Arquivo do Autor: Pollyanna Diniz

Imaginários e experiências de Nordeste(s) no Cena Agora, de hoje (6) a domingo (9)

Cia do Tijolo resgata personagens dos espetáculos do repertório. Foto: Alécio César

Se o Nordeste é uma construção, invenção, espaço de disputas de poder, como a arte pode desestabilizar preconceitos, ampliar imaginários, desconcertar? A programação do Cena Agora, que tem como tema “Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas” chega àsegunda semana nesta quinta-feira (6) e vai até domingo (9) com sete trabalhos de seis estados (Alagoas, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e São Paulo) e conversas entre artistas, críticos e espectadores.

A ideia é que cada grupo apresente experimentos artísticos de até 15 minutos e, logo em seguida, todos conversem sobre arte, pesquisa de linguagem, experiências, Nordeste, possibilidades de construção de novas narrativas. Esta semana, nós, Pollyanna Diniz e Ivana Moura, mediamos os debates de hoje (6) e de domingo (9) e o diretor Jhoao Junnior, do Rio Grande do Norte, faz a mediação na sexta (7) e no sábado (8).

A programação será aberta com o grupo Estopô Balaio que apresenta Ex-NE – O Sumiço. Apesar de ser sediado em São Paulo, o grupo conta com vários artistas do Rio Grande do Norte, que encontraram no Jardim Romano, bairro do extremo Leste de São Paulo, muitas similaridades com a cidade de Natal. No trabalho, o Nordeste é apagado do mapa do Brasil e quatro pessoas se encontram na deep web para tentar entender o que pode ter acontecido. A direção é de Quitéria Kelly e a dramaturgia de Henrique Fontes, do grupo Carmin, que rodou o país com A invenção do Nordeste, a partir do livro do professor Durval Muniz de Albuquerque Júnior.

Amanhã, sexta-feira (7), participam do Cena Agora os grupos Clowns de Quinta, de Alagoas, e o Coletivo de Teatro Alfenim, da Paraíba. O trabalho do Clowns de Quinta é Prisioneiro do Reggae, que investiga uma história com um músico de reggae de Alagoas, que ficou ainda mais conhecido na região depois de gravar uma música dizendo que não havia matado uma mulher chamada Ester. A história é uma ficção? Foi comprada pelo público?

Já o Alfenim apresenta Pequeno Inventário das Afinidades Nordestinas, com fragmentos de memória e impressões cotidianas de seus integrantes para tecer um breve comentário poético e crítico sobre as afinidades nordestinas. A direção é de Márcio Marciano e Murilo Franco, inspirados na obra poética de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo. Quais as subjetividades que compõem uma experiência Nordeste?

No sábado (8), o grupo Boca de Cena, de Sergipe, apresenta Remundados, a partir do texto homônimo do dramaturgo mineiro Raysner de Paula, escrito para o grupo em 2019. As pessoas que foram excluídas da história oficial, podem renascer? Quatro personagens refugiados, vindos de um lugar que não existe mais, se propõem a “remundar” a realidade, lançando novas sementes no mundo.

A Casa de Zoé, do Rio Grande do Norte, traz Encontros, NÉ?, um experimento que lida com a ideia de que seguimos tentando entender, encontrar e descobrir o Nordeste. De quais maneiras definir a localização e as fronteiras do Nordeste?

Brenna Maria assina texto, direção, música e está no elenco de Você já Sangrou Hoje?

No domingo (9), encerrando a programação, teremos os maranhenses Brenna Maria e Ywira Ka’i, com Você já Sangrou Hoje?. O trabalho tem como mote a frase de Dona João, que vive da terra na cidade de São João Batista e gerou nove filhos: “Tudo que é usado em demasia acaba”. A metáfora com a destruição que o homem está empreendendo na Terra, os nossos meios de vida, como nos relacionamos com a natureza, é imediata.

E a Cia do Tijolo, criada e sediada em São Paulo, mostra O outro nome da amizade, que evoca personagens de espetáculos anteriores do grupo, como o arcebispo Dom Helder Câmara, a freira, filósofa e teóloga feminista Ivone Gebara, o educador e filósofo Paulo Freire e o poeta Patativa do Assaré.

A programação começa sempre às 20h. Os ingressos são gratuitos, mas é preciso retirar ingressos antecipadamente pelo Sympla.

Nesta página, você encontra os links de retirada de ingressos para todos os dias.

COLUNA DAS YOLANDAS NO SITE DO ITAÚ CULTURAL – A partir da programação do Cena Agora, fomos instigadas a escrever quatro colunas para o site do Itaú Cultural. A primeira faz uma pergunta que nos inquieta: “Existe um teatro nordestino?”. Pensamos sobre como essa nomenclatura foi definida, o que significa hoje, e como alguns grupos, como o Carmin, do Rio Grande do Norte, a Dimenti Produções Culturais, da Bahia, e o coletivo No barraco da Constância tem!, do Ceará, estão desestabilizando imaginários.

Confira aqui a primeira coluna do Satisfeita, Yolanda? no Itaú Cultural.

Clowns de Quinta vão contar “reggae policial” de Alagoas. Foto: divulgação

Coletivo de Teatro Alfenim parte de memórias e impressões cotidianas. Foto: Alessandro Potter

Casa de Zoé apresenta Encontros, NÉ?. Foto: Brunno Martins

PROGRAMAÇÃO:

Cena Agora – Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas Semana 2
Quando: 6 a 9 de maio (quinta-feira a domingo)
Onde: Plataforma Zoom
Quanto: Gratuito. É preciso retirar os ingressos no Sympla

Estopô Balaio retirou o Nordeste do mapa em experimento

QUINTA-FEIRA (6/5), às 20h
EX-NE – O Sumiço, com Coletivo Estopô Balaio (SP)
Após a apresentação, bate-papo com mediação de Ivana Moura e Pollyanna Diniz
Sinopse:
EX-NE – O Sumiço traz um recorte da pesquisa e experimentação de cenas em território on-line do espetáculo EX-NORDESTINES*, que tem estreia prevista para maio de 2021. O espetáculo parte da premissa que o Nordeste sumiu do mapa do Brasil e que nessa distopia ninguém, com exceção de quatro pessoas (uma estatista, uma linguista, um geógrafo e um historiador), se dá conta do sumiço.

Ficha Técnica:
Direção: Quitéria Kelly
Dramaturgia: Henrique Fontes
Elenco: Ana Carolina Marinho, Anna Zêpa, Breno da Matta e Juão Nyn
Trilha sonora: Marco França
Montagem de vídeo e efeitos: Aristeu Araújo
Assistência de direção e preparação corporal: Rodrigo Silbat
Secretaria: Lisa Ferreira
Produção: Corpo Rastreado e Coletivo Estopô Balaio
Produtores: Wemerson Nunes, David Costa e Gabi Gonçalves
Designer gráfico: Daniel Torres
Consultoria histórica: Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Beleza: Andrey Batista
Assistente de beleza: Sasá Ferreira
Figurino: Ben
Testagem Covid-19: VALP Soluções Inteligentes
Enfermeira: Vanessa Alves de Lima Proença
Farmacêutico: Carlos Alberto Rossatto Junior

SEXTA-FEIRA (7/5), às 20h
Prisioneiro de Guerra, com o grupo Clowns de Quinta (AL), e Pequeno Inventário das Afinidades Nordestinas, com o Coletivo de Teatro Alfenim (PB)
Após a apresentação, bate-papo com mediação de Jhoao Junnior

Sinopse Prisioneiro do Reggae:
Antes mesmo das fanfics interneteiras tomarem conta das redes sociais, um gênero de reggae, o reggae policial, surgia em Alagoas e tomava conta das discussões na capital. Hoje, quatro jovens alagoanos se colocam em debate em torno de um misterioso caso que está ao redor desse gênero musical.

Ficha Técnica:
Direção artística: David Oliveira
Produção: Elaine Lima
Coordenação artística: Nathaly Pereira
Coordenação financeira e administrativo: Wanderlândia Melo

Sinopse Pequeno Inventário das Afinidades Nordestinas:
O experimento audiovisual parte de fragmentos de memória e impressões cotidianas para tecer um breve comentário poético e crítico sobre as afinidades nordestinas. Partindo da indagação sobre o que nos assemelha e o que nos diferencia, o vídeo procura inventariar sentidos, ideias, contradições e afetos que compõem uma visão múltipla e diversa do Nordeste.

Ficha Técnica:
Elenco: Adriano Cabral, Edson Albuquerque, Lara Torrezan, Mayra Ferreira, Murilo Franco, Paula Coelho, Verônica Cavalcanti, Victor Dessô, Vítor Blam e Zezita Matos
Argumento: Márcio Marciano
Roteiro: Márcio Marciano e Murilo Franco
Direção: Márcio Marciano e Murilo Franco
Montagem: Edson Albuquerque e Murilo Franco
Finalização: Edson Lemos
Trilha original: Kevin Melo e Mayra Ferreira
Som e masterização: Kevin Melo
Equipe de produção: Gabriela Arruda, Edson Albuquerque, Vítor Dessô, Murilo Franco

SÁBADO, (8/5), ÀS 20h
Remundados, com o grupo Boca de Cena (SE), e Encontros, NÉ?, com Casa de Zoé
Após a apresentação, bate-papo com mediação de João Jhúnior

Cia Boca de Cena apresenta experimento com personagens refugiados. Foto: divulgação

Sinopse Remundados:
Pesquisa investigativa artística a partir do “remundar” – lançar no mundo semente dos existires de gentes varridas da história, onde povos dessa pequena multidão podem renascer. Diante disso, uma multidão de quatro refugiados, cada um vindo de um lugar que não existe mais, e que, sem rumo, decidem seguir, com destino a lugar nenhum.

Ficha Técnica:
Direção: Grupo Teatral Boca de Cena
Produção geral: Rogério Alves (SE)
Dramaturgia: Raysner de Paula (MG)
Preparadora vocal: Babaya Morais (MG)
Artista plástico (pesquisa visual): LUC (BA)
Técnica: Patrícia Brunet (SE)
Elenco: Ana Kelly, Felipe Mascarello, Leandro Handel e Rogério Alves

Sinopse Encontros, NÉ?:
O que é o Nordeste? Não sabemos. Dada a indefinição, vêm as dificuldades em traçar suas fronteiras. Por conseguinte, também a localização. Não sabemos onde fica ao certo. Mas somos capazes de jurar que existe. Ah, existe sim! Como na vida, que ao seguir vamos entendendo, encontrando… Quem sabe até lá consiga-se descobrir, como um dia deu a sorte de acontecer com o Brasil.

Ficha Ténica:
Artistas criadores: Igor Fortunato, Titina Medeiros, Caio Padilha e Nara Kelly
Direção: César Ferrario
Produção criativa: Talita Yohana e Arlindo Bezerra

DOMINGO (9/5), ÀS 20h
O Outro Nome da Amizade, com a Cia. do Tijolo (SP), e Você já Sangrou Hoje?, com Brenna Maria e Ywira Ka’i (MA)

Sinopse O Outro Nome da Amizade:
A Cia.do Tijolo evoca personagens de seus espetáculos para junto com amigas, camaradas e companheiros, pensar o tempo presente, a vida presente, os homens e mulheres presentes. Dom Helder Câmara, Ivone Gebara, Paulo Freire e Patativa do Assaré percorrem encruzilhadas da cidade de concreto condenada a nunca adormecer.

Ficha Técnica:
Ator/diretor: Dinho Lima Flor
Atriz/diretora: Karen Menatti
Ator/diretor: Rodrigo Mercadante
Técnico audiovisual: Flávio Barollo
Produção: Suelen Garcez

Sinopse Você já Sangrou Hoje?:
Você sempre pega e usa como bem entender. Não cuida e tão pouco se importa se um dia vai acabar. “Tudo que é usado em demasia acaba”, diria dona Joana, que vivendo da terra em São João Batista gerou nove filhos. ÌYÁ MESAN ÒRUN! A terra é sagrada e jorra sangue de suas entranhas. Por isso, cuidado, muito cuidado com quem você mexe, pois “Eu avanço ao som de trovões cortando gargantas”.

Ficha Técnica:
Elenco: Brenna Maria e Ywira Ka’i
Direção, texto e música: Brenna Maria
Direção de arte e edição: Ywira Ka’i

 

 

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Teatro em tempo de peste

Edjalma Freitas encena três poemas da Tetralogia da Peste, de Antonio Martinelli. Foto: Toni Rodrigues

“Toda hora é de luto em Guayaquil”, diz o texto de Antonio Martinelli, Tetralogia da Peste. Aqui no Brasil também. O Jornal Nacional, há mais de um ano, divulga o número de mortos diariamente. Ontem, 23 de abril, eram 386.623 pessoas. É nesse contexto que o ator e produtor cultural Edjalma Freitas lança Poema. As apresentações serão neste sábado (24), às 20h, e domingo (25), às 18h e às 20h.

“É a urgência da hora. Um espetáculo de quarentena, pandêmico, com as condições que temos, com a pouca verba da Aldir Blanc, com as dificuldades de ensaiar presencialmente, com os adiamentos da estreia porque o diretor pega covid, porque o estado decreta lockdown. Tudo isso está refletido nesse trabalho”, explica Freitas. Com texto do jornalista e gestor cultural Antonio Martinelli, o espetáculo tem direção de Quiercles Santana e direção audiovisual de Tuca Siqueira.

Três poemas da Tetralogia da peste [+ dois tempos, uma cidade], lançado pela N-1 Edições, compõem a dramaturgia do espetáculo: Brasilândia, Zona Norte, Calvário e O Eco de Bérgamo. Edjalma Freitas se deparou com a obra por meio de um post no Instagram. “Quando o livro foi lançado, Galiana Brasil fez uma postagem nos stories dela. Achei bonito aquilo que ela escreveu, achei o nome Tetralogia da Peste interessante e, logo na sequência, fui ler. Fiquei tomado pelo texto, pela força das palavras, pela capacidade de geração de imagens que aqueles poemas tinham – que eu nem chamava de poema ainda. Era muito dramático, trágico. Quando terminei a primeira leitura, na segunda já li em voz alta, muito mexido, com vontade de performar essas palavras”. O mote é a pandemia, enquanto esse fim do mundo ainda está acontecendo e as feridas expostas.

Traduzir a linguagem do palco para o audiovisual foi uma das inquietações da equipe de criação. A opção pela transmissão ao vivo e não pela gravação acirrou os questionamentos com relação à linguagem. “O espetáculo chega às pessoas através do meio digital e a gente nunca pegou numa câmera!”, conta o ator. Foi aí que a diretora Tuca Siqueira entrou na história. “Quando o espetáculo já estava de pé, nessa reta final, ela veio fazer a direção de fotografia: como essa câmera se desloca, o que essa câmera pega, como se movimenta. São saberes do audiovisual, que ela quem trouxe. Eu não me atreveria a fazer uma coisa transmitida, flertando com essa linguagem, sem uma pessoa do audiovisual presente. É uma peça de teatro, os saberes do teatro, está tudo ali, desde a minha atuação, os signos, os elementos. A gente construiu uma peça de teatro, mas que flerta diretamente, arranha, fricciona com os saberes do audiovisual, já que as pessoas vão ter acesso por meio de um celular, de um computador, de uma tv”, explica.

Como conta com o apoio da Lei Aldir Blanc, a peça tem ingressos gratuitos, que podem ser retirados pelo Sympla. O projeto que ainda tem ares de sonho é levar a peça aos palcos, assim que possível.

Espetáculo será ao vivo, com transmissão pelo YouTube

Ficha técnica:
Poema
Atuação: Edjalma Freitas
Autoria: Antonio Martinelli
Direção: Quiercles Santana
Direção audiovisual: Tuca Siqueira
Trilha sonora original: Pedro Huff e Tarcísio Resende
Cenografia e figurino: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Provocação corpovoz: Henrique Ponzi

Serviço:
Quando: sábado (24), às 20h, e domingo (25), às 18h e às 20h
Onde: Transmissão pelo YouTube
Quanto: Gratuito. É preciso retirar ingressos pelo Sympla 

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Sobre desejos, descolonização e mal-estar
Acompanhamento de processo de Práticas Desejantes

Práticas Desejantes utiliza dispositivo do jogo de tabuleiro. Foto: Guto Muniz

* A ação Satisfeita, Yolanda? no Reside Lab – Plataforma PE tem apoio do Sesc Pernambuco

A abertura de processo da pesquisa Práticas Desejantes me instigou a pesquisar sobre a mexicana sor Juana Inés de la Cruz (1648 ou 1651-1695), uma freira poeta, dramaturga, considerada a primeira escritora de língua espanhola na América. Uma matéria da revista Época diz: “Sor Juana manejou como ninguém os maneirismos do barroco – a retórica elevada, o virtuosismo linguístico, o gosto pela contradição e pelo exagero. Compôs poemas, comédias teatrais, defendeu o direito da mulher à educação e se envolveu num acirrado debate teológico com o padre Antônio Vieira, expoente do barroco luso-brasileiro”. Octavio Paz escreveu sobre a mexicana no ensaio Sor Juana Inés de la Cruz ou As armadilhas da fé, uma obra de fôlego misturando biografia, história, antropologia e crítica literária, que entrou na lista de próximas leituras depois da minha breve pesquisa.

Sor Juana é uma das mulheres que compõem o jogo “Who´s She?”, dispositivo utilizado no processo de Práticas Desejantes para desencadear uma série de possibilidades de sentidos. Frestas de luz que são abertas a cada nova interação entre as jogadoras, Daniele Avila Small e Andrezza Alves. Quem foi criança ou interagiu com uma nas décadas de 1980 e 1990 provavelmente vai lembrar do jogo que inspirou Who´s She?: Cara a Cara, era muito comum.

Descobri que é vendido ainda hoje, inclusive numa versão princesas da Disney. Duas pessoas jogam e a ideia é descobrir, pelas características físicas, quem é o personagem do seu adversário. Em Who´s She?, as perguntas sobre aparência foram substituídas pelas biografias, conquistas, feitos de mulheres de tempos diversos, desde o Egito Antigo, até a jogadora de tênis Serena Williams e a mais jovem ganhadora do Nobel da Paz, Malala. Ela era artista? Ativista? Inventou algo? Ocupou algum cargo político? Pelo que vi no site da fabricante do jogo, Playeress, ainda não há uma versão em português.

Como espectadores, acompanhamos o jogo e a só aparente, pelo clima de descontração, despretensiosa conversa entre Daniele e Andrezza. Não há aleatoriedades – nem na forma e nem na escolha de dar espaço a biografias de mulheres que é, por si, política, ainda mais quando lembramos do contexto de pandemia e de como as mulheres são as mais prejudicadas nessa situação de tragédia sanitária, seja pelas consequências no mercado de trabalho, seja pelo aumento do trabalho não-remunerado, como os cuidados com a casa, com os filhos, com os parentes mais próximos. 

No Cara a Cara versão Who´s She? que Daniele e Andreza jogaram, entre tantas mulheres incríveis, como Hedy Lamarr, Aretha Franklin, Yoko Ono, Chimamanda Ngozi Adichie, só há duas latino-americanas: a freira Juana Inés de la Cruz e Frida Kahlo. Numa versão mais recente, a brasileira Marielle Franco foi incluída. No instagram da marca, o anúncio dizia: “Como muitos de vocês pediram, nós decidimos fazer uma pequena substituição no nosso jogo de cartão. A partir de agora, vocês poderão aprender mais sobre a história de Marielle Franco, feminista e política brasileira que sacrificou sua vida para lutar pelos direitos humanos, especialmente daqueles que vivem em bairros pobres do Brasil”.

Marielle Franco é uma das cartas da nova versão do jogo Who´s She?. Foto: reprodução Instagram

A pesquisa do projeto Práticas Desejantes tem muito a ver com Há mais futuro que passado – um documentário de ficção, dramaturgia de Clarisse Zarvos, Mariana Barcelos e Daniele Avila, que também assina direção. São cruzamentos e expansões: a peça resgata as obras e as histórias de artistas latino-americanas que não têm vez diante da narrativa hegemônica, masculina, sobre a história da arte. A encenação percorre  os caminhos de uma palestra-performance, tema que Daniele estudou no doutorado em Artes Cênicas na Unirio.

A abertura de processo experimenta na forma, manejando os códigos teatrais, fazendo com  que o espectador se pergunte: o que é mesmo uma peça de teatro? Quais as características que definem o que convencionamos chamar de espetáculo? Se desestabilizar esses limites já trazia fricções interessantes, como o formato da palestra levado ao palco, com a explosão do teatro digital, parece que as fronteiras estão sendo alargadas cada vez mais. A questão é se perguntar se aquela forma atende às aspirações com relação ao conteúdo. Alinhar essas expectativas é uma das questões que o grupo deve encarar ao longo do processo, já que os desejos ainda são maiores do que o que está posto como encenação e dramaturgia.

Andrezza Alves e Daniele Avila Small jogam Who´s She?. Foto: Guto Muniz

 

Desejos e descolonização – Na segunda metade da abertura do processo, outras pessoas entraram na live exibida durante a programação do festival Reside Lab – Plataforma PE: Ana Paula Sá, Analice Croccia e o namorado, Carlos Manoel Valença, Geraldo Monteiro e Lais Machado. No mesmo registro da conversa, da coloquialidade, as discussões sobre as intenções do projeto foram esmiuçadas a partir do jogo do tarot, indicando caminhos de como será o processo desse grupo, decidido a enveredar pelo desejo de descolonização dos pensamentos e da prática artística.

Neste momento de retrocesso do mundo, em que constatamos mais uma vez as desgraças do “capitalismo do desastre”, como pontua Naomi Klein, estamos lutando a duras penas para resguardar e manter a luta, nos nossos processos de emancipação. Pelo que percebo, Práticas Desejantes faz parte disso, uma tentativa, ao mesmo tempo aguerrida e afetuosa, de causar fissuras aos modelos do nosso inconsciente colonial.

No prólogo que Paul B. Preciado escreve para Esferas da Insurreição – notas para uma vida não cafetinada, de Suely Rolnik, tem um trecho que me parece ser exatamente o que esses artistas discursivamente expressam que estão buscando, tateando, transpondo ao ambiente das artes da cena, mas explodindo para a vida: “A revolução não se reduz a uma apropriação dos meios de produção, mas inclui e baseia-se em uma reapropriação dos meios de reprodução – reapropriação, portanto, do ‘saber-do-corpo’, da sexualidade, dos afetos, da linguagem, da imaginação e do desejo. A autêntica fábrica é o inconsciente e, portanto, a batalha mais intensa e crucial é micropolítica”.

Pela interpretação de Lais Machado, comentada pelos demais participantes da live, as cartas do tarot falaram em conflito, em trabalhar mesmo longe dos holofotes, em buscar as reais motivações, em reconhecer privilégios e lugares de descoberta. Continuo com Preciado citando Rolnik, porque os textos imbricados agregam muito significado aos mistérios do tarot: “Diferentemente das receitas de felicidades instantâneas e do feel good, a condição de possibilidade de resistência micropolítica é ‘sustentar o mal-estar’ que gera nos processos de subjetivação a introdução de uma diferença, uma ruptura, uma mudança. É preciso reivindicar o mal-estar que tais rupturas supõem: resistir à tendência dominante da subjetividade colonial capitalística que, reduzida ao sujeito, interpreta o mal-estar como ameaça de desagregação e o transforma em angústia (…)”

O mal-estar faz parte do processo de quem deseja descolonizar práticas e pensamentos. O conflito, os erros e os acertos. Mas há vários caminhos possíveis e as artes da cenas são espaço pulsante para essa investigação e experimentação. O processo parece longo, desafiador e exaustivo. Mas precisamos, não só os artistas de Práticas Desejantes, na vida, percorrê-lo, se estivermos interessados em construir outros mundos possíveis.

Jogo de tarot é o dispositivo utilizado na segunda parte da abertura de processo. Foto: Guto Muniz

Uma das etapas do projeto, contemplado pela Lei Aldir Blanc de Pernambuco, é a “Semana da Invasão”, com conversas abertas com artistas pernambucanas. Confira a programação:

Tema: Interfaces Artísticas e Matrizes de Identidade
Quando: 21 de abril (quarta-feira), às 18h30
Com Anne Mota, Iara Campos, Íris Campos e Lau Veríssimo
Onde: Youtube e Zoom 

Tema: Produção, ocupação de territórios e identidades coletivas
Quando: 22 de abril (quinta), às 18h30
Com Odília Nunes, Paula de Renor e Sophia William
Onde: YouTube  e Zoom 

Ficha técnica:
Práticas Desejantes
Idealização e performance: Andrezza Alves e Daniele Avila Small
Pesquisa, levantamento do material, criação do repositório, dramaturgia e curadoria: Ana Paula Sá, Andrezza Alves, Daniele Avila Small e Geraldo Monteiro
Mediação dos encontros e produção: Ana Paula Sá, Andrezza Alves e Daniele Avila Small
Edição, plataforma digital, gerenciamento e compartilhamento de conteúdos: Geraldo Monteiro
Identidade visual: Analice Croccia
Fotografia: Guto Muniz – Foco in Cena

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No tempo da delicadeza, sob o sol do Sertão
Crítica de No meu terreiro tem arte

Bandeira monta seu circo no quintal de casa, no Pajeú. Foto: Reprodução de tela

Odília Nunes, a boneca Ester e o teatro dos afetos. Foto: reprodução de tela

* A ação Satisfeita, Yolanda? no Reside Lab – Plataforma PE tem apoio do Sesc Pernambuco

Quando pensamos na arte do Pajeú, no Sertão pernambucano, logo lembramos da poesia, dos violeiros e repentistas, dos cordelistas. Dos encontros e festivais que perpetuam a oralidade da poesia, que traz junto a música, a rima, a performance desses artistas tanto nos palcos, quanto nas feiras, nos coretos das praças, nos terreiros, debaixo de alguma árvore frondosa. As narrativas, improvisadas ou não, muitas vezes bebem no imaginário popular e no cotidiano da própria região, nas vivências do povo do interior. “Quando é de manhãzinha/No tempo da trovoada/Canta alegre a passarada/Lá nas matas da serrinha/Vê se logo a andorinha/Voando sem direção/Quando vê preparação/Muito cedo se levanta/Toda passarada canta/Quando chove no Sertão” (Poesia de Efigênia Sampaio de Lima Barreto, publicada numa matéria da Revista Continente sobre as poetas do Pajeú, na edição de setembro de 2020).

A atriz, palhaça, dramaturga, cordelista, diretora e produtora Odília Nunes, nascida em São José do Egito, criada em Tuparetama, fez o caminho de muitos artistas que saem do interior para a capital e para outras regiões do país ou até para fora, que vão para longe dos seus quintais, em busca, geralmente, de aperfeiçoamento e crescimento profissional. Mas a jornada de volta é cada vez mais recorrente, ajudando a descontruir as narrativas de Nordeste às quais fomos habituados. O Nordeste da migração, o interior da dificuldade e da privação, o Sertão da terra esturricada.

Odília mora atualmente no Minadouro, comunidade rural da Ingazeira, justamente no Pajeú, e, há cinco anos, realiza o projeto “No meu terreiro tem arte”. A ideia é disseminar e promover a experiência do encontro com a arte para a população da própria região e, consequentemente, formar plateia, ampliar visões de mundo, oferecer um bocado de respiro, leveza, reflexão e boniteza.

Uma série de vídeos curtos tendo como protagonistas Odília e suas duas filhas, Violeta e Helena, foram exibidos em sequência no festival Reside Lab – Plataforma PE. Assim como os poetas e as poetas da região, Odília tem na contação de histórias, na oralidade e na presença alavancas do seu trabalho como artista.

Além disso, a pesquisa na palhaçaria se revela cada vez mais madura, pronta para despertar o sorriso e o encantamento no outro, a partir da simplicidade, da inocência e dos atos singelos da palhaça Bandeira. A última vez que me recordo de ter visto Bandeira já faz bastante tempo: foi em Divinas, talvez em 2011, espetáculo assinado pela Duas Companhias, ao lado das companheiras Uruba (Fabiana Pirro) e Zanoia (Lívia Falcão).

Muita água passou por debaixo dessa ponte. A pandemia, por exemplo, interrompeu, na medida da presença física, as atividades do projeto “No meu terreiro tem arte” no Minadouro. A última ação presencial foi em dezembro de 2020. 25 artistas de oito grupos chegaram à Ingazeira no dia 1º de dezembro. Ficaram todos em quarentena para que pudessem se apresentar, com o devido distanciamento, ao ar livre, no terreiro da igreja do sítio Minadouro, no terreiro de Dona Dia, no sítio Xique-Xique, e no terreiro de Aurinha, no sítio Caiçara. Todas as apresentações foram gravadas e depois exibidas no YouTube.

Mesmo neste período de quarentena, essas articulações com outros coletivos do interior continuaram, haja vista a organização da Ripa (Rede Interiorana de Produtores, Técnicos e Artistas de Pernambuco), e as criações artísticas, desta vez tendo a câmera como interface com o público.  

Ao longo deste último ano de tragédia no Brasil, temos visto uma experimentação vertiginosa das possibilidades de aproximação com a linguagem do audiovisual, neste teatro que necessita da mediação da tela para acontecer, para encontrar com o espectador. Alguns desses trabalhos se apropriam de recursos – digamos assim, mais incisivos. Talvez o principal deles seja uma edição menos linear, recortada, que vai dar direcionamento ao olhar do espectador a cada corte. Não existe uma categorização com conceitos delineados do que, neste momento de ainda mais fluidez de linguagens, seja ou não teatro. Também não há hierarquias, um manual de técnicas que você vá consultar para saber como fazer teatro online. Mas, muitas vezes, nem é preciso muita invenção: o simples bem-feito funciona em muitas situações. Como uma câmera aberta na paisagem do Sertão.

Bandeira usa brinquedo de madeira para contar história. Foto: reprodução de tela

Bandeira entra em cena: “Vixe, Nossa Senhora, que veio foi todo mundo. Opa, seu Mandacaru, como é que o senhor está?”. Apresenta a sua cena integrada à natureza e o desenrolar é tão natural àquela paisagem, como se uma roda de gente sentada em seus tamboretes estivesse acompanhando ali de pertinho. Ela monta o circo dela.

O traca-traca, um brinquedo artesanal, formado por umas plaquinhas de madeiras, se transforma em menino, cachorro, casa, peixe, cavalo e por aí vai, numa história de um menino que ama os animais, vê um disco-voador e fica amigo de um extraterrestre que sabe tocar sanfona. Tudo isso numa coisa só. “Tu não consegue ver um menino aqui? Tu tem que usar a tua imaginação, criatura, tu tá no teatro!”, passa a receita. Para quem está assistindo, a mesma coisa: precisa embarcar na história, se permitir imaginar e brincar também, porque as coisas podem ser tudo que a gente quer que elas sejam, diz Bandeira noutras palavras.

Violeta e Helena participam da brincadeira com a boneca de luva Ester, que ganha vida com os dedos da mãe-artista Odília, ao som da caixinha de música. O quadro é de uma delicadeza que extrapola as tentativas de explicação. A boneca de poucos centímetros, uma senhorinha preta esculpida em cada detalhe, de vestido florido, desperta e se coloca disponível para um jogo que é muito íntimo, que é do teatro feito em escala mínima, um para um, para dois ou três.

A boneca anda nas palmas das mãos, escala cabeças de crianças, se deixa acariciar, também alisa e beija os rostos das meninas, nos lembrando da potência que tem esse gesto que nos era tão corriqueiro. Que muitas vezes era automático, até para cumprir o protocolo social. Beijar uma avó, beijar a boneca Ester, neste momento mais do que nunca, é construção de teia de afetos, é mostrar que a gente precisa se concentrar no que importa.

Boneca Ester desperta para brincar com as crianças. Foto: reprodução de tela

Se a escala da Ester é de pouco centímetros, noutro quadro Cordelina é boneca gigante com cabeça feita de cabaça. O ritual inclui que o público acompanhe Odília se vestir de Cordelina. Emprestar seu corpo que já é relativamente alto para uma boneca de grandes dimensões que  dança entre as juremas pretas.

Noutro quadro, Nós sem nossa mãe, Viola (Violeta) e Gerimum (Helena), “Gerimum com g pois é gerimum gente e não Jerimum de comer”, explica Odília, também assumem o protagonismo e brincam como palhaças que estão se formando, aprendendo a existir no mundo. As duas encaram o jogo, se permitindo serem artistas e crianças, tendo liberdade para exercer a criatividade. Daqui a pouco a mãe chama, que o almoço está quase pronto.

Neste cenário de Sertão tem verde, céu azul, o fusca estacionado na frente de casa, o quintal com árvore que dá sombra. Mãe artista e suas filhas. Delicadeza para lembrar que a arte deixa a vida muito melhor. Dá até uma esperança, um quentinho no coração. A visita a esse terreiro está agendada, assim que o mundo girar e a vacina finalmente chegar.

Ficha técnica:
Brincantes/palhaças/atrizes: Odília Nunes, Violeta Nunes e Helena Nunes
Criação geral: Odília Nunes

A boneca Cordelina. Foto: reprodução de tela

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4º Crítica em movimento traz espetáculos, debates, podcasts e publicações

Épico, da Tercer Abstracto. Foto: Brendo Trolesi

Tempos de Errância – lado B [vídeo teatro], espetáculo do Núcleo 2 Coletivo de Teatro. Foto: Polly Rosa

A 4ª edição do Crítica em Movimento, realizado pelo Itaú Cultural, vai acontecer a partir desta quinta-feira (1) até domingo (4) com espetáculos, debates, lançamentos de podcasts e cadernos digitais, com textos sobre crítica e teatro, que serão publicados paulatinamente, de 1 a 22 de abril.

A abertura da programação será com a mesa “Considerações sobre a recepção crítica na vida contemporânea” nesta sexta-feira, às 20h. Valmir Santos, co-curador do Crítica em Movimento, jornalista e crítico do site Teatrojornal, conversa com a pernambucana Clarissa Diniz, curadora, pesquisadora e crítica de artes visuais, atualmente professora e curadora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e com Alcir Pécora, professor e crítico literário da Universidade Estadual de Campinas.

Na sexta-feira (2), às 20h, começam as apresentações de espetáculos com Épico, peça do grupo Tercer Abstracto, que trabalha com artistas do Chile e do Brasil desde 2012. No espetáculo, o grupo coloca em paralelo uma peste mortífera que assolou a Europa em 1348 e a situação da Covid-19 no mundo desde o ano passado. O espetáculo faz parte do Projeto Manifestos, que investiga na cena as propostas e manifestações teatrais do início do século XX. Neste caso, o ponto de partida é Bertolt Brecht. Depois da apresentação, haverá uma conversa com o professor-adjunto do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará, Héctor Briones.

A programação continua no sábado (3), às 20h, com Tempos de Errância – lado B [vídeo teatro], espetáculo do Núcleo 2 Coletivo de Teatro, de Minas Gerais. O espetáculo parte de três fotogramas recentes e contemporâneos da paisagem latino-americana, buscando rastros de devastação pela violência armada. Pós-apresentação, o público acompanha o bate-papo do diretor artístico Narciso Telles com a atuadora gaúcha Tânia Farias.

No domingo (4), a companhia Enxame Circo, de São Paulo, apresenta o espetáculo Enxame. A sinopse diz que quatro indivíduos à espera de que algo aconteça acabam subvertendo a ordem das coisas dentro de um fluxo de acontecimentos não-rotineiros. A encenação traz técnicas circenses tradicionais, como corda lisa, malabarismo, palhaçaria e paradas-de-mão, elementos do teatro e da dança, e ainda projeção de vídeo. Logo depois, a conversa será conduzida por Fátima Pontes, atriz, produtora cultural e professora de teatro, que há 20 anos coordena as áreas executiva e artística da Escola Pernambucana de Circo.

O podcast Crítica em Movimento possui cinco episódios, que serão liberados todos ao mesmo tempo a partir desta sexta (1), no site do Itaú Cultural e nos aplicativos de podcast. O primeiro episódio tem como tema “Quais os enfrentamentos da prática da crítica de teatro hoje?”, com participação do crítico e jornalista Macksen Luiz e da crítica e pesquisadora Daniele Avila Small, da revista Questão de Crítica, com a mediação de Valmir Santos. No segundo programa, participam Lourdes Macena, pesquisadora e artista cearense, e o ator e diretor Rogério Tarifa, com mediação do professor paraibano Diógenes Maciel, a partir do tema “Como a crítica se relaciona com a noção do popular nas artes cênicas?”.

Maria Fernanda Vomero, jornalista, crítica, curadora e pesquisadora, faz a mediação do terceiro episódio que tem como pergunta disparadora “Qual a percepção de quem cria a respeito do travalho da crítica?”. Participam a atuadora Tânia Farias, da gaúcha Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, e o dramaturgo e diretor Edyr Augusto Proença, do paraense Grupo Cuíra. No quarto programa, o tema é “Como exercer olhares e escutas a partir da cena remota?”, com mediação da jornalista e crítica Luciana Romagnolli, do site Horizonte da Cena. O último episódio, com mediação da professora, crítica e jornalista Julia Guimarães tem como tema “Qual o lugar da resistência na formação da crítica?”, com Dodi Leal, professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal do Sul da Bahia, e Henrique Saidel, diretor, performer, curador e professor gaúcho.

O Crítica em Movimento traz ainda a publicação de oito caderno com 24 textos. Ivana Moura, jornalista e crítica aqui do Satisfeita, Yolanda? escreveu para o primeiro caderno, que sai nesta quinta-feira (1), com o tema “O papel da crítica de teatro no Brasil: do jornal impresso à plataforma digital”. Também escrevem neste caderno Edson Fernando (PA) e Macksen Luiz (RJ) a partir do tema O papel da crítica de teatro no Brasil: do jornal impresso à plataforma digital.

No caderno 2 “O vão entre a crítica e o circo” escrevem Alice Viveiros de Castro (RJ), Daniel Lopes (SP), Ermínia Silva (SP) e Fátima Pontes (PE). O caderno 3 traz textos de Carlos Alberto Pereira dos Santos (RS), Daniel Kairoz (SP) e Rosa Primo (CE) com o tema “Estados da crítica de dança”.

Pollyanna Diniz, jornalista e crítica aqui do Yolanda escreveu para o caderno 4 a partir do tema “Espaços digitais empenhados em artes cênicas”, que tem ainda como autores Diogo Spinelli (RN) e Walmeri Ribeiro (RJ). No caderno 5 “A dificuldade da crítica em contracenar com o teatro de rua” os autores são Altemar DiMonteiro (CE), Lindolfo Amaral (SE) e Marta Haas (RS). Fernando Cruz (MS), Nena Inoue (PR) e Onisajé (Fernanda Júlia|BA) escrevem no caderno 6 “A cena engajada no contexto contemporâneo”. O caderno 7 propõe o tema “Teatros peculiares na mão dupla com Cuba e Brasil”, com os autores Camila Scudeler (Colômbia), Luis Alonso-Aude (BA) e Luvel Garcia (Cuba). E, por fim, o caderno 8 “Panorama do teatro latino-americano visto da ponte” reúne textos de Alice Guimarães (Bolívia), Andrea Hanna (Argentina) e Héctor Briones (Chile/CE).

PROGRAMAÇÃO CRÍTICA EM MOVIMENTO

Mesa Considerações sobre a recepção crítica na vida contemporânea
Com Alcir Pécora (SP), Clarissa Diniz (RJ) e Valmir Santos (co-curador desta edição do Crítica em Movimento – SP)
Quando: Quinta-feira (1), às 20h
Onde: Pela plataforma Zoom, com ingressos via Sympla
Quanto: Gratuito
* Com tradução simultânea em espanhol

Clarissa Diniz (foto: Portrite) e Valmir Santos (foto: Agência Ophélia) participam de mesa de abertura

Épico, da Cia Teatral Tercer Abstracto (Chile/Brasil)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Héctor Briones (CE)
Quando: Sexta-feira (2), às 20h
Onde: Pela plataforma Zoom, com ingressos via Sympla
Quanto: Gratuito
* Com legenda em espanhol

Tempos de Errância – lado B [vídeo teatro], do Núcleo 2 Coletivo de Teatro (MG)
Após a apresentação, acontece bate-papo com o ator Narciso Teles, mediado por Tânia Farias (RS)
Quando: sábado (3), às 20h
Onde: Pela plataforma Zoom, com ingressos via Sympla
Quanto: Gratuito
* Com legenda em espanhol

Enxame, da companhia Enxame Circo. Foto: Daniel Carvalho

Enxame, do Enxame Circo (SP)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Fátima Pontes (PE)
Quando: domingo (4), às 20h
Onde: Pela plataforma Zoom, com ingressos via Sympla
Quanto: Gratuito

PROGRAMAÇÃO DE PUBLICAÇÕES, no site do Itaú Cultural

1 de abril, quinta-feira:
Caderno 1: O papel da crítica de teatro no Brasil: do jornal impresso à plataforma digital
Autores: Edson Fernando (PA), Ivana Moura (PE) e Macksen Luiz (RJ)

Caderno 2: O vão entre a crítica e o circo
Autoras: Alice Viveiros de Castro (RJ), Daniel Lopes (SP), Ermínia Silva (SP) e Fátima Pontes (PE)

8 de abril, quinta-feira:
Caderno 3: Estados da crítica de dança
Autores: Carlos Alberto Pereira dos Santos (RS), Daniel Kairoz (SP) e Rosa Primo (CE)

Caderno 4: Espaços digitais empenhados em artes cênicas
Autores: Diogo Spinelli (RN), Pollyanna Diniz (PE) e Walmeri Ribeiro (RJ)

15 de abril, quinta-feira:
Caderno 5: A dificuldade da crítica em contracenar com o teatro de rua
Autores: Altemar DiMonteiro (CE), Lindolfo Amaral (SE) e Marta Haas (RS)

Caderno 6: A cena engajada no contexto contemporâneo
Autores: Fernando Cruz (MS), Nena Inoue (PR) e Onisajé (Fernanda Júlia | BA)

22 de abril, quinta-feira:
Caderno 7: Teatros peculiares na mão dupla com Cuba e Brasil
Autores: Camila Scudeler (Colômbia), Luis Alonso-Aude (BA) e Luvel Garcia (Cuba)

Caderno 8: Panorama do teatro latino-americano visto da ponte
Autores: Alice Guimarães (Bolívia), Andrea Hanna (Argentina) e Héctor Briones (Chile/CE)

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