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Sai resultado do Funcultura 2014/2015

Projeto sobre acervo do Mão Molenga (foto do espetáculo Babau) foi aprovado. Foto: Pollyanna Diniz

Projeto sobre acervo do Mão Molenga (foto do espetáculo Babau) foi aprovado. Foto: Pollyanna Diniz

O resultado do 8º Edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) 2014/2015 foi divulgado na tarde desta quinta-feira (22). De acordo com as informações divulgadas pela Secretaria da Cultura e pela Fundarpe, este ano 1.955 projetos se inscreveram no edital, o que representa um aumento de 30% em relação ao ano passado. No total, 318 projetos foram contemplados, totalizando um aporte de R$ 21.771.635,12.

A distribuição de acordo com as linguagens foi: música aprovou 39 projetos; teatro, 31; literatura, 28; cultura popular e tradicional, 34; artes plásticas, gráficas e congêneres, 29; patrimônio, 28; fotografia, 22; dança, 42; artesanato, 15; artes integradas, 5; circo, 22; gastronomia, 10; ópera, 4; e design e moda, 9.

Confira aqui a lista dos aprovados.

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Oficina gratuita com a Cia. Físico de Teatro

Atores do espetáculo Savana glacial ministram curso gratuito

Atores do espetáculo Savana glacial ministram curso

Savana Glacial foi apontado como um dos melhores espetáculos teatrais de 2010. Ganhou o Prêmio Shell carioca de Melhor Dramaturgo daquele ano, para o texto de Jô Bilac. A montagem, da Cia. Físico de Teatro, faz três apresentações no Recife, de quinta-feira a sábado, às 20h, na Caixa Cultural Recife.

Renato Livera e Camila Gama, atores da peça, aproveitam a temporada para ministrar uma oficina gratuita nos dias 22 e 23 das 14h30 às 18h30 na Caixa Cultural. As inscrições  estão abertas para atores e também para o público em geral, com alguma experiência artística.

Podem participar jovens e adultos de ambos os sexos, a partir de 16 anos. Os dois encontros terão práticas de exercícios empregados nos processos de criação da companhia, trabalhando diferentes potências corporais, tais como: equilíbrio, tensão, relaxamento e explosão, que serão aplicadas em vários estágios. Na segunda etapa, a fisicalidade será utilizada para a criação e composição cênica.

Interessados entrar em contato pelo e-mail gentearteirape@gmail. com. Informações pelo telefone (81) 3425-1902.

 

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Espaço O Poste celebra um ano de resistência

Agri Melo, Naná Sodré e Samuel Santos celebram um ano do Espaço

Agri Melo, Naná Sodré e Samuel Santos festejam o Espaço

Em tempos de teatros fechados e poucos questionamentos sobre a política cultural em Pernambuco, manter um espaço privado é um feito. E completar um ano torna-se um ato de resistência digno de aplausos. Pois então é hora de bater palmas para a turma de O Poste Soluções Luminosas, que que comemora neste sábado um ano de atividades do Espaço O Poste, situado na Rua da Aurora, esquina com Princesa Isabel. Só eles sabem os sacrifícios para chegar a esse dia festivo. Nós imaginamos.

O espetáculo Cordel do amor sem fim, que está em temporada no local, é apresentado normalmente. Seguido de uma performance do texto Navio Negreiro, de Castro Alves, com Samuel Santos acompanhado da bailarina Luzii Santos. A cantora Jéssica Gabriella exibe um repertório de canções africanas.

A noitada ainda prevê presentes para o público. Serão sorteados o livro A história do negro no teatro brasileiro, de Joel Rufino, que dedica um capítulo ao grupo O Poste, e uma tela do artista plástico Fernando Duarte.

Ao longo deste primeiro ano, o Espaço O Poste promoveu sessões de teatro, dança e música, oficinas de artes cênicas e abrigou apresentações dos festivais O Trema e Janeiro de Grandes Espetáculos.

As próximas batalha são a criação da Biblioteca Luminosa! e a campanha Sócio Iluminado, com a criação de um quadro de sócios. Parabéns Samuel Santos, Naná Sodré e Agri Melo, o núcleo criativo do grupo.

Teatro fica na esquina da Princesa Isabel com a Rua da Aurora

Teatro fica na esquina da Princesa Isabel com a Rua da Aurora

Serviço
Festa de um ano do espaço O Poste
Quando: Sábado, 5 setembro, às 20h
Onde: O Poste, Rua da Aurora, nº 529, loja 1 (prédio amarelo vizinho à Secretaria de Polícia)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10, meia

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Teatro do Parque – Um memorial afetivo

Enquanto a reforma não acaba, os frequentadores do local relembram histórias. Foto: Ivana Moura

Enquanto a reforma não acaba, os frequentadores do local relembram histórias. Foto: Ivana Moura

“Era um tempo de desejos inteiros. Um adolescer. Ia ao Teatro do Parque em busca do encontro. O cinema, os shows e um namorado tão especial, que tudo se fazia cores e o Teatro, era espaço do beijo e da vida em movimento. Ali tudo parecia possível. Ser feliz algo palpável. Ouvir os sons, passear pelas varandas e o jardim. Tão vivo!!! Um parque de buscas e eu com a jornada à frente… A vida saudosa e na intenção de futuro o mais breve.

Luciana Lyra, atriz, diretora, professora

“Não vou lembrar a primeira vez em que pisei os pés no Teatro do Parque, em meus 25 anos de moradora do Recife, mas nunca esquecerei de seus corredores da frente lotados de gente em busca de ingressos em dia de cinema a preço módico ou de festivais lotados como os de teatro e dança da capital pernambucana. Já até pisei no palco como artista – amadora, é verdade, mas me achando a bailarina de verdade, quando fui aluna (sempre uma honra) da Academia Mônica Japiassú, de professores como a própria Mônica, de outra xará, a Lira (do Grupo Experimental de Dança), de Heloísa Duque (do Vias da Dança). Tenho um amigo dos tempos de colégio, hoje morando bem longe daqui, que outro dia me confessou que recorda ter estado na plateia naquela noite, e que eu não estava nem fantasiada de odalisca de dança do ventre, nem de Madonna nos idos de Vogue, com corpete preto de renda e cinta-liga, dançando um jazzão daqueles de jogar a perna lá em cima (sim, guardo estes momentos na memória com carinho, mas não sem alguma vergonha de tê-los enfrentado).

Mas voltemos ao Parque e seu entorno. Lá, fui à primeira sessão de cinema com um ex-amado para assistir ao filme franco-hollywoodiano O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Era começo de semana e o ingresso ficava ainda mais barato. Ele tinha ido naquele dia fazer a carteirinha de estudante (ainda era aluno do curso de Engenharia na faculdade, por muito pouco não havia sido jubilado) para disputar o direito à meia-entrada, mas na hora H esqueceu o dinheiro e quem pagou os dois ingressos fui eu (na faixa de R$ 2 somados, isso lá pelos meados de 2003). E a gente riu da situação e se emocionou com a história de amor do filme vendo tudo do alto, sentados nas cadeiras laterais do primeiro andar.

Na trajetória como repórter da editoria de cultura de jornal local, onde permaneci por 14 anos, perdi a conta de quantos espetáculos acompanhei ali. Da Mostra Brasileira de Dança, ao Festival Recife do Teatro Nacional, de obras dedicadas ao público adulto ou infantil, de Du Moscovis ao Palhaço Chocolate, passando por Duda Braz abalando nas sapatilhas de ponta em suas incontáveis piruetas e grupos de escolas ou profissionais dançando e interpretando, enfim…

Quando o carioca José Mauro Brant trouxe um espetáculo de contação de histórias e músicas dos meus tempos de criança (se não me engano, Contos, Cantos e Acalantos ou algo assim), me emocionei na plateia, entrando em contato com a criança que mora dentro de mim, mas andava adormecida.

Saudades das escadarias laterais, das cadeiras bem juntinhas umas das outras, dos camarins nos bastidores, de pegar fila para comprar pipoca, ir ao banheiro ou simplesmente para entrar. Até para estacionar, era um caos. Teve uma época com o ar-condicionado quebrado (igualzinho ao Santa Isabel). Mas o que mais lembro é da saudade.

Tatiana Meira, jornalista

“Teatro do Parque, o que estão fazendo com você? A saudade não tem tamanho. Lugar icônico da cidade do Recife, o Parque era ponto de encontro de gente que consumia cultura em todos os níveis. Como não lembrar das sessões de cinema a preços populares, do projeto Seis e Meia com excelentes shows de MPB e das peças de teatro, seja em temporadas ou em festivais. Vivi lindos momentos naquele lugar como artista e como público. Assisti O Rei da Vela, A Vida é Cheia de Som e Fúria, Melodrama, Fábulas e tantos outros espetáculos que marcaram minha vida. Fui testemunha de um momento histórico, o protesto espontâneo do público na abertura do primeiro Festival de Teatro do Recife, na apresentação da peça A Pedra do Reino, com Ariano Suassuna e Arlete Sales (homenageada do festival) na plateia. Foi uma vaia como eu nunca vi na vida até hoje. Era o teatro vivo, pulsante. Foi o Teatro do Parque que abrigou a temporada do primeiro espetáculo para infância e juventude do nosso grupo, Pinóquio e Suas Desventuras, e tinha um público muito bom que consumia cultura naquele lugar. O seu centenário de portas fechadas, numa obra sem fim que ultrapassa os limites do descaso é algo muito triste de se ver. O Teatro do Parque merece abrir suas portas, se encher de vida e trazer de volta ao Recife as pulsações no coração da cidade.

Antônio Rodrigues, ator e diretor da Cênicas Cia de Repertório

“No Teatro do Parque eu assisti minha primeira peça teatral, Mito ou Mentira, de Luiz Felipe Botelho. Vi tanta coisa boa no projeto Seis e Meia. Vi Elomar, Xangai e Ângela Rô Rô. Vi peças infantis, vi dança e vi espetáculos na pracinha do Parque. Vi uma multidão assistir à peça adulta Concerto para Virgulino dentro do festival Peça a Nota. Vi Cinema Paradiso. Vi e fui visto. Foi no Teatro do Parque que fiz, dentro do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, A Terra dos Meninos Pelados. Foi lá que foi realizado o primeiro festival de vídeo do Recife e participei com o filme Matarás, de Camilo Cavalcante.
O teatro era meio que nosso escritório. Qualquer coisa:
– Vamos marcar no Teatro do Parque?
Ou
– Eu te espero no Teatro do Parque.
Quando não:
– Que horas a gente se encontra no Teatro do Parque?
Era nossa referência.
Eu te espero …
Eu espero Teatro …
Do Parque”
.
Samuel Santos, diretor do grupo O Poste Soluções Luminosas

Quer participar do nosso memorial? É só enviar seu depoimento, texto, poema, vídeo, para o e-mail satisfeitayolanda@gmail.com .

Para acessar outros depoimentos, é só acessar os links: Memorial 1 / Memorial 2.

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Teatro do Parque – Um memorial afetivo

Teatro do Parque. Foto: Ivana Moura

Teatro do Parque. Foto: Ivana Moura

“Fui de um tempo em que não havia ar-condicionado por lá e isso não impedia a ida dos espectadores para ver, numa ante-sala do inferno, shows inesquecíveis como o de Itamar Assunção; ou de Marlene cantando Brecht; ou de Egberto Gismonti (com gente gritando lá fora, a plateia mais que lotada e ele pedindo para que os portões fossem abertos para que o povo entrasse), numa apresentação que durou até quase meia-noite.

Fui de um tempo em que chovia tanto sobre a plateia quanto sobre o palco. Quando isso acontecia, ficava difícil escutar o que falava a pessoa ao lado. E nem mesmo as intempéries deixavam a casa fechada por tanto tempo. E aconteciam shows, espetáculos e exibição de filmes.

Vi cenas de cinema sem ser exibido filme algum: a queda de uma vara de cenário (ou luz, já não me lembro) ao fundo de uma cena da montagem de Zé Manoel para As Filhas do Sol; a curra não ensaiada do público para a leitura de A Pedra do Reino; o passamento de Beatriz Segall por conta do calor; um bailarino da Quasar Cia de Dança salvar a plateia de uma barata voadora; balés de morcegos no ar e passeios felinos em cenas que não lhe pertenciam.

Subi uma única vez naquele palco como ator em Olinda Olanda Olindamente Linda, que marcou a reabertura do Parque após a última reforma feita. Lembro da alegria e do orgulho ao me deparar com as pinturas descobertas e restauradas, das cadeiras das frisas cobertas de veludo vinho, da cortina novinha, do madeiramento do chão sem farpas ou pregos… A última vez que estive trabalhando lá foi como cenógrafo, numa curta temporada de O Fogo da Vida, de Sônia Bierbard.

Vi bons filmes, a preço simbólico, com plateias lotadas: mostras de Hitchcock e Bergman… Foi para lá que levamos nossa Muriel (com dois anos), para ver o seu primeiro – Les Triplettes de Belleville. Também tínhamos que levar repelente para não sermos sugado por nenhum Nosferatu em forma de mosquito.

Como sobre todos os teatros dessa triste cidade, sempre pairou sobre ele a ameaça do descuido institucional. Triste mesmo. Rogo aos céus que essa realidade seja modificada…”

Marcondes Lima, professor, diretor, ator, cenógrafo, figurinista

“A primeira vez que pisei profissionalmente em um palco de Teatro foi no Teatro do Parque, em 1998, na estreia de Sobrados e Mocambos, da Cia. Teatro de Seraphim, dentro do Festival Recife do Teatro Nacional. De lá pra cá, foram muitas alegrias, histórias, encontros, experiências vividas naquele espaço que hoje amarga o centenário triste de uma das mais belas arquiteturas teatrais que já vi. O abandono e o descaso da gestão pública calaram há cinco anos o Teatro do Parque, acostumado a receber a população recifense em festa para apreciar teatro, dança, exposições, cinema, música, festivais e projetos de todo o tipo.

Não há como lamentar qualquer tentativa de política cultural que não priorize a história, o lugar. O primeiro sentido da palavra “cultura” está em “cultivo”. Não se cultiva sem terra. Não se faz cultura sem território. E o território do artista é o palco. Em resposta à isso, diversos espaços nascidos das inciativas particulares de artistas e grupos estão tomando força na cidade, como um grito, um respiro dos artistas e da cultura recifense que tanto têm a dizer de sua estética para a cidade.

O Espaço Fiandeiros, que é o território do nosso Grupo, tinha pouco tempo de nascido quanto o nosso vizinho, o Teatro do Parque, fechou os seus portões. Ainda não tivemos o prazer de dialogar artisticamente com o nosso vizinho centenário. Em 2012, pesquisei para minha monografia o Plano Municipal de Cultura da Cidade do Recife em um paralelo com a gestão dos espaços cênicos que estavam crescentes na cidade. Pude perceber diversos pontos de interseção na ideia de política do plano e nas ações dos grupos que poderiam estar hoje atuando em rede, juntamente com os equipamentos culturais do nosso município, a exemplo do que já está acontecendo com o diálogo entre esse espaços e ações de festivais, projetos, intercâmbios entre os grupos, os artistas e a inciativa privada. Mas, infelizmente, as ideias até hoje não foram transformadas em ações. Enquanto trabalhamos todos os dias no nosso Espaço, olhamos vizinhos ilustres: a praça Maciel Pinheiro, a casa de Clarice Lispector, o Teatro do Parque… que poderiam estar formando junto conosco, com a sede do Grupo João Teimoso e agora com a sede do Magiluth (recém chegados na vizinhança), um efervescente corredor cultural na cidade. Ao contrário disso, sofrem juntos o amargo gosto da falta de vontade política.

Daniela Travassos, atriz e diretora de produção da Companhia Fiandeiros

“Ao contrário de muitos dos meus amigos, a minha relação com o Teatro do Parque é mais musical que teatral. Todas as vezes que passo na Rua do Hospício, sinto um aperto no peito, porque tem coisas na vida que não podemos mudar, mas nesse caso, podemos mudar sim. Se o poder público tivesse o mínimo de respeito à cultura, aos artistas, aos produtores e ao povo, tudo poderia ser diferente. Ver um dos nossos patrimônios culturais mais importantes fechados e no estado em que ele se encontra, é de partir o coração. Eu, particularmente, evito passar na frente, por que dói mesmo, no fundo.

Tive o prazer de trabalhar naquele Teatro no início de minha jornada como produtor, no projeto Seis e Meia, com a banda Malakaii e Max de Castro. Também presenciei shows memoráveis como o de Paulinho da Viola, Chico César, Edson Cordeiro e Xangai. Cada vez temos menos espaços e os espaços que temos estão mal tratados. O Teatro de Santa Isabel, Teatro Apolo, Teatro Hermilo, Teatro Barreto Júnior seguem sua trajetória sofrendo com problemas de iluminação, manutenção, ar-condicionado, sonorização. Precisamos não só do Teatro do Parque de volta, precisamos de políticas públicas que protejam os nossos espaços culturais.

Maurício Spinelli, produtor e assessor de comunicação

“O nome Parque não é por acaso.
Não… Ia ao teatro ver espetáculos, shows, filmes e, antes de entrar, ficava no Parque batendo papo com os amigos sobre teatro e afins. O Teatro do Parque era um espaço para troca, aprendizados, emoções. Foi em seu jardim que assisti pela primeira vez a atriz Augusta Ferraz – e quis ainda mais ser atriz. Lá apresentei um dos espetáculos mais inesquecíveis para mim, Poemas Esparadrápicos, e lá, muitas vezes, tive certeza que nasci para o meu ofício. Esperando ansiosa que os anjos que ali habitavam, os duendes e as fadas, espalhem amor na cabeça dos governantes, para que eles reconheçam a grandiosidade da história na vida de todos nós.”

Enne Marx, atriz, palhaça e produtora da Cia Animée e dos Doutores da Alegria

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