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Julgamento de Hamlet, Cabaré e A Visita

Espetáculo Por favor, Continue (Hamlet) conta com a participação de não atores. Foto: Divulgação

Espetáculo Por favor, Continue (Hamlet) conta com a participação de não atores. Foto: Divulgação

janeiro-de-grandes-espetáculos-SSSSHamlet, de William Shakespeare é uma mina inesgotável de enigmas sobre o homem e a justiça. Ao fingir-se de louco e refletir profundamento sobre o pedido de vingança pelo espectro do pai, Hamlet avança num labirinto complexo e surpreendente. Os encenadores Roger Bernat e Yan Duvyendak recorrem ao personagem mais famoso do bardo inglês em Por favor, Continue (Hamlet). Na montagem espanhola, a irrepetibilidade do teatro ganha força. Um experimento que reúne atores e profissionais da justiça, do local em que é encenado. A advogada e professora Liana Cirne Lins é uma das pessoas que vai fazer parte do júri, entre outros profissionais da área jurídica. A apresentação ocorre hoje e amanhã, no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife. Liana será a advogada de Hamlet na apresentação de amanhã. A entrada é gratuita, os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência, e a peça tem duração prevista de duas horas e meia.

Fazer a realidade julgar a ficção, utilizando o procedimento criminal em vigor no país da exibição é um procedimento contundente. A fábula expõe um jovem que mata o pai de sua namorada, durante uma festa de casamento em um subúrbio. A única testemunha do ato é a mãe do jovem. Os nomes reais foram substituídos por nomes de ficção: o acusado é Hamlet; Polônio a vítima; a ex-namorada do acusado, Ofélia é a autora da denúncia; a mãe, Gertrudes. Hamlet assegura que o homicídio foi um acidente. Ofélia quer a pena máxima para o assassino de seu pai.

Se Hamlet é culpado; se foi premeditado é o que o júri vai decidir. Ao recrutar esses espectadores emancipados Roger Bernat e Yan Duyvendak transformam esse espaço cênico em ágora, em que os habitantes de uma cidade podem dar sentido a polis, aos destinos da polis. Por outro lado, a dupla de encenadores também reforça que, mesmo diante de regras previamente estabelecidas, o resultado de um julgamento também é uma combinação de subjetividades, pois as leis se abrem a variadas interpretações. Os excessos e absurdos do sistema capitalista estão na mira da dupla. E eles questionam como os valores de algumas subjetividades, a partir de quem tem o poder de julgar – e condenar – impõe suas decisões ao coletivo em detrimento da pluralidade.

Please,  Continue  (Hamlet)  /  Por  Favor,  Continue  (Hamlet)  (Roger  Bernat  –  Espanha)Quando: Dias  12  e  13  de  janeiro  de  2016  (terça  e  quarta),  19h30,
Onde: Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife
Quanto: gratuito  (distribuição  de  senhas a partir de 1h antes)
Duração: 2h30
Classificação etária: a partir de 14 anos

 Autoria e direção cênica: Roger Bernat e Yan Duvyendak
Direção técnica: Txalo Toloza
Produção executiva: Helena Febrés Fraylich

Cabaré Diversiones. Foto: Sulamita Ferreira.

Cabaré Diversiones. Foto: Sulamita Ferreira.

O Vivencial foi um grupo de subversão e desbunde dos anos 1970. Na época, Henrique Celibi era o caçula do grupo. Ele resgata esse clima irreverente e debochado, desbocado, malicioso e sensual na montagem.  Personagens e números musicais do passado combinam com novos textos, numa grande colagem. Um exercício de liberdade.

Cabaré Diversiones (Produção: Henrique Celibi – Olinda/PE)
Quando: Dia 12 de janeiro de 2016 (terça), 20h,
Onde: Teatro Apolo
Quanto: R$ 20 e R$ 10
Duração: 1h40
Classificação etária: a partir de 16 anos

Textos: Carlos Eduardo Novaes, Glauco Matoso, Fernando Pessoa, Luiz Fernando Veríssimo, Guilherme Coelho e Henrique Celibi
Cenário, coreografia, figurino, roteiro, trilha sonora e direção: Henrique Celibi
Iluminação: Beto Trindade
Preparação vocal: Cindy Fragoso
Operação de som e luz: Renato Parentes
Elenco: Carlos Mallcom, Cindy Fragoso, Filipe Enndrio, Flávio Andrade, Henrique Celibi, Ítalo Lima, Robério Lucado, Sharlene Esse e Valeska Nascimento, com participação especial de Ághata Simões

A Visita, com o ator Severino Florêncio (PE). Foto: Marcos Nascimento

A Visita, com o ator Severino Florêncio (PE). Foto: Marcos Nascimento

Antônio retorna ao lugar da sua infância e encontra tudo mudado. Um deserto de pessoa e de animal. Os homens viraram uma mistura de gente, barro e bicho. O personagem busca na memória o sentido da vida para povoar de afetos o vazio do lugar e do seu coração.

A Visita (Grupo de Teatro Arte­Em­Cena – Caruaru/PE)
Quando: Dias 12 e 13 de janeiro de 2016 (terça e quarta), 20h
Onde: Teatro Capiba (SESC Casa Amarela)
Quanto: R$ 20 e R$ 10
Duração: 1h
Classificação etária: a partir de 12 anos

Texto: Moncho Rodriguez
Direção, figurino, adereços e maquiagem: Nildo Garbo
Iluminação: Edu de Oliveira
Execução de adereços: Naldo Fernandes
Execução de figurino: Iva Araújo
Cenotécnico: Arnaldo Honorato
Produção e atuação: Severino Florêncio

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Sessão especial de Obsessão

Mulheres apaixonadas, ideias  fixas e traições alimentam a peça

Mulheres apaixonadas, ideias fixas e traições alimentam a peça

Amizade e rivalidade duelam na comédia Obsessão, que faz uma sessão especial no Teatro de Santa Isabel, nesta quinta-feira, às 20h. A peça é uma adaptação pernambucana de uma montagem de sucesso que está em cartaz desde 2012, no Rio de Janeiro. A dramaturgia é de Carla Faour (Tapas e Beijos), indicada ao Prêmio Shell 2012 de Melhor Autor. A direção é do carioca Henrique Tavares (Amor e Sexo), também indicado ao Prêmio Shell 2012 de Melhor Diretor pela peça.

A Obsessão pernambucana é encabeçada pelos atores Simone Figueiredo, Nilza Lisboa e Silvio Pinto, que também assumem a produção sem nenhum apoio de Leis de Incentivo.

O espetáculo fez curta temporada no Teatro Boa Vista, no último mês de maio. Os ingressos custam R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada).

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Versão pernambucana do melodrama Obsessão

Simone Figueiredo (segunda da direita para a esquerda) volta ao palco depois de 15 anos. Crédito: João Rogério Filho/Divulgação

Simone Figueiredo (loura) volta ao palco depois de 15 anos. Foto: João Rogério Filho

A vingança desperta forças inimagináveis. Confidentes de uma vida, Lívia e Marina nutrem uma pela outra um sentimento ambíguo que mistura amor e ódio. Nada nessa relação é simples. Elas compartilham venturas e desventuras do amor, experiências do dia a dia, expostas em cenas curtas que embaralham o tempo cronológico. A traição muda a consistência dessa amizade.

Quando Livia se apaixona por Marcelo, Marina passa a acompanhar (e cobiçar) a felicidade da amiga. Chega à conclusão que também deseja o rapaz.

Obsessão é uma comédia de costumes escrita por Carla Faour; um melodrama como diz o diretor Henrique Tavares. O texto foi construído e postados nas páginas do www.dramadiario.com — site que reúne nomes da nova dramaturgia carioca.

A peça faz sucesso no Rio de Janeiro há três anos e recebeu o prêmio APTR 2012 de Melhor Autor; e duas indicações ao Prêmio Shell. Uma encenação pernambucana, com direção de Henrique Tavares, o mesmo que assina a versão carioca, estreia amanhã, no Teatro Boa Vista.

O espetáculo traz de volta aos palcos a atriz Simone Figueiredo, afastada da ribalta há 15 anos. Simone, que foi secretária de cultura do Recife, interpreta Marina. Ao seu lado, rivalizando pelo mesmo homem está Nilza Lisboa como Lívia. As duas mergulham no universo feminino e amoroso, repleto de sutilezas e perversões. Também estão no elenco os atores Silvio Pinto, Diógenes D. Lima e Tarcísio Vieira.

A direção de arte está sob responsabilidade de Célio Pontes e a assistência é assinada por Henrique Celibi. A produção do espetáculo está a cargo das duas atrizes Simone e Nilza junto com Silvio Pinto e Ulisses Dornelas.

SERVIÇO
Espetáculo Obsessão
Quando: De 22 de maio a 14 de julho; sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h30
Onde: Teatro Boa Vista – Rua Dom Bosco, 551, Boa Vista
Ingresso: R$ 60 e R$ 30 (meia), à venda de segunda a sexta, das 10h às 17h, e nos dias do espetáculo, na bilheteria do teatro
Informações: 2129-5961

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Questão de sobrevivência emocional

Atores Samuel Lira e Jorge de Paula. Fotos: Zé Barbosa

Atores Samuel Lira e Jorge de Paula. Fotos: Zé Barbosa

A estreia da atriz Cira Ramos na função de encenadora merece ser aplaudida. Seu olhar sensível e delicado se faz presente nos pequenos detalhes do espetáculo Em Nome do Pai. A peça iniciou temporada no último sábado (25) para o público; na noite anterior(24), fez uma pré-estreia para convidados, no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Shopping RioMar, Zona Sul do Recife, onde fica em cartaz até o dia 31 de maio. A diretora trabalha como uma maestrina a harmonizar os instrumentos de que dispõe. Do elenco, mantém vivo o embate entre os personagens. E afina os talentos da equipe técnica, priorizando o jogo teatral.

O texto é do mineiro Alcione Araújo, uma referência do teatro brasileiro, autor de, entre outras peças, Há Vagas para Moças de Fino Trato, Doce Deleite, A Prima-Dona, Muitos Anos de Vida, Sob Neblina Use Luz Baixa e A Caravana da Ilusão, essa última montada no Recife anos atrás. Seus trabalhos se fincam em três eixos principais: as relações familiares, as questões sociais e políticas e a metalinguagem. Na peça Em nome do pai o confronto de gerações, os conflitos familiares e a sexualidade são explorados em cruzamento com a metalinguagem como um conduto de resolução dos problemas.

Escrita há mais de 20 anos, a peça aposta no bem querer como canal para superar as dificuldades de uma relação. O autor não escamoteia as fraturas do modelo familiar e mergulha no mar tempestuoso de emoções baratas e caras. Vai meio que na contramão dos padrões comportamentais que ficam na superfície e tem medo de pegar no nervo do sentimento.

O começo do texto, no entanto, é difícil de engrenar. Dois personagens que nunca tinham conversado de verdade: pai e filho. Após o enterro da mãe, elo de ligação entre eles, há uma necessidade de superar diferenças. Mas nesse início da peça, as falas clichês predominam, os devaneios com elucubrações mais rasas jorram de forma bastante infantil. A certa altura isso passa e aí sim o texto ganha um rumo poético no embate entre as duas figuras, suas revelações e lembranças.

O espetáculo ganha fôlego quando o filho resolve ir embora e o pai questiona a decisão. O humor refinado toma espaço na cena e o texto flui com elegância e força nas revelações corajosas e surpreendentes para ambos.

Peça mergulha nos contraditórios sentimentos de pai e filho

Peça mergulha nos contraditórios sentimentos de pai e filho

A encenação arquiteta a sombra da figura da mãe nos diálogos dos dois, que muitas vezes parece um fantasma a aterrorizar, mas também força a aproximação entre pai e filho. São caminhos sobre o viver e conviver com as diferenças, de onde brotam os afetos. Nessa comédia dramática, o enfoque existencial impõe momentos densos. Mas há espaço para o riso, como na cena em que o pai jornalista auxilia o filho a ensaiar uma peça.

O pai, interpretado por Jorge de Paula, é um escritor frustrado. O filho, defendido por Samuel Lira, é um estudante de teatro. As atuações ainda precisam ser equalizadas. O tom adotado por Jorge para demonstrar sofrimento pela perda da esposa soa falso e não convence. Sua interpretação desliza por várias gramaturas e cresce durante a encenação. Jorge de Paula é um ator potente e esses ajustes devem ser resolvidos durante a temporada.

Samuel Lira é uma grata surpresa para um papel tão denso. Ele está no elenco de alguns infantis e faz sua estreia em espetáculos adultos. O ator traz a revolta juvenil, um pouco da vingança contra o pai. Em torno da ausência da mãe, ele reflete o passado, trabalha bem as tensões do personagem e explora o dúbio o que nos oferece uma amostra da riqueza da convivência humana.

Os cenários de Marcondes Lima são especialmente criativos, com suas caixas que apontam para utilitários como sofás e malas, em designer arrebatador. Esses objetos-bagagens sugerem partidas (ou chegadas), com ou sem despedidas, e fazem uma conexão com a saída de cena da mulher da vida dos dois homens. A iluminação de Dado Soddi cria os climas, instala claustrofobias, promete libertações, controla o compasso, o ritmo da montagem, instala regiões de sombras e dá destaque até à monotonia de mútuas acusações do passado, que precisam ser superadas.

A trilha sonora, assinada por Fernando Lobo, funciona praticamente como um terceiro personagem. O saxofone provoca, acentua a teatralização das ações, marca os ciclos dessa DR, que vai da revolta, com discussões fervorosas, à reconciliação. O saxofone da trilha foi gravado pelo maestro Edson Rodrigues e o teclado por Fábio Valois.

E, nessa passagem ao tempo, entre picuinhas e ressentimentos a montagem aponta para algo mais luminoso, mesmo com as neuroses de cada um.

Serviço
Em nome do pai
Onde: Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping RioMar)
Quando: De 25 de abril a 31 de maio, sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h. ( Não haverá sessão do espetáculo no feriado do dia 1º de maio. Não haverá venda de ingressos para as sessões dos dias 10, 17, 24 e 31 de maio, pois a peça será destinada à rede pública de ensino, ONGs e instituições sócio-educativas).
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda na bilheteria do teatro
Informações: (81) 3256-7500 / 9157-5555
Classificação: 14 anos

Ficha técnica
Texto: Alcione Araújo
Encenação: Cira Ramos
Elenco: Jorge de Paula e Samuel Lira
Preparação de atores e assistência de direção: Sandra Possani
Direção de arte: Marcondes Lima
Trilha sonora e direção musical: Fernando Lobo
Músicos: Edson Rodrigues (sax) e Fábio Valois (teclado)
Preparação vocal: Leila Freitas
Desenho de luz e execução: Dado Soddi
Assistente e produção de figurino: Natascha Lux
Cenotécnicos: Hemerson Cavalcante e Henrique Celibi
Programação visual e registro fotográfico: Zé Barbosa
Produção executiva: Karla Martins e Alexandre Sampaio
Produção geral: Cira Ramos, Fernando Lobo e Ofir Figueiredo
Direção de produção e elaboração de projeto: Cira Ramos e Karla Martins (Decanter Articulações Culturais)
Realização: REC Produtores Associados

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Sai o resultado do Fomento às Artes Cênicas

Os palhaços Cavaco e Nina, da Caravana Tapioca, contemplada pelo fomento

Os palhaços Cavaco e Nina, da Caravana Tapioca, contemplada pelo fomento

O valor nem de longe é o que se espera para uma cidade como o Recife. Mas é o que a Prefeitura da cidade, através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife, disponibilizou para o Fomento às Artes Cênicas do Recife 2014/2015: R$ 33 mil para cada projeto, sem levar em consideração os descontos. Ao todo são R$ 297 mil para montagens de novos espetáculos de teatro (3), dança (3) e circo (3).

Se os valores demonstram a precariedade das políticas públicas da Prefeitura com relação às artes cênicas, ao menos o fomento foi retomado. O último ano em que os artistas tiveram oportunidade de concorrer ao fomento foi em 2010. Só um ano depois ele foi pago, em 2011. Desde então, o Fomento às Artes Cênicas foi interrompido.

Os contemplados deste ano são:

DANÇA:
Tandan! Uma dança para ver com os ouvidos (Hudson Wlamir)
Thalassa (Corpo memória)
Lamê (Taciana Ramos)

CIRCO:
O aniversário da Nina (Caravana Tapioca)
Historietas Circenses – Vidas vividas no picadeiro (Grande Circo Arraial / Escola Pernambucana de Circo)
Os anões no reino das arábias (Circo Intinerante dos Anõs / Sated/PE).

TEATRO:
Que bicho você é (Everson Melquiades)
Cabarét Diversiones (Henrique Celibi / Sated)
A invenção da Palavra (Janela Gestão de Projetos ME).

Entraram na concorrência 37 projetos, sendo 15 de teatro, 14 de circo e 08 de dança. A comissão de análise e seleção foi formada por Feliciano da Silva, representando a Associação dos Realizadores de Teatro de Pernambuco (Artepe), Adriana Ayub Penna Leal, representando o Movimento Dança Recife, e José Clementino de Oliveira, representando a Secretaria de Cultura do Recife.

Os projetos contemplados com o Prêmio Fomento às Artes Cênicas têm por compromisso estrear no Recife no segundo semestre de 2015 e fazer oito apresentações na capital pernambucana.

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