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Velhos amigos de guerra

Montagem do grupo Cena traz três ex-combatentes que hoje vivem no asilo. Foto: João Rocha

Mesmo que o tempo seja implacável, que a memória falhe ou o corpo não corresponda, se os amigos estiverem por perto…ah, com eles as guerras podem ser enfrentadas. Sejam lutas imaginárias ou não. Gustavo (João Antônio), René (Chico Sant’Anna) e Fernando (William Ferreira) são três ex-combatentes vencidos pelos anos. Hoje, vivem num asilo e se encontram todos os dias no quintal para conversas interrompidas somente pelos desmaios de Fernando – cada vez mais frequentes -, que tem estilhaços de foguete na cabeça. Vi o espetáculo Heróis, do grupo Cena, no festival Cena Contemporânea, em Brasília.

É uma montagem que combina atores competentes, com trabalhos consolidados, e um texto que tem humor, ironia e só um pouco (sim, só um pouquinho) de melancolia para falar não só de velhice, mas principalmente de amizade. O texto é de Gérald Sibleyras, autor que nunca tinha sido montado no Brasil. Na Europa, ele é bastante conhecido – foi indicado diversas vezes ao Prêmio Molière, na França, recebeu o prêmio em 2010 pela adaptação que fez de 39 Degraus e venceu o Lawrence Olivier Awards de Melhor Comédia, na Grã-Bretanha, pela montagem de Heroes, traduzido para o inglês por Tom Stoppard e protagonizado por John Hurt. Aqui no Brasil, a adaptação foi feita por Carmen Moretzsohn.

Aliás, o Grupo Cena, criado em 2005, é especialista em montar textos de autores pouco conhecidos em terras brasileiras. Começaram se dedicando à dramaturgos latinoamericanos. Vieram Dinossauros e Fronteiras, de Santiago Serrano (em breve posto uma entrevista que fiz com ele) e Varsóvia, de Patrícia Suárez. Depois, em 2007, montaram uma adaptação do romance Os Demônios, de Fiodor Dostoievski, com direção de Antonio Abujamra e Hugo Rodas. As três primeiras montagens têm a assinatura do diretor Guilherme Reis, que em Heróis usou de delicadeza e humor para fugir de qualquer tom mais pesado que o tema velhice pudesse carregar em si mesmo.

Claro que a peça também é sobre limitações, sobre o poder – que se agora não é mais militar, é da irmã Madalena -, sobre impossibilidades. Mas há a esperança do amor, mesmo que de forma inocente, a tentativa de fuga, ainda que seja só para fazer um piquenique. Dos três, Gustavo é o mais ranzinza. Sempre tem resposta pra tudo. Fernando sofre com os desmaios e com a possibilidade de que o asilo abrigue outro idoso que nasceu na mesma data que ele, já que ele acredita que Dona Madalena não permite dois aniversários numa só data. E René é o mais romântico e mais lúcido. Os três atores têm uma interação muito fluida e as interpretações mantêm o mesmo nível, mas é impossível não destacar o trabalho de corpo de William Ferreira, que se transforma realmente num velho e cai o tempo inteiro.

A montagem fez temporada em Brasília e participou do festival. Por aqui, uma ótima oportunidade de trazê-los seria no Janeiro de Grandes Espetáculos (que tal, Paula de Renor?!). Este ano, o festival trouxe Dinossauros, com Carmem Moretzsohn e Murilo Grossi no elenco.

Heróis tem direção de Guilherme Reis. Foto: Leo Moreira

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Festival de Londrina leva aos palcos 49 produções

Muitos espetáculos que compõem a grade do Festival Internacional de Londrina (Filo) já estão com ingressos esgotados. A mostra, que começou na última sexta-feira (10) e segue até o dia 26 de junho, está em sua 43ª edição. A programação conta com 37 produções nacionais e 12 espetáculos internacionais.

A abertura foi com o Ballet de Londrina, que apresentou A sagração da primavera no Teatro Ouro Verde. É a releitura da companhia para a revolucionária obra de 1913 que tinha música de Stravinsky e coreografia de Nijinsky. Ontem, foi a primeira apresentação de Antes da coisa toda começar, da Armazém Companhia de Teatro. A peça será encenada novamente hoje. A apresentação recebeu elogios de espectadores pelo twitter. (Vimos a montagem em Curitiba. Confira aqui a crítica).

Antes da coisa toda começar, da Armazém Cia de Teatro. Foto: Pollyanna Diniz

Na sexta e no sábado, outra peça que vimos no Festival de Curitiba se apresenta em Londrina: Antes do fim, da Marcos Damaceno Companhia de Teatro. A peça é inspirada no mito grego de Ifigênia e traz a história de uma família marcada pela partida de uma filha (Rosana Stavis). Muitos conflitos e traumas são revelados aos pouquinhos aos espectadores. A iluminação de Beto Bruel e Daniele Regis e a cenografia de Marcos Damaceno acentuam o aspecto sombrio, as lacunas, a separação, a solidão, as coisas que ficaram para trás, mal resolvidas, a distância e o medo causados pelo mar, pelo inesperado. Além de Rosana Stavis, o elenco tinha ainda Zeca Cenovicz, Samir Halab, Maia Piva e Eliane Campelli. Rosana Stavis, aliás, se desdobrou, já que ela também estava (e ainda está) na peça da Armazém. No Filo, os ingressos para a montagem já estão esgotados.

Rosana Stavis integra também elenco de Antes do fim. Foto: Pollyanna Diniz

Entre as atrações internacionais, ainda há ingressos, por exemplo, para Cuestión de princípios, do Uruguai. Vimos a peça no último Janeiro de Grandes Espetáculo (leia a crítica), que leva ao palco o relacionamento de pai e filha, que começa a ser reestruturado a partir de uma relação comercial. Ela precisa escrever a história do pai e é obrigada a reviver as suas próprias lembranças.

Há ainda espetáculos como Persona Ingmar Bergman, do Teatro Turim, de Portugal; II Calapranzi, do Cantieri Tearali di Koreja, da Itália; os franceses da Compagnie Sens Dessus-Dessous; e a Familie Floz, da Alemanha.

Apenas um grupo pernambucano participa do Filo. O Poste Soluções Luminosas encena Cordel do amor sem fim, que tem direção de Samuel Santos e conta a história de três irmãs que vivem numa cidade às margens do Rio São Francisco. (Confira aqui a crítica da peça). Os ingressos para as duas apresentações, aliás, nos dias 18 e 19, já estão esgotados.

Além do grupo de Samuel Santos, o produtor Paulo de Castro deve circular por Londrina para garimpar atrações para o próximo Janeiro de Grandes Espetáculos.

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Essas dívidas serão pagas?

Deve ser liberada hoje a primeira parcela da dívida de R$ 250 mil que a Fundarpe tem com o Janeiro de Grandes Espetáculos deste ano. Na semana passada, numa das matérias da série Dívida Cultural, publicada no Viver (Diario de Pernambuco) do dia 15 ao dia 19, a produtora Paula de Renor dizia que ainda não tinha recebido a quantia e comentava as dificuldades de honrar os pagamentos com os artistas que participaram do festival.

Produtora Paula de Renor, do Janeiro de Grandes Espetáculos, aguarda pagamento

Quando questionada, a assessoria de imprensa da Fundarpe enviou um e-mail à redação afirmando que R$ 100 mil já haviam sido pagos no início do ano. A informação não era correta. Na última quinta-feira, a Fundarpe admitiu que não tinha feito o pagamento e se comprometeu a quitar a primeira parcela em, no máximo, dois dias úteis; ou seja, hoje.

Outras dívidas mostradas na série, como o Prêmio de Fomento às Artes Cênicas (da esfera municipal), que teve o resultado divulgado em março de 2010, ainda não foram pagas. “Tentei entrar em contato, mas as pessoas estavam em reunião”, afirmou, na última sexta-feira, Tatto Medinni, contemplado com R$ 20 mil. De acordo com a prefeitura, o prêmio será pago até o fim do mês.

Além de apontar as dívidas financeiras que órgãos como a Secretaria de Cultura do Recife e a Fundarpe têm com artistas, festivais e produtores, a série discutiu também as políticas (ou a ausência delas) na área cultural e ouviu gestores e secretários.

Na web – Nas redes sociais (e aqui no Satisfeita, Yolanda?), muitos artistas se pronunciaram. Giordano Castro, do grupo Magiluth, comentou: “Para tudo há sempre uma resposta por parte do poder público… falta agora atitude!”.

O diretor do grupo teatral Totem, Fred Nascimento, afirmou que “o desrespeito do poder público para com a classe é muito pior (vai além das dívidas financeiras). Os grupos sabem o que é conseguir uma pauta nos teatros municipais, espaço para ensaios, então, nem se fala. Não existe democracia, muito menos transparência de critérios. Só resta o poder”.

O artista Diogo Todé lembrou que existem dívidas também no setor de artes plásticas e, neste caso, com a população, que pagou para que artistas realizassem trabalhos para o 47º Salão de Artes Plásticas de 2008, que nunca foi realizado. “O Salão de Pernambuco distribuiu bolsas de pesquisa e não houve exibição destes trabalhos. Então a primeira gestão do atual governador sequer concluiu um único salão”.

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Política não vai ao teatro

Peça Minha cidade foi contemplada, mas ainda não recebeu o fomento às artes cênicas da Prefeitura do Recife

Há um paradoxo na cadeia produtiva do teatro no Recife. Mais ousados para experimentar e construir uma linguagem cênica própria, os grupos tomam força, iniciativas alternativas surgem; os festivais conseguem se consolidar. Economicamente, no entanto, essa arte dos palcos e das ruas está enfraquecida. Relegada a segundo plano pelas políticas culturais, principalmente por parte da Prefeitura do Recife.

“Isso é um angu de caroço que não tem tamanho. Porque ao menos o Governo do Estado, através da Fundarpe, tem o Funcultura, que embora precise ser aprimorado, é um modelo melhor. Na prefeitura, o regime é outro. O diálogo inexiste. O Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) aprova projetos para que possamos captar junto à empresas e aí ela tem desconto de ICMS (ISS/erro nosso e não do entrevistado!). Na esfera federal, com empresas do porte da Petrobras, isso pode funcionar. Mas não na esfera municipal, com produções e empresas menores”, explica André Filho, diretor da companhia Fiandeiros.

“Nós discutimos o SIC há dez anos e nada acontece”, diz Paula de Renor, uma das produtoras do Janeiro de Grandes Espetáculos (festival realizado pela Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco). “A Secretaria de Cultura do Recife não tem dinheiro e, consequentemente, não tem força e nem autonomia. Há um distanciamento visível entre a Fundação de Cultura, que detém o dinheiro, e a secretaria. Nesse governo, não se encontrou o lugar da cultura”, complementa.

As reclamações sobre o SIC são apenas a ponta do iceberg. A Prefeitura do Recife também acumula dívidas. O Prêmio de Fomento às Artes Cênicas, que destina anualmente uma verba de R$ 100 mil para ser dividida entre cinco produções – que podem ser teatro, dança e circo – está com o seu pagamento atrasado há mais de um ano. O resultado da edição 2009 foi divulgado em março do ano passado, mas até agora os contemplados não receberam os pagamentos.

O valor de R$ 100 mil é o mesmo desde que o fomento foi criado, em 2001, pelo ex-prefeito João Paulo. “Quando falamos nos festivais pelo país afora que o nosso fomento tem esse valor, as pessoas não acreditam! Destinar R$ 20 mil para realizar uma montagem é um desrespeito com a classe”, afirma André Filho.

Ainda sem ter o prêmio depositado na conta bancária, Ana Elizabeth Japiá decidiu que continuaria o projeto de montar o espetáculo infantil Minha cidade, que estreou em setembro do ano passado. Resultado: está pagando um empréstimo e ainda tem dívidas para quitar. “Acreditei que a Prefeitura do Recife honraria suas dívidas. Nós só conseguimos pagar a estrutura material da peça, mas não os serviços. É um constrangimento e nós perdemos o nosso crédito”, diz.

Mesmo com o pagamento do fomento de 2009 atrasado, a Prefeitura lançou o de 2010, que teve as suas inscrições encerradas, de acordo com o edital, no dia 28 de fevereiro. “Nós pretendemos reunir os contemplados de 2009 e entrar com uma ação para que esse edital de 2010 seja cancelado até que o anterior seja pago, o que é lógico”, finaliza.

Espetáculo Ato, do Magiluth, nunca recebeu a verba de circulação do projeto Recife Palco Brasil

Como é difícil fazer cultura no Recife

Já faz parte do cotidiano da produtora Paula de Renor. Ela acorda, senta na mesinha ao lado do telefone. As ligações são para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e para a Prefeitura do Recife, que estão devendo ao festival Janeiro de Grandes Espetáculos. “Nós realizamos projetos, assinamos convênios. E, embora seja previsto, não existe um prazo real para que os pagamentos sejam feitos”, avalia.

“Há uma cobrança de profissionalismo por parte dos produtores, mas o governo não faz o mesmo. Todos os grupos locais que participaram do festival ainda esperam pagamento. As pessoas acreditam que o governo não pagou, porque confiam na gente. Mas, ainda assim, diariamente recebemos e-mail, as pessoas querem prazos e nós não temos”, diz. O Governo do Estado deve R$ 250 mil ao festival e a Prefeitura do Recife quitou 60% da dívida total de R$ 85 mil.

Os grupos pernambucanos que se destacaram no Janeiro de Grandes Espetáculos também aguardam outra decisão da Prefeitura do Recife. Luciano Alabarse, coordenador do Porto Alegre em Cena, fez um convite para que fosse realizada uma mostra paralela só com espetáculos de teatro, dança e música do Recife durante o festival gaúcho. As passagens seriam pagas através do convênio Recife Palco Brasil, idealizado para que grupos pernambucanos pudessem fazer uma circulação nacional, mas a Secretaria de Cultura ainda não deu uma posição definitiva.

O Recife Palco Brasil foi a concretização de um pleito feito por anos pelos artistas da cidade. Foi criado em 2007, no governo do ex-prefeito João Paulo. No primeiro ano, disponibilizou R$ 50 mil para serem divididos entre três grupos; e R$ 100 mil em 2008, para 15 companhias. Em 2009, quando João da Costa assumiu a prefeitura, houve a promessa de que a Apacepe receberia R$ 30 mil para viabilizar o projeto, o que não aconteceu.

O Grupo Magiluth, em atuação há sete anos na cidade, aguarda desde então o pagamento do Recife Palco Brasil. O grupo receberia verba de passagens para apresentar o espetáculo Ato em Porto Alegre, Brasília, Maranhão e Fortaleza. A companhia gastou cerca de R$ 15 mil, mas não recebeu o valor. “Nunca ganhamos incentivo público para montar nenhum espetáculo e tiramos esse valor do nosso próprio bolso, com a promessa de que seria pago”, conta o ator Giordano Castro.
“Em 2010, o convênio foi realizado através de passagens e quatro grupos conseguiram circular, mas o valor não aumentou. Este ano, ainda não temos resposta. É um retrocesso para a classe que lutou tanto por esse convênio”, afirma Paula.

Pouco investimento se reflete nos equipamentos

Os poucos investimentos da administração municipal no teatro se refletem também nas condições das casas de espetáculos. O grupo Magiluth fez uma temporada recente com o espetáculo O canto de Gregório no Teatro Hermilo Borba Filho e pode comprovar a precariedade dos equipamentos. “Os refletores e o som estão defasados, sucateados”. conta o ator Giordano Castro.

“Os teatros Apolo e Hermilo precisam dividir os poucos equipamentos que têm. Além disso, as pessoas que trabalham nesses locais precisam de aperfeiçoamento técnico”, conta Viviane Bezerra, que fez uma residência de três meses ano passado no Apolo Hermilo com a Trupe de Copas para a montagem de Quase sólidos.

Com o Teatro do Parque fechado para uma reforma que ainda não começou, o recém-inaugurado Teatro Luiz Mendonça precisaria abarcar uma demanda de produções que não tem espaço na cidade, mas a casa ainda não dispõe de uma equipe técnica e administrativa completa para operar.

Ano passado, durante as comemorações pelos 160 anos do Teatro de Santa Isabel, a classe artística já mostrava a insatisfação diante da “ausência” de uma política cultural específica para a área por parte da Prefeitura do Recife. O estopim da crise foi a programação da semana comemorativa, que não contemplava as artes cênicas pernambucanas. “Mas esse foi apenas o ponto de partida. A nossa manifestação, que reuniu uma parcela significativa da classe artística, foi para que a prefeitura estruturasse uma política pública”, afirma o diretor Samuel Santos.

Confira o e-mail enviado para a Prefeitura do Recife pela reportagem e as respostas da secretaria de Cultura do Recife:

1) Qual a previsão para que o fomento às artes cênicas, que teve o resultado divulgado em março do ano passado, seja pago? Existe alguma previsão do montante desse fomento – R$ 100 mil, para ser dividido entre cinco grupos – ser aumentado?

O prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago até o final desse mês. A ampliação do prêmio para a próxima edição será proposta pela Secult/FCCR ao Conselho Municipal de Política Cultural.

2) Existe algum projeto para que o Recife Palco Brasil seja institucionalizado, alguma verba pré-definida para este apoio? Este ano, o diretor do festival de Porto Alegre propôs aos artistas da cidade, durante o festival Janeiro de Grandes Espetáculos, a realização de uma semana de artistas pernambucanos durante o festival, que é internacional, um dos maiores do país. A Prefeitura disse que apoiaria com passagens para os artistas, mas até agora isso não se concretizou. Vocês vão ajudar de alguma forma? Qual a importância de uma ação dessas?

O Recife Palco Brasil é um projeto de Apacepe em parceria com o Janeiro de Grandes Espetáculos, logo, não cabe à Prefeitura institucionalizar o projeto. Como fazemos desde 2007, vamos apoiar mais uma edição do Palco Brasil. O valor do apoio será definido de forma a permitir a participação dos artistas pernambucanos no Festival de Porto Alegre.

3) Ainda há uma dívida do ano de 2009 do Recife Palco Brasil, quando artistas viajaram (como o grupo Magiluth) e a prefeitura prometeu que apoiaria. Mas isso nunca foi feito. Existe alguma previsão para que esse pagamento seja realizado?

Em 2009, o Recife Palco Brasil recebeu, via Apacepe, um apoio da Prefeitura no valor de R$ 30 mil (empenho de número 3784). O referido empenho, no entanto, foi cancelado porque a entidade não entregou a prestação de contas referente ao patrocínio.

4) Sabemos que os nossos teatros estão sucateados. Soube, por exemplo, que está sendo realizada uma licitação para a compra de duas mesas de luz – uma para o Santa Isabel e outra para o Teatro Apolo; mas só o Centro Apolo Hermilo tem dois teatros e não um. A última reforma da casa, inclusive com compra de equipamentos técnicos, foi em 2000. Existe alguma previsão de compra de material técnico suficiente para essas casas?

Nenhum teatro administrado pela prefeitura está “sucateado”. O Santa Isabel e o Luiz Mendonça estão à altura, em termos de conservação, dos melhores palcos do país. O Barreto Júnior e o Apolo/Hermilo têm problemas pontuais, mas que, nem de longe, os transformam em casas de espetáculo “sucateadas”. Além das duas mesas de som/luz já licitadas, vamos investir no reforço da iluminação do Apolo/Hermilo e na reforma e ampliação da caixa cênica do Teatro do Nascedouro.

5) O teatro do Parque está fechado (o que dificulta ainda mais que as montagens circulem pela cidade), mas até agora a reforma não começou. Porque? Existe uma previsão?

A reforma do Teatro do Parque começará no segundo semestre de 2011 e abrigará, entre outras obras, a recuperação da caixa cênica, do telhado e da cabine cinematográfica. O término das obras está previsto para janeiro de 2012.

6) O Teatro Luiz Mendonça está funcionando com pessoal emprestado, principalmente do Santa Isabel. Existe alguma previsão para que o Teatro Luiz Mendonça tenha a sua própria equipe administrativa e técnica?

Só poderíamos contratar funcionários para o Dona Lindu depois da aprovação, pela Câmara de Vereadores, da criação dos cargos correspondentes à sua estrutura funcional. Isso se deu apenas na semana passada. Os funcionários serão contratados nos próximos dias.

7) Os artistas reclamam que, há dez anos, discutem o SIC. Existe alguma previsão para que o SIC seja reavaliado? Vocês estudam alguma mudança nesse modelo?

Embora o assunto tenha sido tratado na matéria publicada na edição de hoje (16/05) do DP (Diario de Pernambuco), reiteramos que já está em atuação uma comissão de reformulação do Sistema de Incentivo à Cultura, iniciativa do Conselho Municipal de Política Cultural, e que inclusive já se iniciou o debate sobre o tema, em consonância com as diretrizes do Ministério da Cultura.

O Janeiro de Grandes Espetáculos, realizado em janeiro deste ano, só recebeu 60% do apoio financeiro prometido pela Prefeitura. Qual a previsão para que esse pagamento seja realizado?

O Janeiro de Grandes Espetáculos recebeu 70% do pagamento em março. A parcela final, condicionada à prestação de contas, foi encaminhada para pagamento no dia 12 de maio. O total do patrocínio é de R$ 85 mil.

Confira também a resposta da Fundarpe sobre o atraso no pagamento da verba destinada ao Janeiro de Grandes Espetáculos:
“Desse valor devido, R$ 100 mil já foram empenhados e pagos no início do ano. Falta o pagamento de R$ 150 mil que está entre as pendências da Fundarpe, mas isso está sendo estudado e a previsão é de que, até junho, esteja tudo pago”.

(Essa matéria faz parte da série Dívida cultural, que está sendo publicada no Diario de Pernambuco e no www.diariodepernambuco.com.br)

Aproveite para votar na nossa enquete! Deixe a sua avaliação sobre a política pública para a área de artes cênicas empreendida pela Prefeitura do Recife.

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Teatro pela net

Vida, da Companhia Brasileira de Teatro

Sim, como diz a campanha veiculada pela Globo Nordeste, “Teatro é ao vivo. Vá ver”. Mas se você nem sempre está no lugar que queria e aquele espetáculo que você ficou doido para assistir desde a estreia ainda não tem previsão de passar pela sua cidade, dê uma olhadinha no site Cennarium – It´s showtime (www.cennarium.com).

O projeto está completando um ano. Resgatei um trecho de uma matéria de Thiago Corrêa para o DP ano passado, falando do lançamento do site:

“Fruto do investimento inicial de R$ 10 milhões e do trabalho desenvolvido nos últimos sete meses pela holding Nortik, o projeto passa a oferecer exibições de espetáculos para o país inteiro, por meio de transmissão via internet. Nesse primeiro momento, serão oferecidas mais de 25 peças. No programa, para ser visto de qualquer lugar e horário, estão peças como Cacilda do Teatro Oficina e La música com a atriz Xuxa Lopes. Outras 40 já estão captadas e o plano é colocar pelo menos duas novas por semana. “Nosso critério é a popularização da cultura, queremos atender um leque grande de produções, atingir todos os níveis de espetáculo”, explicou o diretor da Cennarium, Roberto Lima, durante coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira.

Por enquanto só estão disponíveis espetáculos do eixo Rio-São Paulo, mas existe a possibilidade de, num segundo momento, o projeto abrir espaço para produções de outros centros do país. “Ainda não compensa sairmos do eixo, mas se juntarmos umas cinco peças numa cidade aí vale a pena”, justificou o CEO, Harry Fernandes, ressaltando que as gravações envolvem o trabalho de 30 a 40 pessoas. Os vídeos são gravados por cinco a 12 câmeras em uma sessão da peça, com o som captado através de microfones usados em jogos de futebol. “Fazemos a gravação sem mexer na luz e no som da peça, queremos transportar com qualidade a sensação do teatro, de como está sendo produzido no palco”, apontou o diretor da Cennarium.

As peças serão assistidas pela internet em sistema semelhante ao pay-per-view da TV a cabo, podendo ser assistidas várias vezes, no intervalo de 24 horas. Os espetáculos são divididos em blocos de 12 a 16 minutos para facilitar o acesso dos internautas, possibilitar inserções comerciais e se adaptar às comodidades do ambiente familiar. “Se fosse uma câmera só seria muito chato, estamos entre o teatro e uma linguagem de televisão, com closes e planos médios”, avaliou o ator Fúlvio Stefanini, que esteve na coletiva.

As peças custam pelo menos R$ 10 e no máximo metade do ingresso físico. Segundo o diretor do Cennarium, o valor é estipulado pelas próprias companhias teatrais e vão se transformar numa nova fonte de renda para o grupo. “As companhias terão até 50% do lucro líquido das nossas vendas e vão poder vender três inserções comerciais”, disse Lima, lembrando ainda que uma mesma companhia poderá receber por mais de um espetáculo, inclusive pelos que já saíram de cartaz mas podem ser vistos no site. O tempo mínimo de permanência no site é de cinco anos.

Tirando a exibição das peças, o restante do conteúdo é aberto, trazendo fotos, ficha técnica, sinopses e entrevistas com o elenco. Para assistir às peças, os interessados devem se cadastrar no site, efetuar o pagamento e selecionar o espetáculo. “Usamos o sistema de download progressivo, em que o vídeo é carregado enquanto você assiste a ele. Optamos por ele por não saber qual a conexão do público. Mas em média cada cinco minutos de vídeo são carregados em 15 segundos”, explicou o diretor de tecnologia Guto Costa.”

Recebemos um e-mail da assessoria do Cennarium avisando que neste domingo, Dia Mundial do Teatro, todo o portfólio do site, que já conta com mais de 70 opções, estará aberto ao público gratuitamente, das 14h às 20h.

Macbeth estará disponível gratuitamente

Tem, por exemplo, Macbeth, com Renata Sorrah; Um navio no espaço ou Ana Cristina César, com Bel Kutner e Paulo José; Vida, da Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba. E ainda comédia, infantis, musicais, dança. Faça a sua programação e celebre o teatro neste domingo, nem que seja na frente do computador!

Um navio navio espaço ou Ana Cristina César/Foto: Emi Hoshi/ clix.fot.br

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