Na última terça-feira, o Leia-se:Terça, no Espaço Muda, no bairro de Santo Amaro, no Recife, foi com dois textos de temática homoafetiva. Febre que me segue, de Breno Fittipaldi, e Sodomia Song, de Wellington Júnior. A leitura intitulada Faca de dois gumes teve direção de Wellington Júnior e estiveram no palco, além de Breno Fittipaldi, Rodrigo Dourado, Nelson Lafayette e Tiago Gondim. Conversando com Rodrigo Dourado, ele falou que existe sim a possibilidade de que a peça seja mesmo montada pelo grupo, que essa seria uma primeira experiência. E aí, Rodrigo? Vai rolar?
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Fim de férias
Está terminando neste fim de semana o 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco. Por isso mesmo, nao percam a oportunidade de levar filhos, sobrinhos, netos ao teatro. A programação tem contemplado peças de muita delicadeza, divertidas, e que dão um panorama do que está sendo produzido em teatro para infância e juventude no país.
Vamos à programação:
Mania de explicação – Texto: Adriana Falcão. Direção: Rodolfo Vaz. Com a Cia. Canguru de Teatro de Bolso e Bonecos (Belo Horizonte – MG). Garotinha busca explicações para várias palavras, apresentadas de forma poética e lúdica. Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio). Sábado e domingo, às 16h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. 2 anos. Informações: (81) 3355-3323.
O contrarregra – Texto: Jackson Zambelli e Reveraldo Joaquim. Direção: Jackson Zambelli. Com o Cirquinho do Revirado (Criciúma – SC). Os bastidores de um circo são mostrados através do teatro de bonecos. Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro, Praça do Campo Santo, s/n, em Santo Amaro). Sábado e domingo, às 16h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). 4 anos. Informações: (81) 3216-1721.
O Urubu Cor-de-Rosa – Texto: Suzany Porto. Direção: Guto Lustosa. Com o Grupo Scenas (Recife-PE). De forma descontraída, a peça trata do preconceito e da convivência harmoniosa com as diferenças. Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, 121, Pina). Sábado e domingo, às 16h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Informações: (81) 3355-6398.
A céu aberto circo pano de roda lona estrela – Direção: José Manoel Sobrinho. Dramaturgia: Alexsandro Silva. Com a Cia 2 em Cena. Seis palhaços moram num circo e resolvem se disfarçar de patrão, para mudar toda a função. Sítio da Trindade (Estrada do Encanamento, Casa Amarela). Domingo, às 16h. Opção gratuita no festival.
Zé Mané, Primazé e outro Zé – Texto: Tuna Serzedello. Direção: Soledad Yunge. Com a Cia Falbalá (São Paulo-SP). Baseada em contos populares sobre a morte, a peça faz divertida homenagem à vida, através de três personagens. Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu (Avenida Boa Viagem, Boa Viagem). Sábado e domingo, às 16h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). 4 anos. Informações: (81) 3355-9823.
8 horas de performance no Joaquim Cardozo
Camilla Rios e Biagio Pecorelli vão enfrentar uma maratona de oito horas ininterruptas, no Teatro Joaquim Cardozo, no Centro Cultural Benfica, no Recife. É um jogo que vai buscar referências no método Stanislavski e nas ousadas performances da artista Marina Abramovic. Hoje, das 14h às 22h.
Os dois performers se conheceram fazendo o curso de ator do Sesc e estiveram juntos na montagem A morte do artista popular, sob direção de Antonio Edson Cadengue. Há mais ou menos quatro meses decidiram realizar essa performance, antes que Biagio trilhe outros caminhos – já que pretende morar em São Paulo para fazer mestrado.
O programa cênico chama-se Radiações invisíveis da vontade e tem entrada gratuita. A memória das emoções e o álbum de fotos antigas das famílias deles foram usados para construir uma situação. Segundo eles, isso está diluído na experiência, embora os dois apenas se movimentem no palco e interajam, mas sem dizer nenhuma palavra ou se tocar.
Além dos atores, que não podem sair do palco, também estão nessa empreitada, César Jeansen, Cleison Ramos, Lorena Arouche e Luana Lira (responsáveis pela luz) e Laryssa Moura, Dandara Palankof e Eva Jofilsan (no apoio e registro audiovisual).
O público tem passe livre e pode entrar e sair a qualquer momento, mas exige-se dele que respeite o experimento cênico e faça silêncio. A entrada é gratuita. Vamos lá.
Quando alguém deixa de existir
Falando em Palco Giratório, fiquei me perguntando quando teremos a oportunidade de ver novamente o trabalho Paralelas do tempo – A teatralidade “do não ser”, fruto de uma pesquisa do grupo Fiandeiros, aprovada pelo Funcultura, sobre moradores de rua. Na realidade, não era necessariamente para virar uma montagem, mas a companhia tem nas mãos três textos e um belo “experimento” cênico sob a direção de André Filho.
Não sei vocês, mas eu tenho (ops, tinha!) um pouco de preconceito quando ouvia que uma peça abordava o tema ‘moradores de rua’. Vai ver foi trauma de um espetáculo que vi na época do colégio e saí horrorizada: eram os moradores de rua na visão de uma classe média elitista, que nem sabia do que estava falando.
A Fiandeiros sabia que corria esse risco e, por isso mesmo, foi preciso sofrer na pele. Foram para as ruas eles mesmos como mendigos, sentiram medo, viram o problema de perto, conheceram histórias, foram ignorados até por “conhecidos”.
Essa experiência resultou em três textos e, consequentemente, quadros dramatúrgicos apresentados na sede do grupo, na Boa Vista, no dia 21 de maio. Depois da encenação, ainda teve um debate bem interessante, quando os atores tiveram a oportunidade de contar como foi o processo do trabalho.
No primeiro quadro, intitulado Salobre, Manuel Carlos e Daniela Travassos interpretaram um ex-palhaço e uma garota que só sabia tocar uma música na sanfona. Ele foi queimado na rua; ela o salvou. Ele perdeu os filhos; ela era a única companhia. Tudo o que tinham estava em malas e sacos. Na memória. Mas “qual o mapa de saída deste lugar?”, quando estamos falando de “gente que se perdeu no tempo de voltar”. Mas é impossível não aplaudir o palhaço e ele nos traz a esperança, mesmo que incerta, de um amanhã.
No segundo, O presente, acompanhamos duas mulheres vítimas de uma enchente, que se encontraram há dez anos. Uma delas é cega (Kellia Phayza) e espera pela filha que nunca chega. A outra (Paula Carolina) se tornou a única companhia, a guia, o ombro, a cúmplice. Nos sacos carregados de um lado para o outro, “só o que o tempo botou e isso é muita coisa, porque é o mundo todo”. Elas não sabem para onde ir e sentem falta do tempo em que conseguiam sonhar. Mas é mesmo preciso ser moradora de rua para se sentir assim?
O último quadro, A cura, encenado por Jefferson Larbos, foi o que mais me causou estranhamento e certa “repulsa”. Tratou de uma realidade muito comuns às ruas: a loucura e as drogas. Talvez seja o mais distante porque é o que menos fazemos questão de ver, o mais visceral, aquele homem numa situação tão deplorável conversando com um manequim em momentos de violência ou solidão.
O grupo conseguiu atuações bastante tocantes e foi além do tema proposto. Não trouxe ao palco só histórias de moradores de rua, mas tratou de solidão, abandono, traumas sexuais, medo, violência, tempo. Um espetáculo que merecia ser visto nos teatros – ou mesmo no próprio espaço da Fiandeiros. Porque faz com que mude algo, com que pelo menos o assunto seja discutido e, quem sabe, possamos enxergar quem deixou de existir, mesmo estando ali, na nossa frente.
Há vagas!
Uma das reclamações mais comuns da classe artística é a falta de local para apresentar as suas produções. Ainda assim, a pauta do Teatro Barreto Júnior, no bairro do Pina, no Recife, para este segundo semestre permanece parcialmente desocupada. Um e-mail da assessoria da Prefeitura do Recife diz que apenas um espetáculo – Palhaços, o reverso do espelho, que estreou no mesmo teatro dentro da programação do Palco Giratório – alcançou a pontuação necessária. Sendo assim, três pautas ainda continuam disponíveis.
De acordo com a Prefeitura, uma comissão formada por cinco profissionais avalia as propostas a partir de três pontos: “sinopse do texto ou roteiro do que será apresentado; a proposta, os objetivos e a justificativa da montagem; e o currículo da equipe”. Bom, os que se interessarem por ocupar o espaço ainda podem se dirigir à Gerência Operacional de Teatros (Rua Montevidéu, 114, Boa Vista. Informações: (81) 3355-1764).