Galpão de Espera expõe violência colonial contínua

Galpão de Espera tem texto de Allan da Rosa e direção de Ivy Souza. Foto: Noélia Nájera / Divulgação

São muitas armadilhas que a população preta está exposta no Brasil. Desde sempre. Como diz o dramaturgo Allan da Rosa o redemoinho é voraz, contamina tudo, do mental ao econômico. É uma disputa em todos os níveis para deixar essas violências normalizadas.

O espetáculo Galpão de Espera cumpre uma temporada relâmpago no Centro Cultural São Paulo. Só até 3 de abril. A peça busca retratar a violência colonial contínua em relação aos povos pretos. O texto é do escritor e dramaturgo Allan da Rosa, vencedor do Edital 6ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP, com direção de Ivy Souza.

Na trama ficcional Galpão de Espera, uma trabalhadora negra tem seu braço arrancado pelo cachorro do patrão em uma revista. A partir dessa ação, a peça investe em mostrar as estruturas históricas que geram os abismos sociais, que jogam muitos na situação de miséria, aniquilamento, desespero e da omissão do estado em relação aos povos pretos.

O autor problematiza as soluções individuais ou a oferta incessante de si mesmos como produtos na vitrine, deixando de lado, em suas palavras, “uma das maiores forças ancestrais que temos que é a solidariedade, além da coragem de lidar com nossa própria complexidade”.

galpão de espera. Foto: Noélia Nájera / Divulgação

Cinco personagens negras circulam em torno desse galpão misterioso: é uma agência de empregos, um lugar de trabalho ilegal ou uma senzala?  A diretora Ivy Souza aponta que a personagem principal dessa história é o galpão. A partir de onde e de quem faz a pergunta, o público é convidado a redirecionar o olhar em relação à peça e à estrutura do espaço.

Os diálogos dos três atos da peça expõem as fomes, os segredos e os labirintos de cada personagem na cena. São eles: Donilton (William Simplicio), o patrão, dono do cachorro, que dominou as regras capitalistas; Dona Caruncha (Mawusi Tuani), a anciã que é cuidadora de todos, terna e vingativa; Ascendina (Isamara Castilho), a jovem que lida com o novo corpo mutilado e quer ascender socialmente; Fu (Jojo Brow-nie Souza), que foi educada para o conforto mas vive na precariedade; Expedito (Filipe Roseno), ex-peão que negocia com qualquer moral para aprender as regras e golpes do jogo do dinheiro. 

Frente ao quadro da realidade brasileira, Allan da Rosa faz sua análise: “As artes negras hoje passam por um momento especial, diante de tanto assédio e da hipocrisia da sociedade brasileira. São solicitadas e produzidas pencas de obras previsíveis e maniqueístas em nome de uma suposta representatividade, guiada por pura mercadologia ou por ‘likes e seguidores’. Isso passa longe da profundidade de muitas questões ferventes cotidianas e de nossas habilidades ancestrais em lidar com contradições”.

A diretora Ivy Souza injetou perguntas que pulsam no espetáculo e se projetam para além dele: elas têm possibilidades de escolha? A partir de qual ética? Essas personagens estão no mesmo lugar de competição quando comparados com toda a sociedade? Conclui que nessa movimentação social as perguntas não podem ser as mesmas.

Galpão de Espera leva ao palco o desafio de tratar da violência. “A ameaça se apresenta diferentemente para cada tipo de corpo. Essa peça fala sobre rastros de barbaridade colonial, espiral e contínua, na manutenção das estruturas de poder”, avalia Ivy Souza.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia Allan da Rosa
Direção Ivy Souza
Assistência de Direção Clayton Nascimento 
Preparação de Elenco Lucas Brandão
Elenco: William Simplício, Mawusi Tulani, Filipe Roseno, Isamara Castilho, Jojo Brow-nie Souza, rodrigo de Odé
Direção de Produção Corpo Rastreado
Produção Executiva Gabs Ambròzia
Produção Ivy Souza
Foto e Vídeo Noelia Nájera
Criação de luz  Lucas Brandão
Trilha Sonora Cibele Appes
Assistência Trilha Sonora Paula Matta
Figurino Renan Soares
Cenógrafo Julio Dojcsar 
Operação de Som Alírio Assunção 
Montagem de Luz Dida Genofre
Operação de luz Dida Genofre e Lucas Brandão 
Assessoria de Imprensa Canal Aberto
Agradecimentos Mirella Façanha 

FICHA TÉCNICA Redes Sociais
Dramaturgia @darosaallan
Direção @ivysouz
Ass de Direção @clay.nascimento 
Prep. Elenco e Criação de luz @luca_s_brandao
Elenco
@will_simplis
@mawusi_tulani
@firoseno
@castilhosisa
@soudajojo
@supermente_black
 
Direção de Produção @corporastreado
Produção Executiva @gabsambrozia
Produção @ivysouz
Foto e Vídeo @noenajera_
Trilha Sonora @cibeleappes
Ass Trilha Sonora Paula Matta
Figurino @renansoares.br
Cenógrafo @julio.dojcsar 
Op Som @alirioassuncao
Montagem de luz @didagenofre
Op  Luz @didagenofre @luca_s_brandao
Assessoria Imprensa @canal_aberto
 
SERVIÇO
Galpão de Espera
Duração: 120min
Classificação: 16 anos
Onde: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho (Rua Vergueiro, 1000, Vergueiro, São Paulo, SP)
Telefone: 3397-4000
Quando: Até 03/04, sexta e sábado, às 21h; Domingo, às 20h
Lotação: 224 lugares
R$30,00 | R$ 15,00 (meia)
Vendas na bilheteria com duas horas de antecedência
Será necessário apresentar o comprovante de vacinação da Covid-19, com no mínimo duas doses. 
 

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Evoé, Zé Celso!

Zé Celso. Foto: Lilo Clareto / Divulgação

José Celso Martinez Corrêa é um grande farol da arte e da cultura. Arte como tradução de resistência e política. Essa figura febril e genial celebra 85 anos neste 30 de março e a fatia do Brasil que pulsa de afetos e revolução comemora sua existência.

Tudo o que se disser sobre Zé Celso é pouco. O ator, diretor, dramaturgo e fazedor da porra toda é grande demais. Ele já disse algumas vezes: “Sou uma entidade”. Respeitamos, admiramos, reverenciamos.

Sua presença ativa conexões cósmicas de amor e de ideias poderosas que vão na contramão de qualquer tipo de caretice. Esse artista de grandeza desestabiliza o establishment.

Surpreendente, dono de um sorriso debochado, figura incontornável do teatro brasileiro, criador febril, revolucionário libertário sexual. Idealizador e diretor da Companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, em São Paulo.

Sua vida pulsa multiplicada em muitas artérias, em muitos corações que foram tocados por alguma faísca de suas labaredas. Evoé Ze Celso!

Logo mais às 19h tem comemoração no Sesc Pompeia com a estreia de Esperando Godot, direção do aniversariante do dia.

Vladimir (Alexandre Borges) e Estragão (Marcelo Drummond) Foto: Jennifer Glass

Até quando Esperar Godot?

Esperando Godot, peça escrita por Samuel Beckett, é um clássico da Literatura e do Teatro. Como um bom clássico é flexível e poroso para leituras na história. As personagens Estragão (Gogo) e Vladimir (Didi) estão suspensas no tempo e espaço. Sem perspectivas, elas aguardam a chegada de Godot, mesmo sem saber quem é ou o que é.

Composta no pós-Segunda Guerra Mundial, a peça segue sacudindo nossas inércias e amplificando a visão dos abismos ao redor. O espetáculo fica em cartaz no Sesc Pompeia, a partir de hoje, por três semanas.

Esperando Godot celebra também neste lindo 30 de março de 2022, os 85 anos de José Celso Martinez Correa, uma força da natureza, que assina a direção do espetáculo.

Depois da temporada no Sesc SP, a montagem segue para estrear noutro espaço erguido por Lina Bo Bardi, no terreyro eletrônico do Teat(r)o Oficina, no Bixiga.

As personagens Estragão (Marcelo Drummond) e Vladimir (Alexandre Borges) podem ser dois palhaços vagabundos que se acham na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, a dupla se depara com as figuras que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias preocupantes.

O espetáculo carrega muitas simbologias para o Oficina: foi o último espetáculo de Cacilda Becker (1969), eterna inspiração para as gerações de artistas do Teat(r)o Oficina. Marca também a volta na direção de teatro de Zé Celso, depois de dois anos desde o isolamento social imposto pela pandemia. E também assinala a volta de Alexandre Borges num espetáculo da companhia, depois de quase 30 anos. Borges interpretou o Rei Cláudio na montagem de Ham-let, de Shakespeare em 1993, montagem que reinaugurou o Teat(r)o Oficina, com o atual projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.

Zé Celso. Foto: Fernando Laszlo / Divulgação

Ações do Itaú Cultural

O fundador do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, é festejado pelo Itaú Cultural com a disponibilização de conteúdo em diferentes formatos e em seus canais virtuais: fotos, vídeos, registros históricos e filmes. Além de material inédito com depoimentos de profissionais que que dialogam com ele no exercício cênico no Teatro Oficina Uzyna Uzona.  

Nessa ação, será possível revisitar o material referencial de sua obra no hotsite da Ocupação Zé Celso, https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/ze-celso/,realizada em 2009; vídeos de Zé Celso em família https://www.itaucultural.org.br/vento-forte-ocupacao-ze-celso-2009 e trechos de espetáculos como Ham-let, de 1993, inspirada na obra de William Shakespeare https://www.itaucultural.org.br/ham-let-ocupacao-ze-celso-2009. Ou o longo depoimento que o artista  gravou sobre o homenageado pela Ocupação Nelson Rodrigues, em 2012, https://www.itaucultural.org.br/ze-celso-boca-de-ouro-ocupacao-nelson-rodrigues-2012, e a fala de como é representar uma peça deste dramaturgo https://www.itaucultural.org.br/ze-celso-como-representar-nelson-ocupacao-nelson-rodrigues-2012.

Estão acessíveis as fotos e o making off do ensaio fotográfico feito por Bob Wolfenson para a revista Continuum, antiga publicação da instituição, https://issuu.com/itaucultural/docs/revista_continuum_33 e o making off do ensaio, realizado no Teatro Oficina https://www.itaucultural.org.br/continuum-33-ensaio-fotografico-de-bob-wolfenson-com-ze-celso.

A plataforma Itaú Cultural Play, por sua vez, exibe o documentário Evoé! Retrato de um Antropófago, produzido em 2011 para a série Iconoclássicos, do Itaú Cultural, sob direção de Tadeu Jungle e Elaine Cesar e acessível gratuitamente em www.itauculturalplay.com.br. Tem ainda o verbete na Enciclopédia Itaú Cultural, traz amplo conteúdo sobre Zé Celso, em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa104235/jose-celso-martinez-correa.

Zé Celso conversa com o crítico teatral Nelson de Sá sobre as produções da companhia, sobre sua luta pela manutenção da sede, no Bixiga, em São Paulo, e a importância do teatro brasileiro para os tempos contemporâneos na série Camarim em Cena. O episódio está em https://www.youtube.com/watch?v=cd7VQKvGxd4&t=11s, a página do YouTube, e no site https://www.itaucultural.org.br/secoes/videos/assista-camarim-em-cena-ze-celso.

A matéria produzida especialmente para comemorar os 85 anos de José Celso Martinez Corrêa, publicada no site do Itaú Cultural, reúne conversas com profissionais do palco e dos bastidores da companhia, no Teatro Oficina. Tem falas, entre outros, do ator e autor Renato Borghi, um dos fundadores do Oficina; do ator Alexandre Borges, que volta a trabalhar com Zé Celso depois de 30 anos, do ator Elcio Nogueira Seixas, do ator, diretor e produtor Marcelo Drummond, integrante do Oficina desde 1986; da artista Marilia Geillmeister, que entrou para a companhia em 2011 e é a articuladora do Parque do Bixiga, e de Igor Marotti, videoartista do grupo desde 2013.

SERVIÇO

Esperando Godot, de Samuel Beckett
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo, SP
Quando: 30, 31/03; 1º, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10, 14, 16, 17/04
horário: quarta a sábado, 19h. domingo, 17h. (15/04, feriado da Sexta-feira Santa, não haverá apresentação)
ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (credencial plena do Sesc: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes e meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência).
Duração: 3H30 (com intervalo de 15 minutos)
Indicação etária: 18 anos
Protocolos de segurança
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto.
O uso da máscara é obrigatório em todos os espaços fechados da Unidade.

Esperando Godot – TEMPORADA NO TEATRO OFICINA
Quando: de 05/05 a 03/07, de quinta a domingo, às 20h
Onde: Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona – rua Jaceguai, 520 – Bixiga, São Paulo, SP
ingressos:
quintas e sextas: R$ 60 inteira, R$ 30 meia (estudantes, aposentados, professores e artistas), R$ 25 moradores do Bixiga (necessário comprovante de residência)
sábados e domingos: R$ 80 inteira, R$ 40 meia (estudantes, aposentados, professores e artistas), R$ 35 moradores do Bixiga (necessário comprovante de residência)
venda online a partir de 12 de abril, terça-feira, às 14h.
https://site.bileto.sympla.com.br/teatrooficina/
duração: 3H30 (com intervalo de 15 minutos)
indicação etária: 14 anos

SERVIÇO
85 anos de Zé Celso Martinez Corrêa
No dia 30 de março (sexta-feira)
Conteúdo especial no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br 

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Altamira 2042 performa catástrofe de Belo Monte

Gabriela Carneiro da Cunha em Altamira 2042. Foto:  Nereu Jr / Divulgação

Transmissão de fluxos e refluxos do rio e relatos de habitantes ribeirinhos e indígenas contam da devastação causada pela hidrelétrica de Belo Monte. Foto:  Nereu Jr / Divulgação

Desde 2013, a atriz, diretora e pesquisadora Gabriela Carneiro da Cunha desenvolve o Projeto Margens: sobre rios, buiúnas e vaga-lumes, uma pesquisa artística que se dedica a ouvir e ampliar as falas de rios brasileiros que vivem uma experiência de catástrofe. É uma resposta ao conceito de Antropoceno, esse período em que o ser humano destrói ferozmente seus próprios recursos de existência.  

Em uma polifonia de sonoridades, ruídos e timbres, Altamira 2042 capta os movimentos de sombra e luz da voz dos próprios rios, entre estremecimentos, suspiros e desejos. O espetáculo está em cartaz em São Paulo, no Sesc Avenida Paulista até 17 de abril de 2022, às quartas, quintas, sextas e sábados, às 21h, domingos, às 18h.

Altamira 2042 é uma instalação sonora composta por caixas de som que amplificam testemunhos diversos da devastação causada pela hidrelétrica de Belo Monte, que afeta toda a bacia do Rio Xingu e seus arredores.

Transmissão de fluxos e refluxos do rio e relatos de habitantes ribeirinhos e indígenas são acionados em caixas de som (daquelas comuns nas festas de aparelhagem da região) e drives pela performer. A peça se alterna ente transe e dança para mostrar múltiplas formas de vida daquele lugar e a dimensão da destruição em curso.

A performance foi apresentada durante a Mostra Internacional de São Paulo (MITsp) em 2019. O espetáculo circulou por palcos europeus, em setembro de 2021. Altamira 2042, é uma experiência tecno-xamânica que ocorre bem próximo dos espectadores.

Ficha Técnica

Altamira 2042
Concepção, criação e direção: Gabriela Carneiro da Cunha e Rio Xingu
Interlocução de direção: Cibele Forjaz
Diretor assistente: João Marcelo Iglesias
Assistente de direção: Clara Mor e Jimmy Wong
Orientação da pesquisa e interlocução artística: Dinah de Oliveira e Sonia Sobral
“Tramaturgia”: Raimunda Gomes Da Silva, João Pereira da Silva, Povos Indígenas Araweté e Juruna, Bel Juruna, Eliane Brum, Antonia Mello, Mc Rodrigo – Poeta Marginal, Mc Fernando, Thaís Santi, Thaís Mantovanelli, Marcelo Salazar e Lariza
Tecnologia / Programação / Automação: Bruno Carneiro
Criação multimídia: Bruno Carneiro e Rafael Frazão
Imagens: Eryk Rocha, Gabriela Carneiro da Cunha, João Marcelo Iglesias, Clara Mor e Cibele Forjaz
Montagem de vídeo: João Marcelo Iglesias, Rafael Frazão e Gabriela Carneiro da Cunha
Montagem textual: Gabriela Carneiro da Cunha e João Marcelo Iglesias
Desenho sonoro: Felipe Storino e Bruno Carneiro
Figurinos: Carla Ferraz
Iluminação: Cibele Forjaz
Concepção instalativa: Carla Ferraz e Gabriela Carneiro da Cunha
Realização instalativa: Carla Ferraz, Cabeção e Ciro Schou
Design visual: Rodrigo Barja
Trabalho corporal: Paulo Mantuano e Mafalda Pequenino
Pesquisadores: Gabriela Carneiro da Cunha, João Marcelo Iglesias, Cibele Forjaz, Clara Mor, Dinah de Oliveira, Eliane Brum, Sonia Sobral, Mafalda Pequenino e Eryk Rocha
Diretora de produção: Gabriela Gonçalves
Co-produção: FarOFFa e MITsp – Festival Internacional de Teatro de São Paulo
Produção: Corpo Rastreado e Aruac Filmes
Distribuição internacional: Judith Martin / Ligne Direct
Fotografias: Nereu Jr., Clara Mor e Rafael Frazão
Teaser: Renato Vallone e Rafael Frazão
 
Serviço
Teatro Altamira 2042
Onde: Arte II – 13° andar SESC Avenida Paulista
Quando: 25 de março a 17 de abril de 2022. Quartas, quintas, sextas e sábados, às 21h, domingos, às 18h.
* Não haverá sessão nos dias 30 de março, quarta, e 15 de abril, sexta.
** A sessão do dia 7 de abril, quinta, terá o recurso de audiodescrição.
Classificação: 16 anos.
Duração: 90 minutos.
Capacidade: 50 lugares.
Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes. Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência).
É necessário apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19.
 

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Hip-Hop Blues reforça ativismo do Bartolomeu

Elenco de Hip-Hop Blues – Espólio das Águas Daniel Oliva, Luaa Gabanini, Eugênio Lima, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Dani Nega, Cristiano Meirelles. Foto: Sérgio Silva  

A temporada de Hip-Hop Blues – Espólio das Águas acontece de 25 de março a 24 de abril de 2022 no Sesc Santana – sextas e sábados às 21h; domingos e feriados às 18h. 

Hip-Hop Blues – Espólio das Águas, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, mergulha no Rio Mississipi para trazer à tona os rios soterrados de São Paulo. Essa imagem tem como alavanca a obra Os Sete Pecados Capitais dos Pequenos Burgueses, de Bertold Brecht, um dos disparadores do espetáculo, e o transbordamento dos rios paulistanos, que gritam por seu espaço de existência em dias de chuvas. Ideias atravessadas por dilúvios da memória.

Essas narrativas explodem em mosaico de depoimentos pessoais do elenco, que avaliam as condições instauradas pela pandemia e pelo momento político penoso em que vivemos. Na cena, os seis atores refletem e ensaiam. A peça sacode questões contemporâneas num jogo cênico que fricciona testemunho e ficção, projetando histórias e ancestralidades que revelam e contrapõem o racismo, a moralidade, a lgtqia+fobia, a intolerância, a supremacia branca e patriarcal e seus inúmeros braços estruturais.

O coletivo, criado em 2000, alimenta uma produção cultural ativista na cidade de São Paulo, aposta na contundência da autorrepresentação como discurso artístico, e tem como pesquisa de linguagem o diálogo entre a cultura hip-hop e o teatro épico e seus recursos.

O elenco é composto pelos quatro membros-fundadores do Núcleo – Claudia Schapira, Eugênio Lima, Luaa Gabanini e Roberta Estrela D’ Alva -, além dos artistas-aliados Cristiano Meirelles, Dani Nega, Nilcéia Vicente e Daniel Oliva. Adeleke Adisaogun Ajiyobiojo, Aretha Sadick e Zahy Guajajara, se juntam ao grupo formando a narrativa com a adição do vídeo. 

Inspirado pelos percursos dos rios de São Paulo, o grupo traduz o afogamento e reforça a necessidade de resgatar os afetos após as enxurradas. As narrativas são construtos da memória, cosidos pela diretora Claudia Schapira a partir dos depoimentos do elenco, criando um tecido polifônico. 

A música exerce papel essencial em Hip Hop Blues. O blues opera uma tradução dos conflitos, das desigualdades de classe e amplifica formas de resistência e de protesto. “Como ágora capaz de abrigar todas as diásporas, todos os levantes; que lança mão do ritmo e da poesia como se fosse reza, como se fosse lamento, também reivindicação e luta, sem abrir mão do poder transformador da celebração”  diz Claudia Schapira.

Este projeto foi realizado com apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

Ficha Técnica
Direção: Claudia Schapira
Dramaturgia:  Claudia Schapira e elenco
Concepção Geral: Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Atores/Atrizes-MC’s: Cristiano Meirelles, Dani Nega, Eugênio Lima, Luaa Gabanini, Nilcéia Vicente e Roberta Estrela D’Alva
Guitarra: Daniel Oliva
Direção musical: Dani Nega, Eugênio Lima e  RobertaEstrela D’Alva
Músicas: Núcleo Bartolomeu e elenco
Assistência de direção: Rafaela Penteado
Cenografia: Marisa Bentivegna
Criação e operação de luz: Matheus Brant
Assistência de iluminação: Guilherme Soares
Criação e operação de vídeo: Vic Von Poser
Assistência de cenografia: César Renzi
Cenotecnia: César Rezende
Assistência de vídeo: Beatriz Gabriel
Direção de movimento: Luaa Gabanini
Técnica de spoken word e métricas: Roberta Estrela D’Alva e Dani Nega
Técnica de canto blues: Andrea Drigo
Técnica de sapateado: Luciana Polloni
Danças urbanas: Flip Couto
Participações especiais vídeo: Adeleke Adisaogun Ajiyobiojo, Aretha Sadick e Zahy Guajajara
Participações especiais áudio: Matriark e Reinaldo Oliveira
Pensadores-provocadores convidados: Luiz Antônio Simas, Luiz Campos Jr. e Celso Frateschi
Engenharia de Som: João de Souza Neto e Clevinho Souza
Intérprete Libras: Erika Mota e equipe
Figurinos: Claudia Schapira
Figurinista assistente e direção de cena: Isabela Lourenço
Costureira: Cleuza Amaro Barbosa da Silva
Direção de produção, administração geral e financeira: Mariza Dantas
Direção de Produção Executiva: Victória Martinez e Jessica Rodrigues [Contorno Produções]
Assistência de produção: Carolina Henriques e Helena Fraga
Coordenação das redes sociais: Luiza Romão
Assessoria de Imprensa e Coordenação de Comunicação: Canal Aberto – Márcia Marques, Carol Zeferino e Daniele Valério
Programação Visual e Desenhos: Murilo Thaveira
Fotos divulgação: Sérgio Silva
Agradecimentos
Lu Favoreto, Estúdio Nova Dança Oito, Pequeno Ato, Galpão do Folias, Lucía Soledad, Marisa Bentivegna, Colégio Santa Cruz – Raul Teixeira, Périplo Produções

Serviço
Hip-Hop Blues – Espólio das águas
Duração: 1h30
Recomendação etária: 12 anos
Sesc Santana (330 lugares) Av. Luiz Dumont Villares, 579, São Paulo – SP, Tel.: 11 2971-8700
Quando: 25/03 a 24/04/2022 + o dia 21/04 quinta-feira, às 18h
[Sexta e Sábado às 21h e Domingo e Feriado às 18h]
Quanto: R$ 40,00 e R$ 20,00
É necessário apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19. Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar o comprovante evidenciando uma dose, pessoas a partir de 12 anos, das duas doses (ou dose única), além de documento com foto para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo.  
 
Sesc Santana na rede
instagram.com/sescsantana
sescsp.org.br/santana

 

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Pós-feminismo de Fernanda Young no Recife

Maria Ribeiro em Pós-F. Foto: Maringas Maciel / Divulgação

Fernanda Young nunca foi uma unanimidade. Gracias!!!. Foi até apontada como uma feminista controversa. Pós-F: para além do masculino e do feminino – livro publicado pela Editora Leya em 2018, e vencedor do Prêmio Jabuti (póstumo) – apresenta opiniões sinceras de uma mulher que experimentou como quis a palavra liberdade. Em sua primeira obra de não ficção, Young levantou o seu debate do que significa ser homem e ser mulher atualmente, em muitas referências autobiográficas. Um forte sentimento de inadequação serviu como bússola para constantes deslocamentos.

Com um jeito personalíssimo de falar sobre assuntos diversos, ela construiu uma marcante carreira como escritora, apresentadora roteirista e atriz. Os títulos de seus livros são bem reveladores de alguns posicionamentos: Posso Pedir Perdão, Só Não Posso Deixar de Pecar,  A Mão Esquerda de Vênus, A Louca Debaixo do Branco, O Pau, Vergonha dos Pés, Dores do Amor Romântico. Fernanda morreu em 25 de agosto de 2019, aos 49 anos, devido a uma parada respiratória provocada por uma crise de asma. Ela deixou o marido Alexandre Machado e quatro filhos, Cecília Maddona, Estela May, Catarina Lakshimi e John Gopala.

O espetáculo Pós-F, com Maria Ribeiro e direção de Mika Lins, foi adaptado do livro Pós-F, para além do masculino e do feminino. Construído em versão on-line, estreou de forma presencial e segue em turnê nacional. Neste fim de semana faz apresentações no Teatro de Santa Isabel, no Recife, com sessões neste sábado às 20h e domingo às 18h (19 e 20/3).

A diretora Mika Lins buscou na encenação levar ao palco as experiências pessoais da autora. “Buscamos transformar o que é expresso na teoria em ação, na experiência pessoal dela. É quase como se a Fernanda estivesse em cena exposta como pessoa e contasse suas memórias e vivências.”, explica.

Pós-F é uma peça provocativa que expõe com bom-humor as ideias de um pós-feminismo e pós-Fernanda, um relato sincero sobre uma vida livre de estigmas, que rejeita convenção conservadoras e que aposta força do desejo e no respeito ao outro.

Pos-F. Foto: Bob Wolfenson / Divulgação

Ficha técnica – Pós F
 
Texto: Fernanda Young
Com: Maria Ribeiro
Direção e cenografia: Mika Lins
Adaptação: Caetano Vilela, Maria Ribeiro e Mika Lins
Iluminação: Caetano Vilela
Figurino: David Pollack
Trilha Sonora: Estela May, Maria Ribeiro, Mika Lins e Caetano Vilela
Ilustração: Fernanda Young, Estela May e Mika Lins
Cenotecnia e Direção de Palco: Alejandro Huerta
Fotos: Bob Wolfenson
Coordenação de Comunicação: Vanessa Cardoso
Assessoria de imprensa: Factoria Comunicação
Designer: Luciano Angelotti
Assistência, programação e operação de luz: Nicolas Caratori
Coordenação técnica: Helio Schiavon Jr.
Operação de Luz: Marcel Rodrigues
Operação de Som: Hayeska Somerlatte
Captação de imagens e edição: Paula Mercedes
Visagismo: Marcos Padilha
Assistente de Produção: Rafaella Blat
Produção executiva: Camila Scheffer
Produção: Dani Angelotti
Realização: Cubo Produções
Patrocínio: Porto Seguro

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