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Frescor de Mamãe comeu minha vida

Mamãe comeu minha vida. A encenação integrou a edição de ontem (27/01) do Curta Teatro especial para o 17° Janeiro de Grandes Espetáculos. Foi a estreia da cineasta Kátia Mesel no teatro. Ela também adaptou para o palco o conto de Cyl Gallindo.

Dúvidas e segredos femininos são revelados com nuances, que são reforçadas pela opção da diretora de dividir a personagem por quatro atrizes: Ana Cláudia Wanguestel, Viviane Bezerra, Galiana Brasil e Rita Marize. O feminino é explorado pelo olhar de Kátia com a cumplicidade das quatro intérpretes.

A direção optou por um tom mais leve, quase cômico para mostrar o que a repressão sexual é capaz de fazer com uma mulher. Ou como esses papéis são exercidos desde a infância até a vida adulta, com seus pudores, medos, composturas e descomposturas, excitações, vergonha e gozo. As várias facetas da Valentina expõem em palavras o que antes só cabia revelar ao espelho.

Como uma das características do projeto é levar a cena montagens curtas dirigidas por cineastas com atores da cidade, cujo processo tenha sido rápido, percebemos a pulsação criativa durante a apresentação. O público se torna totalmente cúmplice do ato criador. Com gradações, Ana Cláudia Wanguestel e Galiana Brasil representam o lado mais exposto da personagem; Viviane Bezerra e Rita Marize o aspecto mais contido, reprimido.

É interessante que neste Janeiro de Grandes Espetáculos tantas montagens discutam, falem, reflitam sobre questões sexuais, gozo, posições masculinas e femininas, em primeiro plano como Cabaré das Donzelas Inocentes, Animal Agonizante e Improvável, por exemplo.

Mamãe comeu minha vida é uma boa estreia de Kátia Mesel, diretora que se dedica ao cinema há quatro décadas e assina Recife de dentro para fora e do longa O Rochedo e a Estrela, no teatro.

O projeto Curta teatro foi idealizado pelos atores Sandra Possani e Kleber Lourenço, junto com o cineasta Pedro Severien. Vem reunindo gente de teatro e de cinema, do ano passado. Nessa edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, o “Curta Teatro Especial” abrigou também Ópera de Martino, com direção de Valdir Oliveira; A minha vaidade quer, por Pablo Polo.

O Espaço Muda, aliás, vem ganhando terreno na fomentação das artes cênicas, das artes plásticas, da música, da moda, lançamentos de livros, etc. Completou um ano semana passada e praticamente todo dia tem uma atração diferente. Virou um ponto de parada obrigatório para quem está ligado na cultura da cidade.

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