Arquivo da tag: PalhaçAria – Festival Internacional de Palhaças do Recife

Nuances de palhaças

Cortejo Sampalhaças. Foto: Lana Pinho/ Divulgação

Cortejo Sampalhaças. Foto: Lana Pinho/ Divulgação

Enne Marx e Nara Menezes, curadoras do festival Palhaçaria. Foto: Lana Pinho

Enne Marx e Nara Menezes, curadoras do festival Palhaçaria. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Manuela Castelo Branco, a palhaça Matusquella. Foto: Lana Pinho

Manuela Castelo Branco, a palhaça Matusquella. Foto: Lana Pinho / divulgação

“Somos muitas, somos ótimas”, é quase um mantra da atriz e pesquisadora Manuela Castelo Branco, a palhaça Matusquella de Brasília. É verdade. Você são sim, Manu. E o PalhaçAria – Festival Internacional de Palhaças do Recife esbanjou exemplo  dessa comicidade feminina tão rica e variada, cheia de nuances e de atitudes. Ser palhaça é assumir uma luta permanente contra preconceito de gênero, contra todos os retrocessos e contra a invisibilidade. Ser palhaça é um exercício político de liberdade e em combate a todas as violências contra a mulher. Mas tudo isso com graça e inteligência que derruba resistências, ganha adesão e cumplicidade no riso e nas linhas tênues que aproximam cômico do trágico, a essência humana e suas facetas grotescas e sublimes.

A terceira edição do Festival Internacional de Palhaças do Recife compõe um mosaico do trabalho desenvolvido por essas mulheres. No Fórum Palhaças do Mundo, Manuela Castelo Branco apresentou um pouco do percurso, dessa história de anônimas que são resgatadas como as pesquisas e no fortalecimento de uma rede para robustecer a voz desse mulherio.

Existem muitas palhaças espalhadas por esse mundão de Deus. A primeira palhaça de Portugal, Teresa Ricou, é a homenageada do festival. Além de uma trajetória de enfrentamentos e conquistas individuais ela também criou um espaço que treina novos artistas na Escola Chapitô, em Lisboa.

Um festival de cinco dias e de muita emoção, de talentos consolidados e em evolução. E de muita pulsação de vida.

O programa começou na quarta-feira (13/09) com o cortejo da trupe paulista Sampalhaças, 10 artistas com gramáticas e afinações variadas a arrancar o riso com uma performance cheia de personalidade. Com paradas em três estações (área de convivência do Apolo-Hermilo, no hall e no palco do Hermilo Borba Filho) elas fizeram a festa com variações de quadros circenses tradicionais e invenções do próprio grupo.

atriz-palhaça Letícia Vetrano. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Atriz-palhaça Letícia Vetrano. Foto: Lana Pinho / Divulgação

A atriz-palhaça Letícia Vetrano se apresentou como María Peligro, uma garota órfã, meio paralisada pela morte dos pais. No dia do aniversário promove uma festa para si em busca de uma revolução. O espetáculo Fuera! é calcado nas ações físicas da artista, destrezas corporais, exposições ridículas. Além da apropriação crítica  de gestual masculino.

 Aloprada, melancólica e solitária essa personagem dialoga com o púbico, joga bolo para plateia e busca afeto, abraço coletivo e até um companheiro que compreenda sua esquisitices.

Juliana Balsalobre e Marina Quinan, as clownescas Bifi e Quinam vieram para o festival com três montagens Divagar e Sempre, O Dia Da Caça e SemiBreve. Inspirados na pesquisa realizada no Norte do Brasil, elas buscaram levar o universo amazônico para a cena.

Cabaré Varieté com quase 30 palhaças. Foto: Lana Pinho /Divulgação

Cabaré Varieté com quase 30 palhaças. Foto: Lana Pinho /Divulgação

Um dos pontos altos do Palhaçaria foi o Cabaré Varieté. De tudo um pouco. Com a bandinha Sampalhaças a esquentar e acelerar o ritmo do riso. Acrobacias, contorcionismo, piadas, dançarinas virtuosas, números cômicos e um humor contagiante. A energia circulou pelo Teatro Hermilo Borba Filho numa comunhão de artistas com o público encantado e cúmplice. Foi uma noite incrível.

Argentina Maku Fanchulini,. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Argentina Maku Fanchulini,. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Metro Y Medio, outro destaque internacional, com Maku Fanchulini, criação da atriz, malabarista, clown e artista de rua Maria Eugenia Favale. Baixinha, franzina, mas com uma força incrível, Maku colocou o público no bolso, ou na mão, se preferirem. Com um carisma espantoso.

Sem palavras, nesse espetáculo acrobático a comunicação cômica se estabelece em momentos técnicos, lúdicos e explosivos. Com a cumplicidade da plateia, as apuradas habilidades circenses da artista garantem ações surpreendentes. A palhaça se arrisca o tempo todo e isso nos assombra. É humor Hardcore, num jogo que vai do lúdico e beira o horror.

Depois de alguns números delirantes e admiráveis, Maku convoca do público dois assistentes para participar dos números.  Em um deles, ela sobe nos ombros para suprersa de todos. Tira sarro do outro quando ele tenta assobiar e não consegue. Ou mostra como é hábil do jogo quando o assistente tenta passar a perna na palhaça. A terceira convidada do público, uma garota, também entrou na brincadeira até o açúcar na testa.

Entre gags e acrobacias, números de equilíbrio e malabares excêntricos, o espetáculo termina explosivo, depois de ter percorrido muitas nuances emotivas da arte da vibrante Maku.

Valdorf mostra que as crianças não são tão inocentes assim, em espetáculo para adulto

Valdorf mostra que as crianças não são tão inocentes assim, em espetáculo para adulto 

Valdorf é uma comédia cruel. Porque reflete os porões sombrios do humano. E tem uma dramaturgia instigante e divertida. É um humor inteligente e cáustico. Uma peça de palhaça que toca o drama de um menino de seis anos, que sofre com a negligencia dos adultos, o atraso da mãe, a rejeição dos colegas e sua proporia imaginação fertilíssima.

Sozinha no palco, a gaúcha Aline Marques, da Casa de Madeira Produções Artísticas, expõe o universo interior dessa criança que se projeta presa no fraco de pepino e quando se liberta conta sua história, com uma franqueza desconcertante.

Ele é um menino mimado e carente, que exerce sua perversidade masculina com a coleguinha de classe, com o melhor amigo e até mesmo com a mãe desleixada.

A dramaturgia e a direção também são assinadas por Aline. Ela explora bem os erros gramaticais e equívocos de nomenclaturas, suscitando o riso que as crianças despertam quando falam errado. Sua caracterização do menino Valdorf é incrível e desperta variados sentimentos.

Vestida com um macacão marrom fraco, blusa verde, sapatos azuis, meias vermelhas, peruca e óculos, ela trabalha uma queixadura para a frente e os lábios salientes. Esse conjunto da obra compõe a imagem de um menino meio nerd, meio tabacudo e com atitudes autoritárias, agressivas. Mas também convoca para um mundo de afetos e carências.

Sua movimentação no palco destila o grotesco desse pequeno ser excêntrico e transparente nas suas narrativas. As imagens que desperta dos episódios contados pelo guri são bem envolventes. E personagem tem potência grande de virar filme, peça de campanha publicitária, série de Tv.

 

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Tem Palhaçaria até domingo

Alessandra Siqueira participa do Cabaré Varieté como A Mulher mais Forte do Mundo. Foto: Divulgação

Alessandra Siqueira participa do Cabaré Varieté como A Mulher mais Forte do Mundo. Foto: Divulgação

A comicidade feminina tem seus segredos. Alguns são compartilhados com o público nesta terceira edição do PalhaçAria – Festival Internacional de Palhaças do Recife,  que segue até domingo, com boas atrações. Com graça e particularidades da linguagem, essas artistas conquistam o coração da plateia. Neste sábado, o grupo Las Cabaças que veio ao festival com três espetáculos do repertório, apresenta O Dia da Caça, às 16h30. Domingo, a trupe mostra Semibreve.

Juliana Balsalobre e Marina Quinan criaram o grupo Las Cabaças em São Paulo, em 2006. Elas desejavam pesquisar diferentes formas de intervenções nos espaços públicos e no cotidiano de comunidades de pequeno porte no interior do Brasil. Foram morar em Alter do Chão, no Pará, durante seis anos. Lá nasceram as palhaças Bifi e Quinan, protagonistas dos três espetáculos.

Em O Dia da Caça, a dupla se aventura na mata fechada para caçar, encara imprevistos e tem sonhos alucinantes.

O Dia da Caça. Foto: Danilo Batista.

Semibreve, do grupo Las Cabaças. Foto: Danilo Batista/ Divulgação

Cinco números tradicionais de palhaços ganham releitura da dupla em Semibreve. Os desajustes dessas figuras no mundo provocam boas gargalhadas nas cenas A Pulga, Soldado, Sen-tido!, O Salto no Copo d’Água, A Mágica e O Nome dos Santos. É uma trapalhada atrás da outra, como quando Bifi, atleta e ginasta de saltos ornamentais, promete dar um duplo salto mortal em um copo de água. Ohhhh! E Quinan decide dar uma mãozinha na façanha.

A atriz palhaça Giullia Cooper leva a ludicidade para uma cozinha sem teto para fazer a imaginação voar.  Entre equilíbrios, malabarismos, suspenses, ela prepara uma bebida para os convidados em Chá Comigo, peça também para os pequenos, neste domingo às 17h.

O assunto é mais sério em Valdorf, do grupo Casa de Madeira de Porto Alegre. A atriz palhaça Aline Marques articula questionamentos sobre responsabilidade dos adultos na formação de crianças que são negligenciadas no cotidiano.   

E para encerrar o Palhaçaria no domingo, o segundo Cabaré Varieté, que vislumbra uma apoteose. A Banda de palhaças As Levianas solta pílulas do seu repertório e traz novidades musicais, com suas subversões bem-humoradas. Andréa Macera , a palhaça Mafalda Mafalda, atua como mestre de cerimônia da noite que tem  números cômicos de dança, uma palhaça “sensitiva” especialmente conectada, a mulher mais forte do mundo, Dança Maroca com Mayra Waquim e  Milkshake com Natascha Falcão e muitas surpresas.

Nara Menezes e sua Aurélia . Foto: Lana Pinho / Divulgação

Nara Menezes e sua Aurélia . Foto: Lana Pinho / Divulgação

PROGRAMAÇÃO

PalhaçAria – Festival Internacional de Palhaças do Recife – 3a. edição – Ingressos: R$ 10 e R$ 5

O DIA DA CAÇA – (São Paulo/SP)
Dia 16/09 às 16h30 – Teatro APOLO
Duração: 50 min
Classificação: livre
Las Cabaças/ Atrizes palhaçasJuliana Balsalobre e Marina Quinan

VALDORF (Porto Alegre/RS)
DIA 16/09 às 20h – Teatro APOLO
Duração: 55 min
Claassificação: 16 anos
Casa de Madeira/ Atriz palhaça Aline Marques

SEMIBREVE – (São Paulo/SP)
Dia 17/09 às 16h30 – TEATRO HERMILO BORBA FILHO
Duração: 40 min
Classificação: livre
Las Cabaças/ Atrizes palhaças Juliana Balsalobre e Marina Quinan

CHÁ COMIGO – (São Paulo/SP)
Dia 17/09 às 17h – PRAÇA DO ARSENAL DA MARINHA
Duração: 40 min
Classificação:livre
Caravana Tapioca/Atriz palhaça Giullia Cooper

CABARÉ VARIETÉ – (Recife, Rio de Janeiro, São Paulo/SP, São José dos
Campos/SP)
Dia 17/09 às 20h ENCERRAMENTO DO FESTIVAL- Teatro APOLO
Participação Especial da Banda de Palhaças AS LEVIANAS com Pílulas das Levianas (Cia Animee)
Duração: 1h30
Classificação: 16 anos
Mestra de Cerimônias: Andréa Macera
Elenco:
As Lavadeiras, com Jerlane Silva e Paula de Tassia (Cia 2 em cena),
A mulher mais forte do mundo, com Alessandra Siqueira,
A volta do velório, com Regina Mascarenhas,
Balões!, com Ana Sawen,
Choque-Rosa, com Circo Di Sóladies,
Dança Maroca, com Mayra Waquim
Milkshake, com Natascha Falcão
Pílulas das Levianas, com Enne Marx, Juliana de Almeida e Nara Menezes.

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Solte a palhaça que existe em você… ou palhaço

A paulista e a argentina ministram oficinas gratuitas. Fotos: Divulgação

A paulista Andrea Macera e a argentina Letícia Vetrano  ministram oficinas gratuitas. Fotos: Divulgação

Vão até o dia 30 de agosto as inscrições para os workshops gratuitos Oficina Intensiva de Clown, com Letícia Vetrano e Escola de Palhaças (só para mulheres), com a paulista Andrea Macera. Os dois cursos breves são oferecidos pelo PalhaçAria – Festival Internacional de Palhaças do Recife, realizado pela Cia. Animée, com curadoria de Enne Marx e Nara Menezes.

O PalhaçAria chega à terceira edição de 13 a 17 de setembro e atualiza a pesquisa de linguagem do espaço feminino nessa arte cômica. O programa que tem incentivo do Funcultura vai contar com atrações nacionais e internacionais, cortejo cênico e fórum, além das oficinas.

Além da oficina, a argentina Letícia Vetrano apresenta o espetáculo Fuera, no dia 13/09 no Teatro Apolo. foto Amondine Dooms / Divulgação

Além da oficina, Letícia Vetrano exibe o espetáculo Fuera, no dia 13 no Apolo. foto Amondine Dooms / Divulgação

Para a argentina Letícia Vetrano, o clown é um estado de disponibilidade física, emocional e espiritual. O artista surpreende o espectador com algo inesperado. Ela vai preparar o corpo do ator com treinamento físico, respiração e jogo para encontrar a máscara. Letícia vai trabalhar elementos da técnica como projeção, urgência, comunicação pública, transparência, permeabilidade e surpresa. A Oficina de Clown será realizada nos dias 14 e 15 de setembro das 9h às 15h, no Sesc Casa Amarela, e oferece 18 vagas para Palhaços e Palhaças com experiência.

Andréa Macera é também mestra de cerimônias do Cabaré Varieté 2, com sua palhaça Mafalda Mafalda!, no encerramento do Palhaçaria, no dia 17. Foto: Divulgação

Andréa Macera é a mestra de cerimônias do Cabaré Varieté 2, com sua palhaça Mafalda Mafalda!, no dia 17. 

A Palhaçaria Feminina de Andrea Macera – a palhaça Mafalda Mafalda – busca extrair a figura-síntese e pessoal de cada participante na linguagem do palhaço. Os encontros consistem em treinamento físico e da máscara, além de uma pesquisa do material individual/cênico para a composição do personagem e de números individuais. As aulas ocorrem nos dias 14 e 15 de setembro das 9h às 15h no Sesc Casa Amarela e serão disponibilizadas 16 vagas.

Para participar, o candidato precisa enviar currículo e carta de intenção até 30 de agosto para o email contatopalhacaria@gmail. A lista dos selecionados será divulgada em 10 de setembro/2017 por email.

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