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A dança da resistência

Maria Paula Costa Rêgo, no espetáculo Terra. Foto: Guto Muniz/ Divulgação

Maria Paula Costa Rêgo, no espetáculo Terra. Foto: Guto Muniz/ Divulgação

Abril é mês de reivindicação e articulação artístico-política para artistas da dança em Pernambuco. Uma série de ações estão previstas, como debates políticos, performances, feira, aulas, consultorias, intercâmbios, espetáculos, mostra de fotografia e intervenções visuais.  A segunda edição do DDDança começa hoje às 19h30, no Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, 457, Boa Vista, Recife-PE), com a exibição do espetáculo Terra em outras terras, de Maria Paula Costa Rêgo, do Grupo Grial e convidados. E o ápice deve ocorrer no dia 29 de abril, Dia Internacional da Dança, na Torre Malakoff. Na ocasião, será entregue um documento oficial, com as exigências do setor, ao Ministro da Cultura Juca Ferreira.

O espetáculo Terra é a referência para polemizar sobre territórios – ocupação e perda – e chegar a Terra em outras terras. Bailarinos de várias linguagens vão participar – capoeira, hip hop, balé clássico, dança contemporânea e outras – numa demonstração do rizomático do DDDança. Entre os convidados estão Anne Costa, Orun Santana, Julyanne Rocha, Emerson Dias, Maria Agrelli, Pedro Salustiano, Paulinho Sete Flexas e FX. O Terra em outras terras dispõe de trilha sonora assinada por Naná Vasconcelos e homenageia o percussionista, que morreu recentemente.

O lugar dos corpos, cultura, sons e movimentos negros na dança irá orientar o laboratório de dramaturgia em dança Corpos em manifesto, na quarta-feira (6), a partir das 9h30, no Teatro Arraial. Dançarinos, pesquisadores, performers e demais interessados vão debater questões relativas ao tema A bailarina negra / O bailarino negro. Desse enfrentamento estéticos e de ideias resultará uma performance-manifesto a ser exibida às 19h30, aberta ao público.

Jorge Kildery em Elègún - um corpo em trânsito. Foto: Divulgação

Jorge Kildery em Elègún – um corpo em trânsito. Foto: Divulgação

Estão envolvidos bailarinos negros da cidade, como Orum Santana, Jorge Kildery, Manuel Castomo, Alê Carvalho, Anne Costa, Jaqson Gomes e Simone Silva, e os músicos Isaar, Bárbara Regina, Arnaldo do Monte e Aduni Guedes. Além de amanhã, o laboratório Corpos em manifesto ocorrerá em mais duas quartas-feiras de abril (nos dias 13 e 20), com temáticas renovadas a cada edição. Dia 13, o tema é Tradição e contemporaneidade – relação e conflito. Irão participar Pedro Salustiano, integrantes da Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, bailarinos da dança clássica e do hip hop. Dança numérica – a utilização da tecnologia pela dança é o mote do dia 20.

Na sexta-feira (8), no Espaço Experimental, a partir das 18h está marcada uma exposição com imagens da dança, clicadas por profissionais como Hans von Manteuffel, Rogério Alves e André Nery.

O DDDança busca potencializar o pensamento e a prática da dança como cadeia produtiva. Além de prever o diálogo entre realizadores, produtores e apreciadores dessa arte. Neste segundo ano, o evento é produzido em parceria com artistas, com apoio dos governos estadual, municipal e federal, e toda a programação é gratuita.

O Encontro Nacional da Dança será realizado no Recife nos dias 27, 28 e 29 de abril, com a presença de gestores, artistas e coletivos de vários estados brasileiros, com o propósito de fortalecer a articulação nacional da dança, E terá a presença do Comitê Gestor da Política Nacional das Artes e do Ministro da Cultura, Juca Ferreira. As inscrições para o encontro poderão ser feitas até o dia 25 no site.

O pessoal de Pernambuco, fora do Recife, deve inscrever propostas até o dia 12, em dddanca.wordpress.com. Um representante de uma das 12 Regiões de Desenvolvimento (RDs) pernambucanas terá sua vinda assegurada pelo governo do estado, incluindo alimentação e hospedagem. A seleção se dará por cartas de intenção e de currículos.

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Fique feliz! Tem FITO no Recife

Naná Vasconcelos apresenta show Guarda som. Foto: Ivana Moura

O fim de semana está propício para soltar a imaginação. O endereço para o exercício da criatividade é o charmoso Marco Zero, onde está instalado o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito). A programação começa às quatro da tarde com opções para o público infantil e adulto. Atores da Alemanha, Portugal, Israel, Bélgica, França utilizam os mais variados objetos, da pesada retroescavadeira que se transforma em bailarina, às bonecas tipo barbies, e outras coisas da indústria usadas de forma lúdica, para construir os espetáculos. Os grupos estrangeiros que têm montagens com falas utilizam legendas para a melhor compreensão. 

O Brasil está representado pelas companhias XPTO, Teatro das Coisas e Truks, todas de São Paulo. O pernambucano Naná Vasconcelos faz uma apresentação repleta de sons extraídos de objetos inusitados, como guarda-roupa e cabides. Neste sábado, o show de fechamento é com o genial Hermeto Pascoal. Simplesmente imperdível.

Igualmente imperdível é o espetáculo Assalto, da Companhia de Bakelite. A cabeça visível do grupo é o ator Olivier Rannou, com uma atuaçao extraordinária na montagem da trupe francesa.

O espetáculo O assalto é imperdível. Foto: Ivana Moura

O personagem central planeja um grande roubo e a montagem expõe todos os detalhes da execução do golpe. As mínimas surpresas são deslumbrantes. O ritmo é preciso e remete para um filme de suspense. Existe uma sincronia perfeita entre música, gestos e efeitos especiais. O ator transforma as quinquilharias que são largadas numa garagem em elementos com vida. Brinquedos em miniaturas, souvenirs quebrados, garrafas plásticas, pneu, porta de carro.

Olivier rannou se mostra exuberante no domínio das técnicas. Ele simula a subida em um prédio altíssimo, apresenta  a perseguição e a fuga, representa a conversa do bandido com o chefão da máfia apenas com um braço à mostra, expõe como serrar uma mala. Inventividade aos borbotões. A peça tem ritmo e humor. E passagens cheias de surpresas, onde os objetos viram protagonistas.

A cenografia é de Olivier Rannou e Alan Floc’h. A música de Jean-Luc Briand. A iluminação é fundamental para o espetáculo, falado em francês e com legendas em português.

Ator Olivier Rannou em excelente interpretação. Foto: Ivana Moura

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Teatro de objetos mais uma vez!

Lina Rosa Vieira traz Festival de Objetos ao Marco Zero

No mês de novembro do ano passado, a capital pernambucana recebeu o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito). Ninguém nem sabia do que se tratava. Mas Lina Rosa (que também idealizou o Sesi Bonecos), que fez esse festival pela primeira vez em 2009, em Belo Horizonte, sabia que seria um sucesso aqui no Recife. O festival encantou o público – pelas peças, pelas ações, pelos shows e pela sua estrutura. Várias salas de teatro foram montadas no meio do Marco Zero. Lembro que o show de Tom Zé foi ótimo. E as montagens têm uma delicadeza intrínseca; mas podem ser cômicas ou extremamente sarcásticas; simples ou super cabeçudas.

Este ano, o Fito será realizado de 14 a 16 de setembro, sempre a partir das 16h. Lina Rosa Vieira vai conversar no início desta tarde com os jornalistas para contar os detalhes da programação. Ivana Moura estará lá e depois conta tudo por aqui. Mas o XPTO, por exemplo, vem de novo (inclusive o pernambucano Tay Lopez, que é do grupo e estreou por aqui Na solidão dos campos de algodão, me disse que estará com o grupo no Fito); Naná Vasconcelos vai participar; e teremos espetáculos da Bélgica, França, Israel, Portugal, Alemanha. Essa Lina é mesmo uma arretada!

A programação do Fito já pode ser encontrada no site do festival.

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