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Feteag e Trema compartilham programação

Café com queijo, do Lume, abre o Feteag e o Trema no dia 15. Foto: Lume/Divulgação

Café com queijo, do Lume, abre o Feteag e o Trema no dia 15. Foto: Lume/Divulgação

O Festival de Teatro do Agreste (Feteag), organizado pelo Teatro Experimental de Arte, de Caruaru, e o Trema – Festival de Teatro de Grupo, projeto do Magiluth, vão compartilhar atrações este ano. Uma forma de diminuir custos e ainda viabilizar a apresentação das peças tanto no Recife quanto em Caruaru.

A coletiva de imprensa das mostras será nesta terça-feira, às 19h, no Café Castro Alves, mas nós já adiantamos por aqui algumas peças!

A abertura dos dois eventos será no Teatro Marco Camarotti, no dia 15 de outubro, com Café com queijo, do LUME Teatro. O espetáculo criado em 1999 tem a cara do interior do Brasil; e foi idealizado a partir das andanças dos atores pelo país.

A Cia Hiato, de São Paulo, volta a Pernambuco com Ficção. O grupo que emocionou o público do Teatro Luiz Mendonça em 2011 com O jardim e apresentou ainda Cachorro morto e Escuro, dentro do Festival Recife do Teatro Nacional, a partir da ideia de repertório proposta pela então curadoria do jornalista e pesquisador Valmir Santos, já tinha ido ao Feteag em 2005.

Ficção, da Cia Hiato. Foto: Divulgação

Ficção, da Cia Hiato. Foto: Divulgação

Outra atração é o Grupo Espanca!, de Belo Horizonte, com O líquido tátil. Na semana passada, encontramos o Espanca! no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto. Eles apresentaram um trabalho forte e político, intitulado Onde está o Amarildo?.

O líquido tátil é uma parceria entre o Espanca! e o diretor argentino Daniel Veronese. Segundo a sinopse, “Um núcleo familiar dialoga sobre as artes, o ato teatral, e alguns desejos violentos que perseguem o homem”.

O líquido tátil, do Espanca!, de BH. Foto: Guto Muniz

O líquido tátil, do Espanca!, de BH. Foto: Guto Muniz

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Ouvindo Hermilo falar

Dramaturgo e diretor Hermilo Borba Filho

Uma entrevista de mais de 40 minutos concedida pelo dramaturgo e diretor Hermilo Borba Filho (1917-1976) em 1973, para o Sistema Nacional do Teatro, é um dos grandes trunfos do DVD Coleção Teatro – Volume Três – Hermilo Borba Filho, que será lançado hoje, às 19h, pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e Massangana Multimídia.

O material é um bônus do documentário Hermilo no grande teatro do mundo, dirigido e roteirizado pela jornalista e dramaturga do grupo Mão Molenga de Teatro, Carla Denise, que será exibido gratuitamente no Cinema da Fundaj, no Derby. Na mesma ocasião também será relançada pela Edições Bagaço a tetralogia Um cavalheiro da segunda decadência formada pelos romances Margem das lembranças, A porteira do mundo, O cavalo da noite e Deus no pasto.

“A ideia desse vídeo surgiu de forma institucional, foi uma solicitação à Fundaj (onde Carla trabalha) quando se estavam homenageando os 90 anos de nascimento de Hermilo, em 2007. Eu fui convidada para dirigir esse documentário, mas depois de uma pesquisa, percebi que não existia um material em audiovisual sobre Hermilo”, explica a jornalista. Dois anos depois, em 2009, durante uma semana e meia, Carla entrevistou atores, diretores, professores, pesquisadores. Algumas dessas pessoas conviveram com Hermilo e foram capazes de recriar a sua trajetória pessoal e profissional, principalmente no teatro.

Há entrevistas com o ator Germano Hauit, com Abelardo da Hora, com o diretor Lúcio Lombardi, com o pintor José Claúdio, com Ariano Suassuna, com a atriz Geninha da Rosa Borges, com o ator Reinaldo de Oliveira e a viúva Leda Alves, além de pesquisadores como Luis Reis e João Denys.

“Era bricalhão, espirituoso, inteligente, mas na hora do ensaio, era rigoroso”, lembra Reinaldo de Oliveira, ator e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Na realidade, Hermilo começou no teatro ainda em Palmares, na Sociedade de Cultura de Palmares, onde nasceu. Quando veio estudar no Recife, se ligou ao grupo Gente Nossa, de Samuel Campelo. Durante quase dois anos, ganhava dois mil réis para ser “ponto” dos atores, ditar o texto para que eles repetissem. Era um repertório para fazer rir, peças de costumes da década de 1920.

Quando Samuel morreu, Valdemar fundou o TAP e Hermilo começou traduzindo peças de autores como Oscar Wilde. Foi também ator no TAP, mas aquele não era o teatro que ele queria.

No Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP), entre 1946 e 1953, a obra de Hermilo toma os contornos políticos que a marcariam. Montou Garcia Lorca, Ibsen, Tchekhov. “Acho que, em certas épocas de crise, em certas épocas em que o homem necessita de ser politizado, acho que o teatro deve, como qualquer arte, não ficar abstraído dessa função política do homem. Ele tem que entrar nessa discussão”, diz Hermilo na entrevista. “O Teatro do Estudante de Pernambuco achava que não se poderia falar num teatro nacional sem a fixação de um autor nacional”, complementa. Em São Paulo, Hermilo começou como encenador profissional. Passou cinco anos por lá, foi crítico de teatro da Última hora e da Revista Visão, mas como explica Luis Reis, o teatro moderno que estava acontecendo em São Paulo não o interessava, porque copiava modelos europeus.

De volta ao Recife, Hermilo funda o Teatro Popular do Nordeste (TPN), cujo manifesto foi escrito por Ariano Suassuna. Estreou em 1960 com A pena e a lei, de Ariano, musicada por Capiba, no Teatro do Parque. “O TPN era um teatro de trincheira, denunciava o que estava acontecendo no Brasil”, conta Leda. Antes de montar uma peça, Hermilo sentava com os seus atores em volta de uma mesa – esse era, aliás, o momento mais importante; além de levar os intérpretes para frequentar terreiros e conhecer as manifestações populares. “Apesar de ele ter nascido no início do século, é contemporâneo, muito importante no cenário nacional. Um dos que primeiro viu o potencial das tradições populares para além da ideia do folclore. E ele bebeu nessa fonte para recriar a arte dele”, avalia Carla Denise.

O TPN encerrou suas atividades em 1975 e Hermilo faleceu um ano depois, de problemas cardíacos. O DVD Hermilo no grande teatro do mundo e a tetralogia estarão sendo vendidos no lançamento e o DVD depois estará disponível nas lojas da Fundaj.

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