Arquivo da tag: Mostra Capiba de Teatro

DocumentaCena ministra oficina na Mostra Capiba

Entre os dias 17 e 21 de outubro, a DocumentaCena – Plataforma de Crítica realiza a primeira ação na capital pernambucana: uma oficina de crítica teatral. Formada pelo site Horizonte da Cena (Belo Horizonte/MG), pelo blog Satisfeita, Yolanda? (Recife/PE) e pela revista eletrônica Questão de Crítica (Rio de Janeiro/RJ), a DocumentaCena é uma iniciativa de intercâmbio entre críticos, jornalistas e pesquisadores de teatro de diferentes estados do Brasil. Juntos, os profissionais dos três veículos já fizeram coberturas críticas, oficinas e debates em eventos como a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp, em 2014, 2015 e 2016), a II Bienal de Teatro da USP (2015) e o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto (2013), em Belo Horizonte.

O Ateliê de Crítica e Reflexão Teatral, que integra a programação formativa da Mostra Capiba de Teatro, realizada pelo Sesc Casa Amarela, será ministrado por Ivana Moura, do Satisfeita, Yolanda?, e Luciana Romagnolli, crítica, pesquisadora e jornalista, uma das idealizadoras e editoras do site Horizonte da Cena. A oficina é uma realização do Cena em Questão, da programação sistemáticas dos Núcleos de Pesquisa e Memória das Artes Cênicas do Sesc Nacional.

Ivana Moura ministra Ateliê de crítica ao lado de Luciana Romagnolli. Foto: Guto Muniz

Ivana Moura ministra Ateliê de crítica ao lado de Luciana Romagnolli. Foto: Guto Muniz

Especialista em Literatura Dramática e Teatro (UTFPR), mestre em Artes (EBA-UFMG) e doutoranda em Artes Cênicas (ECA-USP), Luciana Romagnolli foi repórter nos jornais O Tempo (MG) e Gazeta do Povo (PR). Já Ivana Moura possui mestrado em Teoria da Literatura (Letras – UFPE) e especialização em Jornalismo e Crítica Cultural (UFPE). No Diario de Pernambuco, foi repórter e editora do caderno de Cultura entre os anos de 1989 e 2013.

Luciana Romagnolli é uma das idealizadoras e editoras do site Horizonte da Cena. Foto: Guto Muniz

Luciana Romagnolli é uma das idealizadoras e editoras do site Horizonte da Cena. Foto: Guto Muniz

As discussões no Ateliê pretendem contemplar apontamentos sobre a história da crítica de teatro no Brasil, a função da crítica, os problemas dos juízos de valor, a produção de subjetividade, além de questões bastante em voga no teatro contemporâneo, como o lugar do espectador. O lugar da crítica de teatro e o jornalismo cultural também devem ser abordados durante as aulas, que acontecem sempre das 14h às 18h, no Cineclube Coliseu, no Sesc Casa Amarela.

Os participantes da oficina terão a chance de discutir a produção cênica pernambucana e experimentar a prática da crítica, a partir da programação da Mostra Capiba, que vai de 14 a 22 de outubro. As inscrições para a oficina terminam nesta sexta-feira (14).

Confira também a matéria sobre a programação da Mostra Capiba.

Serviço:
Ateliê de Crítica e Reflexão Teatral, com Ivana Moura e Luciana Romagnolli
Quando: De 17 a 21 de outubro, das 14h às 18h
Onde: Cineclube Coliseu (Sesc Casa Amarela)
Quanto: Gratuito
Inscrições: Podem ser feitas até o dia 14, através do link: https://docs.google.com/forms/d/1383c1symrs2ByZrCFvMJdTqBVuBv6zxmEOxPEZAYnms/viewform?edit_requested=true

Postado com as tags: , , , , , , ,

Sobre encontros inusitados

Igor Lopes e Ana Flávia em Avesso. Foto: Pollyanna Diniz

“Um mundo que pode ser explicado, mesmo que com fundamentos inadequados, é um mundo familiar. Num universo, porém, que é repentinamente despojado das ilusões e da luz da razão, o homem sente-se um estranho”. A citação de Albert Camus diz respeito ao Teatro do Absurdo, referência para os atores da montagem Avesso, apresentada durante a VI Mostra Capiba de Teatro, no Sesc Casa Amarela.

Os atores Ana Flávia e Igor Lopes se apropriaram de dois textos contemporâneos que não se deixam enclausurar pela falsa tentativa de apreender a realidade. Mas são revestidos de muitos esquemas de lógica – em Eu não sou cachorro, Fernando Bonassi faz exatamente o que o título diz: explica porque não é um cachorro – e quantas vezes durante a montagem nos pegamos pensando…mas será que não somos mesmo? E Três Esgares Cômicos (e um discurso mal-humorado), de Luís Alberto de Abreu, fala do encontro de uma mulher com um cu. Isso mesmo que você leu. Ela acredita piamente que encontrou um cu no meio da rua, na esquina, sei lá. E a única certeza que ela tem é que não é o dela mesmo.

Os dois textos são levados juntos à cena – e isso enriquece a montagem, que talvez não tivesse o mesmo ritmo e força se a direção, que é do próprio Igor Lopes, tivesse optado por fazer dois quadros separados. No momento de construir a cena, eles vão tecendo pontos em comum e, ao mesmo tempo, quebram o peso de cada texto – que poderia se perder se fosse dito sem interrupções, sem pausas para que a plateia ‘respire um ar’.

Tanto Ana Flávia (com um barrigão enorme disfarçado pela saia!) quanto Igor Lopes estão muito bem em cena. Fruto provavelmente do tempo a que se dedicam a esse projeto – há alguns anos eles fazem experimentos e há poucos meses decidiram que era hora de admitir que a montagem deveria ser encenada por completo, fazer temporada, crescer a partir do encontro com o público.

São dois papeis difíceis porque poderiam resvalar na caricatura, se perder na risada que o público dá quando se questiona: ‘mas ela está dizendo isso mesmo?’ ou simplesmente escuta a palavra cu. Igor e Ana defendem os papeis com uma seriedade que às vezes até constrange.

Embora a direção pareça não querer fazer referência a nenhuma época específica (mas fica claro que os textos são contemporâneos), o figurino lembra o início do século 20 – mas com uma pitada de humor: a cueca de Igor Lopes. Talvez Ana Flávia pudesse ter um elemento assim também. No cenário, um vaso sanitário e muitas folhas. Soluções simples e eficazes. É um teatro de ator e de palavra. O resto está ali só para compor mesmo.

Há uma proposta interessante para a trilha sonora, mas que não se concretiza. O multiartista Ricardo Brazileiro colocou microfones para captar o som do palco e da plateia. Talvez noutros espaços, até funcione. Mas no teatro não. Na institucionalidade do teatro ‘o absurdo’ está no palco, mas a plateia continua lá, no lugar dela.

Postado com as tags: , , , , , , , ,