Arquivo mensais:agosto 2012

Os Embromation no Barreto Júnior

Evilásio Andrade, Mauro Monezi e Tiago Gondim são Os embromation. Foto: Maira Arrais

Há muito tempo devo uma visita ao espetáculo Os embromation – Jogos de improviso. Sempre adorei o trio de atores – Tiago Gondim, Mauro Monezi e Evilásio Andrade. Lembro de entrevistas divertidíssimas que fiz com os meninos. Acho que eles são empolgados, atirados; não ficam esperando acontecer. Vão lá e lotam o teatro. E não é necessariamente um “público de teatro” que vai ver o espetáculo deles. Principalmente depois que fizeram sucesso na Tv participando do programa da Ana Hickmann.

Ainda não vai ser desta vez que pago minha promessa, porque estou fora da cidade, mas continuo indicando! 😉 Então vamos lá: sexta-feira (31) será o último dia para conferir a 5ª temporada do espetáculo. No palco do Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina), os três atores do grupo fazem improvisos a partir de jogos teatrais e da participação da plateia. Todo espetáculo é tudo novo, de novo. Nesta sexta, os garotos convidaram ainda o ator e comediante Múcio Eduardo, do grupo Os Magros em Cena, para participar do espetáculo. Também estão em cena os músicos Tibério Valença, da banda Fiddy, e Diego Perez, da Mr. Peter. O espetáculo começa às 20h e os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Vão e depois contem por aqui como foi!

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Entre o recato e a luxúria

Dona Flor e seus dois maridos passa pelo Recife pela terceira vez. Foto: Divulgação

Desta vez a temporada de Dona Flor e seus dois maridos caiu no domingo, com duas apresentações. Uma às 18h e outras às 20h30, no Teatro da UFPE. Não assisti antes. Mas agora eu vou conferir.

A montagem, com direção de Pedro Vasconcelos, tem trilha sonora de Dorival Caymmi e vem pela terceira vez ao Recife. São 14 atores, comandados pelo trio Fernanda Vasconcelos, Marcelo Faria e Duda Ribeiro.

Dona Flor e seus dois maridos é a obra mais conhecida de Jorge Amado e retrata Salvador dos anos 1940. Vadinho, primeiro marido de Dona Flor, gostava da farra, do jogo e das mulheres. Em primeiro lugar, o prazer. Morreu sambando no Carnaval.

A professora de culinária se fecha em copas para mundo. Até aparecerTeodoro, um farmacêutico responsável com proposta de casamento. Esses dois homens materializavam os opostos. Mas o espírito de Vadinho não vai deixar a mulher em paz, que passa a viver um relacionamento triplo.

Isso era coisa de ficção e mexia com imaginação dos leitores de Jorge Amado. A realidade as vezes se aproxima da ficção e recentemente em Tupã, São Paulo, um homem e duas mulheres fizeram uma escritura pública de união poliafetiva. (Eita mundo velho!!!!…)

Dona Flor é uma história cheia de erotismo e sedução que mexe com a libido. Brinca com o imaginário de completude. Entre o recato e a luxúria. Isto mais aquilo. É muito excitante. Vamos ver como funciona no palco.

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É melhor ser alegre…

Palhaços em ConSerto é um espetáculo sem contra-indicação

A arte da palhaçaria é algo bem delicado, que trafega em uma fronteira tênue entre o tom perfeito e exagero. Quando falo tom perfeito não me refiro a nenhuma fórmula consagrada, forma ou coisa do gênero. A piada pode ser batida, mas o artista, quando tem uma graça só dele, subverte sentidos fazendo com que pareça algo inusitado.

Não fui uma criança de muitas gargalhadas. Achava tudo sério. Todo mundo ria de uma topada do outro, ou quando alguém escorregava numa casca de banana. Era automático para eles. Pra mim não. Ficava com pena da criatura, ali esborrachada, humilhada. Mas mesmo com toda seriedade, desde sempre adorei teatro, circo e palhaços. Ficava vidrada na performance daqueles caras que conseguiam arrancar ondas de risos da plateia. Nunca deixei de gostar deles.

Ontem fui assistir novamente ao espetáculo Palhaços em ConSerto, com os Doutores da Alegria. Posso garantir que minha tarde ficou muito mais feliz.

O teatro Marco Camarotti (do Sesc de Santo Amaro – que fica ali perto do cemitério) estava lotado. E muitas crianças estranharam aquelas figuras de nariz vermelho e cara pintada. Alguns choraram. Mas a maioria se divertiu muito. Os adultos também.

Rocco Wicks na plateia dos Doutores da Alegria

Fui com Rocco Wicks e sua querida avó, Suzana Costa. O menino de dois anos se comportou como um príncipe. Bateu palmas, riu muito e tirou fotos depois. Eu adoro o espetáculo e não me contive; soltei sonoras gargalhadas. Suzana disse que gostou, mas ela é a mais crítica de nós três… talvez de todo o teatro.

Mas vamos voltar o foco para o palco. Uma trupe de palhaços que também tem sua lista de remédios contra a dor, a tristeza, a falta de ânimo, essas coisinhas que deixam um ser humano meio jururu.

Alegria das crianças

É uma gente muito talentosa. Nesse elenco tem médico para praticamente todos os males. Anderson Douglas é o dr. Cavaco; Arilson Lopes é o Dr. Ado, Eduardo Filho, o Dr. Dud Grud; Enne Marx, a dra. Mary En; Fábio Caio, o dr. Eu Zébio; Greyce Braga a dra. Monalisa; Juliana Alemeida, a dra. Baju; Luciano Pontes, o dr. Lui; Marcelino Dias, o dr. Micolino; Tâmara Lima, a dra. Tan Tan.

As paródias musicais são hilárias e as personalidades que eles criaram transbordam de humor. Cada um explora um detalhe. Há melancólicos, bobinhos, espertos, graciosos, abusados. Eu tenho os meus preferidos. É sempre um prazer assistir a algo com Arilson Lopes ou Fábio Caio, por exemplo. Eduardo Filho está bem como o mais bobo e o jeitinho e os cabelos da dra. Tan Tan me conquistam. Mas o espetáculo fica grande pelo conjunto de talentos. Um ou outro se destaca em algum momento, mas a proposta parece que é mesmo o investimento no trabalho coletivo para vencer os desafios de plantar humor na vida das pessoas.

A montagem é dividida em três partes: momento besteirológico (com as canções trabalhadas nos hospitais), Momento ‘bolsa Nova’, com músicas da bossa nova, e momento ‘no quintal de casa’, que remete ao cancioneiro popular.

Nas músicas criadas pelo grupo e outras de domínio público há muitas referências que os pequenos talvez não entendam, como alusões à Amy Winehouse, Michael Jackson, as popozudas, os sertanejos, à cultura que capitulou… E a musicista Rosemary Oliveira que tentar colocar um pouco de ordem à zona que se estabelece com tantas sonoridades.

Os atores tocam e cantam. Fotos: Ivana Moura

O musical tocado e cantado ao vivo está alicerçado na simplicidade, numa ingenuidade que constrói semelhanças. Parece dizer que todos têm direito à felicidade, mas que isso é uma construção constante. Esses palhaços fazem a parte deles. E divulgam a ideia de “que é melhor ser alegre que ser triste”.

Faz falta um DVD, um CD com o repertório do espetáculo, que é bom. Já tem muita coisa gravada no mercado, mas com certeza os Palhaços em ConSerto tem um lugar certo no nosso tocador de música (Ai pode, tu podes, ele pode, CD, DVD).

ÚLTIMA SESSÃO DA TEMPORADA – Neste domingo, às 16h30, no Teatro Marco Camarotti, do Sesc de Santa Amaro, o grupo faz a última apresentação desta temporada. Posso garantir que eles têm a capacidade de fazer o dia de qualquer um mais feliz.

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Teatro de luto por Argemiro Pascoal

Argemiro Pascoal, ao lado da mulher, Arary Marrocos Bezerra, do Teatro Experimental de Arte (TEA)

Argemiro Pascoal era daquelas pessoas tão apaixonadas por teatro que contagiava e comovia. Foi ator e integrou o elenco de mais de 40 espetáculos. De clássicos como Antígona, de Sófocles, a textos mais experimentais como Feira de Caruaru, que lançou o caruaruense Vital Santos como dramaturgo para o mundo. Argemiro Pascoal também foi diretor e dramaturgo.

Desenvolveu um trabalho durante mais de 50 anos, incentivando, promovendo, revelando talentos, garantindo que esta arte tão fugaz atraísse novos adeptos.

Além de amar o teatro, um homem de coração. Uma virtude rara. Sempre buscando encontrar o melhor em cada espetáculo. Encontrava-o sempre de bom humor. E viveu uma história linda… pois é impossível falar de Argemiro, sem lembrar Arary!

Argemiro Pascoal morreu hoje. Sofreu um AVC.

O teatro caruaruense está de luto.
O teatro pernambucano está de luto
O teatro está de luto.

Argemiro Pascoal nasceu em Bezerros, Pernambuco, em 17 de junho de 1929. Tinha então 83 anos.
Desde cedo começou a participar do teatro amador. Mudou de endereço, e foi morar em Caruaru, onde fundou o Teatro de Amadores de Caruaru (TAC), assumindo as funções de ator, iluminador, assistente de direção de diversos espetáculos. Em 1962, com sua mulher, Arary Marrocos Bezerra, criou o Teatro Experimental de Arte (TEA), que celebrou 50 anos mês passado.

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Que zona é esta?

Magiluth estreia no Recife versão de Viúva, porém honesta. Fotos: Pollyanna Diniz

“Quando se trata de operar dramaticamente, não vejo em que o bom seja melhor que o mau. Passo a sentir os tarados como seres maravilhosamente teatrais. E no mesmo plano de validade dramática, os loucos varridos, os bêbedos, os criminosos de todos os matizes, os epilépticos, os santos, os futuros suicidas. A loucura daria imagens plásticas e inesquecíveis, visões sombrias e deslumbrantes para uma transposição teatral”. Parece que os atores do Magiluth compreenderam muito bem o que queriam dizer as palavras de Nelson Rodrigues.

No último domingo, na abertura do festival A letra e a voz, eles apresentaram uma versão digna da “falsa irresponsável” que Nelson dizia ser a peça Viúva, porém honesta. Vale dizer que o teatro estava lindo (e foi a primeira vez que o grupo se apresentou no Santa Isabel). Lotadíssimo. Há muito eu não via tanta fila para entrar no teatro mais nobre da cidade; e para conferir a peça de um grupo subversivo, habituado a um teatro que não se deixa prender a convenções, que acompanha o seu tempo – melhor ainda.

O Magiluth fez uma verdadeira zona de Viúva, porém honesta. Foi um mergulho vertical no jogo teatral e também na estética defendida pelo grupo para a montagem. Poderiam dizer que foi demais. Mas nunca agradariam Nelson se ficassem no meio termo – e realmente não ficaram. Na encenação, na cenografia, no sexual, na brincadeira, na picardia.

Os cinco atores – Pedro Wagner, Giordano Castro, Erivaldo Oliveira, Pedro Torres e o estreante na trupe Mário Sérgio (que é irmão de Pedro Wagner) – passeiam por todos os personagens. No início até parece que haverá alguma ordem, quando Pedro Wagner assume por um bom tempo o papel de Dr. J.B. Mera ilusão. Daí para a frente é uma loucura desenfreada totalmente coerente com a proposta do “jogo” que o Magiluth tanto gosta de fazer entre os próprios atores e com a plateia.

Espetáculo é um jogo. Cada ator representa todos os personagens

Giordano Castro e, principalmente, Pedro Wagner, mostraram maturidade em cena. Eles sempre estiveram muito bem nas peças do Magiluth e aqui não seria diferente. Daria destaque, no entanto, a Erivaldo Oliveira e a Pedro Torres – que nessa temporada de imersão em que o grupo passou morando juntos em São Paulo, no Rio, dedicados exclusivamente ao teatro – cresceram bastante como atores. Acho que quem acompanha o grupo, percebe isso rapidamente.

Giordano Castro brincano de boneca como Ivonete

Deve ser bem difícil conseguir o tom de uma montagem dessas – sim, porque por si mesma ela já é uma profusão de imagens, música, gritos, “sujeira” cênica – e Pedro Vilela, que assina a direção e está no palco comandando a mesa de som e luz e fazendo algumas intervenções em momentos estratégicos, conseguiu. Só ficou exagerada porque era para ficar exagerada mesmo.

É teatro. E os atores fazem questão de mostrar que é teatro o tempo inteiro. Riem, se divertem, entram e saem do personagem, brigam (mesmo que seja fake, tudo bem – aqui não soa falso) porque um deles levou uma puxada no cabelo de verdade. Sobram batatas voando por todos os lados. É uma cena kitsch, carregada, de tons que podem ser bastante vermelhos como o inferno, de flashbacks que são dados apenas com um pulo no palco. Para quem vai ao teatro sem saber do que se trata, querendo a “cena sóbria e quadrada” da década de 1980 (aquela em que insistem permanecer alguns encenadores e parte do público), quebra a cara. Mas a porrada pode fazer tão bem…

Grupo deve fazer duas apresentações no Teatro Arraial dias 30 e 31

Festival A letra e a voz – O festival, que homenageia Nelson Rodrigues, continua sendo realizado na Livraria Cultura, no Bairro do Recife. Hoje, sexta-feira, a Yolanda Ivana Moura vai participar de uma mesa, das 18h30 às 19h45. E tem também Newton Moreno. Confira a programação do festival:

Sexta, 24
17h às 18h15 – A letra e a voz de Newton Moreno (PE) com mediação de Thiago Soares (PE)
18h30 às 19h45 – Nelson Rodrigues: modos de pensar, com Luís Reis (PE), Luís Augusto Fischer (RS) e Ivana Moura (PE)
19h45h às 21h – A letra e a voz de Paulo Henriques Britto (RJ) com mediação de Fábio Andrade (PE)

Sábado, 25
17h às 18h15 – Literatura brasileira contemporânea, como entendê-la? Com Manuel da Costa Pinto (SP) e Lourival Holanda (PE)
18h30 às 19h45 – Como traduzir o presente?, com Rubens Figueiredo (SP) e Diogo Guedes
19h45h às 21h – A letra e a voz de Zé Miguel Wisnik com mediação de Talles Colatino (PE)

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