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Quem leva?

O resultado do prêmio Apacepe de Teatro e Dança só será divulgado na próxima sexta-feira, no Teatro Armazém, mas você já pode dar a sua opinião sobre qual foi o melhor espetáculo adulto na enquete do blog.
Estão concorrendo as peças Senhora dos afogados, Um rito de mães, rosas e sangue, O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas e Cordel do amor sem fim.

Falando em prêmio, para aqueles que acompanharam a maratona do Janeiro, uma festinha é mais do que bem-vinda! A noite de sexta, a partir das 23h, terá Orquestra Contemporânea de Olinda, DJ´s Roger e Tiago de Renor e participação de DJ Dolores. Antes disso, a partir das 20h, serão entregues os prêmios. A apresentação ficará por conta dos atores Walmir Chagas e Zuleika Ferreira. Os ingressos para a festa custam R$ 20 e R$ 10.

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Indicados do Janeiro de Grandes Espetáculos

A cerimônia de premiação do 17º Janeiro de Grandes Espetáculos será na sexta-feira, dia 4, no Teatro Armazém 14. E tem um sabor especial. A festa marca também a despedida do teatro alternativo, que durante 10 anos foi administrado pela produtora e atriz Paula de Renor. Mas o clima é de festa e não de melancolia. E para garantir uma noitada inesquecível, o programa vai contar com performance da Orquestra Contemporânea de Olinda e discotecagem de Roger de Renor, Tiago de Renor e DJ Dolores.

E depois de quase um mês de uma verdadeira maratona de apresentações teatrais, musicais e de dança, o Janeiro de Grandes Espetáculos anunciou os indicados aos prêmios:

Indicações da Comissão Julgadora para o Prêmio APACEPE de Teatro e Dança no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos

TEATRO ADULTO
Comissão julgadora: Clarissa Falbo, Williams Sant’Anna, Paulo de Pontes, Izabel Concessa e Paula Coelho (PB)

Melhor Espetáculo
Senhora dos Afogados (Cênicas Companhia de Repertório)
Um Rito de Mães, Rosas e Sangue (Claudio Lira e Andrêzza Alves)
O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas (Trupe Ensaia Aqui e Acolá)
Cordel do Amor Sem Fim (O Poste Soluções Luminosas)

Melhor Diretor
– Érico José (por Senhora dos Afogados)
– Samuel Santos (por Cordel do Amor Sem Fim)
– Jorge de Paula (Por O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas)

Melhor Ator
– Henrique Celibi (por Madleia + ou – Doida)
– Domingos Soares (por O Santo e a Porca)
– Thomás Aquino (por Cordel do Amor Sem Fim)
– Jorge de Paula ( por O Amor de Clotilde por Um Certo Leandro Dantas)
– José Ramos (por Os Fuzis da Senhora Carrar)

Melhor Atriz
– Maria Alves (por Solteira, Casada, Viúva e Divorciada)
– Francine Monteiro (por O Santo e a Porca)
– Naná Sodré (por Cordel do Amor Sem Fim)
– Sandra Possani (por O Acidente)
– Stella Maris Saldanha (por Os Fuzis da Senhora Carrar)

Melhor Ator Coadjuvante
– Paulo Henrique Reis (Por O Santo e a Porca)
– Gilberto Brito (por A Visita da Velha Senhora)
– Flávio Renovatto (por A Peleja da Mãe Nas Terras do Senhor do Açúcar)
– Ronaldo Brian (por Quadrilha- Um Romance Sertanejo)

Melhor Atriz Coadjuvante
– Lêda Oliveira (por Um Rito de Mães, Rosas e Sangue)
– Andrêzza Alves (por Um Rito de Mães, Rosas e Sangue )
– Agrinez Melo (por Cordel do Amor Sem Fim)

Atriz Revelação:
– Houve apenas uma indicada / premiada

Melhor Sonoplastia/Trilha Sonora
– Rafael Barros (por Improvável)
– Diogo Lopes (Cordel do Amor Sem Fim)
– Pedro Wagner (por Um Torto)
– Trupe Ensaia Aqui e Acolá (por O Amor de Clotilde por Um Certo Leandro Dantas)

Melhor Iluminação
– Luciana Raposo (por Senhora dos Afogados)
– Luciana Raposo (por Um Rito de Mães, Rosas e Sangue )
– O Poste Soluções Luminosas (por Cordel do Amor Sem Fim)
– Luciana Raposo (por O Acidente)
– Elias Mouret (por Quase Sólidos)

Melhor Cenário
– Sebastião Simião Filho (por Odemar)
– George Cabral (por Senhora dos Afogados)
– Samuel Santos ( por Cordel do amor Sem Fim)
– Marcondes Lima (por Lágrimas de Um Guarda-Chuva)

Melhor Figurino
– Henrique Celibi ( por Madleia + ou – Doida)
– Luciano Pontes (por Um Rito de Mães, Rosas e Sangue)
– Agrinez Melo (por Cordel do Amor Sem Fim)
– Marcondes Lima (por O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas)
– Claudiney Mendes (por Quadrilha- Um Romance Sertanejo)

Melhor Maquiagem
– Thaianne Cavalcanti (por Improvável)
– Trupe Ensaia Aqui e Acolá (por O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas )
– Claudiney Mendes (por Quadrilha- Um Romance Sertanejo)

TEATRO PARA CRIANÇAS
Comissão julgadora: Janaína Lima, Cícero Belmar, Zuleika Ferreira, Isa Fernandes e Manoel Constantino

Melhor Espetáculo
Reprilhadas e Entralhofas- Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza (Cia. 2 Em Cena de Teatro, Circo e Dança)
O Fio Mágico (Mão Molenga Teatro de Bonecos)
No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha (Andrêzza Alves, Fábio Caio e Jorge de Paula)

Melhor Diretor
– Alexsandro Silva (por Repriladas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Marcondes Lima (por Fio Mágico)
– Andrêzza Alves/ Fábio Caio / Jorge de Paula (por No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha)

Melhor Ator
– Arnaldo Rodrigues (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza) )
– Marcondes Lima) (por Fio Mágico)
– Fábio Caio (por Fio Mágico)
– Jorge de Paula (por No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha)

Melhor Atriz
– Paula de Tássia (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Andrêzza Alves (por No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha)

Melhor Ator Coadjuvante
– Diogo Barbosa (por A Revolta dos Brinquedos)
– Alisson Castro (por A Revolta dos Brinquedos)
– Alexsandro Silva ( por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza) )

Melhor Atriz Coadjuvante
– Roberta Marcina (por A Revolta dos Brinquedos)
– Michele Sant’Ana (por A Revolta dos Brinquedos)
– Fátima Caio (por Fio Mágico)

Ator Revelação
– Não houve indicação

Atriz Revelação
– Não houve indicação

Trilha Sonora
– Henrique Macedo (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Henrique Macedo (por Fio Mágico)
– Hugo Leonardo e Fernando Torres (por Minha Cidade)

Melhor Sonoplastia
– Flávio Santana (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Ana Elizabeth Japiá (por Minha Cidade)
– Henrique Macedo (por No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha)

Melhor Iluminação
– O Poste: Soluções Luminosas (por Minha Cidade)
– Andrêzza Alves/ Caio Fábio / Jorge de Paula/ (por No Meio da Noite…)
– Sávio Uchôa- (por Fio Mágico)

Melhor Cenário
– Marcondes Lima (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Ana Elizabeth Japiá (por Minha Cidade)
– Marcondes Lima (por Fio Mágico)
– George Cabral, Jorge de Paula, Fábio Caio e Andrêzza Alves ( por No Meio da Noite Escura tem um pé…)

Melhor Figurino
– Marcondes Lima (por Reprilhadas e Entralhofas – Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza))
– Marcondes Lima (por Fio Mágico)
– Marcondes Lima ( por No Meio da Noite...)

Melhor Maquiagem
– Não houve indicação

DANÇA

Comissão julgadora: Ângela Navarro (RS/PB), Francine Pontes, Mariza Pontes, Maria de Fátima Guimarães e Viviane Madureira

Melhor Espetáculo
Travessia (Grupo Grial de Dança)
Guarda Sonhos (Grupo Peleja)
Em caixa (Trupp Cia. de Dança)

Melhor Bailarino
– Houve apenas uma indicação

Melhor Bailarina
– Fláira Ferro (por O frevo. É teu?)
– Tainá Barreto (por Guarda Sonhos)
– Isabel Ferreira (por Palavra Úmida)
– Iara Sales (por Travessia)
– Roberta Cunha (por Em Caixa)

Trilha Sonora ou Sonoplastia
– Publius Lentulus e Claudio Rabeca Travessia
– Helder Vasconcelos e Johann Brehmer Guarda Sonhos

Melhor Iluminação
– Luciana Raposo (por Travessia)
– Saulo Uchôa- (por Silêncio)

Melhor Cenografia
– Dantas Suassuna Travessia
– Cláudio Lacerda e Rodrigo Braga Real / Duplo
– Ivaldo Mendonça e Trupp Cia. de Dança Em Caixa

Melhor Figurino
– Andrea Monteiro Travessia
– Maria Agrelli e Tainá Barreto Guarda sonhos

Coreografia
– Houve apenas uma indicação

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O voo do Pássaro de Papel

fotos: Ivana Moura

Aceitar e saber conviver com as diferenças. Eita missão difícil. Essa é a deixa do espetáculo O Pássaro de Papel, apresentado neste domingo pela manhã, no Teatro de Santa Isabel, dentro do projeto Janeiro de Grandes Espetáculos, no Recife. A encenação de Moncho Rodriguez, que já fez muitos trabalhos na cidade – prima pelo visual encantador. A linguagem plástica e poética está em primeiro plano. A história é simples: uma garota desenha um pássaro cor de mel, que aprende a voar. Mas não é aceito pelos outros pássaros por ser diferente. A dramaturgia é inspirada no conto da pesquisadora Aglaé D’Avila Fontes e a produção do Centro De Criatividade-Póvoa de Lanhoso, de Portugal.

Muitas músicas utilizadas no espetáculo são de domínio público. Outras criadas por Narciso Fernandes. Os cenários e figurinos, que são lindos, também são assinados por Moncho Rodriguez. No elenco, com muita desenvoltura e graça as atrizes Sofia Lemos (Pássaro de Papel) e Isabel Pinto Vânia Silva, como me foi informado posteriormente pela atriz através do blog (a Menina, Menina Flor, Menina Pássaro ). Como as raparigas são portuguesas e há muitos sotaques da nossa língua portuguesa, o público perdeu muitas falas. As crianças reclamavam que não entenderam nada do que foi dito no final do espetáculo.

Mas para quem embarcou no voo onírico, saiu encantado.

O produtor Paulo de Castro, do JGE, comprou o espetáculo e O Pássaro de Papel vai ser remontado no Recife, com assinatura de Moncho Rodriguez e arte da montagem portuguesa, mas com duas jovens atrizes brasileiras, pernambucanas, que serão selecionadas pela produção.

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Enquanto o vidraceiro não vem

Duas figuras solitárias, com algum desvio de comportamento. Eles guardam segredos, quase traumas que tentam apagar socialmente. Eles também preferem não ficar muito em evidência. Talvez pensem que seja melhor passar despercebidos. No dia a dia tentam se esconder por traz de padrões dominantes, mas algo sinaliza para alguma diferença: um gesto, um silêncio. O espetáculo O acidente tem uma pulsação bem contemporânea, mas focaliza o oposto do que é exigido o tempo inteiro pela publicidade com gente eternamente feliz. Nesse microcosmo em que se passa a peça, numa falsa festa é revelado o lado negativo dos desejos frustrados, das ambições minadas, de vidas sem glamour ou eventos especiais.

Para salientar tudo isso o diretor Fausto Filho investe no processo da conquista de intimidade dos dois personagens, Mário e Miriam, colegas de trabalho, que frequentam as mesmas festas da firma, trocam algumas palavras e são dois completos desconhecidos. O texto é do mesmo autor de Novas diretrizes em tempos de paz, Bosco Brasil, e traz uma delicadeza na revelação dos medos, das inseguranças, das fraquezas humanas. E quanto mais fracos, mais humanos parecem. A montagem de O acidente é do Visível Núcelo de Criação e no elenco estão Sandra Possani e Kéber Lourenço.

No pequeno espaço reservado aos atores, o personagem Mário aguarda. Miriam chega e, aos poucos, eles começam a descortinar suas intenções um com o outro. Tudo próximo de algo que pode ocorrer no cotidiano. Além do bom texto de Bosco Brasil, as atuações de Kléber Lourenço e Sandra Possani são convincentes e chamam a plateia para o campo deles. Não dão sossego ao espectador. Com sutileza nos detalhes, um andamento cheio de personalidade, um jogo dinâmico entre os jogadores, o espetáculo rasga um pouco do queremos esconder. Dos equívocos nas intepretações dos sinais apresentados pelo outros. Isso é engraçado.

O cenário bem intimista, com poucas peças que representam um pequeno apartamento, um sofá, uma pequena estante, um telefone. A separação entre público e plateia é feita com a disposição de livros espalhados pelo chão. A iluminação sombria é reveladora do estado de espírito das personagens. E a trilha sonora garante um clima nervoso, de quem tem sempre algo em suspenso.

Mas mesmo com um emprego burocrático, com pouca grana no final do mês, com tudo que a vida cobre e tira de cada um deles, e de nós também, o texto de Bosco Brasil, a encenação e as atuações trazem uma nesguinha de otimismo. De que algo pode se iluminar quando o amor diz que existe e, mesmo que ele não seja verdadeiro, instala-se a confiança. O fardo da existência pode ficar mais leve, mesmo com o peso da contabilidade e dos números, das brincadeiras machistas dos rapazes da empresa e da incompreensão da maioria.

SERVIÇO
O Acidente tem sessão hoje às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho (Avenida Cais do Apolo, s/n, bairro do Recife. Fones: 3355-3321, 3355-3318, 3355-33119).
Dentro do Janeiro de Grandes Espetáculos. Ingresso R$ 10 (preço único e promocional).

Fotos: Ivana Moura

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A graça de Mucurana

Foto: Ivana Moura

Mucurana – de mundo afora e história adentro é um experimento desenvolvido pelo ator Asaías Lira – o Zaza, que encontrou esse personagem de Hermilo Borba Filho há cinco anos e nunca mais o largou. Lá atrás, ele protagonizou a peça Mucurana, o peixe, adaptada e dirigida por Carlos Carvalho do conto O Peixe, que estreou em 2006. Nessa montagem, que trazia no elenco Gilberto Brito (Coronel Teodósio Guedes Farias de Azeredo), Flávio Renovatto (Fogo Pagô e narrador), Azaias Zazá (Mucurana), Soraya Silva (narradora e vigia do Coronel), Olga Torres e Patrícia Moreira (narradoras), Mucurana é punido pelo Major 44 Espada d’Água Teodósio Guedes Farias de Azeredo, por ter subtraído do seu viveiro um camorim dos roliços. O castigo foi andar com o peixe pendurado no pescoço. O espetáculo acabou e Zazá encontrou outra vida para o personagem.

Agora ele está sozinho, com seu pandeiro, seus apetrechos. As histórias de suas andanças pelo mundo afora aproximam Mucurana de outros artistas populares. Uma ingenuidade que está mais perto da pureza do coração e uma esperteza de quem precisa sobreviver em condições adversas são traços desse personagem. Ele lembra Mateus do bumba-meu-boi e do cavalo-marinho. Mas o ator também dialoga com outros personagens da dramaturgia e até com os doidos de rua, com sua teatralidade genuína.

Zaza está em constante busca do gesto perfeito, da graça certeira, do domínio do espaço, da alegria que contamine. Em Mucurana, ele entra e sai na história do Brasil oficial, criticando-a e apresentando outras versões. E as evoluções parecem sambada de cavalo-marinho, com o ator olhando nos olhos da plateia. Termina dizendo que os sapatos que usa foram do escritor Ariano Suassuna.

Mucurana foi apresentado na terça-feira, dentro do projeto do Coletivo Grão Comum, no Espaço Muda (este lugar onde todo dia tem uma atração, na Rua do Lima) e depois houve uma longa e sincera conversa com o público por mais de uma hora. O ator contou de suas experiências com esse personagem, de sua luta nos sinais da cidade para garantir alguns trocados, e muitas vezes da incompreensão de sua arte por parte de quem o assiste. O encenador João Denys estava lá e falou das teatralidades e da arte do ator. Outras pessoas, como o cineasta Pablo Polo, comentaram sobre suas impressões. Sobre o encantamento que o ator desperta na plateia.

Foto: Ivana Moura

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