que conta com o apoio do Funcultura.

Grupo Totem estreia Retomada. Foto: Fernando Figueiroa

Grupo Totem estreia Retomada. Foto: Fernando Figueiroa

Os ingressos já estão à venda pela internet, através do site www.eventick.com.br/tremafestivaldeteatro.

Tivemos uma importante conversa com Pedro Vilela, um dos produtores e idealizadores do festival. São questões sobre política cultural, resistência e permanência. Afinal, “a crise não é de agora. Para nós, trabalhadores da arte, ela sempre esteve presente”.

Pedro Vilela é um dos produtores do Trema! Festival. Foto: Bob Souza/divulgação

Pedro Vilela é um dos produtores do Trema! Festival. Foto: Bob Souza/divulgação

ENTREVISTA // PEDRO VILELA

De que maneira foi pensada a curadoria desta edição? Vocês falam, por exemplo, em (re)construção de paradigmas da nossa sociedade. Como isso se refletiu nos espetáculos escolhidos?

O teatro sempre será um espaço para enfrentamentos de ideias. Todo aquele que não se propõe a isto está fadado a ser apenas mais um mecanismo de reprodução da indústria cultural e da massificação de nosso povo. Ao pensar a curadoria do Trema! neste ano, procurei comungar trabalhos que em si carregam questões pertinentes para nosso tempo e que venham encontrando visibilidade no cenário artístico brasileiro. Poderíamos encher nossos palcos com obras de maior retorno financeiro para nós, organizadores, mas nosso compromisso ético com a ação faz com que estejamos muito atentos às reflexões que queremos propor. Ao assumir o tema (re)construção, estamos dispostos a percorrer um caminho duplo.

O primeiro está ligado à trajetória dos próprios organizadores, ao abandonarem antigos projetos artísticos na cidade e re-iniciarem novos percursos a partir da Trema! Plataforma de Teatro. (Re)construímos pois não achamos justo destruirmos algo que foi importante para nossa trajetória artística, ao passo que alimentamos o desejo por novos trajetos. O próprio nome do festival traz isto, este ano abandonamos o recorte exclusivo de “festival de teatro de grupo” e passarmos a ser apenas “Festival de Teatro”. Continuamos investindo na pesquisa de linguagem, mas ampliamos o olhar para artistas solos.

Em relação aos espetáculos, ao escolhermos espetáculos como os que compõem a programação, estamos nos propondo a reflexão em torno de temas como identidade, gênero, educação, tradição, ditadura, política, ou seja, pautas muito urgentes para nosso país. Acreditamos portanto que através do teatro podemos (re)construir nossa sociedade.

“Fechar um teatro é tão absurdo quanto fechar uma escola”

“Recife é a cidade dos festivais”. Essa frase é bastante dita quando discutimos a política cultural pernambucana, sem que a gente pare para avaliar de fato a importância de cada um dos festivais de artes cênicas da nossa cidade. No atual cenário, qual a importância do Trema!, tanto pra cidade quanto para os artistas? Porque insistir em fazer um festival, mesmo com a crise que assola os festivais no país todo?

Recife já foi a cidade dos festivais. Minha formação enquanto artista esteve muito ligada aos que aconteciam na nossa cidade. Esperava ansiosamente a cada ano e acompanhava absolutamente tudo. Os tempos são outros e o mais triste é perceber que retrocedemos. Já não temos o Palco Giratório, do SESC, e o Festival Recife virou um triste fantasma de anos anteriores, só para citar alguns. Os privados que teimam em resistir, a cada ano ou desistem pelo meio do caminho ou precisam fazer das tripas coração para serem executados. Isso é apenas uma breve demonstração do descaso do poder público para com as artes.

“Pensamos seriamente se realizaríamos o festival neste ano. Mas percebemos que não fazer significa que os propagadores da barbárie, da corrupção, da falta de educação, estariam saindo como vencedores desta batalha”.

É meio absurdo ter que nominar a importância desses eventos. Eles alimentam uma vasta cadeia produtiva, além de todas as questões simbólicas que suportam. O grande problema é que não conseguimos sermos vistos como utilidade pública, como elementos primordiais de construção da nossa sociedade. Fechar um teatro é tão absurdo quanto fechar uma escola. Mas se vivemos numa conjuntura que nem mesmo educação e saúde são ofertadas à população de maneira digna, o que podemos dizer das artes….

O Trema! resiste e insiste há quatro edições. Pensamos seriamente se realizaríamos o festival neste ano. Mas percebemos que não fazer significa que os propagadores da barbárie, da corrupção, da falta de educação, estariam saindo como vencedores desta batalha. A crise não é de agora. Para nós, trabalhadores da arte, ela sempre esteve presente.

Tentamos captação com diversas empresa do Estado e todas negaram recursos. Empresas inclusive que recentemente aportaram em nosso Estado com slogans ligados à cultura e ao desenvolvimento de nosso povo. O capital toma conta de nossos cidadãos, jogando-os num clico vicioso de consumo e onde apenas uma parte é beneficiada, o que vende.

Ninguém chega a Berlim, Paris ou qualquer lugar do mundo onde a produção artística é efervescente e fica deslegitimando a pluralidade que encontra. A única crítica que poderíamos fazer é quando invertemos o fomento às atividades continuadas e ficamos navegando exclusivamente em eventos passageiros. E isso sim é uma prática recorrente em nossa cidade. O que gastamos com decoração de Natal daria pra fomentar inúmeros festivais que possuem trajetória comprovada, por exemplo. Palco com banda tocando no Marco Zero aos domingos nunca será construir sociedade. Talvez seja por isto que ao acabar o show se inicie recorrentemente arrastões naquele lugar. O povo tá cansado de faz de conta. Educação é a única saída. Teatro, literatura, artes plásticas…. Isso sim muda um panorama.

“Palco com banda tocando no Marco Zero aos domingos nunca será construir sociedade. Talvez seja por isto que ao acabar o show se inicie recorrentemente arrastões naquele lugar”.

Qual o orçamento do Trema!? De onde vem o recurso? Qual o apoio, efetivamente, da Prefeitura do Recife e do Governo do Estado?

O Trema! neste ano tem orçamento de R$ 60 mil. Algo muito abaixo do que precisaríamos para executar o festival. Às vezes fico com a sensação de sermos malabaristas em conseguirmos realizar a ação. Mas seria injusto de nossa parte levarmos todos os méritos. O festival só será possível graças a todas as parcerias criadas e principalmente pelo desejo que a classe artística de todo o país tem por sua realização. Os grupos locais receberão apenas as bilheterias, por exemplo; nos sentimos até envergonhados ao termos que propor isso. Os grupos de fora estão vindo com cachês muito abaixo do comumente praticado. Isso mostra a seriedade com que lidamos com o Festival ao longo dos últimos anos e também a união dos artistas nesta guerrilha. Poderia não querer responder a vocês sobre questões orçamentárias, mas acho importante para que as coisas comecem a ter seu devido valor. A Fundação de Cultura entrará com algo em torno de R$ 15 mil (recursos e serviços) e o Governo do Estado com R$ 20 mil (recursos e serviços). Se dividirmos por exemplo o aporte da Prefeitura pela quantidade de habitantes na cidade daria algo em torno de R$ 0,01 por pessoa. Não chega nem a 1 centavo! Pouco, não?! O restante são parcerias criadas e principalmente recursos nossos. Em todas as edições não ganhamos absolutamente nada para realizar o Festival, mas ao mesmo tempo não queremos ver o Festival morrer! O por quê de fazermos esta loucura? Fico me perguntando a todo momento. E não sabemos por quanto tempo conseguiremos.

Talvez este também seja o momento de (re) construirmos o elo perdido com o poder público. Talvez. O que nos resta é fazemos um apelo ao público do Recife para que estejam juntos conosco nesta batalha. A melhor maneira de contribuir neste momento é compartilhar o quanto puder nossa divulgação. Os tempos são outros e sabemos o quanto juntos podemos mudar este paradigma. Ao ocuparmos os teatros, estaremos mostrando a importância da ação e, ainda que simbolicamente, requisitando o que nos é de direito. Como bem postamos ao anunciar que iríamos fazer o festival: não é por nós, é pela cidade!

“Se dividirmos por exemplo o aporte da Prefeitura pela quantidade de habitantes na cidade daria algo em torno de R$ 0,01 por pessoa. Não chega nem a 1 centavo!”

Programação Trema! Festival de Teatro:

28/4
Jacy / Grupo Carmin (RN)
Teatro Apolo – 20h

29/4
Sobre dinosauros, galinhas e dragões / Primeira Campainha (MG)
Teatro Arraial Ariano Suassuna – 19h30

Quem tem medo de travesti / Coletivo As Travestidas (CE)
Teatro Santa Isabel – 21h

30/4
Isso é para dor / Primeira Campainha (MG)
Teatro Arraial Ariano Suassuna – 19h30

Quem tem medo de travesti, do coletivo As Travestidas. Foto Allan Taissuke

Quem tem medo de travesti, do coletivo As Travestidas. Foto Allan Taissuke

FESTA: Cabaré das Travestidas / Coletivo As Travestidas (CE)
Roda cultural – a partir das 23h

01/5
Isso é para dor / Primeira Campainha (MG)
Teatro Arraial Ariano Suassuna – 19h30

03/5
Lançamento TREMA! Revista #6
Teatro Hermilo Borba Filho – a partir das 19h

pa(IDEIA) Pedagogia da autonomia / Coletivo Grão Comum (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho – 20h

Coletivo Grão Comum estreia pa (IDEIA). Foto: Amanda Pietra

Coletivo Grão Comum estreia pa (IDEIA). Foto: Amanda Pietra04/5

 

04/5

Retomada / Grupo Totem (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho – 20h

05/5
Soledad, A terra é fogo sob nossos pés / Cria do Palco (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho – 20h

06/5
GRÃOS DA IMAGEM: Vaga Carne / Grace Passô (MG)
Teatro Hermilo Borba Filho – 20h

07/5
Vento Forte para água e sabão / Cia. Fiandeiros (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho – 16h

08/5
Vento Forte para água e sabão / Cia. Fiandeiros (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho – 16h

INGRESSOS:
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), com exceção do espetáculo Quem tem medo de travesti, com sessão no Teatro de Santa Isabel ao valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada) e a festa Cabaré das Travestidas, com preço único de R$ 20.

Vendas antecipadas pelo site www.eventick.com.br/tremafestivaldeteatro.

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O amor de Clotilde mantém temporada

Peça fica em cartaz até 24 de abril. Foto: Júlio Morais

Peça fica em cartaz até 24 de abril, no Teatro Apolo Foto: Júlio Morais

A Trupe Ensaia Aqui e Acolá resolveu manter a temporada do espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas. As sessões foram ameaçadas por defeito no ar-condicionado. Mas a Prefeitura do Recife investiu numa manutenção de urgência até quinta-feira, para o aparelho segurar a onda no sábado e no domingo. “A partir da próxima semana, a prefeitura vai instalar um dispositivo de refrigeração alugado que permanecerá até junho”, explica a atriz Iara Campos, que participou das negociações. Está prevista para junho a troca de todo sistema de refrigeração do Centro Apolo Hermilo.

O ar-condicionado do Apolo é da década de 1980. A falha no funcionamento prejudicou as apresentações. O elenco usa roupas pesadas e suou muito, além da maquiagem que estava derretendo. O público também sentiu o efeito estufa e do primeiro para o segundo dia a plateia foi reduzida. No sábado eram 121 espectadores. No domingo, apenas 50.

A montagem comemora seis anos e desde sua estreia já foi vista por mais de 15 mil pessoas. O grupo carrega nas tintas do melodrama para levar ao palco o folhetim A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela. Sob direção de Jorge de Paula e direção de atores de Ceronha Pontes, o elenco abusa (no melhor sentido) de movimentos largos, dança e dublagem para contar uma história de amor, que no caso da peça, tem final feliz.

Participam do elenco, Iara Campos, Jorge de Paula, Tatto Medinni, Marcelo Oliveira, Andréa Rosa e Andréa Veruska. O amor de Clotilde fica em cartaz até 24 de abril, aos sábados e domingos, às 19h, no Teatro Apolo (Recife Antigo).

Ficha técnica:

Texto: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Encenação: Jorge de Paula
Atores: Andréa Veruska, Andréa Rosa, Iara Campos, Jorge de Paula, Marcelo Oliveira e Tatto Medinni.
Figurino: Marcondes Lima
Cenário: Jorge de Paula
Iluminação: Sávio Uchoa
Operação de luz: Dado Sodi
Maquiagem: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Pesquisa de trilha sonora: Trupe Ensaia Aqui e Acolá
Operação de som: Juliana Montenegro
Produção: Trupe Ensaia Aqui e Acolá

Serviço:
O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas
Quando: sábados e domingos, às 19h, de 2 a 24 de abril
Onde: Teatro Apolo
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada), disponíveis na bilheteria do teatro duas horas antes da peça, a partir das 17h

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