Experimento cênico com Nínive Caldas e Eric Valença. Foto: Renato Filho
A cidade esconde segredos e ostenta mistérios. O espetáculo Eu gosto mesmo (de pezinho de galinha, porque eu como a carninha e limpo o dente com a unhinha) expõe as idiossincrasias de personagens urbanos e suburbanos, em explorações clichês e ousadas de tipos que ganham o protagonismo de províncias-metrópoles nas suas desigualdades sociais. Essa galeria ocupa o primeiro plano nos prostíbulos, nas igrejas evangélicas, na periferia e nos presídios nesta montagem. Um pastor perfomático, uma prostituta próspera, um homossexual engajado e um fugitivo são as figuras desse enredo.
Os atores Nínive Caldas e Eric Valença se desdobram em seis personagens, que mostram as tensões e negociações difíceis para sobreviver no asfalto. As cenas são apresentadas no 7º andar do Edifício Iemanjá, na Aurora, e também na rua, mas que podem ser vistas pelas janelas do apartamento.
Esta é a penúltima sessão desta temporada, na casa-ateliê de Cássio Bomfim, estilista da marca ACRE, que tem capacidade para receber 30 espectadores. Menores de 18 anos são barrados, devido à abordagem das temáticas escolhidas.
O espetáculo começa às 20h, mas o espaço abre às 19h para que o público possa apreciar a produção de Cássio e de Carol Monteiro. Os dois estão envolvidos na produção, figurino e trilha sonora da peça.
Serviço
Espetáculo Eu gosto mesmo (de pezinho de galinha, porque eu como a carninha e limpo o dente com a unhinha) Quando: Dias 1º, 8, 15, 21 e 28 de junho, sempre às segundas-feiras, às 20h Onde: ACRE – Rua da Aurora, 1019, Edifício Iemanjá, apartamento 701, Santo Amaro Capacidade: 30 pessoas Quanto: Contribuição espontânea, a partir de R$ 15 Direção e encenação: Eric Valença Encenação: Nínive Caldas Informações: pecanoacre@gmail.com ou pelo evento no facebook
Márcio Fecher e Júnior Aguiar celebram Glauber Rocha
H(eu)stória – o tempo em transe, é um trabalho de fôlego dos atores Márcio Fecher e Júnior Aguiar. Pulsação de dois intérpretes em carne viva para corporificar o gênio Glauber Rocha. E falar do Brasil do passado, que nos parece tão presente e das incertezas do futuro. Nesse espetáculo-manifesto a dupla leva ao palco as angústias e desejos do cineasta baiano que amou tanto o Brasil, o teatro e os humanos.
Os dois começam a peça vestidos de branco e fazem as oferendas no altar dos santos protetores para contar o percurso incendiário do menino nascido em 14 de março de 1939, às 3:40, em Vitória da Conquista. E que morreu em 22 de agosto de 1981.
As cartas escritas por Glauber Rocha a Jomard Muniz de Britto e Miguel Arraes inspiraram a h(EU)stória – o tempo em transe, montagem do Coletivo Grão Comum e da produtora Gota Serena. A peça faz parte da Trilogia Vermelha, que terá encenações para celebrar Paulo Freire e Dom Helder Câmara.
Como passar da “alienação” e passividade à resistência e atividade? Essa é uma questão crucial para Glauber Rocha. E o espetáculo começa assim: “Eu sou todos os nomes da história. Dyonizyo, Kryzto, Napoleão, Corisco, Che, Fidel, Godard, Jango, Eisenstein, Orson Welles, Lampião, Antônio das Mortes…”
O espetáculo é carinhoso, como seus atores, queima na emoção da dupla e magnetiza a plateia a pensar e repensar em ideologia, arte, cinema, teatro, política, fome, povo, generosidade e de novo arte e vida. É caudaloso, às vezes exagerado no grito. Mas de uma potência singular de alcance plural.
Criar é revolucionar… Arte tem que ter ambição. Repetem.
Assisti ao espetáculo no segundo dia da primeira temporada (que os atores disseram que não foi uma boa sessão) e no penúltimo dia, ontem, desta quarta temporada. Hoje o espetáculo faz a última apresentação desse bloco e o que eu tenho para dizer agora é que não percam. Mas voltarei a H(eu)stória – o tempo em transe, que tanto me inquietou.
SERVIÇO h(EU)stória – o tempo em transe, do Coletivo Grão Comum e Gota Serena QUANDO: Hoje, às 20h, ONDE: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, 457, Boa Vista. Fone: 3184-3057) QUANTO: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Informações: 8588.1388 (Aguiar) ou 8493.1650 (Fecher)
FICHA TÉCNICA ATORES: Márcio Fecher e Júnior Aguiar PESQUISA, ENCENAÇÃO, ROTEIRO e ILUMINAÇÃO: Júnior Aguiar PREPARAÇÃO DE ATOR: Quiercles Santana MÚSICA ORIGINAL: Geraldo Maia (Palavra), Juliano Muta (Brisa) e Leonardo Villa Nova (DiAngola) ÁUDIOS: Glauber Rocha (programa Abertura), Marisa Santanafessa (italiano) e Manuela Ripane (espanhol) e Darcy Ribeiro (enterro de Glauber – filme Glauber o filme – Labirinto do Brasil). Trecho dos filmes Deus e o diabo na terra do Sol e Terra em transe AUDIOVISUAL – Gê Carvalho DESENHO DOS FIGURINOS – Asaías Lira FOTOGRAFIAS – Arthur Canavarro PROGRAMAÇÃO VISUAL – Arthur Canavarro ASSISTENTE DE PRODUÇÃO – Rebeka Barros PESQUISA – Tempo Glauber, Cinemateca Brasileira, Revolução do Cinema Novo (Glauber Rocha), Glauber Rocha – Cartas ao Mundo ( organização Ivana Bentes), Atentados Poéticos (Jomard Muniz de Brito). PESQUISA SONORA – Lambarena (mamoudou), Heitor Villa Lobos (Bachiana brasileiras nº1), Nativi Americana Eagle Dance, Leo Artese (caboclo curador – Santo Daime) PRODUÇÃO e REALIZAÇÃO – Gota Serena e Coletivo Grão Comum
Apenas mais três sessões dessa temporada de O ano em que sonhamos perigosamente, do Magiluth. Foto: Renata Pires
O enigma em The Lobster (A Lagosta) é uma escolha, forçada (vale salientar) de não ficar sozinho, ou melhor, de arranjar um parceiro conjugal para a vida. Sob pena, se a regra não for obedecida, de se ser transformado em animal e jogado no bosque. O filme do grego Yorgos Lanthimos arrebatou o Prêmio do Júri em Cannes em maio deste ano. É uma fábula ácida e implacável situada num futuro distópico sobre a solidão e o amor. O cineasta, que realiza “gênero de filmes em que não se compreende tudo”, ganhou fama internacional com Canino (Prêmio Un Certain Regard, Cannes em 2009) e também dirigiu Alps (Prêmio do Argumento no Festival de Veneza em 2011) é uma das inspirações, referências ou disparadores criativos do novo trabalho do grupo Magiluth.
O ano em que sonhamos perigosamente é o título de um dos livros do sociólogo, filósofo, psicanalista e crítico cultural esloveno Slavoj Žižek. Esse autor, de produção intelectual intensa, utiliza conceitos de Jacques Lacan e vai de Marx a Hegel para analisar o cinema, o fundamentalismo e a tolerância, ideologia e subjetividade em tempos pós-modernos, entre outros temas da atualidade, em linguagem clara e provocativa.
O mundo das crises econômicas aos abalos existenciais está na rota desse novo espetáculo. Na busca do que seria belo, do que seria estética, eles abraçam Anton Tchekhov. E rasgam os véus das guerras, das arbitrariedades e do capitalismo. E mesmo diante do caos, convocam resistências, como o Ocupe Estelita.
SERVIÇO O ano em que sonhamos perigosamente Quando: Dias 19, 25 e 26 de Junho de 2015, às 20h Onde: Teatro Apolo, R. do Apolo, 121 – Bairro do Recife Informações: (81) 3355-3320
FICHA TÉCNICA Direção: Pedro Wagner Dramaturgia: Giordano Castro e Pedro Wagner
Atores: Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral, Pedro Wagner, Thiago Liberdade Preparação corporal: Flávia Pinheiro Desenho De Som:Leandro Oliván Desenho De Luz: Pedro Vilela Direção De Arte: Flávia Pinheiro Fotografia: Renata Pires Design Gráfico: Thiago Liberdade Caixas De Som: Emanuel Rangel, Jeffeson Mandu e Leandro Oliván Técnico: Lucas Torres Realização: Grupo Magiluth
Tatto Medinni e Iara Campos estão no elenco da versão teatral de A emparedada
Ano passado, o público televisivo assistiu entusiasmado a uma versão do folhetim A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela. A minissérie Amores roubados (Rede Globo), com dramaturgia e roteiro de George Moura e direção do mineiro José Luiz Villamarim foi deslocada do Recife para o Sertão. O ator Cauã Reymond interpreta na trama o galanteador Leandro que alardeia: “Sempre gostei do perigo. O amor que não tem risco é uma cousa desenxabida, uma aventura sem encantos e pueril”. Bem difícil resistir à atuação de Cauã Reymond.
Há alguns anos, a Trupe Ensaia Aqui e Acolá emplacou sua adaptação de A emparedada da Rua Nova, tomando liberdades estilísticas e conquistando o público com suas cores fortes do melodrama de circo. O grupo fez opção declarada pelas referências à cultura pop e pela chave cômica dessa história trágica. Uma moça teria sido emparedada pelo pai, quando este descobriu sua gravidez, isso lá no final do século 19. E o grupo abusa dos clichês presentes em folhetins, cinema e novelas, faz alterações do romance, inserindo reviravoltas e um novo desfecho.
O Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas é inspirado nesse caso nebuloso, que rendeu o romance A emparedada... , escrito entre 1909 e 1912. A montagem, dirigida por Jorge de Paula, já foi vista por quase 15 mil pessoas desde 2010.
A peça que usa a estética circense, com movimentos largos dublagem engraçadíssimas, ganha duas sessões neste fim de semana, no Teatro de Santa Isabel (Praça da República), sábado (20) e domingo (21), às 20h. A direção de atores é de Ceronha Pontes e no elenco estão Iara Campos, Jorge de Paula, Marcelo Oliveira, Andréa Veruska e Tatto Medinni.
SERVIÇO O Amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas. Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio). Quando: Sábado e domingo (20 e 21),às 20h. Quanto: R$ 40 e R$ 20 (meia). Informações: 3355-3322. Duração do espetáculo: uma hora e meia
Júnior Aguiar e Marcio Fecher foram buscar poesia nas cartas de Glauber Rocha.
Numa época pós-ideologia, é muito interessante ver no palco dois atores investigando a recente história do Brasil a partir das relações do cineasta baiano Glauber Rocha com o estado de Pernambuco. Inspirado nas cartas escritas para o poeta Jomard Muniz de Brito e o ex-governador Miguel Arraes a dupla de atores Júnior Aguiar e Márcio Fecher. Premiado como melhor espetáculo e melhor trilha sonora no 20º festival Janeiro de Grandes Espetáculos, h(EU)stória – o tempo em transe perpassa por revolução, paixões e desilusões do amor e do cinema.
SERVIÇO
H(EU)stória – O tempo em transe
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457, Boa Vista).
Quando: Sextas e sábados, às 20h (até o dia 20 de junho).
Ingresso: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia).
Informações: 3184-3057
A Receita é um solo com Naná Sodré. Foto: Fernando Azevedo
A receita apresenta uma mulher que tempera sua vida de abandono e violência com comida. Essa mulher representa as mulheres violentadas física e psicologicamente do mundo inteiro.
O solo é com a atriz Naná Sodré, do grupo O Poste Soluções Luminosas. O texto e a encenação de Samuel Santos, inspirados nos ensinamentos de Eugenio Barba, convergem para a atuação da intérprete, num teatro ritualístico.
SERVIÇO
Espetáculo A receita Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista). Quando: De 29 de maio a 26 de junho, todas as sextas, às 20h. Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações: 8484-8421.
Manoel Carlos, André Filho e Daniela Travassos, o núcleo duro da Cia Fiandeiros
A Tempestade (The Tempest) é considerada a obra-prima de William Shakespeare. O poder, a comédia e o romance são os três núcleos da peça. Um duque de Milão, chamado Próspero e sua pequena filha Miranda são lançados no mar e se abrigam numa ilha tropical. De lá, Próspero provoca uma tempestade em que o rei de Nápoles Alonso, seu irmão Sebastião, Antônio, um príncipe, noivo em potencial para Miranda e alguns nobres vão parar na ilha. Próspero tem a seu serviço o monstro Caliban, que ele escravizou e “domesticou”, e Ariel, o espírito que pode se metamorfosear em ar, água ou fogo. O protagonista prepara sua vingança.
A Cia. Fiandeiros de Teatro conclui seu ciclo de leituras dramáticas com A tempestade, última peça escrita por William Shakespeare. A direção é de André Filho e no elenco estão Domingos Soares, Célio Pontes, Marília Linhares, Jefferson Larbos, Carlos Duarte Filho, Geysa Barlavento, Pascoal Fillizola, Manuel Carlos, Luís Távora, Wellington Júnior e Quiércles Santana.
SERVIÇO Leitura dramatizada de A Tempestade Onde: Espaço Cultural Fiandeiros (Rua da Matriz, 46, 1º andar, Boa Vista). Quando: Sexta (19), às 19h30. Quanto: Entrada gratuita. Informações: 4141-2431.
Performance de Flavia Pinheiro convoca objetos obsoletos para traçar paralelo entre corpo e tecnologia
A vida corre alucinante. A tecnologia joga no mercado milhares de objetos, em substituição a outros. Invenção, alimentação, subversão. A hiperatividade estético-midiática é um desafio para a arte contemporânea. A artista Flavia Pinheiro opera na contramão dessa velocidade na performance Diafragma: dispositivo versão beta e enaltece os dispositivos low tech e as tecnologias obsoletas.
Criado pela atriz, bailarina e performer Flavia Pinheiro em parceria com o músico argentino Leandro Oliván, Diafragma: dispositivo versão beta integra o projeto de ocupação da Galeria Capibaribe chamado O Solo no CAC. As apresentações começaram ontem e seguem até sexta-feira, sempre às 18h. A curadoria do programa é de Francini Barros, Bruno Siqueira e Luís Reis.
Diafragma, essa performance-manifesto, pensa o papel das tecnologias na vida cotidiana. E reflete sobre a urgência de substituição de objetos na lógica do capitalismo, que produz e joga no mercado bens altamente perecíveis. Para serem substituídos, trocados. Expõe formas de automatização como parte de um dispositivo motor. A partir de uma série de exercícios constrói a experiência do corpo-metáfora dessa reinvenção de objetos em desuso.
A atriz interopera com diferentes peças criadas e reutilizadas por Leandro Oliván. Amplifica o estado obsoleto desses artefatos.
Diafragma atua no tempo de forma nômade na busca de (des)territorialização
Flavia realiza um trabalho sofisticado, fruto de um treinamento duro para produzir significados do seu corpo-máquina. Incorpora as provocações teóricas de filósofos como Gilles Deleuze e Flusser, Gerald Raunig e Michael de Certeau.
Sobre dispositivos deleuzeanos e suas linhas de força heterogêneas que se interconectam em processos dinâmicos e fluidos que desembocam no desequilíbrio, a artista explode em sentidos de uma poética de constatação/contestação de crítica social e política.
De Vilém Flusser ela carrega para a cena os vetores estéticos de fabricação de sentidos produzidos no interior desses aparelhos.
Sobem e descem escalas em hibridação não cronológicas. Os procedimentos de Diafragma exigem do corpo da artista posicionamento e movimentação de grande esforço dos músculos e moléculas, na primeira parte; e alta inventividade em toda a composição que envolve as tecnologias de produção de ruídos, imagens, sensações e narrativas.
Diafragma:dispositivo versão Beta Quando: 16,17 18 e 19 de junho, às 18h Onde: Galeria Capibaribe (CAC- Centro de Artes e Comunicação -UFPE) Quando: A entrada gratuita . Duração: 42 minutos
Ficha técnica Criação e Performance: Flávia Pinheiro Objetos e Ruídos: Leandro Oliván Fotografia: Pri Camara Produção: Coletivo Mazdita
Espetáculo Partida, que participou da 19ª edição. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR
A Secretaria de cultura do Recife insiste no modelo de inscrição e lançou convocatória para o 20º Festival Internacional de Dança do Recife. O programa ocorrerá de 17 a 25 de outubro. E podem participar do processo seletivo pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, de natureza cultural, com ou sem fins econômicos, até o dia 1º de agosto.
A proposta deverá ser entregue no 1º andar da Casa 10, do Pátio de São Pedro, no bairro de São José, no Recife, de segunda à sexta-feira, no horário das 9h às 17h. Ou enviada para o mesmo endereço, via SEDEX.
A escolha está dividida em duas fases. A primeira é de Avaliação Jurídica. Na segunda, Avaliação Artística, os critérios usados são o histórico profissional e a qualidade artística da proposta (?), a viabilidade, visibilidade e oportunidade da obra (??).
As propostas serão examinadas por uma Comissão de Avaliação Artística composta por cinco pessoas: dois indicados pela categoria; dois convidados da Fundação de Cultura Cidade do Recife e, o coordenador do 20º Festival Internacional de Dança do Recife (voto de Minerva)
Serviço:
Inscrições para o 20º Festival Internacional de Dança do Recife Quando: de 15 de junho a 1º de agosto Onde: 1º andar da Casa 10, do Pátio de São Pedro, bairro de São José, Recife. Ou por SEDEX, enviando para o mesmo endereço até a data final da inscrição. Informações: (81) 3355.3137 /
http://www2.recife.pe.gov.br/pagina/secretaria-de-cultura