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A força política e estética do Feteag 2025

A mon seul désir, de Gaëlle Bourges (França), abre programação. Foto: Danielle Voirin / Divulgação

Cocina Publica, do Teatro Container (Chile). Foto: Adelano

Germaine Acogny, que encerra o festival, é uma das grandes referências mundiais da dança contemporânea. Foto: Thomas Dorn

Abrir um festival com uma peça francesa que reflete sobre representações femininas medievais expressa um posicionamento curatorial questionador das desigualdades. Levar teatro contemporâneo que discute a alimentação no mundo para um assentamento de luta pela terra tem também algo de subversivo. Encerrar a programação com uma bailarina senegalesa de 81 anos que revolucionou a dança em seu país afirma uma visão de mundo que aposta na circulação de saberes. O Festival de Teatro do Agreste, em sua 34ª edição, estabelece diálogos diretos entre criação artística contemporânea e as urgências sociais do nosso tempo.

Dirigido por Fabio Pascoal, o Feteag 2025 reúne 21 espetáculos de 9 e 26 de outubro, entre nacionais e internacionais, todos com entrada gratuita. A seleção das peças aponta para inquietações contemporâneas sobre exclusão, resistência e identidade que perpassam as criações escolhidas.

A seleção desta edição opera segundo uma lógica que articula diversidade geográfica com urgências temáticas. A curadoria geral, conduzida por Fabio Pascoal, aproveitou estrategicamente a Temporada França-Brasil 2025 para trazer criações de Burkina Faso (África Ocidental), Camarões (África Central) e Guadalupe (Caribe francês), além da própria França.

Esta escolha curatorial carrega uma compreensão particular sobre como usar as relações bilaterais para amplificar vozes frequentemente marginalizadas nos circuitos internacionais.

A mostra principal leva o nome de Argemiro Pascoal, um dos fundadores do Teatro Experimental de Arte – TEA, realizador do Feteag

Les Sans adapta o pensamento de Frantz Fanon para o teatro. Foto: Julie Cherki / Divulgação

Les Sans (Os Sem), do coletivo Les Récréâtrales-ELAN, de Burkina Faso, investiga diretamente a questão dos sem-teto e excluídos sociais através de linguagem cênica que combina tradições orais africanas com teatro político contemporâneo. A peça adapta o pensamento de Frantz Fanon para o teatro através do reencontro de dois ex-companheiros de luta. Ali Kiswinsida Ouédraogo explora o conflito entre Franck e Tiibo, interpretados por Ali K. Ouédraogo e Noël Minougou, onde um mantém ideais revolucionários enquanto o outro foi cooptado pelo sistema que combatiam. Sob direção de Freddy Sabimbona, a obra interroga as limitações da independência burkinabê, investigando se a libertação formal constitui verdadeira descolonização ou apenas mudança de máscaras do poder colonial.

Quando esta criação dialoga com La Cocina Pública, do grupo chileno Teatro Container, estabelece-se uma reflexão transnacional sobre precariedade e solidariedade. A obra chilena propõe a preparação coletiva de uma refeição como ato político e comunitário, questionando quem tem direito à alimentação e ao espaço público através de performance participativa que dissolve fronteiras entre arte e vida cotidiana.

Gaëlle Bourges propõe a desconstrução de Imaginários conservadores sobre o Feminino. Foto: Thomas Greil  

À mon seul désir, de Gaëlle Bourges, que abre o festival, parte da tapeçaria medieval A Dama e o Unicórnio para reavaliar construções históricas sobre feminilidade. A coreógrafa francesa examina como a cultura europeia associou mulheres ao mundo vegetal e animal, perpetuando ideais de virgindade e pureza através de imagens aparentemente poéticas.

Bourges desenvolve uma investigação coreográfica que expõe as violências simbólicas embutidas nessas representações românticas, utilizando movimento e voz para evidenciar como tapeçarias medievais funcionavam como dispositivos de controle sobre corpos femininos. Sua pesquisa conecta-se com debates contemporâneos sobre representação e autonomia feminina, oferecendo ao público brasileiro uma análise sobre como imaginários europeus ainda influenciam percepções sobre feminilidade.

Un endroit du début com Germaine Acogny. Foto: Thomas Dorn

Por sua vez, Germaine Acogny, que encerra o festival no Teatro Santa Isabel, é uma das grandes referências mundiais da dança contemporânea. Nascida no Senegal em 1944, ela fundou a primeira escola de dança contemporânea da África Ocidental em 1977 e desenvolveu uma técnica própria que combina danças tradicionais africanas com metodologias contemporâneas ocidentais.

Em Un endroit du début, criado com Mikaël Serre, ela explora memórias corporais e ancestralidade através de movimentação que articula gestualidade ritual com linguagem cênica contemporânea. Aos 81 anos, permanece ativa como pesquisadora corporal e formadora, tendo influenciado gerações de bailarinos e coreógrafos em todo o mundo através de sua escola, onde formou centenas de artistas. Escrevi uma crítica a partir do trabalho gravado da artista em vídeo e que integrou a edição de 2021 do festival Janeiro de Grandes Espetáculos. Leia texto AQUI.

Assentamento Normandia: Arte em Território de Resistência

Espetáculo trabalha a ideia de patrimônio alimentar compartilhado

A apresentação de La Cocina Pública no Assentamento Normandia, em Caruaru, estabelece uma das escolhas mais incisivas desta edição. O Assentamento Normandia constitui um território conquistado através da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), expressando décadas de organização popular pela reforma agrária na região.

Programar uma obra sobre alimentação e participação comunitária para este espaço cria camadas de significado que expandem o artístico e o político. O Teatro Container, grupo chileno responsável pela criação, desenvolve há anos pesquisas sobre arte e alimentação como atos políticos, investigando como o preparo e partilha de comida funcionam como tecnologias de organização social.

La Cocina Pública transforma o preparo coletivo de uma refeição em ritual de partilha e reflexão sobre direitos básicos, utilizando metodologia participativa que convoca o público para ações concretas. No contexto do assentamento, onde a conquista da terra relaciona-se diretamente com o direito à alimentação, a criação ganha ressonâncias particulares sobre soberania alimentar e autonomia popular.

Mostra PE: Diversidade da Cena Local

A Mostra PE, com curadoria de Vika Schabbach e Igor Lopes, selecionou cinco trabalhos entre 57 inscrições através de chamada pública. Schabbach, crítica e pesquisadora teatral, e Igor Lopes, diretor e dramaturgo, construíram uma seleção que busca evidenciar a potência criativa da produção pernambucana contemporânea.

Itaêotá, do Grupo Totem

Bolor. Foto: Morgana Narjara

Itaêotá, do Grupo Totem, apresenta o resultado de seis anos de investigação artística que conecta ancestralidade indígena e africana com urgências contemporâneas. Este espetáculo de teatro-dança utiliza rituais coletivos e elementos como urucum para propor caminhos de regeneração social diante do colapso civilizatório, materializando a pesquisa Metamorfismo de (R)existência através de performance que dissolve fronteiras entre linguagens artísticas.

Bolor (Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi) confronta diretamente a mitologia freyreana do açúcar, empregando fungos como protagonistas metafóricos de processos de decomposição e renascimento. A criação aponta a violência estrutural da plantation açucareira através de estética da decomposição que valoriza redes subterrâneas de resistência, dialogando criticamente com pensadores como Malcom Ferdinand e Anna Tsing para imaginar futuros decoloniais.

 Joesile Cordeiro navega pela memória afetiva de ser um jovem gay em busca de reconexão com sua infância perdida na encenação Tempo de vagalume. Esta performance autobiográfica criada em Garanhuns constrói pontes poéticas entre passado e presente através de teatro intimista que busca transformar experiência pessoal em pensamento coletiva sobre identidade e pertencimento LGBTQIA+.

Eron Villar e DJ Vibra protagonizam o encontro entre música contemporânea e teatro épico que ressignifica o legado político de Malcolm X para o contexto brasileiro em Se eu fosse Malcolm?  A performance articula crítica decolonial e questões de raça e gênero através de linguagem cênico-musical que dissolve fronteiras entre som e cena, construindo um perspectiva antirracista contemporânea.

Circo Godot (Cia. Circo Godot de Teatro) acompanha dois artistas de rua em suas peripécias cotidianas, explorando relações de poder e subsistência através de humor que transita entre o universal e o particular. A comédia convoca o espírito itinerante do teatro dos espaços não convencionais para questionar hierarquias sociais através da jornada de Gatropo e Tropino.

Corpo, Memória e Resistência

Aquelas – uma dieta para caber no mundo convida para um jantar para falar de uma santa popular assassinada. Foto Raissa Dourado

Monique Cardoso investiga invisibilização da beata Maria de Araújo, protagonista do Milagre da Hóstia em 1889, no espetáculo Cavucar. Foto: Henrique Cardozo / Divulgação

As criações nacionais e internacionais estabelecem diálogos temáticos que ultrapassam fronteiras geográficas, trazendo inquietações compartilhadas sobre corpo, memória e resistência. 

O Manada Teatro, do Ceará, desenvolve Cavucar, do projeto Pote e Navalha, através da performance solo de Monique Cardoso, que também assina direção em parceria com Murillo Ramos, sobre dramaturgia de Tércia Montenegro. A obra ficcionaliza possível descoberta dos restos mortais da beata Maria de Araújo, protagonista do Milagre da Hóstia em 1889, provocando e tensionando as violações eclesiásticas que resultaram no desaparecimento de seus vestígios e invisibilidade na história de Juazeiro do Norte. A encenação utiliza elemento fantástico para convocar o público a fabular os fatos e reconstruir a história através de suposições que questionam a construção de um dos maiores centros de fé católica do mundo.

Aquelas – uma dieta para caber no mundo reconstrói a trajetória de Maria de Bil, santa popular de Várzea Alegre assassinada em 1926 pelo companheiro, através de performance participativa dirigida por Murillo Ramos e interpretada por Juliana Veras e Monique Cardoso. O espetáculo convida o público a participar do preparo de jantar envolvendo facas, carne, sangue oferecidos à mesa com os corpos das próprias atrizes, construindo encenação delicada e cruel que apresenta caleidoscópio das violências machistas através de quadros performativos que misturam história da santa com pessoalidades das intérpretes.

Sonho de uma noite de verão, montagem da Trupe Ave Lola, no Paraná. Foto: Caique Cunha / Divulgação

A Trupe Ave Lola (PR) desenvolve duas experiências distintas da dramaturgia clássica e contemporânea sob direção de Ana Rosa Genari Tezza. Sonho de uma noite de verão revisita Shakespeare através de encenação popular com tradução de Bárbara Heliodora, reunindo nove artistas em cena – Cesar Matheus, Helena de Jorge Portela, Helena Tezza, Kauê Persona, Larissa de Lima, Marcelo Rodrigues, Pedro Ramires, Wenry Bueno e Willa Thomas – e música original composta por Arthur Jaime, Breno Monte Serrat e Julia Klüber, executada ao vivo pelos músicos Arthur Jaime e Breno Monte Serrat, criando atmosfera festiva que convida o público a testemunhar momentos de paixão, magia e loucura através de linguagem teatral popular.

Já com O Vira-lata, a Trupe Ave Lola explora amizade improvável entre uma jovem romântica que sonha com grande amor e um homem-cachorro maltratado pela fome e desamparo, questionando convenções sociais quando surge um pretendente desconhecido que desperta ciúmes do fiel amigo, construindo fábula contemporânea sobre solidariedade, abandono e os conflitos entre sonhos românticos e lealdade verdadeira.

 Lucas Torres e Bruno Parmera em Édipo REC. Foto: Estúdio Orra: Zé Rebelatto e Grabriela Passos 

O Grupo Magiluth, de Pernambuco, em seu 16º trabalho que celebra duas décadas de pesquisa continuada, comparece ao Feteag com  Édipo REC, um trabalho com direção de Luiz Fernando Marques e dramaturgia de Giordano Castro. O elenco composto por Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sergio Cabral, Nash Laila e Pedro Wagner constrói releitura não-linear da tragédia sofocliana que joga com a cronologia para questionar a noção de tempo no teatro.

Tebas transforma-se no Recife fantasmagórico onde o Corifeu é representado pela câmera, espelhando a produção excessiva de imagens contemporâneas das redes sociais e câmeras de segurança. A linguagem audiovisual busca inspiração no cinema experimental, desde Édipo Rex (1967) de Pasolini até Funeral das Rosas (969) de Matsumoto, questionando se teatro e cinema conseguem dar conta das múltiplas tragédias contemporâneas e por que o público sairia de casa para assistir história tão antiga.

Mas mesmo a vida sendo decepcionante, como proclama o personagem de Erivaldo Oliveira, tem festa nesta Tebas-Recife-Caruaru no primeiro ato desta peça-peste, que convoca seu povo a dançar até o pé inchar.

Cartografias Francófonas: Trabalho, Identidade e Memória Colonial

Le Quai de Ouistreham fala da situação de mulheres que trabalham em empregos precários e invisíveis

Zora Snake em L’Opéra du villageois. Foto: Agir pour le Vivant

Corpos, da Cie Mangrove, (Guadalupe/Brasil). Foto: Divulgação

As criações francófonas constroem considerações convergentes sobre precariedade, identidade e legados coloniais através de perspectivas estéticas diversificadas.

Le Quai de Ouistreham, da Compagnie la Résolue, da França, adapta investigação jornalística de Florence Aubenas sobre mulheres que trabalham em empregos precários e invisíveis, especialmente na limpeza e na manutenção, e que vivem à sombra da crise econômica. Dirigido por Louise Vignaud, com atuação de Magali Bonat.

L’Opéra du villageois, da Compagnie Zora Snake, de Camarões, manifesta resistência através de performance-ritual que ressuscita potência das máscaras africanas roubadas pelos museus europeus. Zora Snake atravessa dimensão sagrada para questionar pilhagem cultural colonial, utilizando bandeira da União Europeia, rituais com ouro e sal para despertar força ancestral das comunidades aldeãs consideradas “incivilizadas”.

Corpos (Cie Mangrove, Guadalupe/Brasil) explora estigmatização do corpo negro através de laboratório coreográfico desenvolvido por Hubert Petit-Phar e Augusto Soledade, questionando representações corporais e sexuais no cruzamento entre culturas caribenhas e brasileiras, investigando singularidades corporais diante de fronteiras estéticas e políticas contemporâneas.

palestra-performance La Vérité vaincra / A Verdade Vencerá recria entrevista de Lula a Ivana Jinkings 

La Vérité vaincra / A Verdade Vencerá, da Cie KastôrAgile, (França) desenvolve palestra-performance que adapta o livro homônimo de Luiz Inácio Lula da Silva, baseando-se nas entrevistas concedidas à editora Ivana Jinkings em janeiro de 2018, momento crucial anterior à prisão do ex-presidente. Gilles Pastor transforma documento político em teatro de resistência através das interpretações de Alizée Bingöllü e Jean-Philippe Salério, que recriam cenicamente os diálogos sobre julgamento, vida pessoal e trajetória política de Lula.

A obra materializa voz de resistência do homem afastado injustamente da arena política, expondo raiva sagrada contra injustiças através de linguagem cênica que articula testemunho pessoal com denúncia estrutural. No contexto do Feteag, esta criação francófona estabelece pontes diretas entre público brasileiro e reflexão internacional sobre democracia e autoritarismo, questionando como arte pode amplificar vozes silenciadas pelo poder judiciário e construir solidariedade transnacional diante de perseguições políticas contemporâneas.

Experiências Imersivas e Linguagens Expandidas

Dancemos… que o mundo se acaba!, da BiNeural-MonoKultur, da Argentina. Foto: Reprodução

Fábulas de nossas fúrias explora o universo gay. Foto: Rogério Alves / Divulgação

peça Neva, de Guillermo Calderón, em montagem de Marianne Consentino (PE)

Três criações exploram possibilidades de imersão e participação através de dispositivos que expandem linguagens teatrais tradicionais. Dancemos… que o mundo se acaba!, da BiNeural-MonoKultur, da Argentina, propõe áudio-obra interativa que transforma público em dançarinos, questionando coreomanias, epidemias de dança e comportamentos coletivos através de jogo que reflete sobre sedução, pandemia e medo de dançar sozinho.

Fábulas de nossas fúrias (Coletivo Atores à Deriva, RN) articula contação de histórias com afirmação política da raiva como elemento transformador, inspirando-se em Paulo Freire para questionar hierarquias conservadoras através de viados que justificam suas fúrias expondo modos de amar, invertendo lógicas que classificam “bichos” em estruturas de poder.

Neva, montagem de Marianne Consentino (PE), ambienta-se no Domingo Sangrento de 1905 em São Petersburgo, friccionando arte e política através de três atores refugiados em teatro durante massacre nas ruas. A peça de Guillermo Calderón questiona a serventia do teatro através de Olga Knipper, viúva de Tchekhov, que encena repetidamente a morte do marido enquanto cidade desaba, oscilando entre necessidade absoluta e total irrelevância da arte.

Formação de público como letramento cênico

No que se refere à formação de público, a Mostra Erenice Lisboa, voltada para estudantes da rede pública, desenvolve uma compreensão específica sobre letramento teatral. Através das apresentações de O Vira-lata, da Trupe Ave Lola, seguidas de conversas entre artistas e estudantes, o festival promove o desenvolvimento de repertórios simbólicos e críticos.

Este letramento teatral envolve a construção de ferramentas interpretativas que permitam aos jovens ter apreciar as criações teatrais em suas potencialidades expressivas. As conversas pós-apresentação funcionam como espaços de processamento coletivo da experiência estética, fundamentais para a formação de público crítico e engajado com as artes cênicas.

Atividades Formativas: Aprendizado e Troca de Saberes

Paralelamente, as oficinas propostas pelo festival desenvolvem lógicas distintas mas complementares de formação artística. A oficina com Gaëlle Bourges permite aprofundamento na pesquisa específica da artista francesa sobre feminilidade e construção de imagens corporais. Já a oficina do Teatro Container integra os participantes no processo de montagem de La Cocina Pública, criando vínculos entre formação teórica e prática artística concreta.

Vendas e Mordaças, oficina exclusiva para mulheres conduzida por Faeina Jorge, Juliana Veras e Monique Cardoso, propõe vivência sensorial e afetiva em torno de identidades femininas através de exercícios que articulam corpo, voz e memória pessoal. Por outro lado, o workshop Corpos e Territórios, ministrado por Hubert Peti-Phar, articula fundamentos culturais brasileiros e guadalupenses através de práticas corporais que dialogam com tradições ancestrais e princípios contemporâneos da dança.

Larissa Lisboa apreenta espetácuo Inquieta, com participação de Gabi da Pele Preta

A programação musical está garantida com o espetáculo Inquieta, performance de Larissa Lisboa com participação de Gabi da Pele Preta, evidenciando nova cena musical pernambucana focada em compositoras negras e LGBTQIA+. Larissa Lisboa, cantora e multi-instrumentista recifense, constrói repertório que mistura criações autorais com obras de compositoras contemporâneas locais, enquanto Gabi da Pele Preta, de Caruaru, desenvolve sonoridade inovadora que mescla maracatu, coco, afoxé com jazz, soul e reggae, celebrando identidade negra através de conscientização social musicada.

Sustentabilidade e Articulação Institucional

Quanto à sustentabilidade, a rede de apoios do FETEAG 2025 demonstra capacidade articulatória entre diferentes esferas: federal (Ministério da Cultura), estadual (Funcultura, Fundarpe), municipal (Fundação de Cultura de Caruaru) e privada (Banco do Nordeste, Rede Itaú, Vale). A parceria com o Consulado Geral da França viabiliza a programação francófona dentro da Temporada França-Brasil 2025, demonstrando como acordos bilaterais podem amplificar recursos para programação cultural.

Com 34 edições no currículo, o Feteag confirma a qualidade artística com relevância social, diversidade internacional com fortalecimento da produção local, formação de público com experimentação estética. Esta programação evidencia como festivais podem funcionar como plataformas de articulação entre diferentes mundos – artísticos, sociais, educacionais, políticos. Neste contexto, o festival afirma o teatro como necessidade social e política em tempos de urgência democrática, construindo experiências coletivas de pensamento e sensibilidade.

Programação Completa do FETEAG 2025

RECIFE
09 e 10/10

À mon seul désir (Ao meu único desejo),
de Gaëlle Bourges (França)
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 20h | Classificação: 18 anos

CARUARU
15/10

Dancemos… que o mundo se acaba!,
de BiNeural-MonoKultur (Argentina)
Local: Estação Ferroviária | Horário: 19h | Classificação: Livre

Édipo REC, do Grupo Magiluth (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 18 anos

16/10

Fábulas de nossas fúrias, de Cia de Atores à Deriva (RN)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 16 anos

17/10

NEVA,
de Marianne Consentino (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 20h | Classificação: 16 anos

18 e 19/10

Sonho de uma noite de verão,
da Trupe Ave Lola (PR)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 17h | Classificação: 12 anos

A Cozinha Pública (La Cocina Pública),
Teatro Container (Chile)
Local: Centro de Formação Paulo Freire (Assentamento Normandia) | Horário: 17h | Classificação: Livre

20 a 24/10

O Vira-lata,
da Trupe Ave Lola (PR) – 
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 9h | Classificação: Livre

20/10

Itaêotá,
do Grupo Totem (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Cavucar,
da MANADA Teatro (CE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

21/10

Circo Godot,
da Cia. Circo Godot de Teatro (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: Livre

Aquelas – uma dieta para caber no mundo,
do MANADA Teatro (CE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

22/10

Se eu fosse Malcolm?,
de Eron Villar & DJ Vibra (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

Le Quai de Ouistreham (O cais de Ouistreham),
da Compagnie la Résolue (França)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

23/10

Tempo de vagalume,
de Joesile Cordeiro (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

A Verdade Vencerá/LULA (La Vérité vaincra/LULA),
de Gilles Pastor – KastôrAgile (França)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

24/10

Bolor,
de Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi (PE)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Les Sans (Os sem),
de Les Récréâtrales-ELAN (Burkina Faso)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 14 anos

25/10

L’Opéra du villageois (A ópera do camponês),
da Compagnie Zora Snake (Camarões)
Local: Estação Ferroviária | Horário: 17h | Classificação: Livre

Corpos,
da Cie Mangrove (Guadalupe/Brasil)
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Horário: 19h | Classificação: 12 anos

Inquieta (Música),
de Larissa Lisboa com Gabi da Pele Preta (PE)
Local: Teatro Lycio Neves | Horário: 21h | Classificação: 16 anos

RECIFE
26/10

À un endroit du début (Em algum lugar no início),
de Germaine Acogny e Mikaël Serre (Senegal/França)
Local: Teatro de Santa Isabel | Horário: 19h | Classificação: 14 anos

Oficinas e Atividades Formativas

Workshop Corpos e Territórios – Hubert Peti-Phar
Oficina de Criação – Teatro Container
Pesquisa Corporal – Gaëlle Bourges
Vendas e Mordaças – Faeina Jorge, Juliana Veras e Monique Cardoso (exclusiva para mulheres)

Serviço

📍 Período: 09 a 26 de outubro de 2025
🎭 Entrada: Gratuita mediante retirada de ingressos no Sympla
🏛️ Locais: Teatro Santa Isabel (Recife), Teatro Luiz Mendonça (Recife), Teatro Lycio Neves (Caruaru), Teatro Rui Limeira Rosal (Caruaru), Estação Ferroviária (Caruaru), Centro de Formação Paulo Freire – Assentamento Normandia (Caruaru)
🎯 Direção Geral: Fabio Pascoal
👥 Curadoria Mostra PE: Vika Schabbach e Igor Lopes
💰 Apoio: Ministério da Cultura, Funcultura, Fundarpe, Fundação de Cultura de Caruaru, Banco do Nordeste, Rede Itaú, Vale, Consulado Geral da França
ℹ️ Mais informações: @feteag

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Recife ferve de cultura. E haja fôlego

A mon seul désir integra programação do FETEAG. Foto: Thomas Greil / Divulgação 

 A capital pernambucana vive um momento de efervescência artística com uma agenda cultural robusta que se estende por todo outubro e adentra novembro. Entre as dezenas de atrações programadas para o período, muitas que operam em diversidade de linguagens, consolidando a vocação da cidade como importante centro cultural do Nordeste e do Brasil.

A programação contempla desde manifestações populares gratuitas até montagens teatrais contemporâneas, passando por ópera, dança e circo. O calendário atende diferentes públicos e faixas etárias, com opções que vão desde R$ 15 até espetáculos gratuitos.

Carnaval do jazz 

Mardi Gras no Recife, programação intensa no bairro do Recife

Um projeto ambicioso ancontece nesta sexta-feira (3) e sábado (4) com o Mardi Gras, evento que transporta o carnaval do jazz de Nova Orleans para as ruas históricas do Bairro do Recife. A festa gratuita promove um encontro singular entre a sonoridade do jazz norte-americano e as manifestações culturais pernambucanas. A programação inclui shows na Praça do Arsenal, complementando os tradicionais cortejos pelas ruas do Bom Jesus e da Guia.

Blocos tradicionais como Galo da Madrugada, Vassourinhas de Olinda, Clube Vassourinhas de Olinda, Urso do Bairro Novo e Maracatu Pavão Misterioso participam da celebração, que também conta com sambadeiras, o Bloco Cordas e Retalhos, Papangus de Bezerros e atrações musicais como Chacon, Kind of Jazz e Boi da Macuca. A Orquestra de Jazz Mardi Gras, sob direção do maestro José Henrique, conduz musicalmente o evento.

Sertão de Zé Ramalho. Foto: Priscila Prade

Nesta sexta-feira (3), estreia no Teatro Luiz Mendonça o espetáculo O Admirável Sertão de Zé Ramalho, que percorre quatro décadas da obra do cantor paraibano. A montagem, com apresentações até domingo (5), traz dramaturgia de Pedro Kosovski organizada em cinco módulos temáticos que revisitam clássicos como Admirável Gado Novo, Chão de Giz e Avohai.

A direção de Marco André Nunes conduz um elenco formado por Duda Barata, Eli Ferreira, Cesar Werneck, Marcello Melo, Muato, Nizaj e Tiago Herz, além dos músicos Verônica Sanfoneira e Rostan Junior. O espetáculo de 70 minutos faz uma releitura cênica da trajetória artística de um dos maiores nomes da MPB nordestina.

Programação infantil 

Floresta dos Mistérios. Foto: Silvia Machado

Chapeuzinho de Neve Adormecida. Foto: RomeuSantos

Para o miúdos duas opções neste fim de semana. Floresta dos Mistérios entra na segunda semana nesta sexta (3) na Caixa Cultural Recife e segue em cartaz sábado (4) e domingo (5). O musical infantil narra a aventura de três crianças que descobrem um plano para destruir uma floresta e construir uma fábrica de celulares, contando com a ajuda de personagens da literatura popular brasileira.

O espetáculo utiliza um elenco de 20 marionetes de diferentes proporções, concebidos por Márcio Pontes. A montagem apresenta uma variedade de figuras que representam tanto a biodiversidade brasileira quanto elementos da tradição como Saci, Iara e Boitatá, desenvolvida com uma perspectiva otimista sob a criação textual e direção cênica de Márcio Araújo, idealizador do programa televisivo infantil Cocoricó.

No sábado (4), o Teatro Barreto Júnior recebe Chapeuzinho de Neve Adormecida, produção da Helena Siqueira Produções com texto e direção de Ivaldo Cunha Filho. O musical mistura personagens de diferentes contos de fadas, que se metem numa confusão criada pela protagonista Bia, interpretada por Beatriz Siqueira. O elenco inclui Jéssica Viana, Rayo Vasconcelos, Thiago Augusto, Juan Elias e os bailarinos João Alberth e Gabriel Diego, com coreografias de Leonardo Soares.

Ópera italiana La Serva Padrona explora o humor

Ainda nesta sexta (3), o Teatro Apolo apresenta A Corajosa Caça de um Covarde Caçador, comédia regional que se passa em Nordestia, cidade fictícia do interior nordestino. A trama acompanha Jeremias, um covarde que assume a missão de caçar uma criatura estranha que assombra a população local, resultando numa narrativa repleta do humor nordestino.

A semana seguinte traz a ópera La Serva Padrona de Giovanni Battista Pergolesi, com apresentações gratuitas de 8 a 11 de outubro no Teatro Hermilo Borba Filho. A montagem da 25 Produções, dirigida por Luiz Kleber Queiroz e musicalmente pela maestrina Maria Aida Barroso, incorpora elementos nordestinos como expressões populares e figurinos regionais à clássica trama cômica italiana sobre as artimanhas de uma criada para conquistar o posto de esposa do patrão.

A Mon Seul Désir, criação da artista francesa Gaëlle Bourges. Foto: Danielle Voirin / Divulgação

O Festival de Teatro do Agreste (FETEAG) chega à sua 34ª edição mantendo o espírito experimental que o caracteriza desde a fundação. Entre 9 e 26 de outubro, o evento realizado pelo TEA – Teatro Experimental de Arte apresenta 21 espetáculos em diversos teatros de Caruaru e Recife, reunindo criações de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraná, França, Argentina, Chile, Camarões, Burkina Faso e Guadalupe.

O festival é antecedido pelo Esquenta FETEAG com A Mon Seul Désir nos dias 9 e 10 de outubro no Teatro Luiz Mendonça. A criação da artista francesa Gaëlle Bourges baseia-se na tapeçaria medieval A Dama e o Unicórnio, tecida em 1500 e exposta no Museu da Idade Média em Paris. O espetáculo questiona a visão europeia histórica sobre a virgindade feminina através de quatro performers que recriam a obra em cena, explorando as ambivalências da representação das mulheres na arte ao longo dos séculos.

Improviso e criação coletiva dos Barbixas

No fim de semana seguinte (11 e 12 de outubro), o Teatro RioMar recebe Improvável, espetáculo de improvisação teatral da Cia Barbixas. O trio formado por Anderson Bizzochi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, com mais de duas décadas de parceria artística, cria cenas inteiramente a partir de sugestões da plateia. No sábado (11), há duas sessões às 18h30 e 21h, enquanto domingo (12) apresenta sessão única às 20h.

A companhia, que sacudiu o teatro de improviso no Brasil, trabalha com diferentes formatos cênicos incluindo musicais, westerns, novelas e até óperas, sempre mantendo o humor inteligente e a interação constante com o público. Cada apresentação é única, pois depende inteiramente da criatividade coletiva entre artistas e espectadores.

Jeison Walace como Cinderela. Foto: Divulgação

Toda Cidade Tem com Jeison Wallace, ocupa neste sábado (4), o Teatro do Parque. O comediante apresenta show de humor onde interpreta diversos personagens, incluindo uma versão cômica de Cinderela, em apresentação única às 18h. Wallace, conhecido por sua versatilidade cênica, constrói um espetáculo onde cada personagem representa diferentes tipos humanos encontrados em qualquer cidade brasileira.

Dramas contemporâneos na segunda quinzena

As Bruxas de Salem numa montagem da Cobogó das Artes

A terceira semana de outubro (15 e 16) traz duas montagens teatrais de forte apelo dramático. No Teatro Apolo, As Bruxas de Salem apresenta adaptação livre da obra clássica de Arthur Miller, dirigida por Anthony Delarte. A montagem da Cobogó das Artes, com produção executiva de Adriano Portela, ambienta a trama numa pequena vila puritana onde fé e medo se confundem, questionando verdade, manipulação e a coragem necessária para questionar autoridades.

Já o Teatro Hermilo Borba Filho recebe Imorais do Bando de Nada – Grupo de Teatro. O texto de Cristiano Primo, com adaptação e direção de Emmanuel Matheus e produção da Lynda Produções, propõe uma experiência cênica intensa sobre uma família e suas relações complexas. O elenco formado por Aline Santos, Cristiano Primo, Lynda Morais, Felipe Nunes e Tarcila Nunes conduz a narrativa que questiona se sempre temos direito à escolha, em espetáculo classificado para maiores de 18 anos.

 50 anos do Grupo Corpo

Grupo Corpo circula com dois espetáculos celebrando meio século de vida

Nos dias 17 e 18 de outubro, o Teatro Santa Isabel recebe o Grupo Corpo de Belo Horizonte em apresentações gratuitas que celebram os 50 anos da companhia, dentro da . A programação inclui dois espetáculos distintos: Parabelo, coreografia clássica de 1997 de Rodrigo Pederneiras, com com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, que celebra aspectos da vida sertaneja através de ritmos e gestos característicos da cultura nordestina. E Piracema, criação mais recente com coreografia inspirado na jornada dos peixes que enfrentam a correnteza para desovar.  O trabalho tem parceria coreográfica entre Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches. A trilha inédita de Clarice Assad transita do tribal ao eletrônico. Já a cenografia de Paulo Pederneiras utiliza 82 mil tampas de latas de sardinha para evocar escamas de cardumes,

As duas obras demonstram a evolução artística da companhia ao longo de cinco décadas, desde a fundação em 1975. Parabelo dialoga diretamente com as raízes culturais nordestinas, enquanto Piracema representa a constante renovação do repertório através de novas parcerias criativas.

Sonho encantado de cordel. Foto: Joao Pedro Hachiya

No último fim de semana do mês (25 e 26 de outubro), o Teatro Luiz Mendonça recebe Sonho Encantado de Cordel – O Musical. A produção de Thereza Falcão mistura cultura nordestina com contos de fadas de Hans Christian Andersen, buscando uma celebração da arte, poesia e poder dos sonhos. Os cenários e figurinos assinados por Rosa Magalhães e Mauro Leite dialogam com projeções de Batman Zavareze e coreografias de Renato Vieira.

A trilha sonora conta com 10 músicas inéditas compostas especialmente para o espetáculo por Paulinho Moska, Chico César e Zeca Baleiro, sob direção musical de Marcelo Alonso Neves. No sábado (25) há sessão às 17h, enquanto domingo (26) apresenta duas sessões, às 15h e 17h.

Festival de Circo

Vermelho Branco e Preto. Cibele Mateus. Foto: Mateus Tropo

 O Vazio é Cheio de Coisa da Cia Nós No Bambu de Brasília. Foto: Diego Bresani

Le Bruit des Pierres, do Collectif Maison Courbe da França

O mês de novembro será marcado pelo Festival de Circo do Brasil, que apresenta pelo menos três espetáculos já confirmados. Vermelho, Branco e Preto traz Cibele Mateus de São Paulo em solo que mescla riso, poesia e encantamento popular. A artista apresenta a figura cômica “Mateu”, inspirada no tradicional Cavalo-marinho pernambucano, em espetáculo-brincadeira que celebra identidade e ancestralidade. As apresentações acontecem nos dias 5 e 6 de novembro às 19h30 no Teatro Apolo.

No dia 6 de novembro, o Teatro Santa Isabel recebe O Vazio é Cheio de Coisa da Cia Nós No Bambu de Brasília. O espetáculo apresenta dança acrobática minimalista que explora a relação entre corpo humano e bambu, criando uma profusão de imagens e significados em dramaturgia poética onde simplicidade e complexidade se encontram.

A programação inclui ainda Le Bruit des Pierres do Collectif Maison Courbe da França, nos dias 8 e 9 de novembro no Teatro Santa Isabel. A criação híbrida combina circo coreográfico e teatro físico, com duas mulheres que encarnam a ganância ocidental pelo ouro através de coreografias realizadas com pedras, questionando a relação entre homem e ambiente.

Deborah Colker revisita Stravinsky

Sagração. Foto: Flavio Colker

A programação também contempla Sagração da Companhia Deborah Colker, livre adaptação de A Sagração da Primaverade Stravinsky que incorpora visões ancestrais brasileiras sobre a origem do mundo. A criação e direção de Deborah Colker, com direção executiva de João Elias e direção musical de Alexandre Elias, apresenta música clássica em diálogo com ritmos brasileiros como boi bumbá, coco, afoxé e samba. O espetáculo conta com dramaturgia de Nilton Bonder, figurinos de Claudia Kopke, desenho de luz de Beto Bruel e fotografia de Flávio Colker, no Teatro Guararapes.

A amplitude da programação, que engloba desde manifestações populares gratuitas até montagens de companhias internacionais, evidencia a vitalidade do cenário cultural recifense. A presença de artistas locais, nacionais e estrangeiros, somada à variedade de preços inclusive com espetáculos gratuitos, consolida a capital pernambucana como importante centro de circulação artística no Nordeste brasileiro. A produção local, mais especificamente a produção teatral recifense necessita de injeções generosas recursos, de apoios e patrocínio para mostrar-se em todo seu esplendor. 

SERVIÇO

🎷 Mardi Gras em Recife
Data: 3 e 4/10, a partir das 17h (sex) e 16h (sáb)
Local: Ruas do Bom Jesus e da Guia, Bairro do Recife + Shows na Praça do Arsenal
Preço: Gratuito

🌿 Floresta dos Mistérios
Data: 3/10 (15h), 4 e 5/10 (11h)
Local: Caixa Cultural Recife
Preço: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

🎸 O Admirável Sertão de Zé Ramalho
Data: 3/10 (20h), 4/10 (19h), 5/10 (18h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Preço: Sexta gratuito; sábado/domingo a partir de R$ 25

🎭 Chapeuzinho de Neve Adormecida
Data: 4/10 (16h)
Local: Teatro Barreto Júnior
Preço: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia)

🎪 A Corajosa Caça de um Covarde Caçador
Data: 3/10 (19h30)
Local: Teatro Apolo
Preço: R$ 35 + 1kg alimento
Info: @covardes.cacadores

🎭 Toda Cidade Tem com Jeison Wallace
Data: 4/10 (18h)
Local: Teatro do Parque
Preço: Sympla
Info: (81) 98463.8388

🎼 Ópera La Serva Padrona
Data: 8 a 11/10 (19h30)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Preço: Gratuito
Info: @25producoes

🎭 A Mon Seul Désir – Esquenta FETEAG
Data: 9 e 10/10 (20h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Preço: Gratuito

🎪 Improvável – Cia Barbixas
Data: 11/10 (18h30 e 21h), 12/10 (20h)
Local: Teatro RioMar
Preço: A partir de R$ 60

🎭 As Bruxas de Salem
Data: 15 e 16/10 (19h)
Local: Teatro Apolo
Preço: R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia), R$ 40 (meia social + 1kg alimento)
Info: @anthonydelarte, @cobogodasartes

🔞 Imorais
Data: 15 e 16/10 (20h)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Preço: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Ingressos: Sympla ou Pix: bandodenada@gmail.com

🩰 Grupo CorpoParabelo e Piracema
Data: 17/10 (19h), 18/10 (20h)
Local: Teatro Santa Isabel
Preço: Gratuito (retirada 1h antes + 1kg alimento)

Sonho Encantado de Cordel
Data: 25/10 (17h), 26/10 (15h e 17h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Info: @sonhoencantadodecordel

🎪 Festival de Circo do Brasil
Vermelho, Branco e Preto: 5 e 6/11 (19h30) – Teatro Apolo
O Vazio é Cheio de Coisa: 6/11 (20h) – Teatro de Santa Isabel
Le Bruit des Pierres: 8/11 (20h), 9/11 (18h) – Teatro de Santa Isabel

🌟 Sagração – Cia Deborah Colker
Local: Teatro Guararapes
Data: 07/10, 20h30
Preço: R$ 25 a R$ 250

🎨 FETEAG
Data: 9 a 26/10
Locais: Diversos teatros em Caruaru e Recife
Preço: Gratuito (ingressos no Sympla)
Info: www.feteag.com.br | @feteag

Informações gerais: Sympla e bilheterias dos teatros.

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Em Pernambuco, FETEAG chega à 33ª edição

 

Zona Franca abre a programação do Festival de Teatro do Agreste. Foto: Renato Mangolin / Divulgação

Zona Franca, vibrante espetáculo da coreógrafa brasileira Alice Ripoll e sua Cia Suave, junta danças urbanas e populares brasileiras com dança contemporânea, teatro e canto. O elenco, composto por bailarinos oriundos das favelas do Rio de Janeiro, leva ao palco as realidades da juventude brasileira em um contexto de desigualdades sociais. Utilizando elementos como balões, confetes e ritmos variados, Zona Franca cria um ambiente festivo que serve de pano de fundo para questões mais profundas. A coreografia incorpora uma ampla gama de estilos, incluindo passinho, danças afro, afrohouse, e danças regionais do Norte e Nordeste do Brasil, como pisadinha e brega funk.

Com  Zona Franca, que convida a uma reflexão sobre identidade, sociedade e o potencial transformador da arte em um contexto global cada vez mais interconectado, o Festival de Teatro do Agreste (FETEAG) abre hoje sua 33ª edição, que ocorre entre 17 a 29 de setembro de 2024, com uma programação diversificada que inclui 20 trabalhos teatrais, performances de dança em Caruaru e no Recife.

A seleção abrange produções de dez estados brasileiros, oferecendo ao público um recorte interessante da cena teatral contemporânea nacional. Com isso, o FETEAG 2024 busca manter seu compromisso com a acessibilidade cultural, disponibilizando todas as atividades gratuitamente e promovendo discussões sobre temas relevantes da atualidade através das artes cênicas.

Este ano, o FETEAG expande seu escopo, incorporando ações formativas e residências artísticas em sua programação. Ao realizar o evento em cidades do interior e na capital pernambucana, o festival contribui para a descentralização das atividades culturais, fortalecendo o papel do Agreste como um polo importante para as artes performáticas no Brasil.

Além de Zona Franca, com sessões nesta terça e quarta (17 e 18/09), no Teatro de Santa Isabel, a Mostra Recife abriga quinta e sexta (19 e 20/09), no Teatro Hermilo Borba Filho, a peça Meu Corpo Está Aqui, da Fábrica de Eventos,  que aborda as experiências afetivas e sexuais de pessoas com deficiência (PCDs). Criada pelas artistas cariocas Julia Spadaccini e Clara Kutner, a produção utiliza depoimentos ficcionalizados baseados em experiências reais para explorar temas como relacionamentos, corpos e desejos de forma aberta e direta, questionando  concepções culturais sobre “normalidade”.

O Velho Relojoeiro e as Voltas do Tempo, da Trupe Motim do Ceará. Foto: Divulgação

Manifesto Transpofágico, com Renata de Cervalho. Foto: Danilo Galvão / Divulgação

A partir do dia 21, o festival se desloca para Caruaru, onde a Mostra Argemiro Pascoal dá início às atividades, tecendo conexões entre as diversas produções que compõem sua programação. O Velho Relojoeiro e as Voltas do Tempo, da Trupe Motim/CE  (21/09), utiliza bonecos gigantes para explorar a passagem do tempo. Esse tema ressoa em Goldfish, de Alexandre Américo/RN, 23/09), onde a metáfora do peixe dourado reflete sobre memória e efemeridade. Essa reflexão sobre temporalidade encontra eco em Sal: Como durar o tempo, de Alexandre Américo e grupo/RN, 28/09), que usa o sal como símbolo de resistência e preservação. Outro diálogo com  essa linha temática se dá com Há uma festa sem começo que não termina com o fim, com  Pavilhão da Magnólia/CE, 29/09), que celebra o tempo e investiga a morte.

Paralelamente, o festival recebe montagens que investem em questões de identidade e corpo como Manifesto Transpofágico, de Renata Carvalho/SP, (21/09), que desafia convenções de gênero. Já Monga, de Jéssica Teixeira/CE, (22/09) explora estereótipos através do mito da mulher gorila. Essa exploração corporal também tem espaço em Chão, da Cia de Dança do Teatro Alberto Maranhão e TORTA/RN,  (24/09), conectando o corpo à terra e à ancestralidade. Esse tema se desdobra em Ancés, de Tieta Macau PI/MA/CE, (27/09), exaltando a herança cultural nordestina.

A jornada de autoconhecimento e confronto interno é aprofundada em Dança Monstro, da Cia dos Pés/AL), (26/09), mergulhando nos monstros internos, e em Violento, de Preto Amparo e grupo/MG, (28/09), que aborda a experiência do jovem negro urbano.

Vamos pra Costa?, do Núcleo da Tribo/BA, 25/09) toca em temas como migração e esperança, enquanto Laborioso Contato – Um palhaço anuncia o fim do mundo, da Trupe Motim/CE, usa o humor para discutir questões existenciais em um cenário apocalíptico.

Marcia Luz em AnTígona – A Retomada. Foto: Divulgação

A Mostra Pernambuco, que celebra o talento de artistas pernambucanos e a riqueza cultural do estado ocorre no Teatro Rui Limeira Rosal e na Praça Coronel João Guilherme em Caruaru, de 22 a 29 de setembro. São oito espetáculos, com releituras de clássicos, como AnTígona – A Retomada de Márcia Luz (23/09) e “Dois Perdidos Numa Noite Suja” do Ágora Núcleo Teatral (25/09).

O Estopim Dourado, de Anny Rafaella Ferli, Gardênia Fontes e Taína Veríssimo (27/09) trabalha no campo do empoderamento feminino e resistência, utilizando elementos poéticos e visuais, enquando  Ensaio do Agora – Memória em Chamas, de Natali Assunção (26/09), explora a memória e a identidade, refletindo sobre o presente e as possibilidades de futuro..

A diversidade temática e estilística é um ponto marcante da Mostra Pernambuco. Enquanto Senhora do Coletivo Alfazema (24/09) e A Mulher do Fim do Mundo da Cia. Os Bobos da Corte (22/09) se dedicam às experiências e desafios enfrentados pelas mulheres em diferentes contextos, O Velho da Horta do Grupo Mamulengo Só-Riso (28/09) traz o humor e a tradição dos bonecos para o palco.

O infantil Brincando no Escuro, da Maktub Teatro e Outras Invencionices (PE), será apresentado em várias sessões no Teatro João Lyra Filho. A peça conta a história de três crianças – Frida, Ziggy e Pingo – que se encontram para brincar quando ocorre uma falta de energia. Sem acesso a aparelhos eletrônicos, elas são desafiadas a usar a imaginação, resgatando brincadeiras tradicionais.

Ações Formativas

Além das apresentações teatrais, o FETEAG 2024 promove ações formativas. A mesa Diálogos Transversais: Confabulando o Agora Para Mirar no Amanhã, uma iniciativa que promete instigar reflexões sobre o cenário artístico contemporâneo. Esta discussão contará com a palestra da Hblynda Morais, de Pernambuco, e a participação especial de Renata Carvalho, de São Paulo, sob a mediação de Lucimary Passos, também pernambucana.

Além disso, Alexandre Américo, do Rio Grande do Norte, conduzirá uma oficina de montagem do espetáculo Sal: Como durar o tempo, que culminará com os participantes subindo ao palco para apresentar o resultado do trabalho.

Espaços e Ingressos

Os espetáculos em Caruaru serão realizados no Teatro Lycio Neves, Teatro Rui Limeira Rosal, Teatro João Lyra Filho e na Estação Ferroviária. Em Recife, as apresentações ocorrem no Teatro de Santa Isabel e no Teatro Hermilo Borba Filho. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados através da plataforma Sympla, sujeitos à lotação dos espaços.

Patrocínio e Apoio

O FETEAG 2024 conta com o patrocínio da Redecard Itaú e o incentivo da Lei Paulo Gustavo Pernambuco, através do Governo do Estado de Pernambuco e Secretaria de Cultura do Estado, direcionado pelo Ministério da Cultura – Governo Federal. O festival também recebe apoio cultural da Rede Asa Branca e apoio institucional do Consulado Geral da França no Recife, Institut Français, Sesc, Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação (CAC), Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura do Recife e Prefeitura do Recife.

Serviço

  • Período: 17 a 29 de setembro de 2024
  • Locais: Caruaru (Teatro Lycio Neves, Teatro Rui Limeira Rosal, Teatro João Lyra Filho e Estação Ferroviária) e Recife (Teatro de Santa Isabel e Teatro Hermilo Borba Filho)
  • Ingressos: Gratuitos, com retirada na Sympla (sujeitos à lotação dos espaços)
  • Informações: www.feteag.com.br e @feteag (Instagram)
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Cena Expandida em Pernambuco
Uma ação articulada com cinco festivais

Participam os festivais Transborda, do Sesc-PE; FETEAG de Fábio Pascoal, Reside de Paula de Renor, Feted de Pedro Portugal e Cena Cumplicidades, de Arnaldo Siqueira, que juntam projetos com perfis diferentes para potencializar os cinco programas. Foto: Divulgação

A força de cinco festivais de artes cênicas de Pernambuco forma uma constelação. Cena Expandida é articulação inédita que junta o Cena Cumplicidades – Festival Internacional de Artes da Cena, o Festival de Teatro do Agreste (Feteag), o Festival Estudantil de Teatro e Dança (Feted), o Reside – Festival Internacional de Teatro de PE e o Transborda – As linguagens da cena para movimentar os palcos do Recife e Caruaru no mês de setembro. A programação ocorre entre os dias 8 e 30 de setembro, com mais de 60 atividades, como exibições artísticas e de formação.

O objetivo é vivo e urgente: fortalecer o circuito das artes cênicas, chamar a atenção do público e contribuir para a formação de novas plateias e pressionar o poder publico para os reajustes de políticas públicas para a área.

Essa primeira edição da Cena Expandida chega como um projeto piloto, mas que mantém as características individuais dos participantes, suas programações e recortes curatoriais independentes. Os cinco firmaram uma cooperação em torno de um calendário para o mês de setembro.

O projeto é ambicioso e pretende nos próximos anos oferecer um cardápio de atrações que reforce o Recife e outras cidades participantes como destinos para a fruição cultural. “O movimento para criar um circuito que trace um diálogo entre as programações desses festivais começou em 2018”, conta a atriz e produtora Paula de Renor, do Reside.

Os impactos da pandemia e os desinvestimentos por parte do governo federal para a cultura, para ser mais exata, todos os cortes para a área criaram dificuldades que esses produtores buscam encarar coletivamente. Arnaldo Siqueira, do Cena Cumplicidades avalia que o “cenário de crise se instaurou em 2019 e que piorou a partir de 2020”. Foi um destampar de mazelas com a demonização da produção cultural.

Muito trabalho para reverter esse quadro e o compartilhamento de expertises, a reconstrução das redes são trunfos dessa turma para fortalecer a cena e atrair novos públicos nesse retorno à presencialidade.  

O negócio é unir forças desses festivais pernambucanos já consolidados e reconhecidos nacionalmente, destacou o produtor Fabio Pascoal, do Feteag na coletiva de imprensa virtual realizada nesta quarta-feira (31/08). Pedro Portugal, do Feted, aposta que o diálogo é enriquecedor e que esse corredor de festivais em fluxo deve contribuir para o desenvolvimento da cadeia cultural. Ele mesmo transferiu seu festival de agosto para setembro por reconhecer a importância da iniciativa.

Os integrantes da ação reforçam que a Cena Expandida não é um festival, mas sim um calendário que ocupa o mês de setembro e une cinco iniciativas já consolidadas. A programação tem início no dia 8 de setembro, com atividades do Feted – Festival Estudantil de Teatro e Dança e do Transborda – as linguagens da cena. As peças artísticas do Cena Cumplicidades iniciam no dia 10. O Feteag exibe os trabalhos a partir do dia 20, e o Reside, a partir de 22.

As atrações vão ocupara vários espaços da cidade do Recife, como a unidade do Sesc em Santo Amaro, os teatros do Parque, de Santa Isabel, Hermilo Borba Filho, Apolo, Luiz Mendonça, Barreto Júnior, Muafro, Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, praças e parques.

Além do investimento e articulação do Cena Cumplicidades, Feteag, Feted, Reside e do Transborda, a Cena Expandida conta com apoio da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

SERVIÇO

Cena Expandida – de 8 a 30 de setembro (@cenaexpandidarec)

Feted – 8 a 18 de setembro (@feted.pe)

Transborda – 8 a 18 de setembro (@sescpe e sescpe.org.br)

Cena Cumplicidades – 10 a 30 de setembro (@ccumplicidades e cenacumplicidades.com.br)

Feteag – 20 a 30 de setembro (@feteag e feteag.com.br)

Reside – 22 a 28 de setembro (@residefestivalbr e residefestival.com.br)

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Feteag com peças gratuitas no Recife e Caruaru

A merda foto Gal Oppido

A Merda (La Merda), com Christiane Tricerri. Foto: Gal Oppido

Aquela que é considerada “feia” por um certo padrão vigente expõe sua revolta em forma de confidência pública no espetáculo A Merda (La Merda), com Christiane Tricerri, que dirigiu e protagoniza o solo. A peça é apresentada no dia 6 de outubro no Teatro de Santa Isabel, na abertura do braço recifense da programação da 26ª edição do Festival de Teatro do Agreste – FETEAG 2016. Essa fêmea do monólogo, escrito pelo italiano Cristian Ceresoli, busca um lugar no mundo machista em que vivemos. Como uma musicista, a intérprete toca uma nota poética, para falar desse nosso tempo com seus horrores e misérias.

As ações artísticas do Feteag  começam nesta sexta-feira (30 de setembro). Em Caruaru, a performer Flávia Pinheiro, do argentino Colectivo Mazdita, apresenta o trabalho  Contato Sonoro. Nele, a artista experimenta a produção de ruído em qualquer superfície e explora o corpo humano como circuito de som.

Land foto Divulgação

Land um ensaio poético sobre o tecido da cidade. Foto Divulgação

No Recife, o ator, performer e músico português Bruno Humberto expõe LAND – Instalação Coreográfica no tecido urbano da cidade, para uma audiência em movimento, no Pátio de São Pedro, às 16h. A apresentação é resultado da oficina Land, desenvolvida durante esta semana no Teatro Hermilo Borba Filho. São coreografias efêmeras e instalação criadas num diálogo entre indivíduos e a paisagem urbana, arquitetônica e cultural da cidade. Serão mostradas micronarrativas criadas a partir da oficina.

Land é um projeto já passou por Gateshead-Newcastle (Inglaterra), San Jose (Costa Rica) e Porto (Portugal) e que fez brotar poéticas diferentes em cada centro urbano. A oficina também será ministrada de 3 a 7 de outubro, em Caruaru.

O programa comemora 35 anos de existência e resistência e tem toda sua programação gratuita. São 12 espetáculos profissionais, quatro peças estudantis e uma roda de diálogo dos alunos com especialistas. Ao todo somam 21 sessões em Caruaru e mais quatro no Recife. Essa temporada festeja os 54 anos de fundação do TEA (Teatro Experimental de Arte), coordenado por Argemiro Pascoal (falecido) e Arary Marrocos, pais de Fábio Pascoal, diretor do Feteag. Este ano, o Feteag conta com incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura – Funcultura.

Com o tema Corpos Fluidos – Liminaridade entre Teatro, Dança e Performance, o festival procura aprofundar o olhar e proporcionar espaços de discussão sobre os limites, muitas vezes tênues, na nossa contemporaneidade.  Há algo desse mote que reverbera nos espetáculos do festival.

Espetáulo O filho, do Tetro da Vertigem, tem oito sessões em Caruaru. Foto: Flavio Morbach Portella

Espetáulo O filho, do Teatro da Vertigem, tem oito sessões em Caruaru. Foto: Flavio Morbach Portella

A principal atração deste ano é o Teatro da Vertigem, que chega a Caruaru com Kafka na Estrada – um projeto de viagem, que inclui oito sessões da peça O Filho, mostra de filmes, roda de conversa com os diretores da companhia e Laboratório Cênico com a diretora Lili Monteiro, que vai escolher cinco pessoas para participarem do coro da peça.  A fragilidade das relações familiares na contemporaneidade é explorada na montagem dirigida por Eliana Monteiro e inspirada em Carta ao Pai, de Franz Kafka (1883-1924), escrita em 1919, destinada a seu pai e nunca enviada.

No fundo e na superfície, a peça investiga o que é ser um homem nos dias que correm, a partir dos embates apresentados, o corrosivo acúmulo de raiva e frustração, e do revezamento no papel de pai.

A utilização de locações inusitadas, como presídios, igrejas, hospitais, rios ou andaimes é um das marcas do Teatro da Vertigem, que desta vez transforma o Espaço Cultural Tancredo Neves em um brechó de móveis usados. O cenário de Marisa Bentivegna arma um clima sombrio, com dezenas de objetos domésticos empilhados caoticamente. O texto é de Alexandre Del Farra, com dramaturgia de Antônio Duran. No elenco estão  Edison Simão, Mawusi Tulani, Paula Klein, Rafael de Bona e Sergio Pardal.

Além de A Merda (La Merda), o roteiro do festival no Recife inclui  Pupik: Fuga em 2, do Lume Teatro e Karavan Ensemble no dia 7; Conversas Com Meu Pai, com Janaina Leite, no dia 8 e A Morte da Audiência (A Morte do Público), no dia 9. Essas três últimas com apresentações no Teatro Hermilo Borba Filho.

Pupik – Fuga em 2 cavouca os sentidos da condição de estrangeira nesse dueto cênico de Naomi Silman, do Lume Teatro, e da israelense Yael Karavan.  Em hebraico, Pupik significa umbigo. Naomi nasceu na Inglaterra, morou em Israel e França e agora vive no Brasil. Yael nasceu em Israel, cresceu na França e Itália e hoje está radicada na Inglaterra. Usando a bagagem de mais de 20 anos de pesquisas em teatro físico e visual, dança e palhaço, as atrizes se espraiam nas múltiplas linguagens e deslizam por cenas cômicas, poéticas, de movimentos abstratos e imagens, improvisos e depoimentos.

Desdobramento da pesquisa sobre teatro documentário, que a atriz Janaina Leite (do paulista grupo XIX de Teatro) desenvolve desde 2008, Conversas Com Meu Pai passa pelos nervos, ossos e emoções da intérprete. Os bilhetes escritos por seu pai Alair, que sofreu uma traqueostomia, foram a base da dramaturgia de Janaina em parceria com o dramaturgo Alexandre Dal Farra.

O público não vai ficar indiferente ao espetáculo A Morte da Audiência, do português Bruno Humberto. O artista  provoca a plateia a participar da ação, com orientações e detonadores de situações.

Alexandre Guimaraes em O acougueiro. Foto: B. Emanuel

Alexandre Guimaraes em O açougueiro. Foto: B. Emanuel

Com boa receptividade na circulação que vem realizando pelos festivais no Brasil, o pernambucano Alexandre Guimarães apresenta O Açougueiro. Na peça o ator se multiplica em sete personagens para narrar, entre aboios e toadas de vaqueiros, uma história de paixão e intolerância.

O caruaruense Severino Florêncio leva seu personagem Antônio a resgatar parte de sua infância para tentar encher de vida o seu coração no espetáculo A visita, que tem texto de Moncho Rodiguez.

O valor da amizade e as aventuras que ficam impregnadas na alma com a alegria desse encontro estão na essência do espetáculo infantil Vento forte para Água e Sabão, da companhia Fiandeiros, que faz sessão em Caruaru. A partir das aventuras entre uma Rajada de Vento e uma Bolha de Sabão, o público é convidado a pensar sobre o vasto território dos afetos.

O Grupo Magiluth apresenta sua oitava montagem, O Ano em que Sonhamos Perigosamente, baseada no livro homônimo, do esloveno Slavoj Zizek e inquietações filosóficas do cotidiano.

Quatro espetáculos compõem a Mostra Estudantil, em Caruaru: Quem Roubou o Branco do Mundo?, do Grupo de Teatro Exato – Exato Colégio e Curso; Era Uma Vez no Fundo do Mar…, da Garagem Cia de teatro – Espaço Criança Esperança de Jaboatão; Zapt e Zupt – Traques e Truques Para Manter O Verde Vivo, do- Grupo Jesuína de Teatro – Escola Jesuína Pereira Rego e É Verdade, É Mentira, do Cacos Grupos de Teatro. E, no dia 15 de outubro, o dramaturgo e diretor  Luiz Felipe Botelho e o gestor Jorge Clésio traçam os Diálogos Sobre A Produção Estudantil , das 9 às 12h,  com participantes da Mostra Estudantil.

O 26º FETEAG homenageia Zácaras Garcia e Edson Tavares. Zácaras foi presidente da FETEAPE – Federação de Teatro de Pernambuco de 1998 a janeiro de 2003, diretor teatral e atuou como assistente de produção durante quinze edições do FETEAG. E Edson, professor de Literatura da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande, foi coordenador do festival durante 10 anos.

PROGRAMAÇÃO

ESPETÁCULOS – MOSTRA PROFISSIONAL
DIA: 30 DE SETEMBRO
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
15h
Local: Marco Zero/Praça da Conceição – CARUARU

DIA: 1º DE OUTUBRO
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
às 7h
Local: Portal da Feira – CARUARU
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
às 10 horas
Local: Feira de Artesanato CARUARU

DIA: 6 DE OUTUBRO
A MERDA (La Merda) – Christiane Tricerri/SP
20h
Local: Teatro de Santa Isabel – RECIFE

DIA: 7 DE OUTUBRO
LAND – Instalação Coreográfica no tecido urbano da cidade, para uma audiência em movimento – Bruno Humberto/PORTUGAL
Local: Marco Zero/Praça da Conceição CARUARU
16h

A MERDA (La Merda) – Christiane Tricerri/SP
20h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU

PUPIK: FUGA EM 2 – Lume Teatro/SP e Karavan Ensemble/ING
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho RECIFE
Classificação etária: 16 anos

DIA: 8 DE OUTUBRO
CONVERSAS COM MEU PAI – Janaina Leite/SP
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho – RECIFE
Classificação etária: 16 anos

A MORTE DA AUDIÊNCIA (A MORTE DO PÚBLICO) – Bruno Humberto/POR
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 9 DE OUTUBRO
A MORTE DA AUDIÊNCIA (A MORTE DO PÚBLICO) – Bruno Humberto/POR
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho – RECIFE
Classificação etária: 16 anos

PUPIK: FUGA EM 2 – Lume Teatro/SP e Karavan Ensemble/ING
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 10 DE OUTUBRO
CONVERSAS COM MEU PAI – Janaina Leite/SP
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 11 DE OUTUBRO
A VISITA – Grupo Arte em Cena/PE
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 12 DE OUTUBRO
VENTO FORTE PARA ÁGUA E SABÃO – Grupo de Teatro Fiandeiros
16h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIAFRAGMA: Ensaio sobre a impermanência – Colectivo Mazdita/ARG
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC Caruaru
Classificação etária: Livre

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 13 DE OUTUBRO
O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE – Grupo Magiluth/PE
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 18 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU CARUARU

DIA: 14 DE OUTUBRO
O AÇOUGUEIRO – Alexandre Guimarães/PE
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 18 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 15 DE OUTUBRO
O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
17h30 e 20h30
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 16 DE OUTUBRO
O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
17h30 e 20h30
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

ESPETÁCULOS – MOSTRA ESTUDANTIL – CARUARU
DIA: 10 DE OUTUBRO
QUEM ROUBOU O BRANCO DO MUNDO? – Grupo de Teatro Exato – Exato Colégio e Curso – Caruaru/PE
10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 11 DE OUTUBRO
ERA UMA VEZ NO FUNDO DO MAR… – Garagem Cia de teatro – Espaço Criança Esperança de Jaboatão/PE
10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC Caruaru
Classificação etária: Livre

DIA: 13 DE OUTUBRO
ZAPT E ZUPT – TRAQUES E TRUQUES PARA MANTER O VERDE VIVO – Grupo Jesuína de Teatro – Escola Jesuína Pereira Rego – Caruaru/PE
ÀS 10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 14 DE OUTUBRO
É VERDADE, É MENTIRA – Cacos Grupos de Teatro
ÀS 10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 15 DE OUTUBRO

DIÁLOGOS SOBRE A PRODUÇÃO ESTUDANTIL – Luiz Felipe Botelho/Jorge Clésio
DAS 9 às 12h
Local: Teatro Lício Neves/Caruaru
Público Alvo: Participantes da Mostra Estudantil e interessados em geral

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