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Centro Apolo-Hermilo já tem diretor

Carlos Carvalho

Carlos Carvalho aceita convite de Leda Alves para assumir Centro Apolo-Hermilo

Carlos Carvalho é o novo diretor Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho. Sua nomeação saiu nesta quinta-feira no Diário Oficial do Recife, assinada pelo prefeito Geraldo Julio. Ele foi convidado pela secretária de Cultura do Recife, Leda Alves. Ontem pela manhã fez suas despedidas do cargo anterior, de diretor da Diretoria de Políticas Culturais e se colocou à disposição do secretário Fernando Duarte para fazer a transição. “Fiz uma reunião com todas as coordenadorias”, contou. “Ainda não sei quem irá para o cargo que eu exercia na Fundarpe, mas já separei todos os arquivos e estou disponível para auxiliar no que for preciso”, garante.

Para ele é um desafio assumir a direção do Apolo-Hermilo. “O ponto-chave da minha decisão foi ajudar Leda (Alves) a colocar o Centro de Pesquisa na missão que ele tem desde seu nascedouro. Não estou dizendo que ele nunca esteve ou não está, mas é preciso cumprir essa função na íntegra, desde o organograma, discutir com grupos e associações e que não seja só um repassador de pauta”, argumenta.

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho elencou para Leda uma série de ações que deseja realizar ou potencializar. Como o Centro de Documentação Osman Lins, a Semana Hermilo Borba Filho e os projetos O Solo do Outro, e Aprendiz em Cena. “Com um GT vamos discutir a formação e a pesquisa. Leda está disposta e aberta. Ela quer ações estruturadoras, quer abrir a casa para o diálogo e trabalhar tanto com a tradição como a contemporaneidade e deixar o Centro em condições técnicas para novas experiências”.

Carlos Alberto Carvalho Correia começou a fazer teatro aos 11 anos, no grupo teatral do Colégio Castro Alves. A equipe era orientada pela atriz e professora de teatro Ruth Bandeira, que era do elenco do Teatro Popular do Nordeste (TPN). De lá para cá não parou mais, como ator e depois como diretor de teatro.

Como intérprete, participou de várias montagens na cidade. Entre elas, Sobrados e Mocambos, de Hermilo Borba Filho, dirigido por Guilherme Coelho, com o Grupo de Teatro Vivencial; Viúva, porém Honesta, de Nelson Rodrigues, dirigida por Antonio Cadengue, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, e É…, de Millôr Fernandes, ambas encenadas por Milton Baccarelli. Também participou dos elencos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e do Mamulengo Só-Riso.

Como diretor assinou montagens como Duelo, adaptado do conto O Duelo, de Guimarães Rosa, Zumba, a Gloriosa Vida e o Triste Fim de Zumba-sem-Dente, primeira peça da trilogia baseada em contos de Hermilo Borba Filho. As outras duas foram Mucurana, o Peixe, a partir do conto O Peixe e O Palhaço Jurema e os Peixinhos Dourados, elaborado com base em O Palhaço.

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Dança ou retorno às cadeiras – No Diário Oficial da Prefeitura do Recife de ontem foram publicados outras nomeações. Essas portarias começam a mapear os cargos ligados à Cultura, já que todos os servidores comissionados foram exonerados pela nova gestão de Geraldo Julio. Alguns voltam nas mesmas ou em outras funções. Os nomeados da Secretaria de Cultura são:

LEONOR MESEL, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

MARIA DO CARMO CONCEIÇÃO LÉLIS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SEBASTIÃO ALBEMAR GONÇALVES DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SOLANGE MARIA PIMENTA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico, do Gabinete, símbolo “CAA-3”

MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Gabinete, símbolo “CAA 4”

RITA DE KÁSSIA CANDEAS NERY, cargo de provimento em comissão de Assistente do Conselho Municipal de Política Cultural, símbolo “CAA-1”

OSMAM GIUSEPPE GIÓIA, cargo de provimento em comissão de Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Recife, símbolo “CDA-1”

MARIA DA CONCEIÇÃO FARIAS TABOSA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Preservação de Equipamentos Culturais da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-2”

MARIA DA CONCEIÇÃO SOARES MARQUES DA CUNHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Administração e Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA -2”

EVANDRO DA SILVA SOUZA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-4”

ZÉLIA RAMOS SALES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Controle de Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial, símbolo “CAA-2”

MÁRIO RIBEIRO DOS SANTOS, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional do Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural, símbolo “CAA-3”

PERÁCIO GONDIM GUIMARÃES JÚNIOR, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços de Preservação do Patrimônio Cultural, símbolo “CAA-4”

MARIA DE BETÂNIA CORRÊA DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-1”

SANDRO VASCONCELOS DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Iconografia e Museologia do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

CARLOS TORRES DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Montagem do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

JUDITH ELIZABETH MATTA RIBEIRO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-1”

CRISTIANE MABEL MEDEIROS VERÍSSIMO DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Conservação e Acervo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-2”

WILTON ANDRADE DE SOUZA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Manutenção do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

GUSTAVO NEVES DE SÁ ALBUQUERQUE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Montagem do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

TEREZA JANAÍNA FREITAS, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Documentação e Biblioteca Lígia Celeste, símbolo “CAA-4”

JULIANA LINS DE SIQUEIRA TELES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Arte Educação do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

MARIA DA PAZ DOS SANTOS BRANDÃO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-1”

BRUNO PADILHA CASTANHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-3”

PATRÍCIA REIS DE FREITAS, cargo de provimento em comissão de Diretor do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-1”

LAUDINIZ GABRIEL DE OLIVEIRA JÚNIOR, de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-3”

VIVIANE BARBOSA DA CRUZ, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-4”

ARNALDO JOSÉ DE SIQUEIRA JUNIOR, cargo de provimento em comissão de Gerente de Atividade Pedagógica do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-2”

ELIANE CÂNDIDA DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo/Hermilo, símbolo “CAA 4”

ALFREDO SÉRGIO FREIRE BORBA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Patrimônio e Documentação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOSÉ JORGE CORDEIRO DA COSTA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Apolo, símbolo “CAA-4”

GENILDO MARTINS MONTEIRO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-4”

ÉRIKA KARLA GOMES LEITE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviço de Contrato e Locação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

IZOLDA SOARES BARRETO cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Finanças do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOÃO DO CARMO B. CAVALCANTI, cargo de Assistente de Serviço do Teatro de Santa Isabel, símbolo “CAA-4”

ADRIANA MÁRCIA PAZ DE LIMA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico do Centro de Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-1”

EUCLIDES VIEIRA DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

RODRIGO DE MORAES SOBRAL, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico da Área Externa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-4”

JOANA D’ARC DE SOUZA LIMA, cargo de provimento em comissão de Diretor da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

MARIA ELIZABETE RAPOSO SOARES BITTENCOURT, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I da Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

SIMONE FERREIRA LUIZINES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu ,símbolo “CAA-2”

ROBERTO CARLOS AVELINO DE PONTES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

TIAGO DE ARAÚJO SANTOS, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo ” CAA-3

SEBASTIÃO FELICIANO DO VALE FILHO, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3

EDUARDO DE ALBUQUERQUE AUTRAN, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

FERNANDO FÉLIX ALCÂNTARA, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

E alguns cargos da Fundação de Cultura Cidade do Recife:

IVISON DE CASTRO SILVA NOGUEIRA, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional de Gestão de Pessoas, símbolo “CAA-3”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife

ANA BEATRIZ DE ALCÂNTARA FARIAS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico

VALDETE MARIA SILVA RODRIGUES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Controle Orçamentário, símbolo “CAA-4”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

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Política pública na pauta

Faltam poucos meses para o término da gestão de João da Costa. Na cultura, todos sabemos dos inúmeros problemas. Mas a mudança – que foi realizada tardiamente – na gerência de Artes Cênicas e depois na própria direção da secretaria e na Fundação de Cultura, com duas pessoas que amam o teatro, como Simone Figueiredo e André Brasileiro assumindo esses cargos, trouxe uma nesga de esperança à classe. Se não com relação à concretização de ações, ao menos no que diz respeito à tentativa de realizar um planejamento, de conversar com artistas e produtores.

No próximo dia 3, por exemplo, a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura Cidade do Recife vai realizar mais um encontro com a classe – este é o 4° Encontro de Teatro. Será no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, às 19h.

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Política não vai ao teatro

Peça Minha cidade foi contemplada, mas ainda não recebeu o fomento às artes cênicas da Prefeitura do Recife

Há um paradoxo na cadeia produtiva do teatro no Recife. Mais ousados para experimentar e construir uma linguagem cênica própria, os grupos tomam força, iniciativas alternativas surgem; os festivais conseguem se consolidar. Economicamente, no entanto, essa arte dos palcos e das ruas está enfraquecida. Relegada a segundo plano pelas políticas culturais, principalmente por parte da Prefeitura do Recife.

“Isso é um angu de caroço que não tem tamanho. Porque ao menos o Governo do Estado, através da Fundarpe, tem o Funcultura, que embora precise ser aprimorado, é um modelo melhor. Na prefeitura, o regime é outro. O diálogo inexiste. O Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) aprova projetos para que possamos captar junto à empresas e aí ela tem desconto de ICMS (ISS/erro nosso e não do entrevistado!). Na esfera federal, com empresas do porte da Petrobras, isso pode funcionar. Mas não na esfera municipal, com produções e empresas menores”, explica André Filho, diretor da companhia Fiandeiros.

“Nós discutimos o SIC há dez anos e nada acontece”, diz Paula de Renor, uma das produtoras do Janeiro de Grandes Espetáculos (festival realizado pela Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco). “A Secretaria de Cultura do Recife não tem dinheiro e, consequentemente, não tem força e nem autonomia. Há um distanciamento visível entre a Fundação de Cultura, que detém o dinheiro, e a secretaria. Nesse governo, não se encontrou o lugar da cultura”, complementa.

As reclamações sobre o SIC são apenas a ponta do iceberg. A Prefeitura do Recife também acumula dívidas. O Prêmio de Fomento às Artes Cênicas, que destina anualmente uma verba de R$ 100 mil para ser dividida entre cinco produções – que podem ser teatro, dança e circo – está com o seu pagamento atrasado há mais de um ano. O resultado da edição 2009 foi divulgado em março do ano passado, mas até agora os contemplados não receberam os pagamentos.

O valor de R$ 100 mil é o mesmo desde que o fomento foi criado, em 2001, pelo ex-prefeito João Paulo. “Quando falamos nos festivais pelo país afora que o nosso fomento tem esse valor, as pessoas não acreditam! Destinar R$ 20 mil para realizar uma montagem é um desrespeito com a classe”, afirma André Filho.

Ainda sem ter o prêmio depositado na conta bancária, Ana Elizabeth Japiá decidiu que continuaria o projeto de montar o espetáculo infantil Minha cidade, que estreou em setembro do ano passado. Resultado: está pagando um empréstimo e ainda tem dívidas para quitar. “Acreditei que a Prefeitura do Recife honraria suas dívidas. Nós só conseguimos pagar a estrutura material da peça, mas não os serviços. É um constrangimento e nós perdemos o nosso crédito”, diz.

Mesmo com o pagamento do fomento de 2009 atrasado, a Prefeitura lançou o de 2010, que teve as suas inscrições encerradas, de acordo com o edital, no dia 28 de fevereiro. “Nós pretendemos reunir os contemplados de 2009 e entrar com uma ação para que esse edital de 2010 seja cancelado até que o anterior seja pago, o que é lógico”, finaliza.

Espetáculo Ato, do Magiluth, nunca recebeu a verba de circulação do projeto Recife Palco Brasil

Como é difícil fazer cultura no Recife

Já faz parte do cotidiano da produtora Paula de Renor. Ela acorda, senta na mesinha ao lado do telefone. As ligações são para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e para a Prefeitura do Recife, que estão devendo ao festival Janeiro de Grandes Espetáculos. “Nós realizamos projetos, assinamos convênios. E, embora seja previsto, não existe um prazo real para que os pagamentos sejam feitos”, avalia.

“Há uma cobrança de profissionalismo por parte dos produtores, mas o governo não faz o mesmo. Todos os grupos locais que participaram do festival ainda esperam pagamento. As pessoas acreditam que o governo não pagou, porque confiam na gente. Mas, ainda assim, diariamente recebemos e-mail, as pessoas querem prazos e nós não temos”, diz. O Governo do Estado deve R$ 250 mil ao festival e a Prefeitura do Recife quitou 60% da dívida total de R$ 85 mil.

Os grupos pernambucanos que se destacaram no Janeiro de Grandes Espetáculos também aguardam outra decisão da Prefeitura do Recife. Luciano Alabarse, coordenador do Porto Alegre em Cena, fez um convite para que fosse realizada uma mostra paralela só com espetáculos de teatro, dança e música do Recife durante o festival gaúcho. As passagens seriam pagas através do convênio Recife Palco Brasil, idealizado para que grupos pernambucanos pudessem fazer uma circulação nacional, mas a Secretaria de Cultura ainda não deu uma posição definitiva.

O Recife Palco Brasil foi a concretização de um pleito feito por anos pelos artistas da cidade. Foi criado em 2007, no governo do ex-prefeito João Paulo. No primeiro ano, disponibilizou R$ 50 mil para serem divididos entre três grupos; e R$ 100 mil em 2008, para 15 companhias. Em 2009, quando João da Costa assumiu a prefeitura, houve a promessa de que a Apacepe receberia R$ 30 mil para viabilizar o projeto, o que não aconteceu.

O Grupo Magiluth, em atuação há sete anos na cidade, aguarda desde então o pagamento do Recife Palco Brasil. O grupo receberia verba de passagens para apresentar o espetáculo Ato em Porto Alegre, Brasília, Maranhão e Fortaleza. A companhia gastou cerca de R$ 15 mil, mas não recebeu o valor. “Nunca ganhamos incentivo público para montar nenhum espetáculo e tiramos esse valor do nosso próprio bolso, com a promessa de que seria pago”, conta o ator Giordano Castro.
“Em 2010, o convênio foi realizado através de passagens e quatro grupos conseguiram circular, mas o valor não aumentou. Este ano, ainda não temos resposta. É um retrocesso para a classe que lutou tanto por esse convênio”, afirma Paula.

Pouco investimento se reflete nos equipamentos

Os poucos investimentos da administração municipal no teatro se refletem também nas condições das casas de espetáculos. O grupo Magiluth fez uma temporada recente com o espetáculo O canto de Gregório no Teatro Hermilo Borba Filho e pode comprovar a precariedade dos equipamentos. “Os refletores e o som estão defasados, sucateados”. conta o ator Giordano Castro.

“Os teatros Apolo e Hermilo precisam dividir os poucos equipamentos que têm. Além disso, as pessoas que trabalham nesses locais precisam de aperfeiçoamento técnico”, conta Viviane Bezerra, que fez uma residência de três meses ano passado no Apolo Hermilo com a Trupe de Copas para a montagem de Quase sólidos.

Com o Teatro do Parque fechado para uma reforma que ainda não começou, o recém-inaugurado Teatro Luiz Mendonça precisaria abarcar uma demanda de produções que não tem espaço na cidade, mas a casa ainda não dispõe de uma equipe técnica e administrativa completa para operar.

Ano passado, durante as comemorações pelos 160 anos do Teatro de Santa Isabel, a classe artística já mostrava a insatisfação diante da “ausência” de uma política cultural específica para a área por parte da Prefeitura do Recife. O estopim da crise foi a programação da semana comemorativa, que não contemplava as artes cênicas pernambucanas. “Mas esse foi apenas o ponto de partida. A nossa manifestação, que reuniu uma parcela significativa da classe artística, foi para que a prefeitura estruturasse uma política pública”, afirma o diretor Samuel Santos.

Confira o e-mail enviado para a Prefeitura do Recife pela reportagem e as respostas da secretaria de Cultura do Recife:

1) Qual a previsão para que o fomento às artes cênicas, que teve o resultado divulgado em março do ano passado, seja pago? Existe alguma previsão do montante desse fomento – R$ 100 mil, para ser dividido entre cinco grupos – ser aumentado?

O prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago até o final desse mês. A ampliação do prêmio para a próxima edição será proposta pela Secult/FCCR ao Conselho Municipal de Política Cultural.

2) Existe algum projeto para que o Recife Palco Brasil seja institucionalizado, alguma verba pré-definida para este apoio? Este ano, o diretor do festival de Porto Alegre propôs aos artistas da cidade, durante o festival Janeiro de Grandes Espetáculos, a realização de uma semana de artistas pernambucanos durante o festival, que é internacional, um dos maiores do país. A Prefeitura disse que apoiaria com passagens para os artistas, mas até agora isso não se concretizou. Vocês vão ajudar de alguma forma? Qual a importância de uma ação dessas?

O Recife Palco Brasil é um projeto de Apacepe em parceria com o Janeiro de Grandes Espetáculos, logo, não cabe à Prefeitura institucionalizar o projeto. Como fazemos desde 2007, vamos apoiar mais uma edição do Palco Brasil. O valor do apoio será definido de forma a permitir a participação dos artistas pernambucanos no Festival de Porto Alegre.

3) Ainda há uma dívida do ano de 2009 do Recife Palco Brasil, quando artistas viajaram (como o grupo Magiluth) e a prefeitura prometeu que apoiaria. Mas isso nunca foi feito. Existe alguma previsão para que esse pagamento seja realizado?

Em 2009, o Recife Palco Brasil recebeu, via Apacepe, um apoio da Prefeitura no valor de R$ 30 mil (empenho de número 3784). O referido empenho, no entanto, foi cancelado porque a entidade não entregou a prestação de contas referente ao patrocínio.

4) Sabemos que os nossos teatros estão sucateados. Soube, por exemplo, que está sendo realizada uma licitação para a compra de duas mesas de luz – uma para o Santa Isabel e outra para o Teatro Apolo; mas só o Centro Apolo Hermilo tem dois teatros e não um. A última reforma da casa, inclusive com compra de equipamentos técnicos, foi em 2000. Existe alguma previsão de compra de material técnico suficiente para essas casas?

Nenhum teatro administrado pela prefeitura está “sucateado”. O Santa Isabel e o Luiz Mendonça estão à altura, em termos de conservação, dos melhores palcos do país. O Barreto Júnior e o Apolo/Hermilo têm problemas pontuais, mas que, nem de longe, os transformam em casas de espetáculo “sucateadas”. Além das duas mesas de som/luz já licitadas, vamos investir no reforço da iluminação do Apolo/Hermilo e na reforma e ampliação da caixa cênica do Teatro do Nascedouro.

5) O teatro do Parque está fechado (o que dificulta ainda mais que as montagens circulem pela cidade), mas até agora a reforma não começou. Porque? Existe uma previsão?

A reforma do Teatro do Parque começará no segundo semestre de 2011 e abrigará, entre outras obras, a recuperação da caixa cênica, do telhado e da cabine cinematográfica. O término das obras está previsto para janeiro de 2012.

6) O Teatro Luiz Mendonça está funcionando com pessoal emprestado, principalmente do Santa Isabel. Existe alguma previsão para que o Teatro Luiz Mendonça tenha a sua própria equipe administrativa e técnica?

Só poderíamos contratar funcionários para o Dona Lindu depois da aprovação, pela Câmara de Vereadores, da criação dos cargos correspondentes à sua estrutura funcional. Isso se deu apenas na semana passada. Os funcionários serão contratados nos próximos dias.

7) Os artistas reclamam que, há dez anos, discutem o SIC. Existe alguma previsão para que o SIC seja reavaliado? Vocês estudam alguma mudança nesse modelo?

Embora o assunto tenha sido tratado na matéria publicada na edição de hoje (16/05) do DP (Diario de Pernambuco), reiteramos que já está em atuação uma comissão de reformulação do Sistema de Incentivo à Cultura, iniciativa do Conselho Municipal de Política Cultural, e que inclusive já se iniciou o debate sobre o tema, em consonância com as diretrizes do Ministério da Cultura.

O Janeiro de Grandes Espetáculos, realizado em janeiro deste ano, só recebeu 60% do apoio financeiro prometido pela Prefeitura. Qual a previsão para que esse pagamento seja realizado?

O Janeiro de Grandes Espetáculos recebeu 70% do pagamento em março. A parcela final, condicionada à prestação de contas, foi encaminhada para pagamento no dia 12 de maio. O total do patrocínio é de R$ 85 mil.

Confira também a resposta da Fundarpe sobre o atraso no pagamento da verba destinada ao Janeiro de Grandes Espetáculos:
“Desse valor devido, R$ 100 mil já foram empenhados e pagos no início do ano. Falta o pagamento de R$ 150 mil que está entre as pendências da Fundarpe, mas isso está sendo estudado e a previsão é de que, até junho, esteja tudo pago”.

(Essa matéria faz parte da série Dívida cultural, que está sendo publicada no Diario de Pernambuco e no www.diariodepernambuco.com.br)

Aproveite para votar na nossa enquete! Deixe a sua avaliação sobre a política pública para a área de artes cênicas empreendida pela Prefeitura do Recife.

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